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Resumo Clifford Geertz

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RESUMO
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das culturas. LTC, 1989, capítulo I, p. 03-21.
Os conceitos de cultura que foram sendo construídos ao longo dos anos são muito amplos, de forma que generalizam todas as culturas, padronizando-as. A antropologia, ao contrário, busca um conceito mais focado, o conceito semiológico da cultura.
	O objetivo desse estudo semiológico é, entre outros, a melhor interação entre os grupos humanos, aumentando a comunicação e a compreensão de um sobre o outro. A cultura, nesse sentido, é entendida como o contexto no qual os grupos humanos estão inseridos; por isso a importância de uma descrição detalhada do conceito de cultura. O que se deve saber sobre cultura é qual a sua importância, como ela interfere na vida das pessoas e como essa interferência se dá.
	Mesmo que conheçamos tudo a respeito de um povo, e falemos seu idioma fluentemente, ainda seremos estranhos a ele, pois não compreendemos sua cultura.
	Para Ward Goodenough, “a cultura (está localizada) na mente e no coração dos homens” e que “a cultura de uma sociedade consiste no que quer que seja que alguém tem que saber ou acreditar a fim de agir de uma forma aceita pelos seus membros.” � Seguindo essa visão, o estudo da cultura deveria ser feito através de tabelas, classificações, modelos, regras, etc. Esse tipo de estudo, formal e superficial e leva a resultados simulados, construídos por questões pré-estabelecidas. Para o behaviorismo, a cultura é um fenômeno psicológico, ou seja, é apreendida pelas pessoas, como uma característica da sua personalidade. Portanto, ela poderia ser estudada com “métodos formais similares aos da matemática e da lógica.” � Uma outra abordagem trata a cultura como um sistema simbólico, com conceitos fechados e esquematizados.
	No entanto, o antropólogo social, ou seja, o etnógrafo, trabalha com mais do que técnicas e processos determinados; ele deve compreender a complexidade das idéias, e traduzi-las num texto inteligível. Fazer a etnografia é, portanto, fazer uma “descrição densa”. Essa descrição é feita a partir do ponto de vista dos nativos daquela cultura, de como eles interpretam a vida do seu grupo. Dessa forma, a antropologia é uma interpretação de uma interpretação. Ela será encontrada mais comumente em artigos e em livros.
Um relatório etnográfico de um povo serve para desmistificar a sua cultura perante os olhos dos outros. O etnógrafo escreve sobre aquilo que acontece, mas ele não tem o domínio total do fato. Isso ocorre porque o que está sendo escrito é o que o pesquisador entende daquilo que lhe é contado. Por isso, os textos antropológicos são de ficção, no sentido de construção da imaginação, a partir de informações obtidas. Como seu objeto de estudo é a cultura, e somente a compreendemos a partir das pessoas que vivem nela, não se pode separar o trabalho do antropólogo do contato com o povo.
Uma descrição etnográfica é interpretativa, seu objeto de estudo é o discurso social e suas conclusões são registradas em textos. Ela também é microscópica, pois estuda grandes civilizações em pequenas aldeias; isso não significa estudar as aldeias, mas sim nas aldeias. Porque o que acontece nos pequenos grupos influencia a vida do conjunto todo. 
Os registros das pesquisas etnográficas, no entanto, não formam teorias. Isso acontece devido à forma de constatação dos resultados: o etnógrafo interpreta o que vê e o que ouve, ou seja, seu conhecimento acerca da cultura é empírico. Sua experiência e compreensão são diferentes dos outros e não pode ser comprovada formalmente. Portanto, o pesquisador só poderá insinuar teorias. Além disso, os estudos são realizados com base em outros já existentes e, ao invés de inovar ou “prever”, somente aprofundam os conhecimentos.
Dessa forma, o formato mais comum de apresentação dos estudos das culturas é o ensaio. Para isso, o pesquisador reúne os significantes de forma a organizá-los e verificar suas semelhanças ou diferenças. “No estudo da cultura, os significantes não são sintomas ou conjunto de sintomas, mas atos simbólicos ou conjuntos de atos simbólicos e o objetivo não é a terapia, mas análise do discurso social. Mas a maneira pela qual a teoria é usada – investigar a importância não-aparente das coisas – é a mesma.” �
A análise cultural deve ser um estudo dos símbolos e dos seus significados estabelecidos pela sociedade. Mais ainda: descobrir porque eles são entendidos de formas diferentes em cada cultura. Resumindo, é um estudo sobre o papel da cultura na vida humana, como ela ajuda na harmonização da vida social. Quanto mais se investiga sobre uma cultura, mais se têm a ser descoberto, mais dúvidas surgem a respeito dela, mais frágil são suas bases. Esse aspecto de instabilidade, de constante discussão, é próprio da antropologia como ciência interpretativa. Assim, o objetivo dessa matéria não é responder as questões humanas, mas sim registrar as respostas que as pessoas encontram.
Palavras-chave:
Interpretação;
Cultura;
Descrição densa;
Antropologia e etnografia;
Sociedade.
� Citado por GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. LTC, 1989, p. 8.
� GEERTZ, Clifford. Op. Cit. p.9.
� GEERTZ, Clifford. Op. Cit. P 18.