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Capítulo 3: Fatores-chave e Obstáculos da Cadeia de Suprimento 3.1 Fatores-chave de desempenho da Cadeia de Suprimento Para entendermos como uma empresa pode melhorar o desempenho de sua cadeia de suprimento em termos de responsividade e eficiência, devemos examinar os quatro fatores- chave de desempenho da cadeia: estoque, transporte, instalações e informação. Primeiramente vamos definir cada fator-chave: 1. O estoque é a matéria-prima, os produtos em processamento e os produtos acabados dentro de uma cadeia de suprimento. 2. O Transporte significa movimento de estoque de um ponto a outro na cadeia de suprimento. O transporte pode ser feito a partir de várias combinações de meios e rotas, cada uma com características particulares de desempenho. 3. As Instalações são os locais na rede da cadeia de suprimento onde o estoque é armazenado ou fabricado. Os dois tipos de instalações principais são os locais de produção e os locais de armazenamento. 4. A informação consiste em dados ou análises a respeito de estoque, transporte, instalações e clientes, que fazem parte da cadeia de suprimento, pois afeta diretamente cada um dos demais fatores-chave. 3.2 Uma estrutura para a organização dos fatores-chave A Figura 3.1 demonstra a estrutura de tomada de decisões na cadeia de suprimento. A maioria das empresas começa com uma estratégia competitiva e depois decide qual será sua estratégia de cadeia de suprimento. Apesar de a estrutura ser normalmente lida de cima para baixo, em muitos casos, uma análise dos quatro fatores-chave pode indicar a necessidade de mudar a estratégia da cadeia de suprimento ou, até mesmo, a estratégia competitiva. Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 1 3.3 Estoque Papel do estoque na cadeia de suprimento O estoque existe na cadeia de suprimento devido a uma inadequação entre suprimento e demanda. Essa inadequação é intencional em uma siderúrgica, onde é mais econômico fabricar grandes lotes que serão armazenados para vendas futuras. A inadequação é intencional também para um varejista que prefere manter seu estoque como antecipação a uma futura demanda que pode ser atendida. Um papel importante executado pelo estoque da cadeia de suprimento é o de aumentar a quantidade de demanda que pode ser atendida, pois ele permite que o produto esteja pronto e disponível para o momento que o cliente quiser. Outro papel significativo representado pelo estoque é o de reduzir custos explorando quaisquer economias de escala que possam vir a existir durante a produção, ver Figura 3.2 a seguir. O estoque é o principal fator gerador de custos em uma cadeia de suprimento e exerce um forte impacto na responsividade. Os gerentes devem executar ações que reduzam a quantidade de estoque necessária, sem aumentar os custos ou comprometer a responsividade. Papel do estoque na estratégia competitiva O estoque tem uma participação crucial na capacidade da cadeia de suprimento em apoiar a estratégia competitiva da empresa. A escolha implícita sobre o estoque está entre a responsividade, resultante da manutenção de maiores estoques, e a eficiência, resultante de estoques menores. Exemplo: Nordstrom. A estratégia competitiva da Nordstrom tem como alvo clientes de classe alta com exigência de alta responsividade. Esses clientes estão dispostos a pagar mais para adquirirem os produtos que anseiam na hora que lhes for conveniente. Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 2 Figura 3.2 – Economia de escala na produção. Componente das decisões sobre estoque As quantidades pedidas, ou tamanhos do lote, e quando fazer esses pedidos, ou ponto de pedido, determinam em grande parte a quantidade de materiais em estoque em qualquer instante dado. Materiais são pedidos de forma que o custo de ser pedir pouco seja equilibrado em relação ao custo de se pedir muito de cada produto. Como mostra a Figura 3.3, quando a curva dos custos anuais de manutenção em estoque é adicionada à curva dos custos anuais de emissão de pedidos, resulta uma curva de custos anuais de estocagem. Onde houver a interseção entre estas duas curvas teremos a quantidade ótima de pedido, tradicionalmente chamado de lote econômico de compra (LEC). Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 3 Figura 3.3 – Lote Econômico de Compra Vamos identificar as principais decisões relacionadas a estoques para a criação de cadeias de suprimento mais responsivas e eficientes: Estoque cíclico É a quantidade média de estoque utilizada para satisfazer a demanda entre o recebimento das entregas vindas dos fornecedores. O tamanho do estoque cíclico é o resultado da produção ou da compra de material em grandes lotes. As empresas produzem ou compram em grandes lotes com a finalidade de explorar as economias de escala nos processos de produção, transporte ou compra. Ponto de Pedido ou de reposição Está diretamente relacionado ao Lead Time (LT), que é o tempo de processamento de um pedido, desde o momento que é feito ao fornecedor até o momento em que o produto é entregue ao cliente. Como pode ser visto na Figura 3.4, a seguir: Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 4 Figura 3.4 – Ponto de Pedido Estoque de segurança É o estoque mantido como precaução no caso de a demanda exceder as expectativas e serve para combater a incerteza. Se o mundo fosse perfeitamente previsível, apenas os estoques cíclicos bastariam. No entanto, a demanda e pode exceder as expectativas e, por isso, as empresas mantêm o estoque de segurança visando a atender a uma demanda inesperada ou mesmo um atraso do fornecedor, como pode ser visto na Figura 3.5, abaixo: Figura 3.5 – Motivos para a existência do Estoque de Segurança Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 5 Estoque sazonal É o estoque criado para combater a variabilidade previsível da demanda. As empresas que adotam o estoque sazonal o fazem em períodos de baixa demanda armazenando-os para os períodos de lata demanda, quando não terão a capacidade de produzir tudo que é pedido. Como pdoe ser visto na Figura 3.6, abaixo: Figura 3.6 - Nivelando o estoque A grande escolha: responsividade versus eficiência O aumento dos estoques, no geral, tornará a cadeia de suprimento mais responsiva ao cliente. Essa escolha, porém, tem um preço, uma vez que o estoque adicional reduz a eficiência. Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 6 3.4 Transporte Papel do transporte na cadeia de suprimento O Transporte mobiliza o produto em diferentes estágios na cadeia de suprimento. O tipo de transporte adotado por uma empresa (modal) também afeta os estoques e a localização das instalações na cadeia de suprimento. Papel do transporte na estratégia competitiva O papel do transporte na estratégia competitiva da empresa é representado proeminentemente quando a empresa está avaliando as necessidades-alvo de seus clientes. Se a estratégia competitiva tem como alvo o cliente que demanda um nível alto de responsividade e esse cliente está disposto a pagar por essa responsividade, a empresa pode então utilizar o transporte como um fator-chave para tornar a cadeia de suprimento mais responsiva. Exemplo: A Laura Ashley instalou seu deposito principal próximo a central da FedEx, o que permite que os seus clientes possam pedir os produtos mais tarde do que poderiam em outras empresas e, ainda assim, recebe-los no dia seguinte. Componentes das decisões sobre transporteMeio de transporte É a maneira pela qual um produto é deslocado de um ponto a pontr na rede da cadeia de suprimento. São elas: • Via aérea: o meio mais caro e mais rápido. • Caminhão: meio relativamente rápido e barato, com altos níveis de flexibilidade. • Trem: meio barato utilizado para grandes quantidades. • Navio: o meio mais lento, mas muitas vezes, a única opção para grandes transportes para o exterior. • Dutos: usado principalmente para o transporte de óleo e gás. • Transporte eletrônico: transporta produtos como musicas jogos, ebooks, etc. Seleção de rota e rede Outra grande decisão que deve ser tomada pelos gerentes diz respeito à rota e à rede nas quais os produtos são despachados. Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 7 In house ou terceirização Tradicionalmente, a maior parte do transporte é realizada internamente (in house). Entretanto, atualmente, isso tem mudado e a maior parte do transporte (e até mesmo sistemas logísticos inteiros) está sendo terceirizada. A grande escolha: responsividade versus eficiência A escolha fundamental para o transporte se dá entre o custo de transporte de um determinado produto (eficiência) e a velocidade com que o produto é transportado (responsividade). 3.5 Instalações Papel das instalações na cadeia de suprimento Se relacionarmos o estoque com o que está sendo passado pela cadeia de suprimento e transporte como sendo o modo como está sendo passado, então as instalações são o onde da cadeia de suprimento. São os locais para ou de onde o estoque é transportado. Papel das instalações na estratégia competitiva As empresas podem obter economias de escala quando um produto é fabricado e armazenado em apenas um local; essa centralização aumenta a eficiência. Porem, a redução de custos sacrifica a responsividade, pois muitos dos clientes da empresa podem estar distantes da instalação fabril. O oposto também procede. A localização das instalações em locais próximos aos clientes aumenta o numero de instalações necessárias e, consequentemente, reduz a eficiência. Componente das decisões sobre instalações A seguir, identificamos os componentes das decisões sobre as instalações que devem ser analisados pelas empresas: Localização: A escolha básica, nesse caso, está entre centralizar para ganhar economias de escala ou descentralizar para se tornar mais responsiva, mantendo-se mais próxima dos clientes. As empresas também devem levar em conta fatores macroeconômicos e estratégicos, tais como: qualidade e custo dos funcionários, custo da instalação, impostos, etc. Capacidade (flexibilidade versus eficiência) Um grande excesso na capacidade permite que a instalação seja bastante flexível e responda a amplas oscilações de demanda. Uma instalação com pouco excesso de capacidade será provavelmente mais eficiente em cada unidade do produto fabricada. Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 8 Metodologia de fabricação As empresas devem decidir se vão projetar uma instalação com foco no produto ou na função (job shops). Uma fabrica focada no produto desempenha diversas funções diferentes (tais como fabricação e montagem) na produção de um único tipo de produto. Uma fabrica na função desempenha poucas funções (tais como apenas fabricação ou montagem) para diferentes tipos de produtos. Um foco no produto normalmente resulta em uma maior especialização em um tipo particular de produto, sacrificando a especialização funcional. Metodologia de armazenagem Existe uma variedade de metodologias entre as quais a empresa pode optar ao projetar suas instalações para deposito, incluindo as seguintes: • Unidade de manutenção de estoque: um depósito tradicional que armazenas conjuntamente tudo de um tipo de produto. • Armazenagem de lote de produção: todos os diferentes tipos de produtos necessários para o desempenho de um trabalho especificam ou para satisfazer um tipo particular de cliente são armazenados juntos. • Crossdocking: (Wal-Mart) Recebimento de caminhões com grandes quantidades de um mesmo produto. Lá, o estoque é desmembrado em lotes menores e rapidamente carregado em caminhões menores que transportam uma variedade de produtos. Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 9 3.6 Informação Papel da informação na cadeia de suprimento 1. A informação serve como uma conexão entre os diversos estágios da cadeia de suprimento, permitindo que possam coordenar suas ações e colocar em prática muitos dos benefícios da maximização da lucratividade da cadeia. 2. A informação também é crucial para as atividades diárias de cada estagio na cadeia de suprimento. Papel da informação na estratégia competitiva A informação é um fator-chave cuja importância cresceu conforme as empresas passaram a utiliza-las para se tornarem mais eficientes e responsivas. O crescimento vertiginoso da importância da tecnologia da informação é a prova do impacto por ela exercido nas melhorias das empresas. Componentes das decisões sobre informação Ao projetarem os processos na cadeia de suprimento, os gerentes devem determinar se eles farão parte da fase pull ou push na cadeia. Os sistemas push normalmente exigem uma informação em forma de sistemas elaborados de planejamento de necessidades de materiais (material requeriments planning, MRP) para acompanhar ao máximo a programação da produção e reduzir seu custo, criando programações para fornecedores com tipos de peças, quantidades e prazos de entrega. Os sistemas pull exigem uma informação sobre a demanda real a ser transmitida com extrema agilidade por toda a cadeia de suprimento para que a produção de pecas e produtos possam refletir a demanda real com precisão. Extraído do Livro: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Chopra e Meindl Página 10
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