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Coccídioses intestinais Protozoários do Filo Apicomplexa: Agentes de Infecções Oportunistas Prof.ª Dr.ª Regina Maura Franco – Aula de BP515 – Parasitologia – Farmácia 013 Fernanda Mazon – Universidade Estadual de Campinas Informações gerais Posição taxonômica: filo apicomplexa. Parasitos intracelulares obrigatórios: complexo apical presente em vários estágios morfológicos do protozoário (roptrias, micronemas, grânulos elétron-densos, anéis polares, conóide). Promove a entrada do zoito ao hospedeiro. Domínio Eukaryota, Reino Chromoalveolata, subfilo Alveolata, filo Apicomplexa. São particularmente problemáticos em pacientes HIV, transplantados, idosos, crianças e pacientes que fazem uso de corticoesteróides para doenças crônicas. Não há fármaco eficaz. Infecções relacionadas ao ambiente hospitalar entre pessoal de enfermagem/saúde podem acontecer. Podem constituir um problema em Unidades de Cuidado Intensivo: - Necessidade de pronto reconhecimento dos casos de diarreia - Atenção para os pacientes com incontingência intestinal ou usando fraldas - Grande resistência dos oocistos aos desinfetantes: alcoóis, amônia quaternária, cloro, hipoclorito - Melhor desinfetante: peróxido de hidrogênio 6-7% (4 min). Oocistos Filo Apicomplexa, subclasse: Coccidiasina. Ordem Eucoccidiida, subordem Eimeriorina. Famílias de interesse: Eimeriidae: Cyclospora cayetanensis. Cryptosporidiidae: Crypstosporidium spp. Sarcocystidae: Cyrstoisopora belli, Toxoplasma gondii, Sarcocystis spp. Ciclo Biológico geral Válido para todos do filo Apicomplexa. Parasitos do ciclo monoxênicos: Todo ciclo biológico ocorre em um hospedeiro. (Seria heteroxênico se precisasse de mais). Oocistos (fezes) -> esporozoítos -> merozoítos (fase assexuada) –hospedeiro-> gametócitos (fase sexuada) -> zigotos -> oocistos. Os oocistos são a forma de resistência. Já são eliminados infectantes no caso da Crypstosporidium. No caso da Cyrstoisopora (48h) e da Cyclospora (7 a 15 dias), o oocisto precisa de um tempo de maturação. A merogônia, que produz merozoítos, é uma fissão nuclear mutua, dando origem a um novo indivíduo. Nessa fase, é gerada informação genética para a fase assexuada (com microgametócitos e macrogametócitos). Gênero Cryspstosporidium Introdução e importância Tamanho: 4-8um, mas se comporta como se tivesse 2-4um, pois ele tem uma camada de actina que pode diminuir o tamanho dele, ou seja, ele passa por mais lugares. Fenômeno biológico: emergência das imunodeficiências Primeiros casos humanos: advento da pandemia do VIH/SIDA (década de 80). 21 casos de criptosporidiose e SIDA, em 6 cidades diferentes. Anos seguintes, houve uma infecção não restrita aos imunodeficientes: Primeiro surto documentado de veiculação hídrica: 2006 casos estimados entre crianças que frequentavam crechês (água de poço). Importância do estado imunológico do hospedeiro: Definição do curso clínico da criptosporidiose: auto-limitada ou infecção crônica, longa-duração. Níveis de células CD4 ou auxiliadoras da resposta imune têm que ser aumentadas para pacientes imunocomprometidos não morrerem, e para os imunocompetentes terem controle da doença e se curarem. Ciclo biológico Tudo começa com o oocisto eliminado nas fezes do hospedeiro infectado. O paciente com AIDS libera de 8 a 10 milhões de oocistos. Os bovinos eliminam 10 bilhões em 5 dias. O paciente infecta-se por água/alimentos contaminados. Passa pelo pH estomacal, e no duodeno há liberação do esporozoitos. O protozoário não faz contato com o citoplasma das células, e sim com os microvilos (parasito intracelular e extracitoplasmático), onde há a merogônia, e depois a fase com gametócitos. O oocisto é formado e está pronto para ser eliminado nas fezes. Não há contato com o citoplasma porque, na base da célula, há o desenvolvimento de uma organela alimentar (vacúolo parasitóforo). Essa organela funciona como uma barreira. Deixa entrar os nutrientes que o parasita precisa, mas barra a entrada de fármacos. O protozoário também desenvolveu uma “bomba de extrusão de fármacos”, ou seja, caso um fármaco passe pela organela alimentar, ele o expulsa novamente. Coloniza qualquer epitélio ciliado, por ex: pulmonar, esôfago, etc. 80% dos oocistos produzidos são de parece espessa, que são eliminados já infectantes nas fezes. 20% dos oocistos não têm parede espessa, não são eliminados nas fezes e dão origem a autoinfecção interna do hospedeiro. O cliclo de autoinfecção, por meio dos oocistos de parede fina, torna a parasitose especialmente persistente, sobretudo entre os hospedeiros imunocomprometidos (em que a infecção é crônica). Transmissão O oocistos infectantes (fezes) do homem ou animais infectados. Via fecal-oral: ingestão (inalação). Possibilidades: pessoa-a-pessoa (contato direto, tipo em creches), animal humano (transmissão zoonótica), superfícies ou objetos contaminados (contato indireto), alimentos contaminados, contato sexual, vetores mecânicos, aerossóis, hídrica: drenagem (fezes) para água de consumo humano ou recreacionais, esgotos de origem humana. Esses protozoários, assim como a giárdia, se alojam dentro dos estômatos das hortaliças. Pacientes imunocomprometidos tem que comer só verduras cozidas. Criptosporidiose intestinal Periodo de incubação: 6 dias (2-10 dias). Aguda de curta duração (5-10 dias) em indivíduos adultos saudáveis (19 dias-22 dias: surtos de VH): Diarreia. A diarreia é profusa, aquosa, de longa duração em indivíduos imunodeficientes, severidade proporcional ao grau de imunossupressão: Criptosporidiose fulminante: CDC 17-20 litros de fezes aquosa/dia (alta mortalidade) Localização extra-intestinal: fígado, vesícula biliar, pâncrear e árvore respiratória... aves: conjuntiva do olho. Relação parasito-hospedeiro Protozoário envolvido com: falha e déficit do crescimento e aptidão em indivíduos jovens, mais acentuado: desnutrição ou tenra indade, associado também com infecção assintomática. Transtorno da função intestinal persistente ou imunossupressão temporária: apoptose e perda do epitélio absortivo: neuropeptídeo (substância P): produção de citoquinas inflamatórias (TNF, IL-16). Ausência de fármaco efetivo. Patogênese Achados principais: - Atrofia das vilosidades, achatamento das criptas, hiperplasia - Apoptose do enterócito, rompimento do citoesqueleto e proteínas das junções epiteliais - Hiperemia gástricas. Quadro clínico Imuno competente/atenção medica: diarreia (98%): aquosa (81%), com sangue (11%), recidiva (40%). Dor abdominal (60; Tratamento Restauração da resposta imune é essencial. Grupos de risco - Crianças saudáveis (0-5 anos) Cystoisospora belli Isosporose intestinal Gênero Isospora (agora é Cystoisospora): Oocistos elimanos em estado imaturo (=não esporulado) nas fezes dos hospedeiros infectados: após 1-2 dias, são infectantes (<16h a 30-35°C) Cistoisosporose: assinalada em vários países (tropicais, onde condições sanitárias e higiênica são precárias. O oocisto de cistoisótopras: dois esporocisto e cada um com 4 esporozoítos. Ooscistos Esporocistos com corpo de Stieda: gênero Isospora. Ciclos monoxênico/intestinal, de aves. Esporocistos sem corpo de Stieda: gênero Cystoisospora. Ciclos heteroxênicos facultativos com.. Ciclo de Vida - Ciclo monoxênico: a partir da ingestão de oocistos esporulados – endodiogenia e merogonia. - Cistos unizóicos ou monozoicos: cistos latentes em tecidos extra-intestinais – ocorrência em linfonodos mesentéricos, mediastinais, traqueobronquiais, fígado e baço em pacientes portadores de SIDA/HIV. No caso de C. belli: não há descrição de hospedeiros paratênios. - Macrófagos como células hospedeiras de C. belli, nos sítios extrainstestinais. 3 dos esporozoitos entram na célula epitelial intestinal. 1 deles entram em macrófagos e vão para locais extra intestinais (cisto unizóico). Ele vai pra linfonodos, por exemplo, e fica lá quieto (hospedeiro paratênico). 15 anos depois, por exemplo, o cisto resolve se reativar. Localização do parasito: íleo.Ciclo heterogênico facultativo: em ser humano, em pacientes HIV, ao invés de fazer o ciclo monoxênico, pode dar inicio a esses cistos latentes. Mas se for uma cystoisospora de gato, o hospedeiro de transporte é o homem. Transmissão Via fecal-oral. Possibilidades: ingestão de água, alimentos contaminados. Coccidiose Intestinal Sinais clínicos: 1 semana após ingestão dos oocistos esporulados. Diarreira aquosa prolongadas (meses/anos): caso de paciente imunocompletentes: Cyclospora cayetanensis Dificuldade: oocistos (8-10um) nas fezes dos hospedeiros humanos: - A fresco: mórula - Nº de esporozoítos/esporocistos: 2x2 - Infectantes: após 15 dias (esporulação). É usado como indicador de problemas sanitários, já que as fezes tem que ficar no local por 15 dias. - Período de incubação: 7 dias (2-11 dias) - Diarréia profusa, aquosa, 43 a 57 dias, alternando período de constipação, outros sintomas: anorexia, perda de peso, náusea, vômitos, mialgias, febre baixa, fadiga. - Sazonaliddade da ciclosporose, também causa “diarreia dos turistas.” Ciclo Biologico Muito similar do cripto, não tem cistos unizoicos da cistoisospora, e nem de cistos de parede fina como no cripto. Todos são de parede espessa. Transmissão Via fecal-oral. Possibilidades: água ou alimentos contaminados, pessoa a pessoa (baixa probabilidade). Detetecção Laboratorial das Coccidioses Importância: resposta diferenciada ao tratamento, possibilidade de ocorrência de óbitos. Problema: não inclusão na rotina parasitológica quando avaliando gastrointerite (=diarreias). Casos estão acontecendo no Brasil. Diagnóstico Demonstração de oocistos nas fezes: coloração álcool-ácido-resistente (rosa) Para que se tenha resultados positivos, precisa centrifugar as fezes duas vezes a 500xg a 10 min, e depois colocar concentração de formalina
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