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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA JAQUELINE LIMA SANTOS AS CONTRIBUIÇÕES DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Salvador 2011 JAQUELINE LIMA SANTOS AS CONTRIBUIÇÕES DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada como exigência para obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob a orientação da Profª Claudia Silva Santana Sisan. Salvador 2011 JAQUELINE LIMA SANTOS AS CONTRIBUIÇÕES DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada como exigência para obtenção da graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob a orientação da Profª Claudia Silva Santana Sisan Salvador, 01 de Abril de 2011 ORIENTADOR- MS. Claudia Silva de Santana Sisan ________________________________________________________________ AVALIADOR – MS. Maria de Fátima Vieira Nolêto ___________________________________________________________________ DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha família e amigos, em especial ao meu filho Albert Gustavo, estímulos que me impulsionaram a buscar vida nova a cada dia. AGRADECIMENTOS À minha orientadora Prof.ª Claudia silva Santana pelo incentivo, simpatia e presteza no auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização desta Monografia de Conclusão de Curso. As colegas de classe pela espontaneidade e alegria na troca de informações e materiais numa rara demonstração de amizade e solidariedade. À minha família pela paciência em tolerar a minha ausência. E, finalmente, a DEUS pela oportunidade e pelo privilégio que me foi dado e por toda força que me concedeu para concluir este trabalho. Brincar com criança não é perder tempo, é ganhá- lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los, sentados enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem. Drummond RESUMO O presente trabalho tem como tema as contribuições do lúdico para o estimulo das inteligências múltiplas na educação infantil, esta prerrogativa nasceu da seguinte questão de pesquisa: de que maneira o lúdico age com um estimulo para o desenvolvimento das inteligências múltiplas nas crianças da educação infantil? Este é um estudo qualitativo, que por meio de pesquisas bibliográficas, colheu informações para a realização desse trabalho de conclusão de curso que tem o objetivo de analisar as contribuições do lúdico na educação infantil, investigar como esse recurso pode ser utilizado nas escolas que trabalham com crianças e destacar como as crianças tem seus diferentes perfis cognitivos valorizados através de atividades lúdicas utilizadas como estimulo das inteligências múltiplas. Palavras-chave: Ludicidade,crianças, educação infantil, inteligências múltiplas ABSTRACT This work has the theme of playful contributions to the stimulation of multiple intelligences in early childhood education, this prerogative was born the following research question: how the of playful act with a stimulus for the development of multiple intelligences in children of early childhood education? This is a qualitative study through library research, gathered information to conduct this work on the completion of the course that aims to analyze the contributions of play in early childhood education, to investigate how this feature can be used in schools working with children and highlight how their children have different cognitive profiles valued by recreational activities used as stimulation of multiple intelligences. Keywords: playfulness, children, child education, multiple intelligences SUMÁRIO INTRODUÇÃO……………………………………………………….………..…...10 1 A LUDICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................14 1.1 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL...........14 1.1.1 O jogo na concepção de alguns autores.....................................................17 1.2 SURGIMENTO DO CONCEITO DE INFÂNCIA E DE EDUCAÇÃO INFANTI.21 1.2.1 A trajetória da educação infantil no Brasil....................................................27 2 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS QUE CONCEITO É ESSE?...........................30 2.1 O TESTE DE INTELIGÊNCIA DE ALFRED BINET.........................................30 2.2 A INTELIGÊNCIA SEGUNDO JEAN PIAGET.................................................31 2.3 LINGUAGEM, COMPREENSÃO E FALA SEGUNDO VYGOTSKY...............33 2.4 A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE HOWARD GARDNER...34 2.4.1 A inteligência para Howard Gardner ...........................................................35 2.4.2 Cada uma das inteligências .........................................................................36 2.5 OUTRAS PESQUISAS SOBRE AS INTELIGÊNCIAS....................................40 2.5.1 Uma pesquisa brasileira................................................................................41 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................43 4 REFERÊNCIAS...............................................................................................45 5 ANEXOS..........................................................................................................47 10 1- INTRODUÇÃO Trata-se de um estudo sobre o papel da ludicidade no desenvolvimento das inteligências múltiplas na educação infantil, que implica em uma forma de avaliação mais justa rompendo com a idéia da valorização exclusiva das inteligências verbal e lógica. Este estudo tem como tema: As contribuições do lúdico para o desenvolvimento das inteligências múltiplas na educação infantil. Isto porque o histórico do conceito de infância e de educação infantil revela que até o século XVIII o lúdico como ferramenta pedagógica não fazia parte do universo infantil e até o século XX na década de 80 a teoria das inteligências múltiplas proposta por Gardner era desconhecida pelos educadores. Dessa forma durante muito tempo as diversas facetas da inteligência deixaram de ser trabalhadas para privilegiaro desenvolvimento habilidades lingüísticas e matemáticas pelos métodos tradicionais de aprendizagem mecânicas, ou seja, por meio de atividades repetitivas e desestimulantes. A teoria proposta por Gardner tem como objetivo o reconhecimento, a valorização e o desenvolvimento das múltiplas facetas da inteligência no indivíduo através de um ambiente estimulador de cada habilidade correspondente. Neste sentido já que as inteligências precisam ser desenvolvidas em um ambiente rico de estímulos, então de que forma o lúdico pode contribuir para o desenvolvimento das inteligências múltiplas na educação infantil? Está pesquisa permite conhecer a importância do lúdico na educação, destacando seu potencial social e estimulante como instrumento pedagógico na aprendizagem, verificando as possíveis influencias que o trabalho com as inteligências múltiplas podem causar na formação da criança e identificando suas contribuições na perspectiva educacional. Esta é uma pesquisa qualitativa, que por meio de pesquisa bibliográfica, (MARCONI e LAKATOS, 2001, p. 43) “trata-se de um levantamento de algumas bibliografias já 11 publicada em forma de livros, revistas, teses, publicações avulsas e imprensa escrita”. A pesquisa bibliográfica objetiva colocar o pesquisador em contato com o que foi escrito sobre determinado assunto, com a finalidade de colaborar na análise de sua pesquisa. A partir da observação da prática pedagógica de algumas educadoras e da realidade que permeiam as escolas sobre as atividades lúdicas, surge a necessidade de buscar aquilo cuja as inúmeras possibilidades educativas ainda se ignora. A escolha do tema surgiu a partir das leitura de estudos sobre as influencias das atividades lúdicas no desenvolvimento social e cognitivo da criança e a partir das observações, durante as disciplinas de estagio em classes de educação infantil, onde muitas vezes o lúdico aparecia apenas como forma de fazer com que as crianças gastassem energia para posteriormente se concentrarem nas atividades didáticas, ou ainda os jogos e brincadeiras se tornavam uma forma de ocupar o tempo livre das crianças entre uma atividade e outra. Com isso surge uma inquietação e angústia sobre essa forma de tratar o lúdico na escola. Resolve-se então, a partir de jogos educativos propor para os educandos um ambiente de aprendizagem lúdico e estimulante em que as crianças de forma prazerosa possam experimentar uma aprendizagem que valorize seus diferentes potencias cognitivos individuais, possibilitando sua expressão de forma espontânea e de acordo com a sua criatividade. Esta pesquisa bibliográfica constitui-se no primeiro passo dessa pesquisa científica. Com isso buscou-se, por meio da fundamentação teórica dos autores, alcançar os objetivos propostos pelo estudo. A pesquisa bibliográfica apesar de não seguir um roteiro rigoroso, compreende etapas sucessivas, como detalha Gil (2002, p. 59,60) “por meio da escolha do tema, levantamento bibliográfico preliminar, formulando o problema, buscando as fontes, leitura do material, fichamento ou resumo, e a redação do texto”. Sendo assim, a partir da escolha do tema e o problema da pesquisa para destacar as contribuições do lúdico na educação e no desenvolvimento das inteligências 12 múltiplas na educação infantil, busca-se um levantamento bibliográfico preliminar. Segundo Gil (2002): O levantamento bibliográfico preliminar pode ser entendido como um estudo exploratório, posto que tem a finalidade de proporcionar a familiaridade do aluno com a área de estudo no qual está interessado, bem como sua delimitação. Essa familiaridade é essencial para que o problema seja formulado de maneira clara e precisa (p.63). Depois do levantamento bibliográfico e formulação do problema, foi feita uma identificação das fontes por meio de leituras exploratórias verificando a pertinência do conteúdo respondendo o problema da pesquisa, leituras seletivas determinando de fato o material que interessava à pesquisa e leituras analíticas ordenando as informações encontradas nas fontes visando contribuir com a obtenção da resposta do problema da pesquisa. Por fim, a leitura interpretativa é a parte final das leituras das fontes. segundo Gil (2002, p. 79), “relacionar o que o autor afirma com o problema para o qual se propõe uma solução.” Os primeiros livros lidos e resumidos foram sobre a teoria das Inteligências Múltiplas, depois identificando por meio de algumas fontes, o percurso do desenvolvimento do conceito de infância e de educação infantil. Foi feita consulta de especialista na área, visando obter dicas para o levantamento, bem como obter orientação para a análise e interpretação da literatura utilizada. Em seguida com o resumo dos livros de Celso antunes, foi feita uma contextualização com as idéias de Gardner e outros autores para trazer as contribuições propostas pelo trabalho. E finalmente é redigido o texto da pesquisa bibliográfica. Gil (2002) discute as vantagens da pesquisa bibliográfica, pelo fato da amplitude da bibliografia adequada de fenômenos à sua disposição, diminuindo assim, os obstáculos para obter as informações requeridas. Está pesquisa é importante porque entende-se que o trabalho com as inteligências múltiplas podem influenciar a formação da criança de forma positiva. O presente 13 trabalho é composto por dois capítulos. O primeiro capitulo vem trazendo um breve histórico sobre a historia social da infância e da educação infantil e o desenvolvimento de seus conceitos que será fundamentado por Philipe Ariès. (1978), Sonia Kramer. (1995). Ainda no mesmo capitulo será discutido o surgimento da ludicidade entendida como indispensável no desenvolvimento e na aprendizagem da criança compreendida em suas necessidades e especificidades. Com base em Piaget( 1978) Vigotsky (1994), Wallon(1997).Entre outros autores. O segundo capitulo vem mostrando a evolução dos estudos sobre a construção do conhecimento na infância, como esse conceito se desenvolveu e apresenta uma nova teoria surgida na decada de 1980 desenvolvida pelo cientista Howard Gardner, qual seja, A teoria das Inteligências Múltiplas, como uma nova proposta educacional, com o objetivo de desenvolver de forma estimulante as múltiplas facetas da inteligência nas crianças. Trazendo com ela a possibilidade para que crianças com perfis cognitivos tão diferentes uns dos outros recebam uma educação que favoreça seus potenciais individuais, para isso apresentasse um recorte de alguns jogos para a estimulação das inteligências múltiplas na educação infantil, sugeridos por Celso Antunes (1998). Nessa perspectiva, torna-se necessário um planejamento constantemente de formas mais adequadas de se trabalhar os diferentes tipos de inteligências nos educandos. Entendendo a utilização de jogos, não apenas como um instrumento lúdico desprovido de um objetivo didático, mas também como uma técnica pedagógica fundamental para o desenvolvimento de cada criança. 14 2 A LUDICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL Este capítulo subdivide-se em dois grandes eixos, um que envolve elementos culturais que são apontados como inerentes e indispensáveis na aprendizagem e no desenvolvimento da criança, qual seja o brincar e a ludicidade. E outro eixo que trata da educação infantil e por ser um estudo sobre esse segmento da educação, faz-se necessário também trazer a cena um pouco do que seja infância. Desta forma para que haja uma compreensão do atual ser criança de suas necessidadese singularidade e ainda para que exista a sugestão de novas perspectivas educacionais para essa faixa etária, torna-se necessário o conhecimento de como se construiu a idéia de infância e de educação infantil no decorrer da história. A partir de autores como Philipe Ariès. (2006), Sonia Kramer. (1995), destacam-se a trajetória do conceito de infância e de educação infantil e a partir das idéias dos teóricos da psicologia como Piaget (1978), Wallon (1998) e Vigotsky(2003) compreende-se a importância da estar inserido no contexto educacional infantil, além da compreensão do lúdico como um fator fundamental no processo de desenvolvimento humano por Johan Huizinga.(2001) e .Luckesi(2005). 2.1 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Em qualquer época, cultura ou classe social, os jogos e os brinquedos se fazem presentes na vida das crianças, pois elas vivem em um universo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos, onde a realidade e faz-de-conta se misturam. O jogo proporciona, a descoberta a possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo. De acordo com Chemama (2002) “O lúdico tem sua raiz na palavra "ludus" que significa jogo”, a palavra evoluiu com o passar do tempo, deixando de ser considerado apenas o sentido de jogo. O lúdico faz parte da atividade humana e tem como característica ser espontâneo, funcional e satisfatório. Na atividade lúdica o importante não é só o resultado, mas a ação, a vivência. 15 Huizinga (2001, p.16) foi um dos primeiros autores a buscar descrever as características do jogo, e nos apresenta que: Numa tentativa de resumir as características formais do jogo, poderíamos considerá-lo uma atividade livre, conscientemente tomada como “não séria” e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendência a rodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo por meio de disfarces ou outros meios semelhantes. Esta definição de características do jogo por Huizinga (2001) engloba diferentes atividades, dentre elas a dança, o teatro, e os rituais sagrados, ou seja, tudo que se é efetivado de forma livre, sem cobrança ou obrigação, que absorva ou detenha o participante em sua prática, sem interesses externos a ela mesma, e com tempo e espaço demarcados pode ser chamado de jogo. De acordo com Huizinga, desde sempre, o homem manifesta sua espírito, uma aptidão inata para o brincar e jogar, por isso denominado, além de homo sapiens, homo ludens. Para o autor, o jogo é um fenômeno presente em todas as sociedades, constituindo-se evidente a sua existência como componente da cultura. Nessa perspectiva, conhecer e dar lugar ao lúdico na sociedade e na educação é buscar atender a um impulso próprio do homem. Pode-se dizer que a palavra “jogo” apresenta significados distintos, pois pode ser entendida desde os movimentos que a criança realiza nos anos iniciais de vida balançando os objetos que ficam ao seu alcance, até as atividades mais ou menos complexas. O jogo é considerado como uma importante atividade na educação de crianças, uma vez que permite o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, social, moral e a aprendizagem de conceitos. O jogo proporciona o aprender fazendo e para ser melhor aproveitado é conveniente que proporcione atividades dinâmicas e desafiadoras, que exijam participação ativa da criança. 16 Lucksi (2005) afirma que a criança através dos jogos tem a possibilidade de descobrir, experimentar, inventar, exercitar suas habilidades, estimulando a autonomia e a curiosidade, proporcionando aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da atenção, sendo indispensável à saúde física, emocional e intelectual da mesma. O jogo para Antunes (1998) em seu sentido integral é o mais eficiente meio estimulador das inteligências. O espaço do jogo permite que a criança lide com seus desejos e frustrações. Ao participar do jogo, a criança aprende aceitar regras, pois o desafio está, justamente, em saber respeitá-las, esperar sua vez, aceitar o resultado do jogo ou de um fator de sorte que o determine, são excelentes exercícios para lidar com frustrações e, ao mesmo tempo, elevar o nível da motivação. Luckesi (2005) Por sua vez ressalta que o brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que evocam aspectos da realidade Uma representação é algo presente no lugar de algo. Representar é corresponder a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções. Tudo o que existe no cotidiano, na natureza e construções humanas. Para Piaget, também é a representação em atos, através do jogo simbólico, a primeira possibilidade de pensamento propriamente dito, marcando a passagem de uma inteligência sensório-motora, baseada nos cinco sentidos e na motricidade, para uma inteligência representativa pré-operatória (material e intuitiva) mediada por símbolos subjetivos, caminho para a construção da inteligência operatória mediada por signos históricos arbitrários. Neste sentindo a escolha dos jogos precisará evoluir de jogos que instigam o tato, a audição, o paladar antecedendo os que incitam às sinalizações e em seguida estes se tornam totalmente válidos, os que levam à descoberta de símbolos (pesquisar revistas, recortar, colar, desenhar, dramatizar) e após, os que exploram símbolos e que já pressupõem a compreensão de letras e desenhos de objetos correspondentes às palavras. 17 Nas brincadeiras que envolvem dramatizações, a criança vive personagem diferente, alargando assim sua compreensão sobre os relacionamentos humanos. As relações cognitivas e afetivas, conseqüentes da interação lúdica, propiciam amadurecimento emocional e vão, pouco a pouco, construindo a sociabilidade infantil. Especialmente nos jogos em grupos, a interação acontece de maneira mais fácil, pois é estimulada pela necessidade que os elementos de grupo têm alcançar determinadas metas. Neste sentido Lucksi (2005,p.1) argumenta da seguinte forma: Elas criam e recriam o mundo a partir da fantasia. As crianças compreendem e recompreendem o mundo a partir delas. São muitos os entendimentos que nascem das estórias, além de abrir as portas para as possibilidades de fazer a mesma coisa: dar-se ao direito de criar o mundo a partir de sua fantasia. Então, criam suas próprias estórias, assim como criam o mundo segundo essas mesmas ou outras estórias. Vivem o e no mundo, assim criado. Deste modo, é preciso resgatar o direito da criança a uma educação que respeite seu processo de construção do pensamento, que lhe permita desenvolver-se nas linguagens expressivas do jogo, do desenho e da música. Infelizmente, nossas crianças, na maioria das escolas, recebem regras prontas, não significativas. As relações na escola estão congeladas e os conhecimentos ritualizados. Existe um abismo entre o jogo metafórico e a aprendizagem mecanicista. 2.1.1 O jogo na concepção de alguns autores. Segundo os autores Piaget(1978), Wallon(1998) e Vigotsky(2003). O lúdico é um elemento importantíssimo no desenvolvimento da criança, pois na infância exteriorizamos nossos sentimentos, nossas experiências e fundamentalmente nossa criatividade da forma espontânea brincando.Através do jogo a criança interage com a realidade e estabelece relações com o mundo em que vive. Dessa forma os autores citados trazem contribuições para o entendimento dos jogos e brincadeiras como possibilidades de desenvolvimento para as crianças na educação infantil. O JOGO NA CONCEPÇÃO DE PIAGET 18 Para Piaget (1978), a origem das manifestações lúdicas acompanha o desenvolvimento da inteligência junto aos estágios do desenvolvimento cognitivo. Cada etapa do desenvolvimento está relacionada a um tipo de atividade lúdica que ocorre da mesma maneira para todos os indivíduos. O conceito essencial da teoria sobre o jogo é a relação deste com o processo de adaptação, que implica dois processos complementares: a assimilação e a acomodação. A assimilação se caracteriza como o processo pelo qual a criança, quando se encontra com determinadas dificuldades do mundo externo, utiliza, para resolvê-las, estruturas mentais já existentes. A acomodação por sua vez é o processo pelo qual a criança, quando se depara com a dificuldade e não consegue resolve-la com as estruturas existentes, modifica-as. Para o autor, as crianças adaptam-se ao ambiente, através do processo de equilibração. Este conceito piagetiano se evidencia na atividade lúdica infantil à medida que as crianças, ao jogarem, assimilam novos conhecimentos e os acomodam às suas estruturas mentais. Piaget (1978) identifica consecutivamente no desenvolvimento do brincar infantil: o exercício, o símbolo e a regra. O jogo de exercício representa a forma inicial do jogo na criança e caracteriza o período sensório-motor do desenvolvimento cognitivo. Revelando-se na faixa etária de zero a dois anos e acompanha o ser humano durante toda a sua vida, da infância à idade adulta. O jogo de exercício não supõe o pensamento nem qualquer estrutura representativa especificamente lúdica. De acordo com Piaget (1978), o jogo simbólico tem abertura com o surgimento da função simbólica, no término do segundo ano de vida, quando a criança entra na fase pré-operatória do desenvolvimento cognitivo. Um dos marcos da função simbólica é a habilidade de situar a diferença entre alguma coisa usada como símbolo e o que ela representa seu significado. Sendo assim, entendendo a estrutura do símbolo como instrumento de assimilação lúdica, Piaget ressalta que durante o desenvolvimento da criança, surgem novos e diversos símbolos lúdicos que determinam à evolução do jogo simbólico. 19 Para Piaget, o jogo de regras constitui-se os jogos do ser socializado e se revelam quando, por volta dos 4 anos, ocorre um declínio nos jogos simbólicos e a criança começa a se preocupar com as regras. Neste sentido, para o autor, o jogo de regras oferece um equilíbrio entre a assimilação ao eu e a vida social, sinalizando a passagem do jogo infantil para o jogo adulto. As regras aferem validade ao jogo, inserindo disciplina coletiva e uma moral de honra à disputa. Assim sendo, Piaget forneceu uma percepção sobre as crianças que serve como alicerce de muitas linhas educacionais recentes. De fato, suas contribuições para os campos da Psicologia e Pedagogia são imensuráveis. O JOGO NA CONCEPÇÃO DE VIGOTSKY Vigostky, (2003) situa uma relação estreita entre o jogo e a aprendizagem, atribuindo-lhe uma relevante importância. a idéia principal de sua teoria do desenvolvimento cognitivo é que o desenvolvimento cognitivo decorre da interação entre a criança e os indivíduos com quem mantém relação regular. Também o fundamental conceito da teoria de Vigotsky é o de zona de desenvolvimento proximal, que ele define como a diferença entre o desenvolvimento atual da criança e o grau que atinge quando soluciona o problema com auxílio, o que leva ao resultado de que as crianças podem fazer mais do que fariam por si só. De acordo com Vygotsky (2003), não é qualquer jogo da criança que permite a criação de uma zona de desenvolvimento proximal, do mesmo modo que nem todo o ensino o obtém; contudo, no jogo simbólico, geralmente, as condições para que ela se estabeleça estão presentes, visto que nesse jogo estão presentes uma condição imaginária e a sujeição a certas regras de conduta. Sendo assim, o autor, afirma que as regras são partes integrantes do jogo simbólico, embora, não tenham o caráter de antecipação e sistematização como nos jogos habitualmente regrados. Ao desenvolver um jogo simbólico a criança ensaia comportamentos e papéis, projeta- se em atividades dos adultos, ensaia atitudes, valores, hábitos e situações para os quais não está preparada na vida real. 20 Vygotsky, (2003), também encontra no jogo outro elemento a que atribui grande importância: o papel da imaginação que deposita em estreita relação com a atividade criadora. Ele assegura que os processos de criação são notáveis principalmente nos jogos da criança, porque no jogo ela representa e produz muito mais do que viu. Na visão do autor, a brincadeira, o jogo, são atividades particulares da infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Essa é uma atividade social, com contexto cultural e social. A noção de zona proximal de desenvolvimento interliga-se, assim de maneira muito forte, à sensibilidade do professor em relação às necessidades e competências da criança e à sua aptidão para utilizar as contingências do meio a fim de dar-lhe a possibilidade de atravessar do que sabe fazer para o que não sabe. Sendo assim, as brincadeiras que são proporcionadas à criança devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra, desta forma, pode-se entender a importância do professor conhecer a teoria de Vygotsky. O JOGO NA CONCEPÇÃO DE WALLON De acordo com Kishimoto(1998), Wallon dedicou-se ao psiquismo humano na perspectiva genética, ou seja, ele defendeu a gênese da pessoa, na qual justifica o seu interesse pela evolução psicológica da criança, a psicogenética walloniana apresenta subsídios para reflexão sobre as práticas pedagógicas. Considera que não é possível eleger um único aspecto do ser humano e entender o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se difundem a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo). Pois o estudo do desenvolvimento humano deve ponderar o sujeito como geneticamente social e analisar a criança contextualizada, nas relações com o meio. Partindo desse pressuposto, podemos dizer que a infância é um momento distinto de todos os outros, por isso, deve ser considerado de acordo com as suas particularidades. É neste período que expressamos nossos sentimentos, nossa criatividade da forma mais natural possível quando as atividades lúdicas são dominantes. Sabemos que é por meio das brincadeiras que as crianças estabelecem 21 relação com o meio, interagem com o outro, para estabelecer a própria identidade e ampliar sua autonomia. O brincar promove o crescimento resultando em desenvolvimento. Uma criança que não brinca não se desenvolve de maneira saudável, tem prejuízos no desenvolvimento motor e sócio/afetivo. Provavelmente terá dificuldadde diante de situações que proporcionam o raciocínio lógico, a interação, a atenção. Através da leitura de Kishimoto(1998) Percebe-se que Wallon em sua concepção defende que, o lúdico e infância não podem ser dissociados, toda atividade da criança deve ser espontânea, livre de qualquer repressão, antes de tornar-se subordinada a projetos de ações mais extensas e transformadas. Portanto, o jogo é uma ação voluntária, caso contrário, não é jogo, mas sim trabalho ou ensino. A funçãodo adulto e educador se faz imprescindível em todas as fases da infância, pois é importante ter ligado ao seu auto-conhecimento e autoconsciência, o conhecimento teórico. Sendo assim, o mesmo estará preparado para intervir no jogo infantil, adequadamente, enfatizando o avanço e proporcionando um maior desenvolvimento. O adulto deve ser um facilitador do jogo, brincar com criança não é perder tempo, é ganhá-lo. Sendo assim, compreende que a melhor forma de se trabalhar a construção do conhecimento na educação infantil é através de jogos e brincadeiras, ou seja, através de atividades lúdicas, pois, Os problemas que surgem na manipulação dos brinquedos e dos jogos fazem a criança crescer através da procura de soluções e alternativas, desenvolvendo habilidades e construindo competências. 2.2 SURGIMENTO DO CONCEITO DE INFÂNCIA E DE EDUCAÇÃO INFANTIL Colocar em questão a concepção de infância e de educação infantil justifica-se principalmente porque a definição de políticas públicas para a formação dos profissionais que atuam na educação infantil depende muito do perfil que se tem desejável a esses profissionais. Concepções que são construídas através dos 22 conceitos que se tem de infância e de educação infantil. As mesmas vão subsidiar as escolhas em termos de conhecimentos, habilidades e competências que seriam necessárias ao profissional que atua junto á criança pequena. Etimologicamente, a palavra “infância” está ligada a idéia de ausência da fala. Analisando-se historicamente, a visão de infância que geralmente se tem é da criança como ser desprotegido que inspira cuidados, pois nele se deposita a esperança de um futuro. No entanto essa visão obscurece que a criança possui um passado e um presente que precisam ser levados em conta, pois toda criança possui historia, saber e uma identidade. A autora Sonia Kramer(1995) descreve que a Educação infantil sofreu grandes transformações nos últimos tempos. O processo de mudança de concepção para as instituições que trabalham com a educação infantil foi longo e difícil. Durante esse processo surge também uma nova concepção de criança, diferente da visão tradicional. Se por séculos a criança foi vista como um ser sem prestigio, quase invisível, hoje atraves de estudos na area já se sabe que ela precisa ser considerada em todas as suas especificidades, com identidade pessoal e histórica. Inicialmente essas mudanças vieram com o avanço da sociedade em relaçao às questoes sociais e econômicas, conferindo à criança um papel de investimento futuro, esta passou a ser valorizada, portanto o seu atendimento teve que acompanhar os nortes da história. Entretanto, uma mudança muito mais recente, que só foi possivel atraves da criaçao de uma politica educacional infantil vem transformando a educaçao infantil de uma perspectiva assistencialista em uma proposta pedagógica incorporada ao cuidar, procurando atender a criança de forma integral, onde suas especificidades (psicológica, emocional, cognitiva, física, entre outras) devem ser respeitadas. A concepção de infância na atualidade é bem diferente de alguns séculos atrás. a visão que se tem hoje da criança é algo que foi historicamente construído, por isso é tão perceptivel a diferença em relação ao sentimento de infância no decorrer da historia. O que hoje pode parecer um absurdo, como a indiferença em que a criança era tratada, há séculos atrás era algo perfeitamente normal. A humanidade nem 23 sempre viu a criança como um ser em singular, e por muito tempo a tratou como um adulto em miniatura. De um ser desprestigiado, quase nulo, a criança com o passar do tempo ocupa um maior destaque na sociedade, e um novo olhar é lançado sobre ela. Segundo Ariès,(2006) o sentimento de infância não significa o mesmo que ter afeto pelas crianças, significa a tomada de consciência das singularidades infantis, essas singularidades que diferencia essencialmente a criança do adulto. Nessa perspectiva o sentimento de infância é algo que caracteriza a criança, o seu modo de ser e pensar, diferente do modo adulto, e portanto merecedora de um olhar mais específico. Em relação a isso Ariés(2006,p.26), afirma que: Na sociedade medieval [...] o sentimento de infancia não significava o mesmo que afeiçãopelas crianças. Corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo joven. Essa consciência não existia. Na Idade Média a criança era vista como um adulto em miniatura, logo que fosse possivel realizar simples tarefas, esta era introduzida no mundo adulto, sem que houvessem nenhuma preocupação em relação à sua formação enquanto um ser singular, sendo exposta a todo tipo de experiência. Ariès (2006) revela atraves de seus estudos que a criança do século XVII, ou ao menos a criança de boa família, quer fosse nobre ou burguesa, não era mais vestida como os adultos. Ela agora tinha um traje reservado à sua idade, que a distinguia dos adultos. Esse fato essencial aparece logo ao primeiro olhar lançado a criança do início do século. O autor prosegue afirmando que, a transmissão de valores e de conhecimentos às crianças não eram assegurados pelas famílias. A criança era afastada cedo de seus pais e passava a conviver com outros adultos, ajudando-os em suas tarefas. Nesse contato, a criança passava dessa fase direto para a vida adulta. As significativas mudanças sociais ocorridas no século XVII contribuíram relevantemente para a construção de um sentimento de infância. As mais 24 importantes sem duvida foram as reformas religiosas católicas e protestantes, que trouxeram com elas um novo olhar sobre a criança e sua aprendizagem. Outro aspecto também importante foi com relação à afetividade, que passou a ganhar mais importância no seio na família. De acordo com Ariès(2006p.277): Os pais não se contentavam mais em colocar os filhos no mundo, em estabelecer apenas alguns deles, desinteressando-se dos outros. A moral da época lhes impunha a proporcionar a todos os filhos, e não apenas ao mais velho – e, no final do sèculo XVII, até mesmo as meninas – uma preparação para a vida. Ficou convencionada que essa preparação fosse assegurada pela escola. Essa afetividade era mais evidente por meio da valorização que a educação passou infantil passou a ter. A aprendizagem das crianças, que antes acontecia na familia passou a ser realizada pela escola. O sentimento Moderno de infância corresponde a duas atitudes contraditorias que caracterizam o comportamento dos adultos até os dias de hoje. Vejamos o que declara Kramer nesse sentido(1995,p.18): Nesse momento, o sentimento de infância corresponde a duas atitudes contraditórias: uma considera a criança ingênua, inocente e graciosa e é traduzida pela paparicação dos adultos, e a outra surge simultaneamente à primeira, mas se contrapõe à ela, tornando a criança um ser imperfeito e incompleto, que necessita da “moralização” e da educação feita pelo adulto. Esses dois sentimentos são oriundos de uma nova postura da família para com à criança, que nesse momento passa a assumir mais a sua função, a família começa a enxergar a criança como um investimento futuro, que precisa ser cuidado, e portanto deve ser guardada de maus físicos e morais. Para Kramer (1995,p.18 ) “não é a família que é nova, mas, sim o sentimento de família que emerge nos séculos XVI e XVII, indissociável do sentimento de infância.” Aos poucos a família vai assumindo um papel que antes era de responsabilidade da comunidade.É relevante lembrar que esse sentimento de infância e de família era algo referente a realidade da burguêsia, que se transformou tempos depois em universal. Segundo Kramer ( 2003,p.19 ) : 25 A idéia de infância [...] aparece com a sociedade capitalista, urbano- industrial, na medida em que mudam a sua inserção e o papel social da criança na comunidade. se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (“de adulto”) assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa de ser cuidada, escolarizada e preparada para uma função futura. Este conceito de infância é pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade. No século XVIII, além da educação a família começou a demostrar interesse também pelos assuntos relacionados à saúde e higiene da criança, o que conduziu a uma significativo declinio dos índices de mortalidade. As mudanças foram beneficas para as crianças da burguesia, porque as crianças do povo continuaram a sem ter participação nos ganhos ocasionados pela nova concepção de infância, como, por exemplo, o direito à educação e a cuidados própios que a criança deve ter, sendo encaminhadas como antes para o trabalho. Nesta mesma epoca o educador alemão Friedrich Froebel (1782-1852) surge com um novo modelo de pedagogia que era impregnada pela filosofia romântica do romantismo. Essa época havia duas perspectivas ideológicas da educação distintas na sociedade européia. A burguesa que pretendia conformar os indivíduos a ordem e ao espírito da burguesia e a outra era a do povo que entendia a educação como forma de libertação da mente e da consciência para a emancipação do povo. Kishimoto (2007) relata que Friedrich Froebel, Foi um dos primeiros educadores a considerar a infância como fase decisiva na formação das pessoas deu uma significativa importância ao papel da família no processo educacional das crianças enfatizando a importância do papel da mãe na educação dos mesmos, na sua concepção a mãe era portadora natural dos dons para a educação da criança. A preocupação com a transmissão de conteúdos escolares seria substituída pela criação do Maximo de possibilidade e de desenvolvimento das habilidades e capacidades de cada criança, a atividade seria o ponto central de toda metodologia de trabalho, a atividade esta que deveria sempre se centrar nos interesses e necessidades da criança, respeitando seu ritmo natural de desenvolvimento. A educação escolar deveria ser, portanto, ativa. 26 Embora Froebel, tenha sofrido algumas criticas. Kishimoto (2007) Deixa claro suas inquestionáveis contribuições para a educação ainda hoje. A maior delas foi considerar o brincar como essencial no desenvolvimento da criança. Além de valorizar as expressões espontâneas da criança, é uma pedagogia da infância que valoriza a atividade e a participação criativa da criança e que considera os jogos e brincadeiras como essencial no plano curricular metodológico da mesma. Todavia, a concepção da criança como um ser particular, com características bem diferentes dos adultos, como é entendida na atualidade tambem como portadora de seus direitos com cidadã, é que começou a gerar as mais significativas mudanças na Educação Infantil, fazendo com que o atendimento às crianças de 0 a 6 anos se tornassem ainda mais específicos. Trazendo a preocupação com o perfil do educador, cobrando uma postura consciente de como deve ser efetualizado o trabalho com as crianças, quais as suas necessidades enquanto criança e enquanto cidadã. Estudos contemporâneos enfatizam a criança como um sujeito social que possui historia e cultura, como atores sociais de pleno direito, como protagonistas dentro da sociedade e não como criaturas angelicais, sem voz, ou apenas coadjuvantes. São capazes de expressar suas idéias, sentimentos, desejos. Se contrapondo a concepção de infância como ser puro sem consciência sem voz nos processos sociais incapaz de opinar e se expressar, imaturo para responsabilidades e sem direito de expor seus próprios desejos. Idéias que ainda estão presente nas praticas sociais e institucionais. No entanto a herança histórica da concepção de educação infantil que a restringe a aspectos sanitários ou assistenciais ou a mera antecipação da escolarização contribuem de forma negativa nas praticas de educação infantil que enfatizam ora aspectos assistências ora aspectos pedagógicos no sentido de transmissão de conhecimentos deixando de lado a criança como sujeito social, sua historia seu saber, sua identidade. 27 Sendo assim, o entendimento da escola como espaço privilegiado de atuação das crianças é indispensável uma vez que passam a maior parte da sua infância nela. Igualmente importante é a compreensão por parte dos profissionais de educação de que a criança é capaz de produzir historia e cultura, para que a visão de uma criança real inserida em um contexto sociocultural especifico, se sobreponha à uma criança idealizada, tomada pelo que lhe falta e para que o entendimento da escola como espaço privilegiado de atuação das crianças se sobreponha também á herança histórica da educação infantil que a restringe a aspectos sanitários ou assistenciais. 2.2.1 A trajetória da educação infantil no Brasil O histórico da educação infantil brasileira teve seu inicio marcado pela forte ênfase no assistencialismo e no despreparo do improviso De acordo com Oliveira (2005). As crianças da cidade esram colocadas nas chamadas “rodas expostas” de onde eram recolhidas pelas instituiçoes religiosas. A autora declara que no início do século XIX, para tentar resolver o problema da infância, surgem iniciativas isoladas, como a criação de creches, asilos e internatos, que eram vistos como instituições destinadas a cuidar de crianças pobres. Estas instituições apenas encobriam o problema e não tinham a capacidade de buscar transformaçoes mais profundas na realidade social das mesmas. As políticas federais brasileiras a partir da década de 64 pensavam a idéia de creches e pré-escolas como equipamentos de assistência social à criança carente e de acordo com Oliveira (2005, p.205). A política que prevalecia era a de ajuda governamental a entidades filantrópicas iniciativas comunitárias desenvolvidas por pessoal leigo com o envolvimento das mães para atenderem mais de cem crianças por turma. Nos anos 70 (século XX), o Brasil adere as teorias desenvolvidas nos Estados Unidos e na Europa, que defendiam o fato de que as crianças mais pobres sofreriam de “privação cultural”, o que poderia explicar o fracasso escolar delas. Essa compreensão direcionou durante muito tempo a Educação Infantil, estabelecendo uma visão assistencialista e compensatória, como afirma Oliveira (2005), ao declarar que conceitos como carência, marginalização cultural e educação compensatória 28 foram seguidos sem uma reflexão crítica mais aprofundada sobre as origens dos problemas sociais. Isso passou a influenciar ainda nas decisões políticas sobre Educação Infantil. Na década de 80 do século passado, os problemas relativos à educação pré-escolar passam a ser a falta de uma política global e agregada; falta de organização entre programas educacionais e de saúde; insuficiência de docentes preparados; carência de programas inovadores e a falta de participação familiar e da sociedade. Entretanto na mesma década com a constituição federal de 1988, a educação pré- escolar passou a ser vista como necessária, um direito de todos e deverdo Estado, devendo estar agregada ao sistema de ensino (creches e escolas). A partir de então, tanto a creche como a pré-escola são inclusas nas políticas educacionais, seguindo uma concepção pedagógica, completando a ação da família, e não mais assistencialista. Essa perspectiva pedagógica aprecia a criança como um ser social, histórico, pertencente a uma determinada classe social e cultural, descaracterizando a educação compensatória que responsabilizava a escola pelo dever de resolver os problemas da miséria. Com a Constituição federal de 1988 ocorre a construção de um regime de colaboração entre estados e municípios nos serviços referentes à saúde e educação fundamental. Surge a reafirmação da gratuidade do ensino público, bem como a creche e a pré-escola passam a ser um direito legitimo da criança de zero a seis anos, sendo garantido como parte do sistema de ensino básico (art. 54). Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, Lei 8.069/90, ocorre uma ampliação da concepção da criança, entendendo-a, agora, como ser sócio-histórico, cuja aprendizagem se dá pelas interações entre a criança e o entorno social. Essa perspectiva sociointeracionista, cujo principal teórico foi Vygotski, entende a criança como sujeito social, parte de uma cultura concreta. Oliveira (2005). Firma-se essa nova concepção de infância, garantindo em lei os direitos da criança como cidadã. Já a Lei de Diretrizes e Bases, Lei 9.394/96, 29 incorpora a Educação Infantil ao primeiro nível da Educação Básica e formaliza a municipalização dessa etapa de ensino: Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Em 1998, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil surge no intuito de orientar o trabalho realizado com crianças de zero a seis anos de idade, representando um melhoria na busca de se estruturar melhor a função da Educação Infantil, por originar uma proposta que integra o cuidar e o educar, contemporaneamente um grande desafios da Educação Infantil. Porem ainda existe a necessidade de uma modificação nas práticas didáticas nas creches e pré- escolas, bem como o aprimoramento na formação dos educadores desse nível de ensino. Através dessa explanação contata-se, que o conceito de infância repercute fortemente no papel da Educação Infantil, justamente porque direciona todo o atendimento disponibilizado à criança. Dessa forma, a Educação Infantil está diretamente ligada ao conceito de infância, tendo a sua evolução marcada pelas mudanças na sociedade que deram origem a um novo olhar sobre a criança. A Educação infantil na idade media acabou por ser um beneficio da criança da sociedade burguesa, e uma proposta muito distanciada da realidade vivida pelas crianças da população pobre. Apesar da Educação Infantil no Brasil ter sido institucionalizada como sendo direito legitimo das crianças, ainda poucas conseguem ter acesso a um atendimento de boa qualidade, com professores que desconhecem os pressupostos pedagógicos que devem direcionar o trabalho com crianças pequenas, descaracterizando a a verdadeira função da Educação Infantil. 30 3- INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS QUE CONCEITO É ESSE? Destacam-se nesse capitulo inicialmente a questão dos primeiros testes de inteligência aplicados por Alfred Binet e retomam-se os autores Piaget e Vigotsky, já mencionados no capitulo anterior, agora com a finalidade de expor as suas visões sobre o desenvolvimento cognitivo infantil resaltando a importância do lúdico nesse processo. Em seguida discute-se um novo conceito de inteligência proposto por Gardner, que traz a proposta de uma aprendizagem mais justa, que leva em consideração os diferentes potenciais cognitivos dos educandos, destacam-se ainda como o autor define e classifica uma inteligência, quais as inteligências já reconhecidas por ele e as criticas à sua teoria. 3.1 O TESTE DE INTELIGÊNCIA DE ALFRED BINET No começo do século XX as autoridades francesas convidaram Alfred Binet à desenvolver um instrumento pelo qual fosse possivel analisar quais os alunos que poderiam ter sucesso nos liceus de Paris. O instrumento criado por Alfred Binet verificava a aptidão das crianças nas áreas verbal e lógica, isso porque os currículos acadêmicos dos liceus dirigiam mais ênfase, principalmente ao desenvolvimento da linguagem e da matemática. De acordo com Garrett (2005,p.207): Binet organizou seus testes segundo o que denomina escala cronológica. Agrupou os quesitos dos testes e estabeleceu diferentes níveis de idade, determinando assim a inteligência da criança pelo nível de idade que ela conseguia atingir. A criança de 8 anos que era capaz de solucionar os quesitos do nível daquela idade era considerada normal ou comum. Se conseguia resolver os quesitos do nível superior a sua idade cronológica, considerava-se que a sua “idade mental” era maior que a sua idade cronológica e se dizia, então, que a criança era inteligente ou adiantada. Se era incapaz de resolver os testes no seu próprio nível de idade, dizia-se que a sua idade mental era menor que a sua idade cronológica e ela era classificada como atrasada ou retardada. Binet e Simon criaram primeiramente um teste com o objetivo de medir a inteligência composto por trinta questões colocadas em ordem crescente de dificuldade com a intenção de diagnosticar funções como compreensão, raciocínio e julgamento para 31 com isso identificar o nível de inteligência ou retardo mental de crianças das escolas Parisienses. 3.2 A INTELIGÊNCIA SEGUNDO JEAN PIAGET Jean Piaget (1896-1980) teórico e biólogo suíço, reconhecido principalmente pelo seu trabalho precursor no campo da cognição infantil. Lidou durante grande parte de sua vida profissional com os estudos acerca dos processos de raciocínio das crianças. Seus estudos tiveram uma grande influência sobre os campos da Psicologia e da Pedagogia. Em 1919 trabalhou no laboratório de testes de Alfred Binet, em Paris. Foi na tentativa de aperfeiçoar testes de Quociente intelectual elaborado inicialmente por Binet, que Piaget iniciou em suas pesquisas sobre as fases do desenvolvimento da inteligência na criança. Os testes aplicados por Piaget a crianças desde tenra idade é a principal atividade no Centro Internacional por ele criado em Genebra, provaram que as aptidões para o raciocínio evoluem segundo estágios sucessivos ao longo do desenvolvimento físico da criança. Conforme Piaget (1978) o comportamento é construído numa interação entre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica (epistemo = conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada como interacionista. A inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, portanto, está relacionada com a complexidade desta interação do indivíduo com o meio, Ou seja, quanto mais complexa for esta interação, mais “inteligente” será o indivíduo. A partir de suas experiências Piaget (1978), afirma que o desenvolvimento do ser humano começa ainda dentro do útero da mãe e vai até por volta dos quinze ou dezesseis anos. A construção da inteligência acontece deste modo em etapas que se sucedem, com uma complexidade crescente, uma dando sequência à outra. A isto Jean Piaget denominou de “construtivismo seqüencial”. O primeiro Período é denominado de Sensório-Motor – vai do nascimento aos dois anos, aproximadamente. A falta dafunção semiótica é o que a fundamentalmente caracteriza esse período. A inteligência opera através do simbólico, ou seja, das 32 percepções. E através dos deslocamentos do próprio corpo, do motor, ou seja, das ações. É uma inteligência caracteristicamente prática. Sua linguagem vai da ecolalia, ou seja, (repetição de sílabas) à palavra-frase (uma única palavra para dizer que deseja) Em seguida o Período Pré-operacional - que vai dos 2 anos aos 7 anos, os objetos da percepção adquirem a representação por palavras, as quais o indivíduo, ainda criança, maneja experimentalmente em sua mente assim como havia previamente experimentado com objetos concretos. Podemos subdividi-lo em duas partes: Período Simbólico - dos 2 anos aos 4 anos, aproximadamente. Neste período surge a função semiótica que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, entre outros. Já é possível criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o período da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico. Período Intuitivo - dos 4 anos aos 7 anos, aproximadamente. Este período tem como característica principal a curiosidade. É Idade em que a criança pergunta costuma perguntar todo o tempo. Já é capaz de fazer diferenciação ente a fantasia e o real, podendo fantasiar sem mesmo acreditar nela. Seu pensamento continua egoísta, ou seja, centrado no seu próprio ponto de vista. Período é Operatório Concreto – é terceiro período que compreende dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente. É o período em que o indivíduo passa a efetivar as conservações de número, volume e peso. Já é capaz de organizar o mundo de forma lógica ou operatória. Já são capazes de obedecerem compromissos e.regras, sendo fiéis a ela. Por fim o período Operatório Abstrato - dos 11 anos em diante. É o ápice do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético- dedutivo ou lógico-matemático. É quando a criança está apta para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto em proveito de interesses orientados para o 33 futuro. A partir desta estrutura de pensamento é possível a dialética, que permite que a linguagem se dê em nível de discussão para se chegar a uma conclusão. A importância de se conhecer os períodos de desenvolvimento da inteligência está no fato de que, em cada um deles, a criança vai adquirindo novos conhecimentos, novas estratégias, de compreensão e interpretação da realidade. Piaget não oferece aos educadores uma didática específica de como desenvolver a inteligência da criança. No entanto mostra que cada fase do desenvolvimento humano apresenta possibilidades e características especificas. 3.3 LINGUAGEM, COMPREENSÃO E FALA SEGUNDO VYGOTSKY Vygotsky, foi professor e pesquisador contemporâneo de Piaget, nasceu e viveu na Rússia, dedicou-se nos campos da pedagogia e psicologia. Partidário da revolução russa sempre acreditou em uma sociedade mais justa sem conflito social e exploração. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico- social. O Psicólogo afirma que a relação entre o pensamento e a fala passa por várias mudanças ao longo da vida do indivíduo. Ainda que tenham origens distintas e se envolverem de modo independente, em certa altura, com à inserção da criança num grupo cultural, o pensamento e a linguagem se encontrarão e darão origem ao modo de funcionamento psicológico mais elaborado, próprio humano. Segundo Vygotsky (2003), a aquisição da linguagem representa um marco no desenvolvimento do homem. Tanto nas crianças quanto nos adultos, o papel principal da fala é o contato social, a comunicação, ou seja, o desenvolvimento da linguagem é incentivado pela necessidade de comunicação. Na medida em que a criança interage e dialoga com os membros mais maduros de sua cultura, ela aprende a utilizar a linguagem como instrumento do pensamento e como meio de 34 comunicação. Nesse momento o pensamento e a linguagem se associam, portanto o pensamento torna-se verbal e a fala racional. Vygotsky (2003), através de seus experimentos, afirmou que fala é anterior à atividade, logo, dirige a ação. Quando a fala se desloca para o inicio da atividade, uma nova relação entre a fala e a ação se estabelece. Sendo assim podemos perceber que, o domínio da linguagem promove mudanças radicais na criança, principalmente no seu modo de relacionar com o seu meio, pois possibilita novas formas de comunicação com os indivíduos e de organização de seu modo de agir e pensar. 3.4 A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS DE HOWARD GARDNER A teoria das inteligências múltiplas foi proposta, na década de 80, por Howard Gardner, psicólogo e pesquisador na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Gardner baseia sua teoria principal na idéia de que as habilidades cognitivas são muito mais diferenciadas e mais específicas do que se cria anteriormente. O autor afirma que o sistema nervoso humano não é um órgão com finalidade única. Acredita que o sistema nervoso seja altamente diferenciado e que distintos centros neurais processem diferentes tipos de informação. Mattos (2005) sustenta que para Gardner, as pessoas tem a capacidade de atuação em pelo menos nove áreas intelectuais. Ele indica que não existem habilidades gerais, não crer na possibilidade de se medir a inteligência através de testes de papel e lápis e dá grande importância a diferentes atuações valorizadas em culturas diversas. Finalmente, ele define inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais. Com relação a educação, a teoria das inteligências múltiplas sugere o desenvolvimento de avaliações que se adéquem às diferentes aptidões os educandos, a criação de um currículos mais característico para cada saber; um ambiente educacional mais variado e amplo. Gardner crítica implacávelmente os testes de QI. É considerado um dos principais pedagogos da atualidade. Para 35 Gardner as pessoas possuem diferentes capacidades, das quais se valem para criar algo, solucionar problemas e produzir bens sociais e culturais, dentro de seu contexto. 3.4.1 A inteligência para Howard Gardner Gardner (1994) estabelece oito critérios, com o objetivo de tornar sua pesquisa científica, pelos quais torna-se possível identificar então. Identificar uma inteligência. Apesar de ter identificado nove diferentes tipos de inteligências, Gardner admite que possam existir outros diversos, desde que estejam de acordo com os critérios que seguem: Isolamento potencial por dano cerebral O primeiro critério estabelecido por Gardner é a observação em seres humanos que sofreram algum tipo de dano cerebral se uma determinada inteligência se manifesta ou não. Em casos de lesões cerebrais é possível que determinada área da mente sejam destruídas isoladamente sem danificar o restante do cérebro. História e Plausibilidade Evolutiva Segundo critério é a interpretação de uma historia evolutiva da inteligência se são identificadas em outras espécies animais. O autor acredita que a pré historia humana pode ter conferido mutações entre espécie que forneceram vantagens cerebrais especificas para a espécie humana. Operação central ou conjunto de operações identificáveis Terceiro critério: observar se uma determinada inteligência possui processamentos deinformação que atendam a um sistema neural especifico, ou seja, observar se ela possui características de funcionamento especificas que a diferencie de outro tipo de inteligência. Suscetibilidade à codificação em um sistema simbólico O quarto critério consiste em: é preciso identificar o sistema de símbolos que representa a valorização e a manifestação de uma determinada inteligência no 36 mundo. Visto que é uma característica da comunicação humana a representação por símbolos. História do desenvolvimento característica aliada a um conjunto definível de desempenhos “ acabados” Quinto criterio: Observar se é possivel uma gradativação na expressão de uma dada inteligencia, ou seja, se é possivel traçar a sua historia evolutina durante o desenvolvimento humano . isto é demostrar que desde o nascimento ate uma idade adulta a inteligenia não só esteve presente como se desenvolveu Existência de idiots savants, prodígios e outros indivíduos excepcionais Sexto criterio: são denominados prodígios um indivíduo extremamente precoce em uma ou mais competência. Idiots Savants, são indivíduos com retardo mental ou excepcionais, até mesmo as crianças autistas, que tenham uma habilidade não desenvolvida ou ainda muitas vezes uma habilidade altamente desenvolvidas. Apoio de tarefas psicológicas experimentais Setimo criterio: deve ser submetida a estudos experimentais para que possa-se indentificar detalhes de seu funcionamento, autonomia ou interdependencia relativa,formas de memoria peculiares a um dado estimulo,maneiras como pode interagir com outras inteligencias. Apoio de achados psicométricos Oitavo e ultimo criterio: interpretar os estudos psicometricos, pois os mesmos contribuem para a indentificação de uma correlação entre uma inteligencia e outra ou o oposto, para indentificar quando não ouver relação entre uma inteligencia e as outras . 3.4.2 Cada uma das inteligências Considerando o resultado de longas pesquisas, Gardner (1994) identificou inicialmente sete faculdades mentais ou inteligências e posteriormente mais duas. Vejamos quais as inteligências propostas por Gardner e como elas se caracterizam. 37 A INTELIGÊNCIA LINGÜÍSTICA A fala começa a ser desenvolvida nos primeiros meses de vida com o balbucio das crianças, mas a linguagem é diferente, ela segue alguns padrões cronológicos até que o indivíduo consiga juntar palavras, montar frases. Quando trabalhada esta inteligência, leva a pessoa a expressar-se com mais clareza utilizando-se da fala e escrita para expressar sua realidade, relacionar-se. Manifesta-se na habilidade para lidar criativamente com as palavras tanto na forma oral como na escrita. INTELIGÊNCIA ESPACIAL A inteligência espacial se manifesta pala capacidade de em se p3erceber formas iguais ou diferentes em objetos apresentados sobre outros ângulos, em identificar o mundo visual com precisão, em efetuar transformações, sobre suas próprias percepções, em imaginar movimentos ou deslocamentos entre parte de uma configuração, em se orientar no espaço e em ser capaz de recriar aspectos da experiência visual, mesmo distante de estímulos INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA A inteligência lógico-matematica se manifesta através da facilidade para o cálculo, na capacidade de se perceber a geometria nos espaços, na satisfação revelada por minutos em criar e solucionar problemas lógicos INTELIGÊNCIA CORPORAL CINESTÉSICA Essa forma de inteligência se manifesta pela capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos utilizando o corpo ou partes do mesmo e seus movimentos de maneira altamente diferenciada e abio, para propósito expressivo. Presente em dançarinos atletas cirurgiões artistas, artesões, instrumentistas e é extremamente marcantes nos grandes mímicos. INTELIGÊNCIA MUSICAL Essa forma de inteligência pode ser facilmente percebida em separado das demais, no caso de algumas crianças autista, que, revelando clara deficiência intrapessoal, e muitas vezes também lingüísticas e espaciais, podem tocar um instrumento maravilhosamente ou executar extraordinárias pinturas e desenhos. 38 INTELIGÊNCIA INTERPERSSOAL A competência básica fundamental deste tipo de inteligência é o talento para compreender os outros fazendo distinções no humor, motivações intenções e sentimentos das outras pessoas. INTELIGÊNCIA INTRAPESSOAL A característica principal deste tipo de inteligência é a facilidade de quem a possui em compreender e identificar as suas próprias emoções e em lidar com elas de forma adequada às várias situações e aos seus objetivos pessoais. INTELIGÊNCIA NATURALISTA Diz respeito à competência para perceber a natureza de maneira integral e sentir processos de acentuada empatia com animais e com as plantas, uma afinidade que pode estender-se a um sentimento ecológico, uma percepção de eco sistemas e habitats INTELIGÊNCIA EXISTENCIA Diz respeito à inteligência para enfrentar as difíceis assuntos sobre a existência humana, como por exemplo questões sobre o significado da vida, sobre a morte e de onde viemos. Fazer perguntas básicas sobre a vida, a morte, o universo. Esse tipo de inteligência está presente, nas ações do cotidiano, valores espirituais e princípios com o objetivo de encontrar paz e a tranqüilidade. Para Howard Gardner a intenção da escola deveria ser o de desenvolver essas inteligências e contribuir para que as pessoas possam alcançar os seus objetivos de ocupação mais apropriados a sua característica peculiar de inteligência. Howard Gardner propõe uma escola centrada no educando, voltada para um entendimento e desenvolvimento do perfil cognitivo do aluno. Howard Gardner (2000, p.45) em seu livro “inteligências múltiplas a teoria na prática” admite a possibilidade da descoberta de novas inteligências, quando questionado 39 sobre o que impediria a descoberta de novas inteligências o autor argumenta da seguinte forma: Uma lista de 700 inteligências seria proibitiva para o teórico e inútil para o praticante. Consequentemente, a teoria das IM (Inteligências Múltiplas) tenta articular apenas um número manejável de inteligências que parecem constituir tipos naturais. De acordo com Mattos (2005), surgem algumas criticas ao autor, quando o mesmo apresenta mais duas “novas” inteligências: naturalística e existencial. Tendo em vista as inúmeras capacidades humanas, por que a escolha arbitrária de algumas delas em detrimento de outras? Se o objetivo era tornar as inteligências manejáveis estando elas em número limitado de modo que o uso prático da teoria possuísse maior eficácia, a adoção de novas inteligências somente dificultaria este processo. Os principais argumentos dos críticos da Teoria segundo Mattos (2005,p24) são: Críticos da Teoria sustentam que o trabalho de Gardner não é novidade – o que ele chama de “inteligências” são basicamente habilidades cuja importância educadores e psicólogos cognitivos sempre reconheceram. Não está bem definida. Alguns críticos se perguntam se o número de “inteligências” vai continuar aumentando – estes teóricos acreditam que noções tais como habilidade corporal/cinestésica ou musical representam aptidões ou talentos individuais e não “inteligências”. Muitos críticos também dizem que a Teoria não possui o rigor e a precisão de uma ciência efetiva. Gardner responde que atualmente é impossível garantir uma lista exaustiva e definitiva de inteligências. É dependente da cultura. A Teoria prevê que a cultura de um indivíduo temum importante papel na determinação de suas inteligências. Críticos afirmam que a inteligência efetiva é revelada quando um indivíduo tem que confrontar uma tarefa estranha em um ambiente estranho. Contraria os Padrões Nacionais. Se a I.M. for adotada amplamente, ficará impossível comparar e classificar as habilidades dos estudantes em diferentes escolas. Não é prática. Educadores confrontados com salas de aula lotadas e com falta de recursos vêm a Teoria das Inteligências Múltiplas como utópica. Mattos (2005) esclarece que teoria de Gardner não pode ser valorizada por seu pioneirismo, pois ele próprio deixa bem claro em sua obra quem são seus precursores, mas por pensar as inteligências múltiplas de uma forma holística e por contemplar um amplo espectro de competências humanas. 40 De acordo com a autora, Gardner contribui na medida em que traz uma inovadora forma de entender a inteligência libertando-a de um padrão limitado, baseado em um modelo unitário da inteligência. Um modelo de inteligências múltiplas promove a exploração de uma vasta gama de atividades mentais. Considerando-se apenas alguns aspectos sobre as crítica à Teoria das Inteligências múltiplas, pôde-se constatar que as questões relativas ao tema são realmente muito complexas para serem analisadas por uma pessoa que não tenha um significativo grau de entendimento na área da psicologia. Ressalta-se que a revisão das críticas é fundamental, pois possibilita uma apreensão mais criteriosa da Teoria de Gardner. Embora o trabalho Gardner venha sofrendo as criticas supracitadas, a teoria das inteligências múltiplas traz inegáveis contribuições para a pedagogia quando propõe derrubar a idéia de uma inteligência única, fechada. A muito a ciência estava impregnada com a idéia da valorização exclusiva da inteligência lógico-matemática que é a tendência de definir o desempenho dos alunos numa única área de conhecimento. Ainda prevalece o hábito de valorizar as habilidades relacionadas às artes e aos esportes apenas nas chamadas atividades extracurriculares. No entanto já era tempo de fazer uso de uma noção de inteligência mais dinâmica. 3.5 OUTRAS PESQUISAS SOBRE AS INTELIGÊNCIAS Goleman (1995) define inteligência emocional como sendo a aptidão de identificarmos os nossos próprios sentimentos e os dos outros, e ainda a capacidade de nos motivarmos e de reger bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos. Para o autor, a inteligência emocional é a grande responsável pela ocorrência do insucesso ou sucesso das pessoas. Como a maioria das situações do dia-a-dia é envolvida por relacionamentos entre as pessoas e, dessa maneira os indivíduos com boas qualidades de relacionamento, como afabilidade, gentileza e compreensão têm maiores chances de obter o sucesso. 41 Segundo o autor, a inteligência emocional pode ser categorizada em cinco habilidades: Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem; Controle Emocional - habilidade de lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida; Auto-Motivação - capacidade de dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal; Reconhecimento de emoções em outras pessoas; Habilidade em relacionamentos interpessoais. As três primeiras habilidades citadas inicialmente são de origem intra-pessoais e as duas finais,são de origem inter-pessoais. As primeiras são tão fundamentais ao autoconhecimento, quanto as finais são em: Organizaçoes de Grupos, habilidade fundamental de liderança, que envolve a ação e organização de esforços de um grupo, como também a habilidade de conseguir dentro do grupo o reconhecimento da liderança e uma cooperação espontânea. Bem como a Negociação de Soluções – que é uma característica forte do mediador, prevenção e resolução de conflitos. Empatia - é a capacidade de, algumas pessoas de identificação e compreensão dos desejos e sentimentos dos outros, reagir de forma apropriada ao interesse comum. E por fim Sensibilidade Social - é a aptidão de identificar os sentimentos e razões das pessoas. Para Goleman (1995) a teoria Howard Gardner contêm uma dimensão de inteligência pessoal que é apontada, mas que no entanto é pouco explorada sobre a função do papel das emoções. De acordo com o autor, Gardner e sua equipe de pesquisa não deram a necessaria atenção em relação aos detalhes do papel do sentimento nas inteligências Múltiplas, concentrando-se muito mais na cognição sobre o sentimento. Para Goleman (1995, p. 52) essa concentração, talvez não tenha sido intencional, no entanto deixa inexplorado a grande variedade de emoções que torna a vida interior e os relacionamentos tão complexos, tão absorventes, e muitas vezes tão desconcertantes “e deixa por sondar tanto o sentido em que há inteligência nas emoções quanto o sentido em que se pode transmitir inteligência às emoções”. 3.5.1 Uma pesquisa brasileira 42 O professor Nilson José Machado, pesquisador brasileiro, professor da USP, propõe a inteligência Pictórica que está associada à capacidade de desenhar, capacidade de representação pelo desenho e extrema sensibilidade pela pintura. Se destacam em pessoas que são capazes de criar personagens que falam por si mesmo, sem com isso terem a necessidade de pronunciar nenhuma palavra. O desenho é uma forma importante de se expressar e é a primeira utilizada pela criança. Vejamos o que Antunes (1998, p.217), afirma sobre a inteligência pictórica: A inteligência pictórica se manifesta pela competência em se expressar ou compreender a linguagem dos signos das cores ou de desenhos. Muito forte em grandes pintores sobre tudo os realistas está presente em cartunistas desenhistas e ilustradores ou especialistas em computação gráfica. Muito ligada à percepção estética. Destaca-se que na criança antes mesmo que a linguagem, escrita lhe seja acessível. Os recursos pictóricos se tornam elementos fundamentais na comunicação e expressão de sentimentos funcionando como um canal muito especial, através do qual as individualidades se revelam ou são construídas expressando ainda muitas vezes, características gerais da personalidade, ou mesmo sintomas dos mais variados desequilíbrios psíquicos. 43 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Consideramos o lúdico um instrumento pedagógico muito importante no currículo escolar. Tendo ele também como forma de estimular o conhecimento e não apenas como relaxamento. Diante disso dispomos a estudar as contribuições do lúdico como estimulo para o desenvolvimento das inteligências múltiplas na Educação infantil, mostrando a relevância que ele tem no desenvolvimento infantil e sua função em sala de aula. Então de que forma o lúdico contribui para a o desenvolvimento das inteligências múltiplas na formação dos educandos? Quando falamos em inteligências múltiplas na educação infantil, falamos na possibilidade de desenvolvimento considerando uma aprendizagem que leve em conta o potencial cognitivo como um todo. Não apenas enfatizando uma ou duas habilidades, mas considerando a pluralidade de perfis cognitivos presente em uma classe escolar de modo que todos os educandos tenham a oportunidade de desenvolvimento mais ampla possível. Não é mais admissível a esperança de alcançar em uma classe de educação infantil uma homogeidade intelectual Cada individuo se desenvolve de uma maneira singular. Uma criança não pode ser tachada de menos inteligente apenas por não se sair tão bem quanto
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