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Problemas do Capítulo 9 Problemas resolvidos Problema 1 – Um automóvel atinge a potência máxima de 120 cv quando seu motor realiza 5400 rpm (rotações por minuto), o que equivale a 90 rotações por segundo. Qual é o torque exercido pelo motor nessa rotação? Solução – Seja R o raio da engrenagem na marcha em que o motor está realizando a referida potência. A potência realizada pelo motor será wFRFP == v , onde v é a velocidade da borda da engrenagem e wé a sua velocidade angular, que deve ser a mesma do motor. Notando que o torque do motor é FRT = , obtemos w w PTTP == , . Uma vez que 1cv = 0,7457 kW, a potência do carro é P = 89,5 kW. Portanto, mN158 s smN 158 s902 W105,89 1 1 1- 3 ×= ×× = ´ ´ = - - p T Problema 2 – Uma partícula de massa m move-se em trajetória circular de raio r com velocidade de módulo constante v. Calcule o seu momento angular em relação ao centro da órbita. Solução – Fazendo z = 0 , r=r e r/v=w na Equação (9.9) do texto, e tomando k como a normal à órbita, apontando para o lado do qual o percurso da órbita é visto no sentido anti- horário, obtemos krmv=l . Vê-se que o l é constante durante o movimento, o que não ocorre quando o ponto de referência está fora do centro da órbita, como ocorre na Figura 9.5 do texto. Problema 3 – Um bloco homogêneo em forma de paralelepípedo tem altura H e base de largura a e se apóia em um piso, como mostra a Figura 1. O coeficiente de atrito estático entre o bloco e o piso é m . Calcule a altura máxima h em que a força F pode ser aplicada ao bloco para que ele seja arrastado sem tombar. 2 Figura 1 Solução – A figura mostra as forças atuando sobre o corpo. Se a força F for nula, também o será a força de atrito estático Fa , e além disso a força normal N do piso será alinhada com a força peso mg. Quando F cresce de intensidade, o ponto de aplicação de N se aproxima do ponto O, mas enquanto o bloco permanecer na vertical N será igual a mg, pois a aceleração vertical do centro de massa do corpo será nula. O ponto de aplicação da força de atrito também se deslocará do centro da base do bloco para o ponto O quando F cresce, e se o bloco estiver imóvel teremos Fa = F. Na verdade, parte dessa discussão preliminar é dispensável na solução do problema, e tem por objetivo esclarecer alguns fenômenos interessantes que ocorrem quando a força F cresce de intensidade. Suponhamos que o atrito seja suficiente para impedir o deslizamento do bloco. Nesse caso, quando este começa a tombar, a força N se localiza no ponto O, e somente as forças mg e F realizam torque em relação ao ponto O, por onde passa o eixo de rotação do bloco. O torque será kT )2/( mgaFh -= e, no valor mínimo de F para iniciar o tombamento, temos T = 0, ou seja, h mga F 2 = . Por outro lado, como o bloco não desliza, temos Fmg ³m . O valor máximo de F corresponde à igualdade nesta equação, e portanto, m m 2 , 2 máx a h h mga mg =\= . Esta é a altura máxima de aplicação da força F. Problema 4 – O coeficiente de atrito estático da escada da Figura 2 com o piso é m , e não há atrito entre a escada e a parede. Calcule o valor máximo de q para que a escada não escorregue. h H mg Fa F a O i j k N 3 Figura 2 Solução: Para que a escada permaneça em equilíbrio, as resultantes tanto das forças quanto dos torques aplicados sobre ela devem ser nulas. Podemos então escrever: a) Nulidade da resultante das forças . , NFN mgN ah m£= = (1) b) Nulidade da resultante dos torques em relação ao ponto O qq cos 2 LNsen L mg h= , (2) Onde L é o comprimento da escada. Combinando a Equação 2 com as Equações 1, obtemos qmq cossen 2 mgL L mg £ , e, finalmente, )2(arctg,2 mqmq =£ máxtg . Problema 5 – Uma esferinha presa a um fio sem massa gira em um plano horizontal, como mostra a Figura 3. O fio passa por um pequeno orifício na placa e o comprimento l q O mg N Fa Nh l F f q w 4 Figura 3 da sua parte pendular pode ser controlado. (a) Calcule o momento angular da esfera em relação ao orifício. (b) Calcule o torque sobre a esfera em relação ao orifício. (c) O fio é puxado lentamente pela força F de forma que seu comprimento decresce. Calcule a forma como o ângulo q e a freqüência angular w da esferinha variam com l. Solução – (a) Pela Equação 9.9 do texto, podemos escrever kL 2ñcos wrw mèml += r . (b) A única força que realiza torque sobre a esfera é seu peso –mgk. De fato, a força T do fio é antiparalela a r, onde r é o vetor que vai do orifício à esfera, e, portanto, 0=´ Tr . O vetor r é expresso por kr qq cos-ñˆsen ll= . Podemos então escrever mg llsenmg - -=´= 00 cos0 ñˆ qq ki krT , iT qsenmgl-= . (c) Uma vez que o torque sobre a esfera não tem componente na direção k, a componente vertical do momento angular do movimento fica constante quando puxamos o fio. Ou seja, ooo ll m qwqw wr 2222 2 sensen constante, = = . (1) onde os índices o indicam os valores iniciais das variáveis. Por outro lado, a força centrípeta sobre a esferinha é qsenT . Além do mais, como a esfera sobe lentamente, sua aceleração vertical pode ser desprezada, o que significa mgT =qcos e Portanto a força centrípeta sobre a esfera é qq cos/senmg . Podemos então escrever , cos sen sen2 q qw èmglm = . cosq w l g = (2) Substituindo este valor de w na equação (1), obtemos ooo lsenll g qwq q 2222 sen cos = , 5 oo oo l l senl l q q q q 2222 sen cos 1 cos 1 = (3) Esta equação permite calcular q em função de l, dados os valores iniciais oq e lo. Calculado q , a equação (2) permite calcular w . Problema 6 – A barra mostrada na Figura 4, de massa M e comprimento L, está parada e livre de qualquer força, quando uma esferinha colide muito rapidamente em sua extremidade e lhe imprime um impulso L = Li, Descreva o movimento da barra após a colisão. Figura 4 Solução: A velocidade do centro de massa da barra será dada por iv M I cm = , O torque, em relação ao centro de massa, que a força de colisão realiza sobre a barra é FjT ´= 2 l . Uma vez que dt dL T = , podemos escrever Fj L ´= 2 l dt d . Integrando esta equação, uma vez que a integral no tempo de F é o impulso I, obtemos kijIjL I l I ll 222 -=´=´= . Considerando que i j k 6 ùL 2 12 1 lM= , onde 12/2lM é o momento de inércia da barra em relação ao eixo horizontal passando pelo seu centro, obtemos kkù llM I cmv66 -=-= . Problema 7 – Por que o movimento da bicicleta evita que ela caia? Solução – Para reduzir o problema aos seus elementos essenciais, consideraremos apenas uma roda rolando em um piso horizontal, como mostra a Figura 5. A roda rola para fora do papel, o que gera um momento angular L na direção e sentido indicados na figura. A roda está inclinada, e se estivesse parada iria cair devido ao seu peso mg. Consideremos agora o que resulta do movimento. A força peso da roda é incapaz de alterar o seu momento angular porque o seu torque em relação ao eixo de rotação é nulo. Uma vez que para que a roda caia a direção de L tem de alterar, o movimento evita a queda. Resta agora analisar o efeito da força N que o piso faz sobre a roda. Esta força realiza um torque em relação ao eixo cujo módulo vale qsenrN , onde r é o raio da roda. Sua direção é normal ao papel, com sentido saindo do papel. Portanto,o efeito da força N é girar o vetor L para fora do papel; isso implica que a roda deixa de andar em linha reta e realiza uma curva para dentro (esquerda do leitor). Um resultado da curvatura da roda é o aparecimento da força de atrito lateral Fa, indicada na figura. Tal força gera a aceleração centrípeta na roda, e seu valor é R mFa 2v= , onde R é o raio de curvatura da trajetória da roda. Vê-se que a força de atrito lateral também realiza torque sobre a roda, e que seu sentido se opõe ao torque exercido pela força N. Entretanto, ele não é capaz de neutralizar ou inverter a curvatura da trajetória, pois por necessidade Fa tem de apontar para o interior da curva. Figura 5 q L N mg Fa 7 Problema 8 – Esse meteoro irá colidir na Terra?. Um astrônomo descobre um meteoro em uma trajetória que pode resultar em colisão com a Terra e rapidamente todo um grupo de vigilância determina sua distância r até o centro da Terra e sua velocidade v, medida no referencial da Terra. A Figura 6 mostra esses dados iniciais, sobre os quais o grupo realiza cálculos computacionais muito precisos sobre a trajetória prevista para o meteoro. O que ocorrerá? Figura 6 Solução – Com o que já aprendemos neste curso podemos fazer um cálculo preliminar, usando algumas aproximações, e obter uma boa idéia do risco de colisão. Nossa primeira aproximação será ignorar a influência dos outros planetas e do Sol sobre a órbita do meteoro, e a segunda será considerar a Terra como referencial inercial. Neste último caso estamos ignorando a curvatura da trajetória da Terra em sua órbita em torno do Sol. Se o meteoro estiver suficientemente próximo da Terra e por isso o tempo necessário para que ele colida com nosso planeta ou passe por ele seja pequeno, nosso erro não será grande. Todo o cálculo será feito no referencial da Terra, ou seja, ela estará parada. A única força atuando sobre o meteoro será a gravitação da Terra e, como essa força é conservativa, poderemos usar a conservação da energia mecânica. Além disto, a força da gravidade não realizará torque, em relação ao centro da Terra, sobre o meteoro, pois tal força sempre estará alinhada com o vetor que vai do centro da Terra ao meteoro. Iremos calcular a condição para que não haja colisão, ou seja, a condição para que a distância mínima R entre o meteoro e o centro da Terra seja maior do que o raio RT da Terra. Ao passar pelo ponto de aproximação mínima, a velocidade V do meteoro será ortogonal à linha que vai dele ao centro da Terra, pois caso contrário a distância ao centro da Terra estaria diminuindo ou aumentando, não sendo portanto um valor mínimo. Assim, naquele ponto o momento angular do meteoro será mVRLR = . Usando o fato de que o momento angular inicial era bmLo v= e a conservação do momento angular, podemos escrever vv R b VmVRbm =\= , . A conservação da energia mecânica se exprime pela equação R Mm GmV r Mm Gm -=- 22 2 1 2 1 v . Substituindo o valor de V nesta equação obtemos R M G R b r M G 22 22 2 2 -=- vv , 90o v V R b r 8 02)2( 2222 =-+- vv bGMRR r M G . Resolvendo esta equação, r M G b r M GMGGM R 2 )2( 2 22222 - -++- = v vv , que exprime o valor de R em termos das condições iniciais b, v e r, da massa da Terra e da constante da gravitação G. A condição para que não haja colisão é r M G b r M GMGGM RT 2 )2( 2 22222 - -++- < v vv . Problema 9 – A Figura 7 mostra dois blocos suspensos por uma roldana. O valor de M é maior do que o de m, e o atrito do fio com a roldana é suficiente para que ela gire sem haver deslizamento do fio. Calcule a aceleração angular da roldana. Figura 7 Solução – As equações de movimento dos blocos e da roldana são aIRTRT mamgT MaMgT =- =- -=- 21 2 1 . Considerando que Ra a= , este sistema de equações pode ser escrito na forma matricial ÷ ÷ ÷ ø ö ç ç ç è æ = ÷ ÷ ÷ ø ö ç ç ç è æ ÷ ÷ ÷ ø ö ç ç ç è æ - - 011 10 01 2 1 mg Mg T T I mR MR a . I,R M m T1 T2 9 A aceleração angular da roldana será dada por , 11 10 01 011 10 01 ImRMR mgMg I mR MR mg Mg ++ - = - - - =a RImM mM R g /++ -=a . Figura 8 Problema 10 – Um cilindro oco de raio interno R é descido lentamente vestindo um cilindro de raio e-R ligeiramente menor, sem tocar nele, e finalmente, no instante t = 0, depositado sobre um pequeno ressalto na base inferior do cilindro de baixo. Este último cilindro pode girar sem atrito em torno de um eixo preso a uma plataforma fixa ( Figura 8). O coeficiente de atrito cinético entre o cilindro oco e o ressalto é cm . Determine o movimento do sistema após t = 0. Solução – Enquanto os dois cilindros não atingirem a mesma velocidade angular, o cilindro oco deslizará sobre o ressalto e haverá entre eles uma força de atrito de módulo Mgcm . Assim, os cilindros sofrerão torques opostos, na direção vertical, de módulo MgRcm . Suas equações de movimento serão . , 2 2 1 1 MgR dt d I MgR dt d I c c mw m w = -= (1) � R R I1 I2 M -� 10 Tais equações de movimento permanecerão válidas até que fwww == 21 . Essa velocidade final comum é determinada pela conservação do momento angular: offo II I III wwww 21 1 211 ,)( + =\+= . Nosso objetivo agora é obter essa velocidade final diretamente pelas equações de movimento. Pelas equações (1) obtemos 1 1 I tMgRc o m ww -= , 2 2 I tMgRcmw = . Os dois cilindros atingirão a mesma velocidade angular final fw no instante tf dado por . )( , 21 21 21 II tMgRII I tMgR I tMgR fc o fcfc o m w mm w + = =- Portanto, o c f MgRII II t w m)( 21 21 + = . A velocidade final será oo c c f II I MgRII II I MgR ww m m w 21 1 21 21 2 )( + = + = , em concordância com o valor calculado anteriormente. 11 Problemas propostos 9.1E – Considere a Terra como uma esfera homogênea com raio de 6104,6 ´ m e massa de 24100,6 ´ kg. Calcule o momento angular e a energia cinética decorrentes de sua rotação. Resposta: sJ102,7 33 ×´=L , J106,2 29´=K . 9.2E – Idealize a órbita da Terra em torno do Sol como um círculo com raio de 11105,1 ´ m centrado no Sol. Calcule o momento angular, em relação ao Sol, do movimento orbital da Terra, cuja massa é de 24100,6 ´ kg. Resposta: sJ107,2 40 ×´=L 9.3P – Calcule o momento de inércia, em relação ao seu eixo de simetria, de um cilindro oco de massa M, raio interior r e raio exterior R. Resposta: )( 2 22 rR M I += 9.4P – Calcule o momento de inércia, em relação ao seu eixo de simetria, de uma esfera oca de massa M, raio interior r e raio exterior R. Resposta: 33 55 5 2 rR rR MI - - = 9.5P – Um pêndulo é constituído de uma barra fina e homogênea presa por um pino a um suporte horizontal. O atrito do pino com o pêndulo é desprezível. O Pêndulo tem comprimento L e massa M. Calcule: (a) o torque, em relação ao pino, que a gravidade faz sobre o pêndulo quando ele está na posição mostrada na Figura 9.; (b) a aceleração angular do pêndulo naquele instante. Figura 9 Figura 10 Resposta: (a) 4 L MgT = ; (b) L g 4 3=a . l l l F1 F2 F3 30 12 9.6P – As hastes da hélice mostrada na Figura 10 têm o mesmo comprimento l e a mesma massa m, e todas as três forças mostradas na figura têm o mesmo módulo F. Calcule a aceleração angular da hélice. Resposta:2 33 += ml Fa . Figura 11 Figura 12 9.7P – O sistema mostrado na Figura 11 gira sem atrito entre o eixo e os mancais.Os momentos de inércia dos cilindros grande e pequeno são, respectivamente, IR e Ir, e um cilindro está ligado ao outro, de forma que suas velocidades de rotação têm de ser a mesma. (a) Calcule a aceleração angular dos cilindros. (b) Calcule a razão M/m para que o sistema possa ficar em equilíbrio. (c) Considere que a razão entre as massas seja tal que o sistema possa ficar em equilíbrio. Isto significa que com uma velocidade inicial infinitesimal no sentido correto a massa pequena pode elevar a grande. Demonstre que a conservação da energia mecânica não é violada nesse processo. Resposta: (a) rR IIMrmR MrmR +++ - = 22a . (b) R r m M = 9.8P – Qual é o maior valor do coeficiente de atrito estático entre a caixa e a rampa mostradas na Figura 12 para que o bloco, inicialmente colocado em repouso na posição mostrada, comece a deslizar sem tombar? Resposta: ha /=m 9.9P – Um carro tem massa de 1200 kg e suas rodas têm raio de 30 cm. Se o carro arranca em pista horizontal com aceleração de 2,60 m/s2, qual é o torque que a força de atrito com a pista realiza em cada uma de suas duas rodas de tração? Despreze o momento de inércia das rodas. m M R r q h a 13 Resposta : mN468 ×=T Figura 13 9.10P – Um bloco preso a um fio leve desce sob o efeito da gravidade, fazendo girar uma roldana de raio R e momento de inércia I, presa um eixo sem atrito, como mostra a Figura 13. Calcule (a) a aceleração angular da roldana; (b) o trabalho realizado pelo torque do fio em uma volta da roldana. Resposta: (a) 2mRI mgR + =a ; (b) 2 2 mRI mgR W + = p . I,R m
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