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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DISCIPLINA: Teorias da história ACADÊMICA: Janaine Moreira dos Santos SÍNTESE A PARTIR DOS TEXTOS DISCUTIDOS EM SALA DE AULA E TEXTOS DE APOIO: INTRODUÇÂO: Para FUNARI e SILVA “a teoria da história é uma área de pesquisa e de reflexão paradoxal. Disciplina obrigatória nos cursos universitários de história”1uma vez que devemos atribuir a disciplina de teorias como sendo a base principal para a escrita histórica. Ainda de acordo com FUNARI e SILVA, a disciplina de teorias relaciona-se com várias áreas de conhecimento das ciências humanas, não há como negar ao longo dos tempos que sociólogos, etnólogos, antropólogos e principalmente filósofos dela se tem apoderado para estabelecer interpretações acerca da sociedade e suas transformações. A História foi algo que sempre permeou as linhas do tempo das sociedades, o que devemos levar em, consideração foi sua forma de ser vista, analisada, interpretada e por fim contada. Um primeiro “pai da história” a ser relembrado é Heródoto o qual pode ser tido como o primeiro historiador antigo. Assim é bem longa a História da História e para conceber uma síntese de como ela chegou a sua metodologia atual, estabeleci com base em alguns autores uma síntese desde da concepção do historismo de Leopold Von Ranke até as questão das mentalidades e as propostas atuais historiográficas que serem discutidas nas linhas a baixos. CONVERSANDO COM AS OBRAS: Leopolde Von Ranke é considerado o “pai da ciência Historia” . O historiador Sergio 1 FUNARI, Pedro Paulo Abreu; SILVA, Glaydson José da. Teorias da História. São Paulo: Brasiliense, 2008. p.9. Buarque de Holanda2 no artigo “O atual e o inatual na obra de Leopold Von Ranke” nos apresenta algumas contribuições de Ranke para a teoria histórica. Ranke faz parte do período chamado de “historismo”, no qual o autor buscava entender a história em primeiro momento como uma ciência a qual conceberia um “único” e a partir deste ponto novos caminhos posteriores seriam desvendados, mas não caminhos filosóficos uma vez que em seus comentários acerca do autor HOLANDA deixa claro a distancia de Ranke a propostas filosóficas. Outros dois autores que contribuíram em muito para a história e são considerados os criadores do método são os renomados Langlois e Seignobos. A obra visitada dos autores para compreender uma partícula de suas contribuições para a história foi a mais famosa “Introdução aos estudos históricos”3 . Langlois e Seignobos apesar cometerem o deslize de afirmarem ao seu tempo uma importância muito grande aos documentos oficiais nos possibilitam compreender que para escrever e produzir história não se trata apenas de relatar os fatos tal qual fazia Heródoto nos seus tempos. A cronica continua fazendo parte da questão da história mais ela em si não pode ser aceita mais como uma verdade absoluta, é precisa estabelecer-se regras e formas para que se estruture algo baseado em fontes. Outro ponto interessante a ser apresentada com base na leitura dos autores é que involuntariamente ou talvez proposital eles começaram a enfatizar a importância de estabelecer locais para armazenas e preservar uma documentação. É claro que a afirmação por eles concebida “onde não há documentos não há história” é ainda por nós usada mas o que ocorreu de mudanças foi o leque de possibilidades de fontes, não consideramos mais apenas os documentos oficiais as fontes se ampliaram assim como os métodos se modificaram, mas não devemos esquecer da importância dos autores, mesmo que para muitos eles sejam criticados destrutivamente. È importante destacar também a importância num período um pouco posterior de François Simiand, o qual estrutura um método histórico e celebra a ciência social. Na obra “Método histórico y ciência social”4 Simiand traz a preocupação de como o método se manifesta na sua rivalidade e conflitos que se estabelecem entre história tradicional e história social, define a ciência social como a que estuda os fenômenos sociais que caracterizam o 2 HOLANDA, Sergio Buarque de. O atual e o inatual na obra de Leopold Von Ranke. Revista de história, Volume L, ano XXV, nº 100, outubro-dezembro, 1974. 3 LANGLOIS, Ch. V.;SEIGNOBOS, Ch. Introdução aos estudos históricos. (tradução: Laerte de Almeida Morais); São Paulo: Renascença, 1946. 4 SIMIAND, François. Método histórico y ciencia social. Empiria. Revista de Metodología de Ciencias Sociales. Nº. 6, 2003. pp. 163-202. homem na sociedade; estes são interpretados de acordo com a vontade do investigador e suas próprias formas de trabalhar com o objeto. Opõem-se a Seignobos quando apresenta as perspectivas sobre objetivo e psicológico, para Simiand eles de nada são sinônimos como é atribuído por Seignobos mas se opõem e em nenhum momento são idênticos. O que Simiand busca é uma crítica a constituição dos feitos humanos e metodologias da história tradicional, e nos propõem a celebração das ciências sociais e positivas. Questiona a afirmação de que “a história é uma ciência que estuda o passado” e também faz apontamentos sobre a cronologia; para o autor a “história estuda todos os feitos de todo o gênero humano em uma sociedade”.O ponto central na contribuição grandiosa de Simiand esta no fato do grande embate em que esteve a sociologia tentando afirmar-se e e a história tradicional, afim de estabelecer entre ambas possíveis semelhanças e diferenças utilizando-se de um mesmo método epistemológico. Dando um pequeno salto é interessante compreender o Lucien Febvre e March Bloch, vão proporcionar a historiografia, entender as constantes modificações que ocorreram na questão da história com a concepção de uma revista “Os Annales”. E maravilhoso compreender aonde esta toda a inspiração de Febvre quando se trata de falar de história, em seu livro “Combates pela História”5, o autor deixa evidente sua paixão pela área e evidencia que o próprio titulo de seu ensaio deveu-se aos combates em que travou a vida toda pela disciplina histórica e pela historia em si. Febvre, compreende que a história precisa de novos ajustes, e que precisa de um objeto de estudo, pois das várias formas que a tentavam defini-la a definiam pelo seu material, o que o autor argumenta é que a história deve ser feita além das simplicidades dos papéis, criticando desse modo a falta de empirismo por parte dos historiadores. Febvre queria que a história fosse um fazer brotar água do deserto, forçar as investigações e fazer nascer novos proposições, não é apenas descrever os fatos, mas procurar dentro destes aquilo que é válido. Condenava a questão do amontoamento de fatos, compreendendo que é necessário colher fontes, mas mais importante ainda era analisar. Delegava-se contra uma imobilidade e defendia uma “história ciência do homem, ciência do passado do humano”, uma história humana não de fatos e coisas, a história se constituiria de fatos humanos “ testemunhos de uma história viva e humana”. Após a celebração da 1ª geração dos Annales celebrada com FEBVRE e BLOCH, nada voltou para atrás na historiografia apenas houveram mudanças e autores que contribuíram para que esta se estabelece-se como a afrontamos atualmente. 5 FEBVRE, Lucien. Combates pela história. Lisboa: editorial Presença, 1989. p. 7-41. Um dos autores que pode ser citado na segunda geração dos Annales é Fernand Braudel, o qual estabeleceu entre geografia e história uma aproximação, quando escreve “O mediterrâneo”, mas não é esse o trabalho do qual fareimenção mas sim “História e Ciências sociais”6 no qual o autor apresenta para nós a luta em que as ciências humanas se encontram tentando estabelecer métodos, objetivos e superioridades na tentativa de evidenciar seus domínios. Parte da questão da temporalidade, no estabelecimento da divisão dos tempos breves, dos acontecimentos e tempo longo delimita aos tempos quais são as atividades humanas as quais encaixam-se. Em fim encontramos quase no nosso tempo historiográfico, pois vez ou outro nos deliciamos com autores da terceira geração dos Annales em nosso trabalhos acadêmicos. Um dos autores aos quais muitas vezes ouvimos falar e contribui até nossos dias para a historiografia é Michel Foucault, são várias as abordagens e vários os temas dos quais ele nos é importante, como na questão da discursividade abordada por ele em “Arqueologia do saber”7 , na obra Foucault se configura e pretende abordar o discurso como se ele fosse uma junção, ou seja, para que se estabeleça um método de investigação é preciso visitar diversas áreas do conhecimento e saberes e permitir utilizar diversos instrumentos diferentes para compreender o objeto. Michel de Certeau no texto “A operação histórica” da Obra organizada por Pierre Nora e Le Goff “História: novos problemas”8 , o autor trabalha com a questão da particularidade a qual domina as investigações históricas. Argumenta a questão da utilização do discurso histórico e fala do conjunto de práticas, onde a pesquisa histórica se constitui da junção de vários elementos que são dependentes um do outro, pois para o autor uma obra de valor na história seria aquela que possibilita extrair novas pesquisas de suas conceitualizações. Outro conceito que devemos levar em conta na terceira geração dos Annales são as “mentalidades”, abordadas por vários autores e entre eles Jacques Le Goff quando escreve o capítulo “As mentalidades” na obra organizada pelo próprio autor e por Pierre Nora “História: novos objetos”9, o autor possibilita uma compreensão das mentalidades e as apresenta em alguns momentos da história como as cruzadas(mentalidade religiosa), o feudalismo(mentalidade medieval), entre outras. Parte da questão de que o historiador das 6 BRAUDEL, Fernand. História e ciências sociais. Lisboa: Editora Presença, 1981. p. 7-39. 7 FOCAULT, Michel. A arqueologia do Saber. (tradução: Luiz Felipe Baeta Neves). 7 ed. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2008. p. 1-20. 8 CERTEAU, Michel de. A operação Histórica. In.: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos problemas. 2 ed. Tradução: Theo Santiago. Rio de Janeiro: F Alves, 1979. p. 17-48 9 LE GOFF, Jacques. As mentalidades. In.: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos objetos. Tradução: Terezinha Marinho. Rio de Janeiro: F. Alves, 1976. p. 69-83. mentalidades aproxima-se do etnólogo, por buscar um nível mais imóvel e estável da sociedade, do sociólogo pois precisa aproximar-se do coletivo e também com a psicologia social a qual encontra-se de certa forma com a historia quantitativa. Argumenta por fim que a história das mentalidades não pode ser feita se não for ligada a sistemas culturais, crenças, valores. História das mentalidades até nosso momento praticamos, o que acontece em nosso momento é que agora estamos em tempo da Nova história Cultural. Mas sim fazemos ainda encarecidamente história das mentalidades, quando falamos de crenças, valores, tradições. CONCLUSÃO: As questões abordadas pela teoria da história são a base do nosso conhecimento epistemológico da historiografia. Não devemos esquecer que ela tem uma trajetória, e que esta esta ligada a várias correntes vários pensamentos. Compreender como cada período doou a partir de seus pensadores contribuições é importante. Entender que o método e as formas utilizadas hoje pelos historiadores foram constituídas ao longo de um tempo e que foram moldando-se. Constrói-se um texto sobre outro. Uma obra não se constitui sozinha ela precisa de braços e pernas para se locomover. Assim é a história com a teoria, a teoria constitui os braços e pernas da história. Pesquisas e mais pesquisas são constituídos, mas sempre haverá um não dito para ser analisado. REFERÊNCIAS: • FUNARI, Pedro Paulo Abreu; SILVA, Glaydson José da. Teorias da História. São Paulo: Brasiliense, 2008. p.9. • HOLANDA, Sérgio Buarque de. O atual e o inatual na obra de Leopold Von Ranke. Revista de História. Volume L, ano XXV, nº 100, outubro-dezembro, 1974. • LANGLOIS, Ch. V.;SEIGNOBOS, Ch. Introdução aos estudos históricos. (tradução: Laerte de Almeida Morais); São Paulo: Renascença, 1946. • SIMIAND, François. Método histórico y ciencia social. Empiria. Revista de Metodología de Ciencias Sociales. Nº. 6, 2003. pp. 163-202. • FEBVRE, Lucien. Combates pela história. Lisboa: editorial Presença, 1989. p. 7-41. • BRAUDEL, Fernand. História e ciências sociais. Lisboa: Editora Presença, 1981. p. 7-39. • FOCAULT, Michel. A arqueologia do Saber. (tradução: Luiz Felipe Baeta Neves). 7 ed. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2008. p. 1-20. • CERTEAU, Michel de. A operação Histórica. In.: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos problemas. 2 ed. Tradução: Theo Santiago. Rio de Janeiro: F Alves, 1979. p. 17-48 • LE GOFF, Jacques. As mentalidades. In.: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos objetos. Tradução: Terezinha Marinho. Rio de Janeiro: F. Alves, 1976. p. 69-83.
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