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93 Empreendedorismo: franquias e licenciamento Empreendedorismo organizacional Empreendedorismo também conhecido como entrepreneurship é o processo de iniciar uma atividade empresarial, organizando os recursos necessários e assumindo os riscos e recompensas. Já o empreendedor é alguém que está engajado em um empreendimento, que reconhece uma ideia viável para um produto ou serviço e leva adiante. O empreendedorismo passou a demandar uma visibilidade maior em virtude das contingências ambientais, tais como: as mudanças econômicas que exigiram um po- sicionamento proativo das organizações; a globalização e o aumento da concorrência que proporcionaram ao consumidor uma capacidade de comparação entre produtos e serviços mais consistente; a própria tecnologia, as novas oportunidades e nichos de mercado. A abertura de novas oportunidades de mercado e a exploração de ramos e seg- mentos de negócios criados por empresas empreendedoras, até então não explorados por organizações de fabricação de produtos e serviços, trouxeram um impacto para essas empresas de espírito empreendedor que acabaram impondo ao mercado um grau de criatividade e competitividade maior. Essa ativação do mercado de forma empreendedora trouxe para a geração de em- pregos novas exigências e com outro tipo de capacitação. Além disso, proporcionou inovação e diversidade estabelecendo outros tipos de estratégias de mercado visando ofertar produtos e serviços competitivos. Quem são os empreendedores? Parece que se trata de um sujeito com atribuições e características muito diferenciadas, porém cabe salientar que a capacitação do em- preendedor é mesma requerida pelo gestor, a única diferença está na capacidade de ver nas situações possibilidades de negócio. 94 Assim, algumas variáveis precisam estar presentes para que este sujeito esteja atento às oportunidades que o mercado apresenta, uma delas é manter situações de controle tanto na tarefa de iniciar e administrar um novo negócio quanto aperfeiçoar um negócio existen- te para os quais requer fazer as coisas acontecerem na forma como se deseja. Esse controle deve ser interno ou externo, deve também verificar as forças e fra- quezas (análise interna) e as oportunidades e ameaças (análise externa) do negócio e/ou mercado. Outra variável é o nível de energia do empreendedor, ou seja, é mostrar autoconfiança, que é gerada pelo conhecimento sobre o negócio e pelo entusiasmo demonstrado para todos os envolvidos. A necessidade de realização é uma característica que o empreendedor precisa ter, pois o gestor contemporâneo precisa de algo a mais para se sentir atuante. O empreen- dedor precisa ter a noção de passagem do tempo, por exemplo, o tempo de implemen- tação de um projeto, onde o planejamento é necessário e fundamental, mas não deve demorar, pois pode inviabilizar um novo negócio ou o crescimento do mesmo. Duas outras características são necessárias para que a personalidade do empreen- dedor esteja formada são os fatores demográficos como conhecimento da população, ter o censo do mercado que pretende atingir quanto à idade, gênero etc. e a tolerância à ambiguidade, ou seja, aceitar as diferenças. Essas características colaboram com o empreendedor, pois conhecer sobre as características ajuda a compreender as pessoas e aceitar e trabalhar as diferenças. Além das variáveis, o empreendedor necessita ter alguns atributos pessoais para que alcance efetividade. Entre esses atributos podem ser citados a capacidade de as- sumir riscos, o senso de observação, a intuição, conhecer o ramo empresarial, o senso de organização, a iniciativa e vontade, a liderança e o relacionamento interpessoal, o espírito empreendedor, a independência pessoal, o otimismo e o tino empresarial. Iniciando uma empresa empreendedora A ideia de um novo negócio precisa ser descrita em um documento, onde são especificados detalhes elaborados para a preparação de algo novo ou de uma me- lhora de algo existente. Ou seja, ser empreendedor não significa somente abrir uma nova empresa, mas também ter a capacidade de ver em um negócio existente novas possibilidades. Assim, ter claras a missão e a visão da empresa, conhecer as informações sobre o setor e o mercado, sobre os fornecedores, sobre o número e o tipo de pessoal necessá- rios para que o negócio possa ser efetivado e, principalmente, informações financeiras descrevendo as fontes e os usos dos recursos para o início e os fundos operacionais colaboram para um possível empreendimento dar certo.Tó pi co s G er en ci ai s Co nt em po râ ne os 95 Em preendedorism o: franquias e licenciam ento Para a elaboração de um pré-plano escrito são necessários os seguintes itens: contexto, objetivo geral, objetivos específicos, atividades e cronograma. O contexto diz respeito ao estudo do mercado, do setor, dos fornecedores, dos concorrentes, dos clientes etc. Em seguida deve constar o objetivo geral da empresa, ou seja, esse objetivo diz respeito à competência essencial – aquilo que a empresa faz bem e tem capacidade de fazer –, logo depois os objetivos específicos que são os desdobramentos do objetivo geral. Ou seja, os objetivos específicos são os itens neces- sários para alcançar o foco (o alvo), é por esse motivo que neste momento as sinergias deverão estar presentes. As atividades e o cronograma devem ser elaborados tomando como base a data final para o início do funcionamento da empresa e/ou da expansão, e indicar a data de cumprimento das outras atividades do futuro para o presente. Por fim, os recursos que serão necessários, o orçamento (custos, despesas e re- ceitas que poderão ser geradas com a abertura da empresa e/ou expansão) e como a administração será constituída. Cabe salientar que as ideias de novos negócios provêm de muitas fontes, uma delas é o profundo conhecimento que o empreendedor tem do setor e da profissão, a outra fonte é preencher um nicho de mercado, ou seja, o empreendedor ao buscar oportuni- dade percebe uma possibilidade de negócio visando atender a uma parcela de merca- do não percebida ou não atendida. O brainstorming é uma forma muito interessante de geração de ideias na medida em que o empreendedor fica atento às novas possibilidades em um debate entre amigos, colega de trabalho ou até mesmo uma reunião formalmente constituída para isto. Os hobbies podem se transformar em um grande negócio e a cópia de uma ideia existente também pode ser uma alternativa, porém introduzindo um diferencial. Além disso, para o empreendedor, existem muitas razões para iniciar ou incremen- tar um negócio existente. Tais razões se originam da vontade de criar algo novo, contro- lar a própria vida e ganhar dinheiro, porém ser patrão de si mesmo, provar que é capaz de realizar algo e sanar a frustração que pode ter tido em uma grande empresa também figuram como razões que levam uma pessoa a pensar em ter seu próprio negócio. Assim, redigir um plano de negócios é parte fundamental para que o gestor e o empreendedor possam ter a dimensão se aquela empresa sonhada e pensada pode se concretizar. Sugere-se então os seguinte elementos no projeto de um plano de negócios. Resumo – deve conter, no máximo, três páginas para conquistar o interesse do leitor (prováveis investidores, gerentes de bancos), é importante constar tudo sobre o negócio e também deve ser um documento redigido para que não deixe dúvidas para o empreendedor, proponente ou investidor. 96 Descrição da empresa – deve constar o nome do estabelecimento, a experi- ência do setor com o histórico da empresa, o potencial do negócio e as carac- terísticas diferenciais ou únicas do negócio. Segmento de marketing – item no qual se apresentam as projeções de vendas e da concorrência do negócio. É no segmento de marketing que se explora os estudos sobreo mercado para fornecer dados que justifiquem a escolha pelo negócio, o detalhamento do mercado-alvo, a posição do negócio em relação aos concorrentes, a participação que se deseja, a ex- plicação do porquê e como o negócio será melhor que os concorrentes, as fontes de mercado e assistência utilizadas para esse segmento, deta- lhamento da estratégia de preço (como e por que o preço foi definido) e o plano promocional (definição de propaganda, venda pessoal, merchan- dising etc.). Segmento design, pesquisa e desenvolvimento – consta os custos de pes- quisa, teste e desenvolvimento de produto. Segmento de produção – deverá detalhar as vantagens da localização do ne- gócio, as necessidades da produção, o acesso aos meios de transporte, a pro- ximidade dos fornecedores, a disponibilidade de mão de obra e as estimativas de custo de produção. Segmento administrativo – apresenta o currículo de pessoas-chave no ge- renciamento do negócio, a estrutura legal da empresa, a assistência adicional e como e quanto cada um será recompensado. Segmento histórico da programação – apresenta um cronograma para mos- trar quando cada etapa do negócio estará terminada. Segmento análise do risco – apresenta os riscos potenciais antes de ser ques- tionado pelo investidor. Deve-se detalhar questões como a redução de preços pelos concorrentes, tendência desfavorável de todo o setor, custos de produ- ção ou de projeto, vendas que não podem ser atingidas, desenvolvimento de produtos não atingido, dificuldades na obtenção de peças e matéria-prima, custo de inovações maiores que o previsto. Segmento de finanças – deverá apresentar em detalhes as demonstrações financeiras, os recursos necessários e aplicação do dinheiro, o orçamento e os estágios de financiamento. Aqui é importante que se tenha o cuidado de fazer um fluxo de caixa simulado que possa dar a dimensão das possíveis despesas fixas e receitas. Tó pi co s G er en ci ai s Co nt em po râ ne os 97 Em preendedorism o: franquias e licenciam ento Dimensões dos planos São quatro as dimensões de um plano de negócios, ou seja, quatro são as preocu- pações que o proponente de um plano deve ter. A primeira delas é o tempo que deve ser respeitado, pois vincula à capacidade do gestor em colocar em prática as ideias dentro de um período que possibilite ao negócio ser considerado inédito. A segunda dimensão é a abrangência, que está relacionada à quantidade de dados e informações necessárias para que seja abarcada todo conhecimento a respeito do negócio que se pretende empreender. A terceira e quarta dimensões são, respectivamente, permanên- cia e frequência que dizem respeito à capacidade do empreendedor de não desistir ao primeiro sinal de problemas e estar sempre revisitando o plano de negócios para corrigir os rumos definidos. Já a formalização legal é uma dimensão fundamental para a empresa, por exem- plo, se houver a opção por uma sociedade empresarial é importante que cada um co- nheça o seu papel e saiba qual é o seu comprometimento frente à lei. Além de ter a sua parcela de contribuição na composição dos investimentos necessários para integrali- zar o capital do novo negócio ou da expansão do mesmo. De qualquer forma quando se pensa na estrutura legal do negócio, os empreen- dedores podem escolher entre: propriedade individual, sociedade ou corporação. Propriedade individual – é definida como uma empresa de propriedade in- dividual com fins lucrativos. Sociedade – é uma entidade que pertence a dois ou mais proprietários. Corporação – é uma entidade artificial criada pelo Estado e que tem existên- cia independente de seus proprietários. No que se refere à captação de recursos financeiros pode se obter através: finan- ciamento por empréstimo, financiamento pelo patrimônio e financiamento através de empresa de capital de risco. Financiamento por empréstimo – consiste em captar recursos no mercado bancário no qual o empreendedor se submete aos juros determinado por esse mercado. Cabe salientar que esse é um dos cuidados que o gestor precisa ter no momento em que vai calcular o retorno do investimento. Financiamento pelo patrimônio – consiste em fundos que são investidos em troca de participação na empresa. Financiamento através de empresa de capital de risco – consiste em um grupo de empresas ou indivíduos que investem dinheiro em um negócio novo ou na expansão para participar de obtenção de lucros. 98 O empreendedor tem várias possibilidades para obter um negócio, uma das alter- nativas é abrir um novo negócio ou comprar um já existente, ou até mesmo comprar uma franquia1 que se configura como uma alternativa interessante. Porém, é preciso tomar algumas precauções como no primeiro caso tomar um cuidado especial com as dívidas contraídas pelo proprietário anterior tanto em nível de imposto municipais, estaduais e federais quanto trabalhistas, no segundo caso cuidado com as taxas e exi- gências da franqueadora, pois às vezes os custos são altíssimos e o empreendedor poderá ter dificuldades para manter o contrato. Uma tática que vem sendo utilizada é a participação de uma incubadora de negó- cios que fornece área de escritório para ser compartilhados, serviços de suporte geren- cial e conselhos aos empreendedores. A incubadora pode ser bastante interessante já que ao dividir a área do escritório com outros empreendedores, os gerentes com- partilham informações. Outra tática é ser uma empresa dissociada, que é uma forma especial de empresa empreendedora, uma dissociada é uma empresa independente que produz um produto ou serviço similar ao que era produzido pelo antigo emprega- dor do empreendedor. Anteriormente, a empresa era associada à outra organização e devendo a esta a sua criação. Intrapreneurship em uma empresa em crescimento Intrapreneurship é o processo em que o colaborador vê a necessidade de inova- ção e a promove dentro da organização. Esse tipo de estratégia usa reuniões informais sempre que possível, tolera as falhas e as utiliza como experiência de aprendizado, persiste em lançar uma ideia no mercado e recompensar a inovação em benefício do desenvolvimento. Formas de empreender um negócio – open innovation2: tecnologias e projetos de novos negócios Atualmente, a inovação tem sido um fator muito importante para garantir a so- brevivência das empresas em um ambiente competitivo. Ela traz às empresas novos processos e produtos, novos modelos de negócios, valorização da imagem perante parceiros, clientes e investidores, entrada em novos mercados, atração e retenção de talentos, entre outros benefícios. 1 Franquia: é um arranjo no qual um proprietário de um produto ou serviço dá a outros o direito de distribuir o produto ou serviço com seu auxílio. 2 Open innovation: inovação aberta.Tó pi co s G er en ci ai s Co nt em po râ ne os 99 Em preendedorism o: franquias e licenciam ento De acordo com Moreira et al. (2008), os modelos “clássicos” de pesquisa valorizam a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) restrito aos limites da empresa. Esses modelos são chamados de fechados. O modelo fechado de inovação foi o que prevaleceu durante quase todo o século XX, as vantagens competitivas eram alcançadas com investimentos em grandes labo- ratórios de P&D e toda a pesquisa era desenvolvida internamente, portanto, essa inte- gração vertical da atividade de P&D indicava que as empresas que não poderiam arcar com esses investimentos, ficariam em desvantagem (INSTITUTO INOVAÇÃO, 2008). Pesquisa tempo Desenvolvimento (IN ST IT U TO IN O VA ÇÃ O , 2 00 8 ) Figura 1 – Modelo fechado de inovação. O modelo de inovação escrito por Henry Chesbrough chamado de open innova- tion, tem bastante aceitação nas empresas, pois se apresentacomo uma alternativa às práticas tradicionais de gestão da inovação. Esse modelo explicita a oportunidade das empresas em realizarem atividades de P&D de forma mais interativa que os modelos tradicionais, e preconiza que as organi- zações devem buscar a miscigenação de conhecimentos internos e externos em outras companhias, ou em grupos diferentes com o objetivo de acelerar a obtenção de resul- tados que agreguem valor aos seus negócios e maximizem o retorno de investimentos. Da mesma forma, a empresa também pode licenciar tecnologias desenvolvidas por outras empresas ou laboratórios de pesquisa (MOREIRA et al., 2008). Segundo o Instituto Inovação (2008), os benefícios do open innovation são: habilidade de se alavancar com P&D desenvolvidos com investimentos de terceiros; 100 expandir o alcance e capacidade para gerar novas ideias e tecnologias; oportunidade de redirecionar recursos internos para a prospecção, triagem e gestão da implementação; potencialização do retorno sobre os investimentos em P&D, através do licen- ciamento de patentes subutilizadas; maior senso de urgência no trato das ideias ou tecnologias – use-as ou descarte-as; capacidade de realizar pesquisas estratégicas com baixo nível de risco e recursos; possibilidade de extensão e/ou diversificação do negócio, criando-se novas alavancas para crescimento. Modelo fechado Equipe de P&D Pessoas talentosas trabalham para a gente. Para ter lucro com P&D, devemos manter internamente o desco- brimento, desenvolvimento e comercialização. Se nós originamos uma tecnolo- gia, vamos levar a tecnologia ao mercado primeiro. Uma companhia que lança uma inovação no mercado primeiro, irá vencer. Se criarmos a maioria e as me- lhores ideias do mercado, vamos vencer. Nós deveríamos controlar nossas patentes, para que nossos concorrentes não possam se aproveitar de nossas ideias. Não temos que originar a pesquisa para obter lucro dela. Construir um melhor modelo de negócio é mais importante do que simplesmente ser o primeiro a entrar no mercado. Se fizermos um uso mais eficiente das ideias internas e externas, vamos vencer. Nós deveríamos aproveitar o uso das nossas patentes por terceiros e licenciar tecnologias desenvolvidas por outros, sempre que ela vier a contribuir para nosso crescimento. P&D externo pode gerar um significativo valor e o P&D interno é necessário para garantir a realização desse valor. Devemos trabalhar com pessoas talentosas de dentro e de fora da empresa. Onde fazer P&D Origem das tecnologias Pioneirismo Quantidade/ Qualidade Propriedade Intelectual Open innovation (IN ST IT U TO IN O VA ÇÃ O , 2 00 8) Figura 2 – Comparação entre modelo fechado e open innovation. Tó pi co s G er en ci ai s Co nt em po râ ne os 101 Em preendedorism o: franquias e licenciam ento Segundo Moreira et al. (2008, p. 8), “um modelo de gestão estratégica da inovação é, em geral, construído sobre três pilares fundamentais: estratégia, estrutura/processos e cultura”. Em relação à estratégia baseada no modelo de inovação aberta, a empresa deve estudar suas competências internas e avaliar suas capacidades e deficiências antes de iniciar as práticas de inovação aberta. A estrutura e os processos da empresa devem estar preparados para receber e dar continuidade às oportunidades encontradas e priorizadas. A cultura pode auxiliar ou dificultar os processos de inovação, por isso as mudanças devem ser graduais e contínuas, mas gerenciar o risco ao invés de evitá-lo é fundamental (MOREIRA et al., 2008). Um exemplo de caso de sucesso é a Natura que investe em média 2% do seu fa- turamento em P&D, e possui parcerias para pesquisa com várias universidades: UFRJ, UFRS, USP, Unicamp. Figura 3 – Comparação das vendas líquidas da Natura – 2002-2004. (IN ST IT U TO IN O VA ÇÃ O , 2 00 8) 2002-2003 Vendas líquidas % Advindo de novos produtos 1.910 38,7% 63,0% 2.537 2003-2004 Vendas líquidas da Natura (em R$ milhões) Tabela 1 – Dados comparativos da empresa Natura e a média do setor em relação às vendas, à liderança de mercado e à rentabilidade. Dados (2004) Média setor Natura (IN ST IT U TO IN O VA ÇÃ O , 20 08 ) Crescimento das vendas 7% 21,1% Liderança de mercado (mercado conquistado nas ven- das das maiores do setor) 1,9% 8% Rentabilidade (ROI obtido no ano) 16,5% 37,8% Com a clara definição de estratégia de inovação, a Natura conseguiu ser a líder no ranking setorial de Gestão da Inovação da revista As Melhores da Revista Dinheiro em 2005 (INSTITUTO INOVAÇÃO, 2008). Os gestores de inovação vêm enfrentando uma série de desafios e barreiras en- quanto percorrem o caminho em busca do valor da inovação, caminho este muito par- ticular e que depende de uma série de variáveis como o setor de atuação, a estratégia da empresa, elementos da cultura, estrutura organizacional, os processos internos – tanto formais quanto informais. 102 Franquia como forma de posicionamento estratégico A franquia é uma das táticas de se empreender, o que a difere substancialmente de outra forma de abrir um negócio é a transferência da marca, da tecnologia, além de oferecer consultoria operacional de produtos e serviços. Trata-se de um tipo de tática empreendedora que tem seu lado positivo e seu lado negativo. Positivo visto que o empreendedor não decidi sozinho sobre as estratégias de abertura do negócio e o ne- gativo é o nível de investimento necessário, principalmente no que se refere aos gastos iniciais. A lei que oferece subsídio legal no Brasil é a 8.955, de 14/02/94. Para o Sebrae (2009) “franquia é uma modalidade de negócio comercial, em franca expansão no Brasil e no exterior, envolvendo a distribuição de produtos ou serviços, mediante condições estabelecidas em contrato, entre franqueador e franqueado”. Porém, antes de optar por uma franquia, é fundamental que o empreendedor tenha uma visão geral dos aspectos que envolvem o negócio, para tomar as decisões corretas, evitando futuras decepções. É um método seguro e eficaz para as empresas que desejam ampliar suas operações com baixo investimento, representando, por outro lado, uma grande oportunidade para quem quer ser dono de seu próprio negócio. Algumas vantagens são oferecidas quando se pensa em uma franquia como a pos- sibilidade maior de sucesso com uma marca consagrada no mercado, o planejamento, as pesquisas, as orientações e os aperfeiçoamentos são realizados pelo franqueador, o conhecimento do mercado, o apoio de especialistas no que se refere à instalação, à co- municação visual e arquitetura, à economia de escala, às facilidades de acesso a crédito, à independência jurídica e à possibilidade de retorno mais rápido em comparação aos negócios abertos de forma independente, pois o essencial é a parceria. Porém existem riscos que muitas vezes podem inviabilizar ganhos e inibir a von- tade de continuar ou iniciar o negócio. Entre os riscos existe o excesso de controle por parte do franqueador através das auditorias, limitação da criatividade e de ação de mercado, custo da aquisição da franquia, localização exclusiva da franquia, contratos de duração longa, multas por quebra do contrato, entre outros. Para que o empreendedor entre neste tipo de modalidade deve seguir o mesmo roteiro de abertura de empresa e analisar todos os pontos fortes e fracos para esco- lher. De qualquer forma, as diferenças entre a aquisição de uma franquia e um negócio independente estão presente em cada um dos itens a ser analisado, por exemplo, o conhecimento sobre o negócio, a questão financeira quando a ter ou não assessoria ou consultoria,localização etc. Tó pi co s G er en ci ai s Co nt em po râ ne os 103 Em preendedorism o: franquias e licenciam ento Licenciamento de novos produtos e serviços: socialização tecnológica Muitas empresas reconhecem a necessidade e a vantagem de desenvolver ou inovar produtos e serviços. Produtos nos estágios de maturidade e declínio devem eventualmente ser substituídos por produtos mais novos. Dessa maneira, a estratégia de desenvolvimento de novos produtos é uma das atividades mais importantes para as empresas que atuam no moderno ambiente de mercado. Se a empresa não toma a iniciativa de descontinuar produtos obsoletos, mais cedo ou mais tarde alguém o fará, e todas as empresas devem lembrar que uma boa ideia pode ser um bom investimento (KOTLER, 2000). O processo de desenvolvimento de novos produtos consiste de oito estágios: ge- ração e seleção de ideias, desenvolvimento e teste do conceito, desenvolvimento da estratégia de marketing, análise do negócio, desenvolvimento do produto, teste de mercado e comercialização (KOTLER, 2000). Cada estágio deverá mostrar se a ideia deve continuar a ser desenvolvida ou deve ser rejeitada. A empresa deve trabalhar no sentido de minimizar a chance de uma má ideia ser aprovada e uma boa ideia ser rejeitada. Quando a empresa desenvolve um novo produto, este deve ser licenciado para que seja legalmente protegido e não usado por outras empresas sem a devida autori- zação do detentor da licença. Licenciamento é o processo legal pelo qual o detentor, criador ou autor de uma marca, nome, logotipo, imagem ou qualquer outra propriedade intelectual, legalmente protegidos, autoriza ou cede o direito de seu uso em um produto ou serviço, durante um determinado período de tempo, em uma área geográfica específica, em troca de um pa- gamento definido ou de uma série de pagamentos na forma de royalties3 ou importância fixa (LICENCIAMENTO, 2009). Hoje, porém, quanto mais socializado o conhecimento maiores poderão ser as possibilidades do gestor em adquirir tecnologia sobre o negócio, já que ele pode trocar informações e dados fundamentais para realizar melhor os serviços ou produzir com mais eficiência os produtos. O Brasil tem grandes problemas quanto ao registro de patentes, pois o brasileiro se diz muito criativo, mas tem problemas para ser inovador, visto que para inovar pre- cisa de conhecimento, capacidade de olhar aquela ideia como um negócio, ou seja, é 3 Royalties: valor pago pela utilização da tecnologia ou marca desenvolvida por alguém. 104 Registros de patentes batem recordes, mas Brasil não se destaca (EQUIPE PONTES, 2008) O número de registro de patentes atingiu recorde em 2007, segundo estatís- ticas publicadas pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) em 21 de fevereiro de 2008. As patentes depositadas sob o regime do Tratado de Coo- peração de Patentes (PCT, sigla em inglês) – referência no sistema internacional de patentes – apresentaram aumento de 4,7% em relação a 2006 e totalizaram mais de 156 100. necessário que a criação seja seguida de uma capacidade de ação (novo + ação = ino- vação). Só para se ter uma ideia, enquanto os EUA registraram 52 280 patentes, a Índia, a África do Sul e o Brasil juntos registraram 1 460 patentes. Pesquisadores de universidades brasileiras começam a verificar que é possível fazer de sua descoberta um negócio lucrativo, que gere empregos e retorne à própria instituição valores em forma de royalties. Conclusão Quando se fala em empreendedorismo, se estabelece uma relação diferenciada no que se refere à postura do gestor tanto em sua capacidade de olhar uma oportuni- dade como negócios quanto na possibilidade de colocá-lo em funcionamento. Nesse sentido, se posicionar como um empreendedor significa inovar, ou seja, transcende o processo de geração de ideias na medida em que necessita da capacidade de ação. A franquia é uma das possibilidades de abertura de um negócio, porém é necessá- rio que o franqueado tenha os mesmos cuidados que qualquer outro empreendedor. O Brasil é rico em criatividade (para ser criativo precisa de capacidade de fantasia, de imaginação), entretanto, é baixo o licenciamento de patentes na medida em que necessita de inovação e informação em relação ao patenteamento. Texto complementar Tó pi co s G er en ci ai s Co nt em po râ ne os 105 Em preendedorism o: franquias e licenciam ento Os Estados Unidos da América (EUA) permanecem na liderança, com 52 280 re- gistros (33,5% do número global) e um aumento de 2,6% em relação ao ano anterior. Todavia, o desempenho dos países asiáticos em 2007 confirmou a tendência obser- vada nos últimos quatro anos: eles apresentaram, mais uma vez, marca expressiva, ao responderem por mais de um quarto dos registros internacionais de patentes (25,8%). A tendência já havia sido tema central da edição de 2007 do WIPO Patent Report, publicado pela OMPI em agosto do ano passado. Dentre os países asiáticos, Japão (2.º lugar), Coreia do Sul (4.º) e China (7.º) foram os que mais se destacaram. O Japão, que substituíra a Alemanha no segundo lugar em 2003, manteve sua posição com 2,6% de crescimento em relação a 2006, respondendo por 17,8% do total de registros de patentes. Coreia do Sul e China destacaram-se não somente por ocuparem postos que pertenciam a países desenvolvidos – França e Holanda, respectivamente – mas também por apresentarem índices de crescimento de dois dígitos. Os registros de patentes de origem sul-coreana totalizaram 7 061, 18,8% de crescimento em relação ao ano anterior. Já a China cresceu 38,1% em relação a 2006 e registrou 5 456 paten- tes sob o PCT. Os demais países em desenvolvimento (PEDs) não se destacaram. Para fins comparativos, Índia, África do Sul e Brasil, juntos, responderam pelo registro de 1 460 patentes, número um pouco superior à quarta parte do índice atingido pela China (5 456). Cabe destacar que 78% dos países signatários do PCT são PEDs. No que diz respeito às áreas que concentraram os registros de patentes, tele- comunicações ocupou a liderança, com 10,5% (um dos maiores crescimentos em relação ao ano anterior: 15,5%), pouco à frente de informação e tecnologia, que res- pondeu por 10,1% dos registros. As patentes farmacêuticas também foram respon- sáveis por um número expressivo: 9,3% do número global. Conforme anunciado pela OMPI, os registros de patentes atingiram números “sem precedentes”. Para o Diretor-Geral da OMPI, Kamil Idris, o desempenho asiático é impressionante e demonstra que os países da região estão aderindo às ferramentas do sistema internacional de patentes, que, de acordo com a organização, estimulam a atividade comercial e o crescimento econômico. Idris afirma, ainda, que o aumento do número de registros indica que o PCT constitui um instrumento estratégico, na medida em que permite ao investidor desfrutar dos direitos patentários em diversos países. Além disso, o fato de muitas empresas conhecidas por sua tradição na área de inovação recorrerem a esse regime internacional confere mais confiabilidade ao sistema. 106 Número aumenta, mas Brasil decepciona Mesmo com crescimento de 15,3% em relação ao ano anterior, o Brasil ocupou a 24.ª posição no ranking divulgado pela OMPI, com apenas 384 registros de pa- tentes. A líder em registros de patentes no Brasil em 2007 é a empresa estaduni- dense Whirlpool (17), fabricante das marcas Brastemp e Consul. Com 10 patentes registradas, Luiz Gonzaga Granja Filho, cirurgião cardíaco pernambucano, ocupa o segundo lugar; e, em terceiro, encontra-se a Carrier Corporation, com nove registros de patentes. De acordo com o Vice-Diretor-Geral da Organização, Francis Gurry, tendo em vista o porte da economia brasileira, esperava-se umquadro mais expressivo do país. Na opinião de Gurry, o resultado é reflexo de baixos investimentos na área de pesquisa e desenvolvimento. Mais do que isso, os números divulgados em referên- cia ao Brasil indicam que o modelo econômico brasileiro ainda é muito calcado em matérias-primas, uma vez que o número de patentes na área de tecnologia e de bens manufaturados mostrou-se pouco expressivo. Comentários: em um país onde se tem tanta capacidade de desenvolvimento como o Brasil, mas com um número baixo de patentes concedidas, há necessidade de medidas urgentes para mudar esse quadro. Uma das principais causas na demora pela concessão de patentes é a burocracia, e uma das principais causas pelo baixo número de patentes é o “ensino básico precário, que resulta em profissionais pouco qualificados, universidades distantes do setor produtivo e voltadas mais para conhe- cimento teórico do que prático e tradição de importar e adaptar tecnologias, em vez de criá-las” (IWASSO; REHNER, 2008). Portanto, para se ter um bom desenvolvimento na área de patentes há necessidade de melhorar a educação da população, o que é cada dia mais difícil por diversos fatores. Atividades O que significa empreendedorismo?1. Tó pi co s G er en ci ai s Co nt em po râ ne os 107 Em preendedorism o: franquias e licenciam ento Para a elaboração de um pré-plano escrito são necessários quais itens?2. Contexto, objetivo geral, objetivos específicos, atividades e cronograma.a) Contexto, objetivo geral, objetivos financeiros, atividades e cronograma.b) Contexto, objetivo empresarial, objetivos específicos, atividades e crono-c) grama. Elaboração de projeto, objetivo geral, objetivos específicos, atividades e d) cronograma. São quatro as dimensões de um plano de negócios, ou seja, quatro são as preocu-3. pações que o proponente de um plano deve ter. Quais seriam essas dimensões?
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