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 TEXTO 2
 
 VAMOS DAR UM ROLEZINHO?
 
 Editorial do jornal tenta decifrar a lógica desse novo fenômeno, em que a cultura da periferia provo-
ca a classe média, mas sem violência; “Igualdade e desigualdade, provocação e inofensividade, celebração 
e medo se misturam nos “rolezinhos”; num plano mais abstrato, ordem e progresso, ao lado de desordem 
e estagnação, fazem do fenômeno um retrato especialmente nítido do Brasil de nossos dias”, diz o texto: 
Como decifrar a lógica dos “rolezinhos”, fenômeno social novo, conduzido por jovens da periferia, que levam 
novas formas de cultura e afirmação social para espaços típicos da classe média, como os shopping-centers? 
A Folha de S. Paulo, em editorial publicado nesta quinta-feira, dá sua interpretação:
 “Rolezinhos”
 O objetivo seria “tumultuar, pegar geral, se divertir, sem roubos”. Assim é definido, por seus próprios 
participantes, o “rolezinho”, que chegou a reunir 6.000 jovens da periferia numa única ocasião.
 No dia 7 de dezembro, foi esse o número dos que atenderam à convocação das redes sociais para 
um encontro num shopping paulistano. Também a polícia compareceu, como é recomendável e de praxe em 
aglomerações dessa monta. Parte dos frequentadores do centro comercial assustou-se com a cena, que, sem 
ser prenúncio de atividade criminosa, não escondia suas intenções contestatárias. Trata-se de questionar a 
cultura do consumo, o exclusivismo dos espaços frequentados pelas classes abastadas e a suposta discrimi-
nação racial que lhe seria subjacente. “É arrastão”, exclamou alguém. Deu-se o corre-corre, e quatro jovens 
terminaram sendo encaminhados à delegacia mais próxima. Conseguiu-se, assim, colocar o “preconceito 
social” em primeiro plano. Mas é de perguntar o quanto há de discriminatório na atitude dos que, cientes do 
risco real de arrastões e vandalismo no Brasil, entraram em pânico ao ver tantos jovens num mesmo lugar, 
com intenções não de todo explicitadas. Os “rolezinhos” se repetiram, acompanhados de intenções duvi-
dosas de enquadrá-los em algum artigo da legislação penal. A novidade do fenômeno e a sutileza com que 
foge a classificações estabelecidas são sinais de algo nada novo: as imensas desigualdades de renda do país 
criam formas de segregação espacial, e áreas privadas, como os shopping centers, substituem, por razões de 
segurança e de pasteurização social, lugares tradicionais do convívio público, como ruas e praças.
 O incremento da renda das classes baixas e o maior acesso à informação tornaram mais aguda a per-
cepção das diferenças que, paradoxalmente, começaram a se tornar menos dramáticas. Ao acesso a bens de 
consumo vêm somar-se outras reivindicações: o ingresso em espaços públicos, a luta pelo reconhecimento, 
a denúncia do preconceito --que se faz, num novo paradoxo, mais pela afirmação das diferenças de cultura, 
vocabulário, roupa e comportamento do que pela vontade da imitação e da fusão indiferenciada com o es-
tatos superior. Igualdade e desigualdade, provocação e inofensividade, celebração e medo se misturam nos 
“rolezinhos”; num plano mais abstrato, ordem e progresso, ao lado de desordem e estagnação, fazem do 
fenômeno um retrato especialmente nítido do Brasil de nossos dias.
Disciplinas
Interativas
Produção Textual em Equipe
Disciplina: Homem, Cultura e Sociedade
Docente: Márcia Bastos

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