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Antropologia: Estudo do Homem e da Cultura

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ATHENAS GRUPO EDUCACIONAL 
Presidenta Ieda Pacheco Chaves 
Presidente Hildon de Lima Chaves 
Diretor-Geral Aécio Alves Pereira 
Diretora da FAP Eliene Alves Ferreira 
Diretor da FAPAN Elvys Patrick Ferreira de Oliveira 
Diretor da FSP Paulo Jacob Strieder 
Diretora da UNIJIPA Rosângela Aparecida da Silva 
Diretor da FAMETA Dawerson da Paixão Ramos 
Coordenadora do NEAD Michele Fernandes Martines 
 
 
CONSELHO EDITORIAL 
Karoline dos Santos Neto 
Lidiane Melos da Silva 
Nassara Cavalcante de Carvalho 
Sabrina Andressa de Lima 
Wellyka Clawdynne Carvalho Moretti 
 
 
Coordenação editorial Michele Fernandes Martines 
Assistência editorial Lidiane Melos da Silva 
Editoração de textos Wellyka Clawdynne Carvalho Moretti/ Sabrina Andressa de Lima 
Revisão de textos Karoline dos Santos Neto 
Projeto gráfico, formatação, capa e finalização de capa Nassara Cavalcante de Carvalho 
Imagens Geraldo Contiguiba 
Produção gráfica Nassara Cavalcante de Carvalho 
 
 
Núcleo de Educação a Distância - NEaD 
Fone: (69) 3221- 8963/ (69)3229-3746/ (69)3225-2981 Ramal 221 
Athenas Virtual - Ambiente Virtual de Aprendizagem 
Athenas Grupo Educacional 
Sede Porto Velho - Endereço: Av. Calama, 4331 
Flodoaldo Pontes Pinto - RO CEP: 76820-429 
www.athenasvirtual.com.br | nead@athenasvirtual.com.br 
 
3 
 
 
 
CAPÍTULO 1 - A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ANTROPOLÓGICO 
 
A palavra antropologia vem do grego antropos = homem + logos = estudo. É a 
ciência que designa o estudo, majoritariamente, dos costumes, hábitos, crenças, rituais, 
linguagem, organização social e práticas dos diferentes povos espalhados ao redor do 
mundo, dos que existiram e dos que existem, antigos e atuais, considerando a totalidade 
(intersecção) do homem como ser biológico, social e cultural. Dessa forma, há a distinção 
clássica da antropologia em Física ou Biológica, Cultural e Social, que explicaremos com 
detalhe ao longo do capitulo. Assim, “a antropologia não é senão um certo olhar, um certo 
enfoque que consiste em: a) o estudo do homem inteiro; b) o estudo do homem em todas 
as sociedades, sob todas as latitudes em todos os seus estados e em todas as épocas” 
(LAPLANTINE, 2003, p. 9). 
Desde tempos imemoriais o ser humano se sentiu na necessidade de questionar o 
mundo à sua volta e questionar sobre si mesmo e sobre sua relação com o “outro”, e 
quem é esse outro, o que o torna “outro”? É o fato de ser diferente? Diferente em que e 
em relação a quem? Essas e tantas outras têm sido as perguntas fundamentais que 
sempre fascinaram e intrigaram sábios, pensadores e filósofos considerados antropólogos 
durante a História. A partir dessa premissa, a busca em conhecer o “outro” através, 
principalmente, da diversidade cultural, alavancou os estudos na área. 
“A Antropologia existe desde sempre na medida em que toda a sociedade quer 
tenha ou não atingido a fase científica interpretou as instituições culturais e sociais que 
ela própria construiu. Assim, a História da Antropologia é tão longa quanto a História da 
Humanidade” (BERNADI, 1988). 
 Nessa perspectiva é que nasce o saber antropológico: no período clássico da 
Grécia Antiga, num contexto filosófico denominado Pré-socrático ou cosmológico, tendo o 
pensador grego Heródoto considerado como um dos pais, não só da História, mas 
também da Antropologia, devido aos seus escritos a respeito das diferentes culturas que 
conhecia, ao realizar inúmeras viagens na região das ilhas gregas e Oriente próximo. 
Várias civilizações também tiveram seus “antropólogos”, os quais deixaram relatos 
escritos e enunciados como o de Confúcio – filósofo chinês que viveu no século IV a.C - 
que disse: “a natureza dos homens é a mesma, são seus hábitos que os mantêm 
separados” (apud LARAIA, 1986). 
 
4 
 
Ao longo dos séculos outros tantos pensadores contribuíram com a construção do 
conhecimento antropológico em diferentes momentos e lugares. Vejamos alguns desses 
pensadores. 
 Sócrates: Filósofo grego que viveu entre 470 a. C e 400 a. C e é considerado um dos 
maiores filósofos de todos os tempos. Foi mestre do filósofo Platão (428 a. C a 348 a. 
C). Esses dois filósofos se destacaram pelas suas disputas contra os sofistas, filósofos 
que diziam que tudo é relativo, inclusive a verdade. O período da história da filosofia em 
que viveram Sócrates e Platão é conhecido como socrático ou antropológico, pois as 
reflexões são sobre o comportamento humano como a moral, a ética, a justiça, o bem, o 
mal etc. Sócrates nada escreveu e tudo o que sabemos ao seu respeito foi escrito por 
Platão que, de todas as suas obras, destacamos o livro A república, que traz uma 
discussão sobre como deveria ser uma cidade ideal para se viver, sua política, seu 
sistema de educação, suas hierarquias etc. 
 Aristóteles: Filósofo macedônio que viveu boa parte de sua vida na Grécia, foi discípulo 
de Platão e mestre do imperador Alexandre, o grande. Seus livros, que chegaram até os 
nossos dias, falam sobre diversos assuntos, tais como física, metafísica, oratória, 
retórica e política. Aqui destacamos uma obra em particular, denominada Ética a 
Nicômaco, estudo sobre o comportamento humano e um manual de convivência social 
que ele dedicou ao seu pai, o médico Nicômaco. 
 Lucrécio: Poeta latino que viveu entre 99 a. C e 55 a. C, na Roma antiga. Este 
pensador se dedicou à investigação a respeito da origem das religiões, das artes e do 
discurso. Suas investigações foram editadas e publicadas por Cícero, poeta romano que 
viveu tempos depois. 
 Agostinho de Hipona: também conhecido como Santo Agostinho na tradição cristão 
católica. É um dos mais importantes pensadores cristãos de todos os tempos. Viveu 
entre 354 e 430 da era cristã. Foi professor e mais tarde dedicou-se à vida religiosa, a 
qual o tornou um dos principais filósofos e teólogos cristão. Em seus trabalhos 
destacamos suas reflexões sobre a descrição das civilizações greco-romanas 
consideradas “pagãs”. 
 A partir do séc. XVI: viajantes e missionários como Jean de Léry, com a obra Viagem à 
terra do Brasil, na qual descreve a sociedade indígena Tupinambá. Aventureiros como 
Hans Staden e seus relatos de viagens às terras brasileiras, bem como a carta de Pero 
Vaz de Caminha, considerada uma verdadeira descrição antropológica da terra recém-
 
5 
 
descoberta também se inserem nas reflexões sobre o ser humano, sobre a diversidade 
cultural dos povos e sobre as diferentes visões de mundo. 
 O dominicano Bartolomeu de Las Casas e o jurista Sepúlvera: visões opostas sobre 
o habitante do novo mundo. Discutem o distanciamento do homem da natureza 
valorando esta e o homem nela. A figura do bom civilizado e do mau selvagem 
(Cornelius de Pauw – História da Espécie Humana – 1774; Hegel – Pesquisas 
Filosóficas sobre os Americanos) e a figura do bom selvagem e do mau civilizado 
(Michel de Montaigne e os de relatos de Américo Vespúcio e de Cristóvão Colombo.) 
 
1.1 Idade Média: do Surgimento das Universidades à Renascença ou ao 
“Renascimento Cultural” 
 
Falar de antropologia, propriamente dita, seria iniciarmos falando dos primeiros 
estudiosos que passaram a definir seus estudos como antropológicos, por volta de 1850, 
mas isso seria ignorarmos outros escritos anteriores. Como todo conhecimento 
sedimentado, a antropologia busca sua inspiração na história como forma de justificar 
sua existência e importância para a ciência e para a sociedade. 
 Desde a chamada antiguidade clássica, alguns pensadores escreveram sobre o 
comportamento humano coletivo e outros relataram os costumes e tradições por meio 
das viagens que fizeram. Uma observação importante foi feita pelo filósofoerrante, 
Xenófanes (570 a 460 a. C.), quando, como comenta I. F. Stone (2005), relatou que se 
os animais pudessem esculpir, adorariam os deuses com a semelhança deles mesmos. 
Sua afirmação se baseava em suas observações dos povos por onde ele passou, como 
os etíopes e os trácios, que tinham os deuses semelhantes à forma física deles. 
 Outro observador foi Heródoto (485 a 420 a. C.), que viajou por diversos lugares e 
escreveu sobre os costumes dos povos, detendo-se com mais afinco a falar sobre os 
persas (antepassados dos atuais iranianos) e, dessa forma, criou um novo tipo de 
escrita para falar acerca de um assunto, sendo, por isso, conhecido como o “pai da 
história”. E como aqui neste texto, é invocado como o mais antigo texto que um 
pensador escreveu sobre os costumes, as tradições, numa perspectiva considerada 
antropológica ou etnológica. 
 Há também o registro de outros filósofos ou sábios do passado que escreveram ou 
que ensinaram sobre o comportamento humano em sociedade e sobre a conduta 
individual, sobre moral, sobre ética, política, teologia etc. 
 
6 
 
 Com o declínio das colônias gregas e de Atenas, a filosofia pouco prosperou com 
os romanos. Mais tarde, por volta de 450 E. C, com a queda de Roma, a filosofia entrou 
num longo período de hibernação na chamada Idade Média e só viria a acordar cerca de 
mil anos depois, com o Renascimento, na Itália. O Renascimento foi fruto das 
universidades e, dessa forma, fez com que a filosofia saísse do domínio da escolástica 
da igreja, ou seja, fez com que fosse aprofundada, conduzindo à ciência. 
Outros aspectos importantes do Renascimento são as navegações, frutos da busca 
por mercadorias para abastecer a Europa, motivada pelas mudanças sociais que 
estavam em curso naquele continente, como na economia, com o Mercantilismo, e na 
religião, que já apresentava sinais de contestação. Assim, com o Mercantilismo, os 
europeus entraram em contato com muitos povos na busca por mercadorias e, com isso, 
encontraram novas terras e novos povos para eles. As mercadorias foram encontradas, 
relatos foram escritos das viagens e a colonização iniciara a partir do século XV, com 
Portugal como nação precursora. Iniciava uma fase da história da humanidade em que a 
mercadoria mais valiosa passaria a ser pessoas, como era na linguagem corrente da 
época, peças. Era a fase da escravidão. 
O surgimento das universidades abre uma época que se iniciou a cerca de mil 
anos, mas o que nos cabe aqui é situar o surgimento desse movimento que, ao que 
parece, é a origem da mudança de perspectiva dos seres humanos a respeito de si 
mesmos. No passado mais distante, na Grécia antiga, foram fundadas algumas escolas, 
como a pitagórica, no século VI a. C., ou a mais famosa, a Academia de Platão (427 a 
347 a. C.), em que este era o condutor. Lá, estudou a seu mais ilustre aluno, o 
macedônio Aristóteles, que foi o tutor de Alexandre, o Grande. Com o declínio das 
cidades gregas e, mais tarde, com a queda do Império Romano, as únicas escolas que 
existiam na Europa estavam sob o domínio do cristianismo. Os romanos, ao que se 
sabe, não privilegiaram a educação escolar como os gregos e, quando seu império ruiu 
em cerca de 450 d. C, iniciava-se um período conhecido como Idade Média, que se 
estenderia por cerca de mil anos, tendo seu declínio no contexto que marca o 
surgimento da Renascença. 
Podemos considerar que o início da Renascença tenha seu surgimento 
influenciado pelas ações do imperador Carlos Magno (742 - 814), administradas por seu 
conselheiro, o padre Alcuíno de York (735 - 804). Alcuíno administrou o processo de 
unificação tipográfica do império de Carlos Magno, a uniformização de um alfabeto, uma 
 
7 
 
gramática, uma ordem e uma única moeda, o controle seria menos trabalhoso. No 
âmbito da educação, foi colocada em prática as sete artes liberais. O imperador deu 
uma ordem, uma lei que versava sobre a reabertura das antigas escolas e criação de 
novas, todas juntas a instituições da igreja ou de castelos. A educação estava sob a 
vigilância do clero e da nobreza. Esse período é, também, conhecido como a 
Renascença Carolíngia, pois visava a resgatar alguns aspectos do passado, tais como 
as letras, a ciência e as artes. 
O currículo escolar era o modelo pedagógico de Cassidorus, agora, para os jovens, 
composto pelas sete artes liberais. As sete artes liberais eram divididas em dois grupos, 
o trivium, ou as artes preparatórias, composta por gramática, retórica, lógica ou dialética, 
ou seja, as letras, e o quadrivium, composto por aritmética, geometria, astronomia e 
música, ou seja, a ciência. Com as sete artes liberais seria possível gerar no estudante a 
disciplina, o discernimento, a argumentação, ou seja, o exercício do intelecto e, por outro 
lado, com a noção de quantidade, som e espaço, traduzi-los em números. Isso levaria, 
mais tarde, à criação de estudos, como a teologia, o direito e a medicina. Ao aumentar 
ofertas de conhecimento para aspirantes, o lugar se tornava centro de conhecimentos 
gerais, universais. Mais tarde seriam criadas as primeiras universidades. 
A Renascença foi um movimento político, artístico e intelectual, que alcançou 
grandes proporções na Europa ocidental entre os séculos XV e XVII, atingindo seu ápice 
entre 1450 e 1600. A filosofia, pode-se dizer, foi o chofer que conduziu o carro de 
processo de mudanças. Foi o período de pensadores como René Descartes, Giordano 
Bruno, Galileu, Cabral, Colombo, Camões, Shakespeare, Johannes Kepler, Ticho Brahe, 
Nikolau Copérnico, Isaac Newton, Francis Bacon, dentre tantos outros. O teatro, a 
música, as artes plásticas como pintura e escultura, a arquitetura, a navegação, a 
engenharia, a astronomia, a filosofia, a matemática, a física e outros ramos do 
conhecimento passaram por mudanças significativas, como uma viagem sem volta em 
direção ao que mais tarde receberia um nome, a ideia de progresso, que seria regida 
pela lógica racional, expressa pelo seu princípio máximo, a ciência. 
Talvez a principal mudança na perspectiva filosófica e na antropológica tenha sido 
o antropocentrismo. Essa perspectiva passou a encarar o ser humano como o centro 
das atenções, como o demiurgo das ações. Durante cerca de mil anos, acreditava-se 
que Deus era quem controlava tudo, esse pensamento era chamado teocentrismo. 
Houve uma inversão de valores e os europeus se deram conta de que podiam controlar 
 
8 
 
a Natureza. Para isso, recorreram aos filósofos da natureza da Grécia Antiga, junto a 
outros conhecimentos, e criaram a racionalidade científica e a busca pelo conhecimento 
da natureza humana. 
Um pouco mais tarde surgiu a escolástica, ou a teologia cristã, uma forma de 
sistematizar racionalmente o discurso cristão sobre a origem do mundo e a razão da 
existência humana e seu destino pós-morte. Dentre os estudos, a dialética induziu ao 
questionamento e, dessa forma, fez germinar o espírito científico da busca pela verdade 
sobre as coisas. A primeira universidade fundada na Europa foi a de Bolonha, em 1088, 
no que hoje chamamos de Itália. A primeira universidade portuguesa é de 1290, a de 
Coimbra, que foi fundada inicialmente em Lisboa. Entre 1200 e 1400, foram fundadas na 
Europa 52 universidades e, destas, 29 sob o governo dos papas. 
 
 
Homem Vitruviano – desenho do artista renascentista 
Leonardo da Vinci, feito por volta de 1490. 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem_Vitruviano_(desenho_de_Leonardo_da_Vinci) 
 
 
 
9 
 
Muitos autores reconhecem e apontam, no entanto, que a antropologia só surgiu 
como ciência no século XIX, após todos os esforços realizados pelos pensadores do 
Iluminismo, isto é, do movimento filosóficodo século XVIII, na Europa, que prezava a 
busca da verdade pela razão, pela ciência e pelo profundo conhecimento do homem 
como ser individual e coletivo. 
Neste período, devido a inúmeros relatos de viajantes, missionários religiosos, 
comerciantes, navegadores e administradores coloniais que circundavam o mundo, cada 
vez mais povos jamais vistos, línguas jamais ouvidas e modos de vida (cultura) 
desconhecidos dos europeus tornaram-se conhecidos. Surgiu a necessidade de uma 
nova ciência que compreendesse as manifestações culturais e os hábitos dos diferentes 
povos, nas diferentes terras. Tais fatos foram fundamentais para a construção do 
conhecimento antropológico. Por meio do aprimoramento e classificação das informações 
obtidas surgiram os primeiros cientistas denominados antropólogos, que conciliaram os 
estudos dos diferentes povos, como indígenas e tribos africanas, para satisfazer os 
interesses das potencias imperialistas a fim de obter conhecimentos, com o objetivo de, 
posteriormente, dominá-las e explorá-las. 
 
1.2Contexto Histórico e Econômico da Construção da Ciência Antropológica: 
Expansão do Capitalismo Europeu, Processo de Urbanização e o Novo 
Conceito Ocidental de Desenvolvimento 
 
Grosso modo, podemos dizer que a antropologia é a ciência que estuda o ser 
humano de maneira integral, levando em consideração quatro aspectos fundamentais: a 
cultura, as instituições sociais, os sistemas simbólicos e as representações mentais. 
Qualquer pessoa poderia, assim, questionar: mas a medicina não estuda o ser humano, 
também? E a psicologia, da mesma forma, não estuda o ser humano? A resposta é sim, 
mas o que difere cada uma dessas ciências em relação à antropologia é o enfoque do 
estudo e os métodos pelos quais são realizadas suas abordagens. A antropologia 
estuda todo o fazer humano, nos planos material e imaterial. 
Após a Renascença veio o Iluminismo. O Iluminismo foi uma das correntes 
filosóficas mais importantes e radicais de toda história da filosofia. Seu lema central foi a 
busca pela explicação do mundo por meio da razão, considerando que esta seria capaz 
de proporcionar, à humanidade, a felicidade social e política, ao mesmo tempo em que 
 
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visava a abolir das pessoas os preconceitos religiosos ou o senso comum, o misticismo. 
Enfim, seria o império da razão. 
Essa escola filosófica foi mais forte na França, com os chamados filósofos 
enciclopedistas. Fruto dos ideais renascentistas aprofundados, espalhou-se pela 
Inglaterra, Escócia, Alemanha, Espanha e Portugal, além de atravessar o oceano 
atlântico e chegar aos Estados Unidos e ao Brasil. Nesse período, foram escritas as 
mais importantes obras filosóficas da chamada modernidade e os acontecimentos 
políticos e econômicos mais importantes foram a Revolução Industrial, na Inglaterra, que 
marca o início de uma nova era para o capitalismo, e as Revoluções Políticas e Sociais 
na Europa, principalmente a Francesa, além, também, da independência dos Estados 
Unidos da América.

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