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Caderno de Direito Penal - Parte geral e crimes contra a vida

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Direito Penal
Direito Penal I –Parte geral e Teoria Geral da Pena
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
PRÍNCÍPIOS DO DIREITO PENAL
Princípio da Legalidade: Também chamado de legalidade estrita, reserva legal ou intervenção legalizada, esse princípio proclama que as infrações penais – nelas compreendendo-se os crimes e contravenções penais – e suas sanções – quais sejam, penas e medidas de segurança – devem ser criadas tão somente por meio de lei aprovada pelo Parlamento, e devem ser anteriores ao momento da existência do crime. A doutrina subdivide o princípio em:
a) Princípio da anterioridade: Uma pessoa só pode ser punida se, à época do fato por ela praticado, já estava em vigor a lei que descrevia o delito. Assim, consagra-se a irretroatividade da norma penal (salvo a exceção do art. 2º do CP).
b) Princípio da reserva legal: Apenas a lei em sentido formal pode descrever condutas criminosas. É vedado ao legislador utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outras formas legislativas para incriminar condutas.
O princípio da legalidade possui algumas funções fundamentais, quais sejam:
LEGE STRICTA: A competência para criar crimes e cominar penas é do Poder Legislativo (CF, art. 22, I), por meio de lei, de sorte que essa tarefa é proibida aos Poderes Executivo e Judiciário, bem como é proibida a analogia contra o réu (nullum crimen, nulla poena sine lege stricta).
LEGE SCRIPTA: Os costumes não têm a força de criar crimes e cominar sanções penais, uma vez que a lei deve ser escrita, ou seja, é proibido o costume incriminador (nullum crimen, nulla poena sine lege scripta). 
LEGE CERTA: Os tipos penais devem ser de fácil entendimento pelo cidadão, justamente para que possa se orientar daquilo que é certo ou errado. Desse modo, decorre a proibição da criação de tipos penais vagos e indeterminados. A lei penal deve ser precisa e determinada. Nesse enfoque, tem-se o princípio da taxatividade (nullum crimen, nulla poena sine lege certa).
LEGE PREVIA: Proibição da aplicação da lei penal incriminadora a fatos – não considerados crimes – praticados antes de sua vigência. Trata-se do princípio da anterioridade (nullum crimen, nulla poena sine lege praevia).
Princípio da intervenção mínima – última ratio
O Direito Penal deve atuar de forma subsidiária (Direito Penal de ultima ratio), isto é, somente quando insuficientes as outras formas de controle social. Assim, o Direito Penal deve ser um meio necessário de proteção do bem jurídico. A tutela penal deixa de ser necessária quando existir, de forma eficaz, outros meios de controle social (formais ou informais) menos lesivos aos direitos individuais. O Direito Penal não deve buscar a maior prevenção possível, mas o mínimo de prevenção indispensável.
Procurando restringir ou impedir o arbítrio do legislador, no sentido de evitar a definição desnecessária de crimes e a imposição de penas injustas, desumanas ou cruéis, a criação de tipos delituosos deve obedecer à imprescindibilidade, só devendo intervir o Estado, por intermédio do Direito Penal, quando os outros ramos do Direito não conseguirem prevenir a conduta ilícita (Damásio de Jesus).
Assenta-se na Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, cujo art. 8º determinou que a lei só deve prever as penas estritamente necessárias (Fernando Capes).
Princípio da fragmentariedade
O direito penal só protegerá os bens jurídicos mais importantes para a manutenção da vida em sociedade. Em outras palavras, o Direito Penal não deve tutelar todos os bens jurídicos, mas somente os mais relevantes para a sociedade (vida, liberdade, patrimônio, meio ambiente, etc), e, mesmo assim, somente em relação aos ataques mais intoleráveis.
Princípio da ofensividade
Diz respeito não apenas à imoralidade da conduta como também à possibilidade de ofensa ao bem jurídico penal tutelado. Apenas as condutas que causam lesão (dano efetivo ou dano potencial) a bem jurídico, relevante e de terceiro, podem estar sujeitas ao Direito Penal. Somente haverá crime se a conduta for apta a ofender determinado bem jurídico.
O princípio da ofensividade considera inconstitucionais todos os chamados “delitos de perigo abstrato”, pois, segundo ele, não há crime sem comprovada lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico. Não se confunde com princípio da exclusiva proteção do bem jurídico, segundo o qual o direito não pode defender valores meramente morais, éticos ou religiosos, mas tão somente os bens fundamentais para a convivência e o desenvolvimento social. Na ofensividade, somente se considera a existência de uma infração penal quando houver efetiva lesão ou real perigo de lesão ao bem jurídico. No primeiro, há uma limitação quanto aos interesses que podem ser tutelados pelo Direito Penal; no segundo, só se considera existente o delito quando o interesse já selecionado sofrer um ataque ou perigo efetivo, real e concreto.
O Direito Penal só deve ser aplicado quando a conduta ofende um bem jurídico, não sendo suficiente que seja imoral ou pecaminosa. Entre nós, esse princípio pode ser extraído do art. 98, I, da Constituição Federal, que disciplina as infrações penais de menor potencial “ofensivo”. Para um setor da doutrina, o princípio da ofensividade (nullum crimen sine injuria) requer, para a existência (material) do crime, que a conduta produza uma lesão efetiva ou um perigo concreto ao bem juridicamente tutelado.
TEORIA DA NORMA PENAL
Fontes do Direito Penal
Por fonte do Direito deve ser entendida a sua origem primária, relacionada com a própria gênese da lei, significando tudo aquilo que impulsiona o surgimento da norma jurídica. Distinguem-se as fontes do Direito Penal em materiais (ou de produção) e formais (ou de cognição ou conhecimento). As últimas podem, ainda, ser imediata ou mediatas.
Fonte material ou de produção
Relaciona-se à produção da norma penal, com respeito ao órgão encarregado de sua elaboração; é o Estado entendido como a Federação brasileira. Conforme preceitua o art. 22, I, da CF, compete privativamente à União legislar sobre direito penal. Assim, cabe tão-somente à União, como única fonte de produção, ditar normas gerais de Direito Penal, bem como proibir ou impor determinadas condutas (comissivas ou omissivas), sob a ameaça de sanção. A Constituição Federal, ao referir-se à competência privativa da União, quer dizer que somente a conjugação da vontade do povo, representado pelos seus deputados, com a vontade dos Estados, representados pelos seus senadores, e, ainda, com a sanção do Presidente da República, é que pode inovar em matéria penal.
Fontes formais ou de cognição ou de conhecimento Dizem respeito ao modo de exteriorização do Direito Penal e podem ser imediata (ou direta) e mediatas (ou indiretas ou secundárias).
Norma penal e lei penal
Norma é o mandamento de uma conduta normal, advindo do sentido de justiça que possui determinado segmento social. Lei, por sua vez, é a regra escrita elaborada pelo legislador, possuindo o objetivo de positivar condutas consideradas nocivas à sociedade. Lei, portanto, é o veículo pelo qual a norma se manifesta e torna obrigatória a sua observância. Em toda lei penal incriminadora há duas partes distintas: o preceito primário (ou simplesmente preceito ou ainda preceptum juris) e o preceito secundário (ou sanção ou ainda sanctio juris). O preceito primário contém a definição da conduta criminosa; o preceito secundário contém a respectiva sanção penal.
Classificação das leis penais
a) Leis penais incriminadoras: São as que criam crimes e impõem as respectivas sanções. Estão contidas na Parte Especial do Código Penal e na legislação penal extravagante.
b) Leis penais não incriminadoras: São as que não criam crimes e nem cominam em penas, subdividindo-se em:
I – Permissivas: São as que autorizam a prática de determinadas condutas típicas, presentes na Parte Geral do Código Penal (p. ex. a legítima defesa eo estado de necessidade – art. 23 do CP) e também na Parte Especial, ainda que com escassez (arts. 128 e 142 do CP);
II – Exculpantes: São as que estabelecem a inculpabilidade do agente ou a impunidade de determinadas condutas típicas e ilícitas, presentes na Parte Geral do Código Penal, como a inimputabilidade por doença mental (art. 26, caput, do CP), a inimputabilidade pela menoridade do agente (art. 27 do CP) e a prescrição (art. 107, IV, do CP) e na Parte Especial, como no art. 312, § 3º, 1a parte, do CP, e no art. 342, § 2º, do CP;
III – Explicativas, interpretativas ou complementares: são as que esclarecem o conteúdo de outras normas, ou delimitam o âmbito de sua aplicação. Ex.: contagem do prazo penal (art. 10 do CP), conceitos de causa (art. 13, caput, 2a parte, do CP), casa (art. 150, § 4º, do CP) e funcionário público (art. 327 do CP);
IV – Diretivas: São as que estabelecem princípios de determinada matéria, como o Princípio da Reserva Legal (art. 1º do CP);
V – Finais complementares ou de aplicação: São as que fixam limites de validade das normas incriminadoras, como os arts. 2º e 5º do CP.
c) Leis penais de ampliação, extensão ou integrativas: são as que complementam a tipicidade do fato, como aquelas atinentes à tentativa (art. 14, II, do CP) e à participação (art. 29 do CP).
d) Leis penais completas: São as que definem todos os elementos da figura típica, como o homicídio (art. 121 do CP).
e) Leis penais incompletas: São as que reservam o complemento da figura típica a outra norma, a um ato administrativo ou ao juiz. São as leis penais em branco e os tipos penais abertos.
Lei penal em branco
A expressão “lei em branco” foi utilizada, pela primeira vez, por Binding, para chamar aquelas normas que, não obstante contenham sanção penal determinada, seu respectivo preceito primário não é formulado senão como proibição genérica, devendo ser complementado por outra lei (em sentido amplo). As leis penais em branco classificam-se em:
a) Homogêneas ou impróprias: Em sentido lato, são aquelas em que o complemento provém da mesma fonte formal da norma incriminadora. O órgão encarregado de formular o complemento é o mesmo órgão elaborador da lei penal em branco; em sentido estrito, são aquelas cujo complemento está contido em norma que procede de outra instância legislativa. A lei penal é complementada por ato normativo infralegal, como uma portaria ou um decreto.
A Lei nº 11.343/2006 passou a adotar terminologia diversa da usada pelas (revogadas) Leis n.ºs 6.368/76 e 10.409/02. No lugar de substância entorpecente, utiliza a expressão droga. De acordo com o conceito legal, drogas são substâncias entorpecentes ou produtos capazes de causar dependência, e que estejam especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas, de forma periódica, pelo Poder Executivo da União (parágrafo único do art. 1º). Trata-se de lei penal em branco, complementada por preceito administrativo (Portaria SVS/MS 344/98, atualizada pela Resolução ANVISA 178/02).
b) Heterogêneas: São aquelas cujo complemento está contido em norma que procede de outra instância legislativa. A lei penal é complementada por ato normativo infra legal, como uma portaria ou um decreto. Ex.: o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, previsto no art. 14, caput, do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03), remete ao chamado R-105 (Decreto nº 3.665/00), que define efetivamente o que é arma, o que é acessório e o que é munição.
EFEITOS DA LEI PENAL NO TEMPO
Art. 2º, CP: Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Expressa o abolitio criminis; quando nova lei penal descriminaliza fato que a lei anterior considerava como crime. Assim, a lei anterior é revogada e o fato passa a ser considerado atípico. Ex.: adultério, rapto consensual e sedução. Só há o afastamento dos efeitos penais, os extra-penais permanecem (civil, administrativo, etc.).
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Retroatividade benéfica: Constitui exceção que só se aplica in bonam parte. Ultratividade da lei penal: quando uma lei benéfica é revogada por uma mais prejudicial. O trânsito em julgado não trás óbice.
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Lei excepcional ou temporária: Lei regulamentada para um contexto específico. Ex.: Copa do Mundo 2014 – Lei geral da Copa (Lei n. 12.663 de 2012), que valia para a Copa das Confederações, para a JMJ e para a Copa do Mundo de 2014.
Tempo e lugar do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Considera o momento da prática – teoria da atividade.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Local do crime:
a) Lugar da ação ou omissão
b) Lugar do resultado
Teoria da ubiqüidade. Art. 70 do Código de Processo Penal: determinação de competência
Conflito aparente de normas penais
Na hipótese de determinado fato apresentar dificuldade para a correta adequação típica, tendo em vista que aparentemente se mostra subsumido a mais de um tipo penal, surge o conflito aparente de normas. Assim, temos como pressuposto desse conflito a unidade de fato e a pluralidade de normas (tipos penais). Para solucionar a questão, seguem-se os seguintes princípios:
a) Princípio da especialidade: No conflito entre um tipo penal genérico e um tipo penal específico, prevalece o específico. O tipo específico contém todos os elementos do tipo penal genérico e outros que caracterizam a sua especialidade – chamados de especializantes, os quais podem tornar o fato mais grave ou mais benéfico ao agente. Ex.: homicídio e infanticídio.
b) Princípio da subsidiariedade (“soldado de reserva” de Nelson Hungria”): preceitua que havendo no ordenamento jurídico duas previsões penais para o mesmo fato, recorrer-se-á à aplicação do mais abrangente (primária) em lugar do menos abrangente (subsidiário ou secundário). 
c) Consunção ou absorção: Absorção de um dos verbos previstos na norma penal. Diz respeito aos crimes plurinucleares.
d) Alternatividade: Aplicação alternativa de um dos verbos previstos na norma penal. Diz respeito aos crimes plurinucleares. 
Crimes progressivos e progressão criminosa
Crime progressivo: Prática de um crime-meio para se chegar a um crime fim.
Progressão criminosa: Inicialmente o agente pretendia a prática de um crime menor e no decorrer da prática resolve praticar outro mais grave.
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Aplicação da lei brasileira aos crimes cometidos no território nacional. Teoria temperada: Se houver disposição em tratado ou convenção de direito internacional o Brasil poderá deixar de aplicar a lei penal.
Extraterritorialidade
a) Incondicionada: Diz-se incondicionada porque não se subordina a qualquer condição para atingir um crime cometido fora do Brasil. Está elencado no art. 7, inc. I:
Crimes contra a vida ou liberdade do Presidente da República (princípio da defesa, princípio real ou princípio de proteção);
Crimes contra o patrimônio público;
Crimes contra a administração pública por quem está a seu serviço;
Genocídio contra brasileiro ou domiciliado no Brasil.
b) Condicionada: A lei nacional só se aplica ao crime cometido no estrangeiro se satisfeitas as condições indicadas no §2º e alíneas a e b do §3º. 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção,o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
TEORIA GERAL DO CRIME
Conceito material: Crime seria todo fato humano que propositada ou descuidadamente lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais. Tal conceito estabelece o porque de determinados crimes serem considerados ou não criminosos.
Conceito formal: Toda conduta que atente e colide frontalmente contra lei penal editada pelo Estado. Considera sem levar em conta a essência ou lesividade, afrontando o princípio constitucional da dignidade humana. 
Conceito analítico: Aquele que busca, sob um prisma jurídico, estabelecer elementos estruturais do crime. Propicia decisão mais correta e justa sobre a infração penal e seu autor, fazendo com que o intérprete ou julgador desenvolva seu raciocínio em etapas.
TEORIAS SOBRE A AÇÃO
Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. (Lei de Introdução ao Código Penal – Decreto-Lei n. 3.914 de 1941)
Teoria causal-naturalística (clássica)
Conduta é o comportamento humano voluntário que produz modificação no mundo exterior (ou seja, conduta é ação apenas, não se falando em omissão, dolo eventual, negligência, imperícia ou imprudência).
A vontade é a causa da conduta, e a conduta é a causa do resultado. O elemento volitivo, interno, acarreta em movimento corporal do agente, o qual, objetivamente, produz o resultado. Independe de dolo ou culpa.
Autores: Liszt, Beling, Radbruch, Aníbal Bruno, Nelson Hungria.
Teoria finalista da ação
A conduta seria um comportamento humano, consciente e voluntário, dirigido a um fim. Não considera a omissão e sopesa o dolo e a culpa na análise do fato típico.
Autores: Hans Welzsel, Fragoso, Damásio de Jesus, Mirabete, Miguel Reale Júnior.
Teoria social da ação
Ação é a conduta humana socialmente relevante, dominada e dominável pela vontade. Propõe a teoria da adequação social que um fato considerado normal, correto, justo e adequado pela coletividade não pode ao mesmo tempo produzir algum dano a essa mesma coletividade, e, por essa razão, ainda que formalmente enquadrável em um tipo incriminador, não pode ser considerado típico.
Teoria jurídico penal
Tenta conciliar todas as teorias anteriores. Assim, ação é o comportamento humano dominado ou dominável pela vontade, dirigida para a lesão ou para a exposição a perigo de um bem jurídico ou ainda para a causação de uma previsível lesão a um bem jurídico.
ELEMENTOS DO CRIME
Fato típico e antijurídico
(teoria bipartida, adotada por parte da doutrina – p. ex. Fernando Capez)
Fato típico, antijurídico e culpável
(teoria tripartite, adotada pelo Código Penal)
Fato típico, antijurídico, culpável e punível
(teoria quadripartida)
FATO TÍPICO
É o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto em Lei (Fernando Capez). São seus elementos: a) conduta dolosa ou culposa; b) resultado (em crimes materiais); c) nexo causal (também em crimes materiais); d) tipicidade.
Conduta
Conduta é um agir humano, ou um deixar de agir, de forma consciente e voluntária, dirigida a uma determinada finalidade. Elementos: a) vontade; b) finalidade; c) exteriorização; d) consciência. 
Formas de conduta:
a) Por ação: Comportamento positivo, movimentação corpórea, facere. Desatendem preceitos proibitivos. O delito restará configurado quando o agente violar a norma de proibição, fazendo o que a norma proíbe (obrigação de não fazer).
b) Por omissão: Comportamento negativo, abstenção de movimento, non facere. Desatende mandamentos imperativos. Para configurar um crime omissivo o agente deve violar a norma mandamental, deixando de fazer o que determina a norma (obrigação de fazer). Exemplo: No crime de omissão de socorro temos como norma mandamental (implícita) “prestar socorro”. 
Conduta omissiva – formas
Certas pessoas possuem um dever jurídico especial de agir para evitar o resultado. A omissão será penalmente relevante quando o omitente devia e podia (possibilidade física) agir para evitar o resultado. Deve ser analisado quando o agente efetivamente estiver exercendo a função de garantidor.
a) Crimes omissivos próprios: Crime que se perfaz pela simples abstenção do agente, independente de um resultado posterior, como p. ex. art. 135 do CP (omissão de socorro). A situação tipificada é a conduta omissiva.
b) Crimes omissivos impróprios (ou comissivos por omissão): O agente tinha o dever jurídico de agir e não o fez. Há, portanto, norma dizendo que ele deveria fazer/agir, passando a omissão a ter relevância causal. O omitente responde não apenas pela omissão como também por delo ou culpa.
c) Omissivos por comissão: Ação provocadora de omissão. Ex. pessoa que impede alguém de socorrer pessoa ferida. Não é reconhecida por grande parte da doutrina. 
d) Participação por omissão: Ocorre quando o omitente tenha o dever jurídico de evitar o resultado e não o fez, caso em que responderá como partícipe. Quando não existe o dever de agir não se fala em participação por omissão mas em conivência ou participação negativa, hipótese em que o omitente não responde pelo resultado mas pela mera omissão 
Requisitos: Conhecimento da situação típica; Consciência do poder de ação para a execução da ação omitida; Possibilidade real de levar a efeito a ação exigida.
Causas de exclusão da conduta
a) Caso fortuito ou força maior: O Código Civil de 2002 diz que existe o caso fortuito ou força maior quando uma determinada ação gera consequências, efeitos imprevisíveis, impossíveis de evitar ou impedir.
b) Involuntariedade: Ausência de capacidade por parte do agente de dirigir sua conduta de acordo com uma finalidade predeterminada. Casos
c) Estado de inconsciência completa: É a falta de capacidade psíquica de vontade, que faz desaparecer a conduta. Ex.: movimentos praticados em estado de sonambulismo, hipnose, crise epiléptica, coma, etc.
d) Coação física irresistível: Ocorre nas hipóteses em que opera sobre o homem uma força de tal proporção que o faz intervir como uma mera massa mecânica (Zaffaroni). Hipótese em que o agente em razão de força física externa é impossibilitado de determinar seus movimentos de acordo com sua vontade. Não se confunde com coação moral irresistível. (Fernando Capez).
e) Atos reflexos:Consistem em uma reação motora (muscular) ou secretória (glandular) que responde automaticamente a uma excitação sensitiva (ex.: a tosse, o espirro, o rubor e a palidez emocionais) (Antônio Fragoso). Assim, não há conduta no caso de a pessoa ferir os olhos de outra ao erguer o braço após um susto. Movimentos reflexos: Sintoma de reação automática do organismo a um estímulo externo,desprovido, portanto, de elemento anímico por parte do agente (Fernando Capez).
CRIME DOLOSO
Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Dolo seria, portanto, a vontade consciente dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. Previsão: art. 18, inc. I, do Código Penal (Rogério Sanches)
Conceito de dolo: Vontade e consciência de realizar os elementos constantes do tipo penal (Fernando Capez).
Espécies de dolo
a) Dolo natural ou neutro
Pressupõe apenas consciência e vontade. Simples querer independente de ser certo ou errado.
b) Dolo direto (determinado, intencional, imediato ou incondicionado)
Configura-se quando o agente prevê um resultado dirigindo sua conduta na busca de realizar esse resultado. Teoria da vontade.
c) Dolo indireto ou indeterminado
O agente, com sua conduta, não busca resultado certo ou determinado. Subdivide-se em:
Dolo alternativo: Ocorre quando o agente prevê uma pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta para perfazer qualquer deles com a mesma intensidade de vontade. O agente responde pelo mais grave.
Dolo eventual: O agente adota uma conduta assumindo o risco de provocar um resultado lesivo. É recorrente em crimes de trânsito.
d) Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois resultados em sequência (caso de progressão criminosa). Trata-se de hipótese em que o agente quer por exemplo lesionar e depois causar a morte da vítima.
e) Dolo de dano: Vontade do agente é causar dano efetivo.
f) Dolo de perigo: O agente atua com intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado. Afirma que a doutrina que os crimes de perigo são na verdade condutas imprudentes punidas antes da ocorrência do resultado que seria imputado ao agente a título de culpa.
g) Dolo genérico: O agente tem vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal sem um fim específico. Denomina-se apenas dolo normalmente.
Dolo específico: O agente tem vontade de realizar a conduta visando um fim específico, elementar do tipo penal. P. ex.: Art. 159 CP. Normalmente tido como elemento subjetivo do tipo.
CRIME CULPOSO (art. 18, II, Código Penal)
Consiste em uma conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido ou aceito pelo agente mas que lhe era previsível (culpa consciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que podia ser evitado se empregasse a cautela esperada.
Modalidades de culpa
Imprudência
É a forma positiva da culpa (in agendo), consistente na atuação do agente sem observância das cautelas necessárias. É a ação intempestiva e irrefletida. Tem forma ativa. (Cleber Masson). O agente atua com precipitação, afoiteza, sem os cuidados que o caso requer. Está presente no decorrer da conduta que culmina no resultado involuntário.
Desenvolve-se sempre de modo paralelo à ação, ou seja, surge e se manifesta enquanto o seu autor pratica a conduta. No caso em que o motorista dirige seu veículo automotor, enquanto ele respeitar as leis de trânsito a sua conduta é correta. A partir do momento em que passa, por exemplo, a dirigir em excesso de velocidade, surge a imprudência. E, quanto mais ele insistir e agravar essa conduta, mais duradoura e perceptível será essa modalidade de culpa (Cleber Masson).
Negligência
É a ausência de precaução. Constitui uma omissão. O agente não adota a ação cuidadosa que se exige no caso concreto, daí advindo o resultado lesivo.
Imperícia
Falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão.
Diferença entre imperícia e erro médico (ou erro profissional)
O erro médico ocorre quando o médico emprega os conhecimentos normais da medicina e chega ao diagnóstico errado, não sendo o fato típico.
RESULTADO
Segundo a teoria naturalística, resultado é a modificação do mundo exterior causada pela conduta. Essa modificação pode ser física, fisiológica ou psicológica. Contudo, nem todo crime possui resultado naturalístico, como ocorre nos crimes de mera conduta e nos crimes formais.
De acordo com o resultado naturalístico, as infrações penais classificam-se em:
a) Crime material: O tipo descreve uma conduta e o resultado naturalístico e exige para a sua consumação a produção desse resultado. P. ex.: art. 121 – homicídio.
b) Crime formal: O tipo descreve uma conduta e o resultado naturalístico mas não exige a realização desse resultado. Para que se configure somente a prática da conduta basta, independendo de superveniência de resultado naturalístico.
c) Crime de mera conduta ou de simples atividade: O tipo descreve apenas uma conduta, sem mencionar qualquer resultado naturalístico. Não exige para a sua consumação um resultado naturalístico externo à ação.
Observação: Alguns doutrinadores não fazem distinção entre os crimes formais e os crimes de mera conduta; são tipo penais que se realizam com a prática da conduta.
Ver: Súmula 500 do STJ.
NEXO DE CAUSALIDADE
Segundo Fernando Capez, é o elo de ligação concreto, físico, material e natural que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não causa a este.
Em outras palavras, no campo naturalístico (físico ou material), é a ligação entre uma conduta (causa) e o resultado naturalístico (modificação do mundo exterior).
Possui relevância apenas aos crimes materiais, pois estes exigem para a sua consumação a produção do resultado naturalístico (modificação do mundo exterior), ao contrário dos crimes formais e de mera conduta, que não exigem a produção desse resultado.
Teoria da equivalência dos antecedentes causais
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Considera-se causa a conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido. Foi adotada a teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non), entendendo-se como causa qualquer condição que contribua para a produção do resultado naturalístico. Qualquer antecedente que tenha contribuído, no plano físico, para o resultado, é considerado causa.
Limites a essa teoria:
1 – Análise do dolo e da culpa: Não basta que a conduta tenha causado o resultado naturalístico para que exista a imputação e, por consequência, configure o fato típico (primeiro elemento do crime); é necessário que tal conduta seja dolosa ou culposa.
2 – Imputação objetiva: Para a teoria da imputação objetiva, segundo a concepção de Roxin, um resultado causado pelo agente só pode lhe ser imputado quando: 
I – a conduta cria ou incrementa um risco não permitido para o objeto da ação; 
II – o risco se realiza no resultado concreto; 
III – o resultado se encontra dentro do alcance do tipo.
A imputação objetiva é um conjunto de princípios orientadores que visa a delimitar e complementar o nexo de causalidade físico (causação material). Significa que mesmo havendo conduta, resultado naturalístico e nexo causal físico, é necessária a análise de outros requisitos para se afirmar a ocorrência de um fato típico. Ou seja, deve-se observar a tipicidade inerente à conduta, quero dizer, a previsão legal.
Nexo de causalidade nos crimes omissivos
§ 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Nos crimes omissivos não foi adotada a teoria dos antecedentes causais (que possui relação com o plano físico), mas sim uma teoria normativa. Desse modo, mesmo o agente não tendo causado o resultado, este lhe será imputado. Alguns autores chamam esta situação de nexo causal normativo, justamente para distinguir do nexo causal físico (naturalístico ou material).
Hipóteses de dever jurídico de agir (art. 13, §2º, do CódigoPenal):
a) Quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (dever legal);
b) Quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) Quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (ingerência).
TIPICIDADE
Adequação da conduta ao preceito proibitivo previsto em lei, para o qual será cominada uma sanção (procurar conceito mais apurado).
Tipicidade forma (legal)
ERRO DE TIPO
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro de tipo essencial
É aquele que recai sobre os elementos constitutivos do tipo penal (art. 20, caput, CP). O agente possui uma falsa representação da realidade, ou seja, pratica um fato descrito no tipo penal sem ter a devida consciência de sua conduta.
Espécies
a) Erro de tipo inevitável (invencível ou escusável): É o que não podia ser evitado, mesmo sendo diligente e cauteloso o sujeito. Como consequência, haverá exclusão do dolo e da culpa.
b) Erro de tipo evitável (vencível ou inescusável): É o que poderia ter sido evitado, caso o agente tivesse maior diligência (fosse mais cauteloso). Houve a inobservância do dever de cuidado. Como consequência, haverá a exclusão do dolo, podendo subsistir o crime culposo, desde que seja prevista a forma culposa no tipo penal.
Descriminantes putativas por erro de tipo
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Trata-se de causas de exclusão de ilicitude imaginárias; recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de exclusão de ilicitude – é chamada de erro de tipo permissivo. Nele, o agente pratica uma conduta supondo situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima (amparada por uma descriminante real).
TENTATIVA
Art. 14. Diz-se o crime:
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Redação dada pela Lei n. 7.209/84)
São elementos da tentativa:
a) A prática de um ato de execução: Realiza-se parte do tipo objetivo;
b) A presença dos elementos subjetivos do tipo doloso: Realiza-se o elemento subjetivo;
c) A não-consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. (Redação dada pela Lei n. 7.209/84)
No que tange à pena do crime tentado, o Código Penal adotou como regra a teoria objetiva, a qual sustenta que a punição do delito tentado se fundamenta no perigo de dano acarretado ao bem jurídico, e não na intenção do agente. No entanto, a pena deve ser inferior à do crime, pois o delito tentado causa menor ofensa ao bem jurídico. Como critério de fixação, deve se levar em consideração a proximidade da consumação, caso em que se aproximará do dano ao bem jurídico.
Classificação
1 – Em relação ao caminho percorrido durante a execução
a) Tentativa imperfeita (inacabada): A fase executória é interrompida antes de ser esgotada por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
b) Tentativa perfeita (acabada ou crime falho): A fase de execução planejada pelo agente é esgotada, mas não ocorre a produção do resultado por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
2 – Em relação ao objeto do crime
a) Tentativa incruenta (branca): O objeto material não sofre dano.
b) Tentativa cruenta (vermelha) O objeto material sofre dano.
Infrações que não admitem a tentativa
a) Crimes culposos: São incompatíveis com a tentativa uma vez que não se pode tentar o que não se visa e tampouco se pode assumir o risco de tentar;
b) Crimes preterdolosos ou preterintencionais: Como o resultado agravador foi causado culposamente, é impossível imaginar a tentativa de um resultado não pretendido;
c) Contravenções penais: Não se pune a tentativa de contravenções penais por expressa disposição legal 
d) Crimes unissubsistentes: Não há como fracionar a fase de execução. Basta a prática de um único ato para que ocorra a consumação do crime unissubsistente. Ex.: injúria.
e) Crimes omissivos próprios ou puros: Se o agente não realizar a conduta devida, o crime se consuma; caso não realize, não haverá crime.
f) Crimes em que só há punição quando ocorre o resultado: ex.: participação em suicídio – art. 122 do CP;
g) Crimes habituais: É necessária a reiteração de atos para configurar a conduta típica, e, assim, a consumação. Se a conduta não se revelar não há tentativa e os atos praticados são indiferentes penais. Ex.: Curandeirismo – art 284 do CP.
h) Crime de atentado: Não se pode imaginar a tentativa da tentativa. Ex.: art. 352.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. (Redação dada pela Lei n. 7.209/84)
É o que se chama de tentativa abandonada.
Há desistência voluntária quando o agente desiste voluntariamente de prosseguir nos atos executórios, não ocorrendo a consumação do crime inicialmente pretendido.
E há arrependimento eficaz (arrependimento ativo ou resipiscência) se dá quando o agente, depois de realizados os atos executórios, pratica uma ação impedindo a produção do resultado, não consumando, assim, o crime inicialmente pretendido.
Arrependimento eficaz (art. 15 do Código Penal): Quando o agente pratica uma ação (tentativa perfeita), se arrepende e assume uma atitude que busca evitar o resultado anteriormente pretendido.
Em ambas as hipóteses o agente responde pelos atos praticados até o momento da interrupção da execução.
Pontes de Von Liszt: Arrependimento eficaz e desistência voluntária.
Arrependimento posterior (art. 16 do Código Penal): Ocorre depois de consumado, quando o agente repara o dano ou restitui o bem. Comportamento positivo, pós delitivo. Requisitos:
a) Reparar o dano ou restituir o bem;
b) Antes do recebimento da denúncia;
c) Somente nos delitos cometidos sem violência ou grave ameaça. Diminui de 1 a 2/3 da pena na terceira fase da dosimetria.
Hipóteses em que não é possível a tentativa
	a) Crimes culposos: Não se pode tentar algo que não se deseja. Ausência de voluntariedade.
	b) Contravenções penais;
	c) Crimes de mera conduta;
	d) Crimes habituais.
	A análise individual de cada tipo penal pode apresentar exceções.
	Atos preparatórios em regra não são punidos, salvo se configuram crimes autônomos.
	
	Atos executórios
	a) Critério formal: Prática do verbo reitor. Ex.: art. 121 – matar. 
	b) Critério material: Exposição do bem jurídico a perigo. 
	Atenuante genérica
	a) Reduzir ou atenuar as consequências do crime
	b) Até a data da sentença
	c) Dos crimes cometidos com ou sem violência ou grave ameaça
	CRIME IMPOSSÍVEL (art. 17 do Código Penal)
	Revela a impossibilidade de ocorrência do crime, seja por ineficácia do meio ou pela impropriedade do objeto. Súmula 145 – crime não precisa ocorrer em presença de autoridade policial.
PRESCRIÇÃO
Prescrição: Perda em face do decurso do tempo do direito de o Estado punir (PPP) ou executar a punição já imposta (PPE).Trata-se de limite temporal do poder punitivo estatal. A prescrição é garantia do cidadão contra a hipertrofia da punição. 
Exceções - imprescritibilidade: art. 5o, inc. XLII: racismo; art. 5o, inc. XLIV: ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático.
~> Não há menção sobre a tortura na Constituição, que é, portanto, prescritível. A tortura aparece como crime imprescritível em tratados internacionais ratificados pelo Brasil. p. ex. Estatuto de Roma. A doutrina discute se em razão dessestratados a tortura seria imprescritível no Brasil; contudo, não há decisões nos tribunais superiores reconhecendo a imprescritibilidade da tortura na seara penal.
Espécies:
a) Prescrição em abstrato
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Prescrição das penas restritivas de direito
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.
O prazo prescricional é obtido pelo máximo da pena prevista em abstrato consoante com a regra do artigo 109 do CP. Encontrado o prazo prescricional verificamos sua ocorrência. Entre o fato e o recebimento da denúncia ou entre o recebimento da denúncia e a sentença.
Os crimes praticados antes de 2010 não seguem a alteração do inciso VI, nem o crime de posse de drogas para uso próprio (art. 28 Lei de Drogas), pois a referida Lei tem previsão específica para a prescrição.
Na busca pela pena máxima em abstrato leva-se em consideração as qualificadoras e as causas de aumento e de diminuição. Tratando-se de aumento e diminuição variável (p. ex. aumento e diminuição de 1/3 a ½), considera-se o maior aumento e a menor diminuição. Por outro lado, não se consideram as circunstâncias judiciais (art. 59 CP), nem agravantes e atenuantes (notando-se que a atenuante da menoridade e da senilidade reduz o prazo prescricional pela metade). Não se considera, ainda, o concurso de crimes.
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.
Consequências da prescrição em abstrato: Desaparece para o Estado seu direito de punir, inviabilizando a análise de mérito; a decisão é declaratória extintiva da punibilidade - e não absolutória. Além disso, eventual sentença condenatória provisória é rescindida, não permite operar qualquer efeito penal ou extrapenal. O acusado não será responsabilizado pelas custas, e terá direito à restituição integral da fiança.
Termo inicial da prescrição da pretensão punitiva em abstrato – art. 111 do CP:
I – Do dia em que o crime se consumou: Teoria do resultado (e não do dia em que o crime foi praticado)
II – Em caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa - do dia do último ato executório;
III – Nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência: P. ex. no crime de sequestro (art. 148 CP), a prescrição só corre quando cessada a privação da liberdade da vítima.
IV – Nos crimes de bigamia e nos crimes de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, corre a prescrição a partir da data em que o fato se tornou conhecido. São crimes que em regra demoram para serem descobertos, desvendados.
V – Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes a prescrição corre a partir da data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. Esse inciso foi inserido por Lei de 2012, não alcançando fatos pretéritos. ABrange crimes contra a dignidade sexual previstos em legislação extravagante (ex. CP Militar, ECA); salvo se antes da maioridade da vítima, a ação já tiver sido proposta (oferecida ou recebida) a ação penal. Não é caso, contudo, de imprescritibilidade.
Crime habitual: É aquele que exige reiteração de atos para a sua tipificação. P. ex.: curandeirismo, exercício ilegal de medicina, etc. O STF decidiu que deve obedecer o termo inicial previsto no art. 111, inc. III do CP, equiparando-se ao delito permanente.
ATENÇÃO: Iniciado o prazo prescricional nos termos do art. 111, é possível a sua suspensão e interrupção.
b) Prescrição retroativa
Art. 110, § 1º, CP: A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
A pena aplicada na sentença provisória é consoante com o artigo 109. Com o prazo prescricional identificado, verificamos a sua ocorrência. Antes da sentença, se o fato for anterior à 05/05/2010, do recebimento da denúncia ao fato (data da vedação legal).
Antes da sentença recorrível, não se sabe a quantidade da pena a ser fixada pelo juiz, razão pela qual o lapso prescricional regula-se pela pena máxima prevista em lei. Contudo, fixada a pena, ainda que provisoriamente, transitando em julgado para a acusação (ou sendo seu recurso improvido), não mais existe razão para se levar em conta a pena máxima, já que, mesmo diante do recurso da defesa, é proibida a reforma para prejudicar o réu. A pena aplicada na sentença passa a ser o novo norte, parâmetro para o art. 109 do CP.
O termo inicial da prescrição é o recebimento da inicial acusatória – é imprescindível o trânsito em julgado parra a acusação. Note-se que não é possível termo inicial anterior ao recebimento da denúncia ou queixa.
Características da prescrição da pretensão punitiva retroativa (PPPR):
I – Pressupõe sentença ou acórdão penal condenatório;
II – Pressupõe trânsito em julgado para a acusação, no que se relaciona com a pena;
III – Tem como norte a pena aplicada na sentença;
IV – Os prazos prescricionais estão no artigo 109 do CP;
V – O termo inicial conta-se da publicação da condenação até o recebimento da inicial (contagem retroativa).
Sendo espécie de prescrição da pretensão punitiva os seus efeitos são os mesmos da PPPA – inviabiliza análise do mérito, rescinde sentença penal condenatória, o acusado não paga custas etc.
Com o advento da Lei n. 12.234 de 2010, não mais se considera a PPPR entre o recebimento da inicial e a data do fato. Tal lei é prejudicial, e, portanto, irretroativa; fatos praticados antes admitem a PPPR entre o recebimento da inicial e a data do crime. O recurso da acusação só impede a PPPR se buscar o aumento da pena; se o MP recorre contra o tipo de pena (e não a sua quantidade), não impede a PPPR.
Conta-se da publicação da condenação para trás.
c) Prescrição superveniente ou intercorrente (art. 110, §1º, CP)
Tem por base a pena concreta a ser combinada com o art. 109. Conta-se da publicação da condenação para frente. O procedimento é idêntico ao item anterior, entretanto a verificação da prescrição se dá entre a sentença e o acórdão.
d) Prescrição virtual, antecipada, em perspectiva 
Não tem previsão legal, é criação jurisprudencial. Tem por finalidade reconhecer antecipadamente a PPPR (reconhecer a falta de interesse em prosseguir com a ação penal que certamente será alcançada pela PPPR). Os tribunais superiores não têm admitido a ocorrência da PPPV.
Súmula 438 do STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética independentemente da existência ou sorte do processo penal.
A prescrição virtual demanda a necessidade de uma projeção da pena com a respectiva combinação com o artigo 109. Constatada a prescrição, deveria o magistrado declarar extinta a punibilidade antes de decidir o processo. Vedação: Súmula 438 do STJ – sair via ausência do interesse processual.
	Se o processo for de competência do tribunal do júri
	a) Pronúncia – interlocutória mista nãoterminativa; transição da primeira para a segunda fase;
	b) Recurso em sentido estrito – art. 117.
Prescrição da Pretensão Executória
Constitui a perda do direito de executar a punição já imposta. Ocorre após o trânsito em julgado e impede somente a execução da pena (os demais efeitos permanecem - penais e extrapenais).
Trata-se de prescrição da pena efetivamente imposta, que tem como pressuposto sentença condenatória com trânsito em julgado para ambas as partes.
Verifica-se dentro dos prazos estabelecidos no art. 109 do CP, os quais são aumentados de 1/3 se o condenado é reincidente. Não é a pena que é aumentada de 1/3 e sim o prazo prescricional.
Consequências da PPE: Extingue-se a pena aplicada sem rescindir a sentença condenatória (produz os demais efeitos penais e extrapenais).
Termo inicial
1) Trânsito em julgado para a acusação: É o termo inicial para a contagem da prescrição segundo o artigo 112, I, do Código Penal. Mesmo havendo recurso exclusivo da defesa o termo inicial continua sendo o trânsito em julgado para a acusação. Tal posição se justifica pela reformatio in pejus bem como pela interpretação mais favorável ao réu.
2) Sentença que revoga ou sursis: Funciona também como termo inicial, sendo desprezado o período de prova cumprido pelo condenado para efeitos de cálculo da prescrição. No caso de livramento condicional revogado por fato posterior à sua concessão o período de liberdade condicional deverá também ser desprezado. Por fim se o livramento condicional for revogado por fato anterior à sua concessão o período de liberdade condicional deve ser computado para efeitos de cálculo da prescrição.
3) Interrupção por falta grave: Na hipótese de interrupção da execução (fuga), somente a pena remanescente é utilizada para cálculo da prescrição.
Marcos interruptivos
1. Início ou continuidade no cumprimento de pena – art. 117, V, do Código Penal
2. Reincidência: Para ser reincidente, basta a prática de novo crime, depois de transitar em julgado sentença condenatória do crime anterior (art. 63 CP). Além dos inúmeros efeitos gerados pela reincidência em sede de prescrição da pena, a mesma é responsável por interromper a contagem da prescrição do delito anterior sem prejuízo do aumento de 1/3 no prazo prescricional no processo onde ela é declarada (art. 117, IV).
Observação: 
I – Réu ou condenado menor de 21 anos na data do fato e maior de 70 na data da sentença o prazo prescricional é reduzido pela metade;
II – O cálculo da prescrição deve ser realizado isoladamente (por delito);
III – Os delitos menores prescrevem com os maiores.
IV – No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
Suspensão: Preso por outro motivo ou processo.
Difusão vermelha: Mandado de prisão internacional difundido pela Interpol.
Causas suspensivas da prescrição
São aquelas causas que fazem com que a contagem seja paradas e estão previstas no art. 116 do Código Penal, in verbis:
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
São causas suspensivas, assim, as questões prejudiciais (inciso I) e as questões de soberania (inciso II). A causa prevista no parágrafo único interrompe a pretensão executória.
Outras causas suspensivas da prescrição:
I – Art. 366 do CPP: Citação por edital e suspensão. Réu citado por edital que não compareceu ao processo. Deve figurar expressamente na decisão.
II – Art. 368 do CPP: Réu com endereço certo no estrangeiro.
III – Sursis processual: Suspensão condicional do processo – art. 89 da Lei 9.099 de 1995;
IV – Art. 53 da CF, §§ 3º e 5º.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
Causas interruptivas da prescrição
São as causas que zeram a contagem da prescrição, previstas no art. 117 do CP.
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia; 
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência. 
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
As disposições dos incisos I a IV concernem à interrupção da pretensão punitiva, e os incisos V e VI dizem respeito à interrupção da pretensão executiva.
Recebimento da denúncia ou queixa: É o recebimento pelo juiz e não do oferecimento pelo MP. A doutrina diverge se a interrupção se dá com o despacho de recebimento ou sua publicação em cartório. O simples aditamento da inicial para a correção de meras irregularidades não interrompe a prescrição. Para interromper a prescrição, deve o aditamento incluir novo crime. Súmula 709 STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela. Anulado o despacho de recebimento da inicial, o novo recebimento será o marco interruptivo.
Pronúncia: É a submissão da lide a julgamento popular. Súmula 191 do STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Júri venha a desclassificar o crime. Ou seja: ainda que o Júri entenda que não houve crime doloso contra a vida, a pronúncia interrompe a prescrição. Ainda no júri, também interrompe a prescrição a decisão confirmatória da pronúncia.
Públicação de senteça ou acórdão condenatório recorrível: Acórdão meramente confirmatório - que confirma a sentença condenatória de primeiro grau - não interrompe a prescrição. É crescente a doutrina e a jurisprudência no sentido de que acórdão confirmatório da condenação que agrava a pena causa a interrupção da prescrição.
DOSIMETRIA DA PENA
1ª fase: Culpabilidade.
Significa a reprovabilidade da conduta. É o conceito resultante da some de todos os elementos do artigo 59. 
Antecedentes: Para Paulo Rangel, maus antecedentes são representados por condenações criminais definitivas. Se a condenação anterior configurar reincidência, prevalesce o art. 63 do Código Penal, não podendo a mesma condenação ser utilizada como maus antecedentes a reincidência (sob pena de bis in idem). Súmula 241 do STJ.
Conduta social: Comportamento do apenado enquanto membro da sociedade. 
Personalidade do agente: Revela aspectos pessoais. Ex.: Personalidade violenta, agressiva, etc.
Motivos: É o que leva a praticar um crime; quando o motivo servir como qualificadora ou privilégio não há como utilizá-lo novamente na fixação da pena máxima.
Circunstâncias: Aspectos que estão ao redor da prática descrita no tipo penal. Ex.: roubo praticado com longa duração.
Consequências: São os efeitos produzidos a partir do crime.
Comportamento da vítima: É capaz de influenciar ou desestimular a prática criminosa.
2ª fase: Agravantes e atenuantes
São as denominadasagravantes e atenuantes genéricas em razão de sua posição no Código Penal (Parte Geral). As agravantes dos artigos 61 e 62 do Código Penal são taxativas. As circunstâncias atenuantes, respectivamente nos artigos 65 e 66 do Código Penal são exemplificativas, sendo possível atenuar a pena sem expressa previsão legal.
Reincidência: Art. 61 do CP. É prática de novo ato criminoso após ter sofrido uma condenação definitiva. Efeitos da reincidência: 1 Aumento da penalidade imposta; 2 Aumenta o prazo para obtenção de progressão de regime nos crimes hediondos de 2/5 para 3/ da pena. 3 Definição de regime inicial mais gravoso; 4 Ampliação do prazo para progressão do livramento condicional de 1/3 para ½; 5 veda a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos; 6 impede a concessão de sursis.
Direito Penal II
Teoria Geral da Pena
PENA
Do grego poinê: punição ou castigo imposto por lei a algum crime, delito ou contravenção = sanção. Segundo Damásio de Jesus: “Pena é a sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos”.
Segundo Fernando Capez: “Sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, cuja finalidade é aplicar a retribuição punitiva ao delinquente, promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade”.
Finalidade da pena (Fernando Capez)
As finalidades da pena são explicadas por três teorias.
A – Teoria absoluta ou da retribuição: a finalidade da pena é punir o autor da infração penal. A pena é a retribuição do mal injusto, praticado pelo criminoso, pelo mal justo previsto no ordenamento jurídico.
B – Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção: a pena tem um fim prático e imediato de prevenção geral ou especial do crime. A prevenção é especial porque a pena objetiva a readaptação e a segregação sociais do criminoso como meios de impedi-lo de voltar a delinquir. A prevenção geral é representada pela intimidação dirigida ao ambiente social (as pessoas não delinquem porque tem medo de receber a pena).
C – Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória: a pena tem a dupla função de punir o criminoso e prevenir a prática do crime, pela reeducação e pela intimidação coletiva.
Características da pena
A – Legalidade: a pena deve estar prevista em lei vigente, não se admitindo que seja cominada em regulamento ou ato normativo infralegal.
B – Anterioridade: a lei já deve estar em vigor na época em que for praticada a infração penal.
C – Personalidade: a pena não deve passar da pessoa do condenado. Assim, a pena de multa, ainda que considerada dívida de valor para fins de cobrança, não pode ser exigida dos herdeiros do falecido.
D – Individualidade: a sua imposição e cumprimento deverão ser individualizados de acordo com a culpabilidade e o mérito sentenciado.
E – Inderrogabilidade: Salvo as exceções legais, a pena não pode deixar de ser aplicada sob nenhum fundamento. Assim, por exemplo, o juiz não pode extinguir a pena de multa levando em conta seu valor irrisório.
F – Proporcionalidade: a pena deve ser proporcional ao crime praticado.
G – Humanidade: não são admitidas as penas de morte (salvo em caso de guerra declarada), perpétuas, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis.
Limites da aplicação da pena 
A – O tempo de cumprimento de aplicação de pena privativa de liberdade não pode ser superior a 30 anos (art. 75 CP; art. 5º CF)
B – Nova condenação: sobrevindo nova condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
C – Limite da pena de multa: a pena de multa tem seu limite máximo em 360 dias-multa, no valor de cinco salários mínimos (art. 49 CP), podendo ser triplicada se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. Poderá atingir, assim, 5.400 salários mínimos (o vigente no país na época do crime), atualizados pelos índices de correção monetária (art. 49 CP parágrafo segundo).
CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS
Segundo o atual Código Penal
A – Privativas de Liberdade
Reclusão
Prisão simples
Detenção
B – Restritivas de Direitos
Prestação pecuniária
Perda de bens ou valores
Prestação de serviço à comunidade ou à entidades públicas
Interdição temporária de direitos
Limitação de fim de semana
C – Pecuniárias
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE (Luiz Régis Prado)
As penas que afetam a liberdade do condenado podem consistir em sua completa privação através do enclausuramento daquele em um estabelecimento penal ou somente na limitação ou restrição do jus libertatis, quando se constrange o réu a permanecer em determinado lugar.
Reclusão, detenção e prisão simples (Capez e Bittencourt)
A reclusão se diferencia da detenção não só quanto à espécie de regime, mas também em relação ao estabelecimento penal de execução, à sequência de execução no concurso material, à incapacidade para o exercício do poder familiar, à medida de segurança, à fiança e à prisão preventiva. A prisão simples é aplicada em caso de contravenção penal.
Exemplificativamente:
a) Limitação na concessão de fiança: A autoridade policial poderá conceder fiança nas infrações punidas com detenção ou prisão simples, nunca nos crimes punidos com reclusão, em que, quando for o caso, a fiança deverá ser requerida ao juiz.
b) Espécies de medida de segurança: Para infração penal punida com reclusão a medida de segurança será sempre detentiva; já para o autor do crime punido com detenção, a medida de segurança poderá ser convertida em tratamento ambulatorial.
c) Incapacidade para o exercício do pátrio-poder, tutela ou curatela: Somente os crimes punidos com reclusão, praticados pelo pais, tutores ou curadores contra os respectivos filhos, tutelados ou curatelados, geram essa incapacidade. Na hipótese de prática de crimes punidos com detenção, nas mesmas circunstâncias, não gerarão os mesmos efeitos. No entanto, a incompatibilidade fática justificará a busca através de ação própria no juízo competente (família e sucessões ou da criança, infância e juventude).
d) Prioridade na ordem de execução: executa-se por primeiro a reclusão e depois a detenção ou prisão simples.
e) Influência decisiva nos pressupostos da prisão preventiva.
Como se vê, a manutenção dicotômica da pena privativa de liberdade obedece a toda uma estrutura do nosso ordenamento jurídico-penal, que não se resume a uma simples divisão terminológica.
REGIMES PENITENCIÁRIOS (Luiz Régis Prado)
1. Fechado
Neste a pena privativa de liberdade será executada em estabelecimento de segurança máxima ou média.
Desse modo, tem-se que o cumprimento da pena é feito em penitenciária, construída – quando se tratar de condenados homens – em local afastado do centro urbano, a distância que não restrinja a visitação. “A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei” (art. 87 LEP). O sentenciado aí alojado estará sujeito a trabalho no período diurno e isolamento durante o repouso noturno (art. 34 CP). A unidade celular (cela individual), além de infraestrutura essencial (dormitório, aparelho sanitário e lavatório), conterá também alguns outros requisitos básicos: a) salubridade do ambiente para concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana; b) área mínima de seis metros quadrados (art. 88, LEP).
2. Semiaberto
Admite a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimentosimilar.
Poderá o condenado ser alojado em compartimento coletivo, observados, porém, os requisitos de salubridade ambiental supramencionados, bem como as exigências básicas das dependências coletivas: a) seleção adequada dos presos; b) limite de capacidade máxima que atenda aos objetivos de individualização da pena (arts 91 e 92 LEP).
3. Regime aberto
O cumprimento da pena dá-se em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado (art. 36 CP). O cumprimento da pena privativa de liberdade é feito, em tese, em casa de albergado. O prédio desta deverá situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga, devendo conter, além dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras, bem como instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos condenados (arts. 94 e 95 LEP).
No regime aberto o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga (art. 36 CP). Assinala a doutrina que a principal vantagem da prisão aberta consiste em permitir que o sentenciado faça uma experiência de liberdade concreta, e não apenas simulada, pois tem oportunidade de viver e de trabalhar como um homem livre, embora ainda esteja cumprindo pena.
Regimes penitenciários iniciais da pena de RECLUSÃO
A – Se a pena imposta for superior a 08 anos: inicia seu cumprimento em regime fechado.
B – Se a pena for superior a 04, mas não exceder a 08 anos: inicia em regime semiaberto.
C – Se a pena for igual ou inferior a 04 anos: inicia em regime aberto.
D – Se o apenado for reincidente: inicia sempre em regime fechado, não importando a quantidade da pena imposta. (Pode haver exceções, segundo Fernando Capez).
E – Se as circunstâncias do artigo 59 do Código Penal forem desfavoráveis ao condenado: inicia em regime fechado.
Regimes penitenciários iniciais da pena de DETENÇÃO
A – Se a pena for superior a 04 anos: inicia em regime aberto
B – Se a pena for igual ou inferior a 04 anos: inicia no regime mais gravoso existente, ou seja, o semiaberto.
C – Se o condenado for reincidente: inicia no regime mais gravoso existente, ou seja, no semiaberto.
D – Se as circunstâncias do artigo 59 do Código Penal forem desfavoráveis ao condenado: inicia no regime mais gravoso existente, ou seja, no semiaberto.
Regras do regime fechado
No início da pena o condenado será submetido a exame criminológico de classificação para a individualização da execução
Fica sujeito a trabalho no período diurno e isolamento no período noturno.
Dentro do estabelecimento, o trabalho será em comum, de acordo com as aptidões e ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
É admissível o trabalho externo em serviços ou obras públicas.
Regras do regime semiaberto
O condenado, no início do cumprimento da pena, pode também ser submetido a exame criminológico (fica a critério do juiz).
Sujeito a trabalho em comum durante o período diurno em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
É admissível trabalho externo, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
PROGRESSÃO DE REGIME (Bittencourt)
Os regimes de cumprimento da pena direcionam-se para maior ou menos intensidade de restrição da liberdade do condenado, sempre produto de uma sentença penal condenatória. A sanção aplicada possibilita ao apenado progredir ou regredir nos regimes, ampliando ou diminuindo seu status libertatis.
O ponto propulsor consiste no mérito ou no demérito do condenado.
Requisitos:
1 – Objetivo: Cumprido 1/6
2 – Subjetivo: 
Bom comportamento carcerário
Parecer da CTC e exame criminológico
3 – Manifestação favorável do Ministério Público e entidades 
Progressão nos crimes hediondos e equiparados
Se o apenado for réu primário, a progressão se dará após o cumprimento de 2/5 da pena, isto é, 40% da pena; se reincidente, 3/5 da pena, isto é, 60% da pena.
Regressão (Fernando Capez)
A regressão está prevista como obrigatória para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o sentenciado pratica fato definido como crime doloso ou falta grave, ou sofre condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torna incabível o regime atual (art. 118 LEP).
Exame criminológico 
Parte do binômio delito/delinquente, numa interação de causa e efeito, tendo como objetivo a investigação médica, psicológica e social, como reclamam os pioneiros da Criminologia.
Detração penal
Através da detração penal permite-se descontar, na pena ou na medida de segurança, o tempo de prisão ou de internação que o condenado cumpriu antes da condenação. Esse período anterior à sentença condenatória é tido como de pena ou de medida de segurança efetivamente cumpridos. Ocorre nas hipóteses de prisão provisória, prisão administrativa e internação em casas de saúde.
Trabalho prisional (LEP art. 29 a 33)
O trabalho prisional é a melhor forma de ocupar o tempo ocioso do condenado e diminuir os efeitos criminógenos da prisão e, a despeito de ser obrigatório, hoje é um direito-dever do apenado e será sempre remunerado. A jornada normal de trabalho não pode ser inferior a 06 e nem superior a 08 horas diárias, com repouso aos domingos e feriados. Não poderá ter remuneração inferior a três quartos do salário mínimo e estão assegurados ao detendo as garantias e todos os benefícios da previdência social, inclusive a aposentadoria, apesar de não estar regulado pela CLT.
Remição
É o direito que o condenado em regime fechado ou semiaberto tem de, a cada 03 dias, descontar um dia de pena. Deve-se atentar para o fato de que a lei não fala em remissão, pois não quer dar a ideia de perdão ou indulgência ao preso, mas em remição, visto que se trata de um verdadeiro pagamento; o condenado paga um dia de pena com 03 de trabalho.
PENAS RESTRITIVAS de DIREITOS
São penas “alternativas”, que não envolvem o cárcere. Se dividem em:
I – Prestação pecuniária
II – Perda de bens ou valores
III – Prestação de serviços à comunidade ou à entidades públicas
IV – Interdição temporária de direitos
V – Limitação de fim de semana
Classificação
A – Genéricas: São as que, preenchidos os requisitos legais, aplicam-se a quaisquer crimes.
B – Específicas: São aplicáveis somente a determinados crimes – compreendem as interdições temporárias de direitos. Art. 47, I, II, art. 55, 57, CP.
Características (Damásio de Jesus)
A – Autonomia: as penas alternativas são autônomas não acessórias, não dependendo da imposição de sanção detentiva (reclusão, detenção ou prisão simples). As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas isoladamente, de modo que a pena final pode ser uma alternativa: uma dentre as 10 elencadas na reforma de 1988.
B – Substitutividade: As penas alternativas são substitutivas. O juiz, em primeiro lugar, fixa a pena privativa de liberdade, depois a substitui por uma ou mais penas alternativas, se for o caso. Não podem ser aplicadas diretamente, nem cumuladas com as privativas de liberdade. A substituição é obrigatória, se presentes as condições de admissibilidade. Não se trata de simples faculdade judicial.
C – Conversibilidade em prisão: São de execução condicional, subordinam-se ao seu efetivo cumprimento. Descumpridas, operam conversão em privação de liberdade, nos termos do art. 44 §4º do Código Penal. São aplicadas sob a condição de o condenado satisfazer a restrição imposta. Frustrada a confiança nele depositada por descumprimento injustificado, impõe-se o retorno a situação anterior à substituição, ensejando a execução da pena detentiva (princípio da espada de Dâmocles). 
Duração
Quanto ao tempo de duração, as penas restritivas de direitostem o mesmo tempo da pena de prisão substituída. Se o juiz substitui a pena de um ano de prisão por prestação de serviços à comunidade, o condenado terá de cumprir a prestação alternativa por um ano.
Requisitos para a conversão da pena privativa de liberdade em pena restritiva de direito
A – Quantidade da pena aplicada: deve ser igual ou inferior a 04 anos. No caso de condenação por crime culposo, a substituição será possível, independente da quantidade da pena imposta, não existindo tal requisito.
B – Natureza da infração penal: crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa (a lei refere-se apenas à violência dolosa).
C – Não ser o réu reincidente em crime doloso: Somente aquele que, após ter sido condenado pela prática de crime doloso, vem a cometer outro crime doloso, fica impedido de beneficiar-se as substituição. Se entre a extinção da pena do crime doloso anterior e a prática do novo delito doloso tiverem decorridos mais de cinco anos, o condenado fará jus à substituição, não subsistindo a vedação (o chamado período depurador, também conhecido como prescrição qüinqüenal da reincidência).
D – Subjetividade: A culpabilidade, os antecedentes, a conduta ou a personalidade ou ainda os motivos e as circunstancias recomendarem a substituição (art 59 CP).
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA (Fernando Capez)
Consiste no pagamento em dinheiro, à vista ou em parcelas, à vítima, a seus dependentes ou entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. O montante será fixado livremente pelo juiz, de acordo com o que o que for suficiente para a reprovação do delito, levando-se em conta a capacidade do condenado e extensão do prejuízo causado à vítima ou seus herdeiros.
Prestação inominada
No caso de aceitação pelo beneficiário, a prestação pecuniária poderá consistir em prestação de outra natureza, como por exemplo, entrega de cestas básicas a carentes, em entidades públicas ou privadas.
Perda de bens e valores
Trata-se da decretação de perda de bens móveis, imóveis ou de valores, tais como título de crédito, ações, etc. Não pode alcançar bens de terceiros, mas apenas os bens do condenado, seguindo o princípio da personalidade. Essa pena consiste no confisco generalizado de patrimônio lícito do condenado, imposto como pena principal substitutiva da privativa de liberdade imposta. Trata-se de pena de grande utilidade, pois permite a constrição de bens do infrator, sem o ônus de demonstrar origem ilícita.
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
Atribuição de tarefas ao condenado, junto a entidades assistenciais, hospitais, orfanatos, e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais, ou em benefício de entidade pública. É aplicável às condenações superiores a seis meses de privação de liberdade. As tarefas não são remuneradas, e são atribuídas conforme as aptidões do condenado. A carga horária de trabalho consiste em uma hora por dia de condenação, fixada de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
Interdições temporárias de direitos
Proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo. Só pode ser aplicada ao crime cometido no exercício de cargo ou função, com violação de deveres a estes inerentes (art. 56 CP), e desde que preenchidos os requisitos legais para a substituição. Também se inclui nesta categoria a suspensão de autorização para dirigir veículo; cuida-se, aqui, da pena específica, só aplicável aos delitos culposos de trânsito.
Limitação de fim de semana
Obrigação de permanecer, aos sábados e aos domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Quando não for possível, pelas condições materiais da comarca, a execução da pena de limitação de fim de semana, o juiz deverá proceder à concessão de sursis (Lei n. 7.209/84).
PENA DE MULTA
Vários são os fatores apontados para a cominação da pena de multa pelos Códigos Penais:
A – Parte da alíquota do patrimônio do agente: leva em conta o patrimônio do réu – estabelece uma porcentagem sobre os bens do condenado.
B – Deve ser proporcional à renda do condenado.
C – Dia-multa: leva em conta o rendimento do condenado durante um mês ou um ano, dividindo-se o montante por 30 ou 365 dias; o resultado equivale ao dia-multa.
D – Cominação abstrata da multa: deixa ao legislador a fixação do mínimo e do máximo da pena pecuniária.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
É a sanção penal imposta ao agente imputável ou semi-imputável como resposta à prática de um crime, com base no grau de periculosidade do agente. A periculosidade pode ser presumida ou ficta.
É presumida a periculosidade quando a lei estabelece que em determinada hipótese o indivíduo é considerado perigoso sem que haja averiguação de sua periculosidade – persiste em relação aos inimputáveis.
E é real quando é realizada a averiguação da inimputabilidade; prevalece em relação aos semi-imputáveis.
Espécies:
a) Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, ou outro estabelecimento adequado (natureza detentiva);
b) Sujeição a tratamento ambulatorial (natureza restritiva);
A medida de segurança é imposta se evidenciada a inimputabilidade do agente.
Persiste a medida de segurança enquanto durar a periculosidade, tendo prazo mínimo de um a três anos. O STF entende que não pode ultrapassar 30 anos, à semelhança da pena.
A perícia será feita ao termo do prazo mínimo e deverá ser repetida anualmente, se o determinar o juiz da execução.
Superveniência de doença mental: Caso o condenado venha a sofrer de doença mental no curso da execução, o juiz poderá substituir a pena por medida de segurança. Havendo recuperação de sua saúde mental, deverá voltar a cumprir a pena. O STF entende que a medida de segurança no curso da execução deve observar o tempo de cumprimento da pena privativa de liberdade fixada na sentença condenatória.
Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste aquela que tinha sido imposta.
Na medida de segurança aplicada ao inimputável, a prescrição é regulada pela pena abstrata do crime cometido.
A sentença relativa ao semi-imputável é condenatória.
APLICAÇÃO DA PENA
Entende-se por determinação ou aplicação da pena, em sentido amplo, não só a fixação da espécie e do respectivo quantum da pena, como também a decisão acerca de sua eventual substituição ou suspensão condicional
Princípio da individualização da pena (Luiz Régis Prado)
Exigência impostergável do Estado de Direito democrático e social – “a lei regulará a individualização da pena” (art. 5º, XLVI, CF) – o princípio da individualização da pena abarca três momentos distintos e complementares, a saber: o legislativo, o judicial e o executório.
A pena deve ser individual; o juiz deve analisar cada autor do crime e sua situação isoladamente, cada fato de forma isolada, impedindo assim sentenças iguais a todos, pois cada fato é único.
O Código Penal adotou o sistema misto de individualização judicial da pena onde a lei estipula valores máximos e mínimos de pena dentre os quais o juiz tem a discricionariedade e liberdade de aplicar a pena dentre os limites legais.
Fixação da pena privativa de liberdade – Sistema trifásico de Nelson Hungria:
I – O juiz fixa a pena-base levando em consideração as circunstancias judiciais do art. 59, caput. Pena-base, para Nelson Hungria, é o quantum encontrado pelo juiz com fundamentos nas circunstancias judiciais, abstraindo as circunstancias legais genéricas (agravantes e atenuantes) e as causas de aumento e diminuição.
II – Encontrada a pena-base, o juiz aplica as agravantes e atenuantes dos arts. 61, 62 e 65.
III – Sobre a pena fixada na segunda fase, o juiz faz incidir as causas de aumento ou de diminuição previstas na Parte Geral ou Especial do CP. É claro que só existe a terceira fase quando houver causa de aumento ou diminuição

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