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EES024 - Análise Estrutural II Aula 03: Método das forças Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) 2o. semestre 2017 Metodologia de análise Vamos admitir o seguinte pórtico plano: Todas as barras com: A = 5 x 10−3 m2 I = 5 x 10−4 m4 E = 2 x 108 kN/m2 GIE = 5− 3 = 2 Portanto, existem duas incógnitas excedentes em relação às equações de equilíbrio disponíveis. Metodologia de análise Deve-se, portanto, definir uma estrutura isostática auxiliar, denominada Sistema Principal (SP), a partir da eliminação de 2 vínculos, por exemplo: Como já discutido, o SP, por ser isostático, pode ser analisado levando-se em conta apenas as equações de equilíbrio. Entretanto, fica claro que a aplicação dos esforços externos ao Sistema Principal provocaria deslocamentos e rotações "proibidos" na estrutura original, ou seja, suas condições de compatibilidade seriam violadas. Metodologia de análise A ideia então é encontrar forças e momentos fletores, Xi, denominados hiperestáticos que, ao serem aplicados ao SP, restaurem, na superposição (soma) dos efeitos, as condições de compatibilidade originais. Metodologia de análise O efeito de cada hiperestático é, no entanto, avaliado individualmente, considerando a atuação de cargas unitárias: Metodologia de análise Caso (0): efeito das cargas externas Caso (0): quais são os deslocamentos e rotações, associados aos vínculos eliminados, provocados pelas cargas externas? δi0 → termos de carga: deslocamento ou rotação provocado pelas cargas externas na direção do hiperestático Xi Os termos de carga podem ser determinados pelo método da carga unitária, resultando em: δ10 = −13, 64 x 10−3 δ20 = 115, 2 x 10−3 m O sinal negativo para δ10 indica sentido oposto ao adotado para X1, como indicado na segunda figura. Metodologia de análise Casos (j): efeito do hiperestático Xj δij → coeficientes de flexibilidade: deslocamento ou rotação na direção do hiperestático Xi, provocado por Xj = 1. δij também podem ser determinados pelo método da carga unitária. Caso (1): quais são os deslocamentos e rotações, associados aos vínculos eliminados, provocados por X1 unitário? δ11 = +0, 1152 x 10−3 (kN ·m)−1 δ21 = −0, 6997 x 10−3 m/(kN ·m) O sinal negativo para δ21 indica sentido oposto ao adotado para X2, como indicado na segunda figura. Metodologia de análise Casos (j): efeito do hiperestático Xj Caso (2): quais são os deslocamentos e rotações, associados aos vínculos eliminados, provocados por X2 unitário? δ12 = −0, 6997 x 10−3 (kN)−1 δ22 = +6, 1180 x 10−3 m/kN O sinal negativo para δ12 indica sentido oposto ao adotado para X1, como indicado na segunda figura. Convém ressaltar que os coeficientes de flexibilidade têm unidades de deslocamento (e.g., m) ou rotação (rad⇒ adimensional) por unidade do hiperestático que os provocam (e.g., kN ou kN·m). Metodologia de análise Restabelecimento das condições de compatibilidade Para anular a rotação no nó inferior esquerdo (nó A): δ10 + δ11X1 + δ12X2 = 0 Para anular o deslocamento horizontal no nó inferior direito (nó B): δ20 + δ21X1 + δ22X2 = 0 Reescrevendo este sistema algébrico em notação matricial:{ δ10 δ20 } + [ δ11 δ12 δ21 δ22 ] ︸ ︷︷ ︸ Matriz de flexibilidade { X1 X2 } = { 0 0 } ⇒ {δ0}+ [ δ ]{X} = {0} Substituindo os valores e resolvendo:+0, 1152 x 10−3 (kN ·m)−1 −0, 6997 x 10−3 (kN)−1 −0, 6997 x 10−3 (kN)−1 +6, 1180 x 10−3 m/kN X1 X2 = +13, 64 x 10−3 −115, 2 x 10−3 m ∴ X1 = +13, 39 kN ·m, X2 = −17, 29 kN Metodologia de análise Restabelecimento das condições de compatibilidade Como foi obtido um valor positivo para X1, a direção convencionada para este hiperestático no início da análise corresponde à direção da reação de apoio no vínculo eliminado. Para X2, ocorreu o inverso, ou seja, a direção da reação de apoio é oposta à convencionada para X2. Metodologia de análise Esforços internos Para completar a análise, falta obter os esforços internos nos elementos estruturais e, eventualmente, a configuração deformada. Isto pode ser feito de duas maneiras: • Calcula-se a estrutura isostática (o SP) com o carregamento externo atuando simultaneamente com os hiperestáticos - com os seus valores finais - como se estes fossem parte do carregamento; • Faz-se a superposição dos diagramas de esforços solicitantes (e dos deslocamentos) obtidos nos casos básicos. Na prática, há uma preferência por esta segunda opção, visto que o método da carga unitária, utilizado na obtenção dos termos de carga e dos coeficientes de flexibilidade, já exige o traçado dos referidos diagramas. Por exemplo, para o pórtico analisado, os diagramas de momentos fletores seriam dados por: M =M0 +X1M1 +X2M2 sendo: Mk → momento fletor obtido no caso (k), com k = 0,1,2. Metodologia de análise Generalização O número de casos básicos que devem ser resolvidos, além do caso (0), é igual ao grau de indeterminação estática da estrutura (g). Além disso, as condições de apoio não precisam ser nulas, podendo haver deslocamentos e rotações prescritos. Assim, de forma genérica, a equação de flexibilidade seria: δ10 ... δg0 + δ11 · · · δ1g... . . . ... δg1 · · · δgg X1 ... Xg = δp1 ... δpg ⇒ {δ0}+ [δ]{X} = {δp} Resolvendo:[ δ ]{X} = {δp} − {δ0} ⇒ {X} = [δ]−1({δp} − {δ0}) A matiz de flexibilidade, [ δ ] , tem dimensões (g x g) e é simétrica: δij = δji Deve-se observar ainda, que os coeficientes da matriz de flexibilidade não dependem da carga externa. Portanto, para analisar a mesma estrutura sob outras configurações de carregamentos, basta recalcular os termos de carga. Metodologia de análise Generalização Após o cálculo do vetor de hiperestáticos, {X}, os esforços internos podem ser obtidos por: N = N0 + g∑ k=1 NkXk, Q = Q0 + g∑ k=1 QkXk, M =M0 + g∑ k=1 MkXk onde: N0 → diagrama de esforços axiais para o caso (0); Q0 → diagrama de esforços cortantes para o caso (0); M0 → diagrama de momentos fletores para o caso (0); Nk → diagrama de esforços axiais para o caso (k); Qk → diagrama de esforços cortantes para o caso (k); Mk → diagrama de momentos fletores para o caso (k). No caso das grelhas, não há esforço axial, mas seriam incluídos diagramas de torção. Cálculo dos termos de carga e dos coef. de flexib. Adotando o método da carga unitária, os termos de carga dos pórticos planos são determinados por: δi0 = ∫ estrut NiN0 EA dx+ ∫ estrut MiM0 EI dx+ ∫ estrut χ QiQ0 GA dx onde: χ→ fator de forma que determina a área efetiva de cisalhamento. Em treliças, como há somente esforços normais e constantes ao longo das barras, a integral é reescrita em termos de um somatório: δi0 = ∫ estrut NiN0 EA dx = no. barras∑ k=0 [ NiN0 EA lk ] onde: lk → comprimento da barra k. Para grelhas, não há o termo da energia de deformação axial, mas há o termo da energia de deformação por torção. Assim: δi0 = ∫ estrut MiM0 EI dx+ ∫ estrut χ QiQ0 GA dx+ ∫ estrut TiT0 GJt dx Cálculo dos termos de carga e dos coef. de flexib. Os coeficientes de flexibilidade também são obtidos pelo método da carga unitária. Logo, o processo pode ser resumido por: • Pórticos planos: δij = ∫ estrut NiNj EA dx+ ∫ estrut MiMj EI dx+ ∫ estrut χ QiQj GA dx • Treliças: δij = ∫ estrut NiNj EA dx = no. barras∑ k=0 [ NiNj EA lk ] • Grelhas: δij = ∫ estrut MiMj EI dx+ ∫ estrut χ QiQj GA dx+ ∫ estrut TiTj GJt dx Nota: Nas barras esbeltas (comprimento muito maior do que as dimensões da seção transversal), o efeito da forçacortante possui uma contribuição bem inferior aos demais esforços nos deslocamentos. Desta forma, tais termos eram frequentemente desprezados nas análises mais antigas, quando os recursos computacionais não eram tão acessíveis. Hoje em dia, porém, tal aproximação não se justifica, principalmente na análise de grandes estruturas onde estes pequenos efeitos, quando somados, podem conduzir a configurações deformadas instáveis. Leitura recomendada • Livro Análise de Estruturas: conceitos e métodos básicos, Luiz Fernando Martha, 2a. ed., Elsevier Editora Ltda., Rio de Janeiro, 2017: Capítulo 8 (seções 8.1 a 8.3) Para revisão do método da carga unitária: Capítulo 7 (seções 7.1 a 7.3) Metodologia de análise Caso (0): efeito das cargas externas Casos (j): efeito do hiperestático Xj Restabelecimento das condições de compatibilidade Esforços internos Generalização Determinação dos termos de carga e coeficientes de flexibilidade Leitura recomendada
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