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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
Direitos Humanos 
Flavia Bahia 
1 
DIREITOS HUMANOS: CONCEITOS 
 
DIREITOS HUMANOS X DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
 
Os “direitos humanos” ou os “direitos 
fundamentais” formam o centro mais valioso 
dos direitos e se relacionam à vida, à liberdade, 
à propriedade, à segurança e à igualdade, com 
todos os seus desdobramentos. 
 
A expressão “direitos humanos” é utilizada pela 
Filosofia do Direito e ainda pelo Direito 
Internacional Público e Privado. Já os “direitos 
fundamentais” seriam os direitos humanos 
positivados em um sistema constitucional, 
analisados sob o enfoque do direito interno. 
 
DIREITOS X GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
“Direito”, em sua acepção clássica, seria a 
disposição meramente declaratória que 
imprime existência legal ao direito reconhecido. 
È a proteção ao bem, ao interesse tutelado 
pela norma jurídica configurando verdadeiro 
patrimônio jurídico. 
As “garantias”, por sua vez, traduzem-se no 
direito dos cidadãos de exigir dos poderes 
públicos a proteção de seus direitos. Servem 
para assegurar os direitos através da limitação 
do poder, possuindo caráter instrumental, 
atuando como mecanismos prestacionais na 
tutela dos direitos. Dividem-se em garantias 
gerais e específicas. 
 
“Todos os seres humanos merecem igual 
respeito e proteção, a todo tempo e em 
todas as partes do mundo em que se 
encontrem” 
(Fábio Konder Comparato) 
 
GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS 
DIREITOS 
(Manoel Gonçalves Ferreira Filho) 
Direitos de primeira dimensão 
 
Inauguram o movimento constitucionalista, 
fruto dos ideários iluministas do século XVIII. 
Os direitos defendidos nessa geração cuidam 
da proteção das liberdades públicas, civis e 
direitos políticos. Nesta fase, o Estado teria um 
dever de prestação negativa, isto é, um dever 
de nada fazer, a não ser respeitar as 
liberdades do homem. Seriam exemplos 
desses direitos: a vida, a liberdade de 
locomoção, a liberdade de opinião, a liberdade 
de expressão, à propriedade, à manifestação, 
ao voto, ao devido processo legal... 
 
b) Direitos de segunda dimensão 
 
Sob a inspiração principal do Tratado de 
Versalhes, de 1919, pelo qual se definiram as 
condições de paz entre os Aliados e a 
Alemanha e a criação da Organização 
Internacional do Trabalho – a OIT- nasce a 
denominada segunda dimensão de direitos 
fundamentais, que traz proteção aos direitos 
sociais, econômicos e culturais, onde do 
Estado não mais se exige uma abstenção, 
mas, ao contrário, impõe-se a sua intervenção. 
Nesse diapasão, seriam exemplos clássicos 
desses direitos: o direito à saúde, ao trabalho, 
à assistência social, à educação e o direito dos 
trabalhadores. 
 
c) Direitos de terceira dimensão 
 
Marcada pelo espírito de fraternidade ou 
solidariedade entre os povos com o fim da 
Segunda Guerra Mundial, a terceira geração 
representa a evolução dos direitos 
fundamentais para alcançar e proteger aqueles 
direitos decorrentes de uma sociedade já 
modernamente organizada, que se encontra 
envolvida em relações de diversas naturezas, 
especialmente aquelas relativas à 
industrialização e densa urbanização. Nesta 
perspectiva, são exemplos desses direitos: 
direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o 
direito à comunicação, o direito à 
autodeterminação entre os povos e o direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
AS GRANDES ETAPAS HISTÓRICAS NA 
AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
(Fábio Konder Comparato) 
 
I - O reino davídico, a democracia ateniense 
e a república romana 
 
O reino de Davi que durou 33 anos (entre os 
séculos XI e X a.C) estabeleceu pela primeira 
vez na história política da humanidade, a figura 
do rei-sacerdote, o monarca que não se 
 
 
 
 
 
 
 
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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
Direitos Humanos 
Flavia Bahia 
2 
proclama Deus nem se declara legislador. O 
embrião do Estado de Direito. 
A democracia ateniense fundava-se nos 
princípios da preeminência da lei e da 
participação ativa do cidadão nas funções de 
governo. Poder dos governantes limitados e 
soberania popular ativa. 
A república romana instituiu um complexo 
sistema de controles recíprocos entre os 
diferentes órgãos políticos, o sistema do 
“checks and balances” 
 
II- Baixa Idade Média 
 
Com a extinção do império romano do 
Ocidente, em 453 da era cristã, teve início uma 
nova civilização, constituída por valores 
cristãos e costumes germânicos. 
 
Foi nas cidades comerciais da baixa idade 
média que teve início a primeira experiência 
histórica de sociedade de classes, onde a 
desigualdade social já não é determinada pelo 
direito, mas resulta principalmente das 
diferenças de situação patrimonial de famílias e 
indivíduos. 
 
III- O século XVII 
 
Todo o século representa um tempo de “crise 
da consciência européia”, uma época de 
profundo questionamento das certezas 
tradicionais. 
 
Generalizou-se a consciência dos perigos 
representados pelo poder absoluto. 
 
A instituição-chave para a limitação do poder 
monárquico e a garantia das liberdades na 
sociedade civil foi o Parlamento. O governo 
representativo. 
 
IV- A Independência Americana e a 
Revolução Francesa 
 
O art. I da Declaração do Bom Povo de Virgínia 
(abaixo transcrito) de 1776 constitui o registro 
de nascimento dos direitos humanos na 
História. 
 
“Todos os seres humanos são, pela sua 
natureza, igualmente livres e independentes 
e possuem certos direitos inatos, dos quais, 
ao entrarem no estado de sociedade, não 
podem, por nenhum tipo de pacto, privar 
ou despojar sua posteridade: 
nomeadamente,a fruição da vida e da 
liberdade com os meios de adquirir e de 
possuir a propriedade de bens, bem como 
de procurar e obter a felicidade e a 
segurança”. 
 
Treze anos depois, no ato de abertura da 
Revolução Francesa, a mesma idéia de 
liberdade e igualdade dos seres humanos é 
reafirmada e reforçada: 
 
“Os homens nascem e permanecem livres e 
iguais em Direitos” 
(Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, de 1789, art. 1°) 
 
Faltou apenas o reconhecimento da 
fraternidade, isto é, a exigência de uma 
organização solidária da vida em comum. 
 
V- O reconhecimento dos direitos humanos 
de caráter econômico e social 
 
A ascensão do indivíduo na história não 
conseguiu evitar a exploração que ocorria nas 
empresas capitalistas. 
 
O reconhecimento dos direitos humanos de 
caráter econômico e social foi o principal 
benefício que a humanidade recolheu do 
movimento socialista, iniciado na primeira 
metade do século XIX. 
 
O titular desses direitos é o conjunto dos 
grupos sociais esmagados pela miséria, a 
doença, a fome e a marginalização. 
 
VI- A primeira fase de internacionalização 
dos direitos humanos 
 
Ela teve início na segunda metade do século 
XIX e findou com a 2ª Guerra Mundial, 
manifestando-se basicamente em três setores: 
o direito humanitário, a luta contra a escravidão 
e a regulação dos direitos do trabalhador 
assalariado. 
 
Direito humanitário: conjunto das leis e 
costumes da guerra. Convenção de Genebra 
de 1864; 
 
 
 
 
 
 
 
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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
Direitos Humanos 
Flavia Bahia 
3 
A luta contra a escravidão: o Ato Geral da 
Conferência de Bruxelas, de 1890 estabeleceu, 
embora sem efetividade, as primeiras regras 
interestatais de repressão ao tráfico de 
escravos africanos; 
Com a criação da Organização Internacional do 
Trabalho em 1919, a proteção do trabalhador 
assalariado passou também a ser objeto de 
uma regulação convencional entre os 
diferentes Estados. 
 
VII- A evolução dos direitos humanos a 
partir de 1945 
 
Após os massacres da guerra, a dignidade da 
pessoa humana – entendida como o atributo 
imanente ao ser humano para exercícioda 
liberdade e de direitos como garantia de uma 
existência plena e saudável – passou a ter 
amparo como um objetivo e uma necessidade 
de toda humanidade, vinculando governos, 
instituições e indivíduos. 
Nesse momento da história, o valor fundante 
da dignidade da pessoa humana se irradiou 
para as novas Constituições do mundo pós-
guerra, permitindo-lhes inaugurar novas ordens 
jurídicas professando a dignidade humana 
como fim a ser atingido, verdadeiro substrato 
de valor de todo o ordenamento jurídico. 
 
A Declaração Universal, aprovada pela 
Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 
de dezembro de 1948, e a Convenção 
Internacional sobre a prevenção e punição do 
crime de genocídio, aprovada um dia antes no 
quadro da ONU, constituem os marcos 
inaugurais da nova fase histórica que se 
encontra em pleno desenvolvimento. 
 
POSIÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO 
SISTEMA NORMATIVO 
 (Fábio Konder Comparato) 
I - A Magna Carta, Inglaterra – 1215 
 
Principais disposições: 
Lança as bases do Tribunal do Júri, bem como 
o do paralelismo necessário entre delitos e 
penas; 
Respeito à propriedade privada contra os 
confiscos ou requisições decretados 
abusivamente pelo soberano ou seus oficiais; 
Nasce o princípio do devido processo legal, ao 
estabelecer que os homens livres devem ser 
julgados pelos seus pares e de acordo com a 
lei da terra; 
Estabelece a liberdade de ingresso e saída do 
país, bem como a livre locomoção dentro de 
suas fronteiras. 
 
II- Lei de Habeas Corpus (Habeas Corpus 
Act) – Inglaterra – 1679 
 
Principais destaques: 
 
A lei surgiu para efetivar regras processuais 
para a defesa em juízo do direito de ir e vir 
Tornou-se a matriz de todas as outras ações 
que vieram a ser criadas posteriormente, para 
a proteção de outras liberdades fundamentais, 
como o mandado de segurança, por exemplo. 
 
III - Declaração de Direitos (Bill of Rights) – 
Inglaterra – 1689 
 
O essencial do documento consistiu na 
instituição da separação de poderes, com a 
declaração de que o Parlamento é um órgão 
precipuamente encarregado de defender os 
súditos perante o Rei e cujo funcionamento não 
pode, pois, ficar sujeito ao arbítrio deste. 
Também fortaleceu a instituição do Júri, o 
direito de petição e a proibição de penas 
inusitadas ou cruéis. 
 
IV- A Declaração de Direitos Americana 
 
Principais destaques: 
 
A Declaração de Direitos de Virgínia (1776) 
Foi o primeiro documento político que 
reconheceu, a par da legitimidade da soberania 
popular, a existência de direitos inerentes a 
todo ser humano independentemente das 
diferenças de sexo, raça, religião, cultura ou 
posição social. 
Expressou os fundamentos do regime 
democrático ao reconhecer os direitos inatos 
de toda pessoa humana que não podiam ser 
alienados ou suprimidos por uma decisão 
política e ainda destacou a importância da 
soberania popular. 
Defesa da igualdade perante a lei 
A liberdade de imprensa como um dos grandes 
baluartes da liberdade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direitos Humanos 
Flavia Bahia 
4 
V- As Declarações de Direitos Francesa 
 
Principais destaques: 
 
A Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão (1789) 
 
Defesa das liberdades individuais 
No campo penal, o princípio da legalidade e o 
da anterioridade da pena foram consagrados 
Garantia da propriedade privada contra 
expropriações abusivas 
Estrita legalidade na criação e cobrança de 
tributos 
 
A Declaração dos Direitos na Constituição 
de 1791 
 
Reforçou o caráter antiaristócrático e antifeudal 
do novo regime político 
Nacionalizou os bens pertencentes a 
eclesiásticos ou a congregações religiosas 
Reconheceu pela primeira vez na história a 
existência de direitos humanos de cunho social 
com a criação de um estabelecimento geral de 
Assistência Pública, para educar as crianças 
abandonadas, ajudar os enfermos pobres 
Estabeleceu que o Poder Legislativo não 
poderia fazer nenhuma lei que prejudicasse ou 
impedisse o exercício dos direitos naturais e 
civis garantidos pela Constituição 
 
VI- A Constituição Francesa – 1848 
 
Principais destaques: 
 
Preocupação com a família 
Orientação do ensino público para o mercado 
de trabalho 
Instituição de deveres sociais do Estado para 
com a classe trabalhadora e os necessitados 
em geral 
A pena de morte é abolida em matéria política 
Proibiu-se a escravidão em “todas as terras 
francesas” 
Declarou que o território da Argélia e das 
colônias é território francês 
 
VII - A Convenção de Genebra – 1864 
 
Principais destaques: 
 
Inaugura o direito humanitário, que veio a ser 
desenvolvido no século seguinte após as 
guerras mundiais. 
 
Serviu como base para a criação, em 1880, da 
Comissão Internacional da Cruz Vermelha, 
mundialmente conhecida. 
 
VIII – A Constituição Mexicana – 1917 
 
Principais destaques: 
 
Proibição de reeleição do Presidente da 
República 
Garantias para as liberdades individuais e 
políticas 
Quebra do poderio da Igreja Católica 
Expansão do Sistema de educação pública 
Reforma agrária 
Proteção do trabalho assalariado 
A primeira Constituição a atribuir aos direitos 
trabalhistas a qualidade de direitos 
fundamentais 
 
IX- A Constituição Alemã (Weimar) – 1919 
 
Principais destaques: 
 
Instituiu a primeira república alemã 
Igualdade jurídica entre marido e mulher 
Equiparou os filhos ilegítimos aos legítimos 
com relação à política social do Estado 
Proteção à família e à juventude 
Proteção à educação pública e aos direitos 
trabalhistas e previdenciários 
A função social da propriedade (“a propriedade 
obriga”) 
 
X- A Convenção Relativa ao Tratamento de 
Prisioneiros de Guerra – Genebra, 1929 
 
Principais destaques: 
 
Desenvolveu o conjunto das normas de 
proteção aos prisioneiros de guerra, 
assentadas na Convenção de 1864 e na 
Convenção de Haia de 1907 (sobre os 
prisioneiros de guerra marítima) 
Regula a captura, o cativeiro, a organização 
dos campos de prisioneiros, o trabalho dos 
prisioneiros de guerra e o fim dos cativeiros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direitos Humanos 
Flavia Bahia 
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XI- A Carta das Nações Unidas 
 
A Carta das Nações Unidas foi assinada em 
São Francisco, a 26 de junho de 1945, após o 
término da Conferência das Nações Unidas 
sobre Organização Internacional, entrando em 
vigor a 24 de outubro daquele mesmo ano. O 
Estatuto da Corte Internacional de Justiça faz 
parte integrante da Carta. 
 
Principais destaques (Trechos) 
 
NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, 
RESOLVIDOS 
a preservar as gerações vindouras do flagelo 
da guerra,que por duas vezes, no espaço da 
nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à 
humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos 
fundamentais do homem, na dignidade e no 
valor do ser humano, na igualdade de direito 
dos homens e das mulheres, assim como das 
nações grandes e pequenas, e a estabelecer 
condições sob as quais a justiça e o respeito às 
obrigações decorrentes de tratados e de outras 
fontes do direito internacional possam ser 
mantidos, e a promover o progresso social e 
melhores condições de vida dentro de uma 
liberdade ampla. 
 
RESOLVEMOS CONJUGAR NOSSOS 
ESFORÇOS PARA A CONSECUÇÃO 
DESSES OBJETIVOS. 
Em vista disso, nossos respectivos Governos, 
por intermédio de representantes reunidos na 
cidade de São Francisco, depois de exibirem 
seus plenos poderes, que foram achados em 
boa e devida forma, concordaram com a 
presente Carta das Nações Unidas e 
estabelecem, por meio dela, uma 
organização internacional que será 
conhecida pelo nome de Nações Unidas 
(ONU). 
 
E PARA TAIS FINS, praticar a tolerância e 
viver em paz, uns com os outros, como bons 
vizinhos, e unir as nossas forças paramanter a 
paz e a segurança internacionais, e a garantir, 
pela aceitação de princípios e a instituição dos 
métodos, que a força armada não será usada a 
não ser no interesse comum, a empregar um 
mecanismo internacional para promover o 
progresso econômico e social de todos os 
povos. 
XII- A ONU 
 
A Organização das Nações Unidas é uma 
instituição internacional formada por 193 
Estados soberanos, fundada após a 2ª Guerra 
Mundial para manter a paz e a segurança no 
mundo, fomentar relações cordiais entre as 
nações, promover progresso social, melhores 
padrões de vida e direitos humanos. Os 
membros são unidos em torno da Carta da 
ONU, um tratado internacional que enuncia os 
direitos e deveres dos membros da 
comunidade internacional. 
 
As Nações Unidas são constituídas por seis 
órgãos principais: a Assembleia Geral, o 
Conselho de Segurança, o Conselho 
Econômico e Social, o Conselho de Tutela, o 
Tribunal Internacional de Justiça e o 
Secretariado. Todos eles estão situados na 
sede da ONU, em Nova York, com exceção do 
Tribunal, que fica em Haia, na Holanda. 
 
Ligados à ONU há organismos especializados 
que trabalham em áreas tão diversas como 
saúde, agricultura, aviação civil, meteorologia e 
trabalho – por exemplo: OMS (Organização 
Mundial da Saúde), OIT (Organização 
Internacional do Trabalho), Banco Mundial e 
FMI (Fundo Monetário Internacional). Estes 
organismos especializados, juntamente com as 
Nações Unidas e outros programas e fundos 
(tais como o Fundo das Nações Unidas para a 
Infância, UNICEF), compõem o Sistema das 
Nações Unidas. 
Órgãos da ONU 
 
A Assembleia Geral 
A Assembleia Geral da ONU é o principal 
órgão deliberativo da ONU. É lá que todos os 
Estados-Membros da Organização (193 
países) se reúnem para discutir os assuntos 
que afetam a vida de todos os habitantes do 
planeta. Na Assembleia Geral, todos os países 
têm direito a um voto, ou seja, existe total 
igualdade entre todos seus membros. 
 
Assuntos em pauta: paz e segurança, 
aprovação de novos membros, questões de 
orçamento, desarmamento, cooperação 
internacional em todas as áreas, direitos 
humanos, etc. As resoluções – votadas e 
 
 
 
 
 
 
 
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Direitos Humanos 
Flavia Bahia 
6 
aprovadas – da Assembleia Geral funcionam 
como recomendações e não são obrigatórias. 
 
As principais funções da Assembleia são: 
Discutir e fazer recomendações sobre todos os 
assuntos em pauta na ONU; 
Discutir questões ligadas a conflitos militares – 
com exceção daqueles na pauta do Conselho 
de Segurança; 
 
Discutir formas e meios para melhorar as 
condições de vida das crianças, dos jovens e 
das mulheres; 
Discutir assuntos ligados ao desenvolvimento 
sustentável, meio ambiente e direitos 
humanos; 
Decidir as contribuições dos Estados-Membros 
e como estas contribuições devem ser gastas; 
Eleger os novos Secretários-Gerais da 
Organização. 
 
O Conselho de Segurança 
 
O Conselho de Segurança é o órgão da ONU 
responsável pela paz e segurança 
internacionais. Ele é formado por 15 membros: 
cinco permanentes, que possuem o direito a 
veto – Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, 
França e China – e dez membros não-
permanentes, eleitos pela Assembleia Geral 
por dois anos. 
 
Este é o único órgão da ONU que tem poder 
decisório, isto é, todos os membros das 
Nações Unidas devem aceitar e cumprir as 
decisões do Conselho. 
 
O Conselho Econômico e Social 
 
O Conselho Econômico e Social (ECOSOC) é 
o órgão coordenador do trabalho econômico e 
social da ONU, das Agências Especializadas e 
das demais instituições integrantes do Sistema 
das Nações Unidas. O Conselho formula 
recomendações e inicia atividades 
relacionadas com o desenvolvimento, comércio 
internacional, industrialização, recursos 
naturais, direitos humanos, condição da 
mulher, população, ciência e tecnologia, 
prevenção do crime, bem-estar social e muitas 
outras questões econômicas e sociais. 
 
O Conselho de Tutela 
Segundo a Carta, cabia ao Conselho de Tutela 
a supervisão da administração dos territórios 
sob regime de tutela internacional. As 
principais metas desse regime de tutela 
consistiam em promover o progresso dos 
habitantes dos territórios e desenvolver 
condições para a progressiva independência e 
estabelecimento de um governo próprio. 
 
Os objetivos do Conselho de Tutela foram tão 
amplamente atingidos que os territórios 
inicialmente sob esse regime – em sua maioria 
países da África – alcançaram, ao longo dos 
últimos anos, sua independência. Tanto assim 
que em 19 de novembro de 1994, o Conselho 
de Tutela suspendeu suas atividades, após 
quase meio século de luta em favor da 
autodeterminação dos povos. 
 
A decisão foi tomada após o encerramento do 
acordo de tutela sobre o território de Palau, no 
Pacífico. Palau, último território do mundo que 
ainda era tutelado pela ONU, tornou-se então 
um Estado soberano, membro das Nações 
Unidas. 
 
A Corte Internacional de Justiça 
A Corte Internacional de Justiça, com sede em 
Haia (Holanda), é o principal órgão judiciário 
das Nações Unidas. Todos os países que 
fazem parte do Estatuto da Corte – que é parte 
da Carta das Nações Unidas – podem recorrer 
a ela. Somente países, nunca indivíduos, 
podem pedir pareceres à Corte Internacional 
de Justiça. 
 
Além disso, a Assembleia Geral e o Conselho 
de Segurança podem solicitar à Corte 
pareceres sobre quaisquer questões jurídicas, 
assim como os outros órgãos das Nações 
Unidas. 
A Corte Internacional de Justiça se compõe de 
quinze juízes chamados “membros” da Corte. 
São eleitos pela Assembleia Geral e pelo 
Conselho de Segurança em escrutínios 
separados. 
 
O Secretariado 
 
O Secretariado presta serviço a outros órgãos 
das Nações Unidas e administra os programas 
e políticas que elaboram. Seu chefe é o 
Secretário-Geral, que é nomeado pela 
 
 
 
 
 
 
 
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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
Direitos Humanos 
Flavia Bahia 
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Assembleia Geral, seguindo recomendação do 
Conselho de Segurança. Cerca de 16 mil 
pessoas trabalham para o Secretariado nos 
mais diversos lugares do mundo. 
 
XIII- A Declaração Universal dos Direitos 
Humanos – 1948 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
é um dos documentos básicos das Nações 
Unidas e foi assinada em 10 de dezembro de 
1948. Nela, são enumerados os direitos que 
todos os seres humanos possuem. 
 
“Todos os seres humanos nascem livres e 
iguais em dignidade e direitos. São dotados 
de razão e consciência e devem agir em 
relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade.” 
Art. I 
 
“No exercício de seus direitos e liberdades, 
todo ser humano estará sujeito apenas às 
limitações determinadas pela lei, 
exclusivamente com o fim de assegurar o 
devido reconhecimento e respeito dos direitos 
e liberdades de outrem e de satisfazer as 
justas exigências da moral, da ordem pública e 
do bem-estar de uma sociedade democrática.” 
 (Artigo XXIX) 
 
“Todo ser humano tem direito a uma ordem 
social e internacional em que os direitos e 
liberdades estabelecidos na presente 
Declaração possam ser plenamente 
realizados”. 
(Artigo XXVIII) 
 
XIV- Os Pactos Internacionais de Direitos 
Humanos – 1966 
 
Em 16 de dezembro de 1966, a Assembléia 
Geral das Nações Unidas adotou dois pactos 
internacionais de direitos humanos que 
desenvolvera, pormenorizadamente o conteúdo 
da Declaração Universal de 1948: 
 
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos 
Pacto Internacional sobre Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais 
 
O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos 
 
Principais destaques: 
Consagra o direito à autodeterminação dos 
povos 
Assenta o princípio da igualdade essencial de 
todos os seres humanosNão se admite regressões com relação aos 
direitos fundamentais 
Vedação à tortura, penas cruéis, aos 
tratamentos desumanos ou degradantes 
Vedação à escravidão 
Princípio do livre acesso ao Poder Judiciário 
Reconhece o direito de reunião 
Criou o Comitê de Direitos Humanos 
 
Pacto Internacional sobre Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais 
 
Proteção das classes ou grupos sociais 
desfavorecidos contra a dominação 
socioeconômica exercida pela minoria rica e 
poderosa 
Proteção ao trabalho e à previdência social 
Direito à moradia 
Direito à saúde 
Desafios para a sua concretização 
Não criou nenhum órgão de fiscalização e 
controle 
 
XV - A Convenção Americana de Direitos 
Humanos – 1969 
 
Aprovada na Conferência de São José da 
Costa Rica em 22 de novembro de 1969, a 
Convenção reproduz a maior parte das 
declarações de direitos constantes do Pacto 
Internacional de Direitos Civis e Políticos 
 
Principais destaques: 
Proteção do direito à vida desde o momento da 
concepção 
Prisão Civil apenas ao devedor de alimentos* 
Liberdade de atividade empresarial em matéria 
de imprensa, rádio e televisão 
Defesa do direito ao nome 
Vedação a todas as formas de exploração do 
homem pelo homem 
 
XVI- O Estatuto do Tribunal Penal 
Internacional (Tratado de Roma) – 1998 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
Direitos Humanos 
Flavia Bahia 
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O Estatuto incluiu na competência do Tribunal 
Penal apenas quatro crimes: “o crime de 
genocídio, os crimes contra a humanidade, os 
crimes de guerra e o crime de agressão” 
 
Sua criação constitui um avanço importante, 
pois esta é a primeira vez na história das 
relações entre Estados que se consegue obter 
o necessário consenso para levar a 
julgamento, por uma corte internacional 
permanente, políticos, chefes militares e 
mesmo pessoas comuns pela prática de delitos 
da mais alta gravidade, que até agora, salvo 
raras exceções, têm ficado impunes, 
especialmente em razão do princípio da 
soberania.

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