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Recurso Especial no Novo Código de Processo Civil

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Material Didático de Apoio – Oficina Direito Processual Civil. Direito. Univem.
RECURSO ESPECIAL
no Novo Código de Processo Civil (artigos 1.029 a 1.035)
RECURSO: Meio de provocar reexame de determinada decisão pela autoridade hierarquicamente superior, em regra, ou pela autoridade prolatora da sentença, objetivando a reforma ou modificação do julgado.
Renato Saraiva ensina que recurso é um direito subjetivo processual, atuando como uma espécie de extensão do próprio direto de ação já exercido (Saraiva, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 6ª Ed – São Paulo: Método, 2009, pg. 508)
Trata-se de um meio de impugnação voluntário, dentro do mesmo processo, que objetiva reformar, anular, esclarecer ou integrar a decisão judicial que se pretende impugnar.
Classificação:
Quanto ao assunto:
Recursos ordinários: objetivam a revisão do julgado devolvendo ao tribunal ad quem o exame de toda matéria impugnada, de direito ou de fato. 
“Visa à tutela do direito subjetivo da parte (interesse particular da parte)” (MIESSA, 2015, p. 425) 
b) Recursos extraordinários: versam sobre matéria exclusivamente de direito, sendo vedado ao órgão julgador o reexame de fatos e provas.
“Visa à tutela do direito objetivo (a lei)” impedem a verificação fática (MIESSA, 2015, p. 425) 
Processo de 
Conhecimento SENTENÇA TJ/TRF STJ STF
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 RECURSO EMBARGOS RECURSO RECURSO 
 JUÍZES DE APELAÇÃO DE DECLARAÇÃO ESPECIAL EXTRAORDINÁRIO
 DESEMBARGADOR COM FINS MINISTROS MINISTROS 
 PREQUESTIONATÓRIOS
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS INSTÂNCIAS EXTRAORDINÁRIAS 
FATOS, PROVAS E DIREITO SOMENTE DIREITO
2) Cabimento do Recurso Especial (artigo 105, inciso III, alíneas “a”, “b” e “c” da Constituição Federal:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; 
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
	
Não se admite Recurso Especial das decisões proferidas pelo Colégio Recursal nos Juizados Especiais Cíveis, pois, a esse não é conferido o status de Tribunal.
3) Pressupostos Recursais:
Intrínsecos: Versa sobre a existência do direito de recorrer. Não preenchidos esses pressupostos, inexiste direito ao recurso.
a) Cabimento: Decorre do princípio da taxatividade. O Recurso deve ser cabível, ou seja, estar previsto em lei.
b) Interesse recursal: é um binômio, pois o recorrente deve ter a necessidade de recorrer e atuar de forma adequada. Quanto à necessidade é preciso a existência de uma decisão que cause à parte prejuízo. Fazendo-se necessária a utilização do recurso para buscar a melhora de sua situação; já a adequação tem base no princípio da correspondência, uma vez que o tipo de recurso interposto deve ser hábil para proporcionar a melhor posição processual almejada.
c) Legitimidade recursal: é adaptação da legitimidade ad causam, na qual só se terá legitimidade para recorrer a parte sucumbente; o Ministério Público, quando fiscal da lei; e o terceiro prejudicado pela sentença.
d) Inexistência de fato extintivo, impeditivo ou modificativo do direito de recorrer. 
Extrínsecos: Preenchidos os pressupostos intrínsecos, observar-se os requisitos necessários para a “validade” do recurso interposto:
a) Tempestividade: Recurso Especial: 15 dias úteis da intimação da decisão (Artigo 1.003, § 5º do Código de Processo Civil)
b) Preparo: Existe preparo no Recurso Especial, por força do Artigo 112 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
c) Regularidade formal: É a necessidade de o Recorrente observar (regra) todos os requisitos especificados na lei para o recurso em análise. 
4) Pressupostos Especiais de Admissibilidade do Recurso Especial:
Decisão Proferida por um Tribunal (Artigo 105, inciso III da CF).
Matéria de Direito: Não se admite Recurso Especial para reexame de fatos e provas. Tal vedação alcança apenas o reexame, podendo o Superior Tribunal de Justiça dar valoração nova à prova – Resp. n.º 1.555-SC, 3ª Turma, Relator: Ministro Gueiros Leite)
Necessidade de Exaurir (Esgotamento) Instância: Se ainda couber recurso da decisão, não será admitida a interposição de Recurso Especial. 
Súmula 207 - É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acordão proferido no tribunal de origem. (Súmula 207, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/04/1998, DJ 16/04/1998).
Art. 942 – Técnica de Julgamento
Art. 942.  Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
c) Prequestionamento:
É a exigência de que a matéria federal debatida no Recurso Especial tenha sido ventilada no acórdão proferido pelo Tribunal. Deste modo, quando da interposição do aludido Recurso, deve o Recorrente realizar o prequestionamento da matéria, demonstrando que esta foi devidamente debatida no Tribunal.
Súmula 211 - Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo. 
Frise-se que caso a matéria não tenha sido ventilada no acórdão, deve o Recorrente opor Embargos de Declaração, com a finalidade de que o Tribunal se manifeste acerca da referida matéria federal. 
Nesse sentido, se o Tribunal ainda não se manifestar (omissão), considera-se prequestionada a matéria e passível de Recurso Especial:
Art. 1.025.  Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
 
Exceções ao Prequestionamento:
- matéria de ordem pública;
- o fundamento para o recurso surge no próprio acórdão recorrido.
5) Efeito do Recurso Especial
O Recurso Especial possui efeito meramente devolutivo. Isso acontece para se ter maior efetividade das decisões proferidas em Instâncias Superiores. Todavia, por força do artigo 1.029, § 5º do CPC, poderá este ser recebido também no efeito suspensivo. 
Artigo. 1.029
§ 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicaçãoda decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo; 
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. 
6) Processamento do Recurso Especial
Nos moldes do Artigo 1.029 do CPC, o Recurso Especial deverá ser interposto perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petição que conterá:
I - a exposição do fato e do direito;
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.
O que deve fazer o Recorrente quando a matéria versar sobre dissídio jurisprudencial (conflito)?
O Recorrente deverá fazer a prova da divergência utilizando-se: 
- certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte.
Deve-se também mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados - Cotejo Analítico. Tal modalidade existe para tentar uniformizar o Direito Federal. (§ 1º do Artigo 1.029 do CPC)
Pode o STJ desconsiderar vício formal do recurso?
 O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave. Exemplo: Preparo (§ 3º)
Após tais formalidades, a petição será recebida pela secretaria do tribunal e o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá no que tange ao Recurso Especial:
              
I – negar seguimento:                    
i) A Recurso Especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos. 
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do Superior Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de recursos repetitivos. 
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida peloSuperior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria infraconstitucional;             
IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036;
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Superior Tribunal de Justiça, desde que: (dessa decisão caberá agravo ao tribunal superior)
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de julgamento de recursos repetitivos;
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia;                          
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.                         
Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do artigo 1.021
O que fazer quando o acórdão contrariar tanto matéria constitucional quanto federal? (Exceção ao Princípio da Unicidade Recursal)
Súmula 126 STJ - É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário. 
                        
Sendo assim, existindo a interposição conjunta de Recurso Extraordinário e Recurso Especial, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. (Artigo 1.031)
Após o julgamento do Recurso Especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do Recurso Extraordinário, se este não estiver prejudicado.
Caso o relator do Recurso Especial considerar prejudicial o Recurso Extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.
Se o relator do Recurso Extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do Recurso Especial.
O relator, no Superior Tribunal de Justiça, ao entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.
Posteriormente, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça.
Por outro lado, caso o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por entender necessária a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, deverá remeter ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.
Por fim, admitido o recurso especial, o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça julgará o processo, aplicando o direito, uniformizando a interpretação de lei federal.
	Nota: Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um fundamento, devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fundamentos para a solução do capítulo impugnado.
7) Julgamento de Recurso Especial Repetitivos:
 
Para que serve?
Dar maior efetividade a tese firmada pelas Cortes Uniformizadoras (STJ e STF), entregando aos jurisdicionado uma maior segurança jurídica e previsibilidade das decisões. Tal técnica visa garantir o “precedente”.
Quando acontece?
Sempre que houver multiplicidade de Recursos Especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
Como Ocorre?
O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça para fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso:
	
Nota. Somente podem ser selecionados Recursos admissíveis que contenham abrangente argumentação (exaurir os argumentos).
 
A escolha não vincula o relator do Tribunal Superior (Pode escolher outros recursos representativos)
O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso especial que tenha sido interposto intempestivamente. Prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento. – Desta decisão caberá apenas agravo interno.
Após selecionados os recursos, o relator, no Tribunal Superior, constatando a presença do pressuposto, proferirá decisão de afetação, na qual:
I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento;
II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional;
III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos tribunais regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia.
	
Nota. Se após receber os recursos selecionados pelo presidente ou pelo vice-presidente do Tribunal de Justiça ou do Tribunal Regional Federal, não se proceder à afetação,o relator, no Tribunal Superior, comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente que os houver enviado, para que seja revogada a decisão de suspensão.
Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 (um) ano e terão preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.
Intimam-se as partes acerca da suspensão dos processos. Se comprovarem ser casos distintos, poderão requerer o regular prosseguimento do processo. Da decisão que resolver o requerimento caberá Agravo de Instrumento (1º Grau) ou Agravo Interno (Decisão do Relator)
Poderes do Relator
Antes do Julgamento, o Relator pode: 
- solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia, considerando a relevância da matéria e consoante dispuser o regimento interno;
- fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria, com a finalidade de instruir o procedimento;
 - requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da controvérsia e, cumprida a diligência, intimará o Ministério Público para manifestar-se. – Prazo 15 (quinze) dias
Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados declararão prejudicados os demais recursos versando sobre idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada.
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