Buscar

Análise de processos de comercialização de alimentos ecológicos na região centrooeste do Paraná com foco no PNAE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Análise de processos de comercialização de alimentos ecológicos na região centro-
oeste do Paraná com foco no PNAE. 
 
Área Temática: Meio Ambiente e Trabalho 
Responsável pelo Trabalho: Tiago da Costa 
Instituição: Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) 
Autores: Tiago da Costa1; Glaucia Keli Back2; Julian Perez-Cassarino3 
 
Resumo 
A região centro-oeste do Paraná vêm demonstrando grande potencial para a 
agricultura de base ecológica e com o fortalecimento da produção agroecológica nasce a 
necessidade de se criar e ampliar mercados para os produtos agroecológicos. Neste 
contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar as ações de extensão desenvolvidas pelo 
Grupo de Estudos e Extensão em Agroecologia (GEECA) junto a grupos de agricultores 
ligados aos Núcleos Regionais Luta Camponesa e Monge João Maria da Rede Ecovida de 
Agroecologia, localizados na região centro-oeste do Paraná, com o foco no fortalecimento 
de ações de comercialização alternativa de alimentos ecológicos. A proposta metodológica 
a aplicada junto aos grupos se deu nas seguintes ênfases: (a) acompanhamento e 
compreensão das atividades operacionais dos grupos; (b) modelagem e análise de 
processos, tendo como foco o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Os 
resultados das ações evidenciaram as possibilidades de aperfeiçoamento da dinâmica 
processual e operacional do PNAE e a necessidade do fortalecimento e diversificação de 
iniciativas de comercialização de alimentos ecológicos na região. 
 
Palavras-chave 
Agroecologia, Gestão de Processos, Programa Nacional de Alimentação Escolar 
 
Introdução 
O presente trabalho sintetiza parte das atividades de acompanhamento junto a 
organizações de grupos de agricultores ligados à Rede Ecovida de Agroecologia tendo 
como foco a compreensão e apoio técnico para o aperfeiçoamento das ações de 
comercialização alternativa de alimentos ecológicos na Cooperativa Agroindustrial 8 de 
Junho (COPERJUNHO) em Laranjeiras do Sul – PR e na Associação dos Grupos de 
Agricultores Ecológicos de Turvo-PR (AGAECO). 
Os mercados agroecológicos se caracterizam pela criação de espaços alternativos de 
abastecimento de alimentos, onde a construção de relações de solidariedade e 
reciprocidade se sobrepõe aos valores puramente mercantis, sendo mais adequados à 
realidade da agricultura familiar (PEREZ-CASSARINO, 2013). 
 
1Professor Assistente. Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Laranjeiras do Sul – PR. 
2Graduanda do Curso de Ciências Econômicas. Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Laranjeiras do Sul – PR. 
3Professor Adjunto. Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Laranjeiras do Sul – PR. 
As organizações que promovem a agroecologia têm enfatizado a releitura de todo o 
sistema agroalimentar, expondo a necessidade do desenvolvimento de formas sustentáveis 
de produção e do aprimoramento mecanismos diferenciados de comercialização (PEREZ-
CASSARINO, 2013). Dentro dessa perspectiva, Darolt (2013) discute a necessidade de 
diminuir a distância entre consumidores e produtores, reinventando os mercados locais e 
estimulando a aquisição e produção de alimentos de base ecológica. 
Diante disso, a estruturação de mercados alternativos para a agricultura familiar e 
de base ecológica como redes de comercialização agroecológica, feiras, venda direta e 
venda institucional fortalecem a ideia de que a agricultura familiar é a grande responsável 
pela produção de alimentos de qualidade para a população (DAROLT, 2013). Uma forte 
limitação para a efetividade dessas alternativas, porém, são os entraves burocráticos e 
operacionais de sua gestão, além da falta de uniformidade no prazo de pagamento dos 
produtos aos agricultores. 
Os grupos focalizados neste trabalho encontram-se em processo de estruturação ou 
reestruturação de seus mecanismos de comercialização. Para isso, há uma forte demanda 
de organização dos sistemas de produção ecológica com vistas à melhoria do 
gerenciamento da produção e o fortalecimento dos mecanismos de comercialização já 
promovidos pela própria Rede Ecovida para desenvolvimento e divulgação de tecnologias 
e processos apropriados e diversificação de mercados. 
É neste contexto que a equipe de alunos e professores GEECA se propôs a 
compreender e modelar os processos adotados na operacionalização do PNAE nos grupos 
já citados, apoiando os processos de eficiência operacional e diversificação de mercados. 
Os desdobramentos e conexões com as atividades de ensino e pesquisa 
oportunizadas a partir das atividades de extensão desenvolvidas nestes grupos foram 
alcançados com a aplicação teórica e a apropriação dos processos de comercialização 
focalizados, com a reflexão crítica dos resultados junto aos grupos, além de gerarem 
conhecimento materializado na apresentação de trabalhos em eventos e a publicação de 
resultados em periódicos da área. 
 
Material e Metodologia 
A metodologia proposta para as ações de extensão foi orientada pelo projeto de 
extensão iniciado em 2013 denominado “Estruturação e Articulação de Ações de 
Comercialização Alternativa de Alimentos Ecológicos nos Núcleos Regionais Luta 
Camponesa e Monge João Maria da Rede Ecovida de Agroecologia”. 
A atuação junto aos grupos se deu nas seguintes ênfases: (a) acompanhamento das 
atividades operacionais e; (b) modelagem e análise de processos, tendo como foco o 
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). As fontes de evidência utilizadas 
foram entrevistas, documentos e observação direta, apoiados técnicas de coleta e análise de 
dados com base em levantamentos documentais, observação direta, e entrevistas abertas. 
A equipe primeiramente fez visitas para conhecer os métodos de gestão 
empregados no processo de consolidação do PNAE. Em um segundo momento realizou-se 
a modelagem do processo com o apoio do aplicativo Bizagi Process Modeler que 
representa os processos por meio de diagramas com o padrão BPMN (Business Process 
Modeling Notation), tendo como foco analisar as diferenças na condução operacional do 
programa nas duas organizações e identificar as peculiaridades da execução do processo. 
 
Resultados e Discussões 
A modelagem do processo AGAECO e da COOPERJUNHO está dividido em três 
partes: i) a organização social; ii) logística para a distribuição dos alimentos e iii) 
procedimentos para prestação de contas. Nas figuras 1 e 2 são demonstrados os processos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1- Modelagem de processo de gestão do PNAE na AGAECO 
Fonte: SILVA, A. et al, 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Modelagem de processo de gestão do PNAE na COOPERJUNHO 
Fonte: SILVA, A. et al, 2013 
 
O processo de organização social é estruturado a partir das chamadas públicas 
realizadas pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná (SEED), o que resulta na 
realização de reuniões juntos aos agricultores para mensurar o número de participantes e a 
relação da quantidade de produtos que se pode entregar. Posteriormente os agricultores 
analisam a localização das escolas, quais produtos e a quantidade que cada uma dessas 
escolas demanda, e opta-se ou não por aderir ao projeto e concorrer ao edital. O resultado 
da concorrência aponta em quais escolas a organização venceu a chamada. A partir desta 
informação, novamente ela pode desistir da venda ou assinar o contrato de venda, que em 
seguida é enviado à SEED. 
O processo logístico de coleta e entrega dos produtos nas escolas é realizado 
mediante contato com as escolas para combinar os dias, a periodicidade e a quantidade das 
entregas para então informar aos produtores o dia e horário de coleta. Os produtos são 
reunidos no depósito e separados por escola, para então fazer as distribuiçõesno dia 
seguinte. Junto aos produtos é levado um termo de aceite (documento contendo produto e 
quantidade) que precisa ser assinado por quem está recebendo o produto naquele dia e 
inicia o processo de envio de documentos para a efetuação do pagamento 
No processo de prestação de contas é necessário enviar a SEED a relação de todos 
os produtos entregues naquele período, juntamente com os termos de aceite. O pagamento 
é feito de 30 a 90 dias após a data de envio. Pode ocorrer que a nota fiscal seja devolvida 
por algum erro cometido na hora de sua elaboração na associação, o que atrasa o 
pagamento. Logo após o pagamento pela SEED é feito nas organizações o acerto do 
custeio de frete, funcionários, equipamentos e manutenção dos veículos, o que totaliza 
cerca de 20% do valor recebido. 
A análise comparativa dos processos aponta que os procedimentos adotados são 
basicamente iguais nas duas organizações, mas com algumas peculiaridades. A diferença 
primordial na gestão da COPERJUNHO em relação à AGAECO é o número de 
colaboradores nas prestações de serviço, já que na primeira organização são seis pessoas 
envolvidas - número maior que a AGAECO - que conta somente com duas pessoas. Isso 
facilita na divisão de trabalho e diminui a sobrecarga de atividades que muitas vezes 
dificulta e atrasa os processos. 
Na primeira parte do processo, a COPERJUNHO realiza duas reuniões, sendo uma 
com o mesmo objetivo da AGAECO e na outra se planeja o cronograma de execução 
definindo as entregas que cada produtor será responsável, tornando o processo mais 
articulado que na AGAECO, que define a cada mês como serão feitas as entregas. 
Sobre o processo logístico, o diferencial é que ao invés de fazerem a coleta em cada 
propriedade como a AGAECO, a COPERJUNHO recebe os produtos na agroindústria 
entregues pelos produtores. Isso é possível neste caso devido a curta distância das unidades 
produtoras com a agroindústria, criando a disponibilidade de tempo para desenvolver 
outras atividades como separar os produtos e fazer as entregas antecipadamente. Por outro 
lado, nesta situação os agricultores necessitam possuir um meio de transporte ou pagar 
individualmente por este, o que pode fragilizar a organização e dificultar a participação de 
agricultores menos estruturados. 
O processo de documentação para a prestação de contas não difere. Entretanto, 
como o pagamento do PNAE é feito de 30 a 90 dias e pode ocorrer das notas voltarem, a 
COOPERJUNHO encontrou um meio alternativo que garante o pagamento mensal aos 
funcionários e agricultores fazendo empréstimos com a cooperativa de credito Cresol. 
 
Conclusão 
Com a compreensão e modelagem do processo de gestão do PNAE na AGAECO e 
COPERJUNHO foi possível demonstraram as diferenças importantes para sua eficiência e 
efetividade nas organizações acompanhadas e oportunidades de melhoria. Dentre os fatores 
de destaque estão o dimensionamento adequado do quadro de trabalhadores, procedimento 
logísticos otimizados e alternativas de crédito para manter a liquidez dos agricultores e das 
organizações. Ademais, o acompanhamento da dinâmica produtiva das organizações 
aponta para a necessidade de maior diversificação produtiva e da estruturação e 
fortalecimento de outros canais de comercialização, como as feiras ecológicas, grupos de 
consumidores organizados, circuitos de circulação de produtos e venda direta, diminuindo 
a dependência de um mercado específico para os grupos e consequentemente reforçando 
sua sustentabilidade a amplitude de acesso aos seus consumidores. 
 
Referências 
DAROLT, Moacir Roberto. Circuitos Curtos de Comercialização de Alimentos 
Ecológicos: Reconectanto Produtores. Agroecologia: práticas, mercados e políticas para 
uma nova agricultura 2013. Disponível em <http://aspta.org.br/wp-content/uploads/ 
2013/07/AGROECOLOGIA-praticas-mercados-e-politicas.pdf> Acesso em 19 jul. 2013 
 
PEREZ-CASSARINO, Julian. A construção de mecanismos alternativos de mercados 
no âmbito da Rede Ecovida de Agroecologia. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e 
Desenvolvimento) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012. 
 
SILVA, Aline; et al. Mapeamento de processos na execução de compras de produtos 
ecológicos na alimentação escolar: estudo de caso na COOPERJUNHO e AGAECO. 
Cadernos de Agroecologia, v. 8, n. 2, nov. 2013. Resumos do VIII Congresso Brasileiro 
de Agroecologia - Porto Alegre/RS - 25 a 28/11/2013.

Outros materiais