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SSeegguurraannççaa ddoo TTrraabbaallhhoo Módulo II Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Unidade 3 – Riscos ambientais ................................................................................... 2 3.1 – Agentes ambientais X Riscos ambientais.............................................................. 3 3.2 – Risco físico, químico e biológico e a questão da insalubridade ............................. 5 3.3 – Ergonomia e doenças psicossociais do trabalho.................................................. 16 3.4 – Acidentes do trabalho e a questão da periculosidade........................................... 18 3.5 – Estudo de caso de fixação de conteúdo da Unidade 3 ......................................... 19 Unidade 4 – Programas de Prevenção...................................................................... 21 4.1 – Documentos principais: PPRA, PCMSO, LTCAT .............................................. 22 4.2 – Documentos específicos: PPR, PCA e PCMAT.................................................. 27 4.3 – Plano de emergência e contingência, brigadas de emergência ............................. 31 4.4 – Política e normas de segurança, integração entre empresa, funcionários, sindicatos, SESMT e CIPA. ......................................................................................................... 35 4.5 – Estudo de caso de fixação de conteúdo da Unidade 4 ......................................... 37 Encerramento............................................................................................................ 39 Bibliografia................................................................................................................ 40 2 Unidade 3 – Riscos ambientais Apresentação do tema No módulo I, abordamos os conceitos iniciais para possibilitar a análise de riscos em qualquer etapa de atividade, processo, serviço ou indústria. Também apresentamos os fundamentos da legislação de segurança do trabalho mais essenciais. O módulo II consiste em reconhecer os riscos ambientais, que é o que veremos nesta Unidade 3 e finalizaremos na Unidade 4 com as documentações mais comuns a serem utilizadas nas empresas, discorrendo sobre os Programas de Prevenção previstos nas Normas Regulamentadoras. A segurança do trabalho consiste em identificar riscos ambientais no ambiente laboral para que seja realizada uma prevenção de doenças e acidentes. Desta maneira, os trabalhadores não sofrerão danos e nem necessitarão das indenizações previstas pela Previdência Social. É importante que todos tenham a consciência de que a saúde é um item valioso e que a responsabilidade deve ser de cada um. A empresa tem a obrigação de atender os requisitos mínimos exigidos nas leis, mas pode ser proativa colhendo vantagens deste investimento na segurança do trabalho. Agentes físicos, químicos e biológicos são os que geram insalubridade, mas riscos ergonômicos e riscos de acidentes causam doenças e acidentes nem sempre aceitáveis por gerarem lesões severas e muitas vezes irreversíveis nos empregados. Portanto, é importante reconhecê-los no ambiente de trabalho, classificá-los, obter medidas quantitativas e qualitativas, conforme o caso, para ter parâmetros de como reduzir, minimizar ou eliminar os riscos presentes no ambiente de trabalho. Após a leitura deste módulo, faça a atividade do estudo de caso para fixar o conteúdo aprendido. É preciso que você tenha compreendido o Módulo I e esta Unidade 3 para então prosseguir para a Unidade 4, onde finalmente finalizaremos os estudos sobre os fundamentos da segurança do trabalho. Bons estudos! 3 3.1 – Agentes ambientais X Riscos ambientais A literatura, muitas vezes, torna confusa a distinção destes dois termos: agentes e riscos. Agente é o que provoca o dano ou a doença, já o risco é resultado da gravidade de algo que possa ocorrer. A NR 9 do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) descreve que “consideram-se riscos ambientais os agentes que podem causar danos à saúde do trabalhador em função da sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição.” Agente ambiental é o elemento que provoca o risco ambiental. Já o risco ambiental depende de um agente ambiental para que ocorra. O ambiente é agressivo ao trabalhador sempre que tiver presença dos agentes ambientais prejudiciais à saúde. Já quando estes agentes estão acima dos limites estabelecidos e podem oferecer danos ao ser humano, eles se tornam riscos ambientais que precisam ser tratados de forma emergencial. Nestes casos, a lei estabelece uma compensação financeira chamada de "adicional de insalubridade" até que a situação fique controlada e abaixo dos limites de tolerância. Para simplificar e facilitar a compreensão, podemos classificar os agentes ambientais, como: riscos físicos, químicos e biológicos. Os riscos físicos e químicos apresentam limites de tolerância para a exposição e os riscos biológicos apresentam avaliação qualitativa na NR 15 (Norma Regulamentadora de Atividades e Operações 4 Insalubres). Logo, ao chamá-los de agentes ambientais, estamos nos referindo somente a estes três riscos. Quando falamos de riscos ambientais, estamos mencionando um conjunto de riscos que incluem o risco ergonômico e o risco de acidente. No LTCAT (Laudo Técnico de Condições do Ambiente de Trabalho), possivelmente, constará os agentes ambientais, pois este documento tem por objetivo a configuração da exposição para fins de aposentadoria especial e ser comprovatório para fins de constatação de insalubridade. Como o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) é um programa com finalidade prática na empresa, para cumprir os requisitos legais, é necessário constar os agentes ambientais, mas deve incluir os riscos ergonômicos e de acidentes. Lembramos aqui mais uma vez que são os requisitos mínimos que estabelecem as leis. É importante não confundir os agentes ou riscos ambientais da segurança do trabalho com os que causam impacto ambiental relacionado à fauna, à flora e ao meio ambiente. A empresa deve gerenciar os riscos ambientais em sua totalidade para que a prevenção, de fato, se desenvolva. É oportuno saber que, na segurança do trabalho, cada risco ambiental foi convencionado por uma cor própria conforme demonstrado na figura abaixo: 5 FIGURA 01: CORES DOS RISCOS AMBIENTAIS FONTE: A AUTORA As cores demonstradas acima representam os riscos ambientais. É importante ressaltar que na NR 26 do MTE é indicado utilizar padrões de cores para cada tipo de produto presente em tubulações industriais. Ainda falando sobre cores e simbologia, a cor verde é, muitas vezes, utilizada para representar a segurança do trabalho, mas esta é uma convenção que se adota na área e não é considerada obrigatória. 3.2 – Risco físico, químico e biológico e a questão da insalubridade Os riscos físicos, químicos e biológicos são os que estão relacionados nos 14 anexos (o anexo 4 foi revogado) da NR 15 do MTE com os devidos limites de tolerância pré-estabelecidos e que servem de parâmetro para a classificação de atividades como insalubres. A NR 15 descreveas atividades ou operações insalubres que se desenvolvem: RISCOS AMBIENTAIS 6 FIGURA 02: ANEXOS RELACIONADOS A ATIVIDADES INSALUBRES Fonte: NR 15 adaptado pelo autor Isto significa que, pela interpretação da lei, somente radiações não ionizantes, vibrações e umidade seriam comprovadas com laudo de inspeção, mas também é possível entender que é preciso meios confiáveis e documentados para identificar as atividades que estão acima dos limites de tolerância descritos. Como o item 15.4.11 da NR 15 descreve que esta insalubridade deverá ser comprovada por laudo emitido por engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho, fica claro que para todos os casos deve haver um laudo de caracterização de insalubridade. Na situação A, na situação B ou na C o laudo é obrigatório na prática. A B C 7 A NR 15 descreve como limite de tolerância: “[...] a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.” Ou seja, em nenhum momento da jornada de trabalho deve haver situação que possa ultrapassar o suportável para o ser humano e que o coloque em risco de ter doença ou lesão decorrente de exposição acima do limite de tolerância. Veja, abaixo, como o chamado adicional de insalubridade incide sobre o salário mínimo da região. Ao final da NR 15, é disposta uma tabela reunindo os 14 anexos, relacionando- os aos graus de insalubridade. A FUNDACENTRO disponibiliza um conjunto de normas de higiene ocupacional que orientam as medições de riscos ambientais. A seguir, vamos prosseguir nosso estudo falando sobre cada um dos tipos de riscos ambientais. Vale lembrar que durante as atividades ocupacionais, é possível ter vários riscos ambientais combinados. Algumas tarefas são executadas em postos de trabalho diferentes e ainda pode ocorrer rotatividade de tarefas. 8 Veja abaixo uma imagem que demonstra os diversos tipos de riscos ambientais: Riscos Físicos É comum confundir o significado dos riscos físicos, que na verdade “[...] são aqueles ocasionados por agentes que têm capacidade de modificar as características físicas do meio ambiente, que, no momento seguinte, causará agressões em quem estiver nele imerso.” (MATTOS;MÁSCULO, 2011, p. 38). Os riscos físicos são aqueles que: 1. Exigem um meio de transmissão para propagar a nocividade; 2. Agem em pessoas que não têm contato com o risco; 3. Ocasionam lesões mediatas crônicas. 9 Ruído O ruído é o risco físico mais presente nas indústrias e os danos são considerados irreversíveis. Todo som que não é agradável ou desejável é chamado ruído. Vieira (2005, p. 66) descreve som como: “[...] a sensação auditiva resultante da propagação de um movimento vibratório (oscilações alternadas de compressão e expansão) em um meio material elástico.” É assim que o nosso corpo recebe estes impulsos e seguem pelo nervo auditivo que vão para o cérebro para finalmente serem decodificados. Mattos e Másculo (2011, p. 236) afirmam que “[...] Todo som advém de uma vibração que provoca, no meio em que se insere, uma onda de pressão. Em termos mais simplificados, esta é uma afirmação que indica que, se algo vibra, produz um som, mesmo que seja inaudível.” O ouvido é um mecanismo de captura e transformação de pressão sonora. Assim, o sinal cerebral ocorre só no ouvido interno que envia os impulsos elétricos para o cérebro. O ruído provoca outras lesões conforme a intensidade sonora recebida e o tempo de exposição. Podem ocorrer perturbações psíquicas, perturbações funcionais, diminuição da eficiência de produtividade, provocação de acidentes decorrentes da interferência da 10 comunicação verbal e na escuta de sinais de alarme, entre outros danos à saúde indiretos, como: complicações cardiovasculares, gastrointestinais, entre outras. O equipamento que mede o ruído é o decibelímetro (medição direta) e o audiodosímetro (medição da dose equivalente). Para a medição, aconselha-se que o equipamento esteja na altura da orelha e que seja percebida a dose de ruído equivalente para a jornada de trabalho do trabalhador. Fornecer o equipamento de proteção individual ao empregado não descaracteriza a insalubridade, pois há outros fatores a serem analisados, como, por exemplo, o acompanhamento dos exames audiométricos e o acompanhamento da eficácia do uso. A intensidade do som é medida em bel, em homenagem a Graham Bell, inventor do telefone, é uma medida logarítmica e que, na prática, utiliza-se o décimo deste valor, o decibel ou dB. Um ambiente silencioso tem entre 10 dB a 30 dB e corresponde à respiração ou a um teatro vazio, por exemplo. Já um ruído barulhento chega a 85 dB. O ruído pode ser controlado no ambiente de trabalho com o isolamento do ruído na fonte ou utilizando-se de recursos de isolamento arquitetônico de ambientes. A proteção no próprio trabalhador com uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) deve ser feita, mas não deve ser considerada a única ação preventiva, pois a utilização depende de treinamento e conscientização. 11 Vibrações As vibrações podem ser localizadas e de corpo inteiro. De acordo com Oliveira et al, as vibrações localizadas são (2009, p. 159) “[...] características de operações com ferramentas manuais elétricas ou pneumáticas, por exemplo, que podem produzir em longo prazo, alterações neurovasculares nas mãos dos trabalhadores, problemas nas articulações e nos braços e osteoporose (perda de substância óssea).” Atividades laborais como as de motoristas e operadores de grandes máquinas que lidam com tratores e retroescavadeiras expõem a vibração de corpo inteiro e, desta maneira, os funcionários podem desenvolver dor lombar, problemas na coluna vertebral e lesões nos rins. Isto geralmente ocorre pois as plataformas industriais com área de motores são fontes de vibração. A NR 15, anexo 8, indica que a medição de vibração seja feita conforme a ISO 2.631 "Vibração transmitida para corpo inteiro" e ISO 5.349 "Vibrações localizadas (mãos e braços)". A exposição à vibração pode causar ‘branco de vibração’ cujos sintomas são: dores e empalidecimento, além de formigamento, perda de coordenação, náuseas e enrijecimento da coluna. Radiação A radiação pode ser ionizante ou não ionizante. A diferença é que a ionizante pode causar danos genéticos. Já na exposição à radiação não ionizante, os efeitos mais graves são a catarata e o superaquecimento dos órgãos internos que podem levar à morte em exposições prolongadas. Segundo Oliveira et al (2009), as radiações são classificadas em: 1. Radiação infravermelha: encontra-se nas indústrias metalúrgicas, na fabricação de vidros, em atividades com uso de fornos e também na exposição à luz solar; 2. Radiação ultravioleta: presente na solda elétrica e na fusão de metais; 12 3. Radiação a laser: ocorre em atividades, como levantamentos topográficos e geodésicos, na medicina e nas comunicações; 4. Micro-ondas: presente nas instalações de radar e de radiotransmissão, em processos químicos, em fornos de micro-ondas e em processos de secagem de materiais. O objetivo primordial para minimizar os efeitos da radiação ionizante é diminuir o risco e a quantidade de pessoas expostas. A monitoração é feita nas pessoas e na área com o uso de dosímetros de radiação, que podem ser de leitura direta e indireta. O controle deve ser feitocom procedimentos padrões que envolvem higiene, exames e sinalização de áreas com radiação ionizante. Temperaturas extremas: frio e calor Atividades exercidas no calor ou no frio requerem programação de paradas e antecâmaras para a transição de ambientes. O calor pode provocar insolação, prostação térmica, desidratação e cãibras do calor. Já o frio é normalmente associado aos trabalhos em câmaras frigoríficas ou ao ar livre. Em certas regiões do país pode ocorrer hipotermia e úlceras do frio. Para realizar a medição quantitativa de calor, é preciso obter o índice IBUTG (Índice de Bulbo Úmido-Termômetro de Globo) indicado pela NR 15, anexo 3, com a temperatura de globo, a temperatura de bulbo seco e a temperatura de bulbo úmido com o apoio de equipamentos próprios, tais como termômetro e psicômetro. Já o higrômetro mede a umidade do ar e o anemômetro mede a velocidade do ar. Se uma pessoa está em um ambiente climatizado, ela sente conforto. Se o trabalhador exerce atividade leve e o ambiente apresenta temperatura elevada, o trabalhador tem carga mecânica leve, mas carga térmica pesada. O ponto crítico ocorre quando a pessoa exerce atividade com carga mecânica pesada e carga térmica pesada. 13 É importante saber que: • A carga mecânica é classificada em: trabalho leve, moderado e pesado, determinando assim o metabolismo necessário para exercer a atividade laboral. • No caso da carga térmica, ela é indicada pelo IBUTG em grau Celsius. Os exames pré-admissionais e periódicos, a aclimatação, a reposição hídrica, as pausas quando necessárias, a educação, o treinamento, entre outras técnicas aplicadas caso a caso são algumas maneiras de prevenir os efeitos do calor no ambiente de trabalho. Para o frio, a vestimenta adequada é a troca quando estiver molhada, além da realização de exames pré-admissionais e periódicos. Para ambos, a alimentação com controle nutricional é essencial, logo, para o calor são indicados alimentos menos calóricos, já no frio os alimentos calóricos são desejáveis. É muito importante ter um ambiente de transição entre quente para frio e vice-versa para que o organismo humano se habitue aos poucos. Pressões anormais As pressões anormais promovem riscos relacionados à baixa ou à alta altitude nas atividades executadas em trabalhos submersos (mergulhadores profissionais) ou abaixo do nível de lençol freático (escavações), atividades realizadas por pilotos de aviões não pressurizados também estão sujeitas a este risco. Em alguns casos, é preciso que as pessoas sejam submetidas à descompressão para que o corpo volte a manter as características normais. Umidade Algumas pessoas trabalham expostas à umidade e alguns fatores podem oferecer riscos, como pés constantemente expostos na água, mesmo que com botas, mãos em 14 constante manipulação de líquidos, atividades de entrega de produtos na rua, no caso dos entregadores de gás, dos garis ou dos varredores de rua. Riscos químicos Os riscos químicos podem ser oriundos das atividades com manipulação direta de produtos em processos industriais ou da combinação destes elementos de forma dispersa no ar. Para este caso, é importante manter a Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) sempre em local visível e os empregados orientados quanto aos riscos e aos procedimentos indicados. Quando tratar-se de caminhão que transporta o produto químico, a FISPQ deve ser mantida no veículo. O armazenamento, mesmo em pequenas quantidades, deve estar em local de boa ventilação para que não haja concentração do produto, mas é preciso ter cautela para que não seja um poluidor atmosférico para o meio ambiente. O estudo sobre os riscos químicos abrangeria aqui o conhecimento de mais de 100 mil substâncias, por isso indicamos um aprofundamento posterior. Destas, cerca de 6 mil são reconhecidas como tóxicas. Nem toda substância química apresenta cheiro ou cor e este é um risco considerável. A NR 33, que trata de espaços confinados, considera ainda os riscos de inalação de químicos nestes ambientes. A contaminação pode ser por inalação, digestão ou por contato, produzindo queimaduras ou dermatoses. É importante frisar que cada substância age de determinada maneira e em uma concentração específica. A NR 15 também classifica alguns produtos, como: chumbo, poeira de algodão, sílica, mercúrio, carvão, arsênico e outros. 15 Mattos e Másculo (2011, p. 39) descrevem risco biológico como "[...] aqueles introduzidos nos processos de trabalho pela utilização de seres vivos (em geral, micro- organismos) como parte integrante do processo produtivo, tais como: vírus, bactérias etc., potencialmente nocivos ao ser humano." Os riscos biológicos estão presentes em serviços de saúde ou, por exemplo, em atividades que envolvem a manipulação de fezes de animais, coletas de lixo ou manipulação de carnes em frigoríficos. Os micro-organismos em forma de vírus, bactérias, bacilos, parasitas, fungos e protozoários podem entrar em contato com o organismo humano, causando as mais diversas doenças e levar até a morte. É importante ressaltar que a falta de higienização pode contribuir para a existência deste risco. A parte da segurança do trabalho que trata dos riscos biológicos é a biossegurança e a norma que trata de riscos em atividades de saúde é a NR 32. Existe também o apoio de procedimentos indicados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), porém a higiene deve ser considerada neste risco como forma de combate do contato. Animais sinantrópicos, como ratos, baratas e pombos devem ser combatidos no ambiente de trabalho por serem hospedeiros de doenças. Conforme Mattos e Másculo (2011) há 4 classes para agentes biológicos: Classe 1 Apresenta baixo risco individual e baixo risco para a comunidade. Classe 2 Possui moderado risco individual e limitado risco para a comunidade. Classe 3 Alto risco individual e moderado risco para a comunidade. 16 Classe 4 Alto risco individual e alto risco para a comunidade. Os de classe 4 são os vírus Ebola e Lassa, que têm grande poder de transmissibilidade, não havendo medida profilática ou terapêutica contra infecções causadas por eles, ambos se tornam de elevada gravidade e podem ser propagados no meio ambiente. Práticas seguras em ambientes de exposição ao risco biológico são essenciais. Com o desenvolvimento da biotecnologia, há uma tendência no aumento deste risco em algumas atividades que envolvam manipulação de micro-organismos. Portanto, o controle e a higiene são essenciais para a proteção do trabalhador. Outro item a considerar é o descarte de materiais, que devem ser manipulados em local adequado sem que outras pessoas fiquem expostas. 3.3 – Ergonomia e doenças psicossociais do trabalho Os sistemas produtivos apresentam variedades de produtos, processos e diferentes ambientes de trabalho. O trabalhador interage com estes elementos, podendo adoecer quando este ambiente não é saudável fisicamente e mentalmente. Logo “ergonomia é uma ciência humana aplicada, que objetiva transformar a tecnologia para adaptá-la ao homem.” (MATTOS; MÁSCULO, 2011, p. 326). A ergonomia trata da adaptação do trabalho ao homem. A NR 17 do MTE apresenta as diretrizes para a Análise Ergonômica da Tarefa (AET). Os parâmetros estabelecidos na norma dizem respeito ao conforto ambiental no desenvolver da atividade. Assim, mesmo que a exposição do empregado ao ruído esteja 17 abaixo do valor de limite de tolerância para as horas de exposição, se estiveracima de 65 dB, será preciso tomar providências em relação à ergonomia do posto de trabalho. São considerados riscos ergonômicos: 1. Esforço físico intenso; 2. Levantamento e transporte manual de peso; 3. Controle rígido de produtividade; 4. Imposição de ritmos excessivos; 5. Trabalho em turno e noturno; 6. Jornadas de trabalho prolongadas; 7. Monotonia e repetitividade; 8. Outras situações causadoras de estresse físico ou psíquico. O estudo da ergonomia é bastante amplo e envolve desde a fisiologia do trabalho até a relação do homem com o trabalho. A ergonomia leva em conta o projeto do posto de trabalho, lembrando que a atividade deve ser realizável e suportável ao longo do tempo e deve gerar até mesmo satisfação ao trabalhador. Lembre-se que a ergonomia não diz respeito somente às posturas adotadas no local de trabalho, nem somente às alturas relacionadas aos mobiliários e às máquinas, mas também é preciso se preocupar com a ergonomia cognitiva e organizacional. O trabalho repetitivo pode fazer com que o empregado desenvolva a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e outras doenças na coluna, como cifose e a hiperlordose. Quando a atividade combina repetitividade e esforço podem ocorrer lesões severas e até mesmo a incapacitação completa do membro envolvido. A sensação é de dor, parestesia, sensação de peso e fadiga. Fatores psicológicos no ambiente de trabalho são considerados motivos de absenteísmo nas organizações e são classificados como doenças ocupacionais. Bem- estar no trabalho e produtividade devem se desenvolver em conjunto. Além das relações interpessoais, situações envolvendo assédio moral podem gerar estresse, depressão e 18 normalmente são motivos de causas trabalhistas com alegação de dano moral. Mesmo que o assédio moral não seja uma patologia em si, pode ser estabelecido o nexo causal e assim o assédio moral pode ser reconhecido como doença do trabalho, inclusive devendo ser emitida uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) com os mesmos direitos do acidente de trabalho típico. O trabalho também se torna perigoso para efeitos psicológicos quando se opõe à livre atividade ou em casos em que a liberdade para a organização do trabalho é limitada e contra os desejos do trabalhador, aumentando assim a carga psíquica e causando o sofrimento no trabalho. (MARTINEZ; PARAGUAY, 2003). 3.4 – Acidentes do trabalho e a questão da periculosidade O acidente do trabalho começa a acontecer quando “[...] algum elemento do processo de trabalho deixa de funcionar como o planejado [...].” (MATTOS; MÁSCULO, 2011, p. 36). Na verdade, são falhas que quando acontecem sucessivamente podem gerar um acidente de maior gravidade. O ideal é investigar pequenos incidentes e controlá-los, evitando o acidente, os custos e as perdas materiais com o auxílio das pessoas e do tempo. A NR 16 traz as atividades que são consideradas de periculosidade perante a lei. Portanto, somente diante dos parâmetros estabelecidos é que se pode classificar uma atividade como periculosa, como, por exemplo, ambientes com arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, iluminação inadequada, exposição à eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado de produtos, presença de animais peçonhentos e outras situações de risco que possam contribuir para a ocorrência de acidentes. 19 O fato é que acidentes não acontecem por acaso, eles sempre têm uma falha envolvida seja humana ou técnica. Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) auxiliam na minimização de riscos, mas é preciso priorizar as soluções com Equipamentos de Proteções Individuais (EPIs). Os EPIs não devem ser a única forma de reduzir o risco ambiental, pois não é garantido que o trabalhador irá usar o equipamento da forma correta. O acidente de trabalho gera prejuízos, como: paradas de produção, lesões na mão de obra, perda de produto, custos advocatícios e a empresa pode perder a imagem diante do mercado. Cada empresa apresenta um estágio de preocupação com os acidentes e as doenças do trabalho, o que as diferencia é a maneira como tratam as situações de risco na empresa. Prevenir acidentes deve ser encarado como redução de custos nos sistemas de produção. Ferramentas como a análise preliminar de riscos (APR), descrita na unidade 1, aplicada pelo próprio operador e ordens de serviço bem observadas podem auxiliar na conscientização dos trabalhadores. Lembrando que a falha humana é passível de acontecer e, portanto, o ambiente de trabalho deve estar protegido, prevendo que estas falhas possam ocorrer. 3.5 – Estudo de caso de fixação de conteúdo da Unidade 3 Em determinada linha de produção, a tarefa é realizada com postura em pé. A atividade consiste em verificar visualmente a qualidade de peças de azulejo cerâmico de dimensões 20 x 20 cm e separar os que não estão adequados em caixa localizada atrás do trabalhador, fazendo com que este gire o tronco constantemente. Ao terminar a separação de um lote de 10 unidades, o trabalhador ajeita as peças de azulejo sobrantes e religa a máquina para seguir o processo. Alguns trabalhadores desta linha de produção já faltaram ao trabalho por dores na coluna ou por cortes nas mãos. As luvas de proteção 20 são disponibilizadas, mas alguns funcionários as retiram, alegando dificuldade de pega das peças. Espaço para a sua sugestão: identifique os riscos ambientais presentes nesta linha de produção e apresente pelo menos uma melhoria para este posto de trabalho, conforme o descrito no enunciado. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 21 Unidade 4 – Programas de Prevenção Apresentação do tema Os programas de prevenção são excelentes ferramentas de planejamento de medidas de prevenção de doenças e acidentes nas empresas. Não devem ser vistos como mera obrigação e sim como uma formalidade documental organizada que existe a favor de ações programadas. Na Unidade 4, vamos discutir os principais programas da área de segurança do trabalho, mas há outros relacionados nas Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que devem ser aplicados quando o tipo da atividade o exigir. A empresa deve, através de Política de Segurança do Trabalho, propor metas e objetivos em Planos de Saúde e Segurança e fazer isso de forma transparente, com participação de todos os envolvidos: empregados e terceiros. Na Unidade 1, falamos sobre ferramentas da prevenção e as duas citadas Análise Preliminar de Riscos (APR) e a Matriz de Riscos podem ser utilizadas como apoio para desenvolver os Programas de Prevenção. Quando estudamos a Legislação de Segurança do Trabalho na Unidade 2, percebemos que a lei existe para que tracemos um planejamento mínimo de ações. Com isso, nenhum empregado terá sua vida exposta aos riscos do trabalho, isto é promover a dignidade e valorizar a vida humana. Com os riscos ambientais conhecidos na Unidade 3, é possível entender o vasto universo de riscos presentes nas atividades humanas relacionadas ao trabalho, algumas que apresentam limites de tolerância quanto à exposição e outras que, apesar de não apresentar limites quantitativos, podem causar doenças e lesões graves. Assim como prejuízos incalculáveisrelacionados à perda de tempo, de material e de vidas humanas. Para fechar, apresentamos um estudo de caso sobre o conteúdo aprendido de forma a sintetizar o que foi lido e compreendido nesta Unidade 4 do Módulo II, concluindo nosso estudo sobre a Segurança do Trabalho. Para aprofundar-se, recomendamos a leitura da bibliografia utilizada, a leitura das normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, a leitura da legislação da Previdência Social e outros sites que tratem dos temas aqui dispostos. Até breve e bons estudos! 22 4.1 – Documentos principais: PPRA, PCMSO, LTCAT Logo no início desta unidade, vamos deixar claro que se houvesse o compromisso de realizar medidas preventivas nas empresas e o número de acidentes e doenças do trabalho não fossem tão alarmantes, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nem precisaria formalizar os parâmetros como lei ou norma regulamentadora. Os documentos principais em um sistema de prevenção são: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional (PCMSO), que constam respectivamente nas normas regulamentadoras NR 9 e NR 7. PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) Na prática, o PPRA é a concretização da recomendação da Convenção 148 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) pelo Brasil, formalizando-se através da NR 9. O objetivo do PPRA é reunir em um documento todos os riscos ambientais relacionados com a atividade que o empregado desenvolve. É no PPRA que, de forma antecipada, avaliam-se os possíveis riscos da condição ambiental em determinado momento e se propõe soluções e melhorias, colocando prazos e responsáveis pela implementação das propostas descritas. Os cargos descritos no PPRA devem ser exclusivos dos empregados da empresa na qual o trabalho está vinculado. Outros trabalhadores que exercerem suas atividades no mesmo local de trabalho devem ter o seu PPRA associado à empresa na qual o funcionário tem registro. Lembrando que o PPRA foi baseado nas indicações da OIT que recomendou a Convenção nº 148. Vendrame (2005) diz que “A implementação do PPRA estará registrada em dois documentos distintos: o laudo de medições ambientais e o documento base.” Isso permite a maior clareza do que é definido como objetivos no PPRA. 23 As informações contidas neste documento precisam ser divulgadas, pois o objetivo é que os empregados conheçam os riscos da sua atividade e possam propor soluções de melhorias. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) também deve atuar conforme as indicações do PPRA. Mesmo que a empresa contrate os serviços de uma consultoria para elaborar o PPRA, esta deve coletar as informações do mapa de risco da CIPA da empresa. Segundo Vieira (2005), a avaliação dos riscos ambientais e a elaboração de planilhas são duas importantes ferramentas. Você pode ver algumas dicas sobre como elaborá-las no exemplo abaixo: • Riscos: definir claramente o tipo de risco que o trabalhador está exposto. • Agentes: indicar o agente ao qual o trabalhador está exposto. • Número de trabalhadores: identificar o número de funcionários que estão expostos. • Fonte geradora: analisar a causa geradora de risco. • Meio de Propagação: entender como se transmitem os agentes agressores. • Atividades/funções: tentar compreender o método de trabalho. • Avaliação quantitativa: mensurar valores mesmo os abaixo dos "Limites de Tolerância" (LT). • Tempo de exposição: descrever o tempo em que o funcionário fica exposto ao agente ambiental. • Medidas de controle existentes: especificar as medidas coletivas e individuais existentes. • Indicadores de saúde: verificar as principais queixas de saúde dos trabalhadores. • Acidentes já ocorridos: ver as Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT) já emitidas e buscar informações com o SESMT e trabalhadores quando possível. 24 Apresentamos acima apenas uma sugestão do que deve conter na planilha, mas cada profissional ou empresa pode estabelecer a sua maneira de analisar os riscos ambientais. De fato, é preciso o envolvimento de todos os empregados, empregadores e terceiros para que o PPRA tenha êxito. O reconhecimento e o gerenciamento dos riscos evitam prejuízos financeiros e protegem os trabalhadores, pois as doenças e os acidentes do trabalho ficam reduzidos, melhorando o ambiente de trabalho, a satisfação física e mental do trabalhador e, como consequência, também melhora a produção e a qualidade de serviços prestados. PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) O PCMSO não define somente os exames relacionados à ocupação do empregado, este programa também destaca todas as ações voltadas à saúde, à qualidade de vida, à prevenção do uso de drogas e do estresse, além de promover campanhas de vacinação, entre outras medidas. Com o PCMSO no cronograma de ações, é possível programar palestras esclarecedoras e informativas em conjunto com as propostas pela CIPA e SESMT. No PCMSO, são descritos os exames que os empregados devem realizar conforme os riscos ambientais aos quais estão expostos: 1. Exame admissional; 2. Exame periódico; 25 3. Exame de mudança de função; 4. Exame de retorno ao trabalho; 5. Exame demissional. O PCMSO deve considerar as questões individuais e coletivas, relacionando a saúde e o trabalho de maneira clínico-epidemiológica. O documento tem caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos possíveis agravos à saúde advindos do trabalho. Ao final do PCMSO, deve constar o cronograma de ações de saúde para os trabalhadores e o relatório anual de resultados. É primordial que a CIPA tenha acesso a este relatório documental para apoiar a implantação das medidas educativas relacionadas à saúde dos trabalhadores. Faz parte do SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) o serviço médico coordenado pelo médico do trabalho, portanto, a empresa deve disponibilizar um local adequado, o mais próximo possível da área de produção, de forma a possibilitar o atendimento ao trabalhador em caso de acidente. O técnico de enfermagem e o auxiliar de enfermagem do trabalho devem desenvolver atividades em conjunto com o médico do trabalho neste ambiente. (LTCAT) Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho O LTCAT é utilizado para fins de comprovação da exposição aos agentes nocivos e é exigido pela Previdência Social de acordo com o decreto nº 4.032 de 26 de novembro de 2001. O decreto 4.882, de 18 de novembro de 2003, descreve que deverão constar no LTCAT informações a respeito da tecnologia de proteção coletiva, das questões administrativas ou de organização do trabalho e da tecnologia de proteção individual utilizada que reduza, elimine ou controle os agentes ambientais dentro dos limites de 26 tolerância descritos pela NR 15 e NR 16 do MTE e pelos atos normativos da Previdência Social. Se nas normas regulamentadoras brasileiras não constarem os valores de referência, ou seja, os "Limites de Tolerância" (LT), é possível utilizar o padrão de LT da American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH). O LTCAT só pode ser elaborado por um engenheiro de segurança do trabalho ou por um médico do trabalho. É baseado neste laudo que é elaborado o Perfil Previdenciário Profissiográfico (PPP), este documento permite que o empregado comprove a sua exposição ao agente ambiental para adquirir o benefício da insalubridade e para o requerimento de aposentadoria especial. Enquanto o PPRA e o PCMSO são programas,o LTCAT é um laudo que apresenta conclusões sobre a insalubridade e a periculosidade. O PPRA e PCMSO descrevem, ao final do documento, um cronograma com prazos e responsáveis pela implementação. Vale lembrar que caso ocorra alguma mudança em relação à condição do ambiente, do processo ou do arranjo físico da empresa, que mude as características iniciais descritas, será necessário refazer todos os documentos e substituí-los. 27 4.2 – Documentos específicos: PPR, PCA e PCMAT Alguns riscos ambientais exigem atenção maior e por isso são aplicados em programas como o Programa de Proteção Respiratória (PPR), o Programa de Conservação Auditiva (PCA) e o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT). O PCMAT é obrigatório segundo a NR 18, já o PPR e o PCA são programas que devem ser elaborados quando existirem riscos relacionados à respiração e à audição. PPR Se em determinado processo industrial é utilizada uma substância química que possa provocar danos aos trabalhadores relacionados com a qualidade do ar respirável, inclusive possibilitando que estes danos sejam letais, esta condição é suficiente para a elaboração de um PPR. O PPR é o programa que determina quais são os procedimentos importantes relacionados ao uso de respiradores em atividades inevitáveis. O PPR inclui ambientes com pouca ou nenhuma ventilação, ambientes com concentração de agentes químicos dispersos no ar e espaços confinados. Logo, atividades realizadas nestes ambientes são perigosas e requerem cuidados específicos 28 em relação aos procedimentos técnico-administrativos, à seleção de respiradores, à guarda e à higienização. Os procedimentos precisam ser realizados com o Equipamento de Proteção Respiratória (EPR) e todos os cuidados devem ser descritos, mas é essencial que sejam considerados os procedimentos para controle e inspeção das áreas de riscos e de exposição aos agentes químicos, assim como medidas de educação dos trabalhadores que forem executar tarefas nestas áreas e condições. Na elaboração do PPR, os trabalhadores que farão uso do EPR e realizarão as atividades devem fazer parte do processo e opinar sobre as melhores condições quanto aos procedimentos, aos padrões e à qualidade de equipamentos que serão utilizados. Observação – Você pode ler todas as recomendações sobre o PPR na íntegra, acessando o seguinte site: http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca- digital/publicacao/detalhe/2013/3/programa-de-protecao-respiratoria-recomendacoes- selecao-e-uso-de-respiradores. PCA O Programa de Conservação Auditiva (PCA) é adotado nas medidas de prevenção dos efeitos danosos do ruído no ambiente de trabalho, de exposição direta ou indireta. Legalmente, o PCA passou a ser obrigatório através do anexo I (quadro II) dentro dos requisitos do PCMSO instituídos pela portaria nº 19, de 9 de abril de 1998. O termo conservação da audição deve ser compreendido no sentido mais amplo como meio de prevenir o dano do sistema auditivo, uma vez que o programa de conservação da audição não consiste meramente em colocar à disposição sistemas de proteção do ouvido às pessoas expostas. (VIEIRA, 2005, p. 119). No PCA, leva-se em conta o acompanhamento do trabalhador quanto à saúde ocupacional prevista no PCA, realizada, por exemplo, através de exames audiométricos 29 e inclui a possibilidade do grupo de empregados de uma empresa ter Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR). O termo PAIR é o utilizado pelo MTE, pela Previdência Social e pelo Ministério da Saúde, mas em algumas pesquisas pode ser encontrado o termo "Perda Auditiva Induzida pelo Ruído Ocupacional" (PAIRO). Como já foi salientado na Unidade 3, a proteção auditiva envolve, sobretudo, o isolamento do ruído no ouvido, na parte interna, evitando que a vibração atinja o ouvido interno e provoque danos. No Brasil, o PCA deve ser implantado quando a dose de ruído for superior a 50%, isto corresponde a ambientes com ruído acima de 83 dB e que, neste caso, devem elaborar o PCA. O PCA segue a seguinte sistemática: medição do ruído, avaliação do ruído, redução do ruído e monitoramento audiométrico. Em outras palavras, Saliba (2004) define 4 passos: 1. Identificar os postos de trabalho e as funções onde há exposição ao ruído; 2. Identificar a dose equivalente de ruído. Se a dose estiver acima do limite de tolerância, será preciso realizar ações preventivas com monitoramento periódico 30 da exposição, o controle médico e a comunicação de informações aos trabalhadores expostos; 3. Criar medidas corretivas que visem reduzir o nível de pressão sonora e o ruído do ambiente de trabalho; 4. Nesta etapa, o PCA é elaborado e divulgado para empresa e para os empregados. O cronograma de ações com prazos e responsáveis pela execução das medidas propostas também deve constar no documento; 5. Realizar a auditoria ou o controle da eficácia do PCA. O PCA deve ter integração com as medidas preventivas propostas no PPRA e no PCMSO. A avaliação do PPRA deve incluir a verificação das audiometrias, confirmando todas as ações do cronograma e se não houve perda auditiva no grupo de trabalhadores expostos. PCMAT O PCMAT é um conjunto de ações, ordenadas, documentadas e relacionadas à saúde e à segurança do trabalho, de modo a preservar a saúde e a integridade dos trabalhadores em diversas etapas de obra, incluindo terceiros e o meio ambiente. O PCMAT é obrigatório em estabelecimentos com vinte trabalhadores ou mais. Ele deve ser elaborado por um profissional legalmente habilitado e contemplar as exigências da NR 9 do PPRA. Como este é um documento voltado para a construção civil e específico, não poderia ser elaborado da mesma forma que qualquer outro voltado para uma indústria ou comércio, por isso são consideradas as diversas etapas da obra e situações como as de área de vivência e canteiro de obras. Junto ao PCMAT devem constar outros documentos, tais como: 31 1. Memorial descritivo, levando em consideração riscos de acidentes e doenças, além de ações preventivas sugeridas; 2. Projeto de execução das proteções coletivas conforme etapas da obra: fundação, estrutura/alvenaria e acabamento; 3. Especificação técnica de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e Equipamento de Proteção Coletiva (EPC); 4. Cronograma de implantação de medidas preventivas com prazos estabelecidos e descrição dos responsáveis pela execução; 5. Desenho do canteiro de obras com as instalações iniciais e previsão das áreas de vivência; 6. Programa educativo sobre prevenção de acidentes e doenças ocupacionais com a carga horária já estabelecida. 4.3 – Plano de emergência e contingência, brigadas de emergência Plano de emergência Quando um sinistro ocorre, geralmente, as pessoas entram em pânico e ficam desorganizadas, reduzindo a possibilidade de sobrevivência. Os planos de emergência têm a finalidade de organizar as ações a serem executadas nestas situações extremas de emergência e de capacitar os trabalhadores a reagir de forma mais produtiva em uma situação crítica, salvaguardando as vidas humanas. O êxito de um plano de emergência depende da participação tanto dos trabalhadores quanto do empregador. Sugere-se para a estrutura de um plano de emergência: Sumário executivo • Elaborar o propósito do plano com clareza; 32 • Promover uma política de gerenciamento de emergência, definindo as autoridades envolvidas em cada situação de emergência com as responsabilidades das pessoas-chave; • Projetar ostipos de emergência que possam ocorrer e os locais que serão usados para gerenciar emergências em caso de ocorrência. Elementos da gestão de emergência • Refletir sobre como será possível controlar a emergência; • Verificar as comunicações possíveis e como será salvaguardada a vida das pessoas; • Definir metas de proteção dos bens da empresa, pensando na questão administrativa e logística. Procedimentos definidos para resposta à emergência • Realizar ações necessárias para cada situação, visando proteger os empregados e os visitantes; • Manter a empresa funcionando, evitando a falta de água, de energia elétrica e até mesmo acidentes de trânsito. Documentos de apoio • Identificar as pessoas a serem acionadas; • Definir atribuições, recursos, plantas, mapas, indicações de hidrantes, áreas confinadas, rotas de fuga, produtos perigosos, entre outros. Além de elaborar o documento físico, a empresa deverá dispor de um programa de treinamento, revisar o plano sempre que necessário e, por fim, distribuir o plano para as partes interessadas. Os empregados devem conhecer o plano de emergência e serem informados da programação de treinamento. Além disso, os terceiros devem ser 33 integrados ao plano de emergência e devem ser elaboradas formas de divulgação aos visitantes. Planos de contingência Os planos de contingência são elaborados para evitar os danos decorrentes das situações que possam se transformar em uma emergência ou para que, durante uma emergência, haja condições de limitar os danos, levando-se em conta os diversos impactos que podem prejudicar o patrimônio e a vida. Um plano de contingência mais elaborado, certamente, gerará um custo maior, mas somente a partir da identificação do que é importante para a empresa, será possível comparar e elaborar um plano de contingência dentro da realidade institucional. Um plano de contingência se bem elaborado e desenvolvido, reduz os custos em caso de acidentes. Assim, todos os processos da empresa que estejam relacionados com as possíveis falhas devem estar descritos, assim como as ações de operacionalização e responsabilidades formais. A ideia central do plano de contingência é restabelecer de maneira ágil e rápida as condições antes da situação crítica e monitorar situações imprevisíveis e previsíveis. Brigadas de emergência As brigadas de emergência são equipes preparadas para executar as principais ações definidas no plano de emergência e de contingência. Não só para o combate a incêndio, mas para qualquer situação de emergência que possa afetar a vida. A NBR 14276 de 1999 prevê treinamento de brigada de emergência de 16 horas, sendo destinadas para treinamento prático e conhecimento teórico. Esta capacitação deve ocorrer a cada 12 meses ou quando houver alteração de 50% dos membros da brigada. 34 Em Camillo Junior e Leite (2008), encontramos recomendações quanto à adoção do método simples de verificação da adequação do número de brigadistas em função do número de extintores conforme a fórmula: (número de hidrantes x 3) + ( número de extintores / 2) 2 Este cálculo é interessante se a empresa possuir um sistema preventivo de incêndio instalado e serve apenas para conhecimento, o correto é seguir a NBR 14.726 de 1999 que leva em conta a população fixa e a tabela 1 da referida norma. Conforme Camillo Junior e Leite (2008), as brigadas podem ser classificadas em: 1. Brigada de incêndio: é a brigada designada para combater incêndios em fase inicial; 2. Brigada de abandono: treinada para operacionalizar a retirada de pessoal que ocupa a edificação; 3. Brigada de emergência: inclui funções de brigada de incêndio e brigada de abandono. Atuam em situações específicas, como: vazamentos de produtos perigosos, inundações e explosões. Para garantir a segurança em uma emergência, antes do atendimento às vítimas, recomenda-se os seguintes procedimentos: 1. Sinalização e isolamento do local; 2. Verificação dos EPIs e EPCs; 3. Comunicação com o Corpo de Bombeiros da região, que deve ser acionado sempre pelo telefone 193; 4. Liberação com rapidez e segurança das vias trafegáveis; 5. Atenção especial aos outros riscos decorrentes do evento inicial. 35 4.4 – Política e normas de segurança, integração entre empresa, funcionários, sindicatos, SESMT e CIPA. O primeiro passo ao elaborar uma política de segurança do trabalho em uma instituição é a percepção de que uma empresa de pequeno porte não é uma miniatura de uma grande empresa e, desta forma, apresenta diferenças de gestão. Tanto a política de segurança do trabalho como as normas de segurança do trabalho devem ser descritas com clareza para os empregados. Buscar medidas continuadas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho representa um compromisso louvável da empresa. É como se a empresa dissesse: "esta empresa se preocupa com a saúde e a segurança". Logo, estabelecer a política de segurança do trabalho é o ponto de partida para toda organização que busca eficácia nesta área. Mais importante do que as palavras são as ações desenvolvidas a partir do compromisso e da responsabilidade assumida com a Política de Segurança do Trabalho. Como forma de exercício, você pode tentar elaborar a política de segurança da empresa onde trabalha. As normas de segurança não devem ser confundidas com as ordens de serviço de segurança do trabalho. Normas e ordens de serviço têm papel diferente. Se a empresa 36 não estabelecer normas de segurança, não poderá exigir que um empregado as cumpra. As ordens de serviço são direcionadas para a execução de tarefas com segurança. O empregador fornece os meios de concretizar as ações em prol da prevenção e os representantes do SESMT possuem a função de manter a empresa com índices aceitáveis de acidentes e doenças do trabalho, de modo que se cumpra o "direito à vida". A CIPA tem a função de educar e conscientizar os trabalhadores dos riscos de suas atividades, ou seja, prezar pelo que é determinado nos programas de prevenção que foram comentados nesta Unidade 4. Os sindicatos de categorias devem promover a saúde e a segurança do trabalho e em casos de situações de risco, eles podem intervir e exigir das empresas melhorias imediatas para garantir a integridade física dos trabalhadores. Todos os programas de prevenção devem ser desenvolvidos considerando a integração de medidas entre os envolvidos. O Ministério do Trabalho e Emprego tem o papel de fiscalizar o cumprimento do que pede a lei, quando, na verdade, a sua função deveria ser de apoio em relação ao entendimento das normas regulamentadoras, decretos e portarias. 37 4.5 – Estudo de caso de fixação de conteúdo da Unidade 4 Os programas de prevenção aqui apresentados não são os únicos previstos na legislação e nem mesmo as únicas formas de tratar os riscos ambientais nas organizações. A NR 12 prevê o Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares (PPRPS), por exemplo, assim como as Normas Regulamentadoras de Segurança do Trabalho são alteradas constantemente e mais orientações e programas são indicados além dos aqui previstos neste estudo. Imagine-se na seguinte situação: uma máquina da empresa onde trabalha tem sido motivo de acidentes graves e você detecta que o perigo ocorre quando os trabalhadores colocam a mão na região onde há uma correia e uma polia, de transmissão de força.FIGURA 02: SISTEMA POLIAS E CORREIA FONTE: ADAPTADO PELO AUTOR Ao analisar o risco de acidente, é possível reduzir ou eliminar a possibilidade de acidentes. Por este motivo, a CIPA solicitou apoios dos trabalhadores do setor que utilizam esta máquina para sugestão de melhorias. Depois da coleta de sugestões, a CIPA entregará ao SESMT ou ao responsável as sugestões para constarem simultaneamente no PPRA e no PPRPS. correia polia polia 38 As sugestões aceitas pela empresa foram: • Confecção de telas de proteção com espaçamento de menos de 1 cm a serem fixadas no local do sistema de polias e correia. • Instalação de placa de advertência, sinalizando a área de risco de polias e correias. a) Espaço para a sua sugestão. Preencha o quadro abaixo quanto à adoção de medidas, completando-o com a segunda sugestão descrita acima. item Discriminação Ação de melhoria Prazo Responsável 01 Telas metálicas de proteção com espaçamento de menos de 1 cm. Confecção de telas a partir de medidas das áreas de polias e correia das máquinas. 1(uma) semana para medição de tamanho e quantidade. 2 (duas) semanas para confecção das telas. 1 (uma) semana para instalação das telas. Departamento de manutenção da empresa. Empresa terceirizada. Departamento de manutenção da empresa. 02 39 Encerramento O fato é que toda empresa que inicia um processo produtivo deve considerar que o risco ambiental já está presente e que precisa preocupar-se com a saúde e integridade de seus trabalhadores. Se por um lado as leis estabelecem o mínimo a ser cumprido para esta finalidade, mais pode ser feito pela prevenção de doenças e acidentes do trabalho. Uma empresa reativa cumpre o que a lei determina, elabora documentos, programas e laudos, fornece Equipamentos de Proteção Individual (EPI), Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e faz as ordens de serviço. Já a empresa proativa vai além e busca a excelência na segurança do trabalhador. Algumas buscam a certificação, outras aplicam políticas de segurança bem descritas, mas nem sempre a realidade reflete o que os documentos descrevem. Portanto, a prevenção se conquista dia a dia com o envolvimento de todos e com a percepção de que cada trabalhador precisa cuidar da sua própria saúde e segurança no desenvolver da sua atividade, por ser seu direito e seu dever diante do que a empresa dispõe e propõe nos diversos programas aqui discutidos. Boa sorte! 40 Bibliografia FIGUEIREDO, Antonio M. GUILHERM, Dirce. Ética e moral. Revista Interthesis. v. 5. n. 1. Florianópolis: 2008. 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