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1 3 Amaury Portugal Teoria Geral da Administração II 1ªEdição Sobral/2017 5 Sumário Palavra do professor autor Sobre o autor Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando Unidade de Estudo I: Abordagem Neoclássica da Administração; Teoria Neoclássica Características Principais da Teoria Neoclássica Criticas a abordagem neoclássica Princípios Básicos da Organização Funções do Administrador Processo Administrativo Administração por Objetivos (APO) Objetivo da Administração Unidade de Estudo II: Teoria da Burocracia Conceituando a Teoria da Burocracia Origens da Teoria da Burocracia Características da Burocracia, segundo Weber Características principais Críticas sobre a Teoria Burocrática Unidade de Estudo III: Abordagem Estruturalista da Administração Conceituando a teoria estruturalista A Sociedade de Organizações Tipologia das Organizações Tipologia de Etzioni Tipologia de BLAU e SCOTT 6 O Homem Organizacional Análise das Organizações Organização Formal Organização Informal Objetivos Organizacionais Ambiente Organizacional Conflitos Organizacionais Apreciação crítica do Estruturalismo Unidade de Estudo IV Abordagem Comportamental da Administração ( Behaviorista) Breve histórico da abordagem comportamental da administração (Behaviorista) Teoria Comportamental da Administração Ciclo motivacional Hierarquia das necessidades de Maslow: Teoria dos Fatores de Herzbeg Fatores motivacionais ou fatores intrínsecos Estilos de Administração ( teoria X e teoria y) Sistemas de Administração Críticas Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO) Técnicas de DO As limitações do Desenvolvimento Organizacional Unidade de Estudo V: Abordagem Sistêmica da Administração Princípios Sistêmicos Principais Conceitos Aplicados a Abordagem Sistêmica Origem da Teoria Geral dos Sistemas Tipos de sistemas A organização como um sistema aberto Conceito de sistemas As organizações como sistemas 7 Características obrigatórias dos sistemas sociais Homem Funcional Cibernética e administração As principais consequências da Cibernética na Administração Teoria matemática da administração Vantagens dos modelos Matemáticos As principais Técnicas de pesquisa operacional Abordagem Contingencial da Administração Origem da teoria das contingências Mapeamento ambiental Desenho Organizacional Unidade de Estudo VI: Novas Abordagens da Administração A teoria da Administração Gestão do conhecimento e capital intelectual Soluções emergentes Equipes de alto desempenho Qualidade Total Gestão da Qualidade Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Pesquisando com a Internet Saiba mais Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos 8 Palavra do Professor autor Prezados alunos, O estudo da Administração de empresas é o estudo de entidades organizacionais que de forma relevante sempre impactou os acontecimentos e a formação das sociedades e economias capitalistas durante os tempos. Teoria Geral da Administração II aborda a continuação da história das teorias da administração, já vistas na disciplina de TGA I. O enfoque agora é direto e focado nas escolas que complementam a visão mais atual da disciplina, já que se aproxima dos tempos atuais. Trata-se de uma disciplina recheada de conceitos e fatos históricos que ilustram esta trajetória de simples técnicas a pujantes teorias que hoje conhecemos por administração de empresas. O autor! 9 Sobre o autor Amaury Portugal, Mestre em Administração pela UNIFOR/CE com Bolsa da Funcap - CE. Formado em Administração de Empresas pela UNIFOR/CE, Especialista em Marketing de Serviços pela FIA/SP. Coordenador dos cursos de Bacharelado em Administração EAD e Tecnológico em Recursos Humanos EAD do Centro Universitário UNINTA. Coordenador do curso de Bacharelado em Administração da Faculdade Alencarina de Sobral – FAL. Professor há 11 anos, em instituições como FVS-CE, UVA-CE, FAECE-CE, Faculdade CDL-CE e Faculdade Luciano Feijão-CE Consultor de Marketing, com foco em varejo e tecnologia, presta consultoria no Sebrae/CE. Experiência de mais de seis anos como executivo nos mercados de Bebidas e Farmacêutico em empresas como Schincariol e Nuteral. 10 Ambientação Sejam bem-vindos a disciplina Teoria Geral da Administração II. O estudo da administração se inicia com sua disciplina clássica de Teoria Geral da Administração. Este disciplina dentro do curso de administração pode ser formatada em um ou mais semestres, o caso desta versão que adotamos com a disciplina que dividimos em TGA I e TGA II. Nesta segunda parte vamos abordar as teorias que complementam a visão da Administração atual com influências, críticas e uma forma de organização que ressalta conceitos advindos de épocas passadas e que até hoje permanecem. O universo histórico compreende o período dos anos 50 até os dias de hoje, com uma unidade de estudo específico destinado a Teoria da Burocracia, que quebra a linha histórica, mas que de tão fundamental, ganhou essa abordagem especial. Estudam-se também princípios avançados dentro da teoria comportamental, teorias estruturalistas, e um destaque as teorias que moldaram o que conhecemos hoje como Administração, a Teoria Sistêmica, com estudos sobre cibernética e matemática, tendo os Estados Unidos como grande celeiro deste conhecimento. Bons estudos! 11 Trocando ideias com os autores Agora é o momento em que você irá trocar ideias com os autores das obras indicadas. Sugerimos que leia a obra Teoria Geral da Administração. Durante anos, a Administração foi considerada uma atividade paralela e apenas complementar ao comando das organizações, em geral, e das empresas, em particular. Surgida no início do século passado como uma ciência focada na busca da eficiência do trabalhador de chão de fábrica provocou uma verdadeira revolução no mundo organizacional. Envolveu a organização como uma totalidade, em um amplo processo administrativo de planejar, organizar, dirigir e controlar, posteriormente abrangendo também as pessoas e os grupos sociais como atores e protagonistas do processo. Tudo dentro de uma abordagem prescritiva e normativa de como se deve fazer. Com o passar do tempo, absorveu o estruturalismo da sociologia organizacional e o behaviorismo da psicologia organizacional, incorporando também os conceitos básicos da teoria de sistemas e abrindo seus horizontes para o ambiente e o mundo globalizado – palco dos desafios atuais em termos de complexidade, mudanças e transformações rápidas, e da incerteza e imprevisibilidade delas resultantes. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral de Administração. 9ª ed. Rio de Janeiro: Manole, 2014. 12 Propomos também a leitura da obra Teoria Geral da Administração: Da Revolução Urbana à Revolução Digital. Esta obra apresentaa evolução das ideias na história das organizações e da administração. O texto foi planejado para fornecer a visão dos conceitos e facilitar a aquisição das técnicas que se desenvolveram a cada estágio evolutivo. Os casos, no final de cada capítulo, possibilitam trazer os conceitos e as técnicas para a esfera da aplicação prática, ajudando o estudante a desenvolver suas competências de análise e julgamento. Abrangente e atualizado, o livro dá tratamento cuidadoso a temas clássicos e contemporâneos, como: Administração científica; Escola do processo administrativo; Sistema Toyota de Produção; Modelo japonês de administração; Pensamento sistêmico; Ética e responsabilidade social; Administração participativa. A redação concisa e organizada em itens numerados facilita a leitura. A bibliografia faz uso dos recursos da Internet, que o estudante é incentivado a utilizar intensamente. MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria geral da administração. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. Guia de Estudo Analise as duas obras e faça uma síntese realizando um paralelo entre as duas, relacionando com o assunto abordado nessa disciplina. 13 Problematizando CASO - O OUTRO LADO DA MESA O vendedor Humberto começou a trabalhar há 14 anos na Afrodite, uma grande empresa industrial do ramo têxtil e de confecções. Sua equipe tinha outros quatro vendedores. Três deles atendiam a pequenos varejistas, que representavam 20% das vendas. Outro vendedor era especializado em atacadistas, que respondiam por mais 20% do faturamento. Humberto, o mais experiente, vendia para grandes varejistas, como cadeias de lojas e supermercados. Sozinho, Humberto produzia 60% das vendas. Humberto e seus colegas tinham relações muito cordiais. Eram como diziam, “Bons amigos que trabalhavam juntos” . Sérgio, o supervisor de Humberto, era considerado um dos melhores gerentes da Afrodite. A intervalos regulares, chamava cada um de seus vendedores para perguntar sobre seu desempenho e dar instruções. A maior parte das perguntas e instruções de Sérgio dizia respeito aos índices de desempenho da equipe – o número de visitas feitas por dia, a taxa de vendas efetuadas em relação ao total de visitas, e assim por diante. Quase sempre, ele dizia que iria conversar novamente com o vendedor ali a uma semana, para cobrar resultados. Infalivelmente, uma semana depois, o vendedor era chamado. Ele usava uma lista de assuntos pendentes, que atualizava continuamente, para fazer cobranças e dar ordens. Um dia, Sérgio foi promovido e escolheram Humberto para ficar em seu lugar. Um de seus colegas o substituiu e trouxeram um vendedor de fora para completar a equipe. Humberto foi apanhado de surpresa: - Estou como o homem que foi jogado na água para aprender a nadar. E agora, o que faço? Não recebi quase nenhuma orientação. Confuso, Humberto decidiu imitar alguns dos comportamentos de Sérgio. Ele logo descobriu que, do outro lado da mesa, as coisas não eram tão 14 fáceis. Sérgio definia metas e cobrava seu cumprimento. Humberto dava as ordens, mas, quando chegava o momento da cobrança, ou se esquecera do que havia pedido, ou perdera as anotações. Frequentemente, ele simplesmente se esquecia de chamar os vendedores para prestar contas. O simples fato de definir metas e pedir relatórios começou a criar problemas, como passaram a dizer seus colegas: - Quem ele pensa que é? Aonde ele quer chegar? Quando era vendedor, sempre criticou essa burocracia. Como é que agora ele vive pedindo isso pra nós? Para manter sua autoridade, Humberto decidiu cortar o relacionamento com seus colegas. Quando alguém lhe disse que havia se tornado seco e até mesmo rude, ele respondeu: - Você sabe, agora eu sou gerente. Gerentes não podem confraternizar com funcionários. Faz parte do papel. Eu não sou assim. É o cargo que exige. Depois de pouco tempo, as vendas começaram a cair. A situação só não ficou desastrosa porque a administração superior entrou em cena, negociando diretamente com os grandes clientes. Isso permitiu manter o volume de vendas nos níveis anteriores. Os diretores logo estabeleceram uma relação de causa e efeito entre Humberto e os problemas naquela equipe de vendas. No entanto, os antigos colegas de Humberto achavam que a promoção fora merecida. Ele era ótimo vendedor e tinha sensibilidade para o mundo dos negócios. Ele conhecia muito bem sua empresa, assim como seus clientes e os produtos que vendia. Agora, a Afrodite está tentando resolver o problema. Recentemente, o diretor de vendas disse a outro supervisor: - Recuso-me a acreditar nessa história de que perdemos um bom vendedor e ganhamos um mau supervisor. Sou pago para resolver problemas assim, mas não sou obrigado a ter resposta para todas as perguntas. Espero que você e os outros supervisores me ajudem a encontrar uma solução para o caso de Humberto. 15 Guia de Estudo: Baseado no estudo de caso acima responda as questões: Quais eram as competências de Sérgio, antigo chefe e antecessor de Humberto? Se você fosse Sérgio, como teria agido quando Humberto foi promovido para ocupar seu lugar? Quais eram as competências mais desenvolvidas de Humberto? Quais ele deveria desenvolver, para torna-se supervisor? Se você fosse Humberto, como teria agido, ao assumir o posto de seu antigo chefe? Em sua opinião, Humberto tem ou não as competências necessárias para ser supervisor de vendas? É melhor deixá-lo com vendedor ou promovê-lo a supervisor? Coloque-se no lugar do diretor de vendas. Qual problema ele deve resolver? Como você resolveria? Após responder as questões relacionadas ao estudo de caso disponibilize na sala virtual para compartilhar com seus colegas. 16 17 ABORDAGEM NEOCLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO 1 Conhecimentos Entender as definições e perspectivas da Teoria Neoclássica. Habilidades Identificar algumas das principais teorias aplicadas da Teoria Neoclássica Atitudes Desenvolver em si próprio as habilidades propostas pela Teoria Neoclássica. 18 19 Teoria Neoclássica O termo Teoria Neoclássica é, na verdade, um tanto quanto exagerado. Os autores aqui abordados (Peter F. Drucker, Ernest Dale, Harold Koontz, William Newman, Ralph C. Davis, Louis Allen), muito embora não apresentem pontos de vista divergentes, também não se preocupam em se alinhar dentro de uma orientação comum. Características principais da Teoria Neoclássica As principais características básicas da Teoria Neoclássica são as seguintes: Ênfase na prática da administração – os autores neoclássicos procuram desenvolver os conceitos de forma prática e utilizável, visando principalmente à ação administrativa. A teoria somente tem valor quando operacionalizada na prática, enfatizando os aspectos instrumentais da Administração. Reafirmação dos postulados clássicos – a estrutura de organização do tipo linear, funcional e linha-staff, as relações de linha e assessoria, o problema da autoridade e responsabilidade, a departamentalização, e todos os conceitos clássicos são realinhados dentro da nova abordagem neoclássica. Ênfase nos princípios gerais de administração – os neoclássicos preocupam-se em estabelecer normas de comportamento administrativo. Os princípios da Administração que os clássicosutilizavam como “leis” científicas são retomadas pelos neoclássicos como critérios mais ou menos elásticos para a busca de soluções administrativas práticas. 20 Ênfase nos objetivos e nos resultados – toda organização existe não para si mesma, mas para alcançar objetivos e produzir resultados. É em função dos objetivos e resultados que a organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada. O Ecletismo da Teoria Neoclássica – embora se baseiem profundamente na Teoria Clássica, os autores neoclássicos são amplamente ecléticos, absorvendo conteúdo de quase todas as outras teorias administrativas. Críticas a abordagem neoclássica A Administração por objetivo (APO) teve um período de apogeu e acabou caindo no descrédito devido a três exageros: Excesso de regulamentos e de papelório: A APO tornou-se muito burocratizada nas grandes organizações. Autocracia e imposição: A APO tornou-se o sinônimo de chefes autocratas e que impõem objetivos organizacionais exagerados aos subordinados Motivação negativa: Os objetivos exagerados impostos autocraticamente acabam por gerar tensões e angústias nos subordinados, ao invés de motivá-los para o alcance de metas e resultados. Rebatendo as críticas quanto à sua má utilização, alguns autores defendem que os padrões de supervisão, quando desenvolvidos por meio da APO, são sempre melhores. A abordagem da APO oferece ao subordinado um trabalho com limites claramente definidos, que podem ser aplicados de acordo com o desempenho e a confiabilidade. Em boas mãos e dependendo do tipo de organização, a APO pode levar a empresa a uma eficácia sem precedentes. 21 Princípios Básicos da Organização Os autores neoclássicos dão algumas pinceladas adicionais no conceito de organização formal. Sob este ponto de vista, a organização consiste em um conjunto de posições funcionais e hierárquicas, conjunto este orientado para o objetivo econômico de produzir bens ou serviços. Funções do Administrador A Teoria Neoclássica é também denominada escola operacional devido à ênfase nas funções do administrador, isto é, no processo administrativo. Basicamente, a escola operacional visualiza a administração como a aplicação de princípios e de funções para alcançar objetivos. Essa abordagem é sistematicamente defendida por todos os autores neoclássicos: cada uma das funções deve atender a determinados princípios de aplicação e utilização. Para a Teoria Neoclássica, as funções do administrador correspondem aos elementos da Administração que Fayol definiu no seu tempo, mas com uma roupagem atualizada. O processo administrativo segundo cada autor neoclássico: 22 De um modo geral, se aceita hoje o planejamento, organização, direção e controle como as funções básicas do Administrador. O desempenho dessas quatro funções básicas constitui o chamado processo administrativo. Processo Administrativo Processo é qualquer fenômeno que apresente mudança contínua no tempo ou qualquer operação ou trabalho contínuo. O conceito de processo implica que os acontecimentos e as relações sejam dinâmicos, em evolução, sempre em mudança, contínuos. O processo não é algo parado ou estático. Pelo contrário, é móvel, não tem um começo, nem fim, nem sequência fixa de eventos. Os elementos do processo agem uns sobre os outros; cada qual afeta todos os demais. As várias funções do administrador formam o processo administrativo. Planejamento, organização, direção e controle, por exemplo, considerados separadamente, constituem as funções administrativas, vejamos: Planejamento: definir a missão; formular os objetivos; definir os planos para alcançá-los; programar as atividades. Organização: dividir o trabalho; designar as atividades; agrupar as atividades em órgãos e cargos; alocar os recursos; definir autoridade e responsabilidade. 23 Direção: designar as pessoas; coordenar os esforços; comunicar; motivar; liderar; orientar. Controle: definir padrões; monitorar o desempenho; avaliar o desempenho; ação corretiva. Administração por Objetivos (APO) A Administração por Objetivos ou administração por resultados, constitui um modelo administrativo bastante difundido e plenamente identificado com espírito pragmático e democrático da Teoria Neoclássica. Seu aparecimento é recente: em 1954, Peter F. Drucker publicou o livro The Pratice of Management (Prática da Administração nas Empresas), no qual caracterizou pela primeira vez a Administração por Objetivos, sendo considerado e criado da APO. Drucker nasceu na Áustria, em 1909. Embora ele tenha uma forte contribuição para a Administração, ele era formado em Direito. Um dos seus grandes méritos foi incentivar o planejamento nas organizações para reduzir as incertezas. APO surgiu quando a empresa privada norte-americana estava sofrendo pressões acentuadas, como método de avaliação e controle sobre o desempenho de áreas e organizações em crescimento rápido. Inicialmente constituiu-se um critério financeiro de avaliação e controle. Como critério financeiro foi válido, mas na abordagem global da empresa resultou em uma deformação profissional, pois os critérios de lucro ou de custo não são suficientes para explicar a organização social e humana. APO é uma técnica de direção de esforços por meio do planejamento e controle administrativo, fundamentada no princípio de que, para atingir resultados, a organização precisa antes definir em que negócio está atuando e aonde pretende chegar. 24 Figura 1- O processo administrativo Objetivo da Administração Proporcionar eficiência e eficácia às empresas. A eficiência refere-se aos meios: métodos, processos, regras e regulamentos sobre como as coisas devem ser feitas na empresa, a fim de que os recursos sejam adequadamente utilizados. A eficácia refere-se aos fins: objetivos e resultados a serem alcançados pela empresa. Figura 2 - OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO 25 EFICIÊNCIA EFICÁCIA Preocupação com os meios; Preocupação com os fins; Capacidade de fazer certa as coisas; Capacidade de fazer a coisa certa; Preocupação com os métodos processos, regras e regulamentos; Preocupação com os resultados, metas, objetivos e fins; Preocupação com os problemas; Preocupação com as soluções; Jogar um belíssimo futebol; Marcar um gol e ganhar a partida; Escolher o melhor roteiro; Chegar ao destino da viagem; Não faltar às aulas; Aprender a ser bem-sucedido; Rezar. Chegar ao céu. Qual é o ideal? Tanto a eficiência como as eficácias são importantes. De nada vale a eficiência (fazer bem) se a eficácia (alcançar os objetivos e obter resultados) não for alcançada. 26 27 TEORIA DA BUROCRACIA 2 Conhecimentos Entender as definições e perspectivas da Teoria da Burocracia. Habilidades Identificar algumas das principais teorias aplicadas da Teoria da Burocracia Atitudes Desenvolver em si próprio as habilidades propostas pela Teoria da Burocracia 28 29 Conceituando a teoria da burocraciaUm dos traços marcantes das sociedades modernas é o seu caráter burocrático e limitado. Apesar de a burocracia ter sido criada para normalizar e legalizar procedimentos de ordem administrativa, os sucessivos desdobramentos e desvirtuamentos de suas atribuições vieram a comprometer esses propósitos. Temos hoje uma máquina burocrática lenta e ineficiente, que não se presta ao atendimento nem sequer da mais banal das necessidades de um cidadão. Mas já foi diferente. A abordagem clássica do pensamento administrativo de Taylor e Fayol, com sua visão comportamental do ambiente organizacional, não atentou ao aspecto burocrático das empresas como extensão da sociedade. A Escola da Burocracia vem assim preencher esta lacuna. Origens da Teoria da Burocracia A Teoria da Burocracia desenvolveu-se dentro da Administração ao redor dos anos 1940 em função dos seguintes aspectos: Tanto a Teoria Clássica como a Teoria das Relações Humanas, mesmo sendo oponentes e contraditórias, revelam dois pontos de vista extremistas e incompletos sobre a organização, gerando a necessidade de um enfoque mais amplo e completo, tanto da estrutura como dos participantes da organização. Necessidade de um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas, bem como, o comportamento dos membros participantes, e aplicável a fábrica e também a todas as formas de organização humana. O crescente tamanho e complexidade das empresas passaram a exigir modelos organizacionais mais bem definidos. 30 Tanto a Teoria Clássica como a Teoria das Relações Humanas mostraram-se insuficientes para responder à nova situação, que se tornava mais complexa. A Sociologia da Burocracia propôs um modelo de organização e os administradores não tardaram em tentar aplicá-lo na prática em suas empresas. A partir daí, surge a Teoria da Burocracia na Administração. A burocracia traz uma maneira racional de organizar pessoas e atividades em busca de seus objetivos. Podemos denominá-la assim: buro = escritório e cracia = poder, ou seja, “Poder da Administração”. A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. Com o aparecimento das burocracias, seu crescimento e proliferação, a teoria administrativa ganhou uma nova dimensão através da abordagem estruturalista: além do enfoque intraorganizacional, surgiu o enfoque interorganizacional. A visão estreita e limitada aos aspectos internos da organização passou a ser ampliada e substituída por uma visão mais ampla, envolvendo a organização e suas relações com outras organizações dentro de uma sociedade maior. A partir daqui, a abordagem estruturalista se impõe definitivamente sobre a Abordagem Clássica e a Abordagem das Relações Humanas. Características da Burocracia, segundo Weber Max Weber, sociólogo Alemão nascido em 1864, falecido em 1920, definiu a burocracia como a organização eficiente por excelência, e para conseguir essa eficiência, precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. 31 Características principais: Caráter legal das normas e regulamentos – a burocracia é uma organização baseada em uma espécie de legislação própria que define antecipadamente como a organização deverá funcionar. Caracteres formais das comunicações – todas as ações e procedimentos são feitos por escrito para proporcionar comprovação e documentação adequada. Caráter racional e divisão do trabalho – há uma divisão da sistemática do trabalho, do direito e do poder, estabelecendo as atribuições de cada participante, os meios de obrigatoriedade e as condições necessárias. Impessoalidade nas relações – a distribuição de atividades é feita em termos de cargos e funções e não de pessoas envolvidas. 32 Hierarquia da autoridade – todos os cargos estão dispostos em graduações hierárquicas que encerram determinados privilégios e obrigações, definidos por meio de regras específicas. Rotinas e procedimentos estandardizados – a burocracia é uma organização que fixa as regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo, cujas atividades devem ser executadas de acordo com as rotinas e procedimentos fixados por elas. Competências técnica e meritocracia – a admissão, a transferência e a promoção dos funcionários são baseadas em critérios de avaliação e de classificação e não em critérios particulares e arbitrários. Especialização da Administração – o dirigente não é necessariamente o dono do negócio ou um grande acionista da organização, mas um profissional especializado na sua administração. Profissionalização dos participantes – cada funcionário da burocracia é um profissional, pois o administrador profissional tende a controlar cada vez mais completamente as burocracias. Completa previsibilidade do funcionamento – tudo na burocracia é estabelecido no sentido de prever antecipadamente todas as ocorrências e criar rotina nar sua execução, para que nenhuma eficiência do sistema seja plenamente alcançada. Críticas sobre a Teoria Burocrática O excessivo racionalismo da burocracia: a organização burocrática é super-racionalizada e entendem as pessoas como membros que seguem regras e procedimentos num sentido mecânico e não como criaturas sociais que interagem entra si e com o meio. Organização administrada com a racionalização de seus respectivos funcionários, seguidores de regras, sem ideias contrárias. A maioria das empresas que optam por ser burocráticas, na verdade são empresas que tem dificuldade para se adaptar as mudanças. 33 Abordagem Estruturalista da Administração 3 Conhecimentos Entender as definições e perspectivas da Teoria Estruturalista. Habilidades Identificar algumas das principais teorias aplicadas da Teoria Estruturalista Atitudes Desenvolver em si próprio as habilidades propostas pela Teoria Estruturalista 34 35 Conceituando a teoria estruturalista Estruturalismo é a teoria que se preocupa com o todo e com o relacionamento das partes na constituição do todo. A totalidade, interdependência *das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples soma das partes são suas características básicas. Ao final da década de 1950, a Teoria das Relações Humanas entrou em declínio. A oposição entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas criou um impasse dentro da Administração que mesmo a Teoria da Burocracia não teve condições de ultrapassar. A Teoria Estruturalista veio representar um verdadeiro desdobramento da Teoria da Burocracia e uma leve aproximação em direção à Teoria das Relações Humanas. Representa também uma visão extremamente crítica da organização formal. De um modo geral, as origens da Teoria Estruturalista na Administração foram as seguintes: A oposição surgida entre a Teoria Tradicional e a Teoria das Relações Humanas – incompatíveis entre si – tornou necessária uma posição mais ampla e mais compreensiva, que abrangesse os aspectos que, considerados por uma, eram omitidos pela outra. A necessidade de se visualizar a “organização como uma unidade social e complexa, onde interagem muitos grupos sociais” que compartilham com algunsdos objetivos da organização, mas que podem incompatibilizar com outros. 36 A influência do estruturalismo nas ciências sociais e a repercussão destas no estudo das organizações sociais. Novo conceito de estrutura – estrutura é o conjunto formal de dois ou mais elementos e que subsiste inalterado seja na mudança, seja na diversidade de conteúdos, ou seja, a estrutura se mantém mesmo com a alteração de um dos elementos ou relações. Com o estruturalismo ocorreu a preocupação exclusiva com as “estruturas”, em prejuízo de outros modos, para se compreender a realidade. Estruturalismo é um método analítico e comparativo que estuda os elementos ou fenômenos com relação a uma totalidade, salientando o seu valor de posição. A Sociedade de Organizações As organizações constituem a forma dominante de instituição em nossa sociedade: são as manifestações de uma sociedade altamente especializadas e interdependentes, que se caracteriza por um crescente padrão de vida. As organizações permeiam todos os aspectos da vida moderna e envolvem a atenção, tempo e energia de numerosas pessoas. As organizações formais por excelência são as burocracias. Daí o fato de a Teoria Estruturalista ter como principais expoentes figuras que se iniciaram com a Teoria da Burocracia. Uma organização tem um objetivo, uma meta, e para que este seja alcançado com mais eficiência, é necessário que haja uma relação estável entre as pessoas, sendo estas relações sociais estáveis criadas deliberadamente, para atingir determinado fim. Existe um tipo específico de organização, as chamadas organizações formais. 37 Dentre as organizações formais existem as chamadas organizações complexas. Devido ao seu grande tamanho ou à natureza complicada das operações (como os hospitais e universidades), sua estrutura e processo apresentam alto grau de complexidade. A convergência dos esforços entre as partes componentes (departamentos, seções) é dificultada por fatores como a diferenciação das características pessoais e ao enorme tamanho da organização. Para os estruturalistas, a sociedade moderna e industrializada é uma sociedade de organizações, das quais o homem passa a depender para nascer, viver e morrer. Essas organizações são altamente diferenciadas e requerem das suas participantes, determinadas características de personalidade. Essas características permitem a participação simultânea das pessoas em várias organizações, nas quais os papéis desempenhados variam, podendo até chegar à inversão. As organizações, de acordo com Amitai Etzioni, sociólogo alemão, destaca que as organizações sofreram um longo e penoso processo de desenvolvimento, através de quatro etapas: Etapa da natureza: é a etapa inicial, onde os elementos da natureza constituíam a base única de subsistência da humanidade. O papel do capital e do trabalho é irrelevante nesta etapa da história da civilização. Etapa do trabalho: os elementos da natureza passam a ser transformado através do trabalho, que conquista rapidamente o primeiro plano entre os elementos que concorrem para a vida da humanidade. Etapa do capital: o capital passa a preponderar sobre a natureza e o trabalho, tornando-se um dos fatores básicos da vida social. Etapa da organização: o desenvolvimento da humanidade levou gradativamente as forças naturais, o trabalho e o capital a uma submissão à organização. 38 A sociedade moderna, ao contrário das sociedades anteriores, atribui um elevado valor moral ao racionalismo, à eficiência e à competência, pois a civilização moderna depende, em grande parte, das organizações, como as formas mais racionais e eficientes que se conhecem de agrupamento social. Tipologia das Organizações Não existem duas organizações iguais. As organizações são diferentes entre si e apresentam enorme variabilidade. Contudo, elas apresentam certas características que permitem classificá-las em certos grupos ou tipos. Essas classificações denominaremos tipologias das organizações. Para facilitar a análise comparativa das organizações, boa parte dos autores estruturalistas desenvolveram tipologias de organizações, tentando classificá-las de acordo com certas características distintivas. Tipologia de Etzioni Etzioni elabora sua tipologia de organizações, classificando as organizações com base no uso e significado da obediência. Para ele, a estrutura de obediência em uma organização é determinada pelos tipos de controles aplicados aos participantes. Assim, a tipologia das organizações, segundo Etzioni, são: Organizações coercitivas: o poder é imposto pela força física ou por controles baseados em prêmios ou punições. Utilizam a força - latente ou manifesta - como o significado principal de controle sobre os participantes de nível inferior. O envolvimento dos participantes tende a ser "alienativo" em relação aos objetivos da organização. As organizações coercitivas incluem exemplos como os campos de concentração, prisões, instituições penais etc. 39 Organizações utilitárias: poder baseia-se no controle dos incentivos econômicos. Utilizam a remuneração como base principal de controle. Os participantes de nível inferior contribuem para a organização com um envolvimento tipicamente "calculativo", baseado quase exclusivamente nos benefícios que esperam obter. O comércio e as corporações trabalhistas estão incluídos nesta classificação. Organizações normativas: o poder baseia-se em um consenso sobre objetivos e métodos de organização. Utiliza o controle moral como a força principal de influência sobre os participantes. Os participantes têm um alto envolvimento "moral" e motivacional. As organizações normativas são também chamadas "voluntárias" e incluem a Igreja, universidades, hospitais e muitas organizações políticas e sociais. Aqui, os membros tendem a buscar seus próprios objetivos e a expressar seus próprios valores pessoais. Tipologia de BLAU e SCOTT Blau e Scott apresentam uma tipologia das organizações baseada no beneficiário, ou seja, de quem se beneficia com a organização. Para Blau e Scott, há quatro categorias de participantes que podem se beneficiar com uma organização formal: Os próprios membros da organização; Os proprietários ou dirigentes da organização; Os clientes da organização: O público em geral. A tipologia de Blau e Scott apresenta a vantagem de enfatizar a força de poder e de influência do beneficiário sobre as organizações, a ponto de condicionar a sua estrutura. 40 O Homem Organizacional Enquanto a Teoria Clássica caracteriza o “homo economicus” e a Teoria das Relações Humanas o “homem social”, a Teoria Estruturalista caracteriza o “homem organizacional”, ou seja, o homem que desempenha papéis diferentes em diferentes organizações. O homem organizacional, para ser bem-sucedido precisa ter as seguintes características de personalidade: Flexibilidade, em face das constantes mudanças que ocorrem na vida moderna, bem como da diversidade dos papéis desempenhados nas diversas organizações. Tolerância às frustrações, para evitar o desgaste emocional decorrente do conflito entre necessidades organizacionais e necessidades individuais, cuja mediação é feita através de normas racionais. Capacidade de adiar as recompensas e poder compensar o trabalho rotineiro dentro da organização, em detrimento das preferências e vocações pessoais por outros tipos de atividade profissional. Permanente desejode realização, para garantir a conformidade e cooperação com as normas que controlam e asseguram o acesso às posições de carreira dentro da organização, proporcionando recompensas e sanções sociais e materiais. Essas características de personalidade não são exigidas sempre no nível máximo pelas organizações, mas a partir de composições e combinações que variam enormemente e de acordo com a organização e com o cargo ocupado. 41 Análise das Organizações A análise das organizações, do ponto de vista estruturalista, é feita a partir de uma abordagem múltipla que leva em conta simultaneamente os fundamentos da Teoria Clássica, os da Teoria das Relações Humanas e os da Teoria da Burocracia. Essa abordagem múltipla utilizada pela Teoria Estruturalista envolve: Tanto a organização formal como a organização informal; Tanto as recompensas salariais e materiais como as recompensas sociais e simbólicas; Os diferentes níveis hierárquicos da organização; Tanto a análise intraorganizacional como a análise interorganizacional. É neste contexto que surgiu a Teoria Estruturalista a qual representou um verdadeiro desdobramento da Teoria da Burocracia e uma leve aproximação em direção à Teoria das Relações Humanas. Representa também uma visão crítica da organização formal. Enquanto a Teoria Clássica se concentra na organização formal, a Teoria das Relações Humanas tem como objeto de estudo a organização informal. A teoria estruturalista estuda o relacionamento entre ambas, buscando o equilíbrio entre as duas organizações formal e informal. Organização Formal Refere-se geralmente ao padrão de organização determinado pela administração como o esquema de divisão de trabalho e poder de controle, regras e regulamentos de salários e controle de qualidade. 42 Organização Informal Refere-se ao relacionamento interpessoal, ou seja, as relações sociais que se desenvolvem espontaneamente entre o pessoal ou os trabalhadores, acima e além da formal (trabalham em equipe e são amigos). Objetivos Organizacionais Um objetivo organizacional é uma situação desejada que uma organização tenta atingir; um objetivo é um estado que se procura, e não um estado que se possui. A eficiência geral de uma organização é determinada pela medida em que essa organização atinge seus objetivos. Funções dos objetivos organizacionais Pela apresentação de uma situação futura indica uma orientação que a organização procura seguir; Os objetivos constituem uma fonte de legitimidade que justifica as atividades de uma organização; Os objetivos servem como padrões para avaliar o êxito da organização; Os objetivos servem como unidade de medida para o estudioso de organizações que tenta verificar e comparar a sua produtividade. O estabelecimento de objetivos por uma organização é intencional, é um processo de interação entre a organização e o ambiente. 43 Ambiente Organizacional Ambiente é tudo o que envolve externamente e internamente uma organização. Uma organização depende de outras organizações para seguir seu caminho e atingir seus objetivos. Assim, o importante não é somente a análise organizacional, mas também a análise interorganizacional, que está voltada para as relações externas entre uma organização e outras organizações no ambiente. Conflitos Organizacionais Os estruturalistas discordam que haja harmonia de interesse entre patrões e empregados (como afirma a teoria clássica) ou de que essa harmonia deva ser preservada pela administração, através de uma atitude compreensiva e terapêutica, nivelando as condutas individuais (como afirma a teoria das relações humanas). Ambas as teorias colocam fora de discussão o problema conflito, provavelmente em decorrência de seu caráter prescritivo. Para os estruturalistas, os conflitos são os elementos geradores de mudanças e do desenvolvimento da organização. Conflito significa a existência de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos e colidentes que podem se chocar. Sempre que se fala em acordo, aprovação, resolução, consentimento deve-se lembrar que essas palavras pressupõem a existência ou a iminência de seus opostos, como desacordo, desaprovação, desentendimento, oposição – o que significa conflito. O conflito é condição geral do mundo animal. Conflito e cooperação são elementos integrantes da vida de uma organização. Uma das situações conflitivas típicas é a tensão imposta à organização pela utilização do conhecimento como criar, cultivar e aplicar o conhecimento 44 sem solapar a estrutura hierárquica da organização. Muitas vezes o conhecimento traz conflitos com a hierarquia. Para Blau e Scott existem dois tipos de conflitos, em um processo fundamentalmente dinâmico e dialético, importantes do desenvolvimento das organizações: O conflito entre a organização informal e a organização formal; O conflito existente na relação entre clientes e organização. Para estes dois autores há uma relação de mútua dependência entre conflitos e mudanças, pois as mudanças precipitam conflitos e os conflitos geram inovações. Esta teria foi classificada como a teoria da crise, pois aponta mais os problemas e aspectos críticos das organizações do que propriamente as soluções. Sendo muito mais descritiva e crítica do que propositiva. Apreciação crítica do Estruturalismo As tipologias das organizações apresentadas pelos estruturalistas são criticadas pelas suas limitações quanto à aplicação na prática e pelo fato de se basearem em um único princípio básico. Apesar da necessidade das tipologias, não se dispõe de um esquema adequado para as organizações, as apresentadas são unidimensionais e simples. A Teoria Estruturalista é uma teoria de transição e de mudança, de certa forma é uma “ponte” para a Teoria de Sistemas. No fundo a ideia da integração dos elementos numa totalidade é a mesma ideia básica que sustenta a Teoria dos Sistemas. Os autores neoestruturalistas são os responsáveis pelo surgimento da Teoria da Contingência. 45 ABORDAGEM COMPORTAMENTAL DA ADMINISTRAÇÃO (BEHAVIORISTA) 4 Conhecimentos Entender as definições e perspectivas da Teoria Comportamental da Administração. Habilidades Identificar algumas das principais técnicas e conceitos aplicadas a Teoria Comportamental da Administração Atitudes Analisar uma autoanálise das habilidades propostas pela Teoria Comportamental da Administração 46 47 Breve histórico da abordagem comportamental da administração (Behaviorista) Surge em 1947 com o objetivo de democratizar a administração, com enfoque no chamado “comportamento organizacional”. Traz uma nova concepção sobre organização: ela se constituiria em um sistema social cooperativo. Partindo da premissa que o homem é social, ele se juntaria a outras pessoas para alcançar objetivos que sozinho não conseguiria, superando limitações e desenvolvendo habilidades e aptidões. A abordagem comportamental – também chamada behaviorista (em função do behaviorismo na psicologia) – marca a mais forte influência das ciências do comportamento na teoria administrativa e a busca de novas soluções democráticas, humanas e flexíveis para os problemas organizacionais. Enquanto o estruturalismo foi influenciado pela sociologia, a abordagem comportamental recebe forte influência das ciências comportamentais, e, maisespecificamente da psicologia organizacional. Teoria comportamental da administração Para explicar o comportamento organizacional, a Teoria Comportamental fundamenta-se no comportamento individual das pessoas. Para poder explicar como as pessoas se comportam, torna-se necessário o estudo da motivação humana. Assim, um dos temas fundamentais da Teoria Comportamental é a motivação humana. Os autores behavioristas verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações. 48 Primeiramente, você sabe o que é motivação? O termo motivo vem do elemento Daí vem à ação de mover, isto é, motivação. A motivação leva você a agir em direção a um objetivo e responder à pergunta: Por que você escolheu administração? Por que você preferiu esta Universidade? Por que optou pelo período noturno? Por que resolveu sentar-se nas primeiras cadeiras? Por que tem preferência pela matemática? Essas perguntas se referem à direção que você tomou ao realizar uma ação. Depois, alguém lhe pergunta: 49 Por que resolveu estudar Administração, apesar de trabalhar o dia todo e ter de preparar os trabalhos nos fins de semana? A resposta a essa pergunta diz respeito à persistência da ação. A direção inicia um comportamento e a persistência mantém esse comportamento. Ao estudar os motivos humanos, verificamos que é através da conduta do indivíduo, de forma direta ou não, de forma verbal ou não verbal, que poderemos entender os motivos do indivíduo, isto é, as condutas que os levam a agir. Apesar das dificuldades – estudar à noite, dificuldade de trânsito, tarefas, pesquisas aos sábados e domingos, você CONTINUA. Você é persistente. 50 A motivação pode levar você a uma direção, de tal forma que você esteja interessado em atingi-la. A motivação, porém, pode ser “teimosa” e levá- lo a persistir a alcançar o objetivo. Para compreender a motivação humana, o primeiro passo é o conhecimento do que a provoca e dinamiza. Cada pessoa pode sentir e perceber seus motivos e necessidades de maneira diferente, em diferentes épocas ou situações. Apesar das diferenças individuais quanto às necessidades que regem o comportamento das pessoas, elas são basicamente semelhantes quanto à maneira pela qual fazem as pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfação. Sob esse ponto de vista, muitas teorias procuram identificar as necessidades que são comuns a todas as pessoas. A utilidade dessas teorias reside no fato de que o gerente, por ter pleno conhecimento das necessidades, pode tentar motivar sua equipe a agir e a se comportar de acordo com os objetivos da empresa e, simultaneamente, alcançar a satisfação delas por meio do contexto organizacional. Ambos, empresa e indivíduo poderiam beneficiar-se reciprocamente. Além disso, as empresas precisam conseguir obter o comprometimento pessoal de seus funcionários com relação ao alcance dos objetivos A motivação existe dentro das pessoas e se dinamiza com as necessidades humanas. 51 A motivação está contida dentro das próprias pessoas e pode ser amplamente influenciada por fontes externas ao indivíduo ou pelo seu próprio trabalho na empresa. O gerente deve conhecer o potencial interno de motivação de cada pessoa e deve saber como extrair do ambiente de trabalho as condições externas para elevar a satisfação profissional e o comprometimento. organizacionais. De nada adianta formular objetivos se as pessoas não estiverem plenamente imbuídas de motivação pessoal para atingi-los. Se não houver um comprometimento sincero das pessoas e do grupo, os objetivos poderão ficar apenas no papel ou na intenção. Certamente não serão atingidos, pois faltará o gás necessário. As chamadas “Teorias das Necessidades” partem do princípio de que os motivos do comportamento residem dentro do próprio indivíduo: sua motivação para agir e se comportar deriva das forças que existem dentro dele próprio. Algumas dessas necessidades são conscientes, outras não. Ciclo motivacional A motivação funciona de maneira cíclica e repetitiva. O chamado ciclo motivacional é composto de fases que se alteram e se repetem. O organismo humano tende a um estado de equilíbrio dinâmico. Esse equilíbrio se rompe quando surge uma necessidade. O equilíbrio cede lugar a um estado de tensão que dura enquanto a necessidade não for devidamente satisfeita. 52 A tensão (ou estresse) gera ansiedade e sofrimento provocando um consumo mais elevado de energia física e mental. A satisfação da necessidade devolve ao organismo o estado de equilíbrio dinâmico anterior. A figura retrata um ciclo motivacional resolvido pela satisfação da necessidade, liberação da tensão contida e retorno ao equilíbrio dinâmico do organismo. Algumas necessidades humanas exigem um ciclo motivacional bastante rápido e repetitivo, como é o caso das necessidades fisiológicas de alimentação, sono, repouso, etc. Outras necessidades exigem um ciclo mais longo no tempo, enquanto as necessidades humanas mais sofisticadas, como a de autorrealização, exige um processo que envolva quase toda uma vida humana. Assim, o ciclo motivacional pode ser resolvido a partir de três maneiras diferentes: Satisfação da necessidade: com descarga da tensão e retorno ao estado anterior de equilíbrio dinâmico. O ciclo motivacional se fecha plenamente, pois o comportamento foi eficaz no alcance do seu objetivo. Nem sempre o ciclo motivacional se completa. Quase sempre o indivíduo não chega a alcançar a satisfação total ou parcial de uma necessidade. Estado de equilíbrio Necessidade Tensão Comportamento Satisfação da necessidade Retorno ao estado de equilíbrio anterior 53 É o caso de um indivíduo que sonha com uma promoção e a consegue após algum tempo. Frustração da necessidade: quando alguma barreira impede a satisfação da necessidade, que permanece insatisfeita e mantém o estado de tensão no organismo. O ciclo motivacional é bloqueado por alguma barreira impedindo a satisfação da necessidade e provocando um estado de frustração. É o caso de um indivíduo que sonha com uma promoção e não consegue alcançá-la até o final de sua vida profissional. Compensação da necessidade: quando a necessidade não é satisfeita, mas compensada por um meio indireto ou alternativo. O ciclo motivacional é bloqueado por alguma barreira impeditiva e o indivíduo encontra um substituto para aliviar a tensão ou reduzir a insatisfação. É o caso de um indivíduo que sonha com uma promoção e como compensação ganha apenas um aumento razoável de salário. Hierarquia das necessidades de Maslow A teoria motivacional mais conhecida é a de Maslow e se baseia na hierarquia das necessidades humanas. Antes de estudarmos a “Hierarquia das Necessidades de Maslow”, gostaria de tecer breves comentários sobre uma palavra: necessidade. A palavra necessidade vem dos elementos: 54 Necessidade é uma força (que ainda não é ou está) à busca de um objetivo ou de alguma coisa que seja satisfatória.Você não pode falar em necessidade de poder, se a pessoa não está movida (motivada) à procura desse objetivo, a fim de completar um desejo, uma carência. Só tem necessidade de pão o indivíduo que tem fome e o pão completa uma carência. O psicólogo Maslow criou uma teoria sobre o desenvolvimento das necessidades. Para ele, as necessidades se desenvolvem em função da ocorrência da satisfação das carências pelo indivíduo. Assim, quando o indivíduo tem uma necessidade insatisfeita, ele será impulsionado a satisfazê- la. Abraham H. Maslow criou uma hierarquia, apresentada na forma de pirâmide, onde ele explicita que as necessidades humanas são organizadas e dispostas em níveis, em uma hierarquia de influenciação e importância. Na base da pirâmide estão as necessidades mais baixas e recorrentes, enquanto no topo estão as mais sofisticadas e intelectualizadas. Necessidades fisiológicas: constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas, como as necessidades de alimentação (fome e sede), de sono e repouso (cansaço), abrigo (frio ou calor) ou desejo sexual (reprodução da espécie). As necessidades fisiológicas são também denominadas biológicas ou básicas e exigem satisfação cíclica e incessante para garantir a sobrevivência do indivíduo. Elas orientam a vida humana desde o momento do nascimento. Aliás, o início da vida humana é uma constante busca da satisfação das 55 necessidades elementares, mas inadiáveis. São, portanto, as necessidades relacionadas com a própria subsistência e existência do indivíduo. Embora comuns a todas as pessoas, elas requerem diferentes gradações individuais para a sua satisfação. Sua principal característica é a premência: quando alguma dessas necessidades não está satisfeita, ela domina a direção do comportamento. Uma pessoa com fome não tem outra preocupação maior do que se alimentar. Entretanto, quando come regularmente e de maneira adequada, a fome deixa de ser uma motivação importante. Quando todas as necessidades humanas estão insatisfeitas, a maior motivação será a das necessidades fisiológicas e o comportamento das pessoas terá a finalidade de encontrar alívio na pressão que essas necessidades produzem sobre o organismo humano. Necessidades de segurança: constitui o segundo nível das necessidades humanas. Levam a pessoa a proteger-se de qualquer perigo real ou imaginário, físico ou abstrato. A busca de proteção contra a ameaça ou provocação, a fuga ao perigo, o desejo de estabilidade, a busca de um mundo ordenado e previsível são manifestações típicas dessas necessidades. Surgem no comportamento humano quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas. Exemplo: se as ações e decisões gerenciais refletem discriminação e favoritismo ou alguma prática imprevisível, podem se tornar poderosos ativadores de insegurança entre as pessoas. Necessidades sociais: são as necessidades de associação, de participação, de aceitação por parte dos colegas, de troca de amizade, de afeto e amor. Surgem no comportamento quando as necessidades mais baixas (fisiológicas e de segurança) se encontram relativamente satisfeitas. Quando as necessidades sociais não estão suficientemente satisfeitas, a pessoa se torna resistente, antagônica e hostil com relação às pessoas que a cercam. 56 Necessidades de estima: são as necessidades relacionadas com a maneira pela qual a pessoa se vê e se avalia. Envolve a autoapreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de reconhecimento, de status, de prestígio e de consideração. Necessidades de autorrealização: são as mais elevadas, as que se encontram no topo da hierarquia. Essas necessidades levam cada pessoa a realizar o seu próprio potencial e a se desenvolver continuamente ao longo da vida. Pirâmide das necessidades de Maslow Auto realização Estima Sociais Segurança Necessidades Fisiológicas * Trabalho criativo e desafiante * Diversidade e autonomia * Participação nas decisões * Responsabilidade por resultados * Orgulho e reconhecimento * Promoções * Amizade dos colegas * Interação com clientes * Gerente amigável * Condições seguras de trabalho * Remuneração e benefícios * Estabilidade no emprego * Intervalos de descanso * Conforto físico * Horário de trabalho razoável 57 Teoria dos Fatores de Herzbeg Já exercitamos bastante sobre a teoria de Maslow... Vamos agora conhecer a Teoria dos fatores higiênicos e motivacionais de Herzberg. Frederick Herzberg formulou a teoria dos dois fatores para explicar o comportamento das pessoas em situação de trabalho. Para Herzberg existem dois fatores que orientam o comportamento das pessoas. Fatores higiênicos ou fatores extrínsecos são: o salário, os benefícios sociais, o tipo de chefia ou supervisão que as pessoas recebem de seus superiores, as condições físicas e ambientais de trabalho, as políticas e diretrizes da empresa, o clima de relações entre a empresa e as pessoas que nelas trabalham os regulamentos internos etc. São fatores de contexto e se situam no ambiente externo que circunda o indivíduo. Tradicionalmente apenas os fatores higiênicos eram levados em conta na motivação dos empregados: o trabalho era considerado uma atividade desagradável, para fazer com que as pessoas trabalhassem mais, tornava-se necessário o apelo para prêmios e incentivos salariais, liderança democrática, políticas empresariais abertas e estimuladoras, isto é, incentivos situados externamente ao indivíduo em troca de seu trabalho. Quando os fatores 58 higiênicos são ótimos, eles apenas evitam a insatisfação dos empregados. Porém, quando são péssimos ou precários, eles provocam a insatisfação dos empregados. Fatores motivacionais ou fatores intrínsecos São os relacionados com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que o indivíduo executa. Estão sob o controle do indivíduo, pois estão relacionados com aquilo que ele faz e desempenha. Os fatores motivacionais envolvem os sentimentos de crescimento individual, de reconhecimento profissional e as necessidades de autorrealização. O efeito dos fatores motivacionais sobre o comportamento das pessoas é profundo e estável. Quando são ótimos, eles provocam a satisfação nas pessoas. Porém, quando são precários, eles evitam a satisfação. Pelo fato de estarem ligados a satisfação dos indivíduos, Herzberg chama-os também de fatores satisfacientes. Herzberg chama-os de fatores higiênicos, pois são profiláticos e preventivos: eles apenas evitam a insatisfação, mas não provocam a satisfação. Seu efeito é similar ao de certos remédios higiênicos evitam a infecção ou combatem a dor de cabeça, mas não melhoram a saúde. Pelo fato de estarem mais relacionados com a insatisfação, Herzberg também os chama de fatores insatisfacientes. Evitam insatisfação Provocam insatisfação 59 Herzberg salienta que os fatores responsáveis pela satisfação profissional das pessoas são totalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional. Para ele, “o oposto da satisfação profissional não seria a insatisfação, mas sim nenhuma satisfação profissional e, da mesma forma, o oposto da insatisfação profissional seria nenhuma insatisfação profissional e não a satisfação”. FatoresMotivacionais (Satisfacientes) Fatores Higiênicos (Insatisfacientes) Conteúdo do Cargo Contexto do Cargo (Como o indivíduo se sente em relação ao seu CARGO) (Como o indivíduo se sente em relação à EMPRESA) 1. O trabalho em si 1. As condições de trabalho 2. Realização 2. Administração da empresa 3. Reconhecimento 3. Salário 4. Progresso profissional 4. Relações com o supervisor 5. Responsabilidade 5. Benefícios e serviço sociais Provocam satisfação Evitam a satisfação 60 Estilos de administração Teoria X e Teoria Y Mc Gregor preocupou-se em comparar dois estilos opostos e antagônicos de administrar: de um lado, um estilo baseado na teoria tradicional, mecanicista e pragmática (a que deu o nome de Teoria X), e, de outro, um estilo baseado nas concepções modernas a respeito do comportamento humano (a que denominou Teoria Y). Pressuposições da Teoria X Pressuposições da Teoria Y As pessoas são preguiçosas e indolentes. As pessoas são esforçadas e gostam de ter o que fazer. As pessoas evitam trabalho. O trabalho é uma atividade tão natural como brincar ou descansar. 61 As pessoas evitam a responsabilidade, a fim de se sentirem mais seguras. As pessoas procuram e aceitam responsabilidades e desafios. As pessoas precisam ser controladas e dirigidas. As pessoas podem ser automotivadas e autodirigidas. As pessoas são ingênuas e sem iniciativa. As pessoas são criativas e competentes. (Quadro 5 – A Teoria X e a Teoria Y como diferentes concepções a respeito da natureza humana,– retirada do livro do Prof. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração.). Desses estilos de administração surgem, respectivamente, liderança autocrática e liderança democrática. O princípio geral que se deriva da teoria X é o da direção e controle do comprometimento humano, através do exercício da autoridade e o da liderança Y é o da criação de condições tais que levem os membros da organização a conquistar melhor seus objetivos, dirigindo os seus esforços no sucesso da empresa. A teoria X levanta as seguintes suposições sobre o comportamento humano: Os seres humanos, em geral, não gostam de trabalho e procuram evitá- lo. Em razão disso, as pessoas devem ser coagidas, controladas, dirigidas e ameaçadas até com punições. Só assim a empresa conseguirá das pessoas os esforços adequados a fim de alcançar produtividade. Por outro lado, as pessoas, em geral, preferem ser dirigidas, desejam evitar responsabilidades, possuem pouca ambição e querem, acima de tudo, segurança. O ser humano é, pela sua própria natureza, resistente à mudança. 62 As pessoas, em geral, são simplórias, não muito brilhantes, ingênuas, charlatãs e demagogas. Sobre a teoria Y, a gerência faz as seguintes suposições sobre o comportamento humano: O controle externo e a ameaça de punição não são os únicos meios de se conseguir esforços dirigidos para objetivos da empresa. O homem exercerá autodireção e autocontrole a serviços de objetivos a que ele se dedica. O ser humano, de maneira geral, aprende, sob condições próprias não só a aceitar, mas também a solicitar responsabilidades. Sob as condições da moderna vida industrial, as potencialidades intelectuais do ser humano em geral são utilizadas só parcialmente. A tarefa fundamental da liderança é atingir condições organizacionais e métodos de operação tais que as pessoas possam conquistar melhor seus objetivos. Sistemas de Administração Likert considera a Administração como um processo relativo, no qual não existem princípios universais válidos para todas as circunstâncias. Ao contrário, a Administração nunca é igual e pode assumir feições diferentes, dependendo das condições internas e externas da organização. Likert propõe uma classificação de sistemas de Administração, definindo quatro diferentes perfis organizacionais (Perfis Organizacionais de Likert). 63 Sistemas de Administração Críticas Embora os autores da Teoria Comportamental marquem definitivamente a ênfase nas pessoas, em muitos aspectos pecam pela “psicologização” de certos aspectos. Esse exagero é passível de críticas, entretanto o importante é que para ela, as pessoas constituem o ativo mais importante da organização. Existe uma dificuldade na Teoria em ser normativa, os behavioristas descrevem as características do comportamento organizacional, mas não dão tanta importância a construir modelos e princípios de aplicação prática. 64 Maslow e Herzberg apresentam teorias de motivação relativas e não absolutas. Outro ponto é o fato da Teoria não levar em consideração as diferenças individuais de personalidade das pessoas. Foram desprezados os aspectos subjetivos e as diferenças de interpretações individuais da realidade. Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO) A Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO) tem como objetivo o aumento da capacidade adaptativa à mudança. É um esforço a longo prazo com objetivo de renovar a entidade, com ênfase no trabalho em equipe, na cultura organizacional, na cogestão e no Empowerment (fortalecimento das equipes). Na prática o DO corresponde a estudos feitos em laboratórios com o T Groups (Training Group), dentro da nova concepção do homem (o homem administrativo), que passa de ultrassimplificado a complexo. Nesse momento, visa-se a exploração de todas as suas faculdades e habilidades. O desenvolvimento das habilidades interpessoais (humanas) é apontado como mecanismo de mudança. O que se deseja é que a empresa tenha capacidade inovadora, adquirida através da mudança de sua cultura (modus vivendi; crenças, valores, hábitos e tradições). O Desenvolvimento Organizacional (DO) é uma abordagem de mudança planejada cujo foco principal está em mudar as pessoas e a natureza e qualidade de suas relações de trabalho. Em suma, o DO enfatiza a mudança cultural como base para a mudança organizacional. Mudar a mentalidade das pessoas para que elas possam mudar e revitalizar a organização. 65 French e Bell definem o DO como “um esforço de longo prazo, apoiado pela alta direção, no sentido de melhorar os processos de resolução de problemas e de renovação organizacional, particularmente através de um eficaz e colaborativo diagnóstico e administração da cultura nas equipes formais de trabalho, equipes temporárias e cultura intergrupal – com a assistência de um consultor- facilitador e a utilização da teoria e tecnologia das ciências aplicadas ao comportamento, incluindo ação e pesquisa”. Essa definição inclui vários aspectos importantes, como: Processo de solução de Problemas: referem-se aos métodos através dos quais a organização tenta resolver as ameaças e oportunidades em seu ambiente. Processos de Renovação: referem-se às maneiras pelas quais os administradores adaptam seus processos de solução de problemas ao ambiente. O DO pretende melhorar os processos organizacionais de autorrenovação, tornando os administradores mais capazes de adaptar prontamente seu estilo gerencial aos novos problemas e oportunidades que surgem. Administração Participativa: Outro objetivo do DO é o compartilhamento da administração com os funcionários. A administração participativa significa que os administradores colocam abaixo a estrutura hierárquica e fazem os funcionários assumirem um papel maior no processode tomada de decisões. Para alcançar essa mudança, os administradores devem conscientemente mudar a cultura organizacional, através do compartilhamento de atitudes, crenças e atividades. Desenvolvimento de equipes e fortalecimento (empowerment) dos funcionários: criar equipes e atribuir responsabilidade e autoridade aos funcionários são elementos vitais da administração participativa. Dar força e autoridade às pessoas para que elas se sintam responsáveis pela mudança. Pesquisa-ação: refere-se à maneira pela qual os agentes de mudança de DO aprendem sobre quais as necessidades organizacionais de 66 melhoria e como a organização pode ser ajudada a fazer essas melhorias. Isso significa que a ação de intervenção do DO é decorrência do diagnóstico efetuado pela pesquisa. A ação é específica para cada necessidade diagnosticada. A pesquisa-ação envolve: Diagnóstico preliminar do problema, feito pela equipe; Obtenção de dados para apoio ao (ou rejeição do) diagnóstico; Retroação de dados aos participantes da equipe; Exploração dos dados pelos participantes para busca de soluções; Planejamento da solução-ação apropriada ao diagnóstico; Execução da solução-ação. Técnicas de DO As principais técnicas de DO são: Treinamento da Sensitividade: constitui a técnica mais antiga e ampla de DO. Consiste em reunir grupos chamados T-groups (grupos de treinamento) e que são orientados por um líder treinado para aumentar a sua sensibilidade quanto às suas habilidades e dificuldades de relacionamento interpessoal. O resultado consiste em maior criatividade (menos temor dos outros e menos posição de defesa), menor hostilidade quanto aos outros (devido à melhor compreensão dos outros) e maior sensitividade às influências sociais e psicológicas sobre o comportamento em trabalho. Isso favorece a flexibilidade do comportamento das pessoas em relação aos outros. Geralmente é aplicado de cima para baixo, começando na cúpula da organização e descendo até os níveis mais baixos. Análise Transacional (AT): é uma técnica que visa ao autodiagnóstico das relações interpessoais. As relações 67 interpessoais ocorrem através de transações. Uma transação significa qualquer forma de comunicação, mensagem ou de relação com os demais. A AT é uma técnica destinada a indivíduos e não a grupos, pois se concentra nos estilos e conteúdos das comunicações entre as pessoas. Ela ensina às pessoas a enviar mensagens que sejam naturais e razoáveis. O objetivo é reduzir os hábitos destrutivos de comunicação – os chamados “jogos” – nos quais a intenção ou o significado das comunicações fica obscuro ou distorcido. A AT assemelha-se a uma terapia psicológica para melhorar o relacionamento interpessoal, permitindo a cada indivíduo autodiagnosticar sua inter-relação com os outros a fim de modificá-la e melhorá-la gradativamente. Consultoria de Procedimentos: é uma técnica em que cada equipe é coordenada por um consultor, cuja atuação varia enormemente. A coordenação permite certas intervenções para tornar a equipe mais sensível aos seus processos internos de estabelecer metas e objetivos, de participação, de sentimentos, de liderança, de tomada de decisões, confiança e criatividade. O consultor trabalha com os membros da equipe a desenvolver o diagnóstico de barreiras e as habilidades de solução de problemas para fortalecer o senso de unidade entre seus membros, incrementar as relações interpessoais, melhorar o cumprimento das tarefas e aumentar a sua eficácia. Reunião de Confrontação: é uma técnica de alteração comportamental com a ajuda de um consultor interno ou externo. Dois grupos antagônicos em conflito (desconfiança recíproca, discordância, antagonismo, hostilidade etc.) podem ser tratados através de uma reunião de confrontação que dura um dia, na qual cada grupo se autoavalia, bem como avalia o comportamento do outro, como se fosse colocado diante de um espelho. Nessa reunião, cada grupo apresenta ao outro os resultados daquelas avaliações e é interrogado no que se refere a suas percepções. Segue-se uma discussão, inicialmente acalorada, tendendo a uma posição de compreensão e de entendimento 68 recíprocos quanto ao comportamento das partes envolvidas. O consultor facilita a confrontação, com total isenção de ânimo, ponderando as críticas, moderando os trabalhos, orientando a discussão para a solução construtiva do conflito e eliminando as barreiras intergrupais. A reunião de confrontação é uma técnica de enfoque socioterapêutico para melhorar a saúde da organização, incrementando as comunicações e relações entre diferentes departamentos ou equipes, e para planejar ações corretivas ou profiláticas. Retroação de Dados: (feedback de dados): é uma técnica de mudança de comportamento que parte do princípio de que quanto mais dados cognitivos o indivíduo recebe, tanto maior será a sua possibilidade de organizar os dados e agir criativamente. A retroação de dados proporciona aprendizagem de novos dados a respeito de si mesmo, dos outros, dos processos grupais ou da dinâmica de toda a organização – dados que nem sempre são levados em consideração. A retroação refere-se às atividades e processos que refletem e espelham a maneira pela qual uma pessoa é percebida ou visualizada pelas demais pessoas. Requer intensa comunicação e um fluxo adequado de informações dentro da organização para atualizar os membros e permitir que eles próprios possam conscientizar-se das mudanças e explorar as oportunidades que geralmente se encontram encobertas dentro da organização. O DO está intimamente relacionado com mudanças que buscam agregar valor ao negócio da organização, às pessoas a aos clientes. No fundo, o DO pode ser utilizado para uma reavaliação da estrutura organizacional, dos processos e tecnologias utilizados, dos produtos e serviços produzidos e da cultura organizacional. 69 As limitações do Desenvolvimento Organizacional Embora seja um forte impulsionador da mudança e da inovação da organizacional, o DO apresenta algumas limitações, como: 1. A eficácia dos programas de DO é difícil de ser avaliada. 2. Os programas de DO demandam muito tempo. 3. Os objetivos de DO são geralmente muito vagos. 4. Os custos totais de um programa de DO são difíceis de avaliar. 5. Os programas de DO são geralmente muito caros. Essas limitações não significam que se deve eliminar os esforços de DO. Apenas indicam as áreas onde o programa precisa ser aperfeiçoado. Os administradores podem melhorar a qualidade dos esforços do DO através das seguintes providências. Ajustar sistematicamente os programas de DO às necessidades da organização; Demonstrar como as pessoas podem mudar seus comportamentos como parte do programa organizacional; Modificar os sistemas de recompensas da organização para premiar os membros que mudam seu comportamento de acordo com o programa. 70 71 ABORDAGEM SISTÊMICA DA ADMINISTRAÇÃO 5 Conhecimentos Entender as definições e perspectivas da Abordagem Sistêmica da Administração. Habilidades Identificar algumas das principais técnicas e conceitos aplicadas a Abordagem Sistêmica da Administração. Atitudes Analisar a aplicabilidade da Abordagem Sistêmica da Administração em seu contexto pessoal considerando
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