Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CIV 441 INTRODUÇÃO AO TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS PROF. ANN H. MOUNTEER VIÇOSA-2017 ÍNDICE I. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1 1.1. Poluição Hídrica Difusa x Pontual ............................................................................ 1 1.2. Definições ................................................................................................................ 1 1.3. Parâmetros de Caracterização e Efeitos Poluidores de Águas Residuárias ............ 1 1.4. Esgotomento Sanitário ............................................................................................ 2 1.5. Principais Objetivos do Tratamento ......................................................................... 3 1.6. Legislação Pertinente .............................................................................................. 3 1.7. Níveis de Tratamento .............................................................................................. 5 1.8. Fluxograma de uma ETE ......................................................................................... 6 1.9. Tendências .............................................................................................................. 6 1.10. Normas Brasileiras Pertinentes (ABNT) ................................................................. 6 II. CARACTERIZAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS ..................................................................... 7 2.1. Vazão (Q) ................................................................................................................ 7 2.2. Características de Esgotos Sanitários ....................................................................11 2.3. Características de Efluentes Industriais ..................................................................11 2.4. Carga Poluidora ......................................................................................................12 2.5. Eficiência Exigida na ETE .......................................................................................14 2.6. Critérios de Dimensionamento Baseados em Vazão e Carga .................................15 III. UNIDADES, PROCESSOS E SISTEMAS DE TRATAMENTO ............................................ 17 3.1. Processos e Sistemas Utilizados em ETEs ............................................................17 3.2. Processos Auxiliares ..............................................................................................17 3.3. Tratamento preliminar .............................................................................................18 3.4. Tratamento Primário - Remoção de Sólidos em Suspensão ...................................19 3.5. Tratamento Secundário (Biológico) - Remoção de Matéria Orgânica .....................20 3.6. Descrição dos Principais Processos Biológicos ......................................................21 3.6.1. Tanque séptico e filtro anaeróbio (sistema fossa-filtro) ............................................................ 21 3.6.2. Reator UASB ............................................................................................................................... 22 3.6.3. Digestor anaeróbio ..................................................................................................................... 22 3.6.4. Lagoas de estabilização .............................................................................................................. 23 3.6.5. Lodos ativados ............................................................................................................................ 24 3.6.6. Filtro biológico percolador (FBP) ................................................................................................ 25 3.6.7. Disposição no solo ...................................................................................................................... 25 3.6.8. Combinação de processos biológicos ......................................................................................... 26 3.7. Microbiologia e Bioquímica de Processos Biológicos ..............................................27 3.8. Tratamento Terciário ..............................................................................................37 3.9. Tratamento de Lodo ...............................................................................................38 IV. PROJETO, MODELAGEM E MONITORAMENTO DE ETES ............................................. 40 4.1. Estudo de Concepção do Sistema de Tratamento ..................................................40 4.2. Comparação Técnico-Econômica de Processos de Tratamento .............................43 4.3. Modelagem de Reatores ........................................................................................33 4.3.1. Fundamentos ............................................................................................................................. 33 4.3.2. Cinética de reatores ................................................................................................................... 36 4.3.3. Hidráulica de reatores ................................................................................................................ 40 4.4. Monitoramento da ETE ...........................................................................................48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 49 CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 1 I. INTRODUÇÃO 1.1. Poluição Hídrica Difusa x Pontual 1) Poluição difusa a) escoamento superficial de áreas urbanas e agrícolas, deposição atmosférica b) difícil de identificar e tratar c) controle requer planejamento e manejo do uso e ocupação da bacia 2) Poluição pontual a) descarte de esgotos a partir de indústrias, prédios, redes coletoras b) fácil de identificar e controlar c) alvo de tratamento em estações de tratamento de esgotos (ETEs) 1.2. Definições 1) Águas residuárias (residuais) = águas descartadas que resultam da utilização da água para diversos processos 2) Esgoto sanitário = despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária (NBR 9648, ABNT, 1986) a) esgoto doméstico = despejo líquido resultante do uso da água para higiene e necessidades fisiológicas humanas b) esgoto (efluente) industrial = despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados os padrões de lançamento estabelecidos c) água de infiltração = toda água proveniente do subsolo, indesejável ao sistema separador e que penetra nas canalizações; d) contribuição pluvial parasitária = parcela do deflúvio superficial inevitavelmente absorvida pela rede de esgoto sanitário 1.3. Parâmetros de Caracterização e Efeitos Poluidores de Águas Residuárias 1) Parâmetros de caracterização Físicos Quimicos Condutividade elétrica Orgânicos Cor DBO, CQO, COT Sólidos Surfactantes Temperatura Fenóis Biologicos Óleos e graxas Patágenos Desregularoes endócrinos (DE) Vírus Fármacos e produtos de cuidados pessoais (PPCPs) Bactérias Poluentes orgânicos persistentes (POPs) Protozoários – (oo)cistos Inorgânicos Helmintos – ovos viáveis pH e alcalinidade Toxinas Cloretos Gases Nitrogênio, fósforo Metias pesadosCIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 2 3) Efeitos do lançamento de esgotos in natura nos corpos receptores Poluente / contaminante Efeito poluidor Sólidos em suspensão (SST, SSV) Depósitos de lodo - assoreamento Condiçoes anóxicas (falta de O2) Adsorçao de poluentes Proteção de patógenos Patógenos Doenças de veiculação hídrica Matéria orgânica biodegradável (DBO) Consumo de oxigênio Mortandade da vida aquática Condiçoes sépticas Matéria orgânica não biodegradável (Ex. pesticidas, detergentes, fármacos, POPs, etc.) Toxicidade Espumas Redução da taxa de reaeração Persistência, bioacumulação, biomagnificação Maus odores Sóldios inorgânicos dissolvidos (SDT, condutividade) Salinidade excessiva (RAS) Toxicidade a plantas Impermeabilização de solos Nutrientes (N,P) Eutrofização Toxicidade aos peixes (amônia) Methemoglobinia (nitrito) Poluição de águas subterrâneas Metais pesados (As, Cd, Cr, Cu, Hg, Ni, Pb, Zn, etc.) Toxicidade Inibição do tratamento biológico Restrições ao uso agrícola Poluição de águas subterrâneas 1.4. Esgotomento Sanitário 1) Sistemas individuais e descentralizados – sem rede coletora de esgotos 2) Sistemas centralizados – centros urbanos, redes coletoras, sistemas separadores Matéria orgânica Bactérias Oxigênio dissolvido Distância Ponto de lançamento NH4 +, PO4 3- NO3 - Algas Esgotamento sanitário Sistema individual Sistema coletivo Sistema separador Sistema unitário Sistema condominial Sistema convencional CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 3 1.5. Principais Objetivos do Tratamento 1) Controle de impactos ambientais Impacto Poluente(s) a remover/controlar Assoreamento e condições sépticas Sólidos grosseiros, areia Sólidos sedimentáveis Depleção de O2 Matéria orgânica biodegradável - DBO Eutrofização Nutrientes (N, P) Toxicidade à vida aquática Matéria orgânica não biodegradável – DQO recalcitrante Metais Temperatura pH 2) Promoção da saúde pública Impacto Poluente(s) a remover/controlar Doenças de veiculação hídrica Patógenos, SS Persistência, bioacumulação, toxicidade humana DQO recalcitrante Metais 3) Viabilização de reúso Impacto Poluente(s) a remover/controlar Impermeabilização do solo Condutividade elétrica (sodicidade) Cloretos Metais Fitotoxicidade Condutividade elétrica Metais Fitossanidade Patógenos Agressividade ou Incrustabilidade Alcalinidade, pH Temperatura 1.6. Legislação Pertinente 1) Federal a) Resolução CONAMA 357/2005 b) Resolução CONAMA 430/2011 2) Estadual a) Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH 01/2008 (GT de atualização) b) Licenciamento ambiental (DN COPAM 96/2006, 128/2008) 3) Disposições gerais para lançamento de esgotos - Res. CONAMA 430/2011 a) Efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados após o devido tratamento b) Lançamento não pode fazer com que limites para classe do corpo receptor sejam ultrapassados (Obs.: Na ausência de enquadramento, assumir Classe 2) c) Não permite lançamento em águas da classe especial d) Não permite diluição para atender aos limites e) Se vazão do corpo receptor < vazão de referência, restrições de caráter excepcional para efluentes que possam: i) causar efeitos tóxicos agudos a organismos aquáticos ii) inviabilizar o abastecimento para o consumo humano CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 4 4) Condições e padrões de lançamento Parâmetro Res. CONAMA 430/2011 DN COPAM/CERH 01/2008 Esgoto sanitário Demais sistemas Esgoto sanitário Demais sistemas Vazão máxima ≤ 1,5.Qmed ≤ 1,5.Qmed Idem CONAMA Idem CONAMA pH Temperatura Material flutuante O&G mineral animal/ vegetal DBO5 (limite/eficiência) DQO (limite/eficiência) Surfactantes SST Toxicidade * NC = não consta 5) Substâncias específicas com padrões estabelecidos - Res. CONAMA 430/2011 a) Compostos orgânicos (listar): b) Substâncias inorgânicas (listar): c) Poluentes orgânicos persistentes (POPs) (listar): CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 5 6) DN COPAM nº 96/2006 – convocação dos municípios mineiros para licenciamento ambiental de sistemas de tratamento de esgotos e DN COPAM 128/2008 – prorrogação de prazos a) Todo sistema deve alcançar eficiência mínima de 60%; atender 80% da pop. urbana b) Cronograma Grupo População Índice de coleta nº mun LP1 LI2 LO3 % da pop. Estado 1 > 150 mil 13 abr/2007 abr/2008 abr/2010 39,40 2 30 mil a 150 mil > 70% 20 fev/2007 fev/2007 fev/2009 9,67 3 50 mil a 150 mil < 70% 26 set/2007 set/2007 set/2010 13,26 4 30 mil a 50 mil < 70% 22 set/2007 set/2007 set/2009 5,75 1 Licença previa; 2 Licença de instalação; 3 Licença de operação Grupo População nº mun FCEI1 AAF2 % da pop. Estado 5 Estrada Real3 4 jun/2006 0,4 6 20 mil a 30 mil 33 mar/2007 – pop. atend. 20%; efic. 40% mar/2010 – pop. atend. 60%; efic. 50% mar/2015 – pop. atend. 80%; efic. 60% mar/2009 mar/2012 mar/2017 5,3 7 < 20 mil 735 cadastro RT mar/2008 mar/2017 26,25 1 FCEI = Formulário integrado de caracterização do empreendimento 2 AAF = Autorização ambiental de funcionamento; 3 municípios cortados pela Estrada Real 1.7. Níveis de Tratamento 1) Nível de tratamento x tamanho e forma do poluente 2) Objetivos dos diferentes níveis de tratamento Nível Poluente removido Mecanismo de remoção Preliminar Sólidos grosseiros (> 1 cm) Físico Areia (> 0,2 mm) Físico Gordura Físico Primário SS (> 1 m), incluindo DBO particulada Físico; físico-químico Secundário (Biológico) DBO particulada e solúvel Biológico Terciário (Avançado) Nutrientes, patógenos, cor, matéria orgânica persistente, metais pesados, SDT, SST Físico, químico ou biológico 3) Eficiência típica dos diferentes níveis de tratamento Nível Eficiência de remoção, % Atende à legislação DBO SST Nutrientes Coliformes Preliminar 5 – 10 5 – 20 0 10 – 20 Não Primário 25 – 50 40 – 70 0 25 – 75 Não Secundário 80 – 95 65 – 95 10-50 60 – 99 Usualmente Terciário 40 – 99 80 – 99 Até 99 Até 99,999 Sim Fonte: von Sperling, 1996; Jordão e Pessoa, 2005 10-910-1010-1110-12 10-8 10-7 10-6 10-310-5 10-4 10-310-410-510-6 10-2 10-1 10 0 10 310 1 10 2 Sólidos Suspensos m μm 10-2 10 4 10-1 10 5 Sólidos ColoidaisSólidos Dissolvidos Areia, Sólidos Grosseiros Tratamento terciário (avaçado) Tratamento secundário (biológico) Tratamento primário Tratamento preliminar CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 6 1.8. Fluxograma de uma ETE 1) ETE completa 2) ETE simplificada 1.9. Tendências 1) Tratamento descentralizado (on-site wastewater treatment systems) 2) Considerações ambientais e participação pública 3) Conservação de energia 4) ETE estação de recuperação de água, energia, nutrientes e outros recursos (water and resource recovery plant) Exercício: Levantar as seguintes informações para sua cidade de origem: - Cidade/estado e população: - % da população servida com água tratada e empresa responsável: - % da população servida com coleta de esgotos: - Seexiste(m) ETE(s), a vazão tratada e os processos/etapas de tratamento: 1.10. Normas Brasileiras Pertinentes (ABNT) 1) NBR 9648. Estudo de concepção de sistema de esgoto sanitário – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. 2) NBR 9649. Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1986 3) NBR 9800. Critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. 4) NBR 12207. Projeto de interceptores de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1992. 5) NBR 12208. Projeto de estações elvatórias do esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1992. 6) NBR 12209. Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. 7) NBR 7229. Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro: ABNT, 1993. 8) NBR 13969. Tanques sépticos – unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos – projeto, construção e operação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. 9) NBR 13402. Caracterização de cargas poluidoras em efluentes industriais e domésticos. 1995. Tratamento preliminar Tratamento primário Tratamento secundário Tratamento terciário Tratamento do lodo sólidos grosseiros areia lodo 1ário lodo 2ário Disposição final Esgoto bruto esgoto 1ário esgoto 2ário esgoto 3ário lodo 3ário Corpo receptor/ Reúso Reaproveitamento Tratamento preliminar Tratamento secundário Tratamento do lodo sólidos grosseiros areia lodo 2ário Disposição final Esgoto bruto esgoto 2ário Corpo receptor/ Reúso Reaproveitamento CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 7 II. CARACTERIZAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS 2.1. Vazão (Q) 1) Q = V t onde: V = volume da unidade de tratamento, m3 t = tempo de retenção (detenção) hidráulica na unidade de tratamento (TRH ou TDH, H, ); TRH = V Q Exercícios Qual é o TRH de uma unidade de tratamento com V = 50 m3, e Q = 10 L/s? Qual é o volume de uma unidade que trata uma Q = 10000 m3/d com TRH = 12 h? a) Para projetar a ETE, a Q de início e final de plano devem ser estimadas b) Componentes de Q Q = Qd + Qinf + Qind onde: Qd = vazão doméstica Qinf = vazão de infiltração em sistemas separadores; não se considera a contribuição de águas pluviais Qind = vazão industrial; regras para enviar efluentes industriais para estação de tratmento de esgotos sanitários estão dispostas na NBR 9800/1987 2) Vazão doméstica, Qd a) Inclui comércio, escolas, hospitais, esgoto sanitário de indústrias b) Depende de: i) clima ii) população iii) custo/ medição da água (hidrômetros) iv) condições socioeconômicas v) grau de industrialização vi) perdas no sistema de abastecimento de água e coleta de esgotos c) Estimativa de Qd i) com base no consumo de água Qd, med ( m3 d ⁄ ) = Pop.QPC.R 1000 onde: Pop. = população de contribuição, habitantes QPC = quota per capita, L água/hab.d R = coeficiente de retorno = Qesgoto Qágua = 0,5 a 0,9; (na falta de medição in loco, adotar R = 0,8; NBR 9649) População, hab. QPC, L/(hab.d)* <5.000 90-140 5.000-10.000 100-160 10.000-50.000 110-180 50.000-250.000 120-220 >250.000 150-300 *Já descontando as perdas no sistema de abastecimento (vonSperling, 2005) CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 8 ii) com base na contribuição per capita (NBR 7229) Ocupantes permanentes Unidade Contribuição de esgoto (L/unidade.d) Residência padrão alto pessoa 160 Residência padrão médio pessoa 130 Residência padrão baixo pessoa 100 Alojamento provisório pessoa 80 Hotel (exceto cozinha e lavanderia) pessoa 100 Ocupantes temporários Unidade Contribuição de esgoto (L/unidade.d) Fábrica (em geral) pessoa 70 Escritório pessoa 50 Edifício público ou comercial pessoa 50 Escola (externato) e locais de longa permanência pessoa 50 Bares pessoa 6 Restaurante e similares refeição 25 Cinema, teatro e locais de curta permanência lugar 2 Exercícios: 1; Determinar a vazão doméstica média (Qd,med) de um bairro com: 350 casas, com média de 5 residentes/casa 280 apartamentos, com média de 3 residentes/apto. um hospital com 30 leitos um restaurante que serve 150 refeições por dia prédios comerciais nos quais trabalham um total de 180 pessoas 1 escola com 500 estudantes 2. Qual seria a QPC para a população permanente do bairro (R = 0,8), p/ a mesma Qd,med? CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 9 d) Variação de Qd i) Hidrograma ii) Variações de Qd dependem de: (1) tipo de efluente (doméstico ou misto - doméstico e industrial) (2) rede coletora (a) tamanho - variação inversamente proporcional ao tamanho da rede (b) qualidade - idade, material de construção, manutenção... (3) condições climáticas (4) influência do lençol freático iii) Coeficientes de variação de Qd (NBR 9649) (1) variação máxima diária, registrada no período de um ano, dia,med diamax, 1 Q Q k (na impossibilidade de determinar valor in loco, a norma recomenda adotar k1 = 1,2) (2) variação máxima horária, registrada no período de um dia, hora,med horamax, 2 Q Q k (na impossibilidade de determinar valor in loco, a norma recomenda adotar k2 = 1,5) Qd,max = k1.k2.Qd,med = 1,8.Qd,med Obs.: Para Q > 0,75 m3/s, pode se utilizar a equação desenvolvida pela Sabesp, SP, para determinação de Qmax: 𝑘 = Qd,max Qd,med = 1,2 + 17,485 Qd,med 0,509 (3) variação mínima horária, registrada no período de um dia, hora,med horamin, 3 Q Q k (na impossibilidade de determinar valor in loco, a norma recomenda adotar k3 = 0,5) Qd,min = k3.Qd,med = 0,5.Qd,med 3) Vazão de infiltração, Qinf, função de: a) extensão da rede ou área servida; na falta de projeto de rede, pode estimar sua extensão i) área de baixa densidade populacional: 2,5 a 3,5 m/hab ii) cidade de porte médio: 2,0 a 3,0 m/hab iii) cidades maiores: ≤ 1,0 a 2,0 m/hab b) tipo de solo c) profundidade do lençol freático d) topografia e) Qinf = Ti x L i) L = extensão da rede, km ii) Ti= taxa de contribuição de infiltração, = 0,05 a 1 L/s por km de rede (tipicamente 0,3 a 0,5 L/s) (NBR 9649) 0 6 12 18 24 Qd,méd Qd,mín Qd,máx hora do dia CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 10 4) Vazão industrial, Qind a) função de: i) tipo de indústria ii) processo de produção iii) grau de recirculação de água industrial (fechamento de circuito) iv) pré-tratamento, antes de envio à ETE (NBR 9800) b) Qind,max limitada a 1,5.Qind,med (Resolução CONAMA 430/2011) c) Indústrias de maior porte e, ou potencial poluidor tem ETE própria (parte do licenciamento ambiental) 5) Resumo das variações de Q Qmin = k3.Qd,med + Qinf Qmed = Qd,med + Qinf + Qind,med Qmax = k1.k2..Qd,med + Qinf +1,5.Qind,med a) Qmax – utilizada para dimensionamento de estações elevatórias, linhas de recalque de afluente, medidores de vazão, unidades de tratamento preliminar e primário (gradeamento, dearenação e decantação primária) e suas respectivas canalizações b) Qmed – utilizada para dimensionamento das unidades de tratamento secundário, terciário, e unidades após um tanque de equalização c) Qmin – utilizada para verificaçãode dimensionamento de estações elevatórias, velocidade nas canalizçaões entre unidades em geral Exercício Determine as vazões totais média, mínima e máxima dos esgotos de uma cidade com 150.000 habitantes. Os efluentes de um laticíno que produz 12.000 litros de leite por semana também são enviados para a ETE da cidade. (Adotar QPC = 200L/hab.d; R = 0,8; extensão da rede = 3 m/hab; Ti = 0,4 L/s.km; 5m3 efluente/m3 leite). Gabrielle Realce Gabrielle Realce CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 11 2.2. Características de Esgotos Sanitários 1) Série de sólidos (totais; em suspensão/dissolvidos; fixos/voláteis) Parâmetro Contribuição per capita, g/hab.d mg/L Sólidos Totais 120-220 700-1350 - SST 35-70 200-450 - SDT 85-150 500-900 Fonte: vonSperling, 2005 2) Indicadores da matéria orgânica (DBO, DQO, COT) Parâmetro Contribuição per capita, g/hab.d mg/L DBO5 40-60 200-500 DBOúltima 60-90 350-600 DQO 80-130 400-800 Óleos/Graxas 10-30 55-170 Fonte: vonSperling, 2005; Jordão e Pessoa, 2005 3) Nutrientes Parâmetro Contribuição per capita, g/hab.d mg/L N total 6-12 35-70 - N orgânico 2,5-5,0 15-30 - Amônia 3,5-7,0 20-40 P total 1,0-4,5 5-25 - P orgânico 0,3-1,5 2-8 - P inorgânico 0,7-3,0 4-17 Fonte: vonSperling, 2005; Jordão e Pessoa, 2005 4) Indicadores de contaminação fecal / patógenos Microrganismo Contribuição per capita (org/hab.d) Densidade (org/l00 ml) Dose infectante Bactérias totais 1012 – 1013 109 – 1010 102-109 Coliformes totais 109 – 1012 106 – 109 - Coliformes termotolerantes 108 – 1011 105 – 108 - Estreptococos fecais 108 – 109 105 – 106 - Cistos de protozoários < 106 < 103 1-100 Ovos de helmintos < 106 < 103 1-5 Vírus 105 – 107 102 – 104 1-10 Fonte: vonSperling, 2005; Daniel, 2001 5) Outras características de esgoto sanitário bruto Parâmetro Contribuição per capita, g/hab.d Valor pH - 6,7-7,5 Alcalinidade, mg/L 20-30 110-170 Cloretos, mg/L 4-8 20-50 Fonte: vonSperling, 2005 2.3. Características de Efluentes Industriais 1) Parâmetros gerais de caracterização a) Sólidos (em suspensão/dissolvidos; fixos/voláteis) b) Indicadores da matéria orgânica (DBO, DQO, COT) c) Nutrientes e sua disponibilidade para o tratamento biológico (falta ou excesso) d) Indicadores de contaminação fecal / patógenos 65 130 135 260 0 200 400 600 DBO DQO m g/ l Particulado Solúvel 20 5 10 2 0 10 20 30 40 N total P total m g/ l Particulado Solúvel CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 12 2) Biodegradabilidade (DBO/DQO) a) capacidade de estabilização por processos bioquímicos, através de microrganismos b) quando DBO/DQO for < 0,3, tratamento biológico pode ser inadequado/ineficiente 3) Tratabilidade a) capacidade de tratar por processos biológicos convencionais b) afetada pela presença de substâncias inibidoras e refratárias/recalcitrantes 4) Indicadores de toxicidade a) ao tratamento do efluente por processos biológicos b) à vida aquática (e prejudicial ao abastecimento público de água) c) ao tratamento e, ou disposição final do lodo 5) Características das águas residuárias de diferentes tipologias industriais Tipologia Unidade Vazão de esgoto, m3/unidade Carga unitária (kg/unid) SST DBO Açúcar ton. açucar 0,5-10 4 2-5 Laticínios m3 leite 2-10 350 5-40 Matadouro 1 boi/2,5 porcos 0,5-3 5 4-10 Cervejaria m3 produzido 2-10 1400 8-20 Refrigerante m3 produzido 2-5 - 3-6 Algodão ton. produzida 120-750 70 50 Celulose ton. produzida 15-100 18 30 Refinaria barril 0,2-0,4 - 0,05 PVC ton. produzida 12,5 1,5 10 Cimento ton. produzida 5 8 0 Fundição ton. gusa 3-8 - 1,6 Fonte: modificado de von Sperling, 2005 2.4. Carga Poluidora 1) Carga = massa/tempo (kg/d) a) orgânica - kg DBO/d; kg DQO/d b) sólidios - kg SS/d, etc. c) nutrientes - kg N/d (N-org; N-NH4+; N-NO3+), kg P/d 2) Contribuição per capita ou unitária a) Para esgotos domésticos (NBR 12209) i) 45 a 60 g DBO5/hab.d ii) 45 a 70 g SS/hab.d b) Para efluentes industriais – deve determinar caso a caso e expressar como kg por tonelada ou m3 de produção (kg/ton ou kg/m3) 3) Cálculo da carga poluidora, L (kg/d) a) carga = concentração x vazão (g/m3 x m3/d x 1 kg/1000g = kg/d) b) carga = carga per capita x população (ex. g/(hab.d) x hab x 1 kg/1000g = kg/d) c) carga = carga unitária x unidades (kg/ton x ton/d = kg/d; kg/m3 x m3/d = kg/d) Exercícios: 1. Estimar a DBO e SS (cargas e concentrações) do esgoto de uma cidade com população de 75.000 habitantes, utilizando valores de contribuição per capita recomendados pela ABNT. Adotar QPC = 180 l/hab.d, R = 0,8, 50 g DBO/hab.d e 60 g SS/hab.d. CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 13 2. Calcular LDQO se Q = 12 m3/h e DQO = 750 mg/L. 3. Qual é a concentração de P em um esgoto com LP = 25 kgP/d e Q = 6000 m3/d? 4. Qual é a vazão de um esgoto com concentração de SST = 450 mg/L e LSST = 6000 kg d? 5. Qual dessas atividades industriais tem a maior carga orgânica poluidora? Atividade Produção Efluente Volume DBO, mg/L Cervejaria 800 L/d 6 m3/m3 cerveja 700 Indústria têxtil 0,5 ton/d 120 m3/ton 1000 Refinaria de petróleo 1500 barris/d 0,5m3/barril 200 5. Para uma usina que produz 400.000 ton açucar /ano e gera efluente com Q = 150 m3/h e carga específica = 4 kg DBO5/ton, determinar: i. a DBO5 no efluente, mg/L ii. a carga orgânica do efluente, kg DBO5/d iii. a vazao específica do efluente, m3/ton 4) Equivalente populacional (EP) a) EP = carga/carga per capita EP = kg/d kg d.hab⁄ = hab b) Conceito utilizado para comparar carga poluidora de atividades industriais com àquela de esgotos sanitários Exercicio: Determinar o equivalente populacional de uma fábrica que produz 2500 ton de produto por dia, com carga unitária = 18 kg DBO5/ton. CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 14 2.5. Eficiência Exigida na ETE 1) Eficiência depende de a) Usos previstos da água a jusante do ponto de lançamento b) Requisitos da legislação ambiental c) Capacidade de autodepuração e diluição do corpo receptor i) Estudos de autodepuração ii) Análise de cargas orgânicas introduzidas ao longo do corpo receptor 2) Eficiência de tratamento exigida é determinada pelo balanço de massa após mistura er eerr f QQ C.QC.Q C Eficiência exigida, E, % = i ei C CC 100 onde: Cf = concentração final da substância após mistura no corpo receptor (g/m3) Ce = concentração da substância no esgoto tratado Ci = concentração da substância no esgoto bruto Cr = concentração da substância no rio Qe = vazão do esgoto Qr = vazão de referência do rio Exercícios. 1. Um rio com vazão = 200 L/s, e DBO5 = 2 mg/L recebe o esgoto tratado de uma ETE municipal. Se o esgoto bruto entra na ETE com vazão = 1000 m3/d e DBO5 = 350 mg/L, determinar a eficiência de remoção de DBO5 exigida para: i. DBO5 < 60 mg/L ii. não ultrapassar 5 mg/L de DBO do rio no ponto de lançamento 2. Qual será a DBO final no rio se a ETE alcança remoção média de 70% da DBO?CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 15 3) Eficiência global de tratamento de várias etapas é multiplicativa, com base na fração remanescente após cada etapa (exceto para constituintes cujas características mudam ao longo da linha de tratamento) E = {1 – [(1-E1)(1-E2)...(1-En)]}100 onde: E = eficiência global, % E1, 2..n = eficiência das etapas 1,2...n (entre 0 e 0,99) Exercício: Um esgoto é tratado em sistema composto por gradeamento, tratamento primário e tratamento secundário em duas etapas, com eficiências de 0, 25, 75 e 90% de remoção de DBO, respectivamente. Qual é a DBO do esgoto após cada etapa e a eficiência global do sistema se a DBO inicial = 400 mg/L? 2.6. Critérios de Dimensionamento Baseados em Vazão e Carga 1) Volume, V = Q.TRH a) Para diversos processos, TRH determina eficiência alcançada b) Especificando TRH, V será definido 2) Unidades de sedimentação a) Taxa de aplicação hidráulica (superficial), TAH = Q (m 3 d ⁄ ) A (m2) = vs b) Taxa de aplicação de sólidos, TASS = LSST ( kg d ⁄ ) A (m2) onde: A = área superficial da unidade vs = velocidade de sedimentação 3) Reatores biológicos a) Carga orgânica volumétrica, Lorg ou COV = Carga ( kg d ⁄ ) V (m3) b) Carga orgânica superficial, LS ou COS = Carga ( kg d ⁄ ) A (m2) CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 16 Exercícios: Uma ETE foi projetada para tratar o esgoto de uma população de 60.000 habitantes (QPC = 170 L água/hab.d; R = 0,8) e inclui grade, desarenador, decantador primário e filtro biológico percolador (FBP). 1. Qual deve ser a área mínima em planta do desarenador, sabendo que o mesmo deve ser projetado para remover partículas com vs ≥ 0,02m/s? 2. Qual deve ser a área mínima em planta do decantador primário, se o mesmo deve ter TAH < 90 m3/m2.d e TAS < 120 kg SST/m2.d? Se for um decantador circular, qual será seu diâmetro? 3. O FBP deve ter COV < 1,2 kg DBO/m3.d e TAH < 50 m3/m2.d. Se o tratamento primário remove 65% dos SST, incluindo 25% da DBO, qual devem ser o volume e área em planta mínimos do FBP? 4. Se o FBP alcança 85% de remoção de DBO, qual será a quantidade de DBO no esgoto tratado (kg/d e mg/L)? 5. Elaborar o fluxograma da ETE com balanço de massa de DBO. CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 17 III. UNIDADES, PROCESSOS E SISTEMAS DE TRATAMENTO 3.1. Processos e Sistemas Utilizados em ETEs Nível Poluente/Contaminante Unidade/Processo/Sistema Preliminar Sólidos grosseiros Areia Material flutuante Gradeamento Sedimentação Flotação Primário Sólidos suspensos Sedimentação Sedimentação quimicamente assistida Secundário Matéria orgânica biodegradável Lagoas de estabilização Lodos ativados e variações Filtros biológicos percoladores e variações Reatores anaeróbios Disposição no solo Secundário ou terciário Nitrogênio Nitrificação e desnitrificação biológica Lagoas de maturação Disposição no solo Processos físico-químicos Fósforo Remoção biológica Processos físico-químicos Terciário Matéria orgânica não biodegradável Adsorção em carvão ativado Precipitação química Filtração por membranas Oxidação avançada Patógenos Lagoas de maturação Disposição no solo Desinfecção com produtos químicos Desinfecção com radiação UV Matéria inorgânica Precipitação química Filtração em membranas 3.2. Processos Auxiliares 1) Medição de vazão – uso de calha Parshall a) Dispositivo de medição de vazão na forma de um canal aberto b) Dimensões padronizadas (W,A,B,C,D,F,G) c) Água é forçada por garganta (W) relativamente estreita; d) Relação empírica existe entre o nível de água no ponto 0 e a vazão na seção, em condições de escoamento livre* (sem afogamento): Q = 2,2. W. H03/2 onde: Q = vazão (m3/s) H0 = altura do nível de água no ponto 0 (m) W = largura da garganta (m) * Condições de escoamento livre: H2 / H1 0,60 para W < 229mm ou H2 / H1 0,70 para W de 301mm a 2,5m Calha Parshall Convencional CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 18 2) Equalização de vazão – tanque de equalização a) Minimiza variações operacionais b) Aumenta desempenho do sistema c) Reduz custo e tamanho das unidades de tratamento subsequentes d) Uniformiza características e cargas – pH, temperatura, toxicidade, DBO5 e) Quando presente, antecede unidade(s) de tratamento secundário Efeito da equalização de vazão: 3) Neutralização e resfriamento – muitas vezes necessários para adequar efluentes industriais ao tratamento biológico 3.3. Tratamento preliminar 1) Remoção de Sólidos Grosseiros a) Unidades de tratamento i) grades (aberturas 10 a 100 mm) ii) peneiras (aberturas 0,25 a 6mm), para remoção de sólidos mais finos, fibrosos b) Sólidos retidos (folhas, trapos, plástico, fezes, restos de alimentos, etc.) i) quantidade é função do tamanho das aberturas ii) enviados ao aterro ou incinerador 2) Remoção de Areia a) Unidade = Desarenador i) Ocorre sedimentação discreta ii) Partículas não mudam de forma, tamanho ou densidade iii) Em líquido em repouso, no equilíbrio, sedimenta com vs constante iv) Tempo para sedimentar partícula (ts) deve ser menor que o TRH v) Deve ser projetado para remover partículas discretas com (1) vs 0,02 m/s (2) vh média = 0,3 m/s vi) Deve manter DBOparticulada em suspensão, para ser removida no tratamento primário (DBOparticulada tem vs < 0,02 m/s, portanto, se unidade for bem projetada e operada, não sedimentará) b) Material retido i) 1 a 5 L/1000 m3 de esgoto ii) Areia é lavada antes de disposição final (aterro) iii) Água de lavagem volta à entrada da unidade 0 400 800 1200 1600 0 6 12 18 24 Vo lum e, m 3 Tempo, h Q na entrada Q equalizada l b hQ Q vs vh h = altura da lâmina de água b = largura l = comprimento vs = Q/l.b = h/ts vh = Q/h.b = l/TRH Trajetória da partícula discreta CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 19 3) Remoção de Material Flutuante, Óleos e Graxas a) Unidades de tratamento (s < H2O) i) Caixa de gordura ii) Separador água / óleo iii) Flotador (FAD) b) Material retido i) Quantidade é função de: ii) características da água residuária iii) tempo / grau de clarificação iv) Disposição (1) óleos minerais - incineração; reciclagem (2) óleos animais/vegetais - digestão (linha do lodo), reciclagem 3.4. Tratamento Primário - Remoção de Sólidos em Suspensão 1) Unidade = decantador primário (clarificador, tanque de sedimentação) a) Ocorre sedimentação floculenta i) Partículas ganham maior velocidade a medida que aumentam de tamanho e peso ii) Velocidade de sedimentação, vs, não é constante b) Unidades de sedimentacao são dimensionadas com base na vs mínima das partículas em suspensão que se deseja remover c) Critérios de dimensionamento do decantador primário (NBR 12209) i) TRH = 1 a 6 h; tempos longos evitados para não tornar esgoto séptico ii) TAH recomendada (1) sem tratamento biológico < 60 m3/(m2.d) (2) antes de filtro biológico < 80 m3/(m2.d) (3) antes de lodos ativados < 120 m3/(m2.d) iii) Comumente dotado de removedor deescuma (óleos/gorduras flutuantes) 2) Lodo primário a) inclui parte da DBOparticulada b) quantidade sedimentada é função de: i) características da água residuária ii) tempo / eficiência de clarificação c) tratamento de lodo primário visa sua estabilização biológica (remoção de matéria orgânica biodegradável) e higienização (inativação de patógenos) d) disposição depende de forma de tratamento (linha de lodo) 3) Tratamento primário quimicamente assistido a) Adição de copagulantes para aumentar vs e eficiência de remoção de SS b) Pode ser suficiente para atender legislação (remoção de SS, DBO) vh vh vs vs h l b vh constante = Q/(b.h) vs variável Q Q Trajetória da partícula floculenta vs Re mo ção de SS , % eficiência desejada TAH de projeto Relação entre vs e eficiência de remoção obtida em ensaio de sedimentação floculenta CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 20 3.5. Tratamento Secundário (Biológico) - Remoção de Matéria Orgânica 1) Unidade = Reator Biológico matéria orgânica biomassa nova + produtos de degradação + biomassa ( (CH4 e/ou CO2, NH4+ ou NO3-, SO42- ou HS-, etc.) 2) Objetivos do reator biológico a) Reproduzir processsos naturais com introdução da tecnologia para conseguir depuração sob condiçoes controladas e taxas de reação mais elevadas. b) Realizar operações bioquímicas nas quais microrganismos crescem utilizando a carga orgânica como fonte de carbono e/ou energia, convertendo DBO em biomassa e CO2 3) Ambientes bioquímicos nos reatores biológicos a) Aeróbio - presença de O2 (muitas vezes requer sistema de aeração) b) Anóxico - ausência de O2, presença de NO3- c) Anaeróbio - ausência de O2 e NO3-, presença de SO42-, CO2... d) Facultativo - zonas aeróbias e anaeróbias no mesmo reator 4) Formas de crescimento da biomassa nos reatores biológicos a) Crescimento disperso – floco ou grânulo biológico i) biomassa em matriz de exopolímeros (principalmente carboidratos, proteínas) ii) matéria orgânica adsorvida na matriz do floco ou grânulo iii) se desejar manter floco em suspensão, requer dispositivos de agitação e de separação da biomassa após reação (sedimentação) iv) existe gradiente de matéria orgânica, nutrientes no floco b) Crescimento aderido (reatores de leito fixo) - biofilme i) biomassa em matriz de exopolímeros imobilizada/aderida a um suporte sólido ii) difusão da matéria orgânica, nutrientes, OD dentro do biofilme iii) existe gradiente de matéria orgânica, nutrientes no biofilme Floco/grânulo biológico versus biofilme c) Consequências da forma de crescimento – floco/grânulo versus biofilme i) Dois tempos de controle nos reatores (1) Tempo de retenção hidráulica, TRH (TRH = V/Q) (2) Tempo de retenção de lodo, c (tempo de residência celular, idade do lodo) θc(d)= biomassa no reator (kg) biomassa retirada por unidade de tempo (kg d⁄ ) = d ii) Reatores de leito fixo (crescimento aderido): TRH < c reator biológico CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 21 iii) Reatores de crescimento disperso: TRH = c, a menos que exista um mecanismo de retenção de biomassa (por exemplo, pela recirculação de lodo do fundo de um decantador secundário) iv) Importância de controle de c (1) redução de c leva ao aumento da fração ativa de biomassa e quantidade de biomassa produzida por unidade de tempo (2) aumento de c permite estabelecer populações de bactérias específicas, com menores taxas de crescimento, por exemplo: (a) bactérias nitrificantes que transformam amônio a nitrato (b) espécies capazes de degradar xenobióticos (substâncias sintéticas) (3) c > TRH leva ao aumento da biomassa no reator, o que resulta em maior velocidade de remoção da matéria orgânica, e, portanto, menor volume do reator para alcançar determinada eficiência Exercício: Determinar TRH, c e a carga de lodo retirado se forem retirados (para descarte de lodo) 75 m3 de efluente por dia de um reator com Q = 3000 m3/d, V = 1500 m3 e SSV = 2500mg/L. 5) Principais Processos Biológicos Crescimento Anaeróbio Aeróbio ou facultativo Disperso Tanque séptico Lagoa anaeróbia Reator UASB Digestor anaeróbio Lagoas de estabilização Lodos ativados Aderido Filtro anaeróbio Filtro biológico percolador Biofiltro aerado submerso Disposição no solo 3.6. Descrição dos Principais Processos Biológicos 3.6.1. Tanque séptico e filtro anaeróbio (sistema fossa-filtro) 1) Solução individual, para comunidades de pequeno porte ou esgotos sanitários de indústrias (sistemas descentralizados) Caixa de gordura Caixa gradeada Tanque séptico Filtro anaeróbio Fonte: http://www.suzuki.arq.br/ CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 22 2) Tanque séptico retém sólidos a) Decantador e digestor em uma única unidade b) Pode ser considerado tratamento a nível primário por remover/tratar apenas os sólidos sedimentáveis e flutuantes, não a fase líquida c) Decomposição anaeróbia de sólidos orgânicos e acúmulo de sólidos inertes d) Requer remoção de lodo acumulado em intervalos regulares (~ 1 a 5 anos) 3) Filtro anaeróbio a) TRH < c = 20 até 100 d b) Fluxo ascendente ou descendente c) Leito filtrante pode ser afogado ou não afogado d) Limite prático de tamanho devido ao material suporte e) Necessidade de tratamento primário f) Eficiência do sistema tanque séptico+filtro anaeróbio = 75 a 95% de DBO 3.6.2. Reator UASB 1) Reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de lodo (upflow anaerobic sludge blanket) 2) TRH = 6 a 10 h < c; estabelecido em função da temperatura 3) Separador trifásico (gás/líquido/sólidos) permite retenção da biomassa dispersa 4) Biomassa granular com excelente sedimentabilidade, fácil retenção 5) Não necessita de tratamento primário 6) Eficiência de remoção de matéria orgânica = 50 a 70% de DBO Fonte: http://www.samaepomerode.com.br/ 3.6.3. Digestor anaeróbio 1) Aplicação a) Tratamento de efluentes com elevado teor SS, como certos efluentes agroindustriais (ex. suinocultura) b) Estabilização de lodos primário e secundário gerados nas ETEs 2) Variantes a) Baixa carga: TRH = c = 30 a 60d b) Alta carga: TRH = 15 a 20d < c i) Mistura e aquecimento (25 a 35oC) ii) Maior taxa de hidrólise da DBOparticulada (tipicamente etapa limitante) CH4 + CO2 sobrenadante lodo digerido CH4 + CO2 aquecedor de lodo baixa carga alta carga CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 23 3.6.4. Lagoas de estabilização 1) TRH = c a) relativamente baixa concentração quantidade biomassa na coluna de água b) requerem TRH relativamente elevado para alcançar eficiência elevada c) Indicadas para condições brasileiras - clima favorável e disponibilidade de terra 2) Vantagens e desvantagens das lagoas a) construção e operação simples b) pouca ou nenhuma mecanização c) sem necessidade do tratamento primário d) requisitos de área (pegada) relativamente elevados 3) Principais variantes a) Lagoa facultativa (LF) i) Efeito de fatores ambientais na lagoa facultativa (1) luz – taxas de fotossíntese e remoção de DBO, solubilidade de gases (2) vento - mistura, reversão térmica i) Pós-tratamento do efluente na saída da lagoa facultativa para remoção de algas (aumentam SST na saída) (1) filtro de areia ou brita (2) coagulação / floculação (3) biofiltro aerado b) Lagoa anaeróbia(LAn) i) utilizada para tratamento de esgotos domésticos ou industriais, percolado de aterros sanitários (chorume) com alta carga orgânica (sistema australiana = lagoa anaeróbia + lagoa facultativa) ii) tipicamente remove 50% da carga orgânica iii) quando colocada antes da lagoa facultativa, permite reduzir a área total c) Lagoa aerada facultativa (LAF) i) oxigênio introduzido mecanicamente através de aeradores, para manter concentração adequada de OD sem suspender a biomassa (profundidade deve ser suficiente para criar zona sem aeração no fundo) ii) útil para aumentar capacidade de lagoa facultativa sobrecarregada d) Lagoa aerada de mistura completa seguida de lagoa de decantação (LMC+LD) i) oxigênio introduzido mecanicamente através de aeradores, para manter concentração adequada de OD e manter biomassa em suspensão na lagoa aerada ii) lagoa (ou zona) de decantação para separar a biomassa do efluente clarificado O2CO2 Camada de lodo O2 CO2 bactérias algas zona aeróbia zona anaeróbia CO2, CH4, H2S zona facultativa DBO particulada solúvel Energia luminosa CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 24 e) Lagoa de maturação / polimento (LM / LP) i) polimento - remoção de matéria orgânica ii) maturação - remoção de nutrientes e patógenos iii) variante = lagoas de alta taxa, com foco na de remoção de nutrientes e produção de biomassa algal iv) lagoas rasas, condição que favorece: (1) aumento de luz (calor) (2) aumento da atividade fotossintética (geração de O2, consumo de HCO3-) (3) aumento do pH h) Características típicas de lagoas de estabilização Lagoa TRH, d Profundidade, m anaeróbia 3-6 (1-2) 4-5 facultativa 15-45 1,5-2 aerada 5-10 2,5-4,5 aerada de mistura completa 2-4 2,5-4,5 decantação <2 3 maturação / polimento 3 <1,5 Fonte:vonSperling, 2002 i) Comparação entre lagoas de estabilização i) Requisitos de energia e custos: LM LF < LAn+LF < LAF < LMC+LD ii) Requisitos de área: LM > LF > LAn+LF > LAF > LMC+LD 3.6.5. Lodos ativados 1) Unidades integrantes a) tanque de aeração: introdução de oxigênio e mistura do esgoto e lodo b) decantador secundário: sedimentação, retirada do lodo para recirculação e descarte c) elevatória de recirculação de lodo: recalque do lodo para o tanque de aeração. d) digestor de lodo: digestão do lodo excedente retirado do decantador secundário e) dispositivo para desaguamento do lodo: mecanizada ou em leitos de secagem 2) TRH < c a) retenção da biomassa via sistema de recirculação do lodo do fundo do decantador secundário para o reator biológico (tanque de aeração) b) aumento da concentração de biomassa no reator resulta em maior taxa de remoção da matéria orgânica, permitindo reatores menores (menor TRH) 3) Necessidade de tratamento primário depende da variante Variante c (d) TRH (h) X (mg SSV/l) Tratamento 1ario Convencional 5-12 4-10 1.500-5.000 Sim Aeração prolongada 20-30 18-36 3.000-6.000 Não Alta taxa 5-10 0,5-2 4.000-10.000 Sim Tanque de aeração Decantador 2ario Adensador Decantador 1ario Digestor de lodo secagem destinação Linhas pontilhadas indicam unidades opcionais, dependendo da variante do processo CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 25 4) Modificações do sistema de lodos ativados a) Biorreator a membranas - módulos de membranas substituem o decantador 2ario b) Reator sequencial em batelada - único reator desempenha função do tanque de aeração e decantador 2ario de forma alternada c) Valo de oxidação - canal circular ou oval equipado com aeradores de eixo horizontal d) Reator de biofilme e leito móvel (MBBR) – peças inertes no tanque de aeração para crescimento de biofilme e aumento de retenção e idade do lodo 3.6.6. Filtro biológico percolador (FBP) 1) TRH < c (crescimento aderido) 2) Componentes a) dispositivos de distribuição do esgoto na superfície do meio filtrante b) meio filtrante (pedra britada, cerâmica, plástico) sobre o qual cresce a biomassa c) sistema de drenagem de fundo (fundo falso) d) decantador secundário para remover lodo desprendido e recircular esgoto 3) Necessidade de tratamento primário para evitar colmatação da superfície do meio filtrante 4) Outros processos aeróbios com biofilme a) Biofiltro aerado submerso (BAS) i) fluxo ascendente, com meio suporte (2 a 6 mm) submerso ii) aeração forçada fornece oxigênio b) Filtro aeróbio submerso (FAS) – material de enchimento sintético, parecido com FBP c) Biodisco ou reator biológico de contato (RBC) 3.6.7. Disposição no solo 1) Combinação de tratamento e disposição final (sistemas descentralizados) a) Remoção de DBO, nutrientes, patógenos b) Após tratamento primário (tanque séptico) ou secundário c) Disposição final: reúso, recarga de aquíferos, irrigação agrícola e florestal 2) Tipos de disposição a) Infiltração i) lenta = irrigação ii) rápida = percolação iii) subsuperficial b) Escoamento superficial c) Sistemas alagados construídas (wetlands construídos) 3) Taxa de aplicação hidráulica (cm/d) função de a) Tipo e manejo de solo b) Tipo de aplicação c) Grau de tratamento do esgoto antes da aplicação d) Percolação > escoamento superficial > irrigação CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 26 4) Infiltração lenta = Irrigação a) Método de disposição mais eficiente, mas que requer maior área i) reduz necessidade de adubos (fertirrigação) ii) elimina DBO, SS, N,P - solo planta iii) aumenta SS inorg - evapotranspiração iv) absorção ou precipitação de metais pesados b) Formas i) aspersão ii) alagamento/inundação iii) crista e vala / sulcos 5) Infiltração rápida = Percolação a) Funções i) recarga de lençol freático ii) renovação da qualidade água iii) reversão de gradiente hidráulico - reduz intrusão de salinidade (regiões costeiras) b) Redução de DBO, SS, alguma redução N,P; aumento de dureza c) Feita em bacias construídas na terra, com aplicação intermitente, com ou sem coleta de efluente 6) Escoamento superficial a) Aplicabilidade i) terrenos com declividade ii) solo de baixa permeabilidade iii) cobertura vegetal (capim) iv) aplicação intermitente no topo do declive, coleta em valas b) Boa remoção DBO, SS, N; alguma remoção P, metais 7) Sistemas alagados construídos (SACs) c) Tenta mimetizar ecossistemas naturais e suas funções de ciclagem de nutrientes, remoção de matéria orgânica metais d) Boa remoção DBO, SS, nutrientes e coliformes e) Fluxo superficial ou subsuperficial, horizontal ou vertical 8) Infiltração subsuperficial a) Utilizada tipicamente em conjuntos residenciais, comunidades de pequeno porte b) Aplicação abaixo do nível do solo em escavações enterradas preenchidas com meio poroso i) sumidouros ii) valas de infiltração/absorção iii) valos de filtração - coleta de efluente após passar pela unidade 3.6.8. Combinação de processos biológicos 1) Combinação de processos pode reduzir volume / custo de construção e operação do sistema de tratamento 2) Combinação de reatores anaeróbio e aeróbio a) redução da carga orgânica no reator anaeróbio reduz demanda de oxigênio no reator aeróbio, ou requisitos de área para lagoa, disposição no solo b) Exemplos i) reator UASB + filtro percolador ou biofiltro aerado ii) reator UASB + lagoa facultativa ou aerada e, ou de maturação iii) reator UASB + lodos ativados iv) lagoa anaeróbia + lagoa facultativa ou aerada CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuáriasDEC/CCE/UFV 27 3) Combinação de reatores aeróbios a) redução da carga orgânica no primeiro reator viabiliza nitrificação ou remoção de substâncias recalcitrantes no segundo reator b) Exemplos i) FBPs de dois estágios ii) lodos ativados + FBP iii) lagoa aerada + reator MBBR iv) lodos ativados + reator MBBR 3.7. Microbiologia e Bioquímica de Processos Biológicos 1) Classificação de Microrganismos a) Baseada na homologia de suas sequências de RNA ribossômico (árvore filogenética); existem 3 domínios: i) Archaea – archeas (metanogênicas) ii) Eubacteria – bactérias verdadeiras iii) Eucarya – algas, fungos, protozoários, (animais, plantas) b) Baseada na fonte de energia e carbono i) Energia (1) luz solar – fototróficos (2) oxidação de matéria orgânica – quimiorganotróficos (3) oxidação de matéria inorgãnica – quimiolitotróficos ii) Carbono (1) CO2 (HCO3- ) – autotróficos (2) matéria orgânica - heterotróficos Exercíco: Completar o quadro de classificação de seres vivos baseada nas fontes de energia e carbono que utilizam Classificação Fonte de energia Fonte de carbono Exemplos fotoautótrofa fotoheterótrofa quimilitoautótrofa quimiorganoheterótrofa Bacteria Archaea Eukarya Ancestral comum CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 28 c) Baseada na exigência de O2 i) Aeróbios estritos/obrigatórios (animais, plantas, algas, fungos, protozoários, bactérias) ii) Anaeróbios facultativos (bactérias) iii) Anaeróbios estritos/obrigatórios (bactérias, archeas) d) Baseado na estrutura celular i) Procariontes (Archaea, Eubactéria) ii) Eucariontes (Eukarya) Exercíco: Completar o quadro de comparação da organização celular em procariantes e eucariontes Característica Procariontes Eucariontes parede celular DNA membrana nuclear organelas divisão celular e) Baseado na temperatura (ótima) de crescimento 2) Papéis dos Microrganismos nos Processos Biológicos a) Eubactéria i) Degradadores primários e secundários ii) São os principais responsáveis pela remoção da matéria orgânica (DBO): DBOparticulada degradador 1ário DBOsolúvel degradador 2ário mineralização iii) Cianobactérias – fotossíntese – fornecem oxigênio, consomem CO2 b) Archaea i) Anaeróbios estritos ii) Realizam metanogênese - formação de CH4 - captura da energia presente na matéria orgânica (DBO) em forma utilizável c) Eucarya i) Aeróbios estritos (exceto alguns fungos) ii) Fungos - suportam pH baixo e baixas concentrações de OD e nutrientes iii) Algas - fotossíntese - forma de fornecimento de O2 em lagoas de estabilização iv) Protozoários (1) predadores - importantes para polimento (2) remoção de matéria em suspensão (bactérias e matéria orgânica particulada) (3) não competem com bactérias pela matéria orgânica solúvel (4) grupos: ciliados, flagelados, amebas v) Micrometazoários (1) rotíferos, nematóides - alimentam-se de protozoários, bactérias, sem afetar eficiência, (2) importantes para polimento (remoção de DBOparticulada dispersa no reator) 900 10 60 70 80 100 11050403020 Temperatura, C Tax a d e cr esc ime nto 13 60 39 88 105 mesófila psicrófila termófila hipertermófilas CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 29 vi) Análise quantitativa e qualitativa de eucariontes fornece diagnóstico de “saúde” e capacidade de depuração de reatores aeróbios Exemplos de eucariontes presentes nos reatores biológicos d) Ecossistemas microbianos nos reatores biológicos i) Reator aeróbio / anóxico - Eubacteria e Eucarya (1) bactérias degradadoras primárias e secundárias (saprófitas) (2) bactérias nitrificantes (3) predadores - protozoários, rotíferos, nematóides (4) organismos indesejáveis quando em excesso - bactérias filamentosas, fungos ii) Reator facultativo - Archaea, Eubacteria e Eucarya (1) bactérias degradadoras primárias e secundárias (saprófitas) (2) bactérias metanogênicas (3) algas e cianobactérias (4) predadores - protozoários, rotíferos, nematóides iii) Reator anaeróbio - Archaea e Eubacteria (1) bactérias degradadoras primárias e secundárias (saprófitas) (2) archeas metanogênicas (3) organismos indesejáveis - bactérias sulfato-redutoras - inibem a metanogênese Exercício: Completar o quadro de grupos funcionais microbianos de importância no tratamento biológico de esgotos Grupo funcional Classificação Ambiente bioquímico bactérias heterotróficas quimiorganoheterotrófica facultativo bactérias nitrificantes bactérias desnitrificantes bactérias sulfatoredutoras protozoários archeas metanogênicas acetotróficas archeas metanogênicas hidrogenotróficas 3) Noções de Metabolismo Microbiano e Bioenergética a) Requisitos para crescimento e manutenção da vida i) fonte de energia ii) fonte de carbono iii) nutrientes minerais iv) água CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 30 b) Metabolismo = transformações bioquímicas = catabolísmo + anabolismo i) Catabolismo = degradação; exergônica (G < 0) ii) Anabolismo = síntese; endergônica (G > 0) iii) Metabolismo microbiano - natureza cíclica (1) captura/geração de energia - via fotossíntese, respiração ou fermentação (2) consumo de energia - para síntese celular e manutenção c) Transferência de energia na célula através de pares de reações de oxidação e redução (reações redox) i) Oxidação: perda de e-, exergônica; ex. ATP ADP + Pi + energia ii) Redução: ganho de e-, endergônica; ex. ADP + Pi + energia ATP d) Potencial redox (Eh) mede a tendência de aceitar elétrons (e-) i) Por convenção, reações são escritas como reduções nas tabelas de valores de Eh O2 + 4e- 2O2-, Eh = +0,82 V CO2 + 8H+ + 8e- CH4 + 2H2O, Eh = -0,24 V ii) Quanto mais positivo o Eh, maior a tendência de aceitar e-, ou seja, no par de reações acima, o O2 tem maior tendência de aceitar o e- do que o CO2 iii) Na transferência de energia, reações redox são acopladas. Nas reações espontâneas, o fluxo de e- vai da forma reduzida da substância com menor potencial redox (doador de e-) para a forma oxidada da substância com maior potencial redox (aceptor de e-). iv) Exemplo: Reação redox acoplada da oxidação de metano meia reação de oxidação: CH4 C4+ + 4H+ + 8e- (C-CH4 = doador de e-) meia reação de redução: 2O2 + 8e- 4O2- (O2 = aceptor de e-) reação acoplada: CH4 + 2O2 CO2 + 2H2O e) Energia gerada na reação acoplada, G0 = n.F.E i) G0 = energia livre de Gibbs (kJ) da reação a 1 atm e concentrações de 1 mol l-1, 25C (1) G < 0 - reação espontânea; libera energia para trabalho (2) G > 0 - reação não espontânea, consome energia ii) n = mols de e- transferidos na oxidação de um mol da substância doadora iii) F = constante de Faraday, 96,48 kJ/V ATP ADP Fonte de carbono • CO2 • matéria orgânica • precursores Fonte de energia • luz • matéria orgânica • matéria inorgânica células novas locomoção transporte ativo CATABOLISMO degradação gera energia ANABOLISMO biossíntese e manutenção consome energia produtos da degradação CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 31 iv) E = diferença de potencial redox (Ehaceptor - Ehdoador) (1) aceptor – tem maior Eh, e será reduzido (2) doador – tem menor Eh, e será oxidado v) Para o exemplo da oxidação de metano: E = (Ehaceptor - Ehdoador) = +0,82 V– (– 0,24V) = +1,06V n = 8 G = (8)(96,48)(1,06) = –818,15kJ/mol, reação espontânea f) No reator biológico a principal fonte de energia (doador de elétrons) é o carbono orgânico (matéria orgânica, quantificada como DBO, DQO ou COT) i) Quanto mais reduzida o carbono, maior o número de e- e maior a energia potencial que contém (1) o estado de oxidação (EO) determina o número de e- e a energia potencial disponível na matéria orgânica (2) regras para determinar o estado de oxidação do carbono orgânico (a) elemento = 0 (b) íon = carga (c) somatório de uma molécula neutra = 0 (d) na matéria orgânica O = -2, H = +1, N = -3, S = -2, P = +5 Exercício: Determinar o estado médio de oxidação do carbono nos seguintes substratos: Composto EO Composto EO CH4 (metano) C10H19O3N (esgoto) CH3OH (metanol) C16H24O5N4 (proteína) CHOO- (formiato) C8H16O (gordura) CH3COO- (acetato) CH2O (carboidrato) CH3C(O)COO- (piruvato) C5H7O2N (bactéria) C23H38N7O17P3S (acetil-CoA) ii) Na presença de vários aceptores finais de e-, aquele que produzir mais energia (pela sua redução acoplada à oxidação da matéria orgânica) será esgotado primeiramente. (1) Exemplos de aceptores finais de e- alternativos em reatores biológicos: Par redox Forma inicial Forma final E, mV ½ O2/H2O ½ O2 + 2e- + 2H+ H2O +820 NO3-/NO2- NO3- + 2e- + 2H+ NO2- + H2O +433 SO42-/S2- SO42- + 8e- + 8H+ S2- + 4H2O -217 CO2/CH4 CO2 + 8e- + 8H+ CH4 + 2H2O -244 So/HS- So + 2e- + H+ HS- -270 CO2/CH3COO- 2CO2 + 4e- + 2H2O CH3COO- + H+ -290 2H+/H2 (aq) 2H+ + 2e- H2 -410 CO2/HCOO- CO2 + 2e- + H+ HCOO- -430 (2) Por exemplo, na oxidação de glicose (C6H12O6, E = -420mV), a ordem de esgotamento dos seguintes aceptores finais de e- será O2, NO3-, SO42-, CO2: Reação E, V n G, kJ C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O 0,82 – (-0,42) = 1,24 24 -2872 C6H12O6 + 12NO3- 6CO2 + 12NO2- + 6H2O 0,433 – (-0,42) = 0,853 24 -1975 C6H12O6 + 3SO42- 6CO2 + 3S2- + 6H2O -0,217 – (-0,42) = 0,203 24 -470 C6H12O6 + 3CO2 6CO2 + 3CH4 -0,244 – (-0,42) = 0,176 24 -408 CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 32 Exercício: Qual é a energia livre gerada pela oxidação de gordura (C8H16O) e de amônio pelos aceptores de e- O2 e CO2? Baseado nesses cálculos, em qual ambiente bioquímico essas oxidações prosseguirão espontaneamente? 8CO2 + 46e- C8H16O Eh = -283 mV O2/H2O Eh = +820 mV NO3- + 8e- NH4+ Eh = +357 mV CO2 / CH4 Eh = -244 mV g) Catabolismo fermentativo versus oxidativo i) Catabolismo fermentativo (1) composto orgânico se divide - parte fica mais oxidada, parte mais reduzida (2) gera, tipicamente, menos energia que o catabolismo oxidativo, porque não há aceptor final de e- externo Ex. Fermentação alcoolica: C6H12O6 2C2H5OH + 2CO2, Go = -235kJ forma inicial EOinicial forma final EOfinal doador C6H12O6 0 CO2 +4 aceptor C6H12O6 0 C2H5OH 2(-2) Ex. Fermentação ácida (láctica): C6H12O6 2CH3C(OH)COOH + 2H+, Go = -129,8kJ forma inicial EOinicial forma final EOfinal doador C6H12O6 aceptor C6H12O6 ii) Catabolismo oxidativo (1) fluxo de e- na cadeia de transporte de elétrons (CTE) até aceptor final de e- externo (a) substrato aceptor final de e- (O2, NO3-, SO42- ...) + energia (ATP) (b) importante lembrar que a oxidação da matéria orgânica pode ocorrer em ambiente anaeróbio, na ausência de O2 Ex. Respiração aeróbia de glicose: C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O; Go = - 2872kJ forma inicial EOinicial forma final EOfinal doador C6H12O6 aceptor O2 Ex. Metanogênese hidrogenotrófica: 4H2 + HCO3- + H+ CH4 + 3H2O; Go = -169,7kJ forma inicial EOinicial forma final EOfinal doador H2 aceptor HCO3- CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 33 (2) Resumo do catabolismo oxidativo (a) quanto maior o EO do produto final, maior a liberação de energia (b) quanto menor o EO do substrato (doador de e-), maior a liberação de energia (c) processos que produzem mais energia produzem mais ATP e mais biomassa celular (têm maior rendimento celular) (d) CO2 nunca pode servir como fonte de energia porque está no estado de oxidação máxima (C+4), mais pode servir como aceptor final de e- externo (3) Princiapais rotas de catabolismo oxidativo 4) Degradação Microbiológica da Matéria Carbonácea a) Aeróbio: Corg + O2 CO2 + energia i) Conversão do carbono orgânico a produtos mais oxidados ii) Há consumo de O2 e produção de CO2 iii) Há liberação de energia iv) Muitas bactérias heterotróficas aeróbias e, ou facultativas conseguem degradar (oxidar) completamente os substratos presentes nos esgotos v) Matéria orgânica remanescente após o tratamento biológico (“DQO recalcitrante”) – compostos não biodegradáveis e produtos microbianos solúveis Exercícios: Completar as equações a seguir, indicando o número de mols de O2 que reagem e de CO2 produzidos: CH3CH(OH)COOH + ____O2 ____CO2 + C10H19O3N + ____O2 ____CO2 + NH4+ + C5H7O2N + ____O2 ____CO2 + NH4+ + b) Anaeróbio: Corg CO2 + CH4 + energia i) Produtos não completamente oxidados (CH4 é um composto orgânico reduzido) ii) Produção de metano - principal forma de remoção da matéria orgânica iii) Ausência de O2 iv) Liberação de energia v) Necessidade de diferentes gêneros/espécies de bactérias e archeas para realizar a degradação dos substratos presentes nos esgotos Anaeróbio E, mV Matéria orgânica CxHyOz CO2 H2O CO2 N2 CO2 S2- CO2 CH4 O2 NO3 - SO4 2- CO2 -500 500 0E, mV Matéria orgânica CxHyOz CO2 H2O CO2 N2 CO2 S2- CO2 CH4 O2 NO3 - SO4 2- CO2 -500 500 0 DesnitrificaçãoAnóxico Aeróbio Respiração aeróbia Dessulfatação Metanogênese CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 34 vi) Etapas da degradação anaeróbia da matéria orgânica (1) Hidrólise - compostos orgânicos complexos hidrolisados a monômeros por bactérias fermentativas (exoenzimas hidrolíticas - celulases, lipases, etc.) (2) Acidogênese - monômeros convertidos a ácidos orgânicos voláteis (AOVs – ácido acético, propiónico, butírico...) por bactérias fermentativas Ex. C6H12O6 + 4H2O 2CH3COO- + 2HCO3- + 4H2 + 4H+; Go = -207kJ (3) Acetogênese (a) AOVs convertidos a acetato, CO2 e H2 por bactérias fermentativas Ex. CH3CH2COO- + 3H2O CH3COO- + HCO3- + H2 + H+ ; Go = +76,2kJ (b) Respiração anaeróbia (CO2 como aceptor final de e-) por bactérias homoacetogênicas Ex. 4H2 + 2HCO3 - + H+ CH3COO - + 2H2O ; G o = -105kJ (4) Metanogênese - formação de metano por archeas metanogênicas (a) archeas metanogênicas hidrogenotróficas Ex. 4H2 + HCO3 - + H+ CH4 + 3H2O; G o = -169,7kJ (b) archeas metanogênicas acetotróficas Ex. CH3COO - + H2O CH4 + HCO3 - ; Go = -31kJ (5) Redução de sulfato (dessulfatação) - reação indesejada realizada por bactérias sulfatoredutoras que competem com as archeas metanogênicas pelo acetato (doador de e-) Ex. CH3COO - + SO4 2- + 3H+ 2CO2 +H2S + H2O, G o = -57,5kJ Exercícios: Demonstrar o fluxo de elétrons para as reações de da degradação anaeróbia, seguindo o exemplo: acetogênese: CH3CH2COO- + 2H2O CH3COO- + CO2 + 3H2 4H2 + 2HCO3- + H+ CH3COO- + 4H2O metantogênese: 4H2 + HCO3- + H+ CH4 + 3H2O CH3COO- + H2O CH4 + HCO3-C6H12O6 + 4H2O 2CH3COO - + 2HCO3 - + 4H2 + 4H + + 6e- + 8e- - 6e- - 8e- CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 35 Degradação anaeróbia da matéria carbonácea Fonte: vonSperling, 1996b; Brock, 1997 c) Importância da sintrofia entre bactérias fermentativas e archeas metanogênicas i) sintrofia = alimentação mútua entre diferentes espécies bacterianas ii) muitas reações do catabolismo fermentativo têm G0 positiva iii) no reator, H2 é consumido nas reações de metanogênese, e pressão parcial de H2 << 1 atm, fazendo com que G se torna negativa iv) G = G0 + RTlnK; onde K = constante de equilíbrio Exercício: Determinar G* sob condições "típicas" de um biodigestor anaeróbio: 37C, pH 7,0; 1 mM acetato, propionato; 20 mM HCO3-; 10-4 atm H2. Fermentação (acidogênese) G0 (kcal) G * (kcal) Propionato a acetato: CH3CH2COO- + 3H2O CH3COO- + HCO3- + H+ + 3H2 +76,2 d) Resumo do fluxo da matéria carbonácea nos reatores biológicos i) Processos aeróbios (1) 50 a 70% do C orgânico assimilado em biomassa (2) elevada eficiência energética das reações redox aeróbias (3) elevada produção de biomassa nos sistemas aeróbios ii) Processos anaeróbios (1) até 80% do C orgânico acaba na forma de metano (2) menor eficiência energética das reações redox fermentativas e anaeróbias (3) baixa produção de biomassa nos sistemas anaeróbios Hidrólise 1-bactérias hidrolíticas Acidogênese 2-bactérias fermentativas Acetogênese 3-bactérias fermentativas 4-bactérias homoacetogênicas Metanogênese 5-arqueas metanogênicashidrogenotróficas 6-arqueas metanogênicasacetotróficas Dessulfatação (na presença de SO4 2-) 7- bactérias sulfatoredutoras polímeros orgânicos (carboidratos, proteínas, lipídios) monômeros (açucares, aminoácidos, ácidos graxos) H2, CO2 acetato (CH3COO -) propionato butirato succinato álcoois H2, CO2CH4, CO2 H2S, CO2 2 1 4 3 5 6 7 3 5 SO4 2- Hidrólise 1- érias hidrolíticas Acidogênese 2-bactérias fermentativas Acetogênese 3-bactérias fermentativas 4-bactérias homoacetogênicas Metanogênese 5-arqueas metanogênicashidrogenotróficas 6-arqueas metanogênicasacetotróficas Dessulfatação (na presença de SO4 2-) 7- bactérias sulfatoredutoras monômeros 2 1 4 3 2 1 4 3 CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 36 5) Conversão Microbiológica da Matéria Nitrogenada a) Nitrificação i) oxidação do amônio (fonte de energia) por bactérias nitrificantes (quimiolitoautotróficas, aeróbias estritas) ii) 2 etapas (1) NH4+ + 3/2O2 NO2- + 2H+ + H2O + energia (ex. Nitrosomonas) (2) NO2- + 1/2O2 NO3- + energia (ex. Nitrobacter) (3) global: NH4+ + 2O2 NO3- + 2H+ + H2O + energia iii) consumo de O2, o que representa a demanda nitrogenada iv) liberação de H+ implica consumo de alcalinidade, possível queda de pH b) Desnitrificação i) Redução de nitrato (respiração anaeróbia) por bactérias desnitrificantes (quimiorganoheterotróficas, anaeróbias facultativas) ii) Processo de múltiplas etapas; sob condições anóxicas NO3- NO2- NO (óxido nítrico) N2O (óxido nitroso) N2 iii) Reação global: 2NO3- + 12H+ + 10e- (do substrato) N2 + 6H2O + energia iv) Vantagem de se promover nitrificação seguida de desnitrificação (1) remoção biológica de N (2) menor geração de H+, o que leva a economia de alcalinidade (3) economia de O2, devido à oxidação de parte da matéria orgânica com NO3- Exercícios 1. Com base na estequiometria da reação global de nitrificação determina o requisito de oxigênio (kg/d) para nitrificação de um efluente com vazão = 3500 m3/d e NKT = 35 mg/L. 2. Determina o consumo de alcalinidade (mg/L CaCO3) para a completa nitrificação desse efluente, com base na seguinte reação H+ + HCO3- H2O + CO2 c) Processo Anammox (anaerobic ammonium oxidation) i) Em ambiente anaeróbio o NH4+ é oxidado com concomitante redução de NO2- realizado por bactérias autotróficas da ordem Planctomycetales (Brocadia, Kuenenia, Anammoxoglobus, Scalindua) NH4+ + NO2− → N2 + 2H2O ii) Vantagem sobre nitrificação-desnitrificação, uma vez que apenas metade no N precisa ser oxidada a nitrito antes da conversão a N2 d) Requisitos Nutricionais de Reatores Biológicos i) Estequiometria da célula bacteriana = C5H7O2N ou C60H87O23N12P ii) N ou P pode ser limitante para o crescimento bacteriano (1) Recomenda-se garantir relação DBO/N/P = 100/5/1 (processo aeróbio), ou DQO/N/P = 350/5/1 (processo anaeróbio) (2) Adição de nutrientes é necessária no tratamento de efluentes industriais pobres em nutrientes e que operam com descarte frequente de biomassa do reator (ex. lodos ativados) CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 37 Exercícios 1. Determinar a razão DBO/N/P para o esgoto sanitário de um bairro com 5000 hab. e cargas unitárias de 54gDBO/hab.d; 10gNKT/hab.d; 1gP/hab.d. Precisa-se adicionar nutrientes ao esgoto antes do tratamento biológico para evitar que sejam limitantes? 2. Qual é a quantidade de ureia ((NH2)2CO) e ácido fosfórico (H3PO4) que deve ser adicionado a um efluente industrial (Q = 2340m3/d, DBO = 800mg/L) para garantir que N e P não sejam limitantes ao crescimento da biomassa no sistema de tratamento? 6) Vantagens de processos aeróbios e anaeróbios a) Vantagens de processos anaeróbios i) Eficiente remoção de SS, DBO, mas geralmente precisa de pós-tratamento ii) Baixo requisito de área (pequena “pegada”) iii) Reduzida produção de lodo (reações anaeróbias produzem menos energia) iv) Sem consumo de energia (não há aeração), mas geração de energia (CH4) v) Não necessitam de equipamentos eletromecânicos (mistura, recirculação) vi) Construção e operação simples; adequados como soluções individuais b) Vantagens de processos aeróbios i) Elevada eficiência de remoção de SS, DBO, sem necessidade de pós-tratamento ii) Permitem remoção biológica de nutrientes quando em combinação com processos anóxicos e, ou anaeróbios iii) Maior diversidade de microrganismos e, portanto, maior resistência a choques tóxicos iv) Aplicáveis ao tratamento de efluentes industriais contendo substâncias inibidoras dos processos anaeróbios (sulfato, metais,...) 3.8. Tratamento Terciário 1) Adotado para atender legislação ou viabilizar reúso 2) Seleção do processo depende de: a) uso previsto para o esgoto tratado b) compatibilidade com os demais operações e processos na ETE c) disponibilidade de métodos para dispor da forma final dos resíduos d) viabilidade econômica 3) Processos usados no tratamento terciário a) Biológicos i) Processos incorporados aos sistemas de lodos ativados (remoção de nutrientes) (1) ambientes anóxico + aeróbio – remoção de N (2) ambientes anaeróbio + aeróbio – remoção de P Crohma Realce CIV441 – Introdução ao tratamento de águas residuárias DEC/CCE/UFV 38 ii) Lagoas de maturação (remoção de nutrientes e patógenos) iii) Lagoas de alta taxa (remoção de nutrientes e patógenos; produção de biomassa algal) iv) Disposição no solo (remoção de nutrientes e patógenos) b) Físico-químicos Processo Aplicação Desinfecção inativação de patógenos Precipitação química remoção de P, metais, substâncias recalcitrantes Adsorção em carvão ativado remoção de cor, substâncias recalicitrantes Filtro de areia remoção de SST, turbidez Filtração em membranas
Compartilhar