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EPE HUNT Cap 6

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UNIVERSIDADE ESTADUAL
DE MONTES CLAROS
EVOLUÇÃO DO
PENSAMENTO ECONÔMICO
II
LUIZ PAULO FONTES DE REZENDE
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Bentham, Senior e Say
Capítulo 6 - O Subjetivismo Racionalista
• Jeremy Bentham
• William Nassau Senior
• Jean-Baptiste Say
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Jeremy Bentham
A ciência de Bentham
• Jeremy Bentham é um autor e teórico social do início da década de
1770 até 1832 com grande influência sobre a teoria econômica do
século XIX
• Obra “ Um introdução aos princípios de moral e legislação (1780)
destinava-se a ser um prefácio geral a um código de lei completo.
Esta obra não tem influência direta na teoria econômica, mas contém
uma apresentação bem elaborada da filosofia social utilitarista
• filosofia social utilitarista - base filosófica da economia neoclássica
nas últimas décadas do século XIX.
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O princípio da utilidade
• A humanidade está sob o domínio de dois mestres soberanos: a dor e
o prazer
• Bentham coloca no centro de seu foco o indivíduo e sua percepção de
felicidade.
• Toda motivação humana em todas as época s e lugares pode ser
reduzida a um único princípio: o objetivo de maximizar a utilidade.
• O cálculo de dor e prazer é feito mentalmente por todos os homens.
• Este autor acreditava que levando em conta o prazer obtido ou
esperado com determinada ação, seria possível descrever com
precisão o comportamento humano.
• Todas as diversas motivações eram meras manifestações do desejo de
prazer e de evitar a dor.
Jeremy Bentham
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O princípio da utilidade
• Método de quantificação do prazer. Para Bentham a determinação do
valor de um prazer ou de uma dor, será maior ou menor de acordo com
sete circunstâncias:
1 – Sua intensidade
2 – Sua duração
3 – Sua certeza ou incerteza
4 – Sua proximidade ou afastamento
5 – Sua fecundindade
6 – Sua pureza
7 – Sua extensão
Bentham não se limitava a conceber os seres humanos como
maximizadores calculistas do prazer, vendo-os também como
fundamentalmente individualistas. “ o interesse próprio predomina sobre
todos os outros interesses em conjunto”
Jeremy Bentham
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O princípio da utilidade
Ideias de Bentham
• Pessoas são essencialmente preguiçosas
• Aversão ao trabalho – o trabalho seria feito com a promessa de grande
prazer (remuneração) ou de evitar uma dor maior (fome)
• Estas ideias tornam a base da teoria do valor utilidade
• Bentham afirmou que “ a riqueza se mede pelo grau de valor” e este
valor se refere ao valor utilidade e não ao valor trabalho.
• Paradoxo da água e do diamante> diamante grande valor de troca e
baixo valor de uso enquanto que a água tem grande valor de uso e
baixo valor de troca.
• O excesso implica em baixa utilidade marginal e a escassez em alta
utilidade marginal . O Termo marginal não é utilizado por Bentham,
posteriormente por Jevons (teoria neoclássica) que elaborou uma teoria
da relação entre utilidade marginal e preço.
Jeremy Bentham
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As proposições de Senior
• Suas maiores contribuições para o desenvolvimento da economia
foram:
1. A teoria da abstinência como explicação para os lucros;
2. A teoria do valor-utilidade;
3. Sua interpretação à Lei dos Pobres e a discussão metodológica que
trouxe à tona.
• Ele acreditava que a Economia Política deve tratar essencialmente da
produção de riqueza e nunca do bem-estar social ou “felicidade”.
• Sempre que se arrisca discutir tais temas, o economista político é
obrigado a lançar mão da ética e da moral, defendendo determinada
porção da sociedade contra o restante.É assim que a ciência se
degenera em mero debate ideológico
William Nassau Senior
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As proposições de Senior (cont.)
• Para alcançar-se o rigor científico, ou ausência de juízos subjetivos, deve-
se buscar na produção de riquezas leis gerais que a regulam.A partir
destas, a ciência econômica poderá construir seu instrumental analítico.
• Pensando de tal maneira, Senior postulou cinco princípios nos quais
acreditava que a economia política deveria fundar suas bases, são eles:
1. “A riqueza consiste de todas aquelas coisas, e somente daquelas coisas,
que são transferíveis, limitadas em quantidade, e as quais, direta ou
indiretamente produzem prazer ou permitem que se evite a dor.
2. “Que toda pessoa deseja obter , com o mínimo sacrifício possível, tantos
artigos de valor quanto forem possíveis.”
3. “Que a produtividade do trabalho, e de todos outros instrumentos que
produzem riqueza, podem ser indefinidamente aumentados pelo uso de
seus produtos, como meios de nova produção.”
William Nassau Senior
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As proposições de Senior (cont.)
4. “Que, com a produtividade agrícola mantida constante, o trabalho adicional
empregado na terra em uma dada região, produz um retorno menos do que
proporcional. ”
5. “Que a população de uma dada região é limitada pelos costumes e por
maus de natureza física, ou pela deficiência dos meios utilizados para obter
artigos de valor.
A impossibilidade da satisfação
• “A utilidade não é uma qualidade intrínseca às coisas que dizemos úteis;
ela meramente expressa a relação destas com as dores e os prazeres da
humanidade.”
• Para Senior o valor é dado pela utilidade, permutabilidade e intensidade da
oferta,
• “Sendo esta última aquela que tem maior influência no valor, pois
determina o valor relativo.”
William Nassau Senior
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A impossibilidade da satisfação (cont.)
• O comportamento do ser humano é dirigido para a obtenção do máximo
de prazer(utilidade) com o mínimo esforço ou dor.
• A satisfação nunca é alcançada por aqueles que desenvolvem este
comportamento pois sempre existirão novas necessidades ou níveis
mais altos de prazer a serem atingidos.
• Daí decorre que, sendo as necessidades subjetivas e não comparáveis,
um indivíduo, mesmo possuidor de grande riqueza, tem fortes motivos
para buscar mais riqueza.
• Assim a produção de mercadorias nunca poderia exceder a busca pela
satisfação das necessidades individuais.
• A superprodução é impossível.
William Nassau Senior
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Salário, renda e lucro
• “A preocupação central de Senior em suas discussões sobre os salários
foi uma exposição da doutrina do fundo de salários.”
• Esta doutrina compreende o salário como determinado pela quantidade
de bens-salário disponíveis e o número de trabalhadores que estão
dispostos a trabalhar.
• Outro fator que regularia a magnitude do salário seria os controles
populacionais. Os controles mais eficazes consistiam em manter os
pobres sempre sob o “constante e extremo medo da escassez”. Para
este autor, o sofrimento destes é parte do preço que se paga pela
prosperidade do resto da sociedade.
• O papel do capitalista é tão vital e presume um sacrifício tão grande
como o do trabalhador.Isso pois é somente quando aquele se abstém
do consumo que cria os meios da nova produção.
William Nassau Senior
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Salário, renda e lucro (cont.)
• A abstenção é um custo, uma e é exatamente esta sua natureza que
legitima a apropriação do lucro. A abstinência é a “ fonte mais
importante de prosperidade de uma nação.”
• A renda é uma remuneração pela posse de uma propriedade ou
habilidade extraordinária, capaz de dar origem a mais riqueza do que
os demais meios: “Era um retorno de qualquer propriedade que tivesse
poder de monopólio, porque o objeto possuído não podia ser livremente
produzido.”
• Desta forma, o lucro obtido com a exploração de um capital herdado
pode ser chamado de renda, assim como o “ talento fora do comum” de
um trabalhador.
• Com isso, a remuneração como diferencial de cada uma das três
classes definidas pelos clássicos perde sua razão de ser. Daí a
concepção de Senior de que a sociedade é um todo em harmonia.
William Nassau Senior
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O Tratado de Say
• Quanto à grande obra de Say, o Tratado de Política Econômica, nos é
dito que: “O Tratado foi ‘o primeiro livro que ofereceuuma exposição
didática, seguindo um plano rigoroso, do conjunto da ciência
econômica. ’Ele tem as qualidades e defeitos de uma manual, um bom
manual.”
• Neste livro, o foco analítico de Say se coloca sobre a produção.
• Para determinar o objeto de tal estudo, Say define a Economia Política
de forma a restringi-la, eliminando a formalização matemática e
estatística, bem como quaisquer considerações de natureza política.
• Para Say “ A economia política só se transformou numa Ciência quando
se tornou uma ciência de observação.”
Jean-Baptiste Say
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Valor e produção
• J. B. Say (1767-1832) considerava-se discípulo de Adam Smith mas
dizia que estava corrigindo pequenos erros cometidos por ele
• Obra intitulada Um tratado de economia política, nesta obra ele atribui
que o Dr. Smith cometeu o seguinte erro: “Ele atribui a capacidade de
produzir valores apenas ao trabalho do homem. Isso é um erro”
• Say afirma que o preço ou o valor de troca de qualquer mercadoria
dependia inteiramente de seu valor de uso ou utilidade.
• “ o valor que a humanidade atribui aos objetos se origina do uso
que deles possa fazer... Tomei a liberdade de associar o termo
utilidade à capacidade de certas coisas satisfazerem os vários
desejos da humanidade... A utilidade das coisas é a base do seu
valor e seu valor constitui a riqueza...
• Say rejeita a noção que o trabalho era a fonte do valor e insiste que só a
utilidade criava valor.
Jean-Baptiste Say – J.B. Say
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Valor e produção
• O determinante do valor das mercadorias é a utilidade.
• Daí deriva a divisão do trabalho e a organização produtiva em si.
• No centro do sistema está o empresário, intermediário entre consumo e
produção. Sua função é fazer com que esta se adapte às necessidades
daquele.
• Em seu Tratado, Say, nos revela que a produção organizada levaria a
humanidade a alcançar de forma sucessiva, graus de prosperidade
mais altos, não existindo obstáculos a esta evolução.
A lei dos mercados – Lei de Say
• O enunciado geral da lei dos mercados de Say é: “É a produção que
cria mercados para os produtos” A oferta cria sua própria demanda.
Uma oferta cria uma demanda da mesma magnitude (Hunt, 2013;
p.117)
Jean-Baptiste Say
Harcourt Brace & Company
Despesa
Bens e
serviços
comprados
Receita
Bens e
serviços
vendidos
Terra, trabalho
e capital
Renda
Fluxo de bens e serviços (fluxo real
Fluxo de moeda ( fluxo monetário)
Insumos para
a produção
Salários, aluguéis
e lucros
FIRMAS
Produzem e vendem
bens e serviços
Contratam e utilizam
fatores de produção
Compram e consomem
bens e serviços
Detêm os fatores de
produção e os vendem
FAMÍLIAS
As famílias vendem
As empresas compram
MERCADOS
DE FATORES
DE PRODUÇÃO
As empresas vendem
As famílias compram
MERCADOS
DE
BENS E SERVIÇOS
O Diagrama do Fluxo Circular
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A lei dos mercados (cont.)
• O raciocínio que fundamenta este enunciado é o seguinte: A produção de
um lado presume a remuneração de fatores, e de outro implica na oferta de
mercadorias. Ou seja, a produção faz-se tanto de custos como de receitas,
sendo que parte de seus custos são, por sua vez, a receita dos
trabalhadores, com a qual adquirem mercadorias.
• Nesse sentido, temos aí algo mais abrangente e ambicioso do que uma
identidade. A grande decorrência desta lei, é, quando vista desta maneira,
a seguinte: “...desequilíbrios parciais e temporários, em certos mercados,
são sempre possíveis; porém, uma superprodução geral é impossível. A lei
de Say expressa a tendência do sistema capitalista ao equilíbrio dinâmico
de períodos longos.” (o mercado se ajusta automaticamente)
• Tal Lei está apoiada em algumas hipóteses fundamentais, que devem ser
reveladas:
• “A oferta de moeda ajusta-se, automaticamente, à procura de moeda. ”A
moeda aí só desempenha sua função de meio de troca.
Jean-Baptiste Say
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A lei dos mercados (cont.)
• Os mercados não têm barreiras à entrada (livre mercado);
• O progresso técnico aumentaria sempre a produção, gerando mais
empregos;
• “A natureza dos produtos adapta-se sempre, naturalmente, às
necessidades da sociedade.”
• O empresário possui racionalidade plena.
• Desta lei, surgem algumas implicações imediatas:
• Todos os recursos produtivos( principalmente trabalho e capital) são
totalmente utilizados; (Equilíbrio de pleno emprego)
• A concorrência (alimentada pela racionalidade) atribuída aos agentes
econômicos faz com que os mercados, quando se desequilibrarem, voltem
rapidamente ao equilíbrio.
• “O progresso técnico aumenta a renda real de todos os agentes
econômicos.”
Jean-Baptiste Say
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• BENTHAM, J.Jeremy Bentham's economic
writings.London:Published for the Royal Economic Society by Allen &
Unwin, 1952-54
• HUNT, E. K.História do Pensamento Econômico.Rio de Janeiro :
Campus, 1987
• Madrid : Tecnos, 1971
• SAY, J.B.Tratado de Economia Política. São Paulo: Abril Cultural,
1983
• SENIOR, N.Selected writings on economics. New York : A. M. Kelley,
1966
• SPENGLER, J. J.El pensamiento económico de Aristóteles a
Marshall:Ensayos.
Bibliografia

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