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CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL%2c PAZ E FÉ PÚBLICA

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COACHING 
CANAL CARREIRAS POLICIAIS 
 
DIREITO PENAL 
 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL, 
PAZ PÚBLICA E FÉ PÚBLICA. 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL 
 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL: 
 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL – ART. 146 
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe 
haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não 
fazer o que a lei permite, ou fazer o que ela não manda. 
 
ATENÇÃO: Lembre-se do princípio da subsidiariedade: Ex. mandar a vítima 
retirar a roupa no meio da rua é diferente de colocar a arma na cabeça de 
alguém e pedir para que ela tire a roupa para conjunção carnal, esta é 
tipificada como estupro, que afasta o constrangimento. Qualquer situação 
que a pessoa for obrigada a fazer que constitua crime afasta o 
constrangimento, pois este exige que se faça algo que NÃO é crime, mas 
submetido a violência ou grave ameaça para que se faça. 
 
Veja que o constrangimento ilegal admite violência própria e imprópria. Ex. 
Grave ameaça ou violência condicionada a um não-exercício regular de 
direito: Se você falar o que sabe para a polícia, mato toda sua família. Trata-
se de crime de ação penal pública incondicionada, atuando como um 
soldado de reserva, utilizado de forma subsidiária. 
 
CONSUMAÇÃO: Crime material que se consuma com a ação ou omissão da 
vítima em razão da exigência (contrangimento) realizada pelo autor do delito. 
Destarte, é possível a tentativa se o agente constrange a vítima a não fazer o 
que a lei permite, por exemplo, não frequentar uma praça pública, porém a 
vítima continua frequentando o local. Sendo assim, a consumação se dá 
quando a vítima, constrangida, acata a vontade do constrangedor. 
 
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa, mas, se o constrangimento é cometido por 
funcionário público no exercício de suas funções, restará caracterizado o 
crime de ABUSO DE AUTORIDADE. 
 
CONCURSO MATERIAL OBRIGATÓRIO: Haverá concurso material de crimes 
sempre que da violência empregada no constrangimento resultarem lesões. 
 
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Em todos os outros casos em que o constrangimento ilegal é meio para a 
prática de outro crime praticado contra a vítima, será sempre ele absorvido, 
ainda que a pena seja mais leve. Ex. extorsão. (Fragoso citado por R. Greco) 
 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL VS. LEI DE TORTURA: Quando o sujeito constrange 
alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental, para provocar ação ou omissão de natureza 
criminosa, responde pelo crime praticado em concurso material com tortura 
(Lei 9.455/1997, art. 1º, I, b). Se o constrangimento dirige-se à prática de 
contravenção penal, estará caracterizado o concurso material entre a 
contravenção cometida e o crime de constrangimento ilegal, pois a Lei 
9.455/1997 refere-se unicamente à coação para a prática de crime. MUITA 
ATENÇÃO! 
 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA: As penas aplicam-se em dobro se o crime é 
realizado com emprego de arma ou em concurso de mais de três pessoas. 
 
CONCURSO - POSSE OU PORTE DE ARMA DE FOGO E CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL: 
Em face da reduzida quantidade de pena do constrangimento ilegal, os 
crimes de posse ou porte ilegal de arma de fogo NÃO SÃO POR ELE 
ABSORVIDOS. Estará configurado o concurso material de crimes –STJ - HC 
36635 RJ. 
 
O parágrafo 3º traz excludentes especiais de ilicitude (minoritariamente, de 
tipicidade): 
1. a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou 
de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida. 
2. a coação exercida para impedir o suicídio. 
 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO: quando o agente for funcionário público, não será 
constrangimento ilegal e sim abuso de autoridade, previsto na Lei 4898/65. 
(ex.: colocar indivíduo “de quatro” para ser revistado, ou o juiz colocar alguém 
em um quarto escuro como castigo, nenhuma das condutas descrita é crime, 
portanto um constrangimento, mas que sendo o autor servidor público 
aplicará a lei 4898/65, sendo pessoas comuns artigo 146), desde que, é claro, 
esse constrangimento tenha vínculo com a função exercida pelo agente 
ativo. 
 
 
 
 
 
 
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AMEAÇA – ART. 147 
Ameaçar alguém por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio 
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave. Crime de ação penal pública 
condicionada à representação. 
 
CONSUMAÇÃO: Trata-se de crime formal em que a consumação se dá no 
instante em que a ameaça é percebida pelo sujeito passivo, isto é, no 
momento em que a vítima toma conhecimento do conteúdo da ameaça, 
pouco importando sua efetiva intimidação e a real intenção do autor em fazer 
valer sua promessa. É admitida a tentativa quando a ameaça se dá na forma 
escrita, sendo faticamente impossível a tentativa diante de ameaça verbal. 
*** 
 
SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa certa e determinada, desde que capaz de 
compreender o caráter intimidatório da ameaça contra ela lançada. 
Excluem-se, entre outros, as crianças de pouca idade, os loucos e todas as 
pessoas incapazes, no caso concreto, de entenderem a ameaça (ex: surdo 
em relação a uma ameaça verbal). Se a ameaça é endereçada 
simultaneamente a diversas pessoas, reunidas por qualquer motivo ou 
acidentalmente, há diversos crimes em concurso formal. *** 
 
Importante destacar que a ameaça deve ser de um mal grave e injusto. Não 
configura o crime de ameaça quando o agente, por exemplo, ameaça entrar 
com uma ação de despejo face ao locatário inadimplente, visto que se trata 
de um ato justo. Ademais, muito cuidado com a ameaça condicional, visto 
que ela poderá caracterizar o crime de constrangimento ilegal: Se você vier 
a escola amanhã, eu te mato. No crime de ameaça, o agente quer apenas 
amedrontar a vítima; no constrangimento ilegal, o agente deseja uma 
conduta positiva ou negativa do sujeito passivo NÃO amparada pelo direito, 
que vai além da ameaça em si. 
 
DIFERENÇA ENTRE AMEAÇA CONDICIONAL E CONSTRANGIMENTO ILEGAL: 
No constrangimento condicional há um propósito específico que vai além da 
intimidação em si, objetivando determinada ação ou abstenção do 
paciente, ao passo que, na ameaça condicional, a principal finalidade do 
agente é intimidar, incutir medo. Portanto, no constrangimento ilegal, a 
ameaça é um meio; enquanto na ameaça condicional ela é um fim. 
 
APLICABILIDADE: O delito de ameaça é um soldado de reserva, aplicável 
quando a conduta se exaure somente na ameaça, sendo subsidiário e formal, 
 
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afastado sempre que a ameaça não for elementar de outra conduta 
tipificada em lei. 
ART. 158 – SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO: 
CONCEITO: Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere 
privado. O crime pode ser praticado por ação ou omissão. Ex. Sequestro 
praticado por omissão = médico que não concede alta para paciente já 
curado. (Obs: não enriquecer o exemplo, pois senão haverá outro crime). 
 
ATENÇÃO: Não confundir com a extorsão mediante sequestro art. 159, CP 
(Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de oito a 
quinze anos.) que é o sequestro com intuito de obter resgate. No sequestro e cárcere 
privado não há finalidade específica. 
 
MODALIDADE QUALIFICADA: Pena de reclusão de 2 a 5 anos. 
I - Se a vítima do sequestroou cárcere privado é ascendente, descendente, 
cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 anos; Obs1: Cuidado! Não 
abrange ofendido irmão do agente. / Obs2: Não alcança parentes por afinidade ou 
outros colaterais. / Obs3: Só abrange o idoso com mais de 60 anos (o idoso com 
exatos 60 anos não está abrangido). / Obs4: Não importa a idade do ofendido no 
início do sequestro, bastando que seja idoso com mais de 60 anos ao final 
(libertação). / Obs5: O dolo do agente deve abranger (ter a consciência) as 
condições do ofendido, para evitar responsabilidade penal objetiva.+ 
II – Se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde 
ou hospital; 
III – Se a privação de liberdade dura mais de 15 dias; 
IV- Se o crime é praticado contra menor de 18 anos; Obs1: A idade da vítima 
tem que ser conhecida pelo agente (o agente deve saber tratar-se de criança ou 
adolescente), evitando-se a responsabilidade penal objetiva. / Obs2: Não importa a 
idade da vítima ao final do crime, bastando ser criança ou adolescente no início do 
sequestro. (é o oposto ao caso do idoso). 
IV – Se o crime é praticado com fins libidinosos. 
 
MODALIDADE QUALIFICADA: Se resulta à vítima, em razão dos maus tratos ou 
da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral. Pena de reclusão 
de 2 a 8 anos. Obs: Se o agente tem a finalidade de torturar a vítima, incide a 
Lei 9.455/97. A lei de tortura tem finalidade especial. 
 
O sequestro e o cárcere privado são crimes em que há supressão ou restrição 
da liberdade ambulatorial do sujeito, do direito de ir e vir. Rogério Greco 
afirma que sequestro e cárcere privado, apesar de parecerem delitos 
 
 
 
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diferentes, significam a mesma coisa. Contudo, aqueles que distinguem, 
afirmam que no sequestro há maior liberdade ambulatorial da vítima 
(confinamento de pessoa em uma ilha) e, quando a liberdade ambulatorial é 
menor, ou seja, o espaço para que a vítima possa se locomover é pequeno 
(clausura, confinamento), reduzido, trata-se de cárcere privado. Masson 
destaca que se trata de distinção apenas doutrinária, visto que em termos 
práticos essa diferenciação não interfere na tipicidade do delito, mas pode 
influenciar na dosimetria da pena. Importante destacar que o consentimento 
do ofendido, se válido, exclui a tipicidade. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO: Crime exclusivamente doloso, sem qualquer finalidade 
específica. Se o propósito do agente, com a privação de liberdade de uma 
pessoa, for obter qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate, 
o crime será de extorsão mediante sequestro. 
 
CONSUMAÇÃO: Trata-se de crime material e permanente, consumando-se o 
crime no exato momento da privação da liberdade da vítima. 
 
ART. 230 DO ECA E O CRIME DE SEQUESTRO: A apreensão ilegal se dá quando 
não houver flagrante de ato infracional ou quando não houver ordem judicial 
de apreensão. Pode haver também o caso de apreensão sem as 
formalidades legais, significa que a apreensão é legal, mas são inobservadas 
as formalidades legais na sua formalização. Se ocorrer a privação da 
liberdade da vítima, por qualquer outra forma que não seja a apreensão, 
haverá o crime de sequestro ou cárcere privado. 
Art. 286 – Incitação ao crime 
Trata-se de crime contra a paz pública, formal, de perigo abstrato e somente 
admite o elemento subjetivo dolo. Crime de Ação Penal Pública 
Incondicionada. Frise-se que a incitação deve ser PÚBLICA, envolver CRIME 
determinado e se dirigir a um número INDETERMINADO de pessoas. (A 
residência particular não pode ser compreendida como local público) 
 
Se a incitação tiver destinatário único, não restará configurado o crime de 
incitação, contudo, poderá restar caracterizada a participação no crime 
objeto da incitação (art. 29), se este ao menos chegar na fase de execução 
por parte daquele que é induzido ou instigado. 
 
CONSUMAÇÃO: A consumação se dá no exato momento da incitação 
pública, crime formal. Entretanto, se uma das pessoas incitadas vier a 
efetivamente cometer o delito objeto da incitação, o agente responderá pelo 
crime de incitação – art. 286 – em concurso com o crime praticado (na 
 
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qualidade de partícipe) pelo incitado, em concurso formal próprio ou 
impróprio, a depender do caso. 
 
CASOS ESPECIAIS: 
(1) Se a incitação detiver conotação política aplica-se o art. 23 da L. 
7.170/83, caracterizando crime contra SEGURANÇA NACIONAL. 
(2) Se a incitação envolver o crime de genocídio, caracteriza o crime do 
art. 3 da L. 2889/56. 
(3) Se a incitação possuir finalidade discriminatória ou preconceituosa, 
estará caracterizado o crime previsto no art. 20 da L.7716/89. 
 
Art. 287 - Apologia ao Crime ou Criminoso 
Trata-se de crime contra a paz pública, de perigo abstrato, formal, de Ação 
Penal Pública Incondicionada, que exige o elemento dolo para fins de 
caracterização. Ademais, a apologia deve ser pública, não se admitindo a 
apologia à contravenção penal ou a contraventor. Segundo a doutrina de 
Capez, quando o agente faz apologia a diversos crimes ou autores de fatos 
criminosos, ainda que num mesmo contexto fático, haverá concurso de 
crimes e não crime único. 
 
Art. 288 – Associação Criminosa 
Conceito: Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de 
cometer crimes. 
 
A novel lei 12850/13 alterou o CP, modificando o nomen iures do crime de 
formação de quadrilha ou bando para Associação Criminosa, além de reduzir 
o quantitativo mínimo para fins de caracterização do crime de 4 para 3 
integrantes, caracterizando novatio legis in pejus. Ademais, adicionou como 
causa de aumento de pena a presença de criança ou adolescente na 
associação criminosa. 
 
E, como o tipo penal faz menção a “crimes”, impõe-se a união estável e 
permanente de, no mínimo, três indivíduos para a prática de crimes 
indeterminados, qualquer que seja o bem jurídico ofendido (vida, patrimônio, 
dignidade sexual, fé pública etc.). De fato, a reunião de pessoas para a 
realização de crimes determinados (ainda que vários) caracteriza concurso 
de pessoas (coautoria ou participação), e não associação criminosa. 
. 
REQUISITOS NECESSÁRIOS: Para configuração do delito de associação 
criminosa, exige-se estabilidade e permanência dos membros. Os integrantes 
do crime de associação criminosa não precisam ser identificados, devendo 
restar provado tão somente o quantitativo mínimo exigido pelo tipo. Trata-se 
 
 
 
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de crime plurisubjetivo, exigindo-se o concurso de pessoas, dispensando a 
existência de ordem e hierarquia entre os membros. ATENÇÃO: O delito de 
organização criminosa exige hierarquia e divisão de tarefas. Os seus membros 
não precisam se conhecer, tampouco viver no mesmo local. Mas devem 
saber sobre a existência dos demais. Basta que o sujeito esteja consciente em 
formar parte de uma associação cuja existência e finalidades lhe sejam 
conhecidas. 
 
Trata-se de um crime doloso, de perigo abstrato, visto que não é necessário 
qualquer dano efetivo, mas sim probabilidade real que desperta interesse de 
punição por parte do direito penal. Trata-se de um crime de concurso 
necessário de pessoas ou plurissubjetivo de condutas paralelas. Ademais, o 
crime de associação criminosa é um crime permanente, se potrai no tempo 
até a cessação da associação. Ademais, estamos diante de um crime formal, 
de consumação antecipada, situação em que a pratica dos crimes 
caracteriza mero exaurimento(Delito de intenção mutilada de dois atos). 
 
Deve-se destacar que a associação criminosa exige a finalidade de praticar 
CRIMES. Não há associação criminosa para prática de um único crime. 
Cumpre observar que somente teremos a figura da associação criminosa 
quando diante de crimes, nunca de contravenções. Prevalece na doutrina o 
entendimento de que os crimes apontados pelo art. 288 precisam ser dolosos. 
NÃO HÁ ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA PARA PRÁTICA DE CRIMES CULPOSOS! 
 
Participação no crime de associação criminosa: Segundo posição 
amplamente majoritária não há possibilidade de participação no crime de 
associação criminosa, uma vez que aquele que concorre de qualquer modo 
para sua prática deverá ser considerado autor do art. 288. 
 
A associação criminosa não admite tentativa, ou ela está formada ou não 
está. (convidar pessoas para integrar associação criminosa, de acordo com 
a doutrina configura ato preparatório impunível). Frise-se que o crime de 
associação criminosa é um crime autônomo. Destarte, nada impede que os 
integrantes da associação sejam condenados pelo crime de extorsão 
mediante seqüestro na modalidade qualificada pela presença de quadrilha 
e associação criminosa em concurso material, visto tratar-se de crimes de 
proteção distintas, não havendo bis in idem. Ademais, não há bis in idem na 
imputação de crime de quadrilha ou bando e majoração da pena do crime 
de roubo pela existência concurso de pessoas. (STJ, HC 123932/SP – STF HC 
77287/SP) 
 
 
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Questão: O agente infiltrado poderá ser computado no nº mínimo de 3 
pessoas? 
1ª corrente - Nucci entende que sim, pois do mesmo modo que se admite a 
formação de quadrilha com inserção de menor de 18 anos, embora não seja 
este culpável, é de se considerar válida, para o mesmo fim, a presença do 
agente infiltrado. 
 2ª corrente – o policial não pode ser computado, pois não age com o 
necessário ânimo associativo, pois a sua finalidade, aliás, é diametralmente 
oposta, qual seja, desmantelar a sociedade criminosa. Se ele for coagido a 
matar alguém, recairá sobre ele inexigibilidade de conduta diversa. 
 
Possibilidade de caracterização de associação criminosa diante de crime 
continuado: O Código Penal adota a Teoria da Ficção Jurídica quanto ao 
instituto do crime continuado, considerando a cadeia de crimes como um 
único crime e o tipo previsto no art. 288 exige a finalidade múltipla de crimes. 
Assim, surgem duas teorias: 
(1) Nucci – É possível a caracterização do crime de associação criminosa 
mesmo diante de crime continuado, pois a Teoria da Ficção Jurídica é 
pressuposto apenas para fixação da pena; 
(2) Hungria – Defende que no crime continuado não há associação estável 
e permanência entre os envolvidos, o que afasta a caracterização do 
crime de associação. 
 
Inimputáveis - Cômputo para fins de configuração do crime de associação 
criminosa: 
O menor de 18 anos, desde que tenha discernimento para entender o que 
está fazendo, pode integrar a associação criminosa, sendo contabilizado 
como integrante. Assim, podemos ter dois maiores de idade e um menor de 
17 anos, por exemplo. O que não se admite para fins de cômputo é a criança 
que nem mesmo tem discernimento, como crianças de 4 ou 5 anos, pois não 
há qualquer liame associativo nessas situações. Ex. Grupo de 2 pessoas que se 
vale de forma estável e permanente de uma criança de 4 anos para atrair 
motoristas em um semáforo para posterior assalto.  Aqui não há associação 
criminosa, mas sim concurso de pessoas. 
 
# É possível agente pertencer a mais de uma associação criminosa? R.: Se o 
agente integra diversas associações criminosas viola, por diversas vezes, a lei, 
caracterizando concurso material de delitos. O que a lei pune é associar-se e 
se ele mais de uma vez se associa, caracteriza pluralidade de crimes. 
 
Imputação na denúncia: A narrativa na denúncia deve evidenciar a 
existência de associação para prática de crimes, não se exigindo minuciosa 
 
 
 
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demonstração dos atos de cada participante e nem mesmo a identificação 
de cada membro. (STF,HC 87463) 
 
Associação criminosa que pratica crime após o oferecimento da denúncia: 
Se após o oferecimento da denúncia a quadrilha vier a praticar novo crime, 
deverá ser intentada outra ação penal, pois trata-se de um crime permanente 
– crime único que se potraiu após o oferecimento da denúncia – e que não 
poderá ser imputado como um segundo crime, sob pena de dupla punição 
pelo mesmo fato. (STJ, HC 4290/RJ – STF 78821/RJ) Porém, há quem sustente que a associação 
criminosa cessa com o recebimento da denúncia, hipótese em que a 
associação posterior para o cometimento de crimes deve ser considerada 
como um novo delito, não se cogitando bis in idem (sob pena de impunidade, 
intervenção insuficiente/deficiente do Estado). 
 
Associação criminosa e crimes cometidos por somente alguns integrantes: Se 
A,B,C,D associam-se de forma estável e permanente para prática de crimes, 
contudo, somente A e B praticam o estelionato, os demais somente 
responderão pelo crime do art. 288, enquanto A e B responderão pelo art. 288 
em concurso material com o art. 171 do CP. 
 
Abandono de integrante da associação criminosa e reflexos jurídicos: 
Imaginemos uma associação criminosa já constituída e composta por três 
membros, o número mínimo exigido pelo art. 288 do Código Penal. Se um deles 
retirar-se do agrupamento ilícito, estará excluído o delito? A resposta é 
negativa, pois o crime já havia se consumado no momento da efetiva 
associação, razão pela qual não se pode falar em desistência voluntária ou 
arrependimento eficaz (CP, art. 15). 
 
Parágrafo único: a pena é aplicada em dobro se a associação criminosa é 
armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. (Admite-se 
tanto a arma própria quanto a imprópria). Segundo STF, basta um membro 
estar armado para qualificar o crime, desde que os membros saibam da arma. 
(STF, HC 72992/SP) Ademais para STF e STJ, não configura bis in idem a 
condenação por crime de associação criminosa armada e roubo majorado 
pelo emprego de arma, em virtude da autonomia e independência dos 
delitos. (RHC 102984 / STJ HC 91129) 
 
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA PARA PRÁTICA DE CRIMES HEDIONDOS: Se a 
associação criminosa do art. 8 da L. 8072 estiver armada, segundo doutrina 
majoritária, pode ser aplicada a pena em dobro em remissão realizada ao 
parágrafo único retro citado. 
 
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CRIME OBSTÁCULO: É aquele que retrata atos preparatórios tipificados como 
crime autônomo pelo legislador. É o caso da ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. (art. 
288/CP) (2ª Fase MPE/PR). 
 
OMISSÃO IMPRÓPRIA E A ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA: A pesar do delito de 
associação criminosa ser um crime comissivo, não se admitindo a omissão 
própria, permite-se, contudo, que seja praticada via omissão imprópria, na 
hipótese de o agente gozar do status de garantidor. 
 
A Lei. 12850/13 trouxe um novo conceito legal de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: 
Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais 
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, 
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, 
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais 
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de 
caráter transnacional. 
 
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custearorganização 
paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de 
praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: Pena - reclusão, de 4 
(quatro) a 8 (oito) anos. 
 
IMPORTANTE: Os crimes praticados pela milícia privada devem estar presentes 
no CP. Desse modo, se houver constituição de tais milícias para crimes de 
tortura ou genocídio, não se deve aplicar o art. 288-A, mas pode ser aplicado 
o art. 288. 
 
Boa parte doutrina critica a novel lei que tipifica a constituição de milícia 
privada, com fulcro nos ensinamentos de Feverbach, sob a égide do Principio 
da Reserva Legal, em especial, no que tange a Lex Certa. A referida inovação 
legislativa não define o conceito de organização paramilitar, particular e 
grupo ou esquadrão, nem mesmo estipula um mínimo quantitativo para 
configuração do crime em questão. 
 
Segundo a doutrina, milícia privada é gênero do qual tem-se espécies: 
organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão. Ademais, o 
objetivo do legislador em destacar a atividade de grupo de extermínio é de 
determinar que este será considerado um crime hediondo, mesmo que na 
modalidade simples. 
 
 
 
 
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Milícia privada é o agrupamento armado e estruturado de civis – inclusive com a 
participação de militares fora das suas funções – com a pretensa finalidade de 
restaurar a segurança em locais controlados pela criminalidade, em face da 
inoperância e desídia do Poder Público. Para tanto, seus integrantes apresentam-se 
como verdadeiros “heróis” de uma comunidade carente e fragilizada, e como 
recompensa são remunerados por empresários e pelas pessoas em geral. 
Organização paramilitar é uma associação civil, desvinculada do Estado, armada e 
com estrutura análoga às instituições militares, que utiliza táticas e técnicas policiais 
ou militares para alcançar seus objetivos. 
Grupo de extermínio é a associação de matadores, composta de particulares e 
também por policiais autointitulados de “justiceiros”, que buscam eliminar pessoas 
deliberadamente rotuladas como perigosas ou inconvenientes aos anseios da 
coletividade. Sua existência se deve à covardia e à omissão do Estado. 
 
Quantas pessoas devem integrar a organização paramilitar, milícia, grupo de 
extermínio? 
1ª C: De acordo com Cezar Roberto Bittencourt, o novo tipo penal deve ser 
interpretado de acordo com artigo 288 CP. Conclusão: 03 pessoas. 
2ª C: De acordo com Nucci, pode constituir o crime do artigo 288-A CP com 
apenas 02 pessoas. 
3ª C: De acordo com Rogério Sanches, o novo tipo penal deve ser 
interpretado de acordo com a Lei 12.850/13, isto é, 04 pessoas. 
 
 
- Os crimes devem ter nexo com a finalidade do grupo: 
Ex: Grupo de extermínio para praticar roubos? Não cabe o art. 288-A CP; 
Ex: Grupo de extermínio para praticar crimes contra a pessoa? Cabe o art. 288-A CP; 
 
Aplica-se o crime de milícia privada (288-A CP) em concurso com o homicídio 
com causa de aumento de pena pela constituição da mília (121,§ 6º CP)? 
1ªC (Bittencourt): o agente responde, apenas, pelo artigo 121, §6º, CP, não 
cumulando com artigo 288-A do CP para evitar “bis in idem”. 
2ª C (Tribunais Superiores): o agente responde pelo artigo 288-A do CP + art. 
121, §6º do CP, não configurando “bis in idem” (são infrações autônomas e 
independentes protegendo bens jurídicos distintos). 
 
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA: 
O bem jurídico protegido é a fé pública, tendo como titular a coletividade, 
crime vago. A fé publica é a crença na legitimidade, veracidade e lealdade 
para com os documentos que materializam a vida de cada ser humano. 
(presunção de legitimidade). 
 
 
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A inserção de documentos falsos prejudica a vida da sociedade, visto que a 
burocracia aumenta e torna menos ágil nossa relação diante da sociedade. 
Nelson Hungria aduz que os crimes contra a fé pública afrontam a agilidade 
das relações comuns que praticamos em nosso dia a dia. Toda falsidade tem 
um fim especifico de receber uma vantagem indevida distinta da falsificação 
em si. Trata-se de um crime autônomo e distinto do crime ao qual se está 
objetivando com a falsificação per si. 
 
Consumação: Trata-se de crime formal, em que a consumação se dá no 
exato momento em que ocorre a falsificação ou alteração do documento, 
independente de qualquer resultado. 
 
Ação Penal: Ação Penal Pública Incondicionada. 
 
Competência: Diante dos crimes contra a fé pública, há três regras para 
fixação da justiça competente: 
 
Regra nº 01) Em se tratando de crimes de falsificação, a competência será 
determinada a partir do Órgão responsável pela confecção do documento. Se um 
órgão emite um documento, esse órgão tem interesse na preservação da 
autenticidade do mesmo. Ex. moeda falsa e CPF falso (JF) / habilitação falsa, como 
o Detran é estadual, a competência é da justiça estadual. 
 
Regra nº 02) Em se tratando de crime de uso de documento falso por terceiro que 
não tenha sido o responsável pela falsificação, a competência será determinada 
em virtude da pessoa física ou jurídica prejudicada pelo uso, pouco importando o 
órgão responsável pela confecção do documento. Ex.: Pessoa comprou uma 
carteira de habilitação falsa e a utiliza numa blitz da polícia rodoviária federal. A 
competência é da justiça federal. 
 
Regra nº 03) Em se tratando de falsificação ou uso de documento falso, 
cometidos como meio para a prática de um crime-fim (ex. estelionato), a 
competência será determinada em face do sujeito passivo do crime fim 
(patrimonial, no caso), já que o falsum será absorvido por tal delito. 
 
QUAL A DIFERENÇA ENTRE FALSIDADE MATERIAL E IDEOLÓGICA? 
Ambas tutelam a fé pública, porém a falsidade material atenta contra a 
autenticidade do documento (forma), enquanto a falsidade ideológica 
atenta contra o conteúdo do documento, apresentando um juízo inverídico. 
Toda falsidade é ideológica, pois visa alterar a percepção do agente passivo. 
No entanto, nem toda falsidade será material, ou seja, alterará a substância 
do documento. Diante de falsidade ideológica não é necessária perícia para 
 
 
 
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constatação. Já quando a falsidade é material faz-se necessário o parecer 
de um perito sobre o documento. 
 
Ademais, para configurarmos o crime de falso, deve haver potencialidade 
lesiva. Assim, aquela falsidade grosseira que não consegue ludibriar o homem 
comum não será considerada crime de falso, sob o fundamento do instituto 
do crime impossível. Não obstante determinada falsificação possa ser 
grosseira ao ponto de ser considerada como crime impossível, não podemos 
partir da mesma premissa para elidir a imputação do crime de estelionato, 
pois, mesmo grosseiramente falso o documento, pode ser capaz fraudar a 
vontade de determinada vítima, não devendo ser analisada a questão à luz 
do homem médio. (Inteligência da Súmula 73 STJ) 
O que é um documento, temos duas teorias: 
Teoria Estrita – Todo escrito feito sobre coisa móvel, de autor determinado e que 
registre um fato ou ato juridicamente relevante. Teoria mais retrograda, porém ainda 
sendo a mais segura. (Capez, Mirabete). 
Teoria Ampla – Documento pode ser qualquer objeto que tenha o condão de provar 
algum ato ou fato, seja um vídeo, gravações de áudio, arquivo de computador, foto, 
seja ele impresso ou virtual. (Regis Prado) 
 
Art. 289 – Moeda Falsa 
Conceito: Falsificar, fabricando ou alterando, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro. Figura Equiparada: Nas 
mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa, exporta, 
adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, ou introduz em circulação 
moeda falsa. 
 
 O crime de moeda falsa, previsto no artigo 289 do Código Penal, é 
classificado como crime de ação múltipla (tipo penal alternativo ou 
plurinuclear), situação em que a prática de mais de um verbo núcleo 
do tipo caracteriza crime único. 
 
Figura Privilegiada: Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, 
moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a 
falsidade. Destaque-se que aquele que restitui a moeda falsa à circulação 
desconhecendo a falsidade pratica FATO ATÍPICO. 
 
Bem Jurídico: Fé Pública. Considera-se de curso legal as moedas que não 
podem ser recusadas como forma de pagamento, tal como acontece com 
o REAL no Brasil. (Não abrange o cheque-viagem, conforme STJ: CC 94848/SP 
e o padrão monetário já extinto: Cruzeiro). Trata-se de crime de ação penal 
 
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pública incondicionada e de competência da Justiça Federal, em todas as 
modalidades. 
 
Sujeitos e elemento subjetivo: Trata-se de crime comum, vago, necessitando 
do elemento subjetivo dolo, não se admitindo a modalidade culposa. 
Ademais, não se exige o animus lucrandi. O tipo de moeda falsa exige o dolo 
genérico, sem a necessidade de qualquer especial fim de agir. O crime de 
moeda falsa é crime não-transeunte, exigindo exame de corpo de delito. 
 
Consumação: Trata-se de crime formal, consumando-se com a mera 
falsificação da moeda metálica ou papel-moeda – independente de 
resultado naturalístico-, mediante fabricação ou alteração, desde que idônea 
a enganar as pessoas. A falsificação de várias moedas no mesmo contexto 
fático caracteriza crime único, sendo irrelevante que o objeto do crime seja 
colocado em circulação, bem como se alguém suporta prejuízo. Ademais, 
como se está diante de delito plurissubsistente, admite-se a figura da tentativa. 
 
Crime impossível: A falsificação grosseira de papel-moeda não é crime contra 
a fé pública, mas pode configurar estelionato perante o individuo que não foi 
capaz de perceber a falsidade que arraigava o documento, hipótese em que 
o julgamento será de competência da J. Estadual. (Súm. 73 STJ) 
 
Princípio da Insignificância: Não é admitido nos crimes contra a fé pública. 
STF: HC 96153/MG. 
 
Destaque-se que, se o próprio falsário coloca em circulação a moeda ou 
papel-moeda, estaremos diante de pós-fato impunível, devendo, responder, 
tão somente pela falsificação e não pela figura equiparada. 
 
FIGURA QUALIFICADA: É punido com reclusão de 3 a 15 anos e multa, o 
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que 
fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: 
1. De moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei. 
2. De papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 
 Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular a moeda, cuja 
circulação não estava ainda autorizada. (Crime comum) 
 
A figura qualificada do crime de moeda falsa é crime próprio, pois somente 
pode ser cometido pelas pessoas expressamente dispostas no tipo. O inciso 
que trata do peso somente se aplica à moeda e somente quando a moeda 
tem peso inferior, sendo atípico o fato de a moeda ter peso superior. Ademais, 
o inciso que trata da quantidade somente se aplica ao papel-moeda 
 
 
 
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fabricado em quantidade superior ao autorizado, sendo certo que a 
fabricação de moeda em quantidade inferior não caracteriza crime, mas sim 
ilícito administrativo. Por fim, destaque-se que a modalidade qualificada 
prevê crime formal, se consumando com a mera prática do verbo núcleo do 
tipo. 
 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR: Não se aplica o instituto do arrependimento 
posterior ao crime de moeda falsa. No crime de moeda falsa – cuja 
consumação se dá com a falsificação da moeda, sendo irrelevante eventual 
dano patrimonial imposto a terceiros –, a vítima é a coletividade como um 
todo, e o bem jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de 
reparação. Desse modo, os crimes contra a fé pública, semelhantes aos 
demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do 
arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver 
reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. STJ. 6ª Turma. 
REsp 1.242.294-PR, 18/11/2014. 
 
Art. 297 – Falsificação de documento público 
Trata-se de falsidade material de documento formalmente público. A 
consumação do crime se dá no momento em que o documento é alterado 
ou fabricado – crime formal -, independente de sua utilização posterior. 
Passível de tentativa, quando diante de crime plurissubsistente. Ademais, não 
é necessário que haja dano para a consumação, trata-se de um crime formal. 
Frise-se que se a falsificação for grosseira deve ser afastada a imputação ao 
crime de falso, sob o fundamento do crime impossível. 
 
Conduta: falsificar ou alterar. Pressupõe dolo (sem qualquer finalidade 
especial do agente). No crime de falsidade material (documento público ou 
privado) não se exige a presença do especial fim de agir, contudo, na 
falsidade ideológica, deve estar presente o especial fim de agir do agente, 
qual seja, de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre o 
fato juridicamente relevante. 
 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA: Diante de funcionário público que pratica a 
falsificação de documento público valendo-se da sua função há a incidência 
da causa de aumento. Cuidado, pois no crime de falsidade de documento 
privado não há a incidência desta majorante. 
 
Falsificação para acobertar outro crime - Unidade ou pluralidade de crimes: 
Se o agente, no mesmo contexto fático e visando alcançar uma determinada 
finalidade, falsifica diversos documentos públicos, deve responder por uma 
única falsificação. Ex. Agente que furta um veículo e falsifica todos os documentos 
 
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relativos ao automóvel. Porém, a falsificação destinada a acobertar um crime 
anterior nunca por ele será absorvida, pois estão relacionados a momentos 
consumativos e bens jurídicos diversos. (Masson) 
 
CUIDADO: A conduta que se limita a cancelar ou rasurar palavras de um 
documento, sem implicar inserção de novos dados ou modificação no seu 
conteúdo, caracteriza o crime de supressão de documento, art. 305 do CP. 
 
Súm. 73 STJ – A falsificação grosseira de papel-moeda não é crime contra a fé 
pública, mas pode configurar estelionato perante o individuo que não foi 
capaz de perceber a falsidade que arraigava o documento, de competência 
da J. Estadual. 
 
O QUE É DOCUMENTO PÚBLICO? Documento Público é aquele elaborado por 
funcionário público no exercício de sua função, mesmo que ele seja 
substancialmente privado. A lei traz um rol de documentos que são 
EQUIPARADOS aos documentos públicos: documentos emanados por 
entidade paraestatal, o titulo ao portador ou transmissível por 
endosso, as ações da sociedade comercial, livros mercantis e o 
testamento particular (art. 297) 
 
TÍTULO AO PORTADOR OU TRANSMISSÍVEL POR ENDOSSO – cheque, nota promissória, 
letra de câmbio, etc. É IMPRESCINDÍVEL QUE SEJAM PASSÍVEIS DE TRANSMISSÃO POR 
ENDOSSO. Contudo, sabe-se que o cheque tem um prazo em que ele é transmissível 
por endosso. Depois desse prazo, ele pode ser objeto de cessão civil, mas deixa de 
sertransmissível por endosso. Nesse caso, considerando que o cheque, após esse 
prazo, não pode mais ser transmitido por endosso, o cheque deixa a ser documento 
público para equiparação, passando a ser documento particular. É ISSO QUE CAI EM 
CONCURSO!!! 
 
Parágrafo 3º - Traz um rol de adulterações em documentos públicos, em 
especial, em dados destinados à previdência social. Fiquem atentos à 
competência diante de falsificação de CTPS: 
 
Ex.1: Pessoa sofreu um acidente e não é segurada da previdência. Ela contrata 
alguém para falsificar a sua CTPS, fazendo uma falsa anotação no documento. Após, 
essa pessoa vai a uma agência do INSS e apresenta a CTPS, querendo receber auxílio 
doença. Aqui a competência será da J. Federal, pois a finalidade do agente é causar 
lesão ao INSS. 
Ex.2: A pessoa vai procurar um emprego e o empregador requer experiência. O 
trabalhador pega uma CTPS e a falsifica, fazendo uma anotação de vínculo anterior 
 
 
 
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de trabalho anterior, para conseguir o emprego. Aqui a competência será da J. 
Estadual, pois a finalidade do agente é ludibriar o particular e não o INSS. 
Obs: Os parágrafos terceiro e quarto do art. 297, do CP, na realidade, são crimes de 
falsidade ideológica, e não falsidade documental, razão pela qual deveriam estar 
no art. 299, do CP. Esses artigos caem muito pouco em concurso, mas é importante 
lê-los. Então, documentos que irão servir como prova perante a Previdência Social, 
se falsificados, caracterizam falsidade ideológica. 
 
ATENÇÃO: A falsificação de cópia reprográfica não autenticada não configura 
ação com potencial de causar dano à fé pública. Diante de cópia de documento, 
só haverá crime se o uso for de cópia autenticada. A cópia autenticada pode ser 
objeto do crime porque pode ser utilizada como prova. (R. Sanches) 
 
Art. 298. Falsificação de Documento Particular 
TIPO: Falsificar no todo ou em parte, documento particular, ou alterar 
documento particular verdadeiro. Trata-se de falsidade material, delito formal, 
que não exige especial fim de agir do agente ativo. 
 
CUIDADO: A L. 12737/2012 adicionou um parágrafo único ao art. 298: 
Equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. (mesmo 
que emitido por empresa pública ou S.E.M) 
 
 ATENÇÃO: Não há a majorante quando diante de falsificação de 
documento particular perpetrada por funcionário público, como ocorre 
no delito anterior. 
 
Art. 299 – Falsidade Ideológica 
Conceito: Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele 
devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da 
que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou 
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. 
 
Tutela-se a fé pública, mas em seu CONTEÚDO. Só poderá ser praticado por 
pessoa que tenha o dever jurídico de declarar a verdade. Deve haver 
finalidade especial do agente em criar obrigação ou extinguir ou prejudicar 
direitos. Caso contrário, será fato atípico. Há duas penas: de 1 a 5 anos se o 
documento for público; e de 1 a 3, se o documento for particular. Ex. Agente 
que obtém segundo CPF mediante a declaração de nome diverso do 
verdadeiro. (STF: Inq 1695/DF) 
 
TENTATIVA: O delito admite tentativa somente na conduta ativa, na 
modalidade omissiva NÃO! 
 
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CAUSA DE AUMENTO DE PENA: Se o agente é funcionário público e comete o 
crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é no 
assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. Cuidado! 
Art. 241 (registrar nascimento inexistente) e 242 (registrar como seu o filho de outrem), 
do CP. São hipóteses especiais de falsificação de registro civil; Cuidado com as 
demais falsidades especiais dos arts. 350 do Código Eleitoral e 66 da Lei 9605/98 – 
falsificar licenciamento ambiental. 
 
Falsificação ou alteração do assentamento do registro civil e termo inicial da 
prescrição da pretensão punitiva: Em regra, a prescrição segue a Teoria do 
Resultado, contudo, em crimes de falsificação ou alteração de assentamento 
do registro civil, o termo inicial da prescrição da pretensão punitiva é a data 
em que o fato se tornou conhecido (art. 111, V, do CP), pouco importando a 
data da sua realização. O conhecimento do fato, exigido pela lei, refere-se à 
autoridade pública que tenha poderes para apurar, processar ou punir o 
responsável pelo delito, aí se incluindo o Delegado de Polícia, o membro do 
Ministério Público e o órgão do Poder Judiciário. 
 
- CONCURSO ENTRE O CRIME DE FALSO E O ESTELIONATO: 4 CORRENTES: 
1º Aplica-se a súmula 17 do STJ, em que se o falso tem como objetivo um 
estelionato e nesse se exaure, deve ser aplicado o principio da consunção, 
onde este absorve o crime de falso. Trata-se de um crime meio para um ilícito 
fim. Ex. Pessoa falsificou a folha de cheque e com ela comprou uma mercadoria. O 
cheque falsificado ficou na loja, se exaurindo na compra. Nesse caso, há estelionato, 
somente. Ex. Pessoa falsificou um RG e praticou uma fraude no comércio; essa 
pessoa sai da loja com o produto e com o RG falso, de modo que a falsidade não se 
esgotou no estelionato, caso em que haverá concurso material. 
2º Segundo STF, estamos diante de crimes que protegem bens jurídicos 
diferentes e, como tal, há a ocorrência de concurso formal de crimes entre o 
falso e o estelionato, mesmo que haja exaurimento. 
3º Hungria defende que o falso deve absorver o estelionato, pois é mais grave 
do que este. 
4º Rogério Greco defende a aplicação do princípio da consunção, mesmo 
quando o falso não se exaure no estelionato, uma vez que o falso é meio para 
a consumação do crime fim: estelionato. 
 
FALSIDADE IDEOLÓGICA E BIGAMIA: O requerimento de habilitação para o 
casamento requer a declaração de estado civil dos nubentes. Se, nesse 
momento, uma pessoa já casada falsear a verdade, declarando o estado civil 
de solteiro, duas situações podem ocorrer: 
 
 
 
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(1) Se o casamento não se concretizar, estará caracterizado somente o 
crime de falsidade ideológica; 
(2) Se o casamento se aperfeiçoou, o sujeito será responsabilizado por 
bigamia e falsidade ideológica, pois tais delitos ofendem bens jurídicos 
diversos e consumam-se em momentos diferentes. Porém, há quem 
defenda a consunção, pois a falsidade ideológica é meio para a 
bigamia (Masson e STJ: HC 39.583/MS). 
 
ABUSO DO PAPEL EM BRANCO – Caracteriza o crime de falsidade 
ideológica, visto que não há qualquer alteração material do documento, mas 
sim a inserção de conteúdo diverso do que havia sido pactuado. Porém, se 
quem detém o documento o perde e terceira pessoa vem a preencher o 
documento com conteúdo diverso, segundo a doutrina, estaremos diante de 
crime de falsidade material, visto que não era ela a legitimada para 
preencher o documento. 
 
ATENÇÃO: Falsificação para provar fato verídico NÃO possui relevância penal. 
 
GRATUIDADE JUDICIÁRIA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. FALSIDADE. HC 217.657-
SP, em 2/2/2012. (490-STJ) A apresentação de declaração de pobreza com 
informações falsas para obtenção da assistência judiciária gratuita não 
caracteriza os crimes de falsidade ideológica ou uso de documento falso. Isso 
porque tal declaração é passível de comprovação posterior, de ofício ou a 
requerimento, já que a presunção de sua veracidade é relativa. 
 
PETIÇÃO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DO ART. 299. Segundo 
entendimento do STJ,a petição só faz prova de seu próprio teor e não da 
veracidade dos fatos alegados. Por isso, de regra, a inserção de alegações 
falsas em petição não caracteriza o crime de falsidade ideológica. (STJ, AgRg 
no Ag 1015372/RJ e HC 51613/RJ) 
 
Art. 304 – Uso de documento falso 
Conceito: Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se 
referem os arts. 297 a 302. 
 
Crime imputado àquele que utiliza algum dos documentos falsificados ou 
alterados, aplicável à pessoa diversa daquela que falsificou o documento. 
Aquele que falsifica uma carteira de habilitação, quando há a utilização 
deste documento, responde somente pelo crime falsificação, uma vez que o 
uso afigura-se como mero exaurimento, pós-fato impunível. (STJ, HC 150242/HC 
107103) 
 
 
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Trata-se de crime remetido, pois sua conduta remete aos arts. 297 a 302 do 
CP. É também delito acessório (parasitário), pois pressupõe a existência de 
delito anterior . Porém, cuidado, pois a extinção da punibilidade acerca do 
crime antecedente não acarreta a descaracterização do crime parasitário. 
 
Estamos diante de crime exclusivamente doloso, hipótese em que o uso de 
documento falso por culpa afigura-se como fato atípico. Ademais, trata-se de 
norma penal em branco ao avesso, pois busca o preceito secundário (penas) 
nos crimes correspondentes ao falso anterior. Assim, aquele que usa responde 
pela mesma pena daquele que falsificou. 
 
Imperioso destacar que a falsificação grosseira, perceptível ictu oculi, afasta 
a falsidade documental em razão da caracterização de crime impossível. O 
crime de uso de documento falso é um tipo penal unissubsistente, não se 
admitindo a tentiva. Ademais, cumpre destacar que o uso do documento 
falso DEVE ser voluntário e a consumação independe da obtenção da 
vantagem. 
 
ATENÇÃO: É possível a condenação pelo crime de uso de documento falso 
(art. 304 do CP) com fundamento em documentos e testemunhos constantes 
do processo, acompanhados da confissão do acusado, sendo desnecessária 
a prova pericial para a comprovação da materialidade do crime, 
especialmente se a defesa não requereu, no momento oportuno, a realização 
do referido exame. STJ. 5ª Turma. HC 307.586-SE, 25/11/2014. 
 
IMPORTANTE: O simples porte de um documento falso não é crime. Assim, o 
documento falso encontrado com o a gente não caracteriza qualquer delito, 
salvo se ele for apresentado à autoridade ou restar demonstrado que o 
próprio é quem o falsificou. No entanto, o STJ menciona que o mero porte de 
Habilitação e CRLV falsas caracteriza o crime de uso de documento falso, pois 
são documentos de porte obrigatório. 
 
USO DE DIVERSOS DOCUMENTOS FALSOS EM UM MESMO CONTEXTO FÁTICO: 
configura um único crime, em razão da unidade de lesão a fé pública. Ex. Tício 
se apresenta a CEF para abrir conta corrente com documentos de 
identidade, renda e comprovante de residência falsos. Já se o agente utiliza-
se de documentos falsos em contextos distintos, restará configurada a 
continuidade delitiva, se presentes os requisitos do art. 71 do CP. 
 
Em se tratando de crime de uso de documento falso por terceiro que não 
tenha sido o responsável pela falsificação do documento, a competência 
 
 
 
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será determinada em virtude da pessoa física ou jurídica prejudicada com o 
seu uso. Aqui é diferente do critério anterior, pois não é o agente que pratica 
a falsificação, apenas faz o uso, então a competência será relacionada à 
pessoa lesada. Ex.: Compete à Justiça Federal o julgamento de crime consistente 
na apresentação de Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) falso 
à Polícia Rodoviária Federal. (STJ CC 124.498-ES) 
 
Súmula 200 STJ  O Juízo Federal competente para processar e julgar o crime 
de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou. 
 
CUIDADO: O uso de papéis públicos – art. 293,CP – não se amolda ao tipo 
penal previsto no art. 304,CP pois este tipo penal exige que seja utilizado um 
documento e não um PAPEL PÚBLICO. Ex. notas fiscais. 
 
Se o mesmo sujeito é parado na blitz e se diz delegado, apresentando carteira 
funcional falsa, qual o crime? Art. 304, se o documento não foi por ele 
falsificado. (corrente majoritária). 
 
IMPORTANTE: O STF decidiu que o agente que faz uso de carteira falsa da OAB pratica 
o crime de uso de documento falso, não se podendo admitir que esse crime seja 
absorvido (princípio da consunção) pela contravenção penal de exercício ilegal da 
profissão (art. 47 do DL no 3.688/41), pois não é possível que um crime tipificado no 
Código Penal seja absorvido por uma infração tipificada na Lei de Contravenções 
Penais. STF. 1a Turma. HC 121652/SC, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/4/2014. 
(Informativo 743) 
Art. 305 – Supressão de Documento 
Conceito: Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou 
em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não 
podia dispor. Assim, o agente que ao examinar os autos do inquérito policial 
no qual figure como investigado pela prática de estelionato, encontre os 
documentos originais colhidos pela autoridade, nos quais seja demonstrada a 
materialidade do delito investigado, e os destrua, deve responder pelo crime 
de supressão de documento. 
 
SUPRESSÃO DE DOCUMENTO – ART. 
305 
SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO 
DE VALOR PROBATÓRIO – ART. 356 
Trata-se de crime contra fé pública e 
pode ser cometido por qualquer 
pessoa. 
Trata-se de crime contra a 
Administração da Justiça e somente 
pode ser cometido por advogado ou 
procurador. (crime próprio ou 
especial). Nesse crime, a inutilização 
do documento com valor probatório 
 
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representa dano ao Estado, e não a 
destruição de prova em benefício 
próprio ou de outrem, ou ainda em 
prejuízo alheio. 
 
É indiferente se o documento foi livremente confiado ao agente ou se 
alcançou a posse de maneira ilícita, com o fim previsto na norma. A lei se 
preocupa apenas com a destruição do documento. Destarte, se o 
documento consistir em traslado, cópia ou certidão, não se reconhece o 
crime em análise, desde que exista o documento original. (STF, HC 75078/SC) 
 
Trata-se de crime formal, consumando-se com a destruição, supressão ou 
ocultação. 
 
Art. 307 – Falsa Identidade 
Conceito: O crime tipificado no art. 307 (falsa identidade) possui como uma 
das condutas do núcleo o verbo “atribuir-se”, consistente na simples 
atribuição de falsa identidade, sem utilização ou apresentação de 
documento algum (seja falso ou verdadeiro) para obter vantagem, em 
proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem (exige especial fim 
de agir). 
 
No crime de falsa identidade, o agente se passa por uma pessoa que 
realmente não é, seja oralmente (passa-se por outra pessoa em um 
evento), seja por escrito (preenche formulário se passando por terceiro), seja 
por gesto (levanta a mão quando perguntado quem fez determinada 
contribuição filantrópica). Aqui não há utilização de documento algum de 
identificação. 
 
A identidade compreende características próprias de pessoa determinada, 
capazes de individualizá-la perante a sociedade, tais como: nome, filiação, 
idade, estado civil, sexo e profissão. No conceito identidade não ingressam 
endereço, telefone e o e-mail. No crime de falsa identidade, o agente atribui 
para si ou para outrem identidade alheia sem a apresentaçãode qualquer 
documento. Se apresentar carteira funcional falsa e intitular-se delegado, 
praticará o crime de uso de documento falso – art. 304. 
 
Trata-se de um crime formal, de consumação antecipada, que se completa 
com a prática do verbo núcleo do tipo: atribui-se falsa identidade para si ou 
para outrem. 
 
 
 
 
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Aplica-se a pena de 3 meses a 1 ano se o fato não constitui elemento de crime 
mais grave. Se o agente silencia sobre sua verdadeira identidade, que foi 
imputada de forma equivocada, não há falar em crime. Note que esse crime 
é subsidiário, pois o art. deixará de ser aplicado caso o fato constitua infração 
mais grave. Ex.: (1) estelionato; (2) posse sexual mediante fraude; (3) simulação 
de casamento. Não é necessário que o agente aufira a vantagem pretendida 
para configurar o crime. 
 
IMPORTANTE – O réu pode mentir sobre fatos, mas não pode mentir sobre sua 
identidade (qualificação). Se assim o fizer, restará consumado o crime de falsa 
identidade - HC 72377 STF. 
 
Testemunha que mente quanto à identificação em juízo: Segundo 
MAGALHÃES NORONHA, testemunha que mente quanto a sua qualificação 
responderá por falso testemunho. Segundo DAMÁSIO, responderá pelo crime 
de falsa identidade. A primeira corrente é mais coerente, tendo em vista que 
o réu não está atentando contra a fé pública, mas sim contra a administração 
da justiça. 
 
Ex.: Aquele que é interpelado pela sindica quanto a ausência de vaga na 
garagem e se diz delegado para fins de conseguir uma vaga na garagem 
pratica o crime do art. 307, falsa identidade, pois estamos diante de um delito 
de intenção, em que o sujeito ao atribuir-se falsa identidade visa obter 
vantagem através da prática da conduta. Se o agente mostra a carteira 
profissional de Delegado falsa responde por crime de uso de documento falso, 
art. 304. Vale frisar que esta vantagem não pode ser patrimonial, sob pena de 
caracterizar estelionato ou usurpação qualificada. 
 
SIMULAÇÃO DA QUALIDIDADE DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO E USURPAÇÃO DE 
FUNÇÃO PÚBLICA: A simulação da qualidade de funcionário público é 
contravenção penal prevista no art. 45 e consiste no simples fingimento em ser 
funcionário público, sem qualquer especial fim de agir. Basta intitular-se 
funcionário público. Contudo, se presente o especial fim de agir – obter 
vantagem -, estará configurado o crime de falsa identidade, art. 307. A 
diferença está no especial fim de agir. Entretanto, se o sujeito fingir-se 
funcionário público e praticar algum ato relacionado à função pública, a ele 
será imputado o crime de usurpação de função pública, art. 328. 
 
Art. 308 – USO DE DOCUMENTO DE IDENTIDADE ALHEIO 
 
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Conceito: Usar, como próprio, passaporte, titulo de eleitor, caderneta de 
reservista ou qualquer documento de identidade alheio ou ceder a outrem, 
para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro. 
 
Trata-se de crime com punição mais severa do que o crime de falsa 
identidade, pois aqui há utilização de um documento público para fins de 
falsear a identidade. Nesse crime pune-se quem cede o documento e 
também aquele que o utiliza. Ex. Pessoa que com a identidade de terceiro vai 
ao banco com a finalidade de obter dados da conta do agente passivo. 
 
Art. 311 – Adulteração de sinal identificador de veiculo automotor 
Tipo: Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer outro sinal 
identificador de veiculo automotor, de seu componente ou equipamento. 
 
Trata-se de crime formal, doloso e que admite a figura tentada. Segundo a 
jurisprudência atual do STJ e do STF, a conduta de colocar uma fita adesiva 
ou isolante para alterar o número ou as letras da placa do carro objetivando 
evitar multas, pedágio, rodízio etc, configura o delito do art. 311 do CP. Há 
quem defenda que se trata de crime impossível, como observa Masson. (STF. 2ª 
Turma. RHC 116371/DF, em 13/8/2013). Ademais, a troca de placas entre veículos, 
segundo STJ e STF, também caracteriza o crime de adulteração de sinal 
identificador de veiculo automotor. 
 
OBSERVAÇÃO: Rogério Sanches adverte que a pessoa que recebe o veículo 
já adulterado, sabendo dessa circunstância, não pratica o crime do art. 311, 
mas o do art. 180 (receptação). Se ele recebe o veiculo objeto de crime de 
depois adultera o chassi, responde pelo art. 180 em concurso com o 311. 
 
CUIDADO: A adulteração do Chassi ou placa realizada na CRLV constitui 
crime de falsidade material de documento público e não o crime de 
adulteração de sinal identificador de veículo. 
 
Art. 311-A – FRAUDE EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO: 
Conceito: Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou 
a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso 
de: 
I – Concurso Público; 
II – Avaliação de exames públicos; 
III – Processo seletivo para o ingresso no ensino superior; (Ex. ENEM) 
IV – exame ou processo seletivo previsto em lei. (EX. EXAME DA OAB) 
 
 
 
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 Nas mesmas penas incorre quem PERMITE ou FACILITA, por qualquer 
meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações 
mencionadas no caput. 
 
MODALIDADE QUALIFICADA: Se da ação ou omissão resulta dano à 
administração pública. 
 
CAUSA DE AUMENTO: Aumenta-se em 1/3 se o fato é cometido por funcionário 
público. 
 
Bem Jurídico Tutelado: Fé Pública, pautando-se no Princípio da Isonomia e 
demais princípios da Administração Pública. Crime de Ação Penal Pública 
Incondicionada e de competência da J. Estadual, salvo se em detrimento de 
bens ou interesses da União. Ex. Fraude em concurso da CEF. 
 
Abrangência do Crime: O crime de fraude ao certame exige que seja violado 
o interesse público, independentemente se o processo seletivo se dá em 
âmbito público ou privado. 
 
Sujeitos e elemento subjetivo: Trata-se de crime comum, vago, com dolo 
subjetivo específico (com o fim de beneficiar ...), não se admitindo o 
cometimento do crime na modalidade culposa. 
 
Consumação: Trata-se de crime formal, consumando-se com a divulgação ou 
utilização indevida do conteúdo sigiloso, não se exigindo a obtenção do 
benefício próprio ou de terceiro, nem o efetivo comprometimento da 
credibilidade do certame. Ademais, em face do caráter plurissubsistente, 
permite-se a modalidade tentada. 
 
COLA ELETRÔNICA: Antes da L. 12550/11, que criou o crime em questão, o STF 
afirmou que a cola eletrônica era fato atípico. Contudo, com o advento da 
referida lei, o fato amolda-se ao crime previsto no art. 311-A, visto que há a 
divulgação indevida de conteúdo sigiloso com o fim de beneficiar outrem. 
Segundo a doutrina, no caso de cola eletrônica há o concurso de pessoas 
entre o expert (que divulga o conteúdo sigiloso) e o candidato (que o utiliza 
indevidamente). 
 
DIVULGAÇÃO ANTECIPADA DO RESULTADO DO CERTAME: Não caracteriza o 
crime previsto no art. 311-A a divulgação do resultado do certame 
antecipadamente a determinadas pessoas, embora o ato seja imoral. Ex. 
 
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CESPE realiza o certame e uma pessoa da instituição divulga o resultado 
antecipadamente a um grupo de amigos.

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