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RESUMO TRIBUNAL DO JURI

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RESUMO 
TRIBUNAL DO JÚRI 
NUCCI
PROCEDIMENTO ESPECIAL TRIFÁSICO 
Para Nucci, divergindo da maioria dos doutrinadores, o tribunal do júri se organiza por meio de procedimento trifásico, que seria composto pelo Sumário da culpa, pela Preparação do Plenário e pelo Julgamento em Plenário.
JUÍZO DE PREPARAÇÃO DO PLENÁRIO
 É a fase intermediária, entre a formação da culpa e o juízo de mérito. Antes do advento da Lei 11.689/2008, o ponto central dessa fase consistia na apresentação do libelo pelo órgão acusatório, especificando, em formato de artigos, o teor da imputação. Após, a defesa oferecia a contrariedade ao libelo.
 Eliminados o libelo e a contrariedade, objeto de análise em tópico abaixo, ao receber os autos, o juiz presidente do Tribunal do Júri deve providenciar a intimação do Ministério Público (ou do querelante) para que ofereça, querendo, o seu rol de testemunhas, até o máximo de cinco, para depoimento em plenário. Pode, ainda, juntar documentos e requerer diligências. A mesma intimação será encaminhada à defesa, com o idêntico objetivo e também no prazo de cinco dias (art. 422, caput, CPP).
Art. 422.  Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência.
Art. 461.  O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua localização.
 Se a parte não mencionar o caráter de imprescindibilidade, não poderá exigir o adiamento da sessão, caso a testemunha deixe de comparecer, ainda que intimada.
 Além disso, se houver mudança de local de julgamento, em virtude de desaforamento, a parte interessada deve requerer a oitiva de suas testemunhas por precatória, pois elas não mais serão obrigadas a comparecer em plenário.
Há casos de processos complexos, no entanto, que terminam exigindo a inquirição, em plenário, de um maior número de pessoas. A hipótese deve ser
resolvida pelo art. 209 do CPP, determinando o magistrado que outras testemunhas sejam ouvidas, além das indicadas pelas partes, por julgar necessário à busca da verdade real. São as denominadas testemunhas do juízo.
Trata-se de decisão pessoal do magistrado, conforme sua livre convicção, não possuindo a obrigação legal de atender à parte, mas também não fazendo dessa faculdade um instrumento de perseguição ou injustiça. Assim, deve determinar a oitiva de outras pessoas, quando realmente sentir necessário ao bom esclarecimento dos fatos debatidos no processo.
Cabe, pois, à parte arrolar as cinco que considera realmente imprescindíveis, requerendo ao juiz que ouça, ainda, outras, para melhor esclarecimento dos jurados. 
Caso indefira o requerimento formulado, a sua atitude, se injustificada e irrazoável, pode ensejar hipótese de cerceamento da acusação ou da defesa, conforme a situação. Inexiste recurso cabível para esse momento processual.
Não deve deixar, ainda, de novamente requerer ao juiz presidente, na abertura dos trabalhos no plenário, a inquirição almejada, demonstrando que a diligência continua imprescindível no seu entendimento e fazendo consignar em ata o indeferimento, a teor do disposto no art.571, V, CPP.
No caso da defesa, não há somente a possibilidade de ofensa ao princípio da soberania dos veredictos, como também a lesão ao princípio da plenitude de defesa. 
O procedimento é o mesmo: não cabendo recurso contra o indeferimento da produção da prova, resta renovar o pedido na abertura dos trabalhos em plenário para, depois, conforme o caso, levantar a questão como preliminar do recurso.
Nada impede, também, que o próprio jurado, durante o julgamento ou ao final dos debates, sentindo-se insatisfeito com a prova produzida e desejando ouvir mais alguém para formar o seu convencimento, exija a oitiva de alguma pessoa não arrolada ou que não pôde constar no estrito rol das cinco permitidas para plenário. 
Nesse caso, o juiz deve dissolver o Conselho de Sentença, marcar novo julgamento e determinar a intimação da testemunha, que não deixará de ser uma testemunha do juízo, pois a inquirição foi demandada pelo órgão julgador. Embora seja outro o Conselho de Sentença, a ser formado para o novo julgamento, a testemunha, cuja oitiva foi determinada pelo jurado do anterior Conselho, será inquirida como se fosse imprescindível seu depoimento para o esclarecimento da verdade dos fatos.
A SUPRESSÃO DO LIBELO E DA CONTRARIEDADE AO LIBELO
O libelo era a peça acusatória, com conteúdo fixado pela decisão de pronúncia, expondo, na forma de artigos, a matéria que seria submetida a julgamento pelo Tribunal do Júri, limitando a atuação do órgão acusatório e permitindo plena ciência, pela defesa, do que seria alegado em plenário.
O libelo crime acusatório era justamente a peça formal da acusação, que visava à exposição do fato criminoso, filtrado pela pronúncia, ao Tribunal Popular, constituindo a pretensão punitiva do Estado e pretendendo um julgamento de mérito.
Uma das funções do libelo era permitir a inclusão das agravantes, que seriam sustentadas pela acusação em plenário. Não era obrigatória a menção dessas causas legais de agravamento da pena, pois não fazem parte do tipo básico, nem do tipo derivado. Poderia o órgão acusatório sustentá-las diretamente em plenário.
Entretanto, a partir da eliminação do libelo, outra alternativa não resta senão a eventual alegação e sustentação em plenário, pois, na decisão de pronúncia, não devem constar (art. 413, § 1.º, CPP).
CORRELAÇÃO ENTRE PRONÚNCIA E QUESTIONÁRIO
Constituía medida fundamental ser o libelo o espelho fiel da pronúncia, transformando a acusação, feita na forma narrativa na denúncia e filtrada pela pronúncia, em acusação articulada, isto é, feita na forma de artigos. O propósito era limitar a atuação do órgão acusatório em plenário, que não poderia surpreender a defesa, apresentando teses distantes do libelo, que, afinal, era correlacionado com a pronúncia.
Suprimido o libelo, torna-se essencial ser a pronúncia detalhada o suficiente para limitar a atuação da acusação em plenário, fornecendo ao defensor o exato alcance da imputação.
A partir de agora, torna-se cabível sustentar a correlação entre a pronúncia e o questionário, não podendo haver surpresas, vale dizer, teses não abordadas especificamente na decisão de admissibilidade da acusação, relacionadas ao tipo penal incriminador, são vedadas ao órgão acusatório, ao atuar em plenário.
Superior Tribunal de Justiça
“Com o advento da Lei n. 11.689/2008, o legislador ordinário extirpou do ordenamento jurídico pátrio a figura do libelo-crime acusatório, restando como fonte principal do questionário a decisão de pronúncia, a qual, juntamente com a denúncia, fixa os limites da acusação” (HC 125.069/ SP, 5.ª T., rel. Napoleão Nunes Maia Filho, rel. p/ Acórdão Ministro Jorge Mussi, j. 08.02.2011, DJe 29.08.2011).
Como já mencionado anteriormente, o órgão acusatório construía o libelo baseando-se no futuro questionário. Todos os artigos transformar-se-iam em indagações (quesitos) aos jurados. Cabe à pronúncia assumir esse ônus.
AVALIAÇÃO DAS PROVAS
Recebidas as petições das partes, contendo os requerimentos para a produção de provas (rol de testemunhas, juntada de documentos e outras diligências), deve o magistrado deliberar a respeito, ordenando as diligências necessárias para sanar vícios e esclarecer fatos interessantes à apuração da
verdade (art. 423, I, CPP).
Equivale esse estágio do processo à anterior justificação – medida de natureza cautelar, que tem por finalidade a prova de algum fato ou de qualquer relação jurídica, relevante para a constituição de prova no processo penal.Não está disciplinada pelo Código de Processo Penal, embora este a mencione, v.g., art. 513.
Não está eliminada, por completo, a possibilidade de se ajuizar a justificação, como procedimento incidental. Tal se daria quando, finda a fase de preparação do plenário, aguardasse o processo o julgamento em plenário e, nesse período, surgisse prova nova, essencial ao feito, merecedora de produção antes da reunião dos jurados. Segue-se, então, o previsto no Código de Processo Civil para regular a sua utilização (arts. 861 a 866 do CPC/1973. Vide art. 338, § 5.º, do CPC/2015).
A justificação não se presta a renovar a prova produzida ao longo da instrução, mas, ao contrário, dar possibilidade de inquirição de pessoa não ouvida e de concretização de prova inédita.
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
“Não se presta a justificação criminal à reabertura da instrução, à repetição de prova já produzida, mas, apenas, à produção de prova só tardiamente conhecida e que, por isso, não veio oportunamente aos autos” (Ap. 271.259-3, 2.ª C., j. 14.06.1999, v.u., rel. Canguçu de Almeida).
RELATÓRIO DO PROCESSO
Na fase de preparação do plenário, o juiz elabora o relatório sucinto do processo, contendo as principais ocorrências, sem emitir qualquer avaliação subjetiva.
Essa medida, no procedimento anterior, era tomada em momento completamente inadequado, ou seja, após o interrogatório do réu em plenário e oralmente (antigo art. 466, CPP). Portanto, os jurados tomavam conhecimento dos aspectos relevantes do processo que iriam julgar depois de já ter sido o acusado interrogado, o que lhes limitava a possibilidade de fazer reperguntas. Por outro lado, o relatório, feito verbalmente, deveria ser memorizado pelo Conselho de Sentença, que não teria mais condições de relembrar o que disse o magistrado com o passar do tempo, mormente em julgamentos de casos complexos.
A alteração foi positiva. O relatório será feito por escrito e incluído na pauta da reunião do Tribunal do Júri, significando, pois, que cada jurado terá uma cópia.
As principais partes do relatório são, sem prejuízo de outros dados, ao prudente critério do juiz: 
a) resumo do conteúdo da denúncia ou queixa; 
b) resumo do conteúdo da defesa prévia do réu, com suas alegações preliminares e/ou exceções; 
c) elenco das provas (basta enumerar e não detalhar uma por uma) colhidas ao longo do inquérito, em especial as periciais, que não são refeitas; 
d) elenco das provas (basta enumerar e não detalhar uma por uma) colhidas na fase de formação da culpa;
 e) resumo do conteúdo do interrogatório do réu, em especial, se levantou e qual foi a sua tese de autodefesa (se preferiu valer-se do direito ao silêncio, basta mencionar o fato, sem valoração alguma); 
f) resumo do conteúdo das alegações finais das partes;
g) resumo do conteúdo da pronúncia, acolhendo e/ou rejeitando as teses das partes (se houve impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária, expor o resumo do seu conteúdo, fazendo menção à reforma pelo Tribunal); 
h) exposição de pontos excepcionais, como, por exemplo, se houve decretação da prisão preventiva ou prisão em flagrante, concessão ou negativa de liberdade provisória, recurso contra a pronúncia e resultado do acórdão; 
i) se houve aditamento à denúncia e alteração da pronúncia, após a preclusão; 
j) quais as provas requeridas e, eventualmente, realizadas na fase de preparação do plenário.
DESAFORAMENTO
É a decisão jurisdicional que altera a competência inicialmente fixada pelos critérios constantes do art. 69 do Código de Processo Penal, com aplicação estrita no procedimento do Tribunal do Júri, transferindo a apreciação do caso de uma para outra Comarca.
A competência, para o desaforamento, é sempre da Instância Superior e nunca do juiz que conduz o feito. Entretanto, a provocação pode originar se tanto do magistrado de primeiro grau quanto das partes, dependendo da situação.
 O desaforamento não ofende o princípio do juiz natural, porque é medida excepcional, prevista em lei, e válida, ademais, genericamente, para todos os réus (art. 427, caput, CPP). 
Aliás, sendo o referido princípio uma garantia à existência do juiz imparcial, o desaforamento se presta, com justeza, a sustentar essa imparcialidade, bem como a garantir outros importantes direitos constitucionais (como a integridade física do réu e a celeridade no julgamento).
Superior Tribunal de Justiça
“O desaforamento do Tribunal do Júri não representa violação do princípio do juízo natural, nem constitui tribunal de exceção. É, na verdade, garantia à isenção e imparcialidade do julgamento.
Poderá ocorrer sempre que houver interesse da ordem pública, dúvida sobre a imparcialidade dos jurados ou a segurança pessoal do réu. De acordo com a redação dada pela Lei 11.689/2008 ao art.427 do CPP, será escolhida ‘outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas’” (HC 131001/RS, 6.ª T., rel. Sebastião Reis Junior, j. 20.10.2011,v.u.).
As hipóteses legais são basicamente as seguintes:
São, basicamente, as seguintes: 
a) interesse da ordem pública;
b) dúvida sobre a imparcialidade do júri; 
c) dúvida quanto à segurança pessoal do réu; 
d) demora para o julgamento em plenário, sem culpa do réu ou da defesa (arts. 427, caput, e 428, caput, CPP).
 	Quanto ao interesse da ordem pública, é a necessidade de segurança existente na Comarca onde o júri deverá reunir-se. 
 	Assim, havendo motivos razoáveis e comprovados de que a ocorrência do julgamento provocará distúrbios, gerando intranquilidade na sociedade local, constituído está o fundamento para desaforar o caso, transferindo-o para outra Comarca.
 	Não basta, para essa apuração, o sensacionalismo da imprensa do lugar, muitas vezes artificial, sem refletir o exato estado das pessoas. O juiz pode apurar tal fato ouvindo as autoridades locais (polícia civil, polícia militar, Ministério Público, entre outros).
Quanto à dúvida sobre a imparcialidade do júri, trata-se de questão complexa, pois as provas, normalmente, são frágeis para apontar a parcialidade dos juízes leigos. Entretanto, é, dentre todos os motivos, em nosso entender, o principal, pois compromete, diretamente, os princípios constitucionais do juiz natural e imparcial.
Tal situação pode dar-se quando a cidade for muito pequena e o crime tenha sido gravíssimo, levando à comoção geral, de modo que o caso vem sendo discutido em todos os setores da sociedade muito antes de o julgamento ocorrer.
Dificilmente, nessa hipótese, haveria um Conselho de Sentença imparcial, seja para condenar, seja para absolver, visto que a tendência a uma postura ou outra já estará consolidada há muito tempo.
Ex1: Hipótese na qual restou evidenciado o receio acerca da parcialidade dos jurados, porquanto evidenciada a influência política da família dos acusados C. e A., corréus no crime de homicídio qualificado, no município de Triunfo, além das escutas telefônicas entre os acusados, devidamente autorizadas, confirmarem a tentativa de suborno do delegado que presidiu o inquérito policial, e do temor gerado na população, o que dificultou a produção de provas testemunhais.
Ex2: tentativa da corré em mobilizar apoio político perante as autoridades locais já é motivo suficiente para justificar o deslocamento do julgamento, com fundamento na ‘dúvida acerca da imparcialidade do júri’.
Superior Tribunal de Justiça
“A simples dúvida, devidamente comprovada, acerca da imparcialidade do júri é motivo suficiente a justificar o desaforamento do julgamento” (HC 131001/RS, 6.ª T., rel. Sebastião Reis Junior, j.20.10.2011, v.u.).
Por outro lado, a notoriedade da vítima ou do agressor não é motivo suficiente para o desaforamento.
Quanto à segurança pessoal do réu, parece-nos a hipótese mais frágil, uma vez que é dever do Estado zelar pela segurança de qualquer acusado. Havendo condenação e prisão, continuará ele à disposição do Estado e sob sua proteção. 
Caso seja colocado em liberdade, cabe aopróprio acusado detectar se há clima para a sua permanência no local do julgamento. Enfim, somente em casos anormais e excepcionais, ocorridos nas pequenas cidades, onde o efetivo da polícia é diminuto, não havendo possibilidade de reforço, por qualquer motivo, é razoável o desaforamento.
Finalmente, quanto à demora para a realização do julgamento, constitui razão para o desaforamento, caso o julgamento não se dê após seis meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
Nesse cômputo, não se inclui o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de interesse da defesa (art. 428, § 1.º, CPP). A norma especifica que ao atraso não pode ter dado causa a defesa, excluindo o órgão acusatório. 
Essa discriminação é injusta, uma vez que este, em tese, também pode provocar o retardamento do feito, até mesmo para provocar, depois, o desaforamento.
Embora a lei não seja expressa, cremos indispensável que essa hipótese somente se concretize nos casos de réus presos, pois os soltos podem perfeitamente aguardar a ocorrência do julgamento por mais tempo. Entretanto, em situações excepcionais, como em caso de réu necessitando livrar-se logo da pendência do julgamento, é possível que a defesa requeira o desaforamento.
Excluiu-se, na reforma, a possibilidade de o Ministério Público requerer o desaforamento em situação de demora para a realização do julgamento (art. 428, caput, CPP).
Superior Tribunal de Justiça
“1. Consoante o disposto pelo art. 427 do CPP, é autorizado o desaforamento do Tribunal do Júri quando o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado. 2. A competência, a partir do desaforamento, será deslocada para o local mais próximo daquele no qual originariamente tramitava o feito, caso ali não persistam os mesmos motivos que ensejaram a medida. Na hipótese de persistência de tais motivos também nas comarcas circunvizinhas, é possível o desaforamento para localidades mais afastadas.
OBS: A impossibilidade de representação de desaforamento ao Tribunal pelo juiz, no caso de excesso de prazo, soa-nos injustificável. 
Continuou o legislador a supor que, sendo o magistrado aquele que controla a pauta dos julgamentos, teria condições de evitar o atraso. Logo, não poderia agir contra si mesmo, vale dizer, ao mesmo tempo em que permitiria o excesso, depois, pleitearia a transferência do processo para outra Comarca.
Finalmente, não sendo o desaforamento requerido pelos réus, é imperativa a audiência de seu defensor, em obediência ao princípio da ampla defesa, conforme já decidiu o Excelso Pretório (HC 64.207, DJU 10.10.1986, p. 18.927; HC 63.807, DJU 02.03.1990, p. 1.346).
Quando a provocação para o desaforamento for feita pelo juiz ou pelo promotor, os Regimentos Internos dos Tribunais costumam prever um prazo para ouvir a defesa. 
É correta a adoção dessa providência para assegurar não somente o contraditório, mas, sobretudo, a plenitude de defesa, a que tem direito o acusado. 
A despeito de não ter a lei previsto a possibilidade de se ouvir a defesa quanto ao pedido de desaforamento feito pelo órgão acusatório ou quando provocado pelo próprio magistrado, a inclinação da jurisprudência, em homenagem à ampla defesa, sempre foi nesse sentido. 
Atualmente, confira-se a edição da Súmula 712 do STF: “É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do Júri sem audiência da defesa”. 
Essa nulidade, no entanto, deve ser considerada relativa, dependente, pois, da prova do prejuízo. Pode ser que, determinado o desaforamento sem a oitiva da defesa, esta concorde plenamente com o ocorrido. Não há motivo para a anulação, o que somente implicaria desatendimento ao princípio da economia processual.
	
O desaforamento somente pode ser processado, conhecido e, eventualmente, provido, cuidando-se de processos prontos para julgamento em plenário do Júri, jamais durante a fase de formação da culpa.
Igualmente, não se admitirá o desaforamento na pendência de recurso contra a pronúncia ou quando já tiver sido efetivado o julgamento pelo Tribunal do Júri. Neste caso, aceita-se o pedido de desaforamento se o fato ocorreu durante ou após a realização de julgamento anulado (art. 427, § 4.º, CPP).
O pedido de desaforamento pode ser reiterado a qualquer momento, desde que fatos novos ou provas inéditas surjam. Assim, ainda que o julgamento já tenha ocorrido, mas, por qualquer motivo, deva ser novamente realizado (anulação do julgamento, provimento de apelação da parte por decisão contrária à prova etc.), é possível reiterar o pedido, porém com algo novo a exibir.
Reaforamento
É a hipótese de, cessado o motivo que autorizou o desaforamento, tornar o processo à Comarca original, de onde foi removido pelo Tribunal. Não é procedimento legalmente admitido. Se o processo for encaminhado para julgamento em Comarca diversa, não mais retornará à origem, visto não ter sido essa situação prevista pelo Código de Processo Penal. Aliás, se ocorrer novamente algum dos requisitos do art. 427, caput, ou art. 428, caput, do CPP, na Comarca para onde foi enviado o feito, poderá haver novo desaforamento, mas para lugar diverso e não para a Comarca original.
Entretanto, há jurisprudência em sentido contrário:
Tribunal de Justiça de São Paulo
“Reaforamento. Desaforamento deferido decorrente de hipótese objetiva (não realização do julgamento no prazo de seis meses contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia).
Implementação de medidas que regularizaram a pauta de julgamento e o acúmulo de serviço na Comarca de origem Instalação, ainda, de uma 2.ª Vara do Júri na Comarca de Campinas/SP.
Retomada da celeridade no trâmite processual dos feitos em curso. Possibilidade de reaforamento. Pedido deferido” (Desaforamento 0215073-14.2012.8.26.0000, 10.ª C. D. Crim., rel. Nelson
Fonseca Junior, j. 27.06.2013, v.u.)
Mudanças de 2008:
O desaforamento mantém sua base original, mas com algumas modificações: 
a) excluiu-se a possibilidade de o Ministério Público requerê-lo em virtude de excesso de prazo para a realização do julgamento; 
b) o excesso de prazo passou de um ano para seis meses, a contar do trânsito em julgado da decisão de pronúncia; 
c) o desaforamento pode ser feito para Comarca da mesma região, preferencialmente as mais próximas; 
d) o relator do pedido de desaforamento, no Tribunal, passa a ter poder de determinar a suspensão do julgamento pelo júri, se relevantes os motivos alegados; 
e) deixa-se expressa a vedação de pedido de desaforamento na pendência de recurso contra a pronúncia ou quando já efetivado o julgamento pelo Júri, como regra.
Organização do Tribunal do Júri
O Tribunal do Júri é composto por um juiz de direito, que é o seu presidente, e por vinte e cinco jurados, sorteados dentre os alistados (art. 447, CPP). Portanto, cuida-se de um órgão colegiado formado, como regra, por vinte e seis pessoas.
Alistados são todos os selecionados pelo juiz presidente, no decorrer de um ano, para servirem no seguinte, nos termos estipulados pelo art. 425 do Código de Processo Penal. As pessoas alistadas como juradas podem servir ou não, dependendo do sorteio realizado para a composição dos grupos das sessões. Não se constitui efetivo exercício da função o simples alistamento.
Sete jurados são escolhidos, igualmente por sorteio, para compor o Conselho de Sentença, com a participação da acusação e da defesa. Admite-se que, para o início dos trabalhos de julgamento, possam estar presentes ao menos quinze (art. 463, CPP) dos vinte e cinco sorteados.
Anualmente, serão alistados vários jurados – variando o número conforme o porte da Comarca – para servirem durante o período de sessões do ano seguinte. Em tese, pois, o corpo de jurados deve ser substituído todo ano, pois, do contrário, não haveria sentido em existir o art. 425 do CPP, bastando que o magistrado fizesse a seleção uma única vez, prorrogando-a indefinidamente, criando a figura do juradoprofissional. tal prática fica vedada, pois “o jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído” (art. 426, § 4.º, CPP), completando-se, obrigatoriamente, a lista geral (art. 426, § 5.º, CPP).
A acusação e a defesa podem acompanhar o processo e possuem meios de solicitar a exclusão de pessoas não recomendáveis a servir no júri, mas não podem influir, decisivamente, na escolha. Incluindo se alguém inapto, por exemplo, cabe recurso em sentido estrito, interposto por qualquer pessoa (art. 581, XIV, CPP), embora, como regra, seja ato do órgão de acusação ou da defesa.
Antes da interposição de recurso em sentido estrito contra a inclusão ou exclusão de algum jurado, cabe peticionar diretamente ao juiz presidente, afinal, a lista geral pode ser alterada de ofício, pelo magistrado, ou por provocação de qualquer pessoa do povo (art. 426, § 1.º, CPP).
Faz-se, em verdade, uma seleção aleatória, conseguindo os nomes nos
cartórios eleitorais da região do Tribunal do Júri, bem como se verificando os antecedentes de cada um deles. Outros dados – se o jurado tem condições e aptidão para sê-lo – somente são apurados no caso concreto, isto é, quando ele inicia sua atividade.
A composição do Tribunal de Júri, pela sua vocação democrática, deve refletir a pluralidade dos valores morais e das classes sociais em cujo meio irá ter atuação, pelo que se impõe coibir a possibilidade de predominância de qualquer ideologia grupal, viés ocupacional ou ideias preconcebidas: nenhum ente privado pode, isoladamente, fazer-se como que representado na lista anual de Jurados.
A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões (o que permitirá uma avaliação inicial, pela parte, a respeito de quem é a pessoa escolhida), deve ser publicada pela imprensa (Diário Oficial) ou por editais, colocados à porta do fórum, até o dia 10 de outubro de cada ano, tudo para facilitar o conhecimento geral acerca dos alistados (art. 426, caput, CPP). Até o dia 10 de novembro, a lista pode ser alterada de ofício, pelo juiz, ou por provocação de qualquer pessoa do povo.
Após, ocorrendo a publicação definitiva, esses nomes serão colocados em cartões iguais, contendo os endereços, guardados em urna própria, sob a responsabilidade do magistrado e fiscalização do órgão do Ministério Público, de advogado indicado pela Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor indicado pelas Defensorias Públicas (art. 426, § 3.º, CPP).
Com a reforma, não mais existe a lista dos suplentes. Convocam-se os 25 titulares. Se não houver o quórum mínimo (15), na abertura dos trabalhos, o juiz presidente sorteará tantos suplentes quantos forem necessários, designando nova data para o julgamento (art. 464, CPP). Consignam-se os nomes dos suplentes sorteados na ata, remetendo-se o expediente de convocação, observado o disposto pelos art. 434 e 435 do CPP (art. 465, CPP).
Jurados
Os jurados serão selecionados dentre cidadãos de notória idoneidade, com mais de 18 anos, isentos os maiores de 70 anos, que requeiram sua dispensa (art. 436, caput, c.c. art. 437, IX, CPP). É o denominado jurado virtual, aquele que preenche todos os requisitos para ser alistado. 
O serviço do júri é obrigatório e sua recusa, por motivação de convicção religiosa, filosófica ou política, poderá levar à perda ou suspensão dos direitos políticos, conforme o caso (art. 438, CPP: “A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto”).
Lembremos, em primeiro lugar, constituir a idade de 18 anos o mínimo legalmente imposto para que o cidadão brasileiro assuma a função de juiz leigo, integrando o Tribunal do Júri. A Lei 11.689/2008 promoveu a redução da idade de 21 para 18 anos, com o que não podemos concordar.
Olvida-se, no entanto, que o julgamento, sem fundamentação e por meio de voto secreto, é uma responsabilidade ímpar, demandando preparo e razoável experiência de vida. Por certo, muitos jovens, com 18 anos, já possuem a necessária experiência, mas outros tantos, em número incalculável, não têm a estrutura suficiente para compreender as teses expostas e o grau de responsabilidade que se lhes é apresentado.
A isenção, prevista no art. 437, IX, do CPP, elevando a idade para 70 anos, soa-nos, de certa forma, incompreensível. A pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos, conforme dispõe a Lei 10.741/2003, motivo pelo qual deveria ter sido mantida essa limitação. Isso não deveria significar uma proibição para atuar no Tribunal do Júri, porém uma mera isenção. Se, porventura, o maior de 60 anos quisesse atuar como jurado poderia fazê-lo, o que, aliás, está de acordo com os princípios do Estado Democrático de Direito, norteando a proteção e a integração do idoso.
Excetuam-se da obrigatoriedade do serviço do júri: 
a) o Presidente de República e os Ministros de Estado;
b) os Governadores de Estado e seus Secretários; 
c) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e Distrital e das Câmaras Municipais; 
d) os Prefeitos Municipais; 
e) os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública; 
f) os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública; 
g) as autoridades e servidores da polícia e da segurança pública; 
h) os militares em serviço ativo; 
i) os cidadãos maiores de 70 anos que requeiram sua dispensa; 
j) aqueles que o requererem, demonstrando justo impedimento (art. 437, CPP).
A última hipótese, inserida na reforma, está em harmonia com o que, atualmente, o juiz presidente do Tribunal do Júri tem procurado fazer, ou seja, dispensar, também, outras pessoas, que não se encontram nesse rol, quando a dificuldade em participar fique claramente demonstrada, por requerimento devidamente instruído por documentos. Exemplificando, seria o caso do profissional de vendas, quando a paralisação do seu trabalho, para servir o júri, implique em prejuízo efetivo para seu ganho mensal.
Outro ponto, que reputamos fundamental, é a alfabetização. Não é possível que o jurado analfabeto consulte os autos do processo e tome conhecimento das provas nele encartadas, por sua própria conta, sem quebrar a incomunicabilidade. Por isso, é preciso interpretar com cautela a proibição feita pelo art.436, § 1.º, do CPP, no sentido de que não podem ser excluídos os cidadãos em razão de grau de instrução. É evidente que podem ser afastados do serviço do júri os analfabetos, pois nenhum grau de instrução possuem.
Além disso, o jurado virtual precisa gozar de saúde mental, viabilizando a compreensão plena do que lhe for apresentado, oralmente, em plenário do Júri. Quanto à saúde física, depende do caso concreto. É natural que uma pessoa deficiente, porque lhe falta um dos braços, pode tomar parte do serviço do júri, enquanto outra, surda-muda, não tem condições de captação dos elementos expostos pelas partes.
É essencial, ainda, que esteja no gozo de seus direitos políticos, uma vez que exerce função no Poder Judiciário, inerente à sua cidadania. Além disso, ser brasileiro constitui requisito para a atuação como magistrado.
A inclusão de pessoa inapta a ser jurada ou a exclusão daquela que preenche todos os requisitos legais dá margem à interposição de recurso em sentido estrito, dirigido ao Presidente do Tribunal de Justiça (art. 581, XIV, c/c art. 582, parágrafo único, CPP).
Equiparados que são aos magistrados togados, em relação ao exercício funcional, podem os jurados responder por concussão, corrupção, prevaricação, além de outros delitos pertinentes aos funcionários públicos (art. 445, CPP)
O jurado tem preferência nas licitações públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo ou função pública, bem como nos casos de promoção funcional ou remoção voluntária (arts. 439 e 440, CPP).
RECUSAS E PROIBIÇÃO DE EXCLUSÃO AO SERVIÇO DOJÚRI
Quando alguém se recusar a exercer a função de jurado, invocando motivos de ordem religiosa (ex.: proibição imposta por determinada religião de julgar o semelhante), de ordem filosófica (ex.: considerar que a instituição do júri não é o melhor mecanismo de apurar a verdade dos fatos) ou de ordem política (ex.: não desejar colaborar com qualquer órgão do Estado), poderá enfrentar restrições. A Constituição ressalva a possibilidade de se prestar serviço alternativo, fixado em lei. Passam a existir, a partir da edição da Lei 11.689/2008, as regras para tanto.
O serviço alternativo consiste no exercício de atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público ou na entidade conveniada para tal fim (art. 438, § 1.º, CPP). O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade (art. 438, § 2.º, CP).
Entretanto, o legislador perdeu a oportunidade de ser mais preciso e evitar, com isso, problemas futuros ao não especificar por quanto tempo e sob quais critérios tal serviço alternativo se daria. Não é suficiente, obviamente, deixar à livre escolha do magistrado tal fixação, desde que respeite a proporcionalidade e a razoabilidade.
Recusando-se o cidadão ao serviço alternativo, o juiz deve instaurar procedimento para ouvir o jurado e colher as suas razões, enviando ao Presidente do Tribunal, que o encaminhará ao Ministério da Justiça, para as providências cabíveis, no tocante à suspensão dos direitos políticos.
Ressaltemos que não há previsão de suspensão dos direitos políticos, caso a recusa se dê por motivos diversos (ex.: necessidade imposta pela profissão ou por estado de saúde temporariamente abalado). Nesse caso, depende do juiz a avaliação dessa motivação, conforme possibilidade estabelecida pelo art. 437, X, do CPP.
Lembremos, ainda, que a recusa definitiva em participar do serviço do júri, calcada nos critérios de ordem religiosa, política e filosófica, leva à prestação alternativa. Porém, a recusa momentânea em tomar parte no serviço do júri, quando injustificada, acarretará a multa de um a dez salários mínimos, conforme a condição econômica do jurado (art. 436, § 2.º, CPP). Fixada pelo juiz, deve tornar-se dívida ativa da Fazenda.
Recusa injustificada ao serviço do júri acarretará multa de um a dez salários mínimos. Além disso, se a referida recusa fundar-se em motivação religiosa, filosófica ou política poderá implicar em suspensão dos direitos políticos. Tal suspensão somente ocorrerá se o jurado não prestar serviço alternativo, consistente em atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou produtivo no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público ou em entidade conveniada para tal fim.
Criou-se uma vantagem a mais para quem exercer efetivamente a função de jurado: direito de preferência, em igualdade de condições, no provimento, mediante concurso, de cargo ou função pública, bem como nos casos de promoção funcional ou de remoção voluntária.
Vale ressaltar que o momento adequado para a impugnação do jurado depende do motivo e de quem faz a reclamação. 
Tratando-se de inidoneidade ou menoridade (ser pessoa abaixo dos 18 anos), conforme prevê o art. 436, caput, do Código de Processo Penal, qualquer pessoa do povo pode encaminhar a impugnação ao juiz presidente, até o dia 10 de novembro, pois a lista geral é publicada no átrio do fórum para conhecimento público (art. 435, CPP). Entretanto, cuidando-se de impedimentos e suspeições (arts. 448 e 449, CPP), o momento correto é o do sorteio dos jurados para a composição do Conselho de Sentença, pois é este colegiado que irá julgar o mérito da causa.
O MP, a OAB e a Defensoria não têm prazo específico para isso.
Logo, não se impugna o jurado sorteado para compor a lista dos 25 de cada grupo por conta de suspeição ou impedimento.
A partir de 2008 passou-se a admitir, expressamente, a convocação dos jurados pelo correio ou por qualquer outro meio hábil para o comparecimento às sessões de julgamento. Anteriormente, utilizava-se o edital e o mandado.
PREPARO DA SESSÃO DE JULGAMENTO
Após o trânsito em julgado da decisão de pronúncia, ingressa-se na fase de preparação do plenário, cuja parte principal foi cuidada no item 3.3. Restam, no entanto, alguns pontos complementares para que se possa dar início à fase do juízo de mérito, em plenário do Tribunal do Júri.
Ultrapassada a fase em que as partes arrolam suas testemunhas, juntam documentos e requerem diligências, o magistrado providenciará a produção das provas necessárias.
Após, designará dia e hora para a realização da sessão plenária, determinando a intimação das partes (membro do Ministério Público, querelante e seu defensor, quando houver, assistente da acusação, se existir, réu e seu defensor) e das pessoas a serem ouvidas no dia do julgamento (testemunhas, vítima, se houver, peritos, se necessário), nos termos do art. 431 do CPP.
Superior Tribunal de Justiça
“Esta Corte Superior de Justiça já decidiu que, em se tratando de decisão de pronúncia e não tendo sido o acusado localizado para ser intimado da decisão, basta a intimação do defensor constituído.
(...) O mesmo entendimento se aplica à intimação da sessão de julgamento do Tribunal do Júri, uma vez que o art. 431 do Código de Processo Penal, ao disciplinar a intimação das partes da sessão de julgamento do Júri, faz referência à aplicação, no que couber, ao disposto a respeito da intimação da decisão de pronúncia” (HC 215956/SC, 6.ª T., rel. Sebastião Reis Júnior, 02.10.2012, v.u.).
Com relação à preferência para o julgamento, em primeiro lugar, estão os réus presos e, dentre eles, os que estiverem há mais tempo na prisão. Em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados (art. 429, caput, CPP).
Entretanto, o referido art. 429, caput, estabelece a viabilidade de se romper essa ordem desde que haja motivo relevante, entendido como o motivo de interesse público ou mesmo de interesse individual, desde que superior ao do acusado preso. O controle da pauta pelo juiz é fundamental para que balanceie os julgamentos de presos e soltos, assegurando vagas para os primeiros, mas sem perder de vista os demais. Afinal, réus soltos também devem ser julgados rapidamente e ter a sua situação definida.
Portanto, embora os magistrados devam reservar, em suas pautas, vagas suficientes para os réus presos, não podem evitar de marcar julgamentos de acusados soltos, sob pena de levar muitos casos à prescrição e, além disso, gerar impunidade somente por conta da liberdade auferida.
Outra alternativa para assegurar a celeridade do andamento do processo, em que há vários réus presos, é o desmembramento, expressamente previsto no art. 80 do Código de Processo Penal (“será facultativa a separação dos processos quando (...) pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória (...) o juiz reputar conveniente a separação”). Separam-se os feitos justamente para garantir o menor tempo de prisão provisória possível aos acusados segregados.
A reconstituição do crime, se ainda não tiver sido concretizada, a juízo do magistrado, pode ser determinada na fase de preparação do plenário. Por vezes, surge algum dado novo, que desperta no órgão acusatório ou na defesa o interesse para a referida reconstituição, de modo que haveria o requerimento para a sua produção. Não é prova vedada, nessa fase processual, somente porque constou do art. 7.º do CPP como atribuição da autoridade policial.
Não é demais ressaltar, quanto às testemunhas, deverem ser intimadas as que foram arroladas pelas partes. Se residirem em outra Comarca, expede-se carta precatória. Parece-nos que somente serão ouvidas, por esse meio, as testemunhas que ainda não tiverem prestado o seu depoimento em juízo. 
Afinal, caso tenham dado declarações na fase de formação da culpa, mesmo que por precatória, torna-se desnecessário que sejam novamenteinquiridas.
Por outro lado, se as partes desejaram a intimação de qualquer testemunha para que compareça à sessão de julgamento, tal procedimento não pode ser obstado. No entanto, deve ser consignado no texto da precatória não estar a testemunha obrigada a comparecer, para que não haja um constrangimento
desautorizado em lei. Afinal, quem reside em Comarca diversa do foro onde o processo tramita, deve ser ouvido, como regra, por precatória, motivo pelo qual a intimação da testemunha para comparecer à sessão do Tribunal do Júri não pode ganhar o contexto de algo compulsório.
Sob outro aspecto, impedir a expedição da precatória, visando à intimação de quem reside fora do local onde o júri vai realizar-se, pode constituir cerceamento de acusação ou de defesa, uma vez que a testemunha, ciente da data do julgamento, tem a possibilidade de comparecer espontaneamente, aprimorando a produção da prova.
É motivo de interesse público que não ocorra prescrição e que réus soltos, contra os quais pesa imputação tão grave quanto a que é dirigida aos presos, sejam julgados com igual celeridade. O controle da pauta pelo juiz é fundamental, para que balanceie os julgamentos de presos e soltos, assegurando vagas para os primeiros, mas sem perder de vista os demais.
Eventual preterição da ordem estabelecida pelo art. 429 do CPP, sem justo motivo, pode dar ensejo à impetração de habeas corpus. Configuraria constrangimento ilegal, em tese, permanecer um réu preso aguardando o seu julgamento, enquanto acusados soltos são colocados à frente. Além disso, conforme o caso, pode também ensejar o pedido de desaforamento (art. 428, CPP).
AS PARTES EM PLENÁRIO
 A figura do juiz presidente é fundamental. Em pesquisa que realizamos, por ocasião da elaboração de nossa tese de doutoramento, entrevistando 574 jurados, pudemos constatar que a pessoa a despertar o maior índice de confiança, no Tribunal Popular, é, justamente, o magistrado togado (60,40%).
 Deve se focar a relevância e a responsabilidade do juiz na condução dos trabalhos. Atuar como presidente, no Tribunal do Júri, ao contrário do que muitos pensam, é tarefa árdua e depende de um conhecimento apurado, não somente das leis e da jurisprudência vigente, mas também de aspectos ligados ao trato com o ser humano.
Demanda-se, portanto, ao presidente do Tribunal Popular, uma postura serena, equidistante das partes, humanizada e cautelosa no trato, mas sempre firme e elucidativa em suas decisões. O respeito às partes e ao réu é outra exigência quanto ao comportamento do magistrado, exposto que está ao julgamento da população, acompanhando o desenrolar dos trabalhos.
O juiz presidente possui a árdua tarefa de coordenar os debates, por vezes acalorado, entre as partes.
Ingressa, nesse contexto, a avaliação do direito ao aparte. Como controlar o aparte, sem se desgastar ou perder a autoridade, ao menos naquela sessão? Como proporcionar a justa medida entre a manifestação intervencionista de uma das partes durante a exposição da outra?
Outro ponto relevante é a permanência do magistrado durante todo o desenrolar da sessão de julgamento. É defeso ao juiz presidente ausentar-se do plenário por tempo demasiado. Afinal, como já se expôs, qualquer intercorrência, mormente entre as partes, depende da sua pronta intervenção e decisão.
Ilustrando, se a acusação está expondo sua tese e menciona algo que não é permitido, sofrendo, então, o protesto da defesa, para que o juiz decida se a razão está com o órgão acusatório ou com o defensor, é fundamental ter ouvido o que se passou.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Os crimes julgados pelo Tribunal do Júri, como regra, envolvem ações públicas incondicionadas.
Logo, o titular para a sua propositura é o Ministério Público. Mencionem-se, como exemplos, os crimes dolosos contra a vida, justamente os que dão suporte constitucional para a atuação do Tribunal Popular (art. 5.º, XXXVIII, d, CF): homicídio; induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio; infanticídio e aborto (arts. 121 a 128, CP).
Não se pode descartar, naturalmente, a possibilidade de estar no polo ativo o ofendido, em ação penal privada. Há, basicamente, duas hipóteses para tanto: 
a) um crime conexo, cometido no mesmo cenário do delito doloso contra a vida, cuja ação seja de iniciativa privada. Haveria, então, o órgão acusatório ingressando com ação penal em relação ao crime doloso contra a vida, enquanto, no mesmo processo, existiria a queixa-crime, promovida pelo ofendido, quanto ao delito de ação privada; 
b) caso o Ministério Público não apresente denúncia no prazo legal, torna-se viável o ingresso da parte ofendida, em juízo, com queixa, valendo-se da ação penal privada subsidiária da pública (art. 29, CPP). Neste caso, atuaria o membro do Ministério Público como fiscal da lei, podendo retomar o polo ativo em situação de inércia do ofendido.
Consideramos o Ministério Público, em sua atuação na esfera criminal, quando no polo ativo, como parte imparcial. Tal medida se deve ao fato de poder o membro da instituição ter a possibilidade de, expondo suas razões, pleitear a absolvição do réu, ainda que em plenário, no Tribunal do Júri.
A ação penal pública, uma vez ajuizada, não comporta desistência. É obrigatório o ajuizamento, logo, torna-se identicamente necessário o seu término. Eis o motivo pelo qual o membro do Ministério Público, se entender cabível a absolvição do réu ou a aplicação de redutores de pena, tem o dever de expor, detidamente, as suas razões.
Se é pacífico o entendimento de que o júri pode condenar o réu, ainda que o Ministério Público requeira a absolvição, não menos correto é a afirmativa de que a soberania quanto à apreciação das provas demanda a exposição do conteúdo do processo. A posição pessoal – independência funcional – do promotor será respeitada, sem dúvida, na exata medida em que se respeite o Conselho de Sentença. A prova precisa ser exposta aos jurados de maneira detalhada e sem omissões. Após, pode o membro do Ministério Público expressar aos jurados a sua opinião sobre o caso.
O julgamento pelo Tribunal do Júri não é uma arena de debates sem limites ou fronteiras. Cuida-se de um momento solene, onde se reúne um colegiado do Poder Judiciário, para apreciar uma causa importante, envolvendo seres humanos, motivos pelos quais não há lugar para chicanas gratuitas. Eis por que o membro do Ministério Público deve atuar de maneira realmente imparcial, ainda que se proponha a sustentar, na íntegra, a acusação e pedir a condenação do réu a uma pena elevada.
Assistente de acusação
É a posição ocupada pelo ofendido, quando ingressa na ação penal promovida pelo Ministério Público. Atua no polo ativo, em autêntico litisconsórcio, ainda que seja considerado como parte secundária na relação processual.
Conforme previsto pelo art. 271 do CPP, “ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo [hoje extinto pela Lei 11.689/2008] e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1.º, e 598”.
Em plenário, tem o direito de se manifestar, porém dentro do tempo reservado à acusação. Por isso, o ideal é que entre em acordo com o membro do Ministério Público, para que possam dividir o tempo de exposição. Em caso de divergência insanável, intervém o juiz presidente, promovendo a justa divisão do tempo, tudo a depender do que cada um deles pretende expor.
A ausência do assistente de acusação do plenário é inofensiva, não consistindo causa de nulidade. Afinal, não é ele o titular da ação penal. A sua admissão, para atuar em plenário, deve realizar-se ao menos cinco dias antes da data da sessão, salvo quando já estiver funcionando no processo anteriormente (art. 430, CPP).
Acusado e a questão das algemas
O réu é a parte direta e autenticamente interessada no deslinde da causa. Embora representado por seu defensor, tem ele, no processo criminal, a possibilidadede atuação pessoal. Não deve o juiz presidente, por isso, descuidar, em momento algum, da autodefesa, em especial no Tribunal do Júri.
O direito ao silêncio (art. 5.º, LXIII, CF) deve ser o primeiro a ser lembrado ao
réu. Portanto, logo após a leitura da denúncia ou queixa, dando-lhe ciência da imputação, indagará o magistrado se o acusado deseja se manifestar ou prefere permanecer calado. Optando pelo silêncio, encerra-se o termo e nenhuma consequência processual dessa situação poderá advir. Resolvendo
manifestar-se, ser-lhe-ão formuladas as indagações previstas no art. 187 do CPP.
A mesma fase, relativa ao interrogatório, repetir-se-á no plenário do Tribunal do Júri. É certo ter o réu o mesmo direito ao silêncio. Segundo nos parece, inclusive visando à realização da plenitude de defesa, cremos ser fundamental o interrogatório do acusado em plenário, dando a sua versão a respeito dos fatos que lhe são imputados. 
Somente em casos raros e excepcionais (ex.: cuidando-se de réu inseguro, que se manifesta de maneira truncada, sem raciocínio coerente, o silêncio pode ser a opção mais adequada), deve-se seguir a postura de permanecer calado. Se esta for a solução mais apropriada, torna-se conveniente que o defensor reserve parte do seu tempo de exposição para esclarecer aos jurados o conteúdo e o alcance garantista do preceito constitucional relativo ao direito ao silêncio.
Quando se realizar o interrogatório em plenário, convém ressaltar terem os jurados o direito de dirigir perguntas ao réu, embora por intermédio do magistrado presidente.
Por outro lado, prestando suas declarações, deve o juiz presidente anotar as teses defensivas levantadas diretamente pelo réu, pois elas precisam constar do questionário, conforme o caso. É a aplicação da autodefesa, em seguimento ao preceito constitucional da plenitude de defesa. Não cabe, exclusivamente, à defesa técnica a apresentação de teses. O acusado, no sistema processual brasileiro, é convidado a dar, pessoalmente, a sua versão, defendendo-se.
Manter o réu algemado o tempo todo, especialmente no momento em que é interrogado, quase sem poder expressar-se, gesticulando com dificuldade, nunca nos pareceu a melhor medida. Em primeiro plano, deve-se destacar que o juiz leigo não tem o mesmo preparo do magistrado togado para ignorar solenemente a apresentação do acusado com algemas. É possível destacar-se em sua mente que os grilhões representariam tanto um símbolo de perigo, quanto de culpa. Torna-se mais lógico evitar, a qualquer custo, a má apresentação do acusado diante de seus julgadores. É a consagração do princípio constitucional da plenitude de defesa.
Com o advento da Lei 11.689/2008, tornou-se regra a não utilização das algemas, salvo por motivos excepcionais: “Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes” (art. 474, § 3.º, CPP).
Enfim, como modelo ideal, deve-se atingir a plena igualdade em todos os prismas, inclusive na acomodação dos lugares no plenário do júri.
Defesa
A defesa pode ser constituída pelo réu ou nomeada pelo juiz. Neste último caso, o defensor é um advogado dativo. Atualmente, entretanto, prescinde-se da nomeação do magistrado quando se trata de defensor público, pois é advogado concursado, integrante dos quadros estatais.
A tarefa da defesa é árdua no Tribunal do Júri, exigindo-se, em muitos casos, desenvolva-se acima do empenho do órgão acusatório. Afinal, a Constituição Federal determina que, no Tribunal Popular, seja assegurada a plenitude de defesa (art. 5.º, XXXVIII, a).
Não pode o defensor apresentar falhas graves, em hipótese alguma. Se tal se der, cabe ao magistrado considerar o réu indefeso, providenciando-lhe outro causídico para o patrocínio da causa.
O defensor, no júri, precisa, dentre outros fatores: 
a) necessariamente ter contato com o acusado, seja como advogado constituído, o que é mais natural, seja como dativo ou defensor público. Esse contato gera confiança e cria laços entre defensor e defendido, o que somente pode ter por consequência a obtenção dos melhores e mais apurados dados para a promoção da linha defensiva; 
b) deve orientar o réu em todos os sentidos, esclarecendo-o a respeito das teses que serão utilizadas e das possíveis soluções a serem concretizadas por ocasião do julgamento. O acusado, bem informado, terá noção do que lhe poderá acontecer, desde o princípio, sem manter falsas ilusões. Em virtude disso, ambos – acusado e defensor – devem harmonizar a autodefesa e a defesa técnica; 
c) o defensor não deve tentar impedir o réu de se defender pessoalmente, quando houver os interrogatórios. Ao contrário, cabe lhe orientar o acusado a apresentar a versão que desejar, porém, buscando sintonizá-la, se possível, com a tese técnica a ser oferecida ao Tribunal do Júri; 
d) reclama-se que conheça, detalhadamente, o processo e todas as provas nele constantes.
e) o rol das testemunhas deve ser fornecido sempre com conhecimento das pessoas a serem ouvidas.
f) se houver necessidade, seja para a fase da formação da culpa, seja para a fase realizada em plenário, o número legal pode ser ultrapassado. Essa é uma das relevantes contribuições da plenitude de defesa;
f) se houver necessidade, seja para a fase da formação da culpa, seja para a fase realizada em plenário, o número legal pode ser ultrapassado. Essa é
uma das relevantes contribuições da plenitude de defesa;
h) a análise da decisão de pronúncia, evitando-se aceitar que ela contenha excesso de fundamentação, é indispensável.
i) no mesmo prisma, não se deve aceitar seja a pronúncia vazia de fundamentação.
j) a interposição de recurso em sentido estrito, contra a decisão de pronúncia, merece estudo cauteloso. Havendo provas abundantes e, verificando o defensor que o magistrado não tinha outra opção, desnecessário se torna o recurso, que somente tomará tempo e terminará por produzir acórdão confirmatório. Este, por seu turno, pode conter afirmativas desnecessárias, confirmando ser o acusado o autor do delito ou ratificando a necessidade de que seja julgado pelo Tribunal Popular, o que não seria útil à defesa.
m) a apresentação de teses subsidiárias e alternativas é medida eficiente, quando o caso comportar. O defensor tem o dever de levantar todas as teses possíveis para beneficiar o réu; 
n) a inovação da tese na tréplica é um direito, decorrente, dentre outros fatores, da plenitude de defesa. Não deve o defensor abrir mão disso. 
Por óbvio, a utilização da inovação na tréplica é medida de exceção, ou seja, não deve ser usada como regra. Surgindo argumentos novos, muitas vezes em função do alegado pela acusação na réplica, pode o defensor inovar na sua tese, quando se manifestar em tréplica; 
o) analisar detidamente os quesitos formulados pelo juiz e, se possível, havendo tempo, explicá-los aos jurados, sob o ponto de vista da
defesa, é outra meta relevante; 
p) impugnar os quesitos defeituosos, no momento final da sua leitura, precisa ser realizado, sob pena de se materializar a preclusão.
Logicamente, pode o defensor hábil contrapor-se a argumentos do réu, sem ofendê-lo ou desmenti-lo. Imagine-se que o acusado assuma a autoria e alegue legítima defesa. O defensor, por sua vez, não vê supedâneo para tal tese em face da prova existente nos autos. Ao dirigir-se aos jurados, deve esclarecer
que esse é o ponto de vista pessoal do acusado, que merece respeito e atenção. Porém, além dele, outros aspectos podem ser considerados. E, sob tal enfoque, invoca outras teses subsidiárias, possivelmente as mais sólidas, que irão, realmente, contribuir para o interesse do defendido.
Atuar na tribuna da defesa, no Tribunal do Júri, é missão peculiar e realmente destacada, pois demanda conhecimento jurídico seguro, flexibilidade para o trato com outras pessoas, didática particular para expor ideias,frieza para enfrentar, diante do público, revezes inesperados, estrutura emocional para defender o cliente, sem ultrapassar as fronteiras da ética profissional, agilidade no raciocínio para que as impugnações orais, inscritas em ata, sejam imediatamente promovidas, quando falhas se apresentarem, firmeza para sustentar as prerrogativas do advogado, sem avançar para o campo do desrespeito e da ofensa; enfim, o advogado necessita apreciar a instituição do júri e ser para esta vocacionado.

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