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PLANEJAMENTO E OCUPAÇÃO TERRITORIAL GEOMORFOLOGIA E OCUPAÇÃO TERRITORIAL GEOMORFOLOGIA A Geomorfologia → ciência que estuda as formas do relevo terrestre, assim como sua origem (gênese), composição (materiais) e evolução (processos atuantes). O relevo terrestre → resultado da interação da litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera → processos de troca de energia e matéria que se desenvolvem nesta interface, no tempo e no espaço. O modelado do relevo → importância por si só e pela influência que pode ter na investigação de outros elementos e determinados processos. Relevo → condicionante fundamental do uso e ocupação do espaço territorial. OBJETOS DE ESTUDO DA GEOMORFOLOGIA - Morfologia Morfografia – Descrição qualitativa das formas de relevo. Morfometria – Caracterização do relevo por meio de variáveis quantitativas (índices morfométricos). - Morfogênese Origem e desenvolvimento do relevo (processos endógenos e exógenos). - Morfodinâmica Processos atuais (ativos) endógenos e exógenos. - Morfocronologia Estudo das idades relativas e absolutas das formas de relevo e os processos a elas relacionados. MORFOGRAFIA A superfície da Terra caracteriza-se por elevações e depressões que constituem o relevo. As macroformas são descritas por denominações convencionais. MACROFORMAS Depressões – Terrenos situados abaixo do nível altimétrico das regiões adjacentes ou do nível do mar (depressão absoluta). Planícies – Terrenos baixos e planos, formados por acumulação de material (aluvial, marinho, lacustre, etc.). Planaltos – Terrenos altos, variando de planos (chapada) a ondulados (colinas, morrotes e morros). Podem ser sedimentos, derrames ou superfícies aplainadas). Montanhas – Terrenos altos e fortemente ondulados originados por dobramentos, domos, vulcanismo ou falhas. FORMA MENORES DE RELEVO Chapadas – Grandes superfícies planas acima de 600 m de altitude, típicas de terrenos sedimentares. Tabuleiros – Áreas de relevo plano e baixa altitude, com limites abruptos, em terrenos sedimentares. FORMA MENORES DE RELEVO Escarpas – Rampas ou degraus com grande inclinação, típicos de bordas de planaltos. Serras – Altas elevações com topos angulares, com amplitudes cima de 200 m e declividades altas. FORMAS MENORES DE RELEVO Morro – Médias elevações do terreno, com topos arredondados e amplitudes entre 100 e 200 m e declividades altas. Morrotes – Baixas elevações com topos arredondados e amplitudes entre 20 e 60 m e declividades altas. FORMAS MENORES DE RELEVO Colinas – Baixas elevações do terreno, com topos arredondados a quase planos amplitudes entes 20 e 60 m e declividades baixas. Terraços – Patamares em forma de degrau, localizados nas encostas dos vales. TIPOS DE RELEVO Algumas descrições mais simplificadas podem ser mais facilmente entendidas por outros profissionais e permitem certas associações. Relevo plano – Planícies, terraços, tabuleiros e chapadas. Relevo suave – Colinas. Relevo suave ondulado – Colinas e morrotes. Relevo ondulado – Morros e morrotes. Relevo fortemente ondulado – Morros e serras. Relevo montanhoso – Montanhas e serras Relevo escarpado – Serras e escarpas RELEVO PLANO RELEVO SUAVE RELEVO SUAVE ONDULADO RELEVO ONDULADO RELEVO FORTEMENTE ONDULADO RELEVO ESCARPADO Geometria dos topos de elevações MORFOMETRIA Variáveis relacionadas a medidas de altura, comprimento, largura, superfície, volume, altura, declive etc. Altitude – Altura em relação ao nível do mar. Amplitude – Diferença de altitude entre o topo e o fundo do vale. Extensão – Distância entre o topo (divisor) e a base da vertente. Declividade – Inclinação em relação à horizontal. Densidade de drenagem – Comprimento dos canais em relação à área. Amplitude interfluvial – Distância entre dois interflúvios. ETC. Obtidas a partir de medidas feitas em campo, em cartas topográficas ou em modelos de elevação do terreno (3D). MORFOGÊNESE Resultado da atuação dos processos endógenos e exógenos que resultarão nas formas de relevo ao longo do tempo geológico. Processos endógenos – Movimentos sísmicos, vulcanismo, tectonismo. Processos exógenos – Intemperismo (físico e químico); erosão (denudação); acumulação (deposição). Agentes exógenos – Água, gelo, vento, gravidade, temperatura, organismos, homem. MORFODINÂMICA Processos exógenos e endógenos atuais - fatores do meio físico controladores e as variáveis morfológicas que condicionam o tipo e intensidade do processo. O relevo apresenta uma diversidade enorme de tipos e formas. A tipologia das formas não ocorre de modo aleatório e caótico. Por mais que as formas possam parecer estáticas ou iguais, na realidade são dinâmicas e se manifestam ao longo do espaço e do tempo de modo diferenciado. Globo terrestre → imensa escultura esculpida pelos processos internos e externos da natureza. Existe um relação estreita entre tipos de formas dos relevo com os solos e estes com litologia e o tipo climático atuante. O entendimento do relevo passa pela compreensão de um coisa maior que é a paisagem como um todo. Processos endógenos → promovem o soerguimento da crosta terrestre, gerando relevos montanhosos. Processos exógenos → promovem o arrasamento dos relevos soerguidos, gerando relevos aplainados e grandes planícies. Esquema de evolução de vertentes Classificação taxonômica de unidades de relevo (Ross, 1990). COMPARTIMENTAÇÃO MORFOLÓGICA DO RELEVO Obtida a partir da avaliação empírica dos diversos conjuntos de formas e padrões de relevo posicionados em diferentes níveis topográficos, por meio de observações de campo e de análise de sensores remotos (fotografias aéreas, imagens de satélite, modelos digitais dos terrenos) ESTRUTURA SUPERFICIAL DOS TERRENOS Estudo dos mantos de alteração in situ (formações superficiais autóctones) e das coberturas inconsolidadas (formações superficiais alóctones) que jazem sobre a superfície dos terrenos. Busca a compreensão da gênese e evolução das formas de relevo. FISIOLOGIA DA PAISAGEM Análise integrada das diversas variáveis ambientais em sua interface com a geomorfologia. Influência dos condicionantes geológico-estruturais, das padrões climáticos e dos tipos de solos na configuração física da paisagem. RELAÇÃO COM OUTROS ELEMENTOS A Geomorfologia → uma das bases do mapeamento pedológico. Interpretação da textura e composição de solos formados por prévia alteração e transporte (condicionados pela geomorfologia). Rrelação com a hidrologia evidente → o modelado terrestre é notadamente consequência de fenômenos hidrológicos. Declives afetam a velocidade da drenagem enquanto a vegetação, altitude e exposição são fatores limitantes da drenagem. Interrelação com a Geologia → auxilia a definição de estruturas e processos geológicos. O arcabouço geológico condiciona a forma do relevo, que influencia profundamente os processos geológicos superficiais, que acabam por definir sua evolução. Neste panorama enormemente diversificado de ambientes naturais, o homem, como ser social, interfere criando novas situações ao construir e reordenar os espaços físicos com a implantação de cidades, estradas, atividades agrícolas, barragens, retificação de canais fluviais, etc. Estas modificações alteram oequilíbrio de uma natureza, que não é estática, e por isto devem ser precedidas por um minucioso entendimento do ambiente e das leis que regem seu funcionamento. É necessário ter-se diagnósticos ambientais adequados antes de se fazer alguma intervenção. É importante então o entendimento da dinâmica das unidades de paisagem e a aplicação dos conhecimentos geomorfológicos. Estudos geomorfológicos → indispensáveis no planejamento. A distribuição dos núcleos e aglomerados humanos e dos usos do solo são função das limitações impostas pelo relevo. Os principais atributos do meio físico são interdependentes, de modo que a ocupação e os usos do solo estão subordinados por estas combinações. Escarpas → barreiras para a ocupação urbana e para o surgimento de elos de ligação entre comunidades que estão em vertentes opostas. Linha de costa com portos naturais sugere uma vocação pesqueira para um região. Vales amplos → espaço e disponibilidade de água para a agricultura e abastecimento humano DESCRIÇÃO DAS FORMAS DE RELEVO O relevo é expresso por unidades espaciais (ou compartimentos geomorfológicos) que correspondem ao domínio e região geomorfológica (planaltos, depressões, etc.), os tipos de relevo (planície, morro, montanha, etc.) ou sistemas de relevo. Estas unidades são mapeadas a partir de compilação de dados e trabalhos de campo, nas mais variadas escalas, dependendo dos objetivos do estudo. Os mapas geomorfológicos representam as formas de relevo que definem as unidades mapeadas. Para cada unidade descrevem-se a morfologia, a morfometria e os processos morfogenéticos, além da dinâmica atual e a configuração do sistema de drenagem. UNIDADES MORFOLÓGICAS TERRITORIAIS (LAND FORM) Equivalem a unidades geomorfológicas em um sentido mais amplo. Representam os traços mais característicos do relevo, de forma que cada uma signifique características dos solos, topografia, litologia e águas subterrâneas. Definição Terrenos formados por um processo natural, que têm um composição definida e um conjunto de características físicas e visuais que aparecem onde quer que se encontre a unidade morfológica territorial. Superfície com características morfológicas distintas que podem ser atribuídas a processos ou estruturas particulares, refletidas em seu desenvolvimento. Esquema da Técnica de Avaliação de Terrenos (Lollo, 1996, modificado de Cooke & Doorkamp,1990). UNIDADE LITOLOGIA RELEVO SOLOS VEGETAÇÃO Formas e Ambientes Litorais Calcários dolomíticos e silicosos; calcários e arenitos intercala- dos; margas, areolas e areias Falésias compostas, falésias verticais, rechãs, praias Litossolos calcá- rios e areníticos; areias soltas Arbustiva ou ausente Planalto do Cabo Espichel Calcários dolomíticos e silicosos; calcários, margas, arenitos e argilitos Planalto com decli- ves suaves e padrões de drenagem varia- dos Solos calcários pardos e verme- lhos, argilo-are- nosos pouco es- pessos Arbustiva; agricultura Vale de Sesimbra Argilitos e argilitos carbonatados com gesso; arenitos e calcários; techenitos e dolomitos Vale com vertentes abruptas; drenagem dentrítica; fortes de- clives Solos argilosos e arenosos de es- pessura variável Pastagens, ar- bórea esparsa; vegetação ras- teira Serras do Risco e Ares Calcários, calcários dolomíticos e silico- sos; margas Elevações de topo arredondado com fortes declives; de- pressões cársicas; drenagem dentrítica Solos calcários vermelhos e a- marelos delga- dos; solos litó- licos Arbustiva; ar- bórea esparsa Vertente Norte do Planalto do Cabo Arenitos finos e grosseiros; conglo- merados; argilitos; calcários e margas Conjunto de eleva- ções alinhadas; va- les profundos; decli- ves fortes Solos litólicos arenosos pouco espessos Arbustiva; agricultura VERTENTES OU ENCOSTAS É a mais básica de todas as formas de relevo, razão pela qual assume importância fundamental: - Permitem o entendimento do processo evolutivo do relevo em diferentes circunstâncias, o que leva à possibilidade de reconstituição do modelado como um todo; - Sintetizam as diferentes formas do relevo tratadas pela geomorfologia, encontrando-se diretamente alterada pelo homem e suas atividades; -Tanto a agricultura quanto os demais trabalhos de construções estão interessados na evolução das vertentes que acabam comandando, por exemplo, a perenidade – direta e indireta – dos cursos d'água, pela ação geomorfológica. Declividade – É o gradiente de uma encosta expresso em porcentagem. Representa a inclinação de uma vertente em relação ä horizontal. AMPLITUDE (H) COMPRIMENTO NA HORIZONTAL (L) = INCLINAÇÃO = ARCTAN (H/L) D(%) = (H/L)x100 TOPO BASE DECLIVIDADE Permite inferir informações como formas de paisagem, erosão, potencialidades para uso agrícola, restrições para ocupação urbana, manejos e práticas conservacionistas, etc. Segundo o uso pretendido, pode-se eleger classes mais adequadas de declividades para análises de planejamento e ocupação. Porém, um grande ou pequeno número de classes pode prejudicar as análises. Recomenda-se entre 4 e 8 classes. Há alguns valores limites recomendados na literatura, segundo o uso pretendido: Uso agrícola (Espanha) Até 12% (6º 51’) - Solos agrícolas De 12 a 20% (11º 19’) - Solos com cultivo ocasional Acima de 20% - Solos florestais Código Florestal (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012) – Considera como áreas de preservação permanente encostas com declividde superior a 100% (45º) e topos de morro. Lei Lehmann (Lei 6766 de 1979) - Estabelece limites para a ocupação do solo urbano, observando cuidados com a preservação do meio ambiente, não permitindo, por exemplo, o parcelamento do solo em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações; em terrenos com declividade igual ou superior a 30%. Levantamentos geomorfológicos podem indicar o comportamento morfodinâmico de áreas e setores da paisagem, considerando as declividades, características do manto de alteração cobertura vegetal e processos geodinâmicos. Este comportamento reflete características do terreno, que pode ser compartimentado segundo sua vulnerabilidade ou fragilidade, por exemplo. Um exemplo de unidades Áreas de estabilidade morfodinâmica natural: Cobertura vegetal densa Relevo com topos convexos e declives médios acima de 30% Manto de alteração espesso com textura argilosa Áreas com estabilidade morfodinâmica de origem antrópica Alta densidade de urbanização Alta taxa de impermeabilização Declividades médias entre 6 e 20% Áreas com instabilidade morfodinãmica moderada Uso da terra com horticultura Relevo com formas convexas em colinas baixas (6 a 20%) Espesso manto de alteração Áreas de instabilidade morfodinâmica alta Processo de urbanização sem infrestrutura Processos de ravinamento e assoremento REDE DE DRENAGEM Sistema definido pelas condições geomorfológicas. É a forma de escoamento de uma bacia hidrográfica. A rede de drenagem pode ser caracterizada a partir de diferentes parâmetros descritores: área, textura, tipo de drenagem, hierarquia fluvial, etc. A textura é definida pelo espaçamento entreos cursos ou tributários, condicionada pelo tipo de terreno. FINA MÉDIA GROSSA Uma textura fina pode estar relacionada a uma área declivosa ou com solos de baixa permeabilidade. A hierarquia estabelece uma classificação para cada curso no conjunto com a bacia. É a numeração dos cursos em ordem crescente. Razão de bifurcação – Rb =Nn/Nn+1 (tem influência na velocidade e pico de de escoamento fluvial). Forma (padrão) da drenagem Dentrítico Pinado Retângular Padrão Dentritico – Mais frequente, solos homogêneos e litologias menos resistentes. Padrão Pinado – Indicam solos de textura mais fina, planícies aluvionares. Padrão Retângular – Controlada por fraturamentos do substrato e cobertura de solos pouco espessa. Forma (padrão) da drenagem Angulado Treliçado Barbado Padrão Angulado – Curvas fortes formando ângulos grandes, falhas e fraturas. Padrão Treliçado – Tributários com pequenos cursos, rochas sedimentares. Estrutura Barbada – Mudanças topográficas causadas pela litologia, tectonismo. Desordenado Paralelo Radial Padrão Desordenado – Planícies aluviais e depressões (pântanos, lagunas, etc.) Padrão Paralelo – Vertentes suaves e uniformes, derrames basálticos. Padrão Radial – Vulcões, domos. Padrões de drenagem PLANÍCIES DE INUNDAÇÃO Planície de inundação ou planície aluvionar → se desenvolve sobre a calha de um vale preenchido por terrenos aluvionares e que apresenta baixa declividade. Em épocas de cheia, o canal fluvial extravasa e inunda a região. Muitas vezes a planície de inundação é ocupada sem que se leve em consideração que esta é parte integrante do sistema fluvial. São áreas com maior aptidão para atividades agrícolas TERRAÇOS FLUVIAIS Ao longo do tempo os rios escavam a superfície, depositam, promovem a erosão lateral (margens). Em função da incisão vertical, os rios estabelecem um novo nível de planície mais baixo que o anterior. Terraços fluviais → antigo nível de planície que não pode mais ser alcançado pelas águas do rio, nem mesmo nas cheias. O mais comum é que esses terraços sejam desmontados (destruídos) pela erosão. Em alguns casos no entanto, eles ficam preservados em patamares escalonados. AMBIENTES COSTEIROS Planícies marinhas são formadas pela deposição de sedimentos efetuada pela ação marinha através das correntes de deriva litorânea. Planícies flúvio-marinhas são terrenos baixos, junto à costa, sujeitos à inundação das marés. São constituídas por depósitos recentes. Terraços marinhos são terrenos mais ou menos planos, com drenagem ausente, estando localizados poucos metros acima do nível das planícies costeiras. Outras formas são também importantes nos ambientes costeiros: Praias; Campos de Dunas; Restingas, etc. Terraços marinhos Planícies marinhas
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