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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 20 II.1 O CONCRETO II.1.1 – Resistência à Compressão: fck ; fcd ; fcj A resistência à compressão denomina a classe do concreto e é sua propriedade mais importante, já que o mesmo trabalha direta ou indiretamente nesta condição e também pelo fato de que outras propriedades mecânicas são com ela diretamente relacionadas. Grandeza essencial ao dimensionamento de todas as solicitações, importa conhecer não só seu valor máximo final, como também sua evolução e deformações correspondentes. Isto se expressa por meio de diagramas “σε : tensão-deformação” extraídos de ensaios de corpos-de-prova(d), preparados de acordo com a NBR 5738 e rompidos(e, f, g) conforme a NBR 5739 (fig. 1). Figura 1 – Ensaio do Concreto à Compressão a b c d e f g UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 21 Os ensaios à compressão simples(b) são realizados em máquinas normalizadas(a, c) (NBR NM ISSO 7500-1), que rompem corpos-de-prova cilíndricos, com 15 cm de diâmetro e 30 cm de altura, curados à 20°C, por umidade ou saturação. Os ensaios são realizados com elevação(c) de tensão constante de 1 kgf/cm² por segundo e após rompido o corpo-de-prova e concluído um ensaio, pode-se construir seu diagrama formado por pares de tensões e correspondentes deformações (fig. 1). A obtenção de um diagrama tensão-deformação final e único, representativo do complexo comportamento (fig. 2) do concreto submetido à compressão, é tarefa fundamental para servir ao dimensionamento e passa pela superação de quatro dificuldades: 1a: O formato(a) dos diagramas σxε varia do elasto-plástico, com ruptura plastificada, ao linear com a ruptura explosiva. 2a: Selecionado o formato, a resistência experimenta acréscimo(b) contínuo ao longo do tempo, desde o final da pega, até sua estabilização após décadas. 3a: Fixado o tempo (idade), as resistências dos diversos corpos-de-prova de mesmo lote e dosagem dispersam-se(c) em torno de uma curva média fcm. 4a: Abordada a dispersão, a ruptura depende ainda da velocidade(d) de imposição do carregamento e de seu tempo de duração. Figura 2 – Complexidade de Comportamento do Concreto à Compressão 28 dias 7 dias carga lenta carga rápida carga ultra rápida a b c d fcm 1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 22 Quanto à resistência, a NBR 6118 cobre os dimensionamentos de elementos, em concretos correspondentes às classes de resistência do grupo I (20 ≤ fck ≤ 50 MPa), cujos diagramas formam trecho plastificado (deformações sem acréscimo de tensão) antes da ruptura, e grupo II (55 ≤ fck ≤ 90 MPa) da NBR 8953 (quadro 1), no qual esse trecho plastificado é tanto menor quanto maior for a resistência do concreto, apresentando uma ruptura mais brusca. Para elementos de concreto armado, a NBR 6118 permite que sejam utilizadas as classes C20 à C90, enquanto para elementos de concreto protendido, é permitido o emprego de concretos a partir da classe C25 em diante. A classe C15 só em obras provisórias de concreto armado ou sem fins estruturais e fundações, atendidas as condições da NBR6122. Quadro 1 – Grupos I e II e Classes de Concreto (NBR 8953) Outros testes enfatizam a plastificação do concreto. Pode-se ensaiar seu diagrama tensão-deformação, com peça funcionando à flexo-compressão e armadura conveniente no lado tracionado. Para tensões próximas à ruptura em seções não inteiramente comprimidas (fletidas) acentua-se a plastificação, resultando também em diagramas tensão-deformação semelhantes aos da figura 3. Com relação ao segundo ponto, verifica-se também pela figura 3, que embora o a resistência continue aumentando ao longo dos anos, este acréscimo se dá em velocidade reduzida comparada à evolução dos primeiros 28 dias. Assim, fixa-se esta idade, 28 dias, como a final e renuncia-se ao ganho posterior para efeito de dimensionamento. Com relação ao terceiro item, a dispersão de resultados para uma mesma dosagem, passa-se então a depender de um tratamento estatístico (fig. 4) para fixação de um valor de fck. Isto é feito com auxílio da curva normal de distribuição da Teoria das Probabilidades, também conhecida como curva de Gauss. Esta é obtida Classe de resistência Grupo I Resistência característica à compressão MPa Classe de resistência Grupo II Resistência característica à compressão MPa C20 20 C55 55 Legenda: C25 25 C60 60 CA C30 30 C70 70 CA e CP C35 35 C80 80 C40 40 C90 90 C45 45 C50 50 Tabela 1 - Classes de resistência de concretos estruturais C100 100 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 23 registrando-se no eixo das abscissas os valores encontrados para resistência e no eixo das ordenadas a freqüência com que elas são encontradas. Define-se a resistência característica do concreto à compressão fck, como aquela cuja probabilidade de ocorrência de valores inferiores seja menor que 5%. Figura 3 – Acréscimo de Resistência: O Ponto Limite (28) da Evolução Rápida Figura 4 – Dispersão, Histograma e Gauss; Estatística, Probabilidade e Risco. O último item foi estudado por Hubert Rüsch, cujos ensaios (fig. 5a) demonstraram que, sob ações de longa duração, o concreto sofre o efeito de micro- fissuração e rompe mais plastificado e com tensões inferiores àquelas obtidas nos ensaios convencionais (mais rápidos). Este fenômeno se manifesta para tensões superiores a 80% da tensão de ruptura e é conhecido como “Efeito Rüsch”. Tais ensaios, indicam que seria necessário reduzir a 0,80 o valor de fck para cargas de longa duração. Entretanto, tomando-se em conta o efeito compensador, já assinalado F re q ü ên ci a fck1 fck2 fcm fc UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 24 e também de longo prazo, do acréscimo de sua resistência após 28 dias, conclui-se que é suficiente a redução a 0,85fck para a tensão final máxima do concreto. Figura 5 – Efeito Rüsch e Diagramas Finais Idealizados do Concreto Comprimido Restam, assim, os diagramas finais idealizados do concreto comprimido indicados superpostos na figura 5b, onde: c ck cd f f paraconcreto aos 28 dias (1) fck resistência característica à compressão do concreto fcd resistência de cálculo à compressão do concreto c deformação específica de encurtamento do concreto c2 deformação específica do concreto no início do patamar plástico cu deformação específica do concreto na ruptura gc coeficiente de ponderação da resistência do concreto Para concretos de classes até C50: c2 = 2,0‰ cu = 3,5‰ Para concretos de classes C50 até C90: c2 = 2,0‰ + 0,085‰ (fck-50)0,53 (2) cu = 2,6‰ + 35‰ [(90-fck)/100]4 (3) Observa-se com a figura 6 que para valores de resistência à compressão superiores à 50 MPa, a deformação específica do concreto no início do patamar plástico (c2) tende a aumentar e a deformação específica do concreto na ruptura (c) tende a reduzir, até que em C90 assumem praticamente o mesmo valor. Isso indica que os concretos dda classe II de resistência são materiais mais frágeis. εc 0/00 2 min 20 min 100 min 3 dias t=∞ σc /fck a 100 dias b UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 25 Figura 6 - Comparativo entre εc2 e εcu É também necessário o conhecimento da resistência do concreto em idades diferentes de 28 dias. Adotam-se, então, as expressões: c ck c ckj cd ff f 1 concreto aos j dias (4) fckj resistência característica à compressão do concreto aos j dias j s ck ckj e f f 28 1 1 (5) s=0,38 para concretos de cimento CPIII e IV s=0,25 para concretos de cimento CPI e II s=0,20 para concretos de cimento CPV-ARI II.1.2 – Resistência à Tração: fct,m(Fig. 6) No concreto armado a resistência à tração do concreto é utilizada na verificação de abertura de fissuras de elementos fletidos ou tracionados. Desdobra-se em direta(a), cujos valores são obtidos pelas expressões adiante indicadas e indireta, com valores extraídos de dois tipos de ensaios, o de flexão(b) e o de compressão diametral(c,d) de corpos-de-prova cilíndricos (15x30). Se fckj ≥ 7 MPa, estas expressões podem também ser usadas para idades diferentes de 28 dias. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 26 Figura 7 – Resistência à Tração: Direta (Teórica) e Indireta por Ensaios Na ausência de ensaios, a resistência média a tração do concreto é expressa por - para classes até C50: 3/2 , 3,0 ckmct ff fct,m e fck em MPa (6) - para classes C55 até C90: )11,01ln(12,2, ckmct ff fct,m e fck em MPa (7) e os seus limites inferior e superior são dados, respectivamente, por mctctk ff ,inf, 7,0 fctk,inf e fct,m em MPa (8) mctctk ff ,sup, 3,1 fctk,sup e fct,m em MPa (9) A resistência do concreto à tração de dimensionamento, fctd, é dada por cctkctd ff /inf, fctk,inf e fct,m em MPa (10) Para fckj ≥ 7MPa, essas expressões podem também ser usadas para idades diferentes de 28 dias. II.1.3 – Módulos de Deformação: Longitudinais e Transversal Os módulos de deformação (ou elasticidade) são utilizados na Análise Estrutural, no cálculo de deformações e deslocamentos, e em dimensionamentos e verificações. II.1.3.1 – Módulos de Elasticidade Longitudinais: Eci; Ecs São definidos dois módulos de elasticidade longitudinais; tangente e secante. O módulo tangente corresponde ao carregamento inicial cordal a 30% da resistência à compressão do concreto e é obtido pelas expressões 11 e 12, para idades j 7 dias. É utilizado para o cálculo de deslocamentos produzidos por ações de curta duração. O a b c d UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 27 módulo secante é obtido pela expressão 13 e se utiliza para cálculo de deslocamentos provocados por ações de longa duração (fig.8). Figura 8 – Módulos de Deformação Longitudinais: Tangente e Secante ckEci fE 5600 , para fck de 20 MPa a 50 MPa (11) 3/13 25,110/105,21 ckEci fE , para fck de 55 a 90 MPa (12) com Eci e fck em MPa. O parâmetro αE é definido em função da natureza do agregado utilizado na confecção do concreto e assume os seguintes fatores: 2,1E para basalto e diabásio 0,1E para granito e gnaisse 9,0E para calcário 7,0E para arenito ciics EE Ecs e Eci em MPa (13) Eci módulo de elasticidade longitudinal tangente do concreto Ecs módulo de elasticidade longitudinal secante do concreto sendo 0,180/2,08,0 cki f Para idades inferiores a 28 dias, o módulo de elasticidade pode ser avaliado pelas seguintes expressões: ci 5,0 ckcjci Ef/f)t(E , para classes C20 a C45 Ec e fc em MPa (14) ci 3,0 ckcjci Ef/f)t(E , para classes C50 a C90 Ec e fc em MPa (15) 0,3 1 Ecs 1 0,3 Eci 1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 28 onde: Eci(t) estimativa do módulo de elasticidade do concreto para j entre 7 e 28 dias II.1.3.2 – Módulo de Elasticidade Transversal: Gc Pela Teoria da Elasticidade, o módulo de elasticidade transversal é função do módulo longitudinal e do coeficiente de Poisson . A NBR 6118 toma para este o valor de 0,2 e adota o módulo secante na expressão geral. Então: )1(2 E G (16) csc EG 4,0 (17) onde: Ecs módulo de elasticidade longitudinal secante do concreto. II.1.4 – Coeficiente de Dilatação Térmica: O coeficiente de dilatação térmica do concreto é fixado em =10-5 °C-1 pela NBR6118 para temperaturas compreendidas entre (–20)°C e (+100)°C. A Tabela 1 reúne os valores das expressões anteriores para as classes C20, C25 e C30, do Grupo I de resistências, considerando o uso de granito ou gnaisse como agregado graúdo. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 29 Tabela 1 – Concretos Usuais e suas Propriedades Variáveis s = 0,38 γc = 1,4 αE = 1,0 CLASSE f ck f cd dias β1 f cj f cj,d f ct,m f ctk,inf f ctk,sup E ci E cs G c 3 0,46 fc3 9,16 6,54 - - - - - - 7 0,68 fc7 13,68 9,77 1,72 1,20 2,23 20.710 17.604 7.335 14 0,85 fc14 17,09 12,21 1,99 1,39 2,59 23.149 19.676 8.198 20,00 20,00 14,29 28 1,00 fc28 20,00 14,29 2,21 1,55 2,87 25.044 21.287 8.870 90 1,18 fc90 23,66 16,90 2,47 1,73 3,21 27.239 23.153 9.647 365 1,32 fc365 26,32 18,80 2,65 1,86 3,45 28.732 24.422 10.176 36.500 1,45 fc∞ 28,94 20,67 2,83 1,98 3,68 30.125 25.607 10.669 3 0,46 fc3 11,45 8,18 - - - - - - 7 0,68 fc7 17,10 12,21 1,99 1,39 2,59 23.155 19.971 8.321 14 0,85 fc14 21,36 15,26 2,31 1,62 3,00 25.881 22.322 9.301 25,00 25,0017,86 28 1,00 fc28 25,00 17,86 2,56 1,80 3,33 28.000 24.150 10.063 90 1,18 fc90 29,57 21,12 2,87 2,01 3,73 30.454 26.267 10.945 365 1,32 fc365 32,91 23,50 3,08 2,16 4,00 32.123 27.706 11.544 36.500 1,45 fc∞ 36,17 25,84 3,28 2,30 4,27 33.681 29.050 12.104 3 0,46 fc3 13,74 9,81 - - - - - - 7 0,68 fc7 20,52 14,65 2,25 1,57 2,92 25.365 22.194 9.248 14 0,85 fc14 25,63 18,31 2,61 1,83 3,39 28.351 24.807 10.336 30,00 30,00 21,43 28 1,00 fc28 30,00 21,43 2,90 2,03 3,77 30.672 26.838 11.183 90 1,18 fc90 35,49 25,35 3,24 2,27 4,21 33.361 29.191 12.163 365 1,32 fc365 39,49 28,20 3,48 2,44 4,52 35.189 30.791 12.829 36.500 1,45 fc∞ 43,41 31,01 3,71 2,59 4,82 36.896 32.284 13.452 s = 0,25 γc = 1,4 αE = 1,0 CLASSE f ck f cd dias β1 f cj f cj,d f ct,m f ctk,inf f ctk,sup E ci E cs G c 3 0,60 fc3 11,96 8,55 - - - - - - 7 0,78 fc7 15,58 11,13 1,87 1,31 2,43 22.101 18.786 7.828 14 0,90 fc14 18,03 12,88 2,06 1,44 2,68 23.780 20.213 8.422 20,00 20,00 14,29 28 1,00 fc28 20,00 14,29 2,21 1,55 2,87 25.044 21.287 8.870 90 1,12 fc90 22,34 15,96 2,38 1,67 3,09 26.467 22.497 9.374 365 1,20 fc365 23,96 17,12 2,49 1,75 3,24 27.413 23.301 9.709 36.500 1,28 fc∞ 25,50 18,22 2,60 1,82 3,38 28.280 24.038 10.016 3 0,60 fc3 14,96 10,68 - - - - - - 7 0,78 fc7 19,47 13,91 2,17 1,52 2,82 24.710 21.312 8.880 14 0,90 fc14 22,54 16,10 2,39 1,68 3,11 26.587 22.931 9.555 25,00 25,00 17,86 28 1,00 fc28 25,00 17,86 2,56 1,80 3,33 28.000 24.150 10.063 90 1,12 fc90 27,92 19,94 2,76 1,93 3,59 29.591 25.523 10.634 365 1,20 fc365 29,95 21,40 2,89 2,03 3,76 30.648 26.434 11.014 36.500 1,28 fc∞ 31,88 22,77 3,02 2,11 3,92 31.618 27.271 11.363 3 0,60 fc3 17,95 12,82 - - - - - - 7 0,78 fc7 23,36 16,69 2,45 1,72 3,19 27.068 23.685 9.869 14 0,90 fc14 27,05 19,32 2,70 1,89 3,51 29.125 25.484 10.618 30,00 30,00 21,43 28 1,00 fc28 30,00 21,43 2,90 2,03 3,77 30.672 26.838 11.183 90 1,12 fc90 33,51 23,93 3,12 2,18 4,05 32.416 28.364 11.818 365 1,20 fc365 35,94 25,67 3,27 2,29 4,25 33.574 29.377 12.240 36.500 1,28 fc∞ 38,25 27,32 3,41 2,38 4,43 34.636 30.307 12.628 s = 0,2 γc = 1,4 αE = 1,0 CLASSE f ck f cd dias β1 f cj f cj,d f ct,m f ctk,inf f ctk,sup E ci E cs G c 3 0,66 fc3 13,26 9,47 - - - - - - 7 0,82 fc7 16,37 11,70 1,93 1,35 2,51 22.661 19.262 8.026 14 0,92 fc14 18,41 13,15 2,09 1,46 2,72 24.028 20.424 8.510 20,00 20,00 14,29 28 1,00 fc28 20,00 14,29 2,21 1,55 2,87 25.044 21.287 8.870 90 1,09 fc90 21,85 15,61 2,34 1,64 3,05 26.176 22.250 9.271 365 1,16 fc365 23,11 16,51 2,43 1,70 3,16 26.922 22.884 9.535 36.500 1,21 fc∞ 24,29 17,35 2,52 1,76 3,27 27.601 23.461 9.775 3 0,66 fc3 16,57 11,84 - - - - - - 7 0,82 fc7 20,47 14,62 2,24 1,57 2,92 25.335 21.852 9.105 14 0,92 fc14 23,01 16,44 2,43 1,70 3,16 26.864 23.170 9.654 25,00 25,00 17,86 28 1,00 fc28 25,00 17,86 2,56 1,80 3,33 28.000 24.150 10.063 90 1,09 fc90 27,31 19,51 2,72 1,90 3,54 29.266 25.242 10.517 365 1,16 fc365 28,89 20,64 2,82 1,98 3,67 30.099 25.961 10.817 36.500 1,21 fc∞ 30,37 21,69 2,92 2,04 3,80 30.859 26.616 11.090 3 0,66 fc3 19,89 14,21 - - - - - - 7 0,82 fc7 24,56 17,54 2,53 1,77 3,30 27.754 24.284 10.118 14 0,92 fc14 27,61 19,72 2,74 1,92 3,56 29.428 25.749 10.729 30,00 30,00 21,43 28 1,00 fc28 30,00 21,43 2,90 2,03 3,77 30.672 26.838 11.183 90 1,09 fc90 32,77 23,41 3,07 2,15 3,99 32.059 28.052 11.688 365 1,16 fc365 34,67 24,76 3,19 2,23 4,15 32.972 28.851 12.021 36.500 1,21 fc∞ 36,44 26,03 3,30 2,31 4,29 33.805 29.579 12.325 CONCRETO DE CIMENTO CP V - ARI E c, G c e f c em MPa CONCRETO DE CIMENTO CP I E CP II E c, G c e f c em MPa E c, G c e f c em MPaCONCRETO DE CIMENTO CP III E CP IV UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 30 II.2 O AÇO II.2.1 - Características Gerais Denominado pela NBR 6118 aço para armadura passiva, o aço para estruturas de concreto armado é normalizado pela NBR 7480 e fornecido pela indústria siderúrgica brasileira na forma de barras (a), fios (b) e telas soldadas(c,d) (fig. 10). Figura 10 – Aço para Armadura Passiva: Barras, Fios e Telas Os aços para concreto armado passam por trens de laminação, onde são lateralmente comprimidos e sofrem reduções graduais de seção transversal. Trens acabadores, discos especiais, exercem mais compressão conferindo-lhes seções circulares de diferentes diâmetros. Barras são produzidas por laminação à quente, (1200ºC) e, mais recentemente à frio, com diâmetros iguais ou superiores à 5mm e fornecidas em feixes, com comprimentos médios de 11 metros e tolerância de 9%. Fios são produzidos por trefilação ou estiramento, com diâmetros de até 10 mm e usualmente fornecidos em rolos embalados. A trefilação consiste na deformação à frio do aço, que é forçado por tração a passar por diversas fieiras (anéis) com diâmetros gradativamente menores. Estes esforços mudam a textura do aço trefilado, aumentam sua resistência e reduzem sua ductilidade (os alongamentos finais caem cerca de 70% > CA-25:18%; CA-60:5%). Telas são formadas por fios soldados por caldeamento (eletossoldados) nos pontos de cruzamento e disponibilizadas em forma de rolos(1c) ou painéis(1d) com diversas opções para suas malhas (padrões, dimensões, bitolas e espaçamentos). a b c d e f g i h UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 31 II.2.2 – -Classificação por Categorias e Resistência à Tração: fyk ; fyd A NBR 7480 classifica os aços para concreto armado nas categorias, CA-25(e), CA-50(f) e CA-60(g,h). Os dois primeiros fornecido na forma de barras(e,f) e o terceiro disponibilizado em rolos telas(c,d,i) e, mais recentemente, barras(h). O prefixo CA simboliza ser aço empregado no concreto armado (em contraposição ao aço CP para protensão) e o valor numérico corresponde à tensão característica de escoamento do aço em kgf/mm² (KN/cm2). A tensão de escoamento do aço é denominada por fyk. O índice “y” significa escoamento (yield) e “k” indica se tratar de um valor característico (tab. 2). Tabela 2 – Propriedades Mecânicas para Armaduras de Concreto Armado Ensaiados de forma análoga ao concreto(11a), os aços CA-25 e CA-50, obtidos por laminação à quente, possuem patamar de escoamento bem definido(10a.b;12b). Os aços CA-60, produzidos por encruamento, que consiste na imposição de deformações permanentes ao material a frio, como ocorre na trefilação, não possuem patamar de escoamento bem definido(10a.c) e assume-se que seu valor de escoamento é atingido para uma deformação residual de 20/00. Simplificadamente, a NBR 6118 permite que ambas as classes (com ou sem patamar de escoamento) sejam representadas pelo diagrama tensão-deformação(11c) a seguir indicado, correspondente a primeira delas. À compressão o aço funciona com tensões e deformações equivalentes às obtidas nos ensaios de tração. Para compatibilização com o concreto, a deformação de compressão é limitada a 3,5 0/00. É fundamental estabelecer ainda, que a NBR 7480 fixa como propriedades exigíveis para aços destinados às armaduras de concreto armado alongamentos UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos MateriaisMAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 32 mínimos na ruptura que variam de 5% (CA-60) até 18 % (CA-25). Verifica-se, portanto que o alongamento máximo estabelecido para o aço não corresponde ao limite dele próprio e sim a um limite de alongamento que o concreto a ele aderido pode suportar sem fissuração exagerada. Figura 11 – Aço: Diagramas Tensão-Deformação Figura 12 – Aço: Diagramas Tensão-Deformação onde: σsd valor de cálculo da tensão do aço; Es módulo de elasticidade do aço; εsd a deformação específica do aço; εyd deformação de cálculo do aço correspondente ao início do escoamento; s yk yd f f resistência de cálculo do aço (18); fyk resistência característica do aço; gs coeficiente de minoração da resistência do aço. a b c AÇO CA 50 AÇO CA 60 a b c UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 33 II.2.3- Bitolas Padronizadas A Tabela 3 apresenta as bitolas padronizadas pela “ABNT NBR 7480:2007 - Barras e Fios de Aço Destinados a Armaduras para Concreto Armado - Especificação” Tabela 3 - Características de Fios e Barras para Bitolas Padronizadas mm kgf/m UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 34 II.2.4 - Módulo de Elasticidade: ES (Fig.12) O Módulo de elasticidade do aço de armadura passiva é admitido com valor Es=210 GPa, podendo também ser informado por fabricantes ou obtido por ensaios. Figura 12 – Aço: Módulo de Elasticidade II.2.5 - Conformação Superficial O aço, mesmo liso, adere naturalmente ao concreto. Esta propriedade do concreto armado é melhorada por saliências e ranhuras (impostas à superfície das barras e fios, durante a laminação e trefilação) que determinam o coeficiente de conformação superficial de barras e fios, cuja classificação é apresentada na Tabela 4. Tabela 4 – Coeficientes de Conformação Superficial Tipo de Barra, Fio ou Tela Coeficientes de Conformação Superficial b 1 Lisa (CA–25) 1,0 1,0 Entalhada (CA–60) 1,2 1,4 Alta aderência (CA–50) e (CA–60) 1,5 2,25 II.2.6 - Coeficiente de Dilatação Térmica: Fixado em =10-5°C-1 para temperaturas compreendidas entre (–20)°C e (+100)°C. E s 1 f UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 35 II.3 O CONCRETO ARMADO O concreto armado é um compósito resultante da associação de uma matriz (o concreto), material de ligação, com um (ou mais) reforço (a armadura). A matriz fixa o reforço em sua posição relativa e este melhora suas propriedades mecânicas. Ambos permanecem quimicamente distintos e mecanicamente separáveis. São três as propriedades fundamentais que viabilizam o funcionamento conjunto do aço e concreto como material estrutural único: Aderência, proteção do aço pelo concreto e proximidade de seus coeficientes de dilatação térmica. A supressão de uma ou mais destas propriedades impede, de imediato ou gradativamente, que o compósito trabalhe adequadamente como estrutura de concreto armado. Estas propriedades fundamentais e outras características adicionais são a seguir analisados. II.3.1 - Aderência entre Concreto e Aço: fbd O funcionamento do concreto armado como material estrutural decorre fundamentalmente da solidariedade entre concreto e aço. Esta evita o escorregamento relativo entre a armadura e o concreto que a envolve. Assim, ao se carregar um elemento estrutural, suas seções se deformam e o aço se alonga (ou encurta) em medida idêntica à sua fibra de concreto adjacente. Esta igualdade de deformações constitui a essência dos modelos de dimensionamento à solicitações normais e a aderência é a propriedade que garante essa solidariedade. O cálculo dos comprimentos de ancoragem e de emendas das armaduras, efetuados na etapa de detalhamento, dependem da quantificação da tensão resistente de aderência por meio de expressões calcadas em ensaios. II.3.1.1 - Composição da Aderência (Fig. 13) A aderência é composta por dois efeitos: Físico-químico e mecânico. O primeiro consiste na força de adesão que se opõe à separação dos dois materiais e se forma por ligações físico-químicas na interface(a) destes durante à “pega”. O efeito mecânico subdivide-se em duas parcelas; força de atrito e resistência pelas nervuras das superfícies das barras. O atrito, função da rugosidade superficial da barra e de pressão transversal exercida pela retração do concreto sobre a mesma(b), se avalia a partir de ensaio de arrancamento. As nervuras das superfícies oferecem obstáculos físicos(c) que UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 36 intensificam a solidariedade das barras ao concreto e caracterizam o coeficiente de a conformação superficial das mesmas. Figura 13 – Parcelas da Aderência: Adesão, Atrito e Nervuras II.3.1.2 – Regiões de Aderência Logo após o lançamento do concreto fluido no interior das formas, ocorre o fenômeno da exsudação, migração da água de amassamento (parcela que não reage com cimento) em direção à superfície superior da peça, provocando o acúmulo de água próximo à superfície inferior das barras que estão em seu caminho. Esta concentração forma regiões porosas, com acentuada redução da resistência de aderência. Estas regiões porosas são denominadas de má-aderência (fig.14). Elementos com alturas de até 30 cm, não produzem exsudação suficiente para formar regiões de má aderência. Figura 14 – Exsudação do Concreto e Regiões de Má-Aderência A NBR 6118 classifica as posições das armaduras em duas condições; regiões de boa aderência e regiões de má aderência, conforme ilustra a figura 15: a b c UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 37 a) Regiões de boa aderência Barras verticais, ou com inclinação maior que 45o sobre a horizontal. Barras horizontais ou com inclinação inferior a 45o sobre a horizontal nas seguintes condições: o Elementos estruturais com altura menor que 60 cm, localizados no máximo a 30 cm acima da face inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima. o Elementos estruturais com altura maior ou igual a 60 cm, localizados no mínimo 30 cm abaixo da face superior do elemento ou da juntade concretagem mais próxima. b) Regiões de má aderência Barras em quaisquer outras posições distintas das anteriores. Figura 15 – Regiões de Aderência II.3.1.3 – Resistência de Aderência: fb, fbd A determinação da resistência de aderência se faz por ensaio de arrancamento de barra parcialmente concretada, de diâmetro , sob a ação de esforço normal crescente como ilustra figura 16. Após o arrancamento, define-se como fb o valor limite da tensão de aderência e fbd o seu correspondente para cálculo de ancoragens e emendas. De acordo com o item 9.3.2.1 da NBR 6118, esta é definida por: h > 60cm B B M B h - 30cm B h < 30cm h - 30 cm 30 cm M α < 45º h < 60cm B α > 45º B UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 38 Figura 16 - Ensaio de Arrancamento. ctdbd ff 321 (19) Onde: 1 fator de conformação superficial da barra e expresso na Tabela 4 2 fator que considera a condição de aderência da barra 3 fator de correção do diâmetro da barra fctd resistência à tração direta nas fibras inferiores (ver item II.1.2 deste cap.) Tabela 5 – Coeficiente de Condição de Aderência da Barra Condição de Aderência 2 Região de boa aderência 1,0 Região de má aderência 0,7 Tabela 6 – Coeficiente de Correção do Diâmetro da Barra barra (mm) 3 < 32 mm 1,0 32 mm (132-Ф)/100 L m N UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 39 II.3.2 – Proteção do Aço pelo Concreto O concreto protege o aço contra oxidação em dois patamares: Em nível físico por meio de cobrimentos da armadura com valores mínimos estabelecidos pela NBR6118. Em nível químico, o cálcio presente no concreto forma uma película protetora em torno da armadura. A presença de cloro acima de valores aceitos por norma anula esta proteção. II.3.3 – Proximidade dos Coeficientes de Dilatação Térmica Verifica-se nos capítulos anteriores que a NBR 6118:2014 fixa valores iguais para o coeficiente de dilatação térmica do concreto e do aço. Na realidade estes valores são muito próximos, porém não exatamente iguais, sendo o do aço aproximadamente 20% maior que o do concreto. II.3.4 – Massa Específica O campo de aplicação da norma abrange concretos secos em estufa com massa específica entre 2.000 kgf/m3 e 2.800 kgf/m3. Não se conhecendo a massa específica do concreto pode-se adotar: Concreto simples 2.400 kgf/m3 Concreto armado 2.500 kgf/m3 II.3.5 – Atributos Favoráveis A moldabilidade é seu maior valor, admitindo ampla elasticidade para concepções e formas, bem como monoliticidade estrutural. Seus componentes majoritários, água e agregados, são materiais abundantes em diversas regiões geográficas, de baixo custo e em geral disponíveis próximo às construções. Também é de baixo custo a mão-de-obra empregada em sua execução, que não exige profissionais com elevada qualificação. Estruturas bem projetadas e construídas (garantidos os cobrimentos das armaduras) apresentam solidez e segurança em situações de incêndio, baixa permeabilidade (1 x 10-10 cm/seg) e custos de conservação reduzidos. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL CURSO DE CONCRETO ARMADO Capítulo II – Propriedades dos Materiais MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO pág. 40 É também resistente à choques, vibrações, efeitos térmicos, atmosféricos e desgaste mecânico. É em termos econômicos um bom meio para a reciclagem de rejeitos da própria indústria e apresenta modesta demanda para consumo de energia, já que o cimento Portland, aproximadamente 10-15% do concreto é o produto que demanda maior energia para ser produzido. A massa térmica elevada modera as trocas de temperatura, economizando energia de aquecimento ou resfriamento de seus ambientes. II.3.6 – Características Restritivas A baixa resistência à tração e fragilidade do concreto, já apontadas, provocam o surgimento de fissuras em suas regiões, direta ou indiretamente tracionadas. No concreto armado esta fissuração não se consegue impedir; apenas controlar para que se evite a corrosão das armaduras. Constitui ponto que exige atenção tanto na fase de projeto como na de construção. Seu peso próprio é elevado em proporção à sua resistência e o custo de formas para sua moldagem é significativo.
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