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EaD_Filosofia__tica

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Universidade regional do noroeste do estado do rio grande do sUl – UnijUí 
vice-reitoria de gradUação – vrg 
coordenadoria de edUcação a distância – cead 
coleção educação a distância
série livro-texto
ijuí, rio grande do sul, Brasil
2014
aloísio ruedell 
luis alles 
Maciel antoninho vieira 
valdir graniel Kinn 
vânia lisa Fischer cossetin 
(organizadores)
FilosoFia 
e ética
Condição humana II – René Magritte
Fonte: Enciclopédia Multimídia da Arte Universal. São Paulo: Alphabetum Edições Multimídia.
 2014, editora Unijuí
 rua do comércio, 1364
 98700-000 - ijuí - rs - Brasil 
 Fone: (0__55) 3332-0217
 Fax: (0__55) 3332-0216
 e-mail: editora@unijui.edu.br
 Http://www.editoraunijui.com.br
editor: gilmar antonio Bedin
editor-adjunto: joel corso
capa: elias ricardo schüssler
designer educacional: jociane dal Molin Berbaum
responsabilidade editorial, gráfica e administrativa: 
editora Unijuí da Universidade regional do noroeste 
do estado do rio grande do sul (Unijuí; ijuí, rs, Brasil)
catalogação na Publicação: 
Biblioteca Universitária Mario osorio Marques – Unijuí
F488 Filosofia e ética / aloísio ruedell (org.) ... [et al.]. – ijuí : ed. Unijuí, 2014. – 184 p. – 
(coleção educação a distância. série livro-texto). 
 isBn 978-85-419-0100-0
 1. Filosofia. 2. ética. 3. ensino. 4. estratégia organizacional. i. alles, luis. ii. vieira, 
Maciel antoninho. iii. Kinn, valdir graniel. iv. cossetin, vânia lisa Fischer. v. título. vi. 
série. 
 cdU : 17
3
Sumário
ConhECEndo oS PRoFESSoRES .................................................................................................................................................. 5
APRESEntAção ..................................................................................................................................................................................... 9
UnIdAdE 1 – REFLEXão FILoSÓFICA: RAdICALIdAdE, CRItICIdAdE E totALIdAdE .................................................11
Seção 1.1 – do Mito ao Logos: A Gênese da Filosofia .............................................................................................................11
1.1.1 – o Mito: Base do Futuro desabrochar da Filosofia ..........................................................................................12
1.1.2 – Logos: A Emergência da Filosofia .........................................................................................................................15
Seção 1.2 – do Mito à Filosofia hermenêutica: Uma discussão Sobre hermenêutica e Finitude ..........................16
Seção 1.3 – o que é Filosofia? ..........................................................................................................................................................26
Seção 1.4 – Lógica e Racionalidade ...............................................................................................................................................31
1.4.1 – Entre a dialética Platônica e a Analítica Aristotélica .....................................................................................32
1.4.2 – Para que Lógica? .........................................................................................................................................................33
1.4.3 – o Problema da Argumentação .............................................................................................................................34
UnIdAdE 2 – UnIVERSIdAdE E ConhECIMEnto: o PAPEL FoRMAdoR dA FILoSoFIA ............................................39
Seção 2.1 – Filosofia e Ensino ...........................................................................................................................................................40
Seção 2.2 – Ciências humanas: Contextualização histórica e teórica ..............................................................................51
Seção 2.3 – Para que Filosofia? ........................................................................................................................................................55
2.3.1 – A Razão da Pergunta .................................................................................................................................................56
2.3.2 – As Pressuposições Filosóficas nas Ciências .......................................................................................................56
2.3.3 – Filosofia Como “Arte do Bem-Viver” .....................................................................................................................56
2.3.4 – A Atitude Filosófica: Perguntar ..............................................................................................................................57
2.3.5 – A Reflexão Filosófica .................................................................................................................................................58
Seção 2.4 – Filosofia e Formação: o Perfil do Profissional Universitário...........................................................................59
2.4.1 – Idealizando o Profissional Contemporâneo .....................................................................................................60
UnIdAdE 3 – ÉtICA E AGIR hUMAno ...........................................................................................................................................65
Seção 3.1 – Introdução aos Estudos Antropológicos ..............................................................................................................66
Seção 3.2 – o que é o homem? .......................................................................................................................................................75
Seção 3.3 – Ética a Partir dos Paradigmas ....................................................................................................................................93
3.3.1 – A história da Ética a Partir dos Paradigmas ......................................................................................................95
3.3.2 – Perspectivas Para a Ética ....................................................................................................................................... 102
Seção 3.4 – teorias Éticas ................................................................................................................................................................ 104
3.4.1 – Correntes Filosóficas: Podemos Ser Livres? ................................................................................................... 105
3.4.1.1 – Liberdade e determinismo ................................................................................................................. 105
3.4.1.2 – Racionalismo ........................................................................................................................................... 106
3.4.1.3 – Fenomenologia ...................................................................................................................................... 106
3.4.1.4 – Existencialismo ....................................................................................................................................... 107
3.4.2 – A diversidade das teorias ..................................................................................................................................... 107
3.4.2.1 – Ética Grega ............................................................................................................................................... 107
3.4.2.2 – Ética helenista .........................................................................................................................................108
3.4.2.3 – Ética Medieval ......................................................................................................................................... 108
3.4.2.4 – Ética do dever ......................................................................................................................................... 108
3.4.2.5 – Ética Consequencialista ....................................................................................................................... 109
3.4.2.5.1 – Ética Utilitarista .................................................................................................................. 109
3.4.2.6 – Ética nietzschiana .................................................................................................................................. 109
3.4.2.7 – Ética do discurso .................................................................................................................................... 110
Seção 3.5 – Responsabilidade Moral, determinismo e Liberdade .................................................................................. 111
3.5.1 – Ignorância e Responsabilidade Moral ............................................................................................................. 112
3.5.2 – Coação Externa e Responsabilidade Moral ................................................................................................... 113
3.5.3 – Coação Interna e Responsabilidade Moral .................................................................................................... 113
3.5.4 – Responsabilidade Moral e Liberdade .............................................................................................................. 114
3.5.4.1 – o determinismo Absoluto .................................................................................................................. 115
3.5.4.2 – o Libertarismo ........................................................................................................................................ 115
3.5.4.3 – dialética Entre Liberdade e necessidade ...................................................................................... 116
Seção 3.6 – Considerações Sobre Ética, Política e Cidadania ............................................................................................ 117
3.6.1 – Sobre Ética/Política ................................................................................................................................................. 118
3.6.2 – Reflexões Finais ........................................................................................................................................................ 126
Seção 3.7 – A Estética e Suas Relações com o Feio ............................................................................................................... 130
UnIdAdE 4 – ÉtICA E ContEMPoRAnEIdAdE ...................................................................................................................... 139
Seção 4.1 – Algumas Considerações Sobre o trabalho Alienado em Marx.................................................................. 140
Seção 4.2 – Ética e Violência: A Ética Como Filosofia Primeira .......................................................................................... 149
4.2.1 – A Filosofia ocidental como Fomentadora da Violência e de Uma Vida Sem Sentido .................... 149
4.2.2 – A Lógica dominadora da Filosofia ocidental ................................................................................................ 150
4.2.3 – A Filosofia da Alteridade e a Liberdade........................................................................................................... 151
4.2.4 – A Experiência Cognoscitiva e a Experiência Moral ..................................................................................... 153
4.2.5 – A ética como Filosofia Primeira .......................................................................................................................... 154
Seção 4.3 – Reflexões Acerca das Perspectivas para a Educação no Século 21: 
 Uma Análise em Perspectiva Ético-Filosófica ................................................................................................... 157
4.3.1 – Ética, Conhecimento e Educação ...................................................................................................................... 159
4.3.2 – Considerações Finais .............................................................................................................................................. 165
Seção 4.4 – Ética, Comunicação e novas tecnologias.......................................................................................................... 169
4.4.1 – A Comunicação como Condição humana e o objeto Comunicação .................................................. 170
4.4.2 – A Ética e a Comunicação na Contemporaneidade...................................................................................... 175
5
Conhecendo os Professores
aloísio ruedell
Possui doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do 
Rio Grande do Sul (1999). Atualmente é professor-adjunto da Universidade 
Regional do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. tem experiência na área 
de Filosofia, com ênfase em Epistemologia e Filosofia da Linguagem, atuando 
principalmente nos seguintes temas: hermenêutica, interpretação, linguagem 
e subjetividade.
cândida de oliveira
É graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela 
Unijuí, e mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina 
(UFSC). É membro do observatório da Ética Jornalística (objEthoS). 
celso eidt
Possui Graduação em Filosofia pela Universidade Regional do noroeste 
do Estado do Rio Grande do Sul (1986), Mestrado em Filosofia pela Universida-
de Federal de Minas Gerais (1999) e doutorado em Filosofia pela Universidade 
Estadual de Campinas (2010). Atualmente é professor-adjunto da Universidade 
Federal da Fronteira Sul. tem experiência na área de Filosofia.
julio césar Burdzinsky
Possui Graduação em Filosofia pela Universidade Regional do noroeste 
do Estado do Rio Grande do Sul (1988), Mestrado em Filosofia pela Universida-
de Federal do Rio Grande do Sul (1995) e doutorado em Filosofia pela PUC/RS 
(2004).
luis alles
Possui Graduação em Filosofia pelo Instituto Educacional dom Bosco 
(1981), Graduação em Estudos Sociais pelo Instituto Educacional dom Bosco 
(1981), Graduação em teologia pela PUC/RS (1985), Especialização em Filosofia 
pela PUC/RS (1984) e Mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Ca-
tólica do Rio Grande do Sul (1996). Atualmente é professor tempo parcial da 
Universidade Regional do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, atuando 
principalmente nos seguintes temas: religião, ensino, pastoral, Filosofia e for-
mação humanística.
EaD
Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
6
Maciel antoninho vieira
É Graduado em Filosofia e Estudos Sociais pela Universidade Regional do 
noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí –, mestre em Filosofia pela 
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM -. Professor do departamento de 
humanidades e Educação – dhE – da Unijuí desde 1996. 
Maristela Marasca
Possui Graduação em Filosofia pela Universidade Regional do noroeste do 
Estado do Rio Grande do Sul (1992) e Mestrado em Educação nas Ciências pela 
mesma instituição (2001). tem experiência na área de Filosofia, atuando princi-
palmente nos seguintes temas: teatro, dramaturgia, teatro brasileiro, teatro no RS 
e educação. Integrante do Grupo de teatro A turma do dionísio desde 1988.
Paulo rudi schneiderPossui Graduação em Filosofia pela Universidade Regional do noroeste 
do Estado do Rio Grande do Sul (1981), Mestrado em Filosofia pela Pontifícia 
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2002) e doutorado em Filosofia 
pela mesma Universidade (2005). Atualmente é professor da Universidade Re-
gional do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no Mestrado em Educação 
nas Ciências. tem experiência na área de Filosofia, atuando principalmente nos 
seguintes temas: Filosofia, verdade, metafísica, pensar e ser.
valdir graniel Kinn
É graduado em Filosofia e bacharel em direito pela Unijuí, mestre em 
Filosofia (área de concentração em Ética e Filosofia Política) pela PUC/RS. Seus 
estudos estão voltados especialmente para análise política e conjuntural da 
sociedade e à ética contemporânea. É professor na Unijuí desde 1988, vinculado 
ao departamento de humanidades e Educação. 
vânia dutra de azeredo
Possui Graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do 
Rio Grande do Sul (1987), Mestrado em Filosofia pela mesma instituição (1996), 
doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (2003) e Pós-doutorado 
pela Ecole normale Supérieure Paris (2012). Atualmente é professora da PUC-
Campinas, membro do corpo editorial da Revista Reflexão, membro do corpo 
editorial da Revista Alamedas, membro do corpo editorial dos Cadernos nietzs-
che, membro do corpo editorial da humanidades em Revista, membro do corpo 
editorial da Revista trágica e membro do corpo editorial da Philósophos (UFG) 
(Cessou em 2000. Cont. ISSn 1982-2928 Revista Philósophos). tem experiência 
na área de Filosofia, com ênfase em Ética, atuando principalmente nos seguintes 
temas: nietzsche, genealogia, moral.
EaD
7
Filosofia e Ética
vânia l. F. cossetin
É graduada em Filosofia e Artes pela Unijuí, mestre e doutora em Filosofia 
pela PUC/RS. Seus estudos estão especialmente voltados para o problema da 
linguagem no sistema filosófico de hegel e, atualmente, dedica-se também à 
investigação sobre o papel formador da escola de Ensino Médio. É líder do Grupo 
de Pesquisa Interdisciplinar de humanidades no Ensino Médio e participa como 
pesquisadora do Grupo de Pesquisa Linguagem, hermenêutica e Justificação, 
da Unijuí, e do Grupo de Pesquisa dialética, da Unisinos. Atualmente exerce ati-
vidade docente na Unijuí, na Faculdade América Latina e no Colégio tiradentes, 
da Brigada Militar de Ijuí. 
 
9
Apresentação
Apresentamos aqui o livro Filosofia e Ética, publicado como material 
didático-pedagógico, da disciplina do mesmo nome, para os cursos de Graduação 
da Unijuí na modalidade a distância e presencial, na forma de Livro-texto.
A disciplina e o livro aqui apresentados situam-se num contexto em que 
diversas correntes filosóficas, seguindo a direção de Kant, propõem que a Filosofia 
seja, se não a instituidora de um “tribunal da razão”, ao menos uma “guardadora 
de lugar”, para que as ciências possam escapar aos limites cientificistas nos 
quais permanecem, via de regra, confinadas; propõem que a Filosofia também 
seja uma “intérprete” mediadora do espaço entre essas mesmas ciências e a 
linguagem cotidiana.
Vivemos, além disso, hoje um momento de crise, em especial crise de 
referenciais: ausência de reflexão crítica acerca da consciência da inconsciência 
que permeia a existência humana. nesse sentido, a Unijuí estabelece a disciplina 
Filosofia e Ética como um exercício crítico do pensar e do agir humanos. na atual 
polêmica mundial acerca dos possíveis sentidos dos valores éticos, políticos, es-
téticos e epistemológicos, a Filosofia e a Ética têm um espaço a ocupar e muito 
a contribuir, pois giram em torno de problemas e conceitos criados no decorrer 
de sua longa história, os quais, por sua vez, geram discussões promissoras e 
criativas que, muitas vezes, desencadeiam ações e transformações. Por isso, 
permanecem atuais. 
Ademais, Filosofia e Ética, enquanto disciplina acadêmica, desenvolve 
as potencialidades que a caracterizam: capacidade de indagação e crítica; 
qualidades de sistematização e de fundamentação; rigor conceitual; combate 
a qualquer forma de dogmatismo e autoritarismo; disposição para levantar no-
vas questões, para repensar, imaginar e construir conceitos, além da sua defesa 
radical da emancipação humana, do pensamento e da ação livres de qualquer 
forma de dominação. 
Um dos objetivos da formação acadêmico-profissional é a formação plu-
ridimensional e democrática, capaz de oferecer aos estudantes a possibilidade 
de compreender a complexidade do mundo contemporâneo, suas múltiplas 
particularidades e especializações. nesse mundo, que se manifesta quase sem-
pre de forma fragmentada, o estudante não pode prescindir de um saber que 
opere por questionamentos, conceitos e categorias de pensamento, que busque 
articular o espaço-temporal e histórico-social em que se dá o pensamento e a 
experiência humanos. 
Como disciplina constitutiva da formação geral e humanista, considera-se 
que Filosofia e Ética pode viabilizar interfaces com os outros componentes para 
a compreensão do mundo da linguagem, das ciências, das técnicas, do mundo 
do trabalho e da política. 
EaD
Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
10
A disciplina Filosofia e Ética apresenta e tematiza o conceito de Filosofia 
enquanto exercício da reflexão crítica e a Ética enquanto investigação e debate 
acerca do agir humano. Considerando essa dupla composição da disciplina, o 
livro Filosofia e Ética consta de quatro unidades temáticas: 1 – Reflexão filosófica: 
criticidade, radicalidade e totalidade; 2 – Universidade e Conhecimento: o papel 
formador da Filosofia; 3 – Ética e o agir humano; 4 – Ética e contemporaneidade. 
Cada unidade consta, por sua vez, de diferentes textos, nos quais são tratados os 
principais temas que lhe dizem respeito. Além desses textos, porém, elaborados 
pelos professores, em cada unidade há ainda outro importante recurso didático: 
imagens, que dizem respeito aos temas tratados e que podem contribuir para 
o seu aprofundamento. 
Cada texto suscita, com certeza, uma série de questionamentos, mas não 
vamos adiantá-los aqui. deixamos para a criatividade do professor e dos alunos 
a maneira de trabalhar os textos e sua relação com as imagens. 
Os organizadores
11
Unidade 1
reFleXão FilosÓFica: 
radicalidade, criticidade e totalidade
oBjetivos desta Unidade
Compreender o processo de nascimento da Filosofia no universo do •	
mundo grego antigo.
Refletir sobre a importância do mito no desenvolvimento da cultura •	
e do mundo ocidental e a passagem deste para o conhecimento 
filosófico/racional. 
Apresentar a importância do raciocínio lógico para o desenvolvimen-•	
to das ciências ao longo da história e sua significação no âmbito da 
formação acadêmico/profissional. 
as seçÕes desta Unidade
Seção 1.1 – do Mito ao Logos: a Gênese da Filosofia
Seção 1.2 – do Mito à Filosofia hermenêutica: uma discussão Sobre hermenêu-
tica e Finitude 
Seção 1.3 – o que é Filosofia? 
Seção 1.4 – Lógica e Racionalidade 
seção 1.1
do Mito ao logos: a gênese da Filosofia
Maciel a. vieira 
vânia l. Fischer cossetin
Nosso olho nos faz participar do espetáculo das estrelas, do sol e da abóbada 
celeste. Este espetáculo nos incitou a estudar o universo inteiro. De lá nasce para 
nós a Filosofia, o mais precioso bem concedido pelos Deuses à raça dos mortais 
(Platão, Teeteto, 155d.).
EaD
Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
12
1 Conforme a história do pensa-
mento ocidental, a Filosofia é uma 
invenção grega que ocorreu entre os 
séculos 6º e 7º a.C. e que promoveu a 
passagem do saber mítico (alegórico,poético) ao pensamento racional 
(logos), ou seja, a razão e a lógica 
tornaram-se pressupostos básicos 
para o pensar. Esta mudança, po-
rém, não ocorreu de forma abrupta, 
mas em meio a um longo processo 
histórico. 
1
1.1.1 – o Mito: Base do FUtUro desaBrocHar da FilosoFia
Antes da invenção do logos e do saber filosófico havia outro saber, um 
modo de pensar que dava conta dos problemas concretos do cotidiano da vida 
do homem grego: o mito. Afinal, porém, o que é o mito? Como é e para que 
serve? A primeira questão nos remete a uma definição. Para tanto é importante 
destacarmos a etimologia da palavra. Em grego, mito significa uma “fala que 
narra” a origem dos fenômenos, tanto naturais quanto humanos. diferentemente 
do que se pensa, o mito não é uma lenda ou uma fantasia, mas ele surge como 
fruto do processo de compreensão da realidade, por isso podemos dizer que ele 
é verdadeiro. E se é uma fala, uma narrativa, quem é que o faz? É o poeta. 
havia, basicamente, dois tipos de poetas: o aedo (um criador de poemas 
que também recitava de memória, recriava e transformava o verso ancestral) e 
o rapsodo (simples repetidor, declamador, de uma versão já fixada). Vale lembrar 
que quando o poeta recitava o poema, apresentava-o cantando, com acompa-
nhamento de música e dança. Eram estratégias utilizadas para uma melhor e 
mais rápida apropriação dos mitos e de toda a tradição, que por muito tempo 
foi conservada e propagada oralmente. Com o advento da escrita, a tradição oral 
passou a ser fixada como um patrimônio comum de que o poeta seria o guardião. 
Exemplo deste patrimônio cultural são as poesias de homero (a Ilíada e a Odisseia, 
século 9º a.C.) e de hesíodo (a Teogonia e Os Trabalhos e os Dias, 7º a.C.).
A questão central, então, passou a ser sobre a credibilidade e a veracidade 
da narrativa do poeta. o que garante que ele diz a verdade? Caso o poeta fosse 
escolhido e inspirado pelos deuses e desse testemunho inquestionável sobre 
a origem de todas as coisas, como se dá a gestação das coisas e dos próprios 
deuses? Quem são os deuses?
1 Crianças geopolíticas assistindo ao nascimento do novo homem – Salvador dali. Fonte: Enciclopédia 
Multimídia da Arte Universal. São Paulo: Alphabetum Edições Multimídia.
EaD
13
Filosofia e Ética
Para os gregos, tudo o que existe, fenômenos naturais e humanos, e mes-
mo os próprios deuses, é oriundo das relações sexuais entre eles. E os deuses, 
conforme Reale (1993), são forças naturais diluídas em formas humanas idealiza-
das: “os deuses são homens amplificados e idealizados, são quantitativamente 
superiores a nós, mas não qualitativamente diferentes” (p. 21). os fenômenos 
naturais, nesse sentido, são promovidos pelos deuses. Por exemplo: os trovões 
e raios são lançados por Zeus do olimpo; as ondas do mar são levantadas pelo 
tridente de Poseidon; o Sol é carregado pelo carro de Apolo, etc. também os 
fenômenos da vida individual e social do homem grego, o destino da cidade, 
das guerras, são todos concebidos pelos deuses e manipulados por eles. tudo é 
divino, ou seja, tudo o que acontece é obra dos deuses.
Afinal, qual é a função do mito na sociedade e na vida do homem grego?
A função primordial do mito era responder a questões fundamentais 
como: Qual a origem de todas as coisas? o que significa o homem e qual a sua 
relação com o mundo natural e com o mundo humano? nesse sentido, a narra-
tiva explicava e significava a realidade, o modo de vida, a organização social, a 
conduta dos homens, os valores e normas, de modo que “os comportamentos 
e as atitudes que a sociedade quer preservar são condensados em paradigmas 
– exemplos idealizados e fixados em personagens – que os jovens devem incor-
porar” (Santos, 1985, p. 47). 
dito de outro modo, os valores que a sociedade elegeu como os melhores 
a serem observados e vivenciados por todos os membros da sociedade estão 
expressos nos deuses, semideuses e heróis contados pelos poetas: “o ideal he-
róico, representado por um Aquiles, ou por um Ulisses, em múltiplas situações 
concretas, consubstancia um código de valores objetivos (...) constituindo-se 
como a norma, o exemplo, que todos os cidadãos devem imitar” (Santos, 1985, 
p. 47). 
os mitos, portanto, carregam mensagens que se traduzem nos costumes 
e na tradição de uma sociedade. São formas de explicar um determinado modo 
de vida. A única forma, aliás, de pensar e de significar as relações do homem no 
mundo. os mitos são modelos norteadores que ajudam a organizar e significar 
a vida das pessoas, por isso, no caso específico dos gregos, eles “desenvolvem e 
alicerçam, cada um a sua maneira, essa magistral lição de vida, fornecendo com 
isso à filosofia a própria base do seu futuro desabrochar” (Ferry, 2009, p. 22). 
o mito como fala, como narrativa concreta, portanto, serviu de base 
para a emergência de um novo modo de pensar, problematizador, conceitual e 
reflexivo: o filosófico.
1.1.2 – logos: a eMergência da FilosoFia
o homem é um ser pensante e criativo e, enquanto tal, cria pensamentos. 
Pensamentos estes que irão fundar e desenvolver a civilização ocidental. Cria o 
mito e o logos: o primeiro se dá mediante figuras, imagens, fantasias; o segundo, 
EaD
Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
14
mediante a razão, produzindo conceitos. Isto explica por que se pode dizer que 
a Filosofia surgiu a partir da crítica e racionalização do mito: porque ela supera a 
crença mítica e coloca a razão e a lógica como pressupostos básicos para o pensar. 
A origem da Filosofia, portanto, está ligada à invenção do logos, razão pela qual 
ela pode ser concebida, inicialmente, como o exercício do logos. 
Etimologicamente, logos vem do grego legein, que significa “falar”, “reunir”. 
na língua grega clássica, equivale à palavra, verbo, sentença, discurso, pensamen-
to, inteligência, razão, definição. Antes de tudo, portanto, logos se define como 
fala, discurso, razão. nesse sentido ele se opõe ao mito, que também é fala, mas 
uma “[...] fala que narra, que comunica por analogia entre situações narradas a 
experiência do narrador”, ao passo que logos “[...] significa fala que demonstra, 
que descreve o que ocorre às coisas em vista de suas próprias essências” (Cunha, 
1992, p. 56). 
o surgimento do logos, então, inaugura uma nova fase de entendimento 
acerca da realidade: a possibilidade de analisar e interpretar o mundo para além 
dos fatos e das experiências, a fim de encontrar sua causa, seu princípio.
o primeiro filósofo foi tales de Mileto, que viveu entre o final do sécu-
lo 7º e início do século 6º a.C. Vale mencionar outros filósofos desse período 
que fizeram questionamentos semelhantes e deram respostas igualmente 
semelhantes, dentre eles: Anaxímenes, Anaximandro, heráclito, Pitágoras, Par-
mênides, Empédocles, Anaxágoras, demócrito. o problema fundamental que 
aproxima estes pensadores é a pergunta sobre a origem do mundo e as causas 
das transformações da natureza. ou, ainda, a questão filosófica fundamental é 
cosmológica: Como surge o cosmos? Qual é seu princípio fundamental? Como 
ocorre sua geração?
desse momento em diante não é mais atribuída aos deuses a origem do 
cosmos e de todas as coisas, mas ao próprio homem, que o faz mediante o uso 
da razão. os primeiros filósofos, portanto, forjaram uma ideia que é fundamental 
para explicar e significar o mundo e o próprio homem: elaboraram o conceito de 
Physis, ou seja, “a fonte original de tudo o que cresce”, a partir do qual as coisas 
emergem, brotam. Physis é o princípio unificador e organizador da diversidade 
dos seres e, segundo Aristóteles, tales teria sido o primeiro filósofo a expressaraquilo que podemos denominar de pensamento racional: “tudo é água”. Eis a 
arché, o princípio de todas as coisas (Santos, 1985, p. 88).
o modo de pensar, como exercício da razão (logos) dos primeiros filósofos, 
é uma reflexão acerca da origem, ordem e transformação da natureza e do ser 
humano. É um discurso que institui conceitualmente o princípio fundante que 
unifica e ordena a totalidade. o logos é constitutivo e possibilidade de enten-
dimento da realidade. A ideia de um princípio fundante, de onde tudo nasce e 
para onde tudo volta, só é possível para o pensamento racional. Este elemento 
primordial, eterno e imperecível, é a própria natureza em transformação: “a na-
tureza é mobilidade permanente (...). o movimento do mundo chama-se devir e 
o devir segue leis rigorosas que o pensamento conhece” (Chauí, 1994, p. 36). 
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15
Filosofia e Ética
os filósofos pré-socráticos escolheram diferentes Physis para dizer qual 
era o princípio que estaria na origem da natureza e de seus movimentos. Além 
de tales de Mileto, podemos ainda mencionar: heráclito, cujo princípio era o 
fogo, o movimento; Pitágoras, que afirmava ser o número o princípio de todas 
as coisas; Leucipo e demócrito, para quem o princípio era o átomo.
o nascimento da Filosofia, portanto, pode ser entendido como um novo 
modo de pensar que se diferencia do mito, de uma visão de mundo única que 
se formou a partir de narrativas que eram transmitidas oralmente de geração 
para geração. A religião, portanto, era apresentada sem sistemas teóricos escri-
tos, livros sagrados, sacerdotes, e aceita pela população que nela acreditava e 
a concebia como verdadeira. Mais tarde esta tradição oral foi sistematizada e 
escrita por homero e hesíodo.
Por muito tempo o pensamento mítico foi suficiente para organizar, ex-
plicar e significar o mundo. À diferença do mito, porém, o pensamento filosófico, 
enquanto um pensar conceitual e reflexivo acerca da realidade, busca ordenar, 
explicar e significar a complexidade do cosmos e a diversidade dos seres mediante 
um discurso que justifique a sua existência. Por isso, filosofar significa buscar na 
multiplicidade um princípio (physis) único que seja a fonte de onde toda essa 
variedade emerge. Essa foi a grande tarefa realizada pelos primeiros filósofos. Sua 
intenção era buscar justamente na totalidade das coisas, na multiplicidade do 
mundo, uma unidade a ser conhecida e interpretada pela razão, sem, portanto, 
projetar temores e crenças, mas, conforme Platão, simplesmente pela capacidade 
de se espantar, que “é o começo da Filosofia”.
referências
ChAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1994. 
CUnhA, J. A. Filosofia: iniciação à investigação filosófica. Campinas: Atual Editora, 
1992. 
FERRY, L. A sabedoria dos mitos gregos: aprender a viver II. trad. Jorge Bastos. Rio 
de Janeiro: objetiva, 2009. 
REALE, G. História da Filosofia antiga. trad. Marcelo Perini. São Paulo: Loyola, 1993. 
(Série história de Filosofia). 
SAntoS, J. t. Antes de Sócrates: introdução ao estudo da filosofia grega. Lisboa: 
Gradiva, 1985.
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Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
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seção 1.2 
do Mito à Filosofia Hermenêutica: 
Uma discussão sobre Hermenêutica e Finitude
aloísio ruedell
O que está em questão não é o que fazemos, o que deveríamos fazer, mas o que 
nos acontece além do nosso querer e fazer (Gadamer, 2003, p. 14).
2 Esta passagem de Gadamer 
fornece uma chave de leitura 
para seu livro Verdade e Método 
e, por extensão, para a discussão 
hermenêutica em geral, como foi 
desenvolvida ao longo do século 
20, até os dias atuais. o que, pois, 
orienta o filósofo é a consciência 
histórica ou consciência das con-
dições históricas nas quais toda 
compreensão humana está sub-
metida, sob o regime da finitude. 
2 
tem consciência de estar exposto à história e a sua ação, de tal forma que 
não pode objetivar essa ação sobre nós, porque isso faz parte de seu sentido 
enquanto fenômeno histórico. 
Essa forma de pensar, contudo, não é exclusividade de Gadamer. São 
atualmente muitos os autores que têm a mesma percepção, e o destaque está 
por conta de Martin heidegger, com sua analítica do Dasein. o desenvolvimento 
de suas discussões, em Ser e Tempo, acabou produzindo o que se designa como 
pensamento da finitude (Stein, 1976, p. 76). É uma perspectiva de grande parte 
da Filosofia contemporânea, que se fortalece a partir dos, assim denominados, 
mestres da suspeita, como nietzsche, Freud e Foucault, mas que, certamente, 
também tem legitimidade filosófica a partir de Kant, preocupado com os limites 
do conhecimento. 
o tema do presente ensaio surgiu desse contexto de discussão. Vincula-
se também ao projeto de pesquisa Interpretação e finitude, cujo propósito é 
refletir sobre os limites da linguagem e da interpretação, a partir do conceito de 
finitude. Considerando a centralidade desse conceito no atual cenário filosófico, 
2 Prometeu Acorrentado – Peter Paul Rubens. Fonte: Enciclopédia Multimídia da Arte Universal. São Paulo: 
Alphabetum Edições Multimídia.
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17
Filosofia e Ética
pretendemos examinar sucintamente como ele se configura na discussão her-
menêutica. Para efeito de delimitação, sem fazer todo o percurso da história da 
hermenêutica, dirigiremos um olhar privilegiado a dois momentos, ao da Filosofia 
hermenêutica, marca característica da discussão atual, e o momento do mito, que 
eventualmente poderia ser designado como pré-história da hermenêutica. 
Iniciaremos a indagação por esse momento específico da história her-
menêutica, que é o seu nascedouro na mitologia grega, de onde procedem a 
etimologia e o sentido originários do termo. Pretendemos examinar resumida-
mente o sentido e as consequências dos limites humanos, percebidos diante da 
narrativa do mito sobre hermes, que medeia a comunicação entre os deuses e 
os homens. Isso permitirá, ao final, estabelecer uma diferença fundamental entre 
essa primeira percepção dos limites humanos, no contexto do mito, e o sentido 
desses limites na atual discussão sobre hermenêutica e finitude. 
o recurso ao mito não significa nenhuma concessão do rigor filosófico 
em favor de um pensamento mítico. Fazer referência a uma narrativa mítica 
não equivale a transformá-la em princípio da realidade. A Filosofia, entretanto, 
reconhece o teor do mito como genuinamente humano, e enquanto tal o as-
sume em sua discussão. Sem se orientar por sua visão de mundo, nem por suas 
soluções, a Filosofia identifica no mito problemas e perguntas fundamentais da 
humanidade, que serão debatidos ao longo de toda a história da Filosofia, até 
os dias de hoje. 
Assim, a riqueza da moderna discussão hermenêutica esclarece-se, em 
grande parte, à luz do mito, no qual, pela primeira vez, a humanidade colocou 
o problema da compreensão e da interpretação. Personagens e funções na 
mitologia serão, posteriormente, fonte de conceitos e de discussões filosóficas. 
Embora criação da modernidade, a hermenêutica remete-nos, etimologica-
mente, ao mito de hermes. Filho de Zeus e de Maia, hermes era uma divindade 
complexa e imprevisível. transgredia e, ao mesmo tempo, obedecia à ordem 
superior; era diurno e noturno. Acusado de mentiroso diante de Zeus, este o 
fez prometer que nunca mais faltaria com a verdade. Aceitou a cobrança do pai, 
mas acrescentando-lhe uma ressalva: que não estaria obrigado a dizer toda a 
verdade (Brandão, 2005, p. 193). 
ou seja, ao mesmo tempo em que estaria obrigado a dizer a verdade, 
lhe assistiria o direito de reter parte dela. Com esse acordo, falar e reter, ocultar 
e desocultar a verdade seriam duas faces características dapersonalidade de 
hermes. 
trata-se de uma divindade que, em sua função paradoxal, representa, 
aqui, a personificação da própria linguagem, que, ao mesmo tempo, comunica 
e também se interpõe à comunicação. não faltaram, na história, sonhadores de 
uma comunicação direta e perfeita entre as consciências, sem a mediação de 
palavras e discursos ou outros meios, que sempre são deficientes; ao mesmo 
tempo transmitem uma mensagem e também a retêm parcialmente, em virtude 
de sua opacidade. Após o giro linguístico, no entanto, é muito difícil que alguém 
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Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
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ainda pense em comunicar-se sem a linguagem. Como isso, afinal, seria possível, 
se todo o universo humano é linguisticamente concebido e mediado (Cf. Fehér 
in: Figal, p. 2000, p. 192), ou então, como afirma Gadamer: “ser que pode ser 
compreendido é linguagem” (1990, p. 478). 
Enfim, não resta outra alternativa: já somos ou estamos sempre na lin-
guagem, e todas as tentativas de organização e comunicação terão sempre as 
marcas de seus benefícios e de seus limites, que são os limites da própria condição 
humana. o que, certamente, surpreende, é descobrir que esse problema já era 
tematizado em nosso passado mítico. 
Ao estabelecer a comunicação entre o mundo divino e o humano, hermes, 
de alguma forma, traz e estabelece a linguagem, determinante para o desenvol-
vimento da humanidade. de origem divina, mas com afeição humana, gostava 
de estar entre os homens e com eles se comunicar. 
São suas relações com o mundo dos homens, um mundo por definição “aberto”, 
que está em permanente construção, isto é, sendo melhorado e superado. os 
seus atributos primordiais – astúcia e inventividade, domínio sobre as trevas, 
interesse pela atividade dos homens, (...) – serão continuamente reinterpre-
tados e acabarão por fazer de hermes uma figura cada vez mais complexa, 
ao mesmo tempo que um deus civilizador, patrono das ciências e imagem 
exemplar das gnoses ocultas (Eliade apud Brandão, 2005, p. 196).
Em uma negociação com Apolo, hermes teria recebido um bastão de 
ouro e com ele a arte divinatória. Andava com extrema rapidez, com sandálias 
de ouro, e não se perdia à noite, porque conhecia muito bem o roteiro. Com 
esses atributos e por suas habilidades, mereceu o título de “deus mensageiro” ou 
“deus da comunicação”. Seu papel era anunciar, traduzir e explicar a mensagem 
divina ao nível da compreensão humana. dessa tríplice tarefa mediadora de 
hermes originaram-se três acepções de hermeneuein (= interpretar) considera-
das na hermeneia (= hermenêutica) e, posteriormente, assimiladas na discussão 
hermenêutica.
As habilidades linguísticas de hermes, porém, não nos autorizam a lhe 
atribuir uma concepção instrumental da linguagem. Sua função comunicadora é 
mais da ordem do “ser” do que do “fazer”, lembrando a concepção hermenêutica 
de que “somos linguagem”. Sua missão, pois, consistia em colocar-se no meio 
de tudo o que acontecia, para levar a mensagem dos deuses para o horizonte 
da compreensão3 da linguagem humana. Ele mesmo, hermes, deus presente 
entre os homens, era a própria mensagem divina. Mais do que mediar palavras 
3 Gadamer (1998, p.452) esclarece que o conceito de horizonte de compreensão refere-se ao âmbito 
de visão finita que abarca e encerra tudo o que é visível a partir de um determinado ponto. Por isso 
podemos falar de estreiteza e de abertura de novos horizontes. A elaboração da “situação hermenêutica” 
significa a obtenção do horizonte de questionamento correto para as questões que se colocam perante 
a tradição. 
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19
Filosofia e Ética
divinas para uma linguagem humana, ele era a mediação ou linguagem efetiva, 
porque era um deus que se aproximou e se afeiçoou ao ser humano, encurtando 
a distância e manifestando o oculto. 
À semelhança de hermes, que permitia a comunicação entre o mundo 
divino e o humano, a linguagem é condição de possibilidade de nossa comuni-
cação. não se pensa, porém, numa linguagem ideal, de caráter rigorosamente 
universal, como que pairando acima do cotidiano humano. não há racionalidade 
e linguagem em estado puro. o homem sempre falou dentro da história, em 
determinado contexto sociocultural. no mais, a linguagem não fala por si, e um 
texto precisa ser anunciado (lido) e interpretado e, muitas vezes, traduzido para 
uma linguagem mais acessível. Enfim, só será compreendido na medida em que 
também for explicado o assunto ou o tema sobre o qual é construído. não há 
mera compreensão da linguagem. Compreende-se a linguagem de um texto 
na medida em que também se compreende seu conteúdo, a mensagem que 
veicula. ou ainda, não há mera compreensão da linguagem, porque esta nunca 
se dá como pura forma, mas já sempre marcada por um conteúdo cultural e 
conceitual. 
na história do mito, por mais qualificada que fosse a mediação de hermes, 
ela nunca podia trazer aos homens a própria mensagem divina, mas tão somente 
sua interpretação. Já era uma prefiguração do que se afirma atualmente em re-
lação à leitura e à interpretação de um texto: por mais cuidadosa e rigorosa que 
seja a leitura, nunca será possível chegar à compreensão correta. Feitas todas 
as leituras e realizadas as interpretações possíveis, haverá, ao final, sempre uma 
interpretação do texto, e não o próprio texto ou este em si mesmo. o que era 
distância entre o mundo divino e o humano caracteriza-se, agora, como limites 
da comunicação entre os homens. não há linguagem totalmente transparente, 
nem comunicação direta sem o recurso do meio linguístico. 
A emergência dessa discussão na história da Filosofia ainda é um aconte-
cimento relativamente recente. Adquiriu vigor e caráter filosófico com a questão 
hermenêutica, no século 19, quando, com Schleiermacher, esta deixou de ser 
uma disciplina especial, indagando por um fundamento universal da compre-
ensão. na época, a pergunta hermenêutica surgia por uma demanda específica 
da exegese bíblica, mas foi ampliada e elaborada numa perspectiva universal e 
filosófica. não foi simplesmente um texto bíblico, nem uma mensagem divina 
que desafiava a compreensão do filósofo. o que lhe suscitou a questão herme-
nêutica foi a consciência dos limites humanos em relação à compreensão e à 
interpretação em geral. 
num mundo já secularizado, numa época pós-metafísica, tomou-se 
consciência do espaço propriamente humano. Sem referência a uma verdade 
absoluta e sem se reduzir a uma verdade empírica, eram, então, o sentido e o 
agir do homem que careciam de compreensão. 
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Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
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Certamente já havia problemas de compreensão e de interpretação ao 
longo de toda história da Filosofia. Até a metade do século 18, porém, a interpre-
tação, enquanto problema específico, não teve nenhuma importância autônoma 
nas formas do conhecimento relacionadas com a linguagem. Uma concepção 
lógico-semântica da linguagem garantia por sua clareza e transparência, re-
produzindo com fidelidade os fatos do mundo. Um discurso gramaticalmente 
correto propiciava representações confiáveis da realidade. Gramática e razão, 
ambas universais, reproduziriam concretamente essa universalidade. “Compre-
ender algo como algo significaria iluminar as expressões ditas ou escritas sob 
o ponto de vista do seu conteúdo racional, isto é, concebê-las como aquele 
universal que não pode cessar de ser em sua historicamente única situação de 
uso” (Frank, 2007, p. 80).
Isso muda radicalmente com o Romantismo e, inclusive, em dois sentidos. 
Primeiro duvida-se da possibilidade de contar com uma razãosupra-histórica, 
que, de antemão, corresponderia à realidade. Em consequência, a compreensão 
torna-se problema, porque não resulta mais de uma participação paritária dos 
interlocutores numa razão comum. Ela não se dá por si, mas, ao contrário, em 
cada caso precisa “ser querida e buscada” (Schleiermacher, 1990, p. 92). 
o desafio da hermenêutica, segundo Schleiermacher (2005, p. 87), está 
em compreender o outro, o diferente, e a rigor cada texto é outro e diferente, 
sempre carecendo de interpretação. há uma peculiaridade no texto, porque a 
própria linguagem não existe num padrão rigorosamente universal, mas em 
sentidos sempre singularizados, em cada ato de uso. 
Ainda mais decisiva, para evidenciar os limites da condição humana, foi 
uma segunda mudança de paradigma, “a convicção de que aquilo que forma 
a dimensão básica da Filosofia não é alguma representação de objeto, mas a 
compreensão de sentido” (Frank, 2007, p. 81). 
A Filosofia antiga ocupava-se com o mundo como ele é, na perspectiva 
da ontologia; já a Filosofia moderna superou essa perspectiva com a teoria do 
conhecimento, com a convicção de que os objetos são mediados por represen-
tações subjetivas. A partir de Schleiermacher – afirma Frank (2007, p. 79) – aquilo 
que representamos de modo algum são objetos, mas fatos, e o que corresponde 
a estes são proposições ou juízos. Isso significa que o limite da atuação e da com-
preensão permanece no âmbito da linguagem: juízos referem-se tão somente a 
objetos já sempre interpretados desse ou daquele modo. 
É inegável que a hermenêutica, enquanto arte de compreensão e in-
terpretação (Schleiermacher, 1990, p. 71), é produto da modernidade, mas 
é também sua superação. Seu desafio seria operar o giro transcendental no 
mundo do sentido, mas sem o rigor e o caráter absoluto do cogito cartesiano. 
A consciência de si, a partir da qual se estabelece, é uma consciência humilde, 
que percebe os limites da condição humana. É uma “consciência de finitude” 
(Schleiermacher, 1980, § 9) e de dependência, que não encontra em si mesma o 
seu fundamento, mas se percebe constituída por outrem. Este, afirma Frank, é o 
EaD
21
Filosofia e Ética
mais alto grau de consciência, de quem percebe seus limites, porque já sempre 
relacionado e constituído com outro, constituindo a linguagem a forma dessa 
relação (1977, p. 115). 
todas essas considerações não deixam dúvidas de que Schleiermacher 
já se situa no giro linguístico: todas as questões são colocadas e resolvidas no 
âmbito da linguagem, mas ainda não na radicalidade de Gadamer e de heideg-
ger. Ao demonstrar que a linguagem é o único acesso à realidade e condição de 
possibilidade para sua discussão, ele também admite seu caráter instrumental 
e representativo. Embora permaneça no âmbito da linguagem, ainda se orien-
ta por um “pensamento ontológico, no qual se acredita que a verdade ou o 
verdadeiro tem um estatuto objetivo, cuja busca é árdua, mas não impossível; 
boas regras de procedimento e a destreza do intérprete podem conduzir a ela” 
(Ruedell, 2007, p. 23). 
daí a preocupação metodológica por uma adequada e correta interpreta-
ção, que pudesse conduzir à verdade do texto. Mesmo, contudo, que isso mostre 
o quanto o autor ainda se situa no paradigma ontológico, este, entretanto, não 
deixa de apontar para sua fragilidade, ao afirmar que o ideal da compreensão 
perfeita é irrealizável. Somente pode ser alcançado por aproximação (Schleier-
macher, 2005, p. 201). 
Chegando, porém, a heidegger, na perspectiva da Filosofia hermenêutica, 
a discussão toma outra configuração. Se antes, com Schleiermacher, apesar dos 
limites da condição humana, não se deixava de perguntar pelo procedimento 
correto para chegar à verdade, agora já não há mais essa perspectiva. Inaugura-
se um novo modo de pensar, que vem se estabelecendo na medida em que os 
conceitos compreensão e interpretação, referidos ao mundo, passam a ter outro 
significado, ou seja, na medida em que a interpretação é “apenas interpretação”, 
em oposição ao saber da realidade (Scholtz, 1992-1993, p. 108). 
Já era esse o entendimento de nietzsche ao afirmar que “o mundo se tor-
nou mais uma vez ‘infinito’ para nós, porque ele contém em si a possibilidade de 
interpretações infinitas;” e “que não há fatos, mas apenas interpretações” (apud 
Scholtz, 1992/93, p. 108). A mesma concepção encontra-se também em dilthey, 
ainda que não no sentido universal e radical de nietzsche. Para ele, somente 
“a religião, a arte e a metafísica fornecem ‘interpretações do mundo’” (Scholtz, 
1992/93, p. 108), complementando, nesse sentido, as ciências da natureza. En-
quanto estas analisam e desenvolvem as relações universais de estados de coisas 
isolados, aquelas expressam o significado e o sentido do todo. Umas conhecem 
e outras compreendem. 
Ao admitir que foi dessa concepção de interpretação que brotou a Filosofia 
hermenêutica, podemos dizer que ela surgiu da crise da concepção tradicional de 
verdade e de ciência. Em Kant encontra-se a base teórica desse acontecimento: a 
destruição da ontologia tradicional e a redução do mundo ao mundo fenomêni-
co. Em vez da realidade, que era objeto da ontologia, dispõe-se sempre mais de 
visões de mundo, tradições e convenções, que, numa linguagem pré-científica, 
EaD
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sempre articulam e interpretam o mundo. As interpretações são aquilo que 
sempre se interpõe entre o mundo e as ciências, e estas, por sua vez, assentam-
se sobre aquelas e as desenvolvem, sem o saber; sem saber que “compreender 
o mundo é mais amplo e mais fundamental do que conhecer cientificamente a 
natureza e que a formação do conceito das ciências da natureza está baseada 
numa atitude diante do mundo, já linguisticamente articulada” (Scholtz, 1992/93, 
p. 109-110). 
o filósofo hermeneuta tem consciência de que vive num mundo já sempre 
interpretado e compreendido, e de que suas interpretações podem ser as mais 
diversas. há, por conseguinte, uma relação estreita entre Filosofia hermenêutica e 
consciência histórica, no sentido em que nietzsche falava em “filosofar histórico” 
e Yorck von Wartenburg referia-se à “historização do filosofar” (Scholtz, 1992/93, 
p. 110-111). não há dúvidas de que, na origem da Filosofia hermenêutica, 
encontra-se a consciência do caráter histórico da Filosofia e das Ciências. todas 
têm pressuposições históricas e contingentes. 
diante disso, impõe-se a pergunta sobre a tarefa da Filosofia. o que lhe 
restaria a fazer, a não ser constituir-se em reflexão ou interpretação da historici-
dade, da historicidade do ser humano e de suas interpretações do mundo? nessa 
direção, dentre os diversos níveis de reflexão possível, heidegger pergunta pelo 
fundamento ou vertente dessa história, concentrando-se no caráter histórico do 
ser humano, aquele que produz as interpretações do mundo. Isso de tal maneira 
que, com sua analítica do Dasein, a afirmação de que “tudo é interpretação” perde 
o sentido negativo da perspectiva ontológica, de impedir o acesso à realidade. 
Ao contrário disso, essa expressão recebe agora um sentido positivo. Se tudo é 
interpretação, isso se deve à liberdade e à capacidade interpretativa do homem, 
fonte de todas as interpretações. 
Sem o amparo de uma base metafísica, mas também sem a rigidez de uma 
estrutura ontoteológica coercitiva, abre-se um espaço propriamente humano, 
de atuação livre e responsável do homem, apenas limitado pelas condições e 
condicionamentos de sua própria natureza. Se na tradição o homem era enten-
dido como aquele que pensa e conhece, “hoje ele se compreende como aquele 
que compreendee se explica como aquele que interpreta” (Scholtz, 1992/93, 
p.113). 
Compreensão e interpretação deixam de ser exclusividade de uma ci-
ência especial, como a hermenêutica técnica, e se constituem numa dimensão 
essencial da vida humana. 
Com esse reconhecimento, compreende-se melhor porque “ser que pode 
ser compreendido é linguagem” (Gadamer, 1990, p. 478) e que todos os fatos já 
estão sempre interpretados, mas ainda sempre abertos para novas interpretações. 
Enfim, não há dúvidas, para heidegger, de que Filosofia é, antes de mais nada, 
hermenêutica. todas as considerações permitem reconhecê-la como Filosofia 
primeira. 
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Filosofia e Ética
na complexidade de sua função mediadora, entre o mundo divino e o 
humano, hermes não só representava uma presença amiga dos deuses, mas 
também evidenciava a diferença abissal entre os dois mundos e mantinha os 
homens numa situação de eterna imperfeição e inferioridade. Por melhor que 
fosse o mensageiro e o tradutor, a compreensão humana nunca seria perfeita e 
hermes nunca iria conseguir que os homens ascendessem ao nível da divindade. 
Por isso, além da explicação etimológica do termo hermenêutica, a referência à 
mitologia grega fornece a matriz ou a fonte alimentadora da história do pensa-
mento ocidental, enquanto pensamento metafísico. o conhecimento depende 
da luz, da iluminação divina. 
desde a identidade parmenídica entre ser e pensar até a unidade entre ser e 
pensar como autoconsciência em hegel, o ser e a verdade são colocados no 
horizonte da transparência e da identidade. deus é a total transparência, a luz 
em sua plenitude, como identidade consigo mesmo, e, por isso, é a verdade 
e o ser por excelência, a noesis noeseos (Stein, 2001, p. 21).
deus é fundamento do ser e da verdade, mas, sobretudo, é arquétipo 
de todo conhecimento perfeito. na perspectiva do mito, a reflexão filosófica 
será sempre medida por aquilo que a excede, referida ao modelo divino. Essa 
relação desigual entre divindade e humanidade e a tendência de comparação 
entre os dois mundos têm propiciado ao homem uma experiência frustrante 
ou meramente negativa dos limites de sua condição. hermes, mais do que um 
socorro amigo, tem-se transformado num peso imobilizador, porque o homem 
permaneceria sempre imperfeito e ignorante. Somente no mundo divino poderia 
haver perfeição de ser e a luz do verdadeiro conhecimento. 
Esqueceu-se, entretanto, por muito tempo, de perguntar por que a con-
dição humana sempre aponta para além de si mesma. omitiu-se o fato de que a 
busca do ilimitado é, precisamente, a afirmação do limite, de que a necessidade 
do horizonte infinito é uma imposição da radical finitude. ou seja, não se tomou 
suficientemente a sério a finitude como o chão de toda experiência de ser. 
Somente com heidegger acontecerá essa virada, em que uma nova 
concepção de finitude passará a orientar a maior parte das discussões filosófi-
cas. Em Gadamer, o conceito de finitude perpassa toda sua obra e constitui-se 
em sua chave de leitura. o que orienta o filósofo é a Wirkungsgeschichtliches-
bewusstsein, a consciência histórica ou consciência das condições históricas às 
quais toda compreensão humana está submetida, sob o regime da finitude. tem 
consciência de estar exposto à história e a sua ação, de tal forma que não pode 
objetivar essa ação sobre nós, porque isso faz parte de seu sentido enquanto 
fenômeno histórico. Por isso, “o que está em questão não é o que fazemos, o 
que deveríamos fazer, mas o que nos acontece além do nosso querer e fazer” 
(Gadamer, 2003, p. 14). 
heidegger, entretanto, permanece o referencial mais importante para 
esse debate. A partir da analítica do Dasein, em Ser e Tempo, desenvolveram-se 
discussões que produziram o que se designa como pensamento da finitude (Stein, 
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1976, p. 76). É uma perspectiva de grande parte da Filosofia contemporânea, 
que se fortalece a partir dos, assim denominados, mestres da suspeita, como 
nietzsche, Freud e Foucault, mas que, certamente, tem legitimidade filosófica 
de Kant, preocupado com os limites do conhecimento. 
Com a recorrência ao mito foi possível constatar como o tema da finitude 
já esteve sempre presente, desde os tempos mais remotos do pensamento oci-
dental. hoje, entretanto, mais do que um tema ou uma questão a ser discutida, 
a finitude tornou-se uma perspectiva da Filosofia, podendo-se falar em giro da 
finitude, assim como em outro sentido se fala em giro linguístico. É uma visão de 
mundo e um modo de fazer Filosofia que parte dos estreitos limites da condição 
humana, sem, contudo, ater-se ao seu sentido negativo. Consideram-se mais as 
potencialidades humanas e as reais possibilidades de sua realização. 
o pensamento da finitude entende-se como pensamento da liberdade e 
da realização humanas, em oposição a um pensamento metafísico que se afirma 
como Filosofia primeira, “condenando o homem a depender de uma estrutura on-
toteológica sobre a qual não possui poder algum de ação” (Stein, 1976, p. 18). 
A rigidez dessa metafísica clássica “reduz o homem à imobilidade e ao 
silêncio diante de questões fundamentais” (1976, p. 18). Em seu lugar postula-se, 
hoje, uma ontologia da finitude, representando o lado heterodoxo da tradição 
metafísica. A ontologia da finitude procura superar ou transformar a metafísica 
a partir de dentro, ou seja, 
libertar temas e virtualidades sufocados pelo totalitarismo ontoteológico da 
metafísica. A afirmação da finitude é a tentativa de destacar a historicidade, 
em face de uma ontologia estática, onde não há propriamente lugar para o 
movimento; pois, tudo está ancorado e fixado num mundo ordenado (quando 
não pré-ordenado), onde a liberdade humana está sempre ameaçada por uma 
ordem sem alternativas (Stein, 1976, p. 19).
Assim como toda Filosofia traz atualmente a marca da finitude, mais ainda 
reconhece-se isso da hermenêutica, que emerge, precisamente, desse terreno 
movediço e flexível das condições humanas. É, pois, num mundo secularizado, 
numa época pós-metafísica, que a hermenêutica efetivamente se estabelece 
como questão filosófica. Constituída nas condições humanas do discurso e da 
linguagem, ela ocupa um lugar incômodo entre as verdades empíricas das Ciên-
cias e a verdade absoluta da metafísica. não contando mais com esses apoios, a 
pergunta e a discussão hermenêuticas voltam-se ao sentido e ao agir humanos, 
que carecem de compreensão. 
Ao se situar nesse nível, humano e finito, afirma Ernildo Stein, “a hermenêu-
tica é, de alguma maneira, a consagração da finitude” (1996, p. 45). há, porém, uma 
grande diferença desse conceito em relação à experiência de finitude vivenciada 
no mito. neste, a relação desigual entre o divino e o humano e a tendência de 
comparação entre os dois mundos têm propiciado uma experiência frustrante 
ou meramente negativa dos limites da condição humana, uma condição de 
eterna imperfeição. Agora, porém, sem esse termo de comparação, a finitude 
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Filosofia e Ética
designa o espaço propriamente humano, com as condições e limites que lhe 
são inerentes, mas, sobretudo, designa o espaço da liberdade e da realização 
humanas, e a interpretação sinaliza a ocupação deste espaço. 
referências
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Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
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Alegre: Movimento, 1976.
______. Aproximações sobre hermenêutica. Porto Alegre: Edipucrs, 1996.
seção 1.3 
o Que é Filosofia? 4
Paulo rudi schneider
5
5 
A Filosofia pode ser descrita como a atividade perguntadora: – o que é? – 
E, em decorrência, surgem com tal atividade as perguntas: – Quando é? – onde 
é? – Como é? – Por que é? – Para que é? – Para quem é? Filosofia é, portanto, a 
atividade de quem quer saber.
1) Quem quer saber. Querer significa a procura pela efetuação de um projeto; 
implica o desejo de presentificar uma situação em que se esteja satisfeito; 
busca a consumação daquilo que no presente é percebido como falta, como 
não cumprido e como necessidade de satisfação. Querer implica interessar-se, ir 
ao encontro, estar a caminho, tender, procurar, sair da situação em que se está 
4 texto publicado em primeira versão em: Schneider, Paulo Rudi (org.). Introdução à Filosofia. Ijuí: Ed. Unijuí, 
1995. p. 32-37.
5 o pensador – Auguste Rodin. Fonte: Enciclopédia Multimídia da Arte Universal. São Paulo: Alphabetum 
Edições Multimídia.
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Filosofia e Ética
e andar na direção de algum tempo e de algum lugar, angustiar-se e pôr-se 
em movimento. Querer significa que não se está satisfeito com aquilo que se 
é e com tudo que está posto como realidade, e então, procura-se a mudança 
andando na direção que o projeto indica, construindo pela movimentação e 
pela mudança, incluindo e incorporando caminhos. Querer significa o impulso 
em direção daquilo que se ama, e, por isso, a situação de amante, ou amador. 
A palavra filos, que provém do grego, significa exatamente isso: ser amante, 
amigo, querer mudar a si e as circunstâncias movimentando-se direcionada-
mente, amadoristicamente e ciente do processo ou caminho em que se está. 
Ser amador implica concessão de imperfeição e predisposição para perceber, 
crescer e movimentar-se, pois existe a clareza de que na processualidade do 
caminhar em direção de algo não se pode contar com a tranquilidade da 
pretensa perfeição do profissional. Ser amador quer dizer que se sabe que 
se está no meio do caminho e, no caso da Filosofia, esse caminho chama-se 
saber (sofia).
2) Quem quer saber. o que é o saber? É um estado de coisas? há um saber su-
premo a alcançar, além do qual não há mais saber? há um saber absoluto a 
ser conquistado que daria condições de não saber mais adiante? o supremo 
saber seria, então, não mais saber? – A Filosofia não se define pela sabedoria 
absoluta, pois não representa a fixidez de um caminho que chegou a seu fim. o 
saber relativo à Filosofia é o próprio saber construir o caminho, e saber construir 
o caminho de si e de tudo que foi posto como realidade é difícil. o querer o 
saber é a procura pela ciência da construção, de modo que o saber possa ser 
a indicação para a construção certa. Querer e saber estão irremediavelmente 
ligados, aliás como na palavra Filosofia: a sabedoria não se conquista como coisa 
que se quis e que agora poderia ser mantida e manipulada indefinidamente, 
pois quando se para de querer saber, não se sabe mais. Quando pretensamente 
se alcança o saber, não se sabe mais.
numa época em que muitos se chamavam de sabedores, de sábios, de 
sofhoi (plural de sophós, sábio), Pitágoras, quando perguntado sobre o que era, 
respondeu: “Sou um amante do saber (Philosophos)”. o filósofo é um amante do 
saber; alguém que quer saber, e não um sábio. Filosofia é a atividade de quem 
quer saber.
Em outra época em que muitos chamam-se de sabedores, em que pa-
rece que há muita ciência absolutamente certa, muito conhecimento e muito 
especialista, Bertrand Russel aposta e diz: “A filosofia origina-se de uma tentativa 
obstinada de atingir o conhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, 
na vida comum, padece de três defeitos: é convencido, incerto, e em si mesmo 
contraditório. o primeiro passo rumo à filosofia consiste em nos tornarmos cons-
cientes de tais defeitos, não a fim de repousar, satisfeitos, no ceticismo indolente, 
mas para substituí-lo por uma aperfeiçoada espécie de conhecimento que será 
experimental, preciso e autoconsciente. naturalmente desejamos atribuir outra 
qualidade ao nosso conhecimento: a compreensão. desejamos que a área do 
nosso conhecimento seja a mais ampla possível”.
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Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
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3) Quem quer saber. Quem, isto é, o sujeito define-se pelo querer e pelo saber: 
querer não existe sem quem queira e saber não existe sem quem saiba e, por 
outro lado, não existe quem, o sujeito, sem o querer e o saber. Quem é definido 
pelo movimento, pela procura, e pela angústia da insatisfação do que é, e, 
além disso, indica a direção do movimento e do querer: é quem quer saber, 
isto é, o filósofo, cuja atividade de querer e de saber é Filosofia. Filosofia, 
sendo querer e saber de quem se define por esta atividade, poderá gerar as 
perguntas: Quando? onde? Por quê? Para quê? na Filosofia embarca-se para 
navegar e o navegador é seu próprio timoneiro, a sua própria direção, o seu 
próprio ser. A atividade de querer e de saber, que é Filosofia, é, ao mesmo 
tempo, transformação consciente do mundo, da vida e da sociedade, pois 
querendo e sabendo a Filosofia transparece no agir ao construir nova direção 
inscrevendo novo sentido no mundo. o que já foi construído e o que já foi 
inscrito aí está para que se possa querer e saber, movimentar-se e construir 
a direção. Karel Kosik diz: “nestesentido, a realidade humana não é apenas a 
produção do novo, mas também reprodução (crítica e dialética) do passado”. 
E ainda: “A filosofia materialista sustenta que o homem, sobre o fundamento 
da práxis e na práxis como processo ontocriativo, cria também a capacidade 
de penetrar historicamente por trás de si, e, por conseguinte, de estar aberto 
para o ser em geral”.
A procura do saber que define o filósofo traduz-se, em outros termos, pela 
busca por visibilidade da totalidade: a infinita variedade que se percebe deve ter 
relação entre si, deve possibilitar alguma orientação e deve conceder a explicação 
de sua existência. desta forma a pergunta filosófica constantemente tematiza o 
já explicado, o existente posto como realidade, a estrutura fixada como solução 
definitiva e a repetir o seu mando, a sua validez e o seu poder de imanência 
absoluta. A Filosofia como amor ao saber é a identificação da imanência posta e, 
por isso, ao mesmo tempo, a ânsia de transcendê-la, de negá-la, de colocá-la em 
novos termos, enfim, de sair da imediatez da inconsciência imanentista. Filosofia 
como amor ao saber, como saída da imanência e como possibilidade de novo 
sentido, só pode efetuar-se no pressuposto da reflexão racional, na confiança na 
racionalidade, na acentuação e na afirmação do exercício autônomo da racio-
nalidade, bem como na desconfiança de qualquer processualidade reveladora 
extrarracional, no descrédito da imanência que se tornou transcendência imposta, 
fixa, imóvel, realidade fantasmática positivamente desvinculada do saber que o 
homem institui em forma de significados de totalidade.
4) Quem quer saber. Quem quer saber é o filósofo. A negação ou quem não quer 
saber, o que seria? heráclito de Éfeso, com a sua constante preocupação pe-
dagógica em relação à Filosofia, expressou-se da seguinte forma sobre essa 
questão: “os asnos prefeririam a palha ao ouro”.
A preferência pela palha por parte do asno significa o sucumbir ante a pura 
necessidade intestina, a segurança do condicionamento inconsciente e a busca 
do convencional, do normal e do fixamente instituído como significado. Além 
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Filosofia e Ética
disso, quem assim não quer saber, tem a si mesmo como resultado instituído 
por si próprio, restando apenas a satisfação mastigativa e repetitiva da palha 
ordinária e rotineira da vida:
o asno sempre foi, é, e será asno,
Pois todo o asno é rotineiro,
Costumeiro puxador de carroça.
Acostumado,
o asno sente-se vivo, existindo
Ao puxar a carroça instituída.
E, no fim da vida, moído a pancada,
Rejeitado e consumido,
Sente-se condenado e expulso
da vida, instituída a carroça.
E pensa, então, como carroça instituída:
- Que vida, que sorte;
A carroça é a vida
E eu, longe dela, a morte -
Sem perceber que a carroça é o asno,
e que o asno é a carroça;
Que a carroça que é vida
É o asno instituído.
5) Quem quer saber é qualquer um que queira saber. o poeta Bertolt Brecht dá 
um exemplo:
PERGUntAS dE UM tRABALhAdoR QUE LÊ
Quem construiu tebas, aquela das sete portas?
nos livros figuram apenas nomes de reis.
Arrastaram eles, por acaso, os blocos de pedra?
E Babilônia, mil vezes destruída,
Quem voltou a levantá-la outras tantas vezes?
Aqueles que edificaram a dourada Lima, em que casas viviam?
Aonde foram, na noite em que foi terminada a grande muralha, os seus 
pedreiros?
Cheia de arcos triunfais está
Roma, a grande. Seus Cézares
Sobre quem triunfaram? Bizâncio,
tantas vezes cantada, para seus habitantes
teria apenas palácios? Até na legendária
Atlântida, na noite em que o mar a tragou,
os que se afogavam pediam, clamando,
Ajuda aos seus escravos.
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Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
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o jovem Alexandre conquistou a Índia.
Ele sozinho?
Cézar venceu os gauleses.
não levava um cozinheiro sequer?
Felipe II chorou ao saber sua frota afundada.
não chorou ninguém mais?
Frederico da Prússia venceu a guerra dos trinta Anos.
Quem a venceu também?
Um triunfo em cada página.
Quem preparava os festins?
Um grande homem a cada dez anos.
Quem pagava os gastos?
Para tantas histórias
tantas perguntas!
6) O que é Filosofia?
O Tema Fundamental da Filosofia é a Razão
I. A Filosofia expressa-se na busca da compreensão da totalidade do diverso per-
cebido, por meio de um princípio unificador, mesmo que este seja entendido 
como pura processualidade.
II. A Filosofia expressa-se como atividade especulativa na busca e na análise dos 
pressupostos que pretendem fundamentar a imediatidade da vida.
III. A Filosofia expressa-se como atividade promotora do estabelecimento de 
relações entre todas as áreas do saber, em busca de uma possível visibilidade 
do todo pressuposto.
IV. A Filosofia expressa-se como atividade reflexiva na intenção de acompanhar 
pela compreensão toda a produção cultural humana.
V. A Filosofia expressa-se como atividade interlocutora do conhecimento estabe-
lecido em forma de ciência tematizando a sua fundamentação, a sua justificação 
e o seu exercício como efetividade.
VI. A Filosofia é o estado de admiração ante o enigma do presente a ser desven-
dado por interpretação possível do passado e por necessária existência de 
projeto em relação ao futuro.
VII. A Filosofia expressa-se como atividade identificadora da imanência posta 
num exercício de processualidade reveladora extrarracional a tornar-se 
transcendência positiva, fixa e fantasmática, e, por isso, como acentuação e 
afirmação do exercício autônomo da racionalidade em que há a possibilidade 
da instituição coletiva e argumentativa de novo saber em forma de significados 
de totalidade.
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Filosofia e Ética
indicaçÕes Para leitUra
BoRnhEIM, Gerd A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Editora Cultrix, 1998.
hABERMAS, Jürgen. O discurso filosófico da modernidade. Lisboa: Publicações 
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JASPERS, Karl. Iniciação filosófica. Lisboa: Guimarães Editora, 1987.
KoSIK, Karel. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1974.
RUSSEL, Bertrand. Fundamentos de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 
1977.
VÁRIoS AUtoRES. Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Edições Loyola, 
1999.
seção 1.4 
lógica e racionalidade
vânia l. F. cossetin
6 Frequentemente usamos a 
expressão “é lógico”, como se qui-
séssemos indicar algo evidente, a 
conclusão de um raciocínio implícito 
e coerente. Em boa medida, esta 
expressão faz parte de uma tradição 
de pensamento que se origina na 
Filosofia grega, quando os filósofos 
indagavam se a palavra lógos – 
linguagem, discurso, pensamento, 
conhecimento – obedecia a regras, 
normas, princípios e critérios para 
seu uso e funcionamento. 
 6
nesse contexto, dois importantes filósofos devem ser mencionados: he-
ráclito, para quem tudo flui, somente a mudança é real e a permanência é ilusória 
(“nunca nos banhamos no mesmo rio; somos e não somos”); e Parmênides, para 
quem a identidade e a permanência são reais e a mudança, ilusória (“Somente 
o ser é; o não-ser não é”). Para o primeiro, o mundo está em permanente trans-
formação, cujo ordenamento racional é possível justamente pela harmonia dos 
6 o sono da razão produz monstros – Goya. Fonte: Enciclopédia Multimídia da Arte Universal. São Paulo: 
Alphabetum Edições Multimídia.
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Aloísio Ruedell – Luis Alles – Maciel Antoninho Vieira – Valdir Graniel Kinn – Vânia Lisa Fischer Cossetin
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contrários, muito embora nossa experiência sensorial perceba o mundo como 
se fosse estável. Para o segundo, o mundo é imutável, imperecível e ausente 
de contradições, sendo a mudança, o devir, algo impensável

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