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João Batista Vieira Bonome Mestrando em Administração Pública com ênfase em Políticas Sociais pela Fundação João Pinheiro. Especialista em Relações de Trabalho e Negociações pelo Instituto de Educação Conti- nuada (IEC) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Bacharel em Admi- nistração de empresas pela PUC-Minas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração A Teoria Neoclássica surgiu na década de 1950 diante de um novo con- texto de crescimento intenso das empresas e dos problemas administrativos decorrentes da época. É uma abordagem que enfatiza a preocupação dos administradores (diretores e gerentes) em fornecer à empresa uma série de modelos e técnicas administrativas mais adequadas e pertinentes aos novos parâmetros de competitividade estabelecidos nesse momento histórico. A Teoria Neoclássica rediscutiu vários aspectos já apresentados pela Teoria Clássica, que foram revistos e atualizados em um contexto moderno de Administração, conciliando essa abordagem com contribuições impor- tantes das teorias subsequentes. De acordo com Chiavenato (1993, p. 223), pode-se aferir que: Apesar da profunda influência das ciências do comportamento sobre a teoria administra- tiva, os pontos de vista dos autores clássicos nunca deixaram de subsistir. Malgrado toda a crítica estruturalista e behaviorista aos postulados clássicos, bem como ao novo enfoque da administração como um sistema aberto, verifica-se que os princípios da administração, a departamentalização, a racionalização do trabalho, a estruturação linear ou funcional, enfim, a abordagem clássica nunca foi totalmente substituída por outra abordagem, sem que alguma coisa fosse mantida. Todas as teorias administrativas se assentaram na Teoria Clássica, seja como ponto de partida, seja como crítica para tentar uma posição diferente, mas a ela relacionada intimamente. A abordagem neoclássica da Administração representou o reaparecimen- to tanto da Teoria Clássica quanto da Científica de Administração, retomando vários dos assuntos abordados por essas teorias, aplicando novas perspectivas, novas contribuições, fornecendo um campo de atuação mais amplo para o ad- ministrador, e consolidando definitivamente essa ciência. Os temas abordados pelas abordagens clássica e neoclássica ainda podem ser considerados extre- mamente importantes na atualidade, levando-se em consideração a volatili- dade e a flexibilidade que são exigidas pelo meio ambiente e pela tecnologia. Características principais da Teoria Neoclássica A apresentação de uma teoria que rediscute aspectos desvelados por outras teorias sempre pode sugerir que as suas características aproximem-se 131Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 132 Abordagem neoclássica da Administração daquelas cuja fonte a originou. Esse tipo de análise é recorrente e bastante presumível. Contudo, para a abordagem neoclássica alguns aspectos de sua proposta passaram a ser mais emblemáticos do que necessariamente aque- les que remetem às teorias que a originaram. Sob esse ponto de vista pode-se aferir que as características mais salien- tes dessa abordagem são citadas a seguir. Ênfase na prática da administração Os autores neoclássicos procuraram desenvolver conceitos de uma forma prática, factível, vislumbrando principalmente a ação administrativa em de- trimento das demais, e também objetivando alcançar resultados mais con- cretos e mensuráveis. É uma abordagem que se caracteriza pela ênfase em aspectos práticos do gerenciamento, pelo pragmatismo, muito embora não tenha absolutamen- te esquecido dos conceitos mais teóricos da administração. A teoria só tem valor quando operacionalizada na prática. Reafirmação relativa dos postulados clássicos Reagindo à influência das ciências comportamentais em detrimento aos aspectos econômicos que envolvem o comportamento das empresas, os neoclássicos retomam os aspectos propostos pela Teoria Clássica, adap- tando-os a uma nova realidade de acordo com a conjuntura da época, redi- mensionando-os e reestruturando-os de acordo com as situações da época, dando-lhes uma configuração muito mais ampla e flexível. Ênfase nos princípios gerais da administração Os princípios utilizados pelos teóricos clássicos como “leis” científicas são reformulados como orientações com um maior grau de elasticidade voltadas para soluções administrativas práticas. Aqueles princípios gerais como plane- jamento, organização, direção e controle são discutidos como comuns a todo e qualquer tipo de empreendimento, enfatizando as funções do administrador. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 133 Assim como os autores da Teoria Clássica, os neoclássicos também se preocuparam em estabelecer princípios gerais de administração que pu- dessem orientar os administradores quanto ao desenvolvimento de suas funções, pois os administradores são indispensáveis para qualquer empresa dinâmica e bem-sucedida, e esses princípios gerais, apresentados mediante formas e conteúdos variados, procuraram definir a maneira pela qual os ad- ministradores deveriam planejar, organizar, dirigir e controlar o trabalho de seus subordinados. Os princípios ocupam um papel na Administração que equivale àquele das leis de qualquer outra ciência, pois demonstram uma relação de causa- -efeito. Enquanto as leis correspondem às demonstrações de fenômenos que, uma vez conhecidos, serão inevitáveis, os princípios podem ser consi- derados proposições genéricas aplicáveis para determinados fenômenos a fim de proporcionar uma orientação para as suas ações. Ênfase nos resultados e objetivos As empresas devem ser estruturadas e orientadas em função dos objeti- vos e dos respectivos resultados que esperam. Contrapondo a Teoria Clássica que preconizava a máxima eficiência, com a Teoria Neoclássica, esta segunda busca um nível ótimo de eficiência através da eficácia. Um dos melhores re- sultados teóricos dessa abordagem é o modelo denominado Administração por Objetivos (APO), que será tratada mais adiante. Toda empresa é constituída não para si mesma, mas sim para o alcance de objetivos e da produção de resultados. Enquanto a Administração Científica enfatizava os métodos e o processo de racionalização do trabalho e a Teoria Clássica enfatizava os princípios gerais de administração, a Teoria Neoclássica considerava os meios na busca da eficiên- cia, mas enfatizava enormemente os fins e resultados, pretendendo a eficácia. Percebe-se que há um sensível deslocamento para os objetivos e resultados. As empresas são meios, órgãos sociais que anseiam pela realização de ta- refas sociais. A busca pela sobrevivência – típico objetivo das espécies bioló- gicas – não é um objetivo apropriado para a empresa. O objetivo da empresa não está dentro dela: está fora dela, e essa é uma contribuição específica tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 134 Abordagem neoclássica da Administração Ecletismo Apesar de fortemente amparada pela Teoria Clássica, a Teoria Neoclássica agregou contribuições das diversas teorias preexistentes. Os autores neoclássicos foram amplamente ecléticos, pois absorveram conteúdos de quase todas as demais teorias administrativas, entre elas a Teoria das Relações Humanas, a Teoria da Burocracia, a Teoria Estruturalista, a Teoria Comportamental. Dado esse ecletismo é que se considera a Teoria Neoclássica como uma Teoria Clássica revisada, repaginada, atualizada com as definições da Admi- nistraçãomoderna e que se aproxima da formação do administrador atual. O quadro a seguir demonstra claramente essa característica. Abordagens prescri- tivas e normativas da administração Teoria Clássica Relações Humanas Neoclássica (L AC O M BE ; H EI LB O RN , 2 00 3) Abordagem da organização Organização formal exclusiva- mente Organização informal exclusivamente Organização formal e informal Conceito da organização Estrutura formal como conjunto de órgãos, cargos e tarefas Sistema social como conjunto de papéis sociais Sistema social com objetivos a serem alcançados racional- mente Principais representantes Taylor, Fayol, Gilbreth, Gulick, Urwick, Mooney, Emerson, Sheldon Mayo, Follet, Dubin, Roethlisberger, Maier, Cartwright, French, Zalesnick, Tannen- baum, Lewin, Viteles, Homans Drucker, Koontz, Jucius, Newmann, Odiorne, Humble, Gelinier, Schleh, Dale Característica básica da administração Engenharia huma- na/ engenharia de produção Ciência natural aplicada Técnica social básica Concepção do homem Homo economicus Homem social Homem organizacio- nal e administrativo Comportamento organizacional do indivíduo Ser isolado que reage como indi- víduo (atomismo taylorista) Ser social que reage como membro de grupo Ser racional e social voltado para o alcan- ce de objetivos indi- viduais e organiza- cionais Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 135 Ciência mais relacionada Engenharia Psicologia social Ecletismo Tipos de incentivos Incentivos mate- riais e salariais Incentivos sociais e simbólicos Incentivos mistos Relações entre objetivos organiza- cionais e objetivos individuais Identidade de interesses. Não há conflito percep- tível Identidade de inte- resses. Todo conflito é indesejável e deve ser evitado Integração entre objetivos organiza- cionais e individuais Resultados almejados Máxima eficiência Máxima eficiência Eficiência ótima Administração como técnica social Um dos pontos fundamentais da Teoria Neoclássica é aquele que con- sidera a administração como uma técnica social de gerenciamento, isto é, o administrador, além de conhecer os aspectos específicos e técnicos para a sua gerência, deve também desenvolver aspectos relacionados à direção dos trabalhadores na sua empresa. Para a abordagem neoclássica, o gerenciamento consiste na orientação, na direção e no controle dos esforços de um grupo de trabalhadores volta- dos para alcançar um objetivo comum. O bom gestor é aquele que possibili- ta ao grupo o alcance dos objetivos com o mínimo de utilização de recursos (que são, por natureza, escassos) como também utilizando de esforços e com o menor atrito em relação às outras atividades desenvolvidas na empresa. A administração é uma atividade generalizada e essencial a todo tipo de esforço laboral coletivo, seja em qualquer tipo de empresa que for (incluindo aí as filantrópicas). O trabalhador cada vez mais precisa cooperar com outros trabalhadores para atingir seus objetivos: decorre daí que a administração pode ser basicamente a coordenação de atividades grupais. Um dos fenômenos mais marcantes do século passado foi o surgimento da sociedade de organizações. Nesse tipo de sociedade as tarefas importan- tes foram sendo confiadas para grandes corporações tais como o governo, os sindicatos, as escolas, as empresas etc. Essa sociedade de organizações possui uma enorme tendência ao pluralismo de objetivos, à diversidade de instituições e também à difusão do poder. Essas organizações atuam entre si e, mesmo sendo consideradas interdependentes, elas precisam conviver e trabalhar unidas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 136 Abordagem neoclássica da Administração Administração por objetivos A Administração por Objetivos (APO) surgiu em 1954 com a edição do livro de Peter Drucker que relatava a experiência de uma empresa multinacional, que encontrava-se no caminho de descentralizar decisões e operações e, ao mesmo tempo, centralizar controles apontados para os resultados atingidos. A década de 1950 foi marcadamente um momento de rápido crescimento das empresas (em especial das norte-americanas), que passaram a solicitar a descentralização das suas decisões e a fixação de objetivos para cada uma das áreas de seu negócio. A Teoria Clássica e a Administração Científica concentravam-se na análise da estrutura organizacional da empresa e nas tarefas que eram executadas, ou seja, nos meios que a empresa adotava para funcionar da melhor manei- ra. Pretendiam encontrar a melhor maneira de desenvolver suas atividades. Inicialmente através dos meios, depois dos resultados que os meios pode- riam proporcionar. Mediante a APO ocorreu uma grande transformação: a preocupação dos gestores deslocou-se dos meios para os objetivos e resultados a serem al- cançados. A preocupação sobre como fazer as atividades foi substituída pela preocupação com por que ou para que fazê-las. Todas as ações passaram a ser questionadas em função dos objetivos que precisavam atingir ou dos resultados que gostariam de obter. Primeiramente os objetivos a alcançar, e logo depois os meios para alcançá-los. Nesse sentido, a Teoria Neoclássica proporcionou um deslocamento progressivo da atenção que antes era colocada nas denominadas ativida- des-meio, para os objetivos da empresa. Aquele enfoque que se baseava no processo e a respectiva preocupação com as atividades (meios) foram substituídos pelo enfoque nos resultados e nos objetivos alcançados (fins). Os questionamentos relativos a como administrar passaram para os ques- tionamentos acerca do por que ou para que administrar. A ênfase em fazer corretamente o trabalho (the best way de Taylor) para alcançar a eficiência passou à ênfase em fazer o trabalho mais relevante aos objetivos da organi- zação para alcançar a eficácia. O trabalho gerencial não mais seria o de um fim em si mesmo, mas agora era um meio de obter resultados. Deslocou-se, portanto, a ênfase da eficiência para a eficácia e, nesses termos, é preciso sublinhar os seus conceitos e atualizá-los para que se possa compreender como isso ocorreu. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 137 Eficácia – de acordo com Drucker o conceito de “missão da organiza- ção” é uma das grandes inovações da APO em relação aos clássicos, já que os pressupostos adotados anteriormente destoavam da realida- de. Não se tratava somente de vender produtos, porém afirmar para que e por que vendê-los. Eficiência – uma das maiores inovações proporcionadas pela APO es- tava relacionada à autonomia das equipes de trabalho, em que cada subunidade se preocupava sobre como fazer, desde que houvesse um alinhamento entre as metas dos funcionários e as da empresa de for- ma a maximizar a produção individual, e, assim, atingir um nível mais alto de eficiência. Veja no quadro a seguir como esses conceitos adequaram-se à nova pers- pectiva apresentada pela APO: Eficiência Eficácia Ênfase nos meios Ênfase nos resultados Fazer corretamente as coisas Fazer as coisas corretas Resolver problemas Atingir os objetivos Salvaguardar os recursos Aperfeiçoar a utilização dos recursos Cumprir tarefas e obrigações Obter resultados Treinar os subordinados Proporcionar eficácia aos subordinados Manter as máquinas Máquinas disponíveis Características da APO A APO é considerada uma técnica diretiva de esforços queutiliza o pla- nejamento e o controle administrativos fundamentados no princípio que diz que para se atingir resultados a empresa precisaria, antes de qualquer coisa, definir o negócio em que seu empreendimento atua, bem como onde anseia chegar. Primeiramente devem ser estabelecidos os objetivos anuais da empresa, estes por sua vez devem ser formulados tendo como base um plano de objetivos em longo prazo (que pode ser de cinco ou de dez anos); os objetivos de cada um dos gerentes são realizados mediante a orientação desses objetivos anuais previamente estabelecidos pela empresa. A APO é, portanto, um processo no qual os gerentes, tanto o superior quanto o seu Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 138 Abordagem neoclássica da Administração subordinado, conseguem identificar objetivos comuns, definir suas respec- tivas áreas de responsabilidade, colocadas em termos dos resultados espe- rados e, dessa maneira, utilizam-se desses objetivos como orientadores de suas operações em seus negócios. Assim, são obtidos objetivos comuns que eliminam qualquer tipo de hesitação por parte do gerente, concomitante a esforços coesos e direcionados aos principais objetivos da empresa. Na realidade, a APO pode ser um sistema dinâmico, ágil, capaz de integrar a necessidade da empresa de alcançar seus objetivos de lucro e de cresci- mento, correlacionando-o com os objetivos elencados pelo gerente. É um modelo exigente, contudo compensador de gerenciamento. Em suma, a APO apresenta as seguintes características principais. Estabelecimento conjunto de objetivos entre o executivo e o seu superior Tanto o executivo principal quanto o seu superior tem que participar do processo de estabelecimento e de fixação dos objetivos. Essa participação, no entanto, varia de acordo com o sistema adotado. A participação do exe- cutivo principal pode variar bastante, pois vai desde sua simples e discreta presença em reuniões, onde será ouvido, até mesmo na possibilidade de ini- ciar a proposta de reestruturação da atividade com relativa autonomia no desenvolvimento do plano. Estabelecimento de objetivos para cada departamento ou posição A APO fundamenta-se no estabelecimento de objetivos pelas posições de gerência. Os objetivos, em maior grau, podem ser chamados de objeti- vos, metas, finalidades, todavia, a ideia básica ainda se mantém a mesma: determinação dos resultados que um gerente que ocupa determinado cargo deverá alcançar. Não raro, os modelos de APO definem objetivos quantificá- veis e programados. Interligação dos objetivos departamentais Sempre há alguma maneira de correlacionar os objetivos dos departa- mentos ou dos gerentes que se envolvem nesse processo, mesmo que todos Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 139 os objetivos estejam firmemente apoiados nos mesmos princípios básicos. Essa ligação é virtual, automática, pois envolve os objetivos comerciais com os objetivos da produção. Elaboração de planos táticos e de planos operacionais com ênfase na mensuração e controle Mediante os objetivos departamentais traçados, o executivo principal e seu subordinado devem elaborar os denominados planos táticos apropria- dos para alcançar os objetivos da melhor maneira. Assim, os planos táticos poderão se constituir em meios capazes de alcançar objetivos departamen- tais já estabelecidos. Sequencialmente, os planos táticos se desdobrarão e serão mais detalhados em planos operacionais. Para todos esses planos a APO enfatiza a quantificação, as medidas e o respectivo controle. É preciso estabelecer essas medidas dos resultados ob- tidos para que possam ser comparados com os resultados esperados. São os dois últimos itens que proporcionam as dificuldades maiores para a implan- tação da APO, pois, caso o resultado não seja passível de ser medido, de nada adiantará o processo. Contínua avaliação, revisão e reciclagem dos planos Todos os modelos de APO pressupõem alguma forma de avaliação e de revisão regular do processo realizado, seja por meio dos objetivos já alcança- dos, seja dos objetivos a serem alcançados, facultando novas providências a serem tomadas e novos objetivos a serem fixados para o próximo período. O executivo principal, possuidor dos planos estratégicos da empresa (os de longo prazo), elabora os planos táticos de seu departamento (médio prazo) e os operacionais com seus subordinados (curto prazo). Os resultados decorrentes da execução desses planos devem ser continuamente avaliados e comparados com os objetivos prefixados. De acordo com os resultados obtidos, deve-se proceder à revisão dos planos ou mesmo a alterações nos objetivos estabelecidos. E esse ciclo se repete sequencialmente. Participação atuante da chefia É imprescindível a participação do superior em todo esse processo. A maior parte dos modelos de APO envolve intensamente o superior em Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 140 Abordagem neoclássica da Administração comparação ao subordinado. Existem casos onde o superior estabelece os objetivos, consegue convencer os demais, mensura-os e avalia o progresso alcançado. Esse progresso é frequentemente usado mais para o controle por objetivos do que necessariamente para a administração por objetivos. Sem dúvida alguma a APO representa uma evolução na esfera da Teoria Geral da Administração, pois apresenta uma nova metodologia de ativida- de gerencial, que reconhece o potencial dos trabalhadores das empresas, amplia o campo de atuação para outros tipos de empresas (não restringindo às indústrias), permite o exercício de estilos de direção mais democráticos. Essa teoria já existe há várias décadas, e predomina até hoje nas empresas. A nova APO participativa e democrática A APO teve um período de apogeu e acabou caindo no descrédito devido a três exageros: Excesso de regulamentos e de papelório – a APO tornou-se muito burocratizada nas grandes organizações. Autocracia e imposição – a APO tornou-se o sinônimo de chefes au- tocratas e que impõem objetivos organizacionais exagerados aos su- bordinados. Motivação negativa – os objetivos exagerados impostos autocrati- camente acabam por gerar tensões e angústias nos subordinados, ao invés de motivá-los para o alcance de metas e resultados. Quase sem- pre, os objetivos organizacionais não são relacionados com o alcance dos objetivos individuais. Recentemente, a APO ressurgiu com força total, mas com uma nova rou- pagem: moderna, amigável, democrática e participativa. Essa nova APO cos- tuma funcionar como base para novos esquemas de avaliação do desem- penho humano, remuneração flexível e, sobretudo, para a compatibilização entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais das pessoas. Dentro dessa nova concepção, a APO trabalha dentro do seguinte esquema: gerente e subordinado se reúnem, discutem, negociam e em conjunto for- mulam os objetivos de desempenho para o subordinado. Objetivos, metas e resultados são negociados entre ambos. A formulação de objetivos é con- sensual e participativa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 141 A partir daí, o gerente se compromete a proporcionar apoio, direção e re- cursos para que o subordinado possa trabalhar eficazmente orientado para o alcance de objetivos. O gerente cobra resultados e garante os meios e re- cursos (treinamento, habilidades, equipamentos etc.) para que o subordina- do possa alcançá-los. O subordinado passa a trabalhar para desempenhar metas e cobra os meios e recursos necessáriospara alcançar os objetivos. Periodicamente, gerente e subordinado se reúnem para uma avaliação conjunta dos resultados e do alcance dos objetivos. A partir da avaliação conjunta, há uma reciclagem do processo: os objetivos são reavaliados ou redimensionados, bem como os meios e recursos disponíveis. Aplicação incompleta e superficial da APO Quase sempre, a APO falha quando é utilizada de forma incompleta e su- perficial, como pode ser visto: os objetivos da empresa são definidos muito superficialmente e não refletem todos os interesses da companhia; não houve experiência adequada para a realização do plano, o levan- tamento foi incompleto ou foi efetuado fora de época; quando os resultados imediatos não são acessíveis, as pessoas ficam impacientes com relação ao projeto; as empresas falham em tomar providências para revisar, atualizar pe- riodicamente o plano em vista de mudanças na companhia, flutua- ções econômicas e mudanças nas tendências sociais. Críticas à APO Embora a APO seja um método provado capaz de obter resultados acima daqueles que em geral são alcançados por empresas que não formulam suas próprias metas, nem procuram motivar seus gerentes e diretores, a APO tende a exigir muito de cada um e a exigir que as pessoas devem ser pre- paradas para receber o método e para poder aplicá-lo criteriosamente. Do contrário poderão advir males, a saber: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 142 Abordagem neoclássica da Administração irritação, hostilidade e perda do cliente, pois um gerente apressado e tenso transfere para o cliente a pressão que recebe da organização para produzir mais; crises pessoais – o gerente que não está no lugar certo e que não ajus- tou suas metas pessoais aos objetivos da organização se vê em uma dupla batalha a travar: consigo mesmo e com os objetivos; oportunismo e desprezo pelos meios – o gerente pode ser levado a desprezar as atividades-meio que lhe dão apoio (contabilidade, pes- soal, administração etc.) para se concentrar exclusivamente nos seus objetivos; individualismo e falta de colaboração – é o caso do salve-se quem pu- der, muito comum quando os objetivos não foram aplicados com o devido equilíbrio; geralmente, a APO implica uma centralização das metas e certa des- centralização da execução. Há o perigo de tudo ser desfeito pelo tem- peramento irascível e voluntarioso de um presidente; o contínuo desempenho para resultados em curto prazo produz opor- tunismo e desprezo aos meios de trabalho. O planejamento é uma das tarefas que mais sofrem com isso. A liderança baseada em princípios também pode degenerar em pressão para lucros; a ênfase nos resultados em curto prazo leva os gerentes a pensar que os resultados menos tangíveis e os de longo prazo são problemas da alta direção e não seus; pode ocorrer falta de colaboração entre departamentos. Cada execu- tivo de alto nível, nessas unidades, é levado a crer que o que interes- sa são os resultados de sua área e que ele não é corresponsável pela colaboração comum. Essa crença no trabalho isolado é prejudicial à organização moderna, pois a tarefa organizacional é fruto de interde- pendência dos vários departamentos; a APO pode levar o gerente a se concentrar exclusivamente nos re- sultados em curto prazo que provoquem a sua promoção, deixando de lado os resultados de longo prazo, pois estes trarão recompensas apenas ao seu sucessor. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 143 Decorrências da abordagem clássica e neoclássica A Teoria Neoclássica surgiu da necessidade de se utilizarem os conceitos válidos e relevantes da Teoria Clássica, porém sem os exageros e distorções desta, condensando-os com outros conceitos, também relevantes, de outras teorias administrativas, ao longo das três últimas décadas. A Teoria Neoclássica concebe a administração como um processo de apli- cação de princípios e de funções para o alcance de objetivos. As decorrências da Teoria Neoclássica são três: quanto ao processo administrativo (planejamento, organização, dire- ção e controle); quanto aos tipos de organização (características básicas da organi- zação formal, organização linear, organização funcional, organização linha-staff, comissões); quanto à departamentalização (tipos de departamentalização, esco- lhas de alternativas de departamentalização, apreciação crítica da de- partamentalização). Ampliando seus conhecimentos A gestão pela Qualidade Total (CAMPOS, 1992. Adaptado.) O uso do TQC iniciou nos Estados Unidos, mas foram os japoneses que o desenvolveram até o seu estágio atual. Através da utilização desse sistema, eles conseguiram reerguer a sua indústria, as suas fábricas, que tinham sido destruídas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os resultados dessas aplicações beneficiam todas as pessoas que têm con- tato com o negócio; clientes, equipe, comunidade e acionistas. A figura a seguir simplifica o significado da sigla TQC: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 144 Abordagem neoclássica da Administração T Total (Todos) Q Qualidade C Controle Gerenciamento Processo participativo Satisfazer os clientes Melhoria contínua Por que todos? Uma organização é como uma corrente, onde os elos são as diferentes áreas. Se um dos elos se romper o objetivo proposto não será atingido. Para essa “corrente da qualidade” não romper é necessário que todos tra- balhem com Qualidade Total, por isso envolve a todos. Isso significa incluir pessoas de todos os níveis, de todos os setores, cobrindo todos os requisitos de qualidade. O significado de qualidade no TQC O que garantirá a sobrevivência de nossa empresa é a preferência do clien- te por nosso produto, em relação aos concorrentes. Para isso devemos buscar a sua satisfação total, através da Qualidade Total. Qualidade não é apenas produzir produtos sem defeitos. Qualidade no TQC tem um sentido mais amplo, por isso denomina-se Qua- lidade Total. Dimensões da Qualidade no TQC Qualidade – produto ou serviço que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às ne- cessidades do cliente. Custo – para que o produto e/ou serviço possa ser competitivo, o preço deve ser competitivo no mercado. O cliente só compra o produto se o pre- ço corresponder às suas condições financeiras. Para que uma organização possa oferecer bens e serviços competitivos, deve trabalhar em redução de custos em todos os processos. O aumento da produtividade de um Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 145 modo geral, se tiver mercado que demande os bens e serviços, pode ser uma saída para a redução de custos. Entrega – aqui são medidas as condições de entrega dos bens e ser- viços finais e intermediários de uma empresa; entregar no prazo, na quantidade certa e no local certo. Segurança – inclui segurança da equipe no trabalho e dos clientes com os produtos. Moral – para que as organizações atinjam as dimensões acima, preci- samos que as pessoas tenham um moral elevado, isto é, que as pessoas se sintam felizes e orgulhosas pelo seu trabalho, ou seja, “motivação”, tudo isso é qualidade. O significado de controle no TQC Controlar no TQC não é só medir, conferir ou inspecionar os resultados do trabalho. Controle no TQC tem um sentido mais amplo, significa gerenciamento. Esse gerenciamento é feito através de um ciclo que chamamos de PDCA. Agir corretivamente A C PD Verificar Planejar Executar Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 146 Abordagem neoclássica da Administração P (Plan)= Planejar – Tudo o que fazemos precisamos planejar antes. Precisamos definir metas (onde queremos chegar) e definir os meios (como chegaremos às metas propostas). D (Do) = Executar – Antes de partirmos para o que foi planejado, deve- mos educar e treinar as pessoas para executarem as tarefas, exatamen- te como previsto no plano. Ao executarmos essas tarefas precisamos coletar dados com as metas para comparar os resultados obtidos com as metas propostas na etapa de planejamento. C (Check) = Verificar – Nessa etapa do PDCA é realizada a comparação das metas planejadas X os resultados obtidos. A (Action) – Agir – Se ocorreram diferenças entre o planejamento e os resultados obtidos, deve-se tomar ações corretivas para que o resulta- do desejado seja alcançado (realimentação do sistema). Com isso volta-se a girar o PDCA, pois serão planejadas novas ações cor- retivas e o ciclo far-se-á necessário novamente. O PDCA pode ser classificado como quatro etapas que, se forem executadas, promoverão o atingimento dos objetivos e garantirão a melhoria contínua da organização. Um dos aspectos fundamentais no TQC é a utilização de fatos e dados, em todas as etapas do PDCA. Isto quer dizer, procurar fatos reais, tal como ocorrem na prática e dados que representem esta realidade. Dessa forma se evita trabalhar apenas com as opiniões das pessoas. Como exemplo: já imaginou ganhar na loteria e perder o bilhete premiado? Cadê a prova de que você é o ganhador? Definições Competitividade e sobrevivência O futuro de uma nação depende da competitividade de suas indústrias. Diante de um mercado cada vez mais globalizado, que pode ser resumido por abertura das fronteiras, cada vez mais serão as exigências de qualidade dos produtos e serviços disponíveis, como exemplo podemos citar a invasão dos produtos chineses em nosso mercado, conciliando qualidade, estética e preço competitivo, que incomoda os demais fabricantes. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 147 Você já se deu conta de quantos produtos fabricados em outros países sua família já comprou? Pois, se sim, com certeza vai entender do que estamos mencionando. A questão específica de sobrevivência está relacionada a alguns fatores, tais como: alta produtividade; custo baixo; qualidade diferenciada de produtos e serviços; preservação do meio ambiente; segurança das pessoas (integridade física e mental); valorização das pessoas no ambiente de trabalho (carreira e valoriza- ção das habilidades e suas competências). Na verdade, para que as empresas brasileiras se tornem cada vez mais com- petitivas e sobrevivam às exigências atuais do mercado, devem obter índices de qualidade comparáveis com os países do Primeiro Mundo. O quadro abaixo mostra um comparativo entre os resultados das indús- trias brasileiras e as indústrias do 1.º mundo. Características Brasil Primeiro mundo Japão Índice de rejeição (peça com defeito na fabricação) 11 a 15 mil a cada um milhão 200 em cada milhão 10 em cada milhão Rotatividade de estoque 8 a 14 vezes por ano 60 a 70 vezes por ano 150 a 200 por ano Gastos na indústria com assistência téc- nica (durante a garantia do produto) 2% do valor bruto de vendas 0,1% do valor bruto de vendas 0,05% do valor bruto de vendas Tempo médio de entrega de produtos ao consumidor 20 dias 2 a 4 dias 2 dias Retrabalho 12 a 20% 2% 0,001% Quebras de máquinas 21% do tempo disponível é perdido. 15 a 20% do tempo disponí- vel é perdido. 5 a 8% do tem- po disponível é perdido. Embora tenha havido uma grande evolução no Brasil nos últimos anos, ainda estamos longe, e muito, do Primeiro Mundo. Em relação ao Japão e Es- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 148 Abordagem neoclássica da Administração tados Unidos, essa distância é ainda maior. “Por mais que as melhorias sejam alcançadas, nossos competidores continuarão a melhorar e, nossos clientes continuarão a esperar uma qualidade cada vez melhor das organizações.” “A corrida pela competitividade já começou e não há linha de chegada”. “Para sobreviver precisamos ser competitivos”. Para sermos competitivos precisamos praticar o TQC. Clientes e qualidade total Alguns dados estatísticos sobre clientes mostram oportunidades de se melhorar o seu atendimento, e que não podemos desperdiçar: 70% dos motivos que levam um cliente a mudar de fornecedor estão relacionados à prestação de serviços; 50% pela atenção recebida de baixa qualidade; 20% pela falta de contato e atenção pessoal; apenas 4% dos clientes insatisfeitos reclamam, ou seja, existem outros 24% insatisfeitos que não reclamaram; 65 a 90% dos clientes insatisfeitos e que não reclamaram não voltam a comprar na mesma organização; porém, 82% dos que reclamam e que tiverem seus problemas resolvi- dos, se mostram dispostos a voltar; custa cinco vezes mais conquistar um novo cliente do que manter um antigo. A metodologia da qualidade total nos ajuda a ser competitivos, assegu- rando nossa sobrevivência em longo prazo, mantendo os clientes satisfeitos e ajuda a conquistar novos mercados. A nova estratégia japonesa prevê uma estreita integração entre empresa e seus fornecedores, especialmente no que se refere à garantia da qualidade, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 149 enfocando cada negócio de forma global, considerando todo o grupo de empresas envolvidas no negócio, quer seja em série ou, eventualmente, em paralelo. Métodos e ferramentas utilizadas no TQC para gerenciamento, soluções de problemas e atingimento das metas das organizações: PDCA Problemas crônicos prioritários Meta Padrões Verificação Execução Resultados Q C E Ação corretiva (Diária) (Tratamento de Anomalias) A C P D A C P D Plano Teste do Plano Acertou? Sim As ferramentas e métodos apresentados acima são partes fundamentais para garantir a melhoria contínua dos objetivos das organizações (TQC). Gerenciar no TCQ significa conduzir duas ações básicas: rotina e melhoria; a manutenção da rotina visa manter os resultados dentro das faixas estabelecidas, através da obediência aos padrões. Melhorar Manter Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 150 Abordagem neoclássica da Administração Em caso de resultados fora de faixa atua-se em sua causa fundamental (uti- lizado o diagrama causa e efeito), de tal maneira a evitar que ocorram nova- mente resultados não desejados. Dessa forma, são incorporadas, também, pequenas melhorias no processo. Sendo assim, gerenciar rotina é manter e melhorar resultados, e é isso que traz previsibilidade à empresa. Melhorias significam mudar, alcançar resultados nunca antes obtidos. É o que traz competitividade à empresa. As melhorias são realizadas sobre os pro- cessos e produtos já existentes. No gerenciamento das melhorias também são realizadas as inovações, que incluem novos produtos e processos. O instrumento de gerenciamento dessas melhorias é o plano de ação onde constam ações de como criar novos produtos, processos e mercados; reduzir custos, acidentes, aumentar produ- ção, qualidade e lucro. É somente através dessas ações que a empresa se mantém viva e forte. Se a empresa não pratica asmelhorias, ela é atropelada pelos concorrentes, decai e morre. Qualidade total é mais que certificado ISO significa International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização), seu objetivo é promover o desenvolvimen- to de normas, testes e certificação, com o intuito de encorajar o comércio de bens e serviços. Essa organização é formada por representantes de 91 países, cada um representado por um organismo de normas, testes e cer- tificação. Por exemplo, o American National Standards Institute (ANSI) é o representante dos Estados Unidos na ISO. O ANSI é uma organização de normas que apoia o desenvolvimento de normas consensuais nos Estados Unidos, no entanto não desenvolve nem escreve essas normas, mas provi- dencia estrutura e mecanismos a fim de que grupos industriais ou de pro- dutos se juntem para estabelecer um consenso e desenvolver uma norma. É importante ressaltar que a obtenção do certificado ISO 9000 tem um efeito colateral muito importante. Ele obriga as empresas, em primeiro plano, a man- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 151 terem o processo de treinamento contínuo e, em um segundo momento, a in- corporarem definitivamente a educação continuada como forma primordial de desenvolvimento constante da inteligência empresarial. Certificação pela ISO não significa, necessariamente, a plena satisfação de quem compra um produto ou um serviço. Quando uma empresa é certificada, ela está demonstrando aos seus clientes atuais e potenciais a estruturação de seu sistema da qualidade ou, em outras palavras, que possui as atividades relativas à fabricação do produto (ou a realização do serviço), arranjadas de tal maneira que é capaz de assegurar um nível de qualidade constante. Apenas isso (e isso já é um grande diferencial para as empresas que querem competir internacionalmente). A certificação por si só não garante que, ao se fazer a primeira compra desse produto, sejam atendidas as necessidades e muito menos supere as ex- pectativas (implícitas ou explícitas). Isso porque uma empresa pode ter a certificação e não estar afinada com as características do produto ou serviço que o mercado consumidor espera. Ou, então, pode estar certificada para produtos que não possuam um mercado atrativo, causando baixas vendas e consequentemente pouca lucratividade. A máxima sempre será válida: quem sabe se o produto tem ou não qualidade é o cliente! Adicionalmente, nenhuma empresa possui qualidade total sem antes ter um sistema da qualidade estruturado. Falar em qualidade total sem ter as ati- vidades, que interagem direta ou indiretamente sobre o resultado (produto ou serviço) de forma estruturada é agir caoticamente. Dessa maneira, as empresas que buscam a excelência e pretendem ser competitivas numa economia de mercado globalizada devem pensar sob dois aspectos: em primeiro, sistematizar as atividades, formalizando o sistema da qualidade (se for de interesse estratégico da organização, pode pretender a certificação internacional). Depois, programar um sistema de qualidade total, entendendo o lado humano da qualidade. Seguindo esses passos, estaremos garantindo uma uniformidade nos produtos e serviços comercializados, a manutenção do atendimento das ne- cessidades e expectativas do cliente e tornando a empresa voltada ao público. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 152 Abordagem neoclássica da Administração Quais são as normas ISO 9000 e suas aplicações ISO 9000 A NBR ISO 9000 descreve os fundamentos de sistemas de gestão da quali- dade e estabelece a terminologia para esse sistema. ISO 9001 A NBR ISO 9001 especifica requisitos para um sistema de gestão da quali- dade, onde a organização precisa demonstrar sua capacidade para fornecer produtos que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos regulamen- tares aplicáveis, e objetiva aumentar a satisfação do cliente. ISO 9004 A NBR ISO 9004 fornece diretrizes que consideram tanto a eficácia como a eficiência do sistema de gestão da qualidade. Na atualidade as organizações estão objetivando ter realmente a Qualida- de Total no sentido amplo da palavra, ou seja, o que as organizações desejam é ter um único sistema que contemple qualidade, segurança, meio ambiente e manutenção. Atividades de aplicação 1. Quais as características da abordagem neoclássica? 2. Como ocorre o processo de Administração por Objetivos? 3. Quais são os pontos de aplicação decorrentes da abordagem neo- clássica? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Abordagem neoclássica da Administração 153 Gabarito 1. ênfase na prática da administração; reafirmação relativa dos postulados clássicos; ênfase nos princípios gerais de administração; ênfase nos resultados e objetivos; ecletismo. 2. estabelecimento conjunto de objetivos entre o executivo e o seu su- pervisor; estabelecimento de objetivos para cada departamento ou posição; interligação dos objetivos departamentais; elaboração de planos táticos e de planos operacionais com ênfase na mensuração e controle; contínua avaliação, revisão e reciclagem dos planos; participação atuante da chefia. 3. quanto ao processo administrativo; quanto aos tipos de organização; quanto à departamentalização. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 154 Abordagem neoclássica da Administração Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Referências BERNARDES, Cyro; MARCONDES, Reynaldo C. Teoria Geral da Administração. Gerenciando organizações. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle da Qualidade Total (no estilo Japonês). 5. ed. Rio de Janeiro: Bloch, 1992. CERTO, Samuel C. Administração Moderna. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. _____. Administração de Empresas: uma abordagem contingencial. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 1991. _____. Introdução à Teoria Geral da Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. _____. Introdução à teoria geral da administração. In: Teoria das Relações Huma- nas. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 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