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Apostila de apoio Direito Previdenciário Site Nota 11 Capítulo 1: Introdução ao Direito Previdenciário. Prof. Igor Rodrigues O que são as apostilas de apoio de Direito Previdenciário do Site Nota 11? Trata-se de um material teórico, superobjetivo, que aborda de forma direta e didática os principais pontos sobre cada assunto do Direito Previdenciário, como forma de servir de apoio ao estudo no “ambiente interativo do site Nota 11”, local onde o aluno poderá fixar de vez tais temas, além aprofundar o estudo através de milhares de fichas contendo perguntas e respostas classificadas por dificuldade e forma de abordagem (literalidade, doutrina e jurisprudência). Prof. Igor Rodrigues 1 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Cap.- 1- INTRODUÇÃO E ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO Direito Previdenciário e a literalidade O estudo de Direito Previdenciário, em grande medida, requer um ótimo conhecimento da literalidade da legislação. Isso se deve ao fato de o direito previdenciário ser uma disciplina extremamente técnica. A Previdência Social, para funcionar bem enquanto instituição, depende de regras do jogo muito claras, que possam ser aplicadas por décadas a fio. Disso decorre o fato de poucas situações concretas em direito previdenciário serem solucionadas com suporte exclusivo ou majoritário nos princípios deste ramo do direito. As regras são a categoria normativa mais relevante para a disciplina. Além disso, por ser ramo do direito especializado a partir do Direito Administrativo, o princípio da legalidade estrita tem papel fundamental na organização do Direito Previdenciário. Dessa forma, o estudo do Direito Previdenciário demanda a leitura e compreensão profunda do texto legal. É desnecessário, entretanto, a reprodução fiel dos artigos da Constituição e da legislação ordinária no corpo desta e das demais apostilas da matéria, razão pela qual aconselho o estudante a fazer- se acompanhar sempre do texto legal, consultando-o a todo momento. Nas apostilas, focarei no esclarecimento de conceitos e no resumo das informações mais importantes para uma adequada compreensão da matéria. Bons estudos! Seguridade social - introdução A seguridade social, instituto intimamente ligado aos direitos fundamentais ditos de segunda geração, compreende um conjunto integrado de ações dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. É o que diz o art. 194 da Constituição da República (CR). Dessa forma, a seguridade social é constituída de um tripé, envolvendo Previdência, Saúde e Assistência. Prof. Igor Rodrigues 2 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Esses três ramos possuem um núcleo principiológico comum, entabulado nos artigos 194 e 195 da CR, e aspectos particulares, disciplinados nas Seções II, III e IV desse capítulo da CR. Assim, é requisito do estudo do Direito Previdenciário o estudo dos princípios informadores da Seguridade Social Seguridade Social – objetivos Os objetivos da Seguridade Social, também denominados princípios da Seguridade Social, estão listados no parágrafo único do art. 194 da CR, em seus sete incisos. � Universalidade de Cobertura e Atendimento: Determina que as prestações da seguridade social devem cobrir o maior número possível de riscos sociais e atender a todos. Merece destaque, entretanto, que a universalidade de atendimento não alcança a Previdência Social, já que esta tem como elemento essencial a contributividade, no sentido de que são cobertos pela Previdência aqueles que de fato para ela contribuam. � Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: Cuida-se de um preceito que decorre diretamente do princípio da igualdade. Sua menção específica seria irrelevante, não fosse o fato de, até a edição da Lei 8.213/91, a seguridade social urbana ser distinta da seguridade social rural. Pela sistemática anterior à Constituição de 1988, eram diferentes os benefícios e serviços devidos, conforme fosse o trabalhador enquadrado como urbano ou rurícola. Assim, a CR de 1988 assegura aos rurícolas o mesmo tratamento destinado aos trabalhadores urbanos, vedando distinções não previstas na própria Constituição. � Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços: Trata-se de princípio dirigido essencialmente ao legislador. Com suporte nos riscos e contingências socialmente existentes, deverá a lei selecionar aquelas mais relevantes para incluir no plano de benefícios e serviços. Ainda, pela distributividade, poderá o legislador limitar o acesso a certos benefícios. Um exemplo disso é o salário- família, que é acessível apenas ao segurado de baixa renda. � Irredutibilidade do valor dos benefícios: Cuida-se de previsão que visa assegurar certa manutenção do poder aquisitivo dos beneficiários da seguridade social. Entretanto, tem acepção exclusiva de irredutibilidade nominal. Assim, não há garantia de reajuste dos benefícios da seguridade social em percentual igual ou superior à inflação, mas apenas garantia Prof. Igor Rodrigues 3 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. de que os benefícios concedidos não terão seus valores reduzidos. A Previdência Social, sob esse aspecto, conta com um princípio que determina a garantia da manutenção do valor real dos benefícios, que oportunamente será estudado. � Equidade na forma de participação e custeio: Trata-se de princípio mais vinculado à parte arrecadatória (tributária). Determina que cada um participe no custeio da seguridade social na medida de suas possibilidades, razão pela qual, por exemplo, empregadores são tributados em alíquota superior a empregados, e pela qual empregados com salário mais baixo possuem alíquota inferior àqueles com salários mais altos. � Diversidade na base de financiamento: É princípio que se alinha com o anterior, determinado, em homenagem à solidariedade, que todos participem do custeio da seguridade. Isso acaba se refletindo de forma bastante clara no art. 195 da CR, o qual prevê a contribuição para financiamento da seguridade social por parte de todos os entes federados, do empregador, do empregado, do importador, etc. � Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados: Trata-se de objetivo que determina que a sociedade como um todo esteja envolvida na administração dos sistemas de seguridade social, nos quatro papeis elencados (trabalhadores, empregadores, aposentados e governo). Na legislação ordinária, o respeito a esse princípio é verificado na Assistência (arts. 16 e 17 da Lei 8.742/93), na Previdência (art. 3º da Lei 8.213/91) ena Saúde (art 1º da Lei 8.142/90). Além de estabelecer esses objetivos para a Seguridade Social, a Constituição, no art. 195, estabelece regras tributárias e econômicas que permeiam os três pilares da Seguridade. Seguridade Social - regras constitucionais diversas O art. 195 da CR trata especialmente do financiamento da Seguridade Social, anunciando no caput ser isto responsabilidade de toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos orçamentários de União, Estados, Municípios e Distrito Federal e das contribuições sociais listadas nos incisos I a IV desse artigo. As contribuições sociais em si representam espécie de tributo, merecendo análise detalhada durante o estudo de Direito Tributário, Prof. Igor Rodrigues 4 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. mas os parágrafos do art. 195 da CR instituem algumas regras e princípios de destaque obrigatório nesta apostila. O parágrafo 5º estabelece a regra de que nenhum benefício ou serviço da seguridade social será criado, majorado ou estendido sem correspondente fonte de custeio total. Trata-se de regra que impõe ao legislador responsabilidade financeira e atuarial, indicando sempre a origem dos recursos para pagamento de qualquer novo benefício ou serviço (ou alteração de benefícios e serviços já existentes que impliquem majoração de gastos). Essa regra impede a criação de benefícios por analogia (usualmente), ou a aplicação retroativa de leis novas que majorem benefícios (salvo se isto estiver especificamente previsto na lei e esta indique a origem dos recursos para tal). Na jurisprudência constitucional, foi a aplicação dessa regra que impediu que a majoração do benefício de pensão por morte de 80% para 100% do salário-de-benefício ocorrida com a Lei 9.032/95 fosse aplicável aos benefícios instituídos antes da data da entrada em vigor dessa lei, conforme se observa da leitura do acórdão do Recurso Extraordinário 415.454 (julgado em 08/02/2007), leading case da matéria. Além dessa regra, também deve ser destacado o parágrafo 8º do art. 195 da CR, o qual trata do segurado especial e da sua forma de contribuição. Especificamente, dispõe essa norma que o segurado especial (produtor, parceiro, meeiro e arrendatário rural e pescador artesanal, além de seu núcleo familiar que trabalhe em regime de economia familiar) contribuirá para a Seguridade Social através de alíquota sobre o resultado da comercialização de seus produtos. A partir da compreensão dessa norma é possível afirmar que, ao contrário do que usualmente se afirma acerca do segurado especial, este também contribui para o custeio da Seguridade Social, ainda que de forma distinta dos demais trabalhadores. Do artigo 195, esses são os elementos mais relevantes para a matéria de Direito Previdenciário, relegando-se as demais normas ao estudo do Direito Tributário. É possível, neste momento, passar ao estudo dos elementos constitucionais de Direito Previdenciário. Prof. Igor Rodrigues 5 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Previdência Social –introdução e localização constitucional da matéria A Previdência Social, ramo da Seguridade Social, é um dos direitos sociais assegurados pelo art. 6º da Constituição. Tem por objetivo, em uma análise bastante superficial, a cobertura de determinados riscos sociais, de forma que, ocorrendo o evento danoso, não esteja a “vítima” completamente desamparada. Trata-se, nesse sentido, de um verdadeiro seguro estabelecido de forma compulsória como forma de minimizar os efeitos de riscos sociais elencados pelo legislador. Daí o nome da autarquia que administra a concessão de benefícios previdenciários ser Instituto Nacional do SEGURO Social. A Previdência pode ser organizada e implementada diretamente pelo Estado ou pelo setor privado. A forma privada da previdência está disciplinada pelo art. 202 da CR, de forma complementar à previdência pública. Por sua vez, a previdência pública tem sede constitucional em dois dispositivos da CR. O art. 201 trata do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), do qual fazem parte todos os trabalhadores da iniciativa privada, além daqueles detentores de emprego público. Além disso, há uma espécie de servidor público stricto sensu que é filiado também ao RGPS. Já o art. 40 da CR trata da Previdência dos servidores públicos estatutários. São os chamados Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). Diz-se regimeS, no plural, pelo fato de cada ente da Federação (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) ter a faculdade de criar seu próprio Regime de Previdência para seus servidores. Logo, existe o RPPS dos servidores públicos federais, o RPPS dos servidores públicos estaduais do Estado do Rio Grande do Sul, o RPPS do servidores públicos municipais do Município de Porto Alegre, e assim sucessivamente, cada um com benefícios e regras próprias. Usualmente, concursos públicos que exigem Direito Previdenciário cobram o conhecimento do RGPS, razão pela qual o foco do presente curso será o art. 201 da CR e a Lei 8.213/91. O RPPS e a Previdência Privada são tangencialmente mencionados nas fichas de estudo e, futuramente, serão incorporados de forma mais completa no módulo de Direito Previdenciário, a fim de complementar o estudo do aluno. Prof. Igor Rodrigues 6 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Previdência Social (RGPS) – aspectos constitucionais Passando, enfim, para a análise da disciplina constitucional da Previdência Social, no que diz com o RGPS, é merecedor de detida análise o art. 201 da CR. Trata-se de artigo extenso, que além de dar linhas gerais ao legislador acerca dos requisitos mínimos do RGPS, traz regras bastante específicas e diversas. Em qualquer hipótese, nenhum estudo de Direito Previdenciário para fins de concursos públicos pode deixar de incluir a memorização do art. 201. Através dele, diversas questões disciplinadas em lei são facilmente resolvidas pelo candidato. Caracterização do RGPS O caput do art. 201 determina que o RGPS terá caráter contributivo e sua filiação será obrigatória. É dizer, diversamente do que ocorre com as outras duas facções da Seguridade Social, o acesso ao RGPS depende fundamentalmente de contribuição do segurado. Além disso, a adesão ao sistema, como regra, não é opção do segurado, sendo determinada em função da atividade por ele exercida. Além disso, a norma em apreço obriga o legislador a observar critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema, o que é de fundamental importância. Riscos cobertos Os incisos I a V do art. 201 elencam os riscos que o RGPS deverá obrigatoriamente cobrir. Essa relação não impede que o legislador venha a determinar a cobertura de outros riscos sociais, mas os aí referidos constituem o mínimo existencial daproteção previdenciária brasileira. Os riscos escolhidos pelo legislador constitucional são: � Doença, invalidez, morte e idade avançada:cobertos, respectivamente, pelo auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e aposentadoria por idade; � Proteção à maternidade, especialmente à gestante:a proteção previdenciária, no caso, é efetuada através do salário- maternidade; � Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário:trata-se de proteção alcançada pelo Seguro- Desemprego, sendo relevante destacar que apenas o desemprego involuntário é considerado risco social e que este é Prof. Igor Rodrigues 7 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. o único benefício previdenciário mantido por entidade distinta do INSS, no caso, o Ministério do Trabalho e Emprego; � Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda: importante destacar que esses benefícios são devidos unicamente a dependentes do segurado de baixa renda, sendo considerado a renda do segurado, conforme decidiu o STF no RE 587.365 (com repercussão geral); � Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes: aqui aparentemente a constituição repetiu proteção já assegurada no primeiro inciso. Entretanto, veja-se que determinou expressamente que não apenas o cônjuge, mas também o companheiro seria considerado dependente para fins de recebimento desse benefício, ampliando, assim, o espectro de proteção da união estável (equiparada ao casamento pelo art. 226 da CR). Esses são, portanto, os riscos sociais mínimos que devem ser protegidos pelo RGPS. Instituição de critérios e requisitos diferenciados para concessão de aposentadoria O parágrafo primeiro do art. 201 institui uma regra de prima pela isonomia (art. 5º, I, da CR), ao vedar a instituição de requisitos e critérios diferenciados para concessão de aposentadoria. Assim, a lei não poderá, por exemplo, criar aposentadorias mais benéficas para certas classes de trabalhadores em detrimento a outras, à exceção do que já consta na Constituição. As primeiras duas exceções já são inseridas no próprio parágrafo primeiro. Uma delas é a concessão de aposentadoria especial àqueles que trabalhem em condições que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Essa aposentadoria está prevista no art. 56 e seguintes da Lei 8.213/91, sendo estudada em capítulo próprio. Outra exceção é a instituição de critérios diferenciados para segurados portadores de deficiência, conforme lei complementar. A lei complementar, no caso, é a de número 142/2013, que criou redutores no tempo de contribuição para pessoas com deficiência, o que será analisado também em capítulo próprio. Prof. Igor Rodrigues 8 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Outros exemplos de critérios e requisitos diferenciados podem ser encontrados na própria constituição, como, por exemplo, a redução em 5 anos no tempo e na idade para aposentadoria da mulher (parágrafo 7º do art. 201 da CR) e a redução em 5 anos no tempo para aposentadoria do professor (parágrafo 8º do art. 201 da CR). Além das exceções previstas na Constituição, nenhuma outra poderá ser criada. Valor mínimo do benefício previdenciário que substitua a remuneração do segurado O parágrafo 2º do art. 201 estabelece importante regra de que qualquer benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado não poderá ter valor inferior ao salário mínimo. É relevante essa disposição pelo fato de não existir atrelamento entre o valor do benefício previdenciário e o número de salários mínimos a que ele equivale quando da concessão. Assim, é possível que o salário mínimo seja reajustado em percentual superior aos beneficios previdenciários. Com a regra em comento, assegura-se que mesmo que por algum reajuste do salário mínimo um benefício previdenciário acabe com valor inferior a este, esse valor mínimo será assegurado. Trata-se, é bom dizer, de situação bastante comum, considerando a política de valorização do salário mínimo vigente desde meados da década de noventa, através da qual busca-se sempre reajustar o salário mínimo em valor superior à inflação. Outro aspecto que deve ser destacado é que essa regra incide apenas para benefícios que substituem a remuneração do segurado. Dessa forma, benefícios como o auxílio-acidente e o salário-família, que são percebidos em conjunto com a remuneração, podem ter valor inferior ao salário mínimo. Atualização obrigatória dos salários-de-contribuição A regra do parágrafo terceiro do art. 201 da CR determina que todos os salários-de-contribuição do segurado sejam atualizados por ocasião da concessão do benefício. Cuida-se de dispositivo de suma importância, já que, usualmente, o cálculo do benefício previdenciário considerará os salários-de- contribuição (isso é, a base de cálculo da contribuição previdenciária) de todo o histórico laboral do segurado. Prof. Igor Rodrigues 9 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Manutenção do valor real dos benefícios O parágrafo quarto do art. 201 da CR garante o reajustamento dos benefícios previdenciários para que seja mantido seu valor real. Isso quer dizer que para a Previdência Social não é aplicado apenas a garantia da irredutibilidade do valor nominal existente para os benefícios da Seguridade Social, indo além dessa disposição do art. 194 da CR. Merece destaque, entretanto, que o reajuste aqui mencionado depende sempre de lei. Analisando a questão o STF decidiu não assistir aos segurados o direito de automático reajuste por este ou aquele índice inflacionário. Por todos, cita-se o AI 668.444-AgR, julgado em 13/11/2007. Impossibilidade de adesão facultativa ao RGPS de segurado de RPPS O parágrado quinto do art. 201 da CR impede que servidor público efetivo, integrante de RPPS, venha a aderir ao RGPS na condição de segurado facultativo. Veja-se, por oportuno, que caso o integrante de RPPS exerça também atividade de filiação obrigatória ao RGPS, será também considerado filiado a este regime. Exemplificativamente, um médico que seja servidor público efetivo da União, concursado, será integrante do RPPS da União. Caso venha a manter vínculo concomitante com um hospital particular, na condição de empregado, será também vinculado ao RGPS, contribuindo normalmente para esse regime. Gratificação Natalina O parágrafo sexto do art. 201 da CR alcança aos segurados do RGPS a gratificação natalina, observando que esta terá por base os proventos do mês de dezembro. Aposentadorias por tempo de contribuição e por idade O parágrafo 7º do artigo em análise estabelece que no RGPS terá direito a : � aposentadoria por tempo de contribuição: segurado com trinta e cinco anosde contribuição ou segurada com trinta anos de contribuição; Prof. Igor Rodrigues 10 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. � aposentadoria por idade: segurado com sessenta e cinco anos ou segurada com sessenta anos. No caso de segurado especial, esses limites são reduzidos em cinco anos. É relevante observar que os critérios acima (presentes nos incisos I e II do §7º) são independentes, inexistindo no Brasil requisito mínimo de idade para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Aposentadoria de professor O parágrafo 8º do art. 201 da CR estabelece que o professor que comprove atividade exclusiva de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio poderá se aposentar por tempo de contribuição com cinco anos a menos do que o considerado para os demais segurados. Assim, os limites do parágrafo 7º, para o professor, são de 30 anos de contribuição para homem, e 25 anos de contribuição para mulher. Contagem recíproca O parágrafo 9º do art. 201 da CR assegura a contagem recíproca de tempo de contribuição entre os diversos regimes de Previdêcia Social. Assim, um segurado que tenha por parte de seu histórico laboral trabalhado na iniciativa privada, e posteriormente assuma um cargo público de filiação junto ao RPPS poderá carregar seu tempo de RGPS para fins de aposentadoria no RPPS. Trata-se de disposição aplicável não apenas entre RPPS e RGPS, mas também entre Regimes Próprios de Previdência Social distintos. A norma em comento, ademais, afirma que nos casos de benefícios concedidos com contagem recíproca os regimes previdenciários compensar-se-ão mutuamente. Exemplificativamente, imagine-se umasegurada que, após 20 anos como servidora pública federal de cargo efetivo (RPPS), peça exoneração para exercer atividade na iniciativa privada (RGPS). Ao completar 10 anos de vínculo com o RGPS, poderá essa segurada solicitar aposentadoria por tempo de contribuição, já que alcançou 30 anos de atividade. Caso seu benefício, calculado pelo RGPS, tenha valor de R$ 3.000,00, o INSS efetuará o pagamento, mas mensalmente cobrará do RPPS de origem a quantia de R$ 2.000,00, já que 2/3 do tempo considerado para a aposentadoria dessa pessoa foi cumprido no RPPS (o qual reteve as contribuições previdenciárias). Prof. Igor Rodrigues 11 Este material é privativo dos que colaboram para a democratização do ensino de qualidade, assinando o site www.NOTA11.com.br. Caso você não seja um usuário e esteja disseminando ou tendo acesso a este material, saiba que está contribuindo para naufragar projetos que disponibilizam um conteúdo de qualidade por um baixo custo de aquisição. Cobertura dos riscos de acidente do trabalho O parágrafo décimo do art. 201 estabelece que a lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, e que seu atendimento caberá, concorrentemente, ao RGPS e ao setor privado. Inclusão dos ganhos habituais no salário-de-contribuição O parágrafo onze do artigo ora analisado determina que os ganhos habituais do segurado serão incorporados ao salário-de-contribuição. Tal norma garante que aquilo que o segurado habitualmente auferiu durante seu histórico laboral será levado em consideração para fins de cálculo do valor do benefíco (e, obviamente, do valor de suas contribuições previdenciárias). Regime de contribuição diferenciado Por fim, os parágrafos 12 e 13 do art. 201 da CR determinam ao legislador a instituição, por lei, de um sistema especial de inclusão previdenciária para trabalhadores de baixa renda e para pessoas que, sem renda, se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que de baixa renda (“do lar”). Para essas pessoas, necessariamente de baixa renda, será concedido benefício igual ao salário mínimo. Ademais, o referido sistema deverá contar com alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do RGPS. Esses parágrafos foram acrescentados pela Emenda Constitucional 47, de 2005. Em 2011, com o advento da Lei 12.470/2011, foi inserido o §2º ao art. 21 da Lei 8.212/91 (Lei de Custeio), prevendo que o microempreendedor individual de baixa renda (art. 18-A da Lei Complementar 123) e o segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente a trabalho doméstico no âmbito de sua residência e pertença a família de baixa renda, poderão ingressar para o RGPS mediante contribuição equivalente a 5% do salário mínimo, em oposição aos 20% sobre o valor total auferido no mês, estabelecido para os contribuintes individuais e segurados facultativos “normais”. Importante observar, contudo, que caso optem pelo pagamento da alíquota reduzida, seus benefícios serão concedidos com valor equivalente ao salário mínimo, e não terão direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.
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