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Apostila Minerais Hanna Jordt Evangelista

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Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROPRIEDADES ÓPTICAS 
 
 
DE 
 
 
 MINERAIS PETROGRÁFICOS 
 
 
 
 
 
 
 
Por 
 
 
 
Profª. Drª. Hanna Jordt Evangelista 
 
 
 
 
2001 
 
 
 
 
Universidade Federal de Ouro Preto 
 
 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 2 
ÍNDICE 
 
Introdução 
Abreviações utilizadas 
 
Andaluzita 
 
Anfibólios: 
 Generalidades 
 Propriedades ópticas gerais 
 Ocorrência 
 Ortoanfibólios: antofilita – gedrita 
 Clinoanfibólios: 
 Anfibólios ferromagnesianos: 
 Cummingtonita -grunerita 
 Anfibólios cálcicos: 
 Tremolita – actinolita 
 Hornblendas 
 Anfibólios cácio-sódicos: richterita 
 Anfibólios sódicos: glaucofana-richterita 
 
Apatita 
Carbonatos 
Cianita 
Cloritas 
Cloritóide 
Cordierita18 
Coríndon 
Epidotos 
Escapolita 
Espinélios 
Estaurolita 
 
Feldspatos: 
 Generalidades 
 Plagioclásio 
 Álcali-feldspatos 
 Anortoclásio 
 Microclina 
 Ortoclásio 
 Sanidina 
 
Granadas 
Lawsonita 
 
Micas: 
 Generalidades, propriedades ópticas gerais 
 Biotita 
 Moscovita 
 Paragonita 
 Margarita 
 
Monazita 
Olivina 
 
 
 
Piroxênios 
 Generalidades 
 Propriedades ópticas gerais
 Características diagnósticas 
 Ortopiroxênios 
 Clinopiroxênios 
 Egirina – egirinaugita 
 Augita 
 Diopsídio – hedenbergita 
 Jadeíta 
 Onfacita 
 Pigeonita 
 
Prehnita 
Pumpelliíta 
Quartzo 
Rutilo 
Serpentinas 
Sillimanita 
Stilpnomelana 
Talco 
Titanita 
Turmalinas 
Vesuvianita 
Wollastonita 
Zeólitas 
Zircão 
 
FASE MINERAIS 
PREDOMINANTEMENTE ÍGNEAS 
Berilo 
Fluorita 
Feldspatoides 
Perovskita 
Topázio 
Vidro Vulcânico 
Hornblendas Marrons 
Anfibólios Calcio-sódicos 
Arfvedsonita-Eckermanita 
Sanidina 
Anortoclásio 
Egirina-Egirinaugita 
Pigeonita 
Bibliografia 
 
 
 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Essa apostila visa fornecer a estudantes das geociências, em particular aos 
alunos de Petrologia Metamórfica do Departamento de Geologia da Escola de Minas, 
UFOP, ferramentas que facilitem a identificação dos minerais transparentes mais 
comuns em rochas metamórficas através do estudo de lâminas delgadas em luz 
transmitida sob um microscópio de polarização. Para cada mineral selecionado tem-
se a fórmula química, as propriedades ópticas mais importantes e o modo de 
ocorrência. Não se pretende substituir, com essa apostila, livros textos de Mineralogia 
Óptica ou Petrologia Metamórfica. 
 
 Prof
a
. Dr
a
. Hanna Jordt Evangelista 
 Ouro Preto, fevereiro de 2001 
 
 
 
 
ABREVIAÇÕES UTILIZADAS 
 
2V (ou 2V) = ângulo óptico de mineral biaxial (-) (ou biaxial +) 
l (+) ou (-) = elongação positiva (ou negativa) 
 
n = índice de refração. O relevo dos minerais, que é uma função de n, é classificado como: 
Muito baixo: n < 1,50 (mineral típico: fluorita, n  1,43) 
Baixo: n = 1,50 - 1,60 (mineral típico: quartzo, n  1,55) 
Moderado: n = 1,61 - 1,70 (mineral típico: apatita, n  1,64) 
Alto: n = 1,71 - 1,85 (mineral típico: cianita, n  1,72) 
Muito alto: n > 1,85 (mineral típico: zircão, n  2,0) 
 
 = birrefringência, que é classificada como: 
Muito baixa: <0,005 (cor de interferência máxima não excede o cinza de 1
a
 ordem, em 
seções com 30m de espessura) 
Baixa: = 0,006 - 0,012 (cor de interferência cinza esbranquiçado até laranja de 1
a
 ordem) 
Moderada: = 0,013 - 0,020 (cor de interferência laranja de 1
a
 ordem até azul de 2
a
 ordem) 
Alta: = 0,021 - 0,040 (cor de interferência azul de 2
a
 ordem até verde de 3
a
 ordem) 
Muito alta: > 0,040 (cor de interferência igual ou mais alta do que o verde de 3
a
 ordem) 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 4 
ANDALUZITA 
Al2SiO5 Sistema ortorrômbico 
 
Hábito: colunar pseudo-tetragonal, com seções quase quadradas ou retangulares; também 
granular xenoblástico. Freqüentemente constitui porfiroblastos poiquiloblásticos, com abundantes 
inclusões de quartzo. 
Cor: comumente incolor; às vezes com um tênue pleocroísmo em matizes manchados de rosa 
(devido a Fe) ou de verde claro (devido a Mn). Na variedade chiastolita inclusões negras, de 
material carbonoso, concentram-se no núcleo dos cristais ou dispõem-se segundo uma cruz nas 
seções basais. 
Clivagem: {110} boa. O ângulo entre as duas direções de clivagem é de quase 90
o
. 
Relevo: moderado (n  1,64). 
Birrefringência: baixa (  0,010). As cores de interferência são o cinza ou branco de 1a 
ordem. A extinção é paralela aos traços da clivagem e ou às faces do prisma nas seções alongadas. 
Sinal óptico: biaxial (-), 2V  84
o
; a variedade esverdeada, rica em Mn, denominada viridina, é 
biaxial positiva. A elongação é (-). 
Alteração: em sericita, à vezes também em pirofilita, caulinita ou em agregados de espinélio, 
córindon e feldspato. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: incolor (geralmente), relevo moderado, 
birrefringência baixa, extinção paralela. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: feldspatos e cordierita têm relevo menor; sillimanita possui 
1(+), clivagem melhor e maior ; cianita possui relevo e mais elevados e clivagens muito 
melhores; ortopiroxênios têm relevo bem superior e um pouco maior; topázio é biaxial (+). 
Nenhum destes minerais apresenta inclusões opacas com distribuição em cruz como na chiastolita. 
 
OCORRÊNCIA: em rochas metamórficas de protólito rico em Al (metapelitos), submetidas a 
metamorfismo de contato ou a metamorfismo regional de pressão baixa, do tipo Abukuma. É 
o polimorfo de Al2SiO5 típico de pressões baixas, sendo substituída por cianita ou sillimanita em 
pressões mais altas (vide diagrama de estabilidade dos polimorfos de Al2SiO5 na descrição da 
cianita). Forma-se num intervalo amplo de temperaturas, mas a sua ocorrência é mais comum no 
grau médio. Nos xistos mosqueados (spotted slates) constitui porfiroblastos em matriz de sericita e 
quartzo. Nos hornfels associa-se a biotita, cordierita e quartzo. No metamorfismo regional ocorre 
com moscovita, biotita, quartzo e, às vezes, almandina, estaurolita ou cordierita. Às vezes ela pode 
ocorrer com cianita ou sillimanita e já se observaram até as três modificações de Al2SiO5 juntas. Na 
maioria das vezes estas paragêneses são meta-estáveis, porque as transições polimórficas de 
andaluzita em cianita (com pressões crescentes) ou de andaluzita em sillimanita (com temperaturas 
crescentes) são muito lentas. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 5 
ANFIBÓLIOS 
 
Fórmula geral: AB2C
VI
5
T
IV
8
O22(OH)2 
Sistema monoclínico ou ortorrômbico 
 
GENERALIDADES 
 
CRISTALOGRAFIA 
A família dos anfibólios é dimorfa: um grupo pequeno e que só aparece em metamorfitos é do sistema 
ortorrômbico (ortoanfibólios) e um grupo maior, que ocorre tanto em rochas magmáticas quanto em rochas 
metamórficas é do sistema monoclínico (clinoanfibólios). 
 
COMPOSIÇÃO QUÍMICA 
Os elementos que mais comumente ocupam as diferentes posições estruturais da fórmula geral 
AB2C
VI
5
T
IV
8
O22(OH)2 são (para maiores detalhes vide: Leake et al. - 1997 - Nomenclature of Amphiboles. 
Mineralogical Magazine61, 295-321): 
A: Na, K ou vazia 
B: Ca, Na, Mg, Fe
2+
; às vezes também Li e Mn
2+
 
C: Mg, Fe
2+
, Al, Fe
3+
; às vezes também Mn
3+
, Ti
4+
, Li
+
, Zn
2+
, Cr
3+
 
T: Si, Al 
(OH) pode ser substituído por F, Cl e às vezes O
2-
. 
 
Os anfibólios são de composição química bastante complexa. Normalmente os cristais são soluções sólidas 
constituídas de vários componentes químicos. Uma classificação química geral dos anfibólios baseia-se no 
cátion da posição B: 
Fe-Mg: anfibólios ferromagnesianos 
Ca: anfibólios cálcicos 
Ca-Na: anfibólios cálcio-sódicos. 
Na: anfibólios sódicos 
Dentro destes grupos químicos maiores existem séries de solução sólida formadas pela substituição 
Mg
+2Fe2+ na posição C. Além disso, há subgrupos formados pela substituição do Si4+ por Al3+ na posição 
T, com uma concomitante substituição de íons divalentes por trivalentes na posição C. 
 
TIPOS DE ANFIBÓLIOS 
As composições de alguns dos principais anfibólios são: 
 
Ortoanfibólios (sistema ortorrômbico) 
Anfibólios ferromagnesianos (posição B ocupada por Fe-Mg) 
Antofilita (Mg,Fe)7Si8O22(OH,F)2 
Gedrita (Mg,Fe
2+
)5Al2[Si6Al2O22(OH,F)2] 
 
Clinoanfibólios (sistema monoclínico) 
Anfibólios ferromagnesianos (posição B ocupada por Fe-Mg) 
Série da cummingtonita - grunerita (Fe
2+
,Mg)7Si8O22(OH)2 
 
Anfibólios cálcicos (posição B ocupada por Ca) 
Série da tremolita - actinolita Ca2(Mg,Fe
2+
)5Si8O22(OH)2 
Hornblendas Ca2(Mg,Fe
2+
)4(Al,Fe
3+
)(Si7Al)O22(OH)2 
 
Anfibólios cálcio-sódicos (posição B ocupada por Ca e Na) 
Richterita Na(CaNa)(Mg,Fe
2+
)5Si8O22(OH)2 
Winchita (CaNa)(Mg,Fe
2+
)4(AlFe
3+
)Si8O22(OH)2 
Barroisita (Ca,Na)(Mg,Fe
2+
)3AlFe
3+
Si7AlO22(OH)2 
Katoforita Na(CaNa)(Fe
2+
,Mg)4(AlFe
3+
)Si7AlO22(OH)2 
Taramita Na(CaNa)(Fe
2+
,Mg)3Al(Al,Fe
3+
)Si6Al2O22(OH)2 
 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 6 
Anfibólios sódicos (posição B ocupada por Na) 
Série da glaucofana - riebeckita Na2(Mg,Fe
2+
)(Al,Fe
3+
)Si8O22(OH)2 
Série da arfvedsonita - eckermanita NaNa2(Mg,Fe
2+
)4(Fe
3+
,Al)Si8O22(OH)2 
 
Trocas adicionais AlSi, (Mg,Fe)Al, NaCa e Na ou K na posição A, levam a uma complexa rede de 
séries isomorfas totais ou parciais. Há muitos nomes varietais para definir membros das séries acima e de 
outras séries menos comuns. Estas variedades não são sempre distinguíveis opticamente. A única 
propriedade física comum a todos os anfibólios e que caracteriza o grupo é a clivagem prismática {110}, 
cujos planos se interceptam a aproximadamente 56
o
 (e 124
o
) nas seções basais. 
Anfibólios magmáticos das séries acima são hornblenda (que também é metamórfica), riebeckita, katoforita e 
arfvedsonita. Os demais são essencialmente metamórficos. 
 
PROPRIEDADES ÓPTICAS GERAIS 
 
Cor: os anfibólios ricos em Mg ou Ca (por exemplo antofilita e tremolita) são incolores. Com a incorporação 
de Fe
2+
, Fe
3+
, Ti, Mn ou Cr a cor se torna esverdeada, verde-acastanhada ou verde-amarelada (por exemplo 
hornblenda). A adição de Ti ou Fe
3+
 torna a cor dos anfibólios marrom-avermelhada (kaersutita, oxi-
hornblenda). A incorporação de Na produz tonalidades azuladas ou lilás (glaucofana, riebeckita, 
arfvedsonita). 
Hábito: prismático, acicular, com seções basais comumente losangulares. O hábito acicular é comum em 
metamorfitos de grau baixo. Em metamorfitos da fácies granulito o hábito pode ser granular anédrico. 
Relevo: moderado (n  1,60 - 1,73; em casos raros chega a 1,88). 
Clivagem: todos os membros caracterizam-se pela clivagem prismática perfeita segundo {110}. Nas seções 
basais observam-se os traços das duas direções de clivagem, que se interceptam a aproximadamente 56
o
 e 
124
o
, o que é uma das propriedades mais diagnósticas do grupo. 
Macla: de contato simples ou polissintética. 
Birrefringência: bastante variável (  0,004 - 0,043). Para os anfibólios mais comuns (hornblenda e 
tremolita-actinolita) situa-se normalmente em torno de 0,020 e é, em média, inferior à dos piroxênios. 
Sinal óptico: a maioria dos anfibólios é biaxial negativa (exceções são antofilita, cummingtonita e magnésio-
pargasita). O ângulo 2V é muito variável, em geral fica entre 45
o
 e 90
o
. 
Alterações e transformações: todos os membros do grupo são mais resistentes à alteração do que os 
piroxênios. Quando intemperizados, os anfibólios se transformam numa mistura de carbonato, limonita e 
quartzo. No metamorfismo regressivo podem transformar-se em clorita, epidoto ou serpentina. Se o 
metamorfismo for progressivo pode haver formação de piroxênio. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: a mais marcante característica dos anfibólios é a clivagem 
prismática, com planos que se cortam fazendo ângulos de aproximadamente 56
o
 e 124
o 
nas seções basais. O 
ângulo de extinção também permite a separação de alguns anfibólios entre si, conforme mostra a figura 
seguinte. Os anfibólios podem ser confundidos principalmente com piroxênios. Alguns critérios gerais de 
separação dos anfibólios mais comuns (p. ex. hornblenda) e clinopiroxênios (p. ex. augita ou diopsídio) são 
(vide maiores detalhes na descrição dos piroxênios): 
- ângulo entre as direções de clivagem nos anfibólios é de aproximadamente 56
o
 (ou 124
o
) e nos 
piroxênios é de aproximadamente 93
o
 (ou 87
o
). 
- ângulo de extinção máximo dos anfibólios (vide figura seguinte), medido em relação às linhas de 
clivagem ou às faces do prisma nas seções paralelas a c, é, em média, inferior ao dos piroxênios. 
- caráter óptico dos anfibólios é, em geral, biaxial (-) e os clinopiroxênios são geralmente positivos 
(exceção egirina). 
- pleocroísmo dos anfibólios mais comuns (por exemplo hornblenda) é mais acentuado. 
- birrefringência é mais fraca nos anfibólios. 
- relevo é menor para os anfibólios. 
- ângulo 2V é maior nos anfibólios. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 7 
 
 
 
 
 
 
 
Ângulo de extinção de alguns tipos de anfibólios. 
 
 
 
OCORRÊNCIA 
As condições de formação dos anfibólios abrangem um campo muito mais amplo do que as dos piroxênios, 
desde que haja água ou, em certos casos, flúor à disposição. Eles se cristalizam no âmbito magmático, 
hidrotermal ou metamórfico. 
Nos magmatitos os anfibólios cristalizam-se após os piroxênios. Só em certos casos os dois formam-se 
juntos e, em rochas alcalinas, pode acontecer inclusive um piroxênio (egirina) formar-se depois do anfibólio, 
podendo até mesmo substituí-lo marginalmente. Às vezes, os anfibólios se cristalizam às custas dos 
piroxênios na fase deutérica (rica em água), que segue a fase de cristalização magmática principal, gerando 
transformações parciais ou pseudomorfoses. 
Em rochas metamórficas os anfibólios se formam num vasto campo de pressões e temperaturas, desde a 
epizona até a catazona. A ausência de anfibólios em muitas rochas catazonais, apesar de uma composição 
adequada do protólito, pode ser um indicativo de pressões de H2O excessivamente baixas, isto é, inferiores à 
pressão total. 
 
A seguir tem-se a descrição mais detalhada dos principais anfibólios metamórficos, sendo que alguns podem 
também ocorrer em rochas ígneas. 
O
x
ih
o
rn
b
le
n
d
a
G
lau
c
o
fa n
a
, K
ae
rsu
tita
A
c
tin
o
li ta
T
rem
o
lita, H
astin
g
sita
(1
5
-2
5
)
0
T
sch
erm
ak
ita
(70-80 )Arfvedsonita
0 70
80
25 20
15 10 5
60
50
40
30
(001)
(1
0
0
)
c
n ou n c
 
 v
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos PrincipaisMinerais Petrográficos 
 8 
 
 
ORTOANFIBÓLIOS 
Sistema ortorrômbico 
 
ANFIBÓLIOS FERROMAGNESIANOS ORTORRÔMBICOS 
Antofilita (Mg,Fe2+)7Si8O22(OH,F)2 
Gedrita (Mg,Fe2+)5Al2[Si6Al2O22(OH,F)2] 
 
Generalidades: a substituição do Mg por Fe
2+
 é limitada na antofilita, sendo que normalmente a razão 
X=Fe/(Fe+Mg) <0,4. As variedades mais ricas em Fe cristalizam-se no sistema monoclínico, constituindo a 
série da cummingtonita-grunerita, embora possa haver uma superposição composicional na faixa X=0,3-0,4 
dos orto- e clinoanfibólios. Quanto à gedrita, a substituição MgFe2+ é bem mais ampla e os valores de X 
variam comumente entre 0,2 e 1,0. Embora seja norma adotar-se como limite entre antofilita e gedrita a 
composição com Si7Al na posição T (antofilita é mais pobre e gedrita é mais rica em Al do que este limite), 
verifica-se que na natureza há uma miscibilidade muito limitada entre estes dois anfibólios, sendo as 
composições são ou muito pobres (antofilita) ou muito ricas (gedrita) em Al. Holmquistita é um 
ortoanfibólio de Li, cuja composição é Li2(Mg,Fe
2+
)3Al2Si8O22(OH,F)2. Distingue-se pelo pleocroísmo em 
matizes de amarelo a azul-violeta, podendo ser confundida com os anfibólios sódicos. 
 
Hábito: acicular, fibroso, laminado ou prismático, com seções basais losangulares. 
Cor: a antofilita é geralmente incolor, mas às vezes pode ser verde clara. A gedrita apresenta um fraco 
pleocroísmo de amarelo acastanhado pálido para castanho acinzentado claro. 
Clivagem: perfeita {110}, típica para os anfibólios, com ângulo  124o (ou 56o) nas seções basais. 
Relevo: moderado (n  1,60-1,72). 
Birrefringência: moderada a alta ( varia de 0,026, para a magnésio-antofilita, até 0,017, para a gedrita). As 
cores de interferência máximas variam do final da 1
a
 ordem (gedrita) até o meio da 2
a
 ordem (antofilita). 
Extinção: os cristais alongados segundo c mostram extinção paralela em relação à clivagem ou às faces do 
prisma. Esta é uma importante propriedade que permite a distinção de orto- e clinoanfibólios entre si. 
Macla: não ocorre. 
Sinal óptico: magnésio-antofilita é biaxial (-), mas o sinal óptico passa a (+) para as variedades mais ricas 
em Fe. Gedrita é biaxial (+), exceto a variedade sem Mg, que é (-). O ângulo 2V é muito grande, próximo de 
90
o
. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: antofilita e gedrita são praticamente incolores ou de cor muito 
pálida amarelada, amarronzada ou esverdeada, têm hábito acicular/prismático longo, relevo moderado, 
clivagens típicas dos anfibólios que, nas seções basais, se cortam a 124
o
, cores de interferência vivas no final 
da 1
a
 até o meio da 2
a
 ordem, extinção paralela em relação à clivagem ou às faces do prisma e ausência de 
macla. A distinção óptica de antofilita e gedrita não é fácil, mas a ocorrência das duas dá-se em paragêneses 
bem diferentes (vide ocorrência). 
 
MINERAIS SEMELHANTES: A mais importante característica que permite a separação de ortoanfibólios 
e clinoanfibólios incolores (ou fracamente coloridos, como tremolita e cummingtonita) entre si, é a 
extinção paralela dos ortoanfibólios. 
 
OCORRÊNCIA: ortoanfibólios não ocorrem em rochas ígneas. Antofilita é um mineral típico de 
metamorfitos ricos em Mg e deficientes em Al e Ca, tais como antofilita-talco xistos derivados de 
protólitos ígneos ultramáficos. Outros minerais comumente associados são magnésio-clorita, tremolita, 
serpentina ou olivina. É característica do grau médio. A formação de gedrita ocorre em protólitos ricos 
em Al e deficientes em Ca (em caso contrário forma-se hornblenda) bem como em K (em caso contrário 
forma-se biotita no seu lugar). No metamorfismo regional de grau médio a gedrita pode ocorrer em 
anfibolitos, associada ou não à hornblenda e, às vezes, à cummingtonita. Em xistos associa-se a estaurolita + 
cordierita (P baixa, T da fácies anfibolito inferior), granada + cordierita (P baixa, T mais alta). Nestes xistos 
a gedrita pode também associar-se a um polimorfo de Al2SiO5, micas, quartzo e plagioclásio. Com 
temperaturas crescentes, em torno de 700
o
C, os ortoanfibólios transformam-se em ortopiroxênios, o 
que constitui uma reação característica da transição da fácies anfibolito para a fácies granulito. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 9 
 
 
CLINOANFIBÓLIOS 
Sistema monoclínico 
 
ANFIBÓLIOS FERROMAGNESIANOS MONOCLÍNICOS 
 
Cummingtonita-grunerita 
(Fe
+2
, Mg)7Si8O22(OH)2 
 
Generalidades: a série da cummingtonita-grunerita representa as composições ricas em Fe
+2
 da 
substituição MgFe+2 nos anfibólios ferromagnesianos. A substituição do Fe2+ por Mg é limitada, 
sendo que normalmente a razão X=Fe/(Fe+Mg)>0,3. As variedades mais pobres em Fe
2+
 
cristalizam-se no sistema ortorrômbico, constituindo a antofilita, embora possa haver uma 
superposição composicional na faixa X=0,3-0,4 entre antofilita e cummingtonita. O nome grunerita 
é usado quando X>0,7. Às vezes, o Mn pode chegar a ser bem abundante, perfazendo até 2 das 7 
posições ocupadas por (Fe
2+
,Mg). Neste caso, os anfibólios são chamados de 
manganocummingtonita, quando a composição é Mn2Mg5Si8O22(OH)2, e manganogrunerita, 
quando é Mn2Fe5Si8O22(OH)2. 
Hábito: fibroso, acicular ou prismático delgado, com seções basais losangulares. 
Cor: pálida, esverdeada ou amarelo acastanhada. 
Clivagem: perfeita {110}, típica para os anfibólios, com ângulo de  124o (ou 56o) nas seções 
basais. 
Relevo: moderado, aumentando com teores crescentes de Fe
2+
 (n  1,64 - 1,73). 
Birrefringência: alta (  0,021-0,045); as cores de interferência máximas variam, com teores 
crescentes de ferro, da 2
a
 até a 3
a
 ordem. 
Extinção: o ângulo de extinção máximo, medido em relação ao traço da clivagem ou ao eixo maior 
das seções alongadas paralelamente ao eixo c, varia de 10
o
 a 15
o
. 
Macla: geminação lamelar (polissintética), segundo (100), é muito característica. 
Sinal óptico: cummingtonita caracteriza-se por ser biaxial (+), porém grunerita é biaxial (-). 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: cor pálida, clivagem típica de anfibólios, relevo 
moderado, hábito acicular ou prismático delgado, birrefringência alta, maclas polissintéticas 
abundantes e sinal óptico (+) para a cummingtonita. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: actinolita distingue-se da cummingtonita por ser biaxial (-
).Grunerita, que possui birrefringência superior à da actinolita, limita-se a rochas muito ricas em Fe. 
Os ortoanfibólios possuem extinção paralela nas seções alongadas. 
 
OCORRÊNCIA: cummingtonita é comum no metamorfismo regional de grau médio, 
formando-se em rochas pobres em Ca. Em anfibolitos derivados de rochas ígneas básicas associa-
se a hornblenda e plagioclásio e, em metaultrabasitos, a antofilita. Em xistos de protólito sedimentar 
pode aparecer com cordierita, plagioclásio, biotita e granada. Grunerita é característica do 
metamorfismo regional de formações ferríferas. Associa-se a quartzo e magnetita ou a faialita, 
almandina e hedenbergita. É estável na faixa de temperaturas que vai da zona da biotita (meio da 
fácies xisto verde) até a zona da estaurolita (meio da fácies anfibolito). 
 
 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 10 
CLINOANFIBÓLIOS 
 
ANFIBÓLIOS CÁLCICOS 
Tremolita – actinolita 
Ca2(Mg, Fe
2+
)5Si8O22(OH)2 Sistema monoclínico 
 
Hábito: fibroso, acicular ou prismático delgado, com seções basais losangulares. 
Cor: incolor (tremolita), verde claro (actinolita rica em Mg); com teores crescente de Fe
2+
, o pleocroísmo da 
actinolita torna-se mais acentuado, com matizes pálidos de verde acastanhado - verde azulado - amarelado.Clivagem: perfeita {110}, típica para os anfibólios, com ângulo de  124o (ou 56o) nas seções basais. 
Relevo: moderado (n  1,61 - 1,70). 
Birrefringência: alta a moderada (  0,027 na tremolita e 0,017 na actinolita). As cores de interferência 
máximas variam do final da 1
a
 ordem (para a actinolita) até o meio da 2
a
 ordem (para a tremolita). 
Extinção: o ângulo de extinção máximo, medido em relação ao traço da clivagem ou às faces do prisma nas 
seções alongadas paralelamente ao eixo c, diminui com o aumento do teor de Fe de 25
o
 (tremolita) até 11
o
 
(ferro-actinolita). 
Macla: simples ou polissintética, não tão freqüente como na cummingtonita. 
Sinal óptico: biaxial (-) com ângulo 2V muito elevado, variando de 70 a 85
o
. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: incolor (tremolita) ou com pleocroísmo em matizes de verde 
(actinolita), relevo moderado, clivagem típica de anfibólios, hábito acicular ou prismático delgado, cores de 
interferência no final da 1
a
 a início da 2
a
 ordem. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: os ortoanfibólios têm extinção paralela. Cummingtonita-grunerita tem 
birrefringência maior, abundantes maclas polissintéticas e a cummingtonita é biaxial (+). Hornblenda verde 
distingue-se com dificuldade das actinolitas mais fortemente coloridas. Em geral, porém, a actinolita é mais 
pálida e o seu ângulo de extinção situa-se tipicamente entre 11
o
 e 15
o
 (o da hornblenda é normalmente 
maior). Clinopiroxênios têm relevo e ângulo de extinção maiores, o ângulo entre as clivagens é  90o e a 
maioria é biaxial (+) com 2V menor. Clorita verde tem birrefringência baixa e as cores de interferência são 
comumente anômalas, acastanhadas ou arroxeadas. Turmalina verde é uniaxial, tem extinção paralela e 
“pleocroísmo inverso”. Wollastonita, que pode ser confundida com tremolita (incolor) tem extinção quase 
paralela, birrefringência mais baixa e um ângulo 2V bem menor. 
 
OCORRÊNCIA: tremolita e actinolita são minerais essencialmente metamórficos e formam-se tanto 
no metamorfismo regional como no metamorfismo de contato. Tremolita ocorre em metamorfitos 
pobres em Fe e ricos em Ca-Mg, como em mármores dolomíticos e rochas calciossilicáticas. Uma 
reação comum de formação da tremolita nestas rochas é a partir de dolomita e quartzo. Minerais comumente 
associados são carbonatos, quartzo, diopsídio ou epidoto. Tremolita/actinolita também é encontrada em 
rochas metaultrabásicas de grau baixo, tais como tremolita-talco xistos nos quais também pode ocorrer 
dolomita/magnesita ou serpentina. Actinolita ocorre mais comumente em rochas metabásicas derivadas de 
basaltos, diabásios, gabros ou tufos máficos, mas também pode formar-se em rochas metassedimentares, 
como por exemplo em certas margas metamorfizadas, nas quais os teores de Ca, Mg e Fe se aproximam dos 
teores dos basaltos. Nos metabasitos ela se forma no final da fácies prehnita-pumpelliíta a partir de reações 
envolvendo pumpelliíta, prehnita ou clorita+calcita+quartzo. De modo diferente da tremolita, que pode 
ocorrer até no grau alto, a actinolita restringe-se ao grau baixo (fácies xisto verde), sendo substituída 
pela hornblenda no grau médio. As rochas típicas portadoras de actinolita são os xistos verdes, onde se 
associa a clorita, epidoto e albita. A transformação da actinolita em hornblenda, que é o anfibólio cálcico 
da fácies anfibolito, dá-se numa faixa de temperaturas em torno de 500-550
o
C. Nestas temperaturas as 
duas podem ocorrer juntas na mesma rocha. A alteração hidrotermal causada por fluidos magmáticos 
residuais enriquecidos em água acarreta a substituição marginal de piroxênios ou hornblenda de rochas 
básicas por agregados fibrosos de anfibólio verde azulado, que comumente é actinolita. Este processo é 
chamado de uralitização. 
 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 11 
 
CLINOANFIBÓLIOS 
 
ANFIBÓLIOS CÁLCICOS 
 
Hornblendas 
Sistema monoclínico 
 
O termo hornblenda l.s. é utilizado para anfibólios cálcicos com um teor apreciável de Al, cuja composição 
se aproxima da fórmula simplificada da hornblenda s.s.: 
Ca2(Mg,Fe
2+
)4(Al,Fe
3+
)(Si7Al)O22(OH)2 
 
Hornblendas verdes (hornblenda comum) 
Generalidades: hornblendas são anfibólios cálcicos com apreciável substituição Si  Al. O ferro é 
responsável pelas cores escuras esverdeadas da hornblenda comum. O teor de Al na posição T não excede 
Al2Si6. Esta substituição de Si por Al é acompanhada de uma incorporação de Na (ou K) na posição A, ou de 
Al (ou Fe
3+
) na posição C. Além destas variações químicas, K, Mn e Ti sempre ocorrem em teores menores. 
As hornblendas são compostas de proporções variáveis dos seguintes tipos químicos: 
pargasita NaCa2[(Mg,Fe
2+
)4Al]Si6Al2O22(OH)2 
tschermakita Ca2[(Mg,Fe
2+
)3AlFe
3+
]Si6Al2O22(OH)2 
edenita NaCa2(Mg,Fe
2+
)5Si7AlO22(OH)2 
hastingsita NaCa2[(Mg,Fe
2+
)4Fe
3+
]Si6Al2O22(OH)2. 
 
As hornblendas ígneas são, em geral, hastingsíticas e as metamórficas, tschermakíticas. 
Hábito: prismático curto, com seções basais losangulares ou com seis lados. Em metamorfitos de alto grau 
pode ser granular xenoblástico. 
Cor: sempre em tonalidades fortes de verde. 
Hornblenda l.s.: matizes variáveis de verde, verde azulado, verde oliva, verde amarelado, castanho 
amarelado, castanho. 
Pargasita: caracterizada pela cor verde azulada, com pleocroísmo castanho claro - verde azulado - 
verde amarelado a incolor 
Hastingsita: caracterizada pela cor verde escura, com pleocroísmo verde oliva escuro / verde azulado 
acinzentado - azul esverdeado escuro / verde oliva escuro – amarelo / castanho esverdeado / verde 
amarelado. 
Em rochas metamórficas observa-se uma variação regular da cor das hornblendas com a 
temperatura: em temperaturas mais baixas (início da fácies anfibolito) a cor mais intensa é usualmente verde 
azulada ou azul esverdeada. Em temperaturas mais elevadas (fácies anfibolito superior) a cor é verde (sem a 
tonalidade azul) e para temperaturas ainda mais altas (fácies granulito) ela é castanha, devido a teores mais 
elevados de TiO2. Portanto, a tendência geral da variação da cor da hornblenda para temperaturas 
metamórficas crescentes, é : 
verde azulado  verde  castanho. 
Clivagem: perfeita {110}, típica para os anfibólios, com ângulo de  124o (ou 56o) nas seções basais. 
Relevo: moderado a alto (n  1,61 - 1,76). 
Birrefringência: em geral moderada, variando com a composição da hornblenda. Comumente   0,015 - 
0,022, o que acarreta cores de interferência máximas no final da 1
a
 a início da 2
a
 ordem. A cor de 
interferência fica muitas vezes mascarada pela intensa cor de absorção do mineral. 
Extinção: oblíqua. O ângulo de extinção máximo, medido em relação ao traço da clivagem ou às faces do 
prisma nas seções alongadas paralelamente ao eixo c, varia de 15
o
 a 25
o
, podendo chegar a 34
o
. 
Macla: comumente aparece macla simples segundo (100), que pode associar-se a uma lamela intermediária. 
Sinal óptico: biaxial (-), com ângulo 2V  45
o
-90
o
. Magnésio-pargasita é (+) e hastingsita tem 2V menor. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: forte pleocroísmo em matizes de verde, relevo moderado, 
clivagem típica de anfibólios, birrefringência moderada. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: actinolita também tem pleocroísmo em matizes de verde mas, em geral, as 
cores são mais pálidas. Além disso, o ângulo de extinção da actinolita tende a ser menor do que das 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 12 
hornblendas. Piroxênios verdes (egirina, egirinaugita) têm relevo e birrefringência maiores e o ângulo entre 
as clivagens é de aproximadamente 90
o
. Cloritaverde tem birrefringência baixa e as cores de interferência 
são comumente anômalas acastanhadas ou arroxeadas. Turmalina verde é uniaxial, tem extinção paralela e 
pleocroísmo “inverso”. 
 
OCORRÊNCIA: hornblenda aparece numa grande variedade de rochas ígneas e metamórficas. Nas ígneas, 
onde a sua composição tende a hastingsítica, ela é mais comum em rochas plutônicas intermediárias como 
dioritos, monzonitos, quartzo-dioritos e tonalitos, mas também se cristaliza primariamente em rochas 
ultrabásicas, básicas, ácidas e alcalinas. Em muitas rochas ígneas, porém, a hornblenda forma-se às custas da 
alteração hidrotermal de piroxênios e, às vezes, constitui auréolas de reação em torno destes. Em rochas 
vulcânicas (por exemplo andesitos) a hornblenda verde é rara, pois comumente ela sofre oxidação com 
conseqüente transformação do ferro ferroso em ferro férrico, tornando-se acastanhada. Esta hornblenda 
castanha é chamada de oxi-hornblenda. Comumente o processo de oxidação leva à sua transformação 
marginal ou total numa massa de opacos. 
Hornblenda é um mineral comum no metamorfismo regional, ocorrendo tipicamente nos anfibolitos 
oriundos de protólitos básicos e em muitos gnaisses. É característica da fácies anfibolito e pode existir 
também na fácies granulito. Na fácies xisto verde, porém, o anfibólio cálcico dos metabasitos é a actinolita, 
embora a hornblenda possa coexistir com actinolita na fácies xisto verde superior. A reação típica da 
transição da fácies xisto verde para a anfibolito, que ocorre numa temperatura em torno de 550
o
C, é: 
actinolita + albita + clorita + epidoto  hornblenda + plagioclásio. 
A hornblenda dos metamorfitos é normalmente tschermakítica, embora se torne pargasítica na fácies 
granulito. Com temperaturas crescentes ela tende a transformar-se em piroxênios. No metamorfismo de 
contato a hornblenda tschermakítica é o mineral característico dos metabasitos da fácies hornblenda hornfels. 
 
 
Hornblendas marrons 
Anfibólios cálcicos e que possuem uma cor marrom em lâmina delgada são, às vezes, informalmente 
denominados hornblendas marrons. São típicos de rochas ígneas. Os anfibólios marrons mais comuns são a 
oxi-hornblenda (NaCa2Mg2Fe3
3+
Si6Al2O22/O2)e a kaersutita [NaCa2(Mg,Fe
2+
)4(Ti,Fe
3+
)Si6Al2O22(O,OH,F)2], 
que por ocorrerem em rochas ígneas, não serão detalhadas nessa apostila: 
 
 
CLINOANFIBÓLIOS 
 
ANFIBÓLIOS CÁLCIO-SÓDICOS 
Sistema monoclínico 
 
Os anfibólios cálcio-sódicos, que são relativamente incomuns, caracterizam-se por apresentar 
(Ca+Na)B  1,00 e 0,50<NaB<1,50 pfu (por fórmula unitária). De acordo com a ocupação da posição 
A na fórmula unitária, os anfibólios cálcio-sódicos podem ser divididos nos seguintes subgrupos: 
Richterita – katoforita – taramita, com (Na + K)A 0,5 
Winchita – barroisita, com (Na + K)A<0,5. 
A ocorrência da maioria é bastante restrita. A fórmula química da richterita, a qual pode ser 
encontrada em metamorfitos, é: Na(CaNa)(Mg,Fe
2+
)5Si8O22(OH)2. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: richterita distingue-se dos outros anfibólios pelo 
pleocroísmo característico (em geral em tonalidades pálidas amarelo-alaranjadas e avermelhadas), 
por apresentar birrefringência relativamente baixa (as cores de interferência ficam normalmente na 
1
a
 ou, mais raramente, no início da 2
a
 ordem), 2V menor do que relevo mais baixo do que a 
maioria dos outros anfibólios. 
 
OCORRÊNCIA: richterita ocorre principalmente em rochas metamórficas como mármores e 
escarnitos. Mais raramente aparece em rochas magmáticas, como basaltos alcalinos, lamprófiros, 
mica peridotitos e, a variedade rica em Fe, ocorre em pantelleritos (uma variedade de álcali-riolito). 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 13 
CLINOANFIBÓLIOS 
ANFIBÓLIOS SÓDICOS 
Os anfibólios sódicos constituem duas séries isomorfas, a da arfvedsonita – eckermanita 
[Na3(Mg,Fe
2+
)4(Al,Fe
3+
)Si8O22(OH)2] e a da glaucofana – riebeckita. A primeira é essencialmente ígnea, ocorre em 
alcalinas sódicas e não será detalhada nessa apostila. A segunda série é metamórfica e suas características são: 
Glaucofana – riebeckita 
Na2[(Mg,Fe
2+
)3(Al,Fe
3+
)2]Si8O22(OH)2 Sistema monoclínico 
Generalidades: a série da glaucofana pertence ao grupo dos anfibólios sódicos (anteriormente chamado de grupo dos 
anfibólios alcalinos ou dos álcali-anfibólios). A série é uma solução sólida entre a glaucofana s.s. 
Na2[(Mg,Fe
2+
)3Al2]Si8O22(OH)2 e a riebeckita Na2[(Mg,Fe
2+
)3Fe
3+
2]Si8O22(OH)2. Crossita era o nome dado para 
anfibólios cuja composição química é intermediária entre estes dois extremos, mas esta espécie foi abolida pela IMA 
(International Mineralogical Association) em 1997 (vide: Leake et al. - 1997 - Nomenclature of Amphiboles. 
Mineralogical Magazine 61, 295-321). Também é recomendação da IMA substituir o nome do grupo, que passa de 
anfibólios alcalinos para anfibólios sódicos. 
Hábito: prismático com seções basais comumente losangulares (glaucofana), acicular a fibroso (riebeckita). As 
variedades asbestiformes (fibrosas) são chamadas de crocidolita. 
Cor: as tonalidades azuladas são a característica óptica diagnóstica para os anfibólios sódicos. Glaucofana é pleocróica 
em matizes de azul-lavanda (que é um azul a violeta rosado) para incolor/amarelo claro. Riebeckita é pleocróica em 
matizes de azul escuro (quase negro) para amarelo esverdeado escuro. 
Clivagem: perfeita {110}, típica para os anfibólios, com ângulo de  124o (ou 56o) nas seções basais. 
Relevo: moderado (n  1,60 - 1,72). O índice de refração cresce (e a birrefringência cai) com o aumento no 
teor de Fe
3+
. 
Birrefringência: baixa até moderada (  0,006 - 0,025). A birrefringência cai (e o índice de refração 
cresce) com o aumento no teor de Fe
3+
. As cores de interferência variam da 1
a
 até o início da 2
a
 ordem. 
Extinção: oblíqua. Os ângulos de extinção, medidos em relação ao traço da clivagem ou às faces do prisma 
nas seções alongadas, são relativamente pequenos, oscilando em torno de 10
o
. 
Macla: simples ou lamelar. 
Sinal óptico: biaxial (-), mas algumas variedades de riebeckita são positivas. Ângulo 2V é muito variável 
(0
o
 - 100
o
). 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: devido às cores azuladas, é relativamente fácil identificar os 
anfibólios sódicos. 
MINERAIS SEMELHANTES: azulados são também a dumortierita e algumas variedades de turmalina, 
as quais têm maior birrefringência e extinção paralela. Além disso, a turmalina é uniaxial e apresenta o 
chamado pleocroísmo “inverso”, isto é, a máxima absorção (isto é, a cor mais forte) ocorre quando o eixo 
cristalográfico c fica perpendicular à direção de vibração do polarizador (nos anfibólios a cor mais forte 
aparece quando o eixo fica paralelo a esta direção). A distinção dos anfibólios sódicos entre si não é fácil. Da 
riebeckita a glaucofana pode ser distinguida por sua cor azul mais clara, com um pleocroísmo para o lilás 
rosado (violeta), pelo relevo mais baixo e menor ângulo 2V. Riebeckita é distinguida da arfvedsonita pelo 
ângulo de extinção menor. Além disso, a arfvedsonita não se extingue totalmente em nenhuma posição da 
platina e tem uma cor de absorção amarronzada numa direção. A holmquistita (ortoanfibólio de Li), que 
também é azulada, tem extinção paralela e outra paragênese. 
OCORRÊNCIA: glaucofana é um mineral metamórfico característico de pressões muito altas 
(tipicamente entre 7-17 kbar) e temperaturas relativamente baixas (tipicamente entre 150-500
o
C), que 
são as condições metamórficas da fácies xisto azul. Esta fácies implica em metamorfismo de temperaturas 
baixas e pressões elevadas, típicas das zonas de subducção de placas tectônicas, ondecrosta oceânica é 
reincorporada ao manto sob a litosfera continental. Nos glaucofana xistos (também chamados de xistos azuis 
devido a sua cor cinza azulada) a glaucofana pode associar-se a zoisita ou clinozoisita, lawsonita, paragonita, 
piroxênio jadeítico (do qual a glaucofana pode derivar-se por alteração), pumpelliíta, granada, rutilo e 
aragonita. Minerais secundários que também podem ocorrer nestes xistos são epidoto, clorita, albita e 
actinolita. A glaucofana também se forma no retrometamorfismo de eclogitos, onde ocorre com granada, 
onfacita, rutilo e epidoto. O protólito típico para a formação deste anfibólio são os espilitos (basaltos sódicos 
constituintes da crosta oceânica) que sofrem subducção nas zonas de convergência de placas tectônicas. 
Riebeckita é mais comum em rochas ígneas. Ela ocorre em álcali-granitos, sienitos e rochas vulcânicas 
ácidas. Associa-se comumente a quartzo (ou, mais raramente, nefelina), álcali-feldspato (ou anortoclásio, em 
vulcanitos), egirina e arfvedsonita. É provável que em algumas rochas a riebeckita não seja de cristalização 
primária (no estágio magmático a arfvedsonita é mais comum), mas que tenha sido formada no estágio 
subsólido através da ação de fluidos oxidantes. O metamorfismo de grau baixo a médio pode produzir 
riebeckita a partir de sedimentos silicosos ricos em Fe (formações ferríferas). 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 14 
APATITA 
Ca5(PO4)3(F,Cl,OH) Sistema hexagonal 
 
Hábito: prismático longo ou acicular, com seções basais tipicamente hexagonais. Em 
metamorfitos apatita pode ser granular xenoblástica. 
Cor: incolor, por vezes acinzentada ou turva devido a inclusões (exsolução?). Quando 
contém elementos radioativos substituindo parte do seu cálcio, os cristais de apatita inclusos 
em minerais coloridos como biotita podem ser rodeados por halos pleocróicos mais escuros, 
que são fruto desta radioatividade. 
Clivagem: ruim, normalmente não observável em seção delgada. 
Relevo: moderado (n = 1,62 – 1,67). 
Birrefringência: muito baixa (  0,002 – 0,005). A cor de interferência máxima é o 
cinza de 1
a
 ordem. Quando contém elementos radioativos substituindo parte do seu cálcio 
pode tornar-se isotropizada. 
Extinção: paralela às faces do prisma nas seções alongadas. 
Sinal óptico: uniaxial (-), por vezes biaxial (-) com ângulo 2V pequeno. Elongação: l (-) 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: mineral incolor com relevo moderado, cor 
de interferência baixa (cinza), hábito prismático longo a acicular e seções basais 
hexagonais, as quais aparecem praticamente negras sob luz polarizada cruzada. A extinção 
é paralela e a elongação, negativa. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: quartzo tem relevo menor, é uniaxial (+) e não exibe o 
hábito prismático hexagonal. Topázio é biaxial (+). Berilo tem relevo menor. Zoisita, 
clinozoisita e vesuvianita apresentam cores de interferência anômalas azuladas ou 
acastanhadas e o seu relevo é maior. Nefelina tem relevo menor, comumente é turva 
devido a alteração e ocorre em rochas magmáticas alcalinas insaturadas. Agulhas muito 
delgadas de sillimanita (que exibem baixas cores de interferência devido a sua pequena 
espessura) distinguem-se da apatita pela elongação (+). Granada diferencia-se das 
seções basais de apatita (que são aparentemente isótropas) por seu relevo muito maior 
e por ser comumente mais colorida, acastanhada. 
 
OCORRÊNCIA: a apatita é um mineral acessório comum na maioria das rochas 
ígneas e metamórficas, aparecendo normalmente em cristais pequenos. Costuma ser o 
único mineral que contém fósforo nas rochas. Nas rochas magmáticas a apatita encontra-se 
em quase todas os tipos, cristalizando-se antes da biotita e da hornblenda (e portanto 
costuma estar inclusa nelas). Nas rochas metamórficas a apatita ocorre como mineral 
acessório em todos os graus metamórficos e em praticamente todos os tipos de rochas. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 15 
CARBONATOS Sistema trigonal 
Calcita: CaCO3 Dolomita: MgCa(CO3)2 
Hábito: os carbonatos ocorrem, em geral, sob a forma de agregados granulares anédricos. Quando 
euédricos, são romboédricos ou escalenoédricos (calcita). 
Cor: os carbonatos são incolores ou, às vezes, aparecem turvos, amarronzados. 
Clivagem: todas as variedades apresentam uma clivagem romboédrica {10
1
1} perfeita. Os três 
planos fazem ângulos de aproximadamente 75
o
 entre si. 
Relevo: muito variável com a direção cristalográfica (ncalc 1,49 – 1,66; ndol 1,50 – 1,70). A 
grande diferença nos índices de refração segundo diferentes direções no cristal acarreta uma forte 
anisotropia no relevo dos grãos que não foram cortados perpendicularmente ao eixo óptico. 
Girando-se a platina (evidentemente em luz polarizada plana) a superfície dos grãos ora se destaca, 
parecendo rugosa, e ora (após 90
o
) fica lisa, como a de um quartzo. Este fenômeno é chamado de 
pleocroísmo de relevo e é uma propriedade muito diagnóstica para os carbonatos, mesmo 
quando em grãos muito pequenos. 
Birrefringência: muitíssimo alta ( calc  0,172; dol  0,180). As cores de interferência são 
esbranquiçadas de ordem superior, às vezes com tonalidades de rosa ou verde pálido. À 
maneira das micas, a extinção dos carbonatos é comumente incompleta devido à clivagem muito 
perfeita, o que resulta no aparecimento de pontos luminosos que não se extinguem em nenhuma 
posição da platina (estrutura “olho-de-pássaro”). 
Macla: polissintética. Na calcita, as lamelas são comumente geradas por translação decorrente de 
deformação e são paralelas à diagonal longa ou às faces do romboedro de clivagem. Na dolomita, as 
maclas não são tão comuns como na calcita e as lamelas são comumente paralelas à diagonal curta 
do romboedro de clivagem (critério de diferenciação de calcita e dolomita!). 
Sinal óptico: uniaxial (-). A calcita pode ser biaxial negativa, com 2V de até 25
o
, em virtude de 
deformação. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: clivagem romboédrica perfeita, extrema 
birrefringência, anisotropia de relevo. A calcita freqüentemente apresenta lamelas de geminação 
geradas por deformação. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: a distinção dos diferentes carbonatos entre si é difícil através de 
métodos ópticos, mas é bastante simples através da difratometria de raios X. Há também vários 
métodos colorimétricos para tingir os carbonatos e assim distingui-los entre si nas análises modais. 
Titanita (que, às vezes, também pode apresentar anisotropia de relevo) é geralmente mais 
acastanhada de que calcita e dolomita, comumente ocorre em cristais bem formados, não apresenta 
clivagem romboédrica e é biaxial. 
 
OCORRÊNCIA: Calcita: tem ampla distribuição, aparecendo em rochas ígneas, sedimentares e 
metamórficas. Em rochas ígneas ocorre como mineral primário em alguns carbonatitos; em basaltos 
aparece como mineral hidrotermal ou ainda como mineral de alteração formado às custas de 
piroxênios ou plagioclásios. Pode formar-se, ainda, pelo intemperismo de plagioclásios cálcicos. 
Em rochas sedimentares a calcita é o principal constituinte dos calcários, podendo ainda ocorrer 
como mineral detrítico ou como mineral autigênico nos sedimentos clásticos. Nas rochas 
metamórficas a calcita ocorre como principal mineral em mármores e rochas 
calciossilicatadas, sendo estável em todos os graus metamórficos. 
Dolomita: ocorre em muitos tipos de rocha. Em magmatitos aparece em algumas variedades 
de carbonatitos ou pode ser hidrotermal preenchendo drusas de rochas vulcânicas. Em rochas 
sedimentares forma o principal constituinte dos calcários dolomíticos, sendo a sua origem 
relacionadaa processos de dolomitização. Nos metamorfitos a dolomita constitui o principal 
mineral dos mármores dolomíticos; também aparece como porfiroblastos em alguns talco 
xistos ou serpentinitos. É estável num vasto campo de condições de pressão e temperatura. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 16 
CIANITA (Distênio) 
Al2SiO5 Sistema triclínico 
 
Hábito: tabular a laminado, às vezes tende a acicular. 
Cor: incolor ou, ocasionalmente, pode ocorrer fraco pleocroísmo em pálidos matizes azulados. Inclusões de fina 
poeira opaca podem acarretar uma tonalidade acinzentada ou acastanhada. 
Clivagem: (100) perfeita; (010) muito boa; partição (001). Os ângulos entre as clivagens (100) e (010) é de 74
o
 e entre 
(010) e a partição (001) é de 87
o
. As clivagens perfeitas que se cortam em ângulos oblíquos são muito diagnósticas. 
Relevo: muito alto (n  1,71 – 1,73). 
Birrefringência: moderada (  0,012 – 0,016); a cor de interferência normalmente não excede o alaranjado de 1a 
ordem. A extinção, em seções (100), é oblíqua ( 30o). 
Macla: simples (de contato) ou múltipla (lamelar), sendo que esta última é comumente induzida por deformação. Muito 
diagnósticas para a cianita são as seções com macla de contato e que mostram os traços de duas clivagens cortando-se a 
75
o
: uma das clivagens é paralela ao plano da macla e a outra, se inclina para lados opostos nas duas metades do cristal. 
Sinal óptico: biaxial (-), 2V  82
o
. 
Alteração: em sericita, à vezes também em pirofilita. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: em porfiroblastos de relevo muito alto, quase sempre incolores, 
hábito tabular, cor de interferência máxima alaranjada de 1
a
 ordem, clivagens perfeitas, cujas direções se 
interceptam em ângulos oblíquos. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: ortopiroxênios distinguem-se pelas clivagens não tão perfeitas que, nas 
seções basais, se cortam em torno de 90
º
 e pela paragênese de fácies granulito, na qual a moscovita (que 
comumente se associa à cianita) não é estável (no entanto há granulitos com cianita também, vide abaixo). 
Os ortopiroxênios mais ricos em Fe (hiperstênio) distinguem-se pelo pleocroísmo em matizes de rosa a 
verde claro. Clinozoisita e zoisita têm cores de interferência mais baixas e geralmente anômalas (azul anil, 
acastanhadas). Andaluzita possui relevo bem mais baixo e menor birrefringência. Sillimanita tem 
birrefringência maior, relevo menor, é oticamente positiva e apresenta só uma clivagem que, nas seções 
basais, é diagonal em relação às faces do prisma. Lawsonita é muito semelhante à cianita, porém é biaxial 
positiva e ocorre noutra paragênese, em rochas metamáficas submetidas a metamorfismo de pressão alta 
(fácies xisto azul). 
 
OCORRÊNCIA: cianita ocorre em rochas metamórficas muito ricas em Al (metapelitos). Dos três polimorfos de 
Al2SiO5 (cianita, andaluzita, sillimanita) é o de pressão mais elevada. É o mineral típico do grau médio no 
metamorfismo regional de pressão média (metamorfismo Barrowiano), onde é estável numa faixa de 
temperaturas entre 400
o
C e 650
o
C (para pressões entre 4 e 7 kbar, encontradas em profundidades entre cerca de 13 e 
24 km, vide figura seguinte). Em temperaturas maiores a sillimanita se forma em seu lugar. No entanto, no caso de um 
metamorfismo em pressões mais elevadas a cianita é estável inclusive em rochas da fácies granulito (T > 750
o
), 
coexistindo com ortoclásio ao invés de moscovita. As rochas portadores de cianita mais comuns são mica xistos, nas 
quais os minerais associados são micas (moscovita  biotita), quartzo, estaurolita (ou cloritóide) e granada almandina. A 
cianita pode aparecer em mobilizados (veios) ricos em quartzo cortando mica xistos. Excepcionalmente pode associar-
se a andaluzita e/ou sillimanita, mas neste caso não se trata, em geral, de uma paragênese verdadeira, isto é, os 
polimorfos não se formaram juntos, numa situação de equilíbrio, mas sim em condições metamórficas diferentes, 
sobrevivendo às variações de P e/ou T de modo metaestável. A figura abaixo mostra o campo de estabilidade dos 
polimorfos de Al2SiO5 e as geotermas dos três tipos clássicos de metamorfismo (metamorfismo de pressão alta ou 
Alpino, de pressão média ou Barrowiano, e de pressão baixa ou Abukuma). 
Campo de estabilidade dos polimorfos de Al2SiO5 (andaluzita, cianita, sillimanita) num diagrama PxT (Bohlen et al., 1991, 
Am. Min. 76, 677-680) e geotermas típicas do metamorfismo regional de pressão alta (= Alpino), de pressão média (= Barrowiano) e 
de pressão baixa (= Abukuma) (Berman, 1988, J. Petrol. 29, 445-522). 
10
20
30
40
10
5
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Temperatura ( C )
0
jad
eít
a +
 qu
art
zo
alb
ita
15
cianita
sillimanita
andaluzita
Pr
es
sã
o 
lit
ol
óg
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a 
( k
ba
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M
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o 
Al
pin
o 
( P
alt
a )
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 17 
CLORITAS 
(Mg,Fe
2+
,Al)6(Si,Al)4O10(OH)8 Sistema monoclínico 
Generalidades: as cloritas compreendem um importante grupo de filossilicatos formadores de rocha, que pode ser 
subdividido no Grupo das Ortocloritas (Mg-Fe
2+
cloritas) e no Grupo das Leptocloritas (Mg-Fe
2+
-Fe
3+
cloritas). A 
distinção óptica de orto- e leptocloritas, bem como dos diversos membros entre si, nem sempre é possível. Aqui serão 
tratadas exclusivamente as ortocloritas, que são mais comuns do que as leptocloritas. 
Em termos dos teores de Mg e Fe
2+
 é possível distinguir várias séries no grupo das cloritas, sendo que dentro de cada 
série a proporção de Al
IV
 em relação ao Si é que caracteriza as diferentes variedades: 
 Mg-cloritas, com 0-20 mol.% de Fe, correspondente à série da peninita - clinocloro -grochauíta. 
 Mg-Fe
2+
- cloritas, com 20-60 mol% de Fe, correspondente à série da diabantita - picnoclorita - ripidolita 
 Fe
2+
- cloritas, com 60-100 mol% de Fe, correspondente à série da brunsvigita - afrosiderita -bavalita. 
Hábito: tabular, lamelar ou em escamas; agregados fibrosos, feltrosos, radiais. 
Cor: incolor (Mg-clorita) a verde claro (Mg-Fe
2+
- clorita), com pleocroísmo fraco; a intensidade da cor aumenta 
com teores crescentes de Fe
2+
, sendo que a Fe
2+
- clorita é pleocróica em matizes de verde oliva a verde azulado; 
podem aparecer halos pleocróicos escuros em torno de inclusões de minerais radioativos como zircão. 
Clivagem: basal (001), muito perfeita. 
Relevo: baixo a moderado (n  1,57-1,62). 
Birrefringência: muito baixa a baixa (  0,002 a 0,012), variando com a composição química. As cores de 
interferência ficam no início da 1
a
 ordem e são comumente anômalas: 
Mg-clorita  cinza normal 
Mg-Fe
2+
-clorita  anômala acastanhada 
Fe
2+
-Mg-clorita  anômala cinza azulada, violeta ou anil 
Fe
2+
- clorita  cinza normal. 
Tal como a maioria do filossilicatos, as cloritas apresentam extinção incompleta nas seções perpendiculares à clivagem 
(estrutura olho-de-pássaro, vide micas), embora não muito evidente por causa das baixas cores de interferência. 
Macla: lamelar (polissintética). 
Sinal óptico: biaxial (+) ou (-), com 2V  0o-30o. A elongação, que é muito mais fácil de ser determinada até em 
palhetas muito pequenas, é o oposto do sinal óptico, isto é, quando o sinal óptico é positivo, a elongação é 
negativa e vice-versa. Assim, as cloritas mais ricas em Mg são biaxiais (+) e têm l (-) e as cloritas mais ricas em Fe 
são biaxiais (-) e têm l (+). 
Extinção:paralela em relação ao traço da clivagem nas seções alongadas. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: palhetas incolores ou esverdeadas, com cores de interferência 
baixas (cloritas de Mg: cinza a branco) e comumente anômalas (cloritas de Fe e Mg: acastanhadas, cloritas 
ricas em Fe: azuladas ou arroxeadas). 
 
MINERAIS SEMELHANTES: antigorita (variedade de serpentina) confunde-se com Mg-clorita, 
diferenciando-se pela elongação (-) e pelo relevo um pouco menor. Anfibólios verde-azulados, que se 
confundem com Fe-clorita, possuem duas clivagens, além de e n mais altos. Biotita verde apresenta 
maior. Cloritóide tem relevo mais alto e não apresenta as cores de interferência anômalas acastanhadas ou 
arroxeadas das cloritas mais ricas em Fe. 
 
OCORRÊNCIA: as cloritas são minerais tipicamente metamórficos, que ocorrem principalmente na fácies 
xisto verde, embora a Mg-clorita possa ser estável em temperaturas maiores também. 
Cloritas ricas em Mg ocorrem em xistos verdes, anfibolitos, serpentinitos, esteatitos (= clorita-talco xistos) e em 
rochas calciossilicáticas. Em rochas sedimentares pode aparecer como mineral detrítico ou autigênico. 
Cloritas ricas em Fe são mais abundantes em filitos, clorita xistos e xistos verdes; também ocorrem como mineral 
de alteração hidrotermal em drusas, amígdalas e fraturas de magmatitos básicos, ou como produto da alteração 
metamórfica (cloritização) de minerais máficos (principalmente biotita e hornblenda) em rochas ígneas ou em 
metamórficas de graus altos submetidas a um retrometamorfismo em condições de baixo grau. Em rochas 
sedimentares argilosas aparecem como mineral detrítico ou autigênico. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 18 
CLORITÓIDE 
 
(Fe2+,Mg,Mn)2(Al,Fe
3+)Al3[(OH)4/O2/(SiO4)2] Sistema monoclínico ou triclínico 
 
Generalidades: A fórmula química simplificada do cloritóide é (Fe, Mg)Al2SiO5(OH)2. Na maioria das 
rochas ele é rico em Fe, exceto nos metamorfitos de alta pressão, onde é mais rico em Mg. A variedade 
com teores elevados de Mn denomina-se otrelita. Cristaliza-se comumente no sistema monoclínico e 
variedades triclínicas são mais raras. 
Hábito: porfiroblastos tabulares, agregados de cristais alongados (às vezes em feixes subradiais). 
Cor: pleocroísmo em matizes de verde acinzentado, azul acinzentado e amarelo é muito diagnóstico, 
embora haja variedades que são quase incolores. A distribuição zonada das inclusões de finos opacos 
resulta na estrutura em ampulheta, que é uma característica diagnóstica para o mineral, embora não 
ocorra com muita freqüência. 
Clivagem: boa, segundo (001). 
Relevo: alto (n  1,71 – 1,74). 
Birrefringência: baixa (  0,011). As cores de interferência não ultrapassam o branco-amarelado de 
1a ordem e comumente ficam mascaradas pela forte cor de absorção esverdeada do cloritóide. 
Macla: bastante freqüente, podendo ser simples ou, mais comumente, polissintética. 
Sinal óptico: biaxial (+) ou (-). A variedade positiva, com ângulo 2V variando de 36 a 70
o, é a mais 
comum. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: pleocroísmo em matizes de azul-acinzentado, verde-
acinzentado a amarelado, relevo alto, birrefringência baixa, hábito tabular, maclas lamelares e 
zonamento em ampulheta. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: cloritas mais ricas em Fe, que são verde-azuladas e que também 
podem apresentar maclas lamelares, possuem relevo menor e cores de interferência anômalas 
acastanhadas ou arroxeadas. Cloritas mais ricas em Mg, que apresentam cores de interferência normais 
e maclas lamelares, são quase incolores, possuem relevo menor e estrutura olho-de-pássaro. Biotita 
esverdeada possui birrefringência elevada, ângulo 2V pequeno e estrutura olho-de-pássaro. Anfibólio 
verde azulado (actinolita, hornblenda) tem relevo mais baixo, outras clivagens e maior birrefringência. 
Safirina (mineral raro) é oticamente negativa e tem birrefringência um pouco menor. Stilpnomelana 
possui birrefringência mais alta. 
 
OCORRÊNCIA: mineral típico de metapelitos ricos em Fe e Al da fácies xisto verde. Em 
filitos/xistos associa-se a quartzo, sericita, clorita, hematita, rutilo e, às vezes, cianita, biotita ou granada. 
Ocasionalmente também ocorre em glaucofana xistos, que são rochas típicas das pressões altas da fácies 
xisto azul. Na fácies anfibolito o cloritóide não costuma mais ser estável, mas ocasionalmente pode ser 
encontrado sob a forma de inclusões em estaurolita. A sua formação em rochas ricas em Fe e Al 
(sistema FASH, ou melhor, composto de Fe, Al, Si e H2O) pode dar-se quando a T ultrapassa  200
oC 
pela reação: 
clorita + pirofilita = cloritóide + quartzo. 
Uma outra reação, a  300oC, é: 
clorita + hematita = cloritóide + magnetita + quartzo. 
Reações de decomposição do cloritóide, na transição da fácies xisto verde para a fácies anfibolito (T~ 
500 a 550oC) são: 
cloritóide + clorita + moscovita = estaurolita + biotita + quartzo + H2O 
cloritóide + quartzo = estaurolita + almandina 
cloritóide + cianita = estaurolita + quartzo 
cloritóide + clorita + quartzo = almandina 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 19 
CORDIERITA 
(Mg,Fe
2+
)2Al4Si5O18 Sistema ortorrômbico 
 
Generalidades: O Mg e o Fe
2+
 podem-se substituir em todas as proporções na cordierita, embora na natureza 
predominem os membros ricos em Mg. Sempre contém um pouco de H2O (alguns %) que provavelmente se 
encontra na forma molecular nos canais anelares da estrutura. 
Hábito: em rochas de metamorfismo regional são comuns os porfiroblastos poiquiloblásticos. Em graus 
metamórficos altos (fácies granulito) é mais comum o hábito granular anédrico. Nos hornfels (metamorfismo de 
contato) os porfiroblastos são comumente idioblásticos e maclados ciclicamente, com hábito pseudo-hexagonal. 
Cor: incolor (em seções de espessura muito acima do normal apresenta um pleocroísmo em matizes pálidos 
azulados a amarelados) e às vezes salpicada com fina poeira opaca. Os cristais de cordierita de certas rochas 
vulcânicas, como andesitos, são coloridos em matizes pálidos azulados. Em torno de inclusões de minerais 
radioativos podem formar-se halos pleocróicos amarelados, que são muito diagnósticos para a cordierita, por ser 
ela o único mineral incolor que apresenta esta feição. 
Clivagem: ruim; mais freqüentes são fraturas irregulares, ao longo das quais ocorre uma isotropização resultante 
de alteração intempérica. 
Relevo: baixo, como o do quartzo (n  1,53 – 1,58). 
Birrefringência: baixa a moderada (  0,008 – 0,018), aumentando com teores crescentes de Fe. As cores de 
interferência comumente não excedem o branco da 1
a
 ordem. 
Macla: a polissintética é bastante freqüente, assemelhando-se à macla dos plagioclásios. De modo diferente dos 
plagioclásios, as lamelas de macla na cordierita costumam ser descontínuas, acunhadas, não atravessando o cristal 
de ponta a ponta. Além disso, quando há mais de uma direção de macla, o ângulo entre as lamelas é de 60
o
, 
enquanto que nos plagioclásios, ele fica próximo de 90
o
. Maclas de contato cíclicas, com a interpenetração de três 
cristais, resultam em porfiroblastos de contorno pseudo-hexagonal característicos de certos hornfels. Sob luz 
polarizada cruzada esses porfiroblastos são compostos por seis setores, sendo que cada dois setores opostos 
pertencem a um mesmo cristal, pois têm a mesma cor de interferência e extinguem-se simultaneamente. 
Sinal óptico: biaxial (-) ou (+), 2V  40
o
 – 105
o
. 
Alteração: por alteração hidrotermal, intemperismo ou metamorfismo regressivo, a cordierita transforma-se com 
facilidade em finos agregados de filossilicatos (sericita, clorita), denominados pinita. A pinitizaçãoinicia-se nas 
bordas e fraturas, mas pode abranger todo o cristal. Num estágio de intemperismo incipiente a alteração gera 
filetes de material isótropo, provavelmente alofana. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: cordierita tem cor, relevo e birrefringência como de 
feldspatos ou quartzo. Algumas características diagnósticas são sua fácil alteração (pinitização), 
ocorrência de halos pleocróicos amarelados em torno de inclusões de minerais radioativos (comumente 
zircão), fina poeira opaca disseminada e presença de abundantes inclusões de outros minerais (por exemplo 
de quartzo, opacos ou agulhas de sillimanita). 
 
MINERAIS SEMELHANTES: a cordierita não maclada confunde-se com quartzo, álcali-feldspato ou 
andaluzita, mas nenhum destes apresenta halos pleocróicos. Quartzo é uniaxial (+) e não se altera. 
Álcali-feldspato possui clivagens perfeitas e relevo um pouco menor. Andaluzita tem relevo maior e 
clivagens boas. Cordierita com macla polissintética confunde-se com plagioclásio, mas este tem clivagens 
perfeitas, as lamelas de macla são mais regulares (exceto nos cristais deformados) e, quando há mais de uma 
conjunto de maclas polissintéticas, o ângulo entre as lamelas tende a ser próximo de 90
o
 (na cordierita este 
ângulo é de cerca de 60
o
). Em certos casos a identificação de cordierita é facilitada usando-se seções com 
espessura acima do normal, para a visualização do pleocroísmo em matizes azulados. 
 
OCORRÊNCIA: cordierita ocorre principalmente em metamorfitos, sendo mais comum em rochas 
oriundas de protólito sedimentar pelítico. É um mineral típico de pressão baixa e portanto mais 
comum no metamorfismo de contato ou no metamorfismo regional de pressão baixa (tipo Abukuma), 
sendo estável numa ampla faixa de temperaturas, do grau médio ao alto, incluindo fácies granulito. A 
500 - 550
o
C a paragênese comum é: cordierita + clorita + moscovita + biotita  andaluzita. Acima de 600oC 
a paragênese típica é: cordierita + K-feldspato + biotita  andaluzita. Em paragnaisses da fácies granulito (T 
 750oC, P  2-5kbar) uma associação mineral comum é: cordierita + K-feldspato + biotita + granada + 
sillimanita + quartzo  plagioclásio. Em rochas magmáticas a cordierita é rara e sua presença é considerada 
indício para uma origem anatéctica das fusões ou uma contaminação do magma por rochas encaixantes ricas 
em Al. Também pode ser encontrada em metatectos pegmatíticos associados a processos de 
ultrametamorfismo. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 20 
CORÍNDON 
 
Al2O3 Sistema trigonal 
 
Generalidades: a variedade límpida de coríndon vermelho em amostra de mão constitui a 
valiosa gema rubi. Variedades gemológicas de outras cores, especialmente azuis, são 
denominadas safira. 
Hábito: em geral em cristais bem formados com seções hexagonais ou retangulares. 
Também pode ser tabular ou granular anédrico. 
Cor: incolor ou, mais raramente, avermelhada ou azulada. 
Clivagem: ausente, porém partição basal {0001} ou romboédrica é comum. 
Relevo: alto (n  1,77). 
Birrefringência: baixa (  0,008). As cores de interferência não excedem o cinza 
esbranquiçado de 1
a
 ordem. Devido a sua alta dureza os grãos de coríndon ficam, às vezes, 
com uma espessura maior do que os outros minerais da lâmina e, consequentemente, a cor 
de interferência pode ser mais alta do que o normal. 
Macla: lamelar múltipla segundo {10
1
1} é freqüente. 
Sinal óptico: uniaxial (-). Às vezes apresenta figura anômala biaxial, possivelmente devido 
à geminação. 
Alteração: no intemperismo transforma-se com facilidade em micas brancas finas, 
principalmente moscovita ou margarita. Alteração hidrotermal pode gerar diásporo, 
gibbsita, polimorfos de Al2SiO5, cloritóide ou espinélio. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: alto relevo, baixa birrefringência, uniaxial (-). 
Pode apresentar distribuição irregular da cor azulada ou avermelhada. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: safirina é biaxial e não possui macla. Apatita tem relevo 
e birrefringência mais baixos. Crisoberilo é biaxial (+). Vesuvianita apresenta cores de 
interferência anômalas (anil ou acastanhadas). 
 
OCORRÊNCIA: coríndon ocorre numa gama variada de rochas pobres em sílica e ricas em 
Al. Em magmatitos aparece associado a pegmatitos nefelina sieníticos e suas zonas de 
contato, onde ocorre com feldspatos, nefelina e escapolita. Pegmatitos e outros tipos de 
rochas de dique podem tornar-se dessilicificados ao intrudir rochas ultramáficas ou 
carbonáticas e conseqüentemente cristalizar coríndon. Ele também ocorre em xenólitos 
aluminosos inclusos em rochas ígneas basálticas ou gabróicas. 
Rochas de metamorfismo de contato ou regional, derivadas de protólitos aluminosos 
ou carbonáticos, esporadicamente contêm coríndon, que também pode ser gerado por 
metassomatismo. Nos metamorfitos é estável em todos os graus metamórficos. Em 
xistos associa-se a cianita, sillimanita, dumortierita e outros minerais aluminosos. 
Depósitos de esmeril podem derivar-se do metamorfismo de bauxitas. 
Devido a sua grande resistência ao transporte, coríndon pode ser encontrado como mineral 
detrítico em sedimentos. A maior parte do coríndon gemológico é encontrado em pláceres. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 21 
EPIDOTOS 
Fórmula geral: X2Y3O.SiO4.Si2O7(OH) 
 
Sistema monoclínico: epidoto, clinozoisita, piemontita, allanita 
Sistema ortorrômbico: zoisita, thulita 
 
Generalidades: a composição básica do grupo do epidoto pode ser representada pela fórmula simplificada 
Ca2Al3O.SiO4.Si2O7(OH), que corresponde à composição da clinozoisita e da zoisita. Epidoto s.s. 
caracteriza-se pelo Fe
3+
 substituindo parte do Al. Piemontita é rica em Mn e allanita, em Terras Raras. 
Thulita é uma variedade de zoisita rica em Mn. A tabela abaixo traz a composição química dos principais 
membros do grupo do epidoto. 
 X
2
2
 Y
3
3
 
Clinozoisita e zoisita Ca Al 
Epidoto s.s. (pistacita) Ca (Al,Fe
3+
) 
Piemontita Ca(Fe
2+
,Mn
2+
) (Mn
3+
,Fe
3+
,Al) 
Allanita (ortita) Ca(Ce,La,Y,Th) (Al, Fe
3+
,Fe
2+
) 
 
Clinozoisita e epidoto s.s., que são as variedades mais comuns do grupo, são os membros extremos da 
solução sólida Ca2Al3  Ca2Fe
3+
Al2, esta última composição representando a máxima substituição Al 
 Fe3+. A separação entre clinozoisita e epidoto s.s. é definida pela mudança de sinal óptico, sendo a 
clinozoisita biaxial (+) e o epidoto, (-). É comum o zonamento químico dos cristais. 
 
Hábito: comumente em cristais granulares anédricos; às vezes, prismático curto. 
Cor: 
Epidoto s.s.: é característico o pleocroísmo em matizes pálidos amarelo esverdeados a verde 
amarelados, cuja intensidade aumenta cor teores crescentes de Fe. 
 Zoisita e clinozoisita: incolores. A zoisita manganesífera, denominada thulita, é pleocróica em 
matizes de rosa (às vezes bem escuro) - amarelo - amarelo esverdeado. 
 Allanita: quando já está parcialmente isotropizada devido à decomposição radioativa tem 
pleocroísmo em matizes acastanhados ou amarelados. Quando inalterada, pleocroísmo é incolor - amarelado 
- verde claro (semelhante ao epidoto s.s.). 
 Piemontita: intenso pleocroísmo em tonalidades de rosa carmim (púrpura) para amarelo/alaranjado. 
Clivagem: perfeita segundo (001), imperfeita segundo (100). 
Relevo: moderado a alto (clinozoisita: n  1,67 – 1,73; epidoto: n  1,72 - 1,80). O n da allanita diminui com 
o seu grau de isotropização, caindo de aproximadamente 1,82, nos cristais inalterados, até 1,54 para a 
variedade inteiramente isotropizada. 
Birrefringência: 
Zoisita e clinozoisita possuem birrefringência baixa (  0,005 - 0,010),com cores de interferência do 
início da 1
a
 ordem, caracteristicamente anômalas em tonalidades acastanhadas ou azul anil (também 
chamado de azul-de-Berlim ou da Prússia). A clinozoisita pode conter algum ferro e neste caso as suas 
cores de interferência chegam ao amarelo de 1
a
 ordem. A thulita, que se confunde com piemontita por 
causa do seu pleocroísmo, também tem birrefringência baixa, o que a distingue dessa. 
Epidoto s.s. tem birrefringência moderada a alta (  0,011 - 0,048), crescendo com um aumento no teor 
de Fe. As suas cores de interferência variam do final da 1
a
 ordem até o final da 2
a
 ordem. Devido à forte 
dispersão, as cores de interferência são, normalmente, anômalas, excessivamente coloridas e vivas. 
Allanita tem uma birrefringência variando entre 0,032 (cores de interferência vivas de 2
a
 ordem) e zero 
(isótropa), em função do grau de isotropização variável decorrente da destruição da sua rede cristalina por 
sua própria radioatividade. 
Piemontita apresenta birrefringência bem elevada, crescendo com o teor de Mn (  0,035 - 0,073). As 
cores de interferência são, em geral, de 3
a
 ordem. 
Sinal óptico: epidoto e allanita são biaxiais (-). Zoisita e clinozoisita são (+) e piemontita pode ser (+) ou (-). 
Ângulo 2V: Zoisita: 2V = 0 – 50
o
 (em geral 20 – 50o) 
 Clinozoisita: 2V = 65 – 90
o
 
 Epidoto s.s.: 2V = 65 – 90
o
 
 Piemontita: 2V  90 + 20o 
 Allanita: 2V = 70 – 90
o
. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 22 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS E MINERAIS SEMELHANTES: 
 
EPIDOTO s.s. caracteriza-se pelo relevo alto, pleocroísmo em matizes pálidos de verde amarelado claro 
a amarelo e cores de interferência variando, em função do seu teor de ferro, do final da 1
a
 até final da 
2
a
 ordem, tipicamente coloridas e vivas. MINERAIS SEMELHANTES: os piroxênios monoclínicos 
(diopsídio-hedenbergita) têm pleocroísmo verde claro a incolor (e não verde amarelado como o 
epidoto), são biaxiais (+) e apresentam a típica clivagem {110} em duas direções, que fazem entre si um 
ângulo de aproximadamente 90
o
. Estaurolita é amarela (sem a cor esverdeada). 
 
ZOISITA e CLINOZOISITA caracterizam-se pelo relevo moderado a alto, por serem incolores e pelas 
cores de interferência baixas, no início da 1
a
 ordem, muitas vezes anômalas (azul anil ou 
acastanhadas). A distinção entre zoisita e clinozoisita se faz pelo ângulo de extinção em relação à 
clivagem perfeita: na zoisita a extinção é paralela aos traços da clivagem e na clinozoisita a extinção é 
oblíqua em várias seções. Além disso, o ângulo 2V da zoisita é menor. MINERAIS SEMELHANTES: 
vesuvianita é, em geral, uniaxial (-). 
 
ALLANITA inalterada pode ser confundida com epidoto s.s. No entanto, devido a sua radioatividade 
ela é comumente amarronzada e causa a geração de halos pleocróicos escuros (principalmente em 
biotita e hornblenda) e fraturas radiais nos minerais adjacentes. A decomposição radioativa da 
allanita a torna progressivamente amorfa e muito susceptível a alterações. Esta allanita metamíctica 
fica isotropizada, com relevo bem mais baixo e cor amarelada / acastanhada. É muito comum a 
allanita metamíctica ter um delgado envoltório de epidoto ou clinozoisita incolor, de relevo mais alto e 
que não apresenta alteração nem isotropização. MINERAIS SEMELHANTES: alguns minerais 
radioativos e que também causam halos pleocróicos são zircão (cristais normalmente pequenos, hábito 
prismático tetragonal, relevo muito alto) e monazita (pseudo-uniaxial, cristais pequenos). 
 
PIEMONTITA é rara. Pode ser identificada pelo seu típico pleocroísmo em matizes de amarelo e rosa 
avermelhado. A sua birrefringência é muito elevada, o que a distingue da thulita (variedade manganesífera 
de zoisita), a qual tem baixa birrefringência e relevo menor. 
 
OCORRÊNCIA: epidoto e clinozoisita são os membros mais comuns deste grupo. 
Rochas metamórficas: os minerais grupo do epidoto são tipicamente metamórficos. No 
metamorfismo regional epidoto, clinozoisita ou zoisita são característicos da fácies xisto verde, sendo um 
dos principais minerais de, por exemplo, xistos verdes, cuja paragênese principal é: epidoto + clorita + 
actinolita + albita. Na fácies anfibolito baixo (também chamada de fácies epidoto anfibolito), ocorre a 
paragênese: epidoto + hornblenda + albita (ou oligoclásio). Nos metabasitos (anfibolitos) desta fácies, o 
epidoto tende a reagir com albita para formar plagioclásio mais cálcico. O teor de anortita deste plagioclásio 
costuma ser inversamente proporcional à quantidade de epidoto/clinozoisita remanescente, isto é, à medida 
que o epidoto vai sendo consumido nas reações metamórficas, aumenta o teor de Ca do plagioclásio que vai-
se formando às suas custas.Os minerais do grupo do epidoto são também formados no metamorfismo de 
contato e no metamorfismo de pressão alta (fácies xisto azul). Para que epidoto/clinozoisita seja um 
constituinte majoritário nas rochas metamórficas, é necessário que o protólito seja calciossilicático, como, 
por exemplo, uma marga argilosa. A clinozoisita (ou zoisita) forma-se, ao invés do epidoto, no caso de 
pobreza em Fe
3+
 (grau de oxidação baixo) na rocha. É também o principal produto da saussuritização dos 
plagioclásios. Nos metamorfitos allanita é um mineral acessório comum em xistos e gnaisses, sendo estável 
até temperaturas bem maiores do que epidoto/clinozoisita. Ela aparece em poucos cristais que, no entanto, 
são relativamente grandes quando comparados com outros minerais acessórios comuns como zircão. 
Piemontita forma-se em rochas manganesíferas de baixo grau metamórfico. 
Rochas magmáticas: epidoto raramente ocorre como mineral primário em rochas magmáticas. Uma 
exceção é a allanita, que é um mineral acessório comum em granitos, monzonitos, sienitos e alguns 
pegmatitos, aparecendo em poucos cristais que, no entanto, são relativamente grandes quando comparados 
com os outros acessórios como o zircão. Epidoto forma-se em magmatitos como produto da alteração 
hidrotermal de piroxênios, anfibólios e plagioclásios. É encontrado em fraturas e drusas, onde se forma numa 
temperatura de aproximadamente 250
o
C. 
Propriedades Ópticas e Ocorrência dos Principais Minerais Petrográficos 
 23 
ESCAPOLITA 
 
(Ca,Na)8[(Al,Si)6Al6Si12O48](Cl,CO3)2 Sistema tetragonal 
 
Generalidades: a série da escapolita forma uma solução sólida que se assemelha quimicamente à 
dos plagioclásios, cujos membros de composição extrema são marialita e meionita. Tipos com 
composição intermediária são dipiro e mizonita. 
Marialita: Na8(AlSi3O8)6(Cl2,SO4,CO3) 
Meionita: Ca8(Al2Si2O8)6(Cl2,SO4,CO3)2 
Hábito: granular. 
Cor: incolor. 
Clivagem: imperfeita, em geral não vista em seções delgadas. 
Relevo: baixo para as composições ricas em Na a moderado para as ricas em Ca (n  1,54 – 1,60). 
Birrefringência: baixa até alta, variando com a composição química ( marialita  0,004 até meionita  
0,038) As cores de interferência vão do início da 1
a
 ordem para as composições ricas em marialita, 
até o final da 2
a
 ordem para as ricas em meionita. A maioria das escapolitas têm composições 
intermediárias, o que é caracterizado por cores de interferência vivas do final da 1
a
 a início da 2
a
 
ordem. 
Sinal óptico: uniaxial negativo. 
 
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS: incolor, relevo baixo como quartzo e feldspatos, 
uniaxial (-) e cores de interferência vivas do final da 1
a
 ou início da 2
a
 ordem para a maioria 
das composições. 
 
MINERAIS SEMELHANTES: escapolita mais sódica ( baixo, cor de interferência cinza a 
branco de 1
a
 ordem) pode confundir-se com quartzo, o qual é uniaxial

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