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Como o Livre Mercado enriquece a classe trabalhadora

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Nos primeiros dias do capitalismo, houve um êxodo em massa do campo às fábricas. 
Ninguém forçou as massas trabalharem nelas; elas o fizeram porque o trabalho nas fábricas 
eram melhores e mais rentáveis que outras alternativas: dezesseis horas por dia de trabalho 
agrícola exaustivo por menos dinheiro. Ou a mendicância, a prostituição, o crime e a fome. 
Como Ludwig von Mises explicou em Ação Humana (pg.626).:
Os proprietários das fábricas não tinham poderes para obrigar ninguém a aceitar um 
emprego nas suas empresas. Podiam apenas contratar pessoas que quisessem trabalhar 
pelos salários que lhes eram oferecidos. Mesmo que esses salários fossem baixos, eram 
ainda assim muito mais do que aqueles indigentes poderiam ganhar em qualquer outro 
lugar. É uma distorção dos fatos dizer que as fábricas arrancaram as donas de casa de seus 
lares ou as crianças de seus brinquedos. Essas mulheres não tinham como alimentar os seus 
filhos. Essas crianças estavam carentes e famintas. Seu único refúgio era a fábrica; 
salvou-as, no estrito senso do termo, de morrer de fome.
O mesmo pode ser dito das condições em alguns dos países mais pobres atualmente. 
Sindicatos que reclamam das sweatshops [1] e do “trabalho infantil” não estão preocupados 
com o bem-estar das crianças do Terceiro Mundo. Muito pelo contrário — eles as enxergam 
como competição pelo trabalho sindicalizado e querem todas elas tiradas do mercado de 
trabalho para serem jogadas às ruas. Acadêmicos e sacerdotes que auxiliam sindicatos nessas 
cruzadas são vistos pelos líderes sindicais como idiotas úteis.
Assim que o livre mercado se desenvolveu, houve um aumento inevitável dos salários, graças 
principalmente ao investimento de capital pelos empresários. O aumento da qualificação, 
educação e experiência por parte dos próprios trabalhadores (ou seja, o desenvolvimento do 
capital humano) tornou-os mais valiosos para os empregadores, fazendo-os mais produtivos 
e, consequentemente, aumentando os salários, porém este é um processo lento e gradual. O 
investimento de capital, por outro lado, é capaz de produzir saltos muito maiores de 
produtividade. Pense na produtividade de um trabalhador agrícola que cultiva um campo com 
um par de cavalos em comparação com alguém que realiza a mesma tarefa em um trator. Ele 
não é um trabalho mais qualificado ou difícil, porém é infinitamente mais produtivo em 
termos de acres lavrados por dia.
Quando o investimento de capital aumenta a produtividade do trabalhador, isso significa 
mais lucros para os capitalistas que competem pelo trabalho mais qualificado. Eles devem 
pagar mais ou arriscar-se a perdê-los para outros empregadores — perdendo os rendimentos 
que eles poderiam ajudar a gerar também. Sob o livre mercado, há uma forte correlação entre 
crescimento da produtividade do trabalho e o crescimento dos salários.
Além de ser responsável por salários mais altos, o livre mercado produz mercadorias mais 
baratas, produtos em maior quantidade e melhores em qualidade tudo graças ao processo de 
competição. A redução dos preços dá aos trabalhadores um aumento salarial ainda maior com 
a qual eles podem comprar a variedade crescente de produtos e serviços produzidos pelo livre 
mercado, melhorando assim seu padrão de vida.
Nada beneficia “as massas” economicamente mais e melhor que o crescimento do livre 
mercado, pois capitalistas sempre entenderam que o caminho para se tornar realmente rico é 
proporcionar mais valor a preços mais baixos para a maior quantidade de clientes possível. 
Assim sendo, produtos como carros e geladeiras que eram, no começo, posse exclusiva dos 
mais ricos, logo se tornaram disponíveis para todos.
O crescimento da produtividade estimulada pelo investimento de capital também é 
responsável pela redução da jornada de trabalho. A única maneira dos trabalhadores poderem 
trabalhar menos e receber mais foi sendo mais produtivos, ou seja, produzindo mais 
rendimentos por hora ou por semana para os seus empregadores. O investimento em capital 
humano desempenha um papel aqui, porém o mesmo ocorre com o investimento de capital e 
risco tomado pelos empresários. Em grande parte graças ao investimento de capital, a jornada 
de trabalho nos Estados Unidos é cerca de metade do que era no início daquilo que 
historiadores econômicos chamam de “a segunda revolução industrial”, no final da Guerra 
Civil Americana (1865). A jornada de trabalho menor é o resultado do livre mercado e não a 
criação de lobby pelos sindicatos ou pela legislação federal que só codificou aquilo que já 
existia.
O livre mercado também é responsável pelo fim do trabalho infantil. Jovens originalmente 
trabalhavam em fábricas (e ainda hoje, em muitas partes do mundo) por uma necessidade 
econômica, pois as alternativas disponíveis eram o crime, a prostituição, a mendicância ou a 
desnutrição. Como os trabalhadores tornaram-se mais produtivos e mais bem pagos, graças 
ao livre mercado, eles se tornaram capazes de tirar seus filhos das fábricas e mandá-los à 
escola. A legislação que proíbe o trabalho infantil somente codificou o que o livre mercado já 
tinha arduamente trabalhado para abolir. Além disso, essa legislação era geralmente 
inspirada por sindicatos que queriam retirar jovens que competiam com o trabalho sindical. 
Este tipo de legislação sobre o “trabalho infantil” foi concebido para prejudicar as crianças, 
privando-os e suas famílias de oportunidades econômicas que eles tão desesperadamente 
necessitam (e precisam).
O livre mercado também fez com que o local de trabalho ficasse mais seguro. Em postos de 
trabalho relativamente “perigosos”, extenuantes ou sujos, empregadores pagam um adicional 
salarial porque relativamente poucas pessoas aceitam essas ocupações. Economistas chamam 
isso de “diferença compensatória”. O indivíduo que anda no lado de fora do caminhão de lixo 
de madrugada, no inverno, faz isso porque ganha um salário – melhor do que qualquer 
daquelas alternativas. Capitalistas em busca de lucro sempre entenderam que precisavam 
pagar mais para fazer as pessoas a realizarem trabalhos de risco ou perigosos. Portanto, eles 
sempre entenderam que havia mais lucro ao deixar os locais de trabalho mais seguros. Um 
local de trabalho mais seguro requer uma diferença compensatória menor. Salários mais 
baixos pagos aos trabalhadores podem significar maiores lucros para o capitalista. Desse 
modo, os locais de trabalho americanos tornaram-se mais seguros por gerações antes que a 
agência Safety and Health Administration Ocupacional (OSHA) fosse criada na década de 
1970. Na verdade, a agência muitas vezes reduziu a segurança com seus regulamentos 
desajeitados e estapafúrdios aplicados pelos burocratas governamentais sem o conhecimento 
do trabalho específico que estavam regulamentando.
Os sindicatos, por outro lado, nunca beneficiaram ninguém que não fossem chefes sindicais 
altamente remunerados e alguns de seus membros, que nunca foram responsáveis por mais 
de cerca de um terço da força de trabalho americano (menos de dez por cento hoje no setor 
privado). Se sindicatos são bons em aumentar os salários acima das taxas de mercado com 
greves, ameaças de greve, paralisações, sabotagens ou campanhas de difamação negativas 
contra executivos (“campanhas corporativas”), as leis da economia ditam que alguns de seus 
membros perderão seus empregos – geralmente aqueles com menos habilidades, experiência 
e idade. Os empregadores não irão pagar trabalhadores mais do que podem produzir em 
receita em troca e ainda permanecer nos negócios. Dessa forma, uma nova contratação que 
poderia produzir, digamos, $500 por semana em receita adicional, não é empregável se o 
sindicato “conquistar” um salário $700 por semana. Este é o “efeito desempregador” do 
sindicalismo.
Além disso, os sindicatos na América têm sido a principal fonte de propaganda e de lobby 
para a legislação anticapitalista (impostossobre o rendimento das corporações, leis de salário 
mínimo, regulação do trabalho, etc.). Ao enfraquecer o livre mercado desta forma, eles 
enfraquecem a principal fonte de crescimento da produtividade e, portanto, a principal fonte 
de aumentos salariais. Os dirigentes sindicais mantem seus empregos bem remunerados, 
beneficiando, na melhor das hipóteses, uma pequena maioria de seus membros enquanto 
prejudicam as perspectivas econômicas de outros membros do sindicato e trabalhadores, 
especialmente os não-sindicalizados, a quem demonizam e caluniam, chamando-os “ratos”, 
“furadores de greve” ou coisas bem piores. De fato, há uma longa história de violência 
perpetrada contra esses concorrentes, os trabalhos não sindicalizados, pelos sindicatos que 
comemoram com seu próprio feriado ao início de cada mês de maio.
Notas
[1] Sweatshops (em português, “fábricas de suor”) é um termo depreciativo que designa 
empresas ou estabelecimentos cujas atividades são tidas como exploratórias e penosas para 
os trabalhadores que recebem salários considerados baixos em comparação com a mão de 
obra sindicalizada. [N. do T.]
[2] Agência estatal ligada ao ministério do trabalho dos Estados Unidos criada pelo 
presidente Richard Nixon [N. do T.]
Como o Livre Mercado 
enriquece a classe 
trabalhadora
Thomas 
DiLorenzo

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