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SISTEMA ENDÓCRINO

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Fisiologia Veterinária – Sistema Endócrino 
André Felipe Breda 
SISTEMA ENDÓCRINO 
 Papel do Sistema Endócrino 
o Tanto o endócrino como o nervoso são principais coordenadores de funções 
vitais e estão funcionalmente integrados. Conexão no hipotálamo 
frequentemente, mas não exclusivamente. 
o Sistema endócrino é o regulador predominante da taxa e da qualidade das 
reações metabólicas. 
o A resposta de regulação endócrina é lenta, podendo durar minutos, horas, dias 
ou meses. Além disso, a resposta metabólica a hormônios é abrangente. 
o O sistema endócrino banha todas as células corporais com os hormônios 
dissolvidos no liquido que as circunda, o que requer espaço anatômico não-
específico para o transporte, permitindo interações infinitas em um espaço 
reduzido. 
o O sistema endócrino opera por meio de mensageiros químicos reconhecidos 
por receptores hormonais específicos nas células. 
o O efeito dos hormônios está associado à dose do hormônio e ao tempo de 
exposição 
 
 
 Conceito de Hormônio 
o São agentes químicos sintetizados e secretados por glândulas isoladas e 
especializadas, e que circulam pelo sangue para outra parte do corpo para 
estimular tecidos específicos. 
 
 
 
 Terminologia 
o Regulação Parácrina: Os hormônios alcançam as células-alvo contíguas por 
difusão pelo LEC. 
o Regulação Autócrina: Ação exercida mediante retroalimentação química de 
determinado hormônio por suas próprias células secretoras. 
o Feromônios: Substâncias produzidas por animais que agem especificamente 
como um estímulo para outros animais da mesma espécie, desencadeando 
uma ou mais respostas comportamentais. (Cio) 
o Neuro-Hormônios: Secretados por neurônios, entram na corrente sanguínea e 
agem em órgãos distantes que não fazem parte do sistema nervoso. 
(Ocitocina, ADH, Vasopressina e hormônios hipotalâmicos de liberação) 
o Neurotransmissores: Substâncias químicas liberadas por terminações nervosas 
nas fendas sinápticas que são inativadas sem liberação para o sangue. 
Norepinefrina quando secretada pela medula da supra-renal é considerada um 
hormônio. 
o Reflexo Neuroendócrino: É o mecanismo fisiológico que acompanha reações 
nervosas e endócrinas. 
 
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 Fatores que interferem na resposta a hormônios 
o Tipo de tecido: Vários tecidos respondem diferentemente a hormônios 
o Relação tempo-efeito: Depende do período de tempo decorrido após a 
administração. O efeito dos hormônios em relação ao tempo varia de acordo 
com a espécie, idade e o tipo de hormônio. 
o Relação dose-efeito: “efeito máximo” da dose e o desenvolvimento de efeitos 
adicionais causados por uma dose elevada. 
o Limite da regulação endócrina: Hormônios podem estimular ou inibir os 
processos fisiológicos em graus variáveis. Tudo vai depender da quantidade 
circulante no organismo. 
o Emprego de hormônios na Indústria Animal: Regular a reprodução, a 
produção de leite, o crescimento, a relação de gordura/proteína corporal e o 
apetite. 
 
 Padrão das secreções hormonais 
o Os hormônios sofrem flutuações secretoras que podem variar de frequência e 
amplitude. São os episódios, picos, elevações, pulsos ou explosões secretoras. 
o Em sua maioria os ritmos endócrinos são infradianos (com muitos pulsos 
curtos em menos de um dia) e circadianos (aumentos ocorrem em 
aproximadamente 24h) ou ultradianos (pulsos são repetidos em períodos 
superiores a 24hs e inferiores a um ano) 
o Ritmo circadiano: Varia de espécie para espécie, é intrínseco a determinado 
hormônio. Pode ser abolido por uma patologia endócrina. A idade pode anular 
o ritmo circadiano. 
 
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ENDÓCRINO 
 
 É um sistema composto de nove glândulas endócrinas bem-definidas (pineal, 
hipotálamo, hipófise, tireóide, paratireoide, pâncreas, supra-renais, testículos e ovários) e 
quatro órgãos (coração, intestino, rim e placenta) em que as secreções endócrinas constituem 
funções secundárias . A disfunção em uma glândula provoca distúrbios e alterações em outras 
secreções de glândulas endócrinas. 
 
SISTEMA DEPENDENTE DO EIXO HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO (EHH) 
 A secreção de hormônios que fazem parte deste sistema será interrompida, se a 
hipófise for separada do hipotálamo. Algumas glândulas periféricas podem secretar dois ou 
mais diferentes hormônios, entretanto, um hormônio pode ser dependente do EHH, porém 
não o outro. 
 
 
 
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HIPOTÁLAMO 
 É uma combinação de centros neurológico e endócrino. Local em que o sistema 
nervoso faz conexão com o sistema endócrino. Mais de 12 diferentes núcleos e áreas. 
Regulação do sistema endócrino, temperatura corporal, apetite, comportamento sexual, 
reações defensivas, ritmo de atividade e sistema vegetativo. Secreção de 7 hormônios 
denominados hipofisiotropinas (tropinas com afinidade pela hipófise) e mais dois hormônios 
que são ADH e Ocitocina. 
HORMÔNIO ABREVIAÇÃO 
Hormônio de liberação de tireotropina TRH 
Hormônio de liberação da corticotropina CRH 
Hormônio de liberação da gonadotropina GnRH 
Hormônio de liberação do hormônio do 
crescimento 
GHRH 
Hormônio de inibição do hormônio do 
crescimento 
GHIH 
 
Hormônio de liberação da prolactina PRH 
Hormônio de inibição da prolactina PIH (dopamina) 
 
HIPÓFISE 
 A hipófise ou pituitária consiste, no ponto de vista macroscópico, na adeno-hipófise, 
que inclui a parte tuberal, a parte distal e a parte intermédia . E na neuro-hipófise, que inclui a 
parte nervosa e o pedículo neural. 
 Parte Distal: Constitui 2/3 da hipófise. Apresenta células cromofílicas subdividindo-se 
em acidofílicas (40% das células secretoras de PRL e GH) e basofílicas (10% das células 
secretoras de TSH, LH, FSH, ACTH e β-LPH). E células cromofóbicas. 
HORMÔNIO ABREVIAÇÃO 
Hormônio estimulante da tireóide TSH 
Hormônio adrenocorticotrópico ACTH 
Hormônio foliculoestimulante FSH 
Hormônio luteinizante LH 
Hormônio do Crescimento GH 
Prolactina PRL 
β-Lipotropina β-LPH 
 
 Parte Intermediária: Menos de 5% da hipófise. As células da parte intermediária 
migram para a parte distal e aí constituem as células secretoras de ACTH e β-LPH. As 
células da parte intermediária secretam o MSH (Hormônio estimulante dos 
melanócitos)e pequenas quantidades de ACTH. 
HORMÔNIO ABREVIAÇÃO 
Hormônio estimulante dos melanócitos MSH 
 
 
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 Neuro-Hipófise: Consiste em células, pituícitos e fibras nervosas não mielinizadas, 
derivados de neurônios neurossecretores no hipotálamo. Fibras nervosas contêm 
Ocitocina e ADH em trânsito que serão secretadas na terminação do axônio para a 
circulação sistêmica. 
SISTEMA PORTA HIPOFISÁRIO 
Consiste em um sistema de veias que começa e termina nos capilares. Existe um plexo 
principal na parte ventral do hipotálamo. Há um plexo secundário na adeno-hipófise. Ambos 
os plexos estão ligados por vênulas porta hipofisárias que transportam sangue do plexo 
hipotalâmico para o plexo adeno-hipofisário. Os hormônios de liberação estimulam a síntese e 
liberação dos hormônios pela adeno-hipófise. Esse sistema impede tanto diluições hormonais 
hipotalâmicas quanto a necessidade de redes de distribuição. 
A proximidade do terceiro ventrículo com o sistema porta hipofisário permite rápida 
transferência dos hormônios e neurotransmissores para a adeno-hipófise provenientes dos 
líquidos do terceiro ventrículo. 
INTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E CIRCUITOS SECUNDARIOS 
Os hormônios de liberação sintetizados no hipotálamo são distribuídospara o sistema 
porta hipofisário e transportados para a adeno-hipófise, onde estimulam ou inibem a secreção 
de hormônios específicos. Os hormônios hipofisários são liberados na circulação, para 
estimular as secreções de glândulas secundárias. Tais secreções regulam os tecidos em 
funcionamento e exercem retroalimentação negativa sobre o hipotálamo e hipófise. 
 Circuito Supra-renal: As funções das glândulas supra-renais estão relacionadas à 
proteção do corpo durante circunstâncias de estresse, mediante a promoção de 
alterações metabólicas e adaptações cardiovasculares. Secreta cortisol, aldosterona, 
estrogênios, progestinas, androgênios pelo córtex e noradrenalina e adrenalina pela 
medula. Cortisol é o único que depende da secreção de ACTH para operar de minuto 
em minuto. 
 
 Circuito Tireóideo: As funções da glândula tireóide consiste na regulação do 
metabolismo corporal e do cálcio. Secreção de Triiodotironina (T3), Tiroxina (T4) e 
Calcitonina. Tanto a T3 quanto a T4 provocam alterações metabólicas, e a calcitonina 
impede a hipercalcemia. TRH  TSH  T3 e T4. A calcitonina não é excretada 
mediante estimulo TRH-TSH mas sim de acordo com a [ ] de Ca no sangue. A 
deficiência de TRH ou TSH causa atrofia da tireóide, e injeções de TRH ou TSH 
provocam o aumento da tireóide (bócio). 
Hipertireoidismo Hipotireoidismo 
Poliúria Alopecia 
Polifagia Pelo grosseiro, seco e sem brilho 
Perda de peso Hiperpigmentação 
Fraqueza e Fadiga Letargia 
Sensibilidade ao calor Sensibilidade ao frio 
Nervosismo Mixedema (facial) 
 
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Taquicardia Anemia 
Sopro Cardíaco Hipercolesterolemia 
 Galactorréia (aumento de TRH) 
 
 
 Circuito Ovariano: O ovário é uma glândula de função dupla: desenvolver e liberar 
óvulos, bem como secretar hormônios (estrogênio, progesterona, testosterona e 
inibina). GnRH  Sistema Porta Hipofisário  FSH e LH. FSH estimula o 
desenvolvimento folicular e a secreção de estrogênio. LH promove a ovulação. 
 
 Circuito Testicular: O testículo é uma glândula de função dupla: desenvolver e liberar 
espermatozoides, bem como secretar testosterona e inibina. GnRH  Sistema Porta 
Hipofisário  FSH e LH. FSH estimula a formação de espermatozoides e o LH a 
secreção de testosterona pelas Células de Leydig. Excesso de testosterona inibe a 
secreção de FSH e LH. Castração aumenta secreção de FSH e LH. 
 
 Circuito do Hormônio do Crescimento: Os efeitos do GH mais bem conhecidos são o 
estímulo do crescimento linear dos ossos longos e equilíbrio nitrogenado positivo, 
concomitantemente com o efeito lipolítico (em indivíduos altos e magros). O GH 
estimula o fígado a secretar os fatores I e II semelhantes à insulina. 
 
 Circuito da Prolactina: Promove a excreção de leite na fêmea, no macho não são bem 
compreendidas as funções. PRH  Sistema Porta Hipofisário  Lactotropos  PRL. 
Excesso de PRL promove ativação do PIH. 
 
 Circuito do Hormônio Estimulador dos Melanócitos: Efeitos mais conhecidos em 
peixes, anfíbios e répteis. Dispersão dos grânulos de melanina em células melanóforas 
e a agregação de pequenas placas reflexivas nas células iridóforas, que tornam escura 
a pele do animal. Em ambientes escuros a secreção de MSH não é inibida e em 
ambientes claros, ocorre a inibição, devido aos fotorreceptores da retina. 
 
 Circuito da Ocitocina: Função de estimular a contração do sistema de ductos 
mamários, para provocar a ejeção de leite e estimular as contrações uterinas durante 
o trabalho de parto e o coito. Nos machos, presume-se que auxilie na ejaculação. Não 
há participação do sistema porta hipofisário. O efeito fisiológico é finalizado em parte 
pela metabolização da ocitocina que tem uma meia vida de 1-3 minutos. Porém a 
administração IV prolonga a ação do hormônio para 20 minutos em porcas e vacas. 
 
 Circuito do Hormônio Antidiurético: Promove reabsorção de água para o sangue a 
partir do líquido tubular nos ductos coletores do rim. Objetivo de conservar água no 
organismo. Quando a pressão osmótica está acima do normal, aumenta-se a excreção 
de ADH. 
 
 
 
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Fisiologia Veterinária – Sistema Endócrino 
André Felipe Breda 
SISTEMA NÃO DEPENDENTE DO EIXO HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO 
 Os hormônios desse sistema não depende do EHH para continuarem a ser secretados, 
mesmo que haja remoção da hipófise ou do hipotálamo, por que não são controlados 
diretamente pela glândula hipotálamo-hipófise. Os hormônios promovem a regulação da 
glicose (Insulina, Glucagon, Epinefrina), do cálcio (PTH, Calcitonina, 1,25-hidroxicolecalciferol), 
do sódio e potássio (Aldosterona, Peptídio Natriurético Atrial [PNA]), bem como as enzimas 
gastrintestinais (Gastrina, Secretina, Colecistocinina [CCK]). 
 Regulação da Glicose: O aumento de glicose é identificado pelas células β do pâncreas 
ocorrendo então a liberação de Insulina promovendo a abertura de “comportas” 
celulares com o objetivo de fornecer glicose para as células musculares e adiposas. Em 
situações de hipoglicemia, ocorre então a liberação do Glucagon e de catecolaminas 
para degradar o glicogênio no fígado, liberando glicose no sangue. 
 
 Regulação do Cálcio: Os casos de hipocalcemia são detectados diretamente pelos 
receptores de cálcio na glândula paratireoide e nas células renais. Ocorre a secreção 
do PTH pela paratireoide e de 1,25-diidroxicolecalciferol. Ambos estimulam a 
degradação óssea pelos osteoclastos, o que promove a abertura das “comportas” para 
a liberação do Ca no sangue. Em casos de hipercalcemia, a calcitonina é secretada 
pelas células C na tireóide, levando o Ca de volta para os ossos. 
 
 Regulação do Sódio e do Potássio: A relação de Sódio/Potássio sanguínea média é de 
27:1. Os rins ajustam e monitoram as concentrações sanguíneas de sódio e potássio. 
Quando há redução de sódio ou aumento de potássio no sangue, a Renina é liberada 
no sangue onde catalisa a formação de angiotensinas. A angiotensina II estimula a 
liberação de aldosterona do córtex, promovendo assim a reabsorção de sódio e 
excreção de potássio. Animais com Hipoadrenocorticismo apresentam uma relação de 
sódio/potássio de 20:1. 
 
 Regulação da Secreção Enzimática Gastrintestinal: A chegada de alimentos no 
estomago estimula a secreção de hormônios gastrintestinais para a corrente 
sanguínea a partir das paredes celulares. Estes hormônios estimulam o fígado, o 
pâncreas e as células da parede intestinal a secretar enzimas digestivas para o lúmen 
intestinal. 
RETROALIMENTAÇÃO (FEEDBACK) 
O processo de retroalimentação, ou Feedback consiste na resposta hormonal realizada em 
determinado local, podendo gerar um estímulo caracterizando assim como “feedback +” e 
quando há uma inibição do potencial de ação trata-se de um “feedback -“.

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