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A teoria geossistêmica e a sua contribuição aos estudos geográficos e ambientais

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Revista do Departamento de Geografia, 14 (2001) 69-77
69
A TEORIA GEOSSISTÊMICA E SUA CONTRIBUIÇÃO AOS
ESTUDOS GEOGRÁFICOS E AMBIENTAIS
Cleide Rodrigues*
Resumo: O estudo propõe a retomada de discussões a respeito da pertinência e aplicabilidade de antigas referências teóricas e metodológicas
no âmbito da Geografia Física e da própria Geografia. Recupera parte da filogenia da teoria geossistêmica com o objetivo de articulá-la a
outras referências igualmente importantes nessa área do conhecimento. Demonstra como as tentativas de síntese, objetivos dos mais
perseguidos da Ciência Geográfica, constituem passos fundamentais para a aplicação desse conhecimento, seja no ensino, nas práticas de
planejamento territorial e ambiental ou para fundamentar reflexões de natureza teórica. São identificados alguns caminhos que fizeram que
parte desse legado tenha sido equivocadamente perdido nos estudos que se defrontam com sínteses e interdisciplinareidade, principalmente
no Brasil. Identifica também a natureza das atuais dificuldades para contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento dessa teoria e de
referências assemelhadas igualmente relevantes para a construção do conhecimento geográfico do território brasileiro.
Palavras-chave: Geossistemas; Geografia Física; Teoria geográfica, Interdisciplinaridade
Introdução
Grande parte do arcabouço teórico - metodológico da
Geografia Física é freqüentemente negligenciada pelos
teóricos da Geografia, principalmente mediante as
necessárias, porém arrasadoras, críticas ao seu pragmatismo,
utilitarismo, cientificismo, entre outras tendências
consideradas características. Também é verdade que a
Geografia, e especialmente a Geografia Física, absorvem com
rapidez as influências de contextos científicos sem contribuir
ou apropriar-se dos debates na filosofia da ciência com a
mesma velocidade e eficiência. 
Essas duas tendências não são novas. A primeira
remonta às primeiras explicitações da Geografia como ciência
ideologicamente orientada, aos primeiros debates entre o
possibilismo e o determinismo ou às primeiras elucidações das
funções geopolíticas da produção do conhecimento descritivo
de vastos territórios. 
Apesar de antiga, essa primeira tendência foi em parte
reforçada por diversos acontecimentos ocorridos ao longo de
* Departamento de Geografia USP, C.P. 2530, 01060-0970, São Paulo (SP), Brasil
todo o século XX e, especialmente, a partir das décadas de 60
e 70. Dentre esses acontecimentos, é possível citar como
exemplo o aprofundamento de determinados debates a partir
do surgimento da Geografia Crítica. Com muito mais ênfase
do que noutros momentos, nesse, toda a comunidade
geográfica é convocada a observar e tomar consciência da
possibilidade de se realizarem sérios equívocos por analogias
indevidas, principalmente as transferidas no sentido
Geografia Física - Geografia Humana. Passou-se a temer as
transferências de categorias analíticas, e principalmente de
interpretações, que pudessem produzir falsas explicações da
realidade geográfica. Dentre outras posturas, todos foram
convocados a assumir, de uma vez por todas que, à Geografia
Física, não caberia contribuir isoladamente para a explicação
dos fatos geográficos. Sob sua ótica, qualquer tentativa
valorativa, interpretativa ou explicativa poderia estar fadada
aos abusos do determinismo ou à criação de falsos eventos.
Nas práticas acadêmicas e em nome desse necessário
cuidado, não só os recursos metodológicos como também os
70
próprios conteúdos da Geografia Física foram, de forma
equivocada, descartados em estudos geográficos e, inúmeras
vezes, ignorados. 
Quando JOLY (1977) avalia o desenvolvimento da
geomorfologia na França, ou quando GREGORY (1992)
demonstra a força dessa tendência também na Geografia
produzida em países de língua inglesa, passamos a ter clareza
de que o problema da negligência ou do abandono da
Geografia Física, reforçado nessa época, não se localiza em
arranjos institucionais particulares, em escolas específicas de
Geografia ou em determinados momentos e contextos
científicos. Trata-se de uma tendência generalizada.
Em algumas das situações tratadas por JOLY (op. cit.), é
possível verificar que nas décadas de 60 e 70, a Geografia
Física francesa passa a perder espaços acadêmicos e
curriculares, o que retarda seu desenvolvimento substantivo e,
por conseguinte, são perdidas oportunidades preciosas para
um trabalho mais reflexivo no plano epistemológico.
Esse generalizado processo de abandono da Geografia
Física é acompanhado, nessa mesma época, pelo seu oposto
noutros ramos científicos. Na contramão desse processo,
outras ciências vêem-se com papéis reforçados para atender
as demandas da então emergente temática ambiental. 
A subdivisão do trabalho científico e a velocidade no
desenvolvimento de técnicas de observação, análise e
mensuração da realidade observados a partir da Segunda
Guerra Mundial, principalmente no plano das Ciências Físicas
e Biológicas, também fazem parte desse relativo isolamento a
Geografia Física em relação à Geografia. Com sua subdivisão
em campos progressivamente específicos e com a necessidade
de serem revistos seus métodos e técnicas, a Geografia Física,
numa tentativa de adaptação a essa nova realidade e às novas
demandas, acaba por envolver-se em seu mundo próprio, por
si só cheio de questões e dificuldades a serem enfrentadas.
Isso também traz empecilhos para o necessário e cada vez
mais intricado objetivo de síntese, e, obviamente, para o
trabalho interdisciplinar.
E é assim que também podemos explicar, ao menos em
parte, por que os contatos e debates entre as "duas
Geografias" foram, de forma generalizada, anestesiados
nessas últimas décadas.
Tratando-se de arranjos acadêmicos brasileiros, é
notável como a Geografia perde oportunidades preciosas de
avançar em conhecimentos de síntese do meio físico ou em
abordagens integradas de questões ambientais, a pesar de
encontrarmos na Geografia Física, e não nas Ciências da
Natureza exclusivamente analíticas, a maior parte dos
recursos teóricos que fazem parte das referências para tais
abordagens. Nas últimas décadas, nem mesmo um ambiente
externo, relacionado às novas demandas da legislação
ambiental, favorável ao desenvolvimento e à aplicação das
referências metodológicas existentes em seus circuitos,
promoveu ou reforçou seu uso e sua difusão. 
Além disso, o conhecimento teórico e substantivo que,
mesmo com essa relativa perda de espaço, vem sendo
produzido e desenvolvido na área de Geografia Física, poderia
estar sendo significativamente melhor aproveitado e
apropriado pela Geografia como um todo. Na atualidade faz-
se necessário compreender que o processo de produção desse
conhecimento nem sempre carrega, de início, ignorância a
respeito dos valores subjacentes aos conteúdos selecionados
e aos métodos de ponderação para qualificação ou
classificação de espaços ou territórios. Nem sempre os
conteúdos selecionados em estudos de Geografia Física
trarão, no começo, prioridades externas ou estranhas aos
interesses, por exemplo, de uma Geografia Crítica. É preciso
compreender que, hoje, raramente se transferem os métodos
explicativos dos fatos do mundo físico ou ambiental , ainda
úteis em seu campo, para os métodos explicativos propostos
para a Geografia propriamente dita. 
Portanto, o momento é oportuno para que, noutro
patamar qualitativo, se resgatem articulações entre a
Geografia Física e a Geografia Humana.
Neste pequeno ensaio pretende-se retomar uma
pequena parcela das referências teóricas básicas em
Geografia Física, demonstrando-se suas potencialidades e
dificuldades, tanto no que se refere à uma realização mais
plena, quanto à colaboração com a Geografia em sua busca
pela compreensão da totalidade. Destaca-se a teoria
geossistêmica que, após aproximadamente 30 anos de
proposição, pode ainda ser considerada pouco conhecida,
aplicadaou testada no território brasileiro.
A teoria geossistêmica: fontes de inspiração 
e desenvolvimento no contexto da Geografia
Física.
É razoável pensar que uma das fontes de inspiração
dessa teoria, bem como de outros modelos que visam à
integração do meio físico - biótico tenha sido a própria escola
dos naturalistas do século XIX, cujas práticas foram
disseminadas principalmente por meio das nascentes
C. Rodrigues / Revista do Departamento de Geografia, 14 (2001) 69-77
71
(1) O termo fisiografia também era utilizado até então, mas passou a ser substituído por sua impressão e falta de clareza quanto às áreas do conhecimento
que congregava (GREGORY,1992).
sociedades geográficas do século XX. Nomes como o de von
Richthofen ou de von Humboldt, sempre lembrados na
história do pensamento geográfico, também nesse caso
servem para lembrar que as práticas localizadas no século XX
induziram a consolidação de determinados procedimentos
metodológicos, como por exemplo, a necessidade da
observação e da descrição detalhada de campo.
Marcam essa fase de grandes expedições e descrições
territoriais as sociedades geográficas nacionais e a criação de
cátedras em Geografia. Nos primórdios do século XX,
inúmeras sociedades científicas novas foram fundadas. Em
1866, somavam-se dezoito sociedades geográficas e, em
1930, cento e trinta e sete (GREGORY,1992).
As influências externas que pairavam sobre a Geografia
nessa época, meados do século XIX e início do século XX,
advinham da abordagem positivista. Especificamente sobre as
Ciências da Natureza, alguns princípios de ordem geral tais
como o uniformitarismo, a teoria evolucionista, os métodos
descritivos, comparativos e as generalizações empíricas,
constituíam a base do trabalho científico. 
É inegável que o conhecimento geográfico gerado
estava inequivocamente comprometido com
empreendimentos colonizadores. Entretanto, um volumoso
conhecimento territorial ou substantivo foi produzido e
sistematizado, proporcionando significativo enriquecimento
teórico e metodológico aos estudiosos da natureza.
A Geografia Física, mesmo sem ser assim denominada1
e mesmo sem assimilar adequada e conscientemente a
abordagem positivista característica do momento, utiliza-se
plenamente desses e de outros princípios e não os descarta
posteriormente. Já a crítica ao positivismo lógico e às
posturas deterministas impôs à Geografia como um todo e
principalmente à Geografia Humana, seu afastamento desde
o início do século XX. 
Se, para a Geografia Física essa livre assimilação
favoreceu, por um lado, a ausência de crítica de cunho
epistemológico, por outro, significou a manutenção de certas
referências metodológicas, técnicas e operacionais que ainda
hoje podem ser consideradas como pertinentes e adequadas
à observação sistemática e à busca de síntese (ainda que não
estejamos, obviamente, falando da síntese geográfica
completa).
Desse legado ainda útil é possível destacar, também
como exemplo, a importância do método comparativo, um
dos mais elementares do método científico e que, ainda hoje,
possibilita a identificação de variáveis relevantes na
explicação de fatos geográficos, principalmente aqueles de
ordem física. Esse método foi passível de desenvolvimento
também em função das grandes expedições realizadas no
século XIX e até mesmo no século XVIII.
Os cientistas, ou exploradores, tiveram a possibilidade
de observar inúmeras e contrastantes paisagens, e a busca da
explicação dessa diversidade não descartou a observação, a
descrição e registros minuciosos que se realizavam de forma
a identificar e a integrar variáveis. Isso significa que se
articulava, na medida do possível para a época, o
conhecimento geológico com o conhecimento das formações
superficiais e solos, com características florísticas, com
características climáticas e até mesmo com observações
sobre processos (eólicos, fluviais, glaciais, etc.). Já havia
desde então preocupação com relações entre variáveis,
dinâmica e principalmente com gênese , sendo estas últimas
principais categorias explicativas que persistem em todo o
campo de atuação da Geografia Física atual.
Exemplo até hoje reconhecido, pela importância dada à
descrição genética e ao método comparativo, é o do
pesquisador russo V. V. Dokuchaev, cujo trabalho sobre teoria
zonal dos solos, publicado em 1883, passa a ser considerado
o grande precursor da abordagem genética nas ciências do
solo. As inevitáveis comparações formuladas a partir de
descrições das diversas e marcantes realidades zonais do
território russo contribuíram à estruturação de uma proposta
de classificação que promoveu, por um lado, a superação da
visão estática e geológica da gênese dos solos e, por outro, o
desenvolvimento da identificação dos fatores de formação do
solo, entre os quais o clima foi inevitavelmente considerado.
A história da geomorfologia evolutiva, climática, dinâmica e
de processos também fornece informações relevantes sobre a
influência que determinadas escolas sofreram com o trabalho
de campo em realidades distintas.
De forma geral é possível perceber que a escola dos
naturalistas exerce influências inegáveis para o conjunto da
Geografia Física. Entretanto, é preciso lembrar que essas e
outras influências não ocorrem simultaneamente e da mesma
forma. Até meados do século XX, diversas tendências
metodológicas e diversas preferências de conteúdos
caracterizavam escolas de Geografia Física e os intercâmbios
entre elas eram pouco efetivos. Tratava-se, portanto, de um
A teoria geossistêmica e sua contribuição aos estudos geográficos e ambientais
72
desenvolvimento descontínuo e relativamente isolado do
conhecimento teórico - metodológico da Geografia Física, no
qual a construção da teoria geossistêmica está inserida.
A segunda lei da termodinâmica permitiu o
desenvolvimento de uma teoria que representou uma
contribuição mais imediata para a formulação da teoria
geossistêmica: a Teoria Geral dos Sistemas. Proposta pelo
biólogo Ludwig von Bertalanffy em 1901, visava tanto a
investigação científica dos sistemas em várias ciências
quanto sua aplicação tecnológica e, ainda, a própria filosofia
dos sistemas, no sentido de promover a discussão desse novo
paradigma científico. 
Até meados do século XX, essa teoria permaneceu
pouco difundida, mas uma série de apropriações em diversos
ramos científicos ocorreu a partir de então. Ela propõe que os
sistemas podem ser definidos como conjuntos de elementos
com variáveis e características diversas, que mantêm relações
entre si e entre o meio ambiente. A análise poderá estar
voltada para a estrutura desse sistema, para seu
comportamento, para as trocas de energia, limites, ambientes
ou parâmetros (GREGORY, 1992). 
Um dos primeiros ramos científicos a utilizá-la foi a
Ecologia, com a proposição do conceito de ecossistemas
(TROLL, apud GREGORY, 1992). Na Geografia, sua penetração
foi muito maior na área de Geografia Física, tendo em vista
que sua abordagem positivista e sua natureza
preferencialmente indutiva acabaram por inibir até mesmo a
utilização de suas idéias centrais na Geografia Humana.
Dela surgiram, para a Geografia Física, diversas
propostas de modelos conceituais, morfológicos, de
classificação dos sistemas, incluindo-se os naturais (sistemas
abertos). A própria noção de paisagem em Geografia Física,
apesar de ter sofrido inúmeras remodelações e adquirido
diversas concepções, tem como suporte lógico a teoria geral
dos sistemas. A abordagem ecodinâmica de TRICART (1977),
ou os próprios esquemas de classificação propostos por
SOTCHAVA (1977, 1978) e por BERTRAND (1972), inclui-se
nessa lista, assim como os preceitos de HACK(1960) na
Geomorfologia, quando aprofunda a idéia de equilíbrio na
natureza e da existência de ajustes recíprocos entre sistemas,
subsistemas e entre suas variáveis.
A classificação da teoria geral dos sistemas como
pertencenteao positivismo lógico e a consideração de sua
tendência ao indutivismo não impediram interpretações
diferentes a seu respeito. TRICART (1980), um dos grandes
estudiosos de Geografia Física e de Geomorfologia, chega a
demonstrar níveis de compatibilização dessa teoria com a
lógica dialética, num artigo em que se preocupa com a
elucidação das funções do trabalho de campo na dialética da
Geografia. Essa aparente incongruência serve, ao menos, para
se perceber que muito trabalho está por ser realizado no
plano metodológico e que essa teoria necessitaria ser
rediscutida para, de fato, ser aplicada ou aproveitada em
estudos geográficos.
Evitada pela Geografia Humana, a teoria dos sistemas
persiste até hoje como idéia precursora de uma série de
referências ainda relevantes em Geografia Física. Desde a fase
em que se inicia a valorização da mensuração, a
incorporação definitiva da dimensão temporal, adotam-se
modelagens e ampliam-se as experimentações e não se
abandonam conceitos e referências dela originados.
Nota-se, então, que o conhecimento em geral, e nesse
caso o conhecimento teórico -metodológico da Geografia
Física, observou percursos não lineares, não necessariamente
cronológicos, e que as idas e vindas estiveram sempre
presentes.
No caso específico da Geografia Física e da teoria dos
geossistemas, houve também empecilhos de ordem cultural e
política para uma maior disseminação do conhecimento,
dentre os quais podemos anotar, como exemplo, as barreiras
da língua, que retardam o conhecimento da escola russa e
que explicam, em parte, a tendência a uma autofagia em
países anglo - saxões. Também devem ser lembrados como
fatores que retardam e inibem a disseminação a aplicação e
o aperfeiçoamento da Geografia Física, a supremacia
generalizada da Geografia Humana em diversos contextos
institucionais.
A teoria geossistêmica: da proposição inicial à
utilização no Brasil
Para compreender os elementos básicos dessa
proposição, é preciso reafirmar que, a teoria geossistêmica
faz parte de um conjunto de tentativas ou de formulações
teórico - metodológicas da Geografia Física, surgidas em
função da necessidade de a Geografia lidar com os princípios
de i n t e rd i s c i p l i n a r i d a d e, s í n t e s e, com a a b o r d a g em
m u l t i e s c a l a r e com a d i n â m i c a, fundamentalmente,
incluindo-se prognoses a respeito desta última.
Apesar ter sido formulada pela escola russa, por meio
de V.B. Sotchava, que propõe o conceito e dele se utiliza de
forma pioneira num estudo publicado em 1960, a teoria foi
difundida no mundo ocidental pela escola francesa e por
C. Rodrigues / Revista do Departamento de Geografia, 14 (2001) 69-77
73
iniciativa de G. Bertrand, na mesma década, em 1968. No
Brasil, são os periódicos do extinto Instituto de Geografia da
Universidade de São Paulo que difundem inicialmente a
proposta, de início com o número 13 dos Cadernos de
Ciências da Terra, que publica o texto de BERTRAND (1972) e,
posteriormente, com a tradução dos artigos de SOTCHAVA
(1977, 1978) e com os números 14 e 16 dos cadernos
Biogeografia e Métodos em Questão.
A possibilidade de gestão territorial sem o entrave da
propriedade privada talvez também explique o surgimento e
difusão dessa teoria na antiga URSS, tendo em vista que se
promove o reconhecimento de unidades espaciais com
características elementares, relacionais e dinâmicas,
semelhantes entre si, mesmo incluindo-se o antrópico. Isso
significa que possibilita a discriminação de unidades
operacionais de planejamento, sejam quais forem as
possibilidades de valorização política ou econômica dessas
diversas unidades. Até o momento do reconhecimento das
características e da delimitação espacial dessas unidades
operacionais de planejamento, posturas valorativas calcadas
em ideologia, entre outras, podem ser, em parte, exorcizadas
do processo. 
Uma colocação básica a respeito dos geossistemas é
feita por SOTCHAVA (1977) logo de início. Chama a atenção
para o fato de que os geossistemas, embora sejam
considerados "fenômenos naturais", devem ser estudados à
luz dos fatores econômicos e sociais que influenciam sua
estrutura. Os geossistemas podem refletir parâmetros sociais
e econômicos que influenciam importantes conexões em seu
interior. Essas influências antropogênicas podem representar
o estado diverso do geossistema em relação ao seu estado
original. Esse estado derivado muitas vezes pode ser mantido
por meio de outras intervenções técnicas, também passíveis
de reconhecimento. Acrescenta que, apesar dos fatores sócio
- econômicos modificarem um geossistema, "a noção sobre
esse último não pode abranger a do sistema territorial -
industrial" (SOTC H AVA, 1977), o que não exclui a
possibilidade ou a existência de "sistemas totais que
representem sistemas geográficos, econômicos, sociais e
técnicos" (SOTCHAVA, op. cit.). Essas afirmações explicitam o
nível de síntese, no qual se pretendia trabalhar através da
consideração dessa teoria e parecem revelar que, para o
autor, a Geografia não caberia integralmente na abordagem.
Apenas depois desse parênteses, é que se pode
apresentar sumariamente os princípios básicos de sua teoria.
Um dos primeiros é a consideração da natureza como
sistemas dinâmicos abertos e hierarquicamente organizados,
passíveis de delimitação ou de serem circunscritos
espacialmente em sua tridimensionalidade. Esse princípio
vem carregado de todos os derivativos da teoria geral dos
sistemas, dentre os quais se destaca o da articulação entre os
sistemas abertos (variáveis extrínsecas) e da
interdependência de suas variáveis intrínsecas (identificando-
se também internamente as rotas, trocas de matéria, energia
e ciclos). Coloca-se que o geossistema não se subdivide
infinitamente posto que depende de uma organização
geográfica.
Um outro tipo de princípio básico é o bilateral, ou dual,
dos geossistemas, em que se analisa, por um lado, a estrutura
homogênea que caracterizaria o geômero e, por outro, as
qualidades integrativas dos geossistemas, que caracterizaria
o geócoro .
Uma outra noção implícita é a noção de dinâmica, pela
qual é possível classificar os geossistemas de acordo com seu
estado ou estados sucessivos, assim como é possível assumir
ou propor hipóteses sobre sua dinâmica futura, característica
fundamental para a aplicação ou para o planejamento. O
caráter preditivo da proposta é um dos principais pontos de
apoio de sua aplicabilidade, o que permite identificar a
direção ou balanço de processos, inclusive por incorporar o
fator antrópico.
Como orientação para a sistematização, propõe-se a
modelagem, que, idealmente, deverá ser subsidiada pela
mensuração direta (monitoramentos e experimentações) das
trocas, circuitos, balanços de matéria e energia nos sistemas
e subsistemas. BERTRAND (1972) explicita melhor a idéia
dessa subdivisão, quando propõe seu esquema taxonômico
que inclui e posiciona as unidades inferiores, dentre as quais
figuram o "geossistema", o "geofácies" e o "geótopo".
Outra recomendação basilar para a delimitação dos
geossistemas é que se deve renunciar a determinar as
unidades sintéticas pela justaposição de características
reconhecidas pela análise, como, por exemplo, defini-los por
justaposição de classificações pedológicas, geológicas,
fitogeográficas, climatológicas e geomorfológicas, que
levariam, em última instância, a um mosaico sem relação
com os mecanismos que estão em funcionamento em cada
porção espacial ou com os balanços e direções dos processos.
Para o sistema taxonômico, BERTRAND (1972) por sua
vez, define que a classificação deva ser proposta em função
da escala temporo-espacial. Haveria unidades superiores,
compatíveis com as "zonas", “domínios", ou "regiões naturais"
A teoria geossistêmica e sua contribuição aos estudos geográficos e ambientais
74
e unidades progressivamente inferiores, que definiriam os
"geossistemas","geofácies" e os "geótopos". Essa colocação,
apesar de referir-se à classificação e não à identificação dos
geossistemas propriamente dita, faz parte do processo de
reconhecimento, já que auxilia no dimensionamento
temporo-espacial das unidades espaciais, as quais também se
articulam.
BERTRAND(1972) reafirma a importância da
identificação dos geossistemas, por se situarem na 4ª 5ª ou 6ª
grandezas temporo - espaciais de TRICART & CAILLEUX
(1956), escala esta mais compatível com a humana, em que a
dinâmica desses geossistemas, modificada ou não, poderia
expressar a dinâmica social .
Outras considerações poderiam ser formuladas com o
intuito de explicitar o quadro de referências para aplicação
da proposta, como por exemplo as possibilidades e as
dificuldades em se incluir o antrópico para se avaliar a
dinâmica de um geossistema e a direção de seus
processos/mecanismos, tal como alerta MONTEIRO (2000). 
Colocaríamos, ainda, a fase de representação dos
g e o s s i s t e m a s, etapa considerada fundamental para sua
explicitação. Segundo os autores da proposta, esta seria
realizada, por exemplo, por organogramas representativos de
geômeros, ou de outros tipos de representação, tais como os
perfís transversais. Nesse particular, os estudos de MONTEIRO
(1982, 1995, 2000) demonstram a diversidade das
possibilidades. Em sua recente publicação, apresenta o tipo
de aperfeiçoamento que seus estudos promoveram em
relação à representação dos geossistemas, incluindo-se aí a
dimensão temporal.
A difusão, apropriação e aplicação dessa teoria no
Brasil apresenta os mesmos tipos de dificuldades apontadas
anteriormente. Não são realizados esforços em conjunto para
sua compreensão e aplicação no seio da Geografia. 
Foi fundamentalmente por iniciativa individual do Prof.
Dr. Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, na época docente
do Departamento de Geografia da USP, que a experiência de
aplicação da teoria pôde ser levada adiante. É por sua
iniciativa que se realizam as principais, senão únicas,
experiências de aplicação e de desenvolvimento da proposta
no Brasil2 . Certos contextos institucionais particulares
também funcionaram como importantes pontos de apoio
para as empreitadas (MONTEIRO, 2000).
Foram três as principais áreas de estudo e dois os
contextos institucionais que permitiram levar adiante a
aplicação da proposta de Sotchava no Brasil nos estudos
realizados pelo Professor Monteiro. Além de utilizá-la como
referencial teórico, ele pôde testá-la, incrementá-la e
adaptá-la a algumas situações particulares de nosso
território e ao próprio conhecimento territorial disponível.
No início da década de 80, a região de Ribeirão Preto,
no Estado de São Paulo, foi objeto de estudo, no qual se
aplicou a teoria, em projeto acadêmico com auxílio financeiro
da FAPESP. Outras oportunidades surgiram na Secretaria de
Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia, onde
o Prof. Monteiro realizou trabalhos de consultoria no final da
década de 1970 e na seguinte. Essas pesquisas iniciaram-se
com estudos na região central do Estado da Bahia e
prosseguiram no Recôncavo Baiano. 
O contexto da época em escolas de Geografia
brasileiras tendia a classificar essas tentativas de síntese
como uma abordagem geográfica fragmentária e parcial,
tendo em vista a consideração do fator humano ou antrópico
como um elemento a mais dos geossistemas a serem
identificados, e não como fator social latu sensu, considerado
como preponderante e explicativo da Geografia. Afirmações
como essa impediam que se vislumbrassem possibilidades
diferenciadas de análises e sínteses que a proposta
representava.
Considero que os promotores dessa crítica poderiam tê-
la realizado de forma a permitir o aprofundamento do debate
científico, pois o fato de isso não ter sido realizado dificultou,
por um lado, o entendimento da natureza dessa crítica e, por
outro, o entendimento da validade e relevância da utilização
da referida proposta. 
Atualmente é possível considerar que a proposta de
S OTC H AVA (1978), concretizada no Brasil nesses estudos de
MONTEIRO (1982, 2000), seja uma das perspectivas das mais
necessárias para a compreensão e valorização da dinâmica dos
ambientes. Sem esse tipo de tentativa, haverá ausência de
perspectivas em que se avaliam os graus de mudança ou de
d e r i v a ç ã o que a interferência antrópica, em seu somatório
temporo-espacial possa significar. Trata-se, portanto, de
perspectiva das mais necessárias para a compreensão da
história das sociedades em sua relação dialética com a
natureza. Mesmo não se tratando da única perspectiva que teria
essa possibilidade de apropriação para leituras geográficas mais
amplas, permanece sendo uma das mais fundamentais.
(2) Na mesma época em que esse artigo era sistematizado o autor publicou Geossistemas, a história de uma procura (MONTEIRO,2000), em que a problemática
da aplicação, representação e divulgação da proposta teórica no terrirório brasileiro é amplamente caracterizada e contextualizada.
C. Rodrigues / Revista do Departamento de Geografia, 14 (2001) 69-77
75
Possibilidades e limites
Essas colocações sumárias, que pretendem subsidiar a
realização de uma avaliação da contribuição da teoria
geossistêmica aos estudos geográficos e ambientais,
remetem também a avaliações de outras referências. Seria
preferível realizar avaliações em conjunto com proposições
similares, igualmente respaldadas na teoria geral dos
sistemas. Entre elas, anoto como fundamentais, a proposta da
abordagem m o r f o d i n â m i c a de TRICART (1977) ou a
abordagem ecogeográfica de TRICART & KILLIAN (1979).
Essas abordagens, muitas vezes sem serem totalmente
compreendidas, vem subsidiando uma série de avaliações
ambientais no Brasil, na medida em que também possibilitam
a identificação de unidades territoriais com dinâmicas
semelhantes, passíveis de classificações diversas em
processos de planejamento territorial (exemplos: fragilidade
do meio físico, potencialidade para suportar obras de
engenharia, etc.) e de utilização em instrumentos de gestão
ambiental. Descartaria para esta avaliação de conjunto a
avaliação, no conjunto, da proposta dos australianos com sua
landsystem analysis, tendo em vista não estar orientada
segundo os mesmos preceitos da teoria geossistêmica ou da
morfodinâmica ou ecodinâmica de TRICART (1977).
Todas essas abordagens representam possibilidades de
cumprir alguns dos diversos objetivos da Geografia Física,
sendo que, alguns deles coincidem com os da própria
Geografia.
As persistentes dificuldades para uma efetiva e
disseminada implementação dessas proposições no território
brasileiro acentuam o caráter ainda eminentemente teórico
dessas propostas. Permanecem pouco desenvolvidas não só
pelas poucas oportunidades de aplicação, mas também
porque seus avanços estariam na dependência de uma maior
articulação com trabalhos de campo em escalas compatíveis
ou com experimentações e monitoramentos padronizados e
dimensionados para esses objetivos, tal como se pretende
pelas recentes proposições dos geoindicadores (COLTRINARI
& McCALL, 1996). 
Contudo, as possibilidades de aplicação das propostas
merecem ser destacadas no que se refere aos objetivos
geográficos. Essa aplicabilidade estaria vinculada
principalmente aos objetivos relativos ao ensino de Geografia
e aos de planejamento e gestão físico - territorial ( o u
ambiental).
Dentro da Geografia Escolar, a Geografia Física poderia
trabalhar com sínteses respaldadas nesse tipo de esquemas
teóricos, obviamente enriquecidos por trabalhos substantivos
mais numerosos, balizados por experimentações e
monitoramentos (ROUGERIE & BEROUTCHACHVILI, 1991).
Isso possibilitaria, entre outras coisas, maior consonância
com o atual grau de derivação do meio físico, acessando - se
a explicação, a gênese, as causas de os lugares se
apresentarem como se apresentam na atualidade.
Coma utilização dessas abordagens seria possível
trabalhar com a perspectiva genética e dinâmica em
Geografia Física, uma tarefa a ser desenvolvida em todos os
seus níveis de ensino. Na Geografia Escolar esse
conhecimento ainda é transmitido com ênfase nas descrições
e continua desarticulado do conjunto da Geografia.
Esquemas como os da teoria geossistêmica, assim como
a abordagem ecodinâmica ou morfodinâmica de TRICART
(1977) são apenas utilizados em pesquisas acadêmicas; seu
melhor aproveitamento necessitaria, em primeiro lugar, de
reconhecimento espacial de Cartografia, associados à
pesquisa básica inter e intradisciplinar, fato que não ocorre de
forma sistemática no caso brasileiro. Além disso,
careceríamos de articulações institucionais em projetos dessa
envergadura, para que tivéssemos reconhecimento territorial
básico.
Assim é que as possibilidades de montagem de projetos
dessa natureza acaba por tornar-se conjuntural e por vezes
de iniciativa particular, conforme atesta MONTEIRO (2000).
O conhecimento territorial falho e desarticulado, bem
como a ampliação do desconhecimento teórico -
metodológico na área de Geografia Física acentuam a
precariedade das formas de sistematização e de síntese tão
necessárias ao ensino.
Com relação aos objetivos de planejamento ambiental,
sem entrar no mérito dos valores e dos aspectos ideológicos
dessa esfera de atuação da Geografia, as mesmas dificuldades
se impõem, como é o caso da falta de conhecimento físico -
territorial básico do nosso território, compatível com a escala
dos geossistemas, conforme afirmado anteriormente. Além
dessas dificuldades, teríamos as dificuldades inerentes à
própria complexidade das propostas geossistêmicas e
morfodinâmicas e seu próprio desconhecimento.
Uma das principais saídas para trabalhar ou identificar
unidades de planejamento físico - territorial nas experiências
brasileiras, tem sido a abordagem morfodinâmica de TRICART
( 1977), "prima-irmã" da teoria dos geossistemas. Assim, com
a teoria dos geossistemas, a abordagem morfodinâmica
possibilita a delimitação espacial de unidades cujos processos
A teoria geossistêmica e sua contribuição aos estudos geográficos e ambientais
76
atuais podem ser considerados semelhantes. Por isso é
possível classificar essas unidades quanto à sua estabilidade
(formas e processos), singularidade e grau de recorrência
(diversidade ambiental), fragilidade ou vulnerabilidade no que
se refere às interferências antrópicas, entre outras
discriminações úteis na esfera do planejamento e gestão
territorial característicos.
Ainda que o grau de reconhecimento territorial seja
falho e que isso obrigue a se trabalhar com alto nível de
inferência, um conhecimento teórico - metodológico
substancial em Geografia Física possibilitaria a realização de
prognoses ou hipóteses a respeito da ocorrência e localização
de futuros processos com maior probabilidade de acertos. 
Se conseguirmos esse conhecimento territorial aliado
ao conhecimento teórico, as hipóteses ficarão ainda mais
fortalecidas. Obtendo-se hipóteses consistentes a respeito da
dinâmica atual dessas unidades (geossistemas inclusive), a
prognose pode ser viabilizada com maior responsabilidade.
Assim é que se torna possível prognosticar várias situações a
respeito de interferências das mais diversas, como por
exemplo de: usinas hidrelétricas, linhas de transmissão de
energia, rodovias, hidrovias, núcleos urbanos, sistemas de
saneamento, entre outros.
Essa possibilidade, a de formulação de hipóteses mais
consistentes a respeito de processos e balanços futuros, é
condição indispensável ao planejamento físico - territorial,
seja qual for a apropriação ou direção político- econômica a
ser seguida.
Infelizmente, as hipóteses formuladas nesse âmbito são
pouco fundamentadas em orientações teórico -
metodológicas consistentes e tampouco servem para fazer
sua crítica, pois, no geral, esses esquemas sequer são
conhecidos pela maioria dos profissionais que têm a
possibilidade de opinar tecnicamente sobre intervenções
físico - territoriais.
Outro agravante é o fato desses levantamentos
realizados ao sabor dos projetos, na sua maioria
desarticulados, ficarem confinados nas diversas empresas
públicas e privadas e, por isso, inviabilizarem a reformulação
ou discussão a respeito dos esquemas de síntese propostos na
Geografia Física, como é o caso da teoria geossistêmica de
S OTC H AVA (1977) e da abordagem morfodinâmica e
ecodinâmica de TRICART (1977). 
C. Rodrigues / Revista do Departamento de Geografia, 14 (2001) 69-77
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RODRIGUES, C. (2001) Geosystems theory and its contribution to geographical and environmental studies. Revista do Departamento de
Geografia, n.14, p. 69-77.
Abstract: This study suggests discussions to get back Physical Geography theoretical and methodological references for its own development
and application. It identifies Geosystems Theory origin and connects it to other similar and important references. It demonstrates how the
synthesis and interdisciplinarity goals can be obtained by using these references and promotes their application in Geography teaching and
environmental planning. It also identifies some reasons of the loss of this theoretical legacy as well as the difficulties for the development
of this theory in Brazil.
Key words: Physical Geography; Geosystems; Theoretical geography
Recebido em 25 de setembro de 2000, aceito em 11 de abril de 2001.
A teoria geossistêmica e sua contribuição aos estudos geográficos e ambientais
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Outros materiais