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Universidadde do Estado de Minas Gerais – UEMG 
Faculdade de Engenharia de Passos – FEP 
Curso de Agronomia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pablo Forlan Vargas 
Agronomia 
 
 
 
2 
PREPARO DO SOLO PERIÓDICO NO SISTEMA CONVENCIONAL DE 
PLANTIO PARA GRANDES CULTURAS 
 
1 - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 
 
 A agricultura constitui um dos maiores e mais antigos ramos da atividade 
humana no mundo, desde que seus produtos, tanto de origem vegetal como animal, são 
básicos para a alimentação e vestuário do homem. A princípio esta atividade limitava-se 
apenas a umas poucas sementes plantadas somente para suprir às necessidades de 
alimentação do indivíduo, da sua família e dos seus animais. Depois os homens 
sentiram que podiam especializar-se na agricultura e passaram a ter que produzir 
também para comercializar. Por esta razão, houve a necessidade de aumentar a área de 
cultivo e introduzir aperfeiçoamentos nas operações visando a melhoria e o aumento das 
colheitas e diminuir seus esforços físicos. Dentes as medidas utilizadas para o amento 
da produtividade e redução do esforço físico do homem, destaca-se o preparo do solo 
para recebimento da semente. 
 O preparo do solo pode ser definido como a manipulação física, química ou 
biológica do solo, com o objetivo de atingir as condições para a germinação destas. O 
preparo do solo pode ser inicial ou periódico, sendo que o primeiro consiste no 
desbravamento de novas áreas, hoje muito restrito, devido à legislação. 
 
2 - PREPARO PERIÓDICO DO SOLO 
 
 O preparo periódico do solo para o cultivo de grandes culturas é feito 
anualmente visando adequá-lo para receber as sementes. 
 As primeiras ferramentas de preparo do solo foram feitas de pedras, madeira e, 
possivelmente, de osso e conchas. Foram utilizadas para eliminar ervas daninhas e fazer 
um sulco superficial que permitisse a colocação de sementes no solo. Mais tarde, 
animais foram usados para puxar hastes de madeira em formas apropriadas que, como 
tempo, foram munidas com pontas ou partes de metal. Posteriormente, o ferro foi 
utilizado na confecção de implementos, até chegar ao arado de aiveca de tração animal 
e, com isto, possibilitar o aumento das áreas trabalhadas. Desde então, o preparo do solo 
 
 
3 
vem evoluindo, com implementos cada vez maiores, tracionados por tratores cada vez 
mais pesados e possantes. 
 Os objetivos do preparo periódico do solo podem ser agrupados nos seguintes 
itens; 
 
a. Eliminação de plantas não desejáveis, diminuindo a concorrência coma cultura 
implantada; 
b. Obtenção de condições favoráveis para a colocação de sementes ou partes de 
plantas no solo, permitindo a sua boa germinação e emergência, além de bom 
desenvolvimento; 
c. Manutenção da fertilidade, melhorando, se possível, a produtividade ao longo do 
tempo, preservando a matéria orgânica no solo e evitando a ocorrência de 
erosão; 
d. Eliminação de camadas compactadas para aumentar a infiltração de água no solo 
e melhor desenvolvimento do sistema radicular; 
 
e. Enterrio de restos vegetais; 
 
f. Quebra das crostas superficiais para permitir a germinação normal das sementes. 
 
 Ressalta-se, no entanto, que esses objetivos devem ser atingidos com o menor 
número possível de operações sobre o terreno, reduzindo o tempo e o consumo de 
combustível necessários para a implantação da cultura e sempre conservando o solo. As 
operações mais utilizadas para se alcançar esses objetivos são a aração, a gradagem e 
quando necessário a subsolagem. 
 
2.1 - ARAÇÃO 
 
 A aração é a operação agrícola básica, pois de sua boa execução vai depender a 
existência de um solo adequado para servir de leito à semente e, depois, ao bom 
desenvolvimento do sistema radicular da planta, com reflexos diretos na produção. 
 A aração constitui-se numa operação de inversão de camadas. O arado corta uma 
faixa de solo, denominada “leiva”, que é elevada e invertida. Nessa inversão de camadas 
 
 
4 
ou nesse tombamento da leiva, os materiais da superfície passam para baixo, e os de 
baixo vêm para cima, tornando mais profunda a camada útil do solo. 
 Esse revolvimento inicia, ativa e acelera atividades biológicas, pela oxidação, 
pela incorporação, aprofundamento e mistura da matéria orgânica, pela quebra de 
camadas endurecidas e impermeabilizadas, proporcionando um melhor arejamento, 
mais calor e mais água. 
 Para preparar o solo deverá ser avaliada a possibilidade de trafegar sobre ele 
com um trator e máquinas relativamente pesadas. A capacidade do solo suportar e 
permitir o trabalho dessas máquinas depende muito da umidade em que ele se encontra. 
 O ponto de umidade ideal para o preparo do solo é o da friabilidade, a qual, a 
campo, pode ser facilmente identificada. Coleta-se, a 10 cm de profundidade, um torrão 
de solo de aproximadamente 2 a 5 cm de diâmetro, e exerce-se sobre ele uma leve 
pressão entre os dedos polegar e indicador. Se o torrão desagregar-se sem oferecer 
grande resistência e sem moldar-se ao formato dos dedos o solo encontra-se friável. 
 Quando a aração é feita com o solo muito úmido, este sofre danos físicos na 
estrutura (compactação no lugar onde trafegam as rodas do trator) e gruda 
(principalmente os argilosos) com maior força nos implementos até o ponto de 
inviabilizar a operação. 
 Por outro lado, a aração com o solo muito seco não provoca danos físicos na 
estrutura, mas um número maior de passagens será necessário para conseguir o 
destorroamento que permita efetuar a operação de semeadura, além de maior esforço do 
trator, acarretando um maior gasto de combustível. A aração em solo seco, propicia 
ainda, a formação de grandes torrões duros, difíceis de serem quebrados. 
 A aração pode ser feita por tração animal ou motorizada. Na tração animal os 
arados mais utilizados são de aiveca, fixos ou reversíveis, enquanto que na motorizada 
utiliza-se arados de aiveca e de discos, fixos ou reversíveis. Salienta-se, no entanto, que 
na tração motorizada, os arados mais utilizados são os de discos reversíveis. 
 Os arados de discos podem ser de arrasto, semi-acoplados ou totalmente 
acoplados. Os de arrasto são mais recomendados para grandes áreas, para solos duros, 
terrenos recém-desbravados e quando se pretende arações mais profundas, por 
apresentarem maior capacidade de trabalho. Entretanto, na maioria das situações deve-
se preferir os arados totalmente acoplados ou de suspensão hidráulica, sobretudo por 
 
 
5 
serem de desempenho mais fácil, regulagem mais simples e por facilitarem as manobras 
nos cantos das glebas a serem aradas. 
 Os discos dos arados podem ser lisos ou recortados, sendo os primeiros mais 
recomendados para a maioria das situações. Os discos recortados são indicados para 
terrenos muito sujos, em palhadas de milho ou de arroz, em canaviais, etc. 
 A aração é feita através de deslocamentos na gleba que se quer arar, de várias 
formas ou em várias direções ou sentidos. Algumas dessas formas proporcionam maior 
rendimento que outras, permitem um trabalho de melhor qualidade e outras propiciam, 
ainda, preparo do solo menos sujeito à erosão, e assim por diante. 
 Por esta razão, antes de iniciar a aração, e com o objetivo de se determinar ou 
escolher o sistema de aração a adotar, deve-se considerar o formato da gleba, a 
declividade do terreno, o tipo de arado de que se dispõe, o tipo de solo e se o terreno 
está terraceado ou não. 
 
2.1.1 - ARAÇÃO EM ÁREAS NÃO TERRACEADAS 
 
 Quando se dispõe dearado reversível deve-se fazer a aração em faixas niveladas, 
jogando-se a terra sempre para um mesmo lado. 
 Se o arado disponível for fixo e o terreno apresentar declividade superior a 3% 
deve-se arar em quadro, suspendendo o arado nas extremidades da área. 
 Entretanto, se o terreno for plano ou levemente declivoso (até 3% de declive) e 
pouco arenoso, a aração pode ser feita em quadra, de dentro para fora, ou de fora para 
dentro da área. 
 
2.1.2 - ARAÇÃO EM ÁREAS TERRACEADAS 
 
 A aração em áreas terraceadas com arado reversível deve ser feita do camalhão 
do terraço superior para o canal do terraço inferior, jogando-se a terra sempre para cima. 
 Se o arado disponível for fixo, a aração em áreas terraceadas deve ser feita de 
uma maneira num ano e de outra no ano seguinte. 
 No primeiro ano a aração deve ser feita de fora para dentro, ou seja, começar no 
topo do camalhão do terraço de cima e nas margens (bordas) do canal do terraço de 
baixo e ir fechando para dentro até encontraram-se. A terra é sempre jogada para fora, 
 
 
6 
para a direita. O sentido de deslocamento é o anti-horário. Se este sistema for usado 
muitos anos seguidos haverá formação de um sulco ou valo no centro da faixa. Para se 
evitar isso deve-se alterar este sistema no ano seguinte. 
 No outro ano, a aração é feita de dentro para fora a partir do meio da faixa entre 
terraços e vai abrindo em direção ao topo do camalhão superior e da margem do canal 
inferior. Este sistema, quando usado por anos seguidos, provoca a formação de 
barrancos ou degraus na parte inferior dos camalhões dos terraços. Por isso deve-se 
alterná-lo com o sistema anterior. 
 
2.1.3 - ÉPOCA DE ARAÇÃO 
 
 A aração pode ser feita logo após a colheita, após o início do período chuvoso, 
ou em qualquer época entre a colheita e o início do período chuvoso. 
 Quando feita logo após a colheita, a aração apresenta algumas vantagens como o 
enterrio dos restos culturais e plantas daninhas ainda com o solo úmido; tempo 
suficiente para a decomposição destes restos culturais antes do novo plantio; destruição 
de plantas daninhas hospedeiras de pragas e doenças; destruição de plantas daninhas 
antes de produzirem sementes; e permite a incorporação de calcário com o mínimo de 
antecedência desejável do novo plantio (60 -90 dias). 
 Por outro lado, a aração logo após a colheita deixa o solo exposto aos riscos de 
erosão por muito tempo, além de ocorrer uma tendência do solo voltar às condições 
anteriores da aração, caso ocorram muitas chuvas. 
 A aração após o início do período chuvoso apresenta como desvantagem o 
acúmulo de operações que ocorrem nesta época, podendo provocar atraso no plantio. 
 Quando o produtor dispõe de todo maquinário, pode-se optar para realizar a 
aração em qualquer época, de acordo com a programação das operações do imóvel. 
 Todavia, salienta-se que em todas as situações deve-se levar em conta a umidade 
do solo, conforme já mencionado. 
 
2.1.4 - PROFUNDIDADE DE ARAÇÃO 
 
 A aração pode ser classificada como rasa quando sua profundidade for até 15 
cm, média de 15 a 25 cm e, profunda, acima de 25 cm. A profundidade de aração varia 
 
 
7 
de acordo com a cultura que se vai plantar. Entretanto, mesmo que a cultura seja a 
mesma, deve-se variar a profundidade de aração no decorrer dos anos, para se evitar que 
ocorra compactação do solo logo abaixo da camada arada, a qual se denomina “piso de 
arado”. O “piso de arado” pode criar problemas de infiltração de água no solo e 
desenvolvimento radicular, além de favorecer a erosão pelo acúmulo de água na 
superfície. 
 
2.2 - GRADAGEM OU GRADEAÇÃO 
 
 A superfície do terreno, depois de arada, apresenta-se irregular. O arado, ao 
cortar e tombar o solo, deixa leivas, sulcos e muitos torrões. Isto, além de dificultara 
operação de plantio, provoca muita falha na germinação e dificulta as outras operações 
de cultivo. Por esta razão deve-se fazer a gradagem, com o objetivo de destorroar e 
nivelar o terreno. A gradagem, além dessas operações, destrói plantas daninhas, pica 
restos culturais, incorpora sementes, fertilizantes e defensivos quando distribuídos a 
lanço e realiza escarificações. 
 O número de passadas de grade, no preparo do solo é variável, de acordo com o 
tipo de solo, cobertura do terreno e finalidade. Todavia, deve-se reduzir ao máximo o 
número de gradagens, pois, além de aumentar o custo, o preparo excessivo deixa o solo 
sujeito à erosão. 
 No caso de solos argilosos é necessário que seja feita uma gradagem logo após a 
aração, visto que neste tipo de solo há a formação de grande quantidade de torrões, os 
quais se secarem ficam endurecidos não cedendo à ação da grade. 
 
2.3 - SUBSOLAGEM 
 
 Com o passar dos anos, havendo constante uso da terra, mecanização intensiva, 
pode-se formar, no solo, a uma certa profundidade, uma camada compactada, menos 
permeável que a camada superior. Esta camada é formada por um adensamento ou 
concentração de argila, e é compactada pela constante passagem de implementos, 
sobretudo o arado, numa mesma profundidade. 
 Essa camada deve ser rompida e vários métodos são utilizados para este fim. 
Dependendo da profundidade da camada compactada, o trabalho pode ser feito através 
 
 
8 
de arações profundas. Outro método utilizado é o plantio de determinadas plantas que 
possuem sistema radicular bem desenvolvido e robusto (alguns adubos verdes). No 
entanto, o processo mais indicado e mais comum é o realizado por subsoladores, os 
quais são tracionados por tratores. 
 Para obtenção de um resultado mais eficiente, dependendo da intensidade da 
compactação, pode-se associar a subsolagem coma utilização posterior de um adubo 
verde que, além de complementar a descompactação, enriquece o solo com matéria 
orgânica, a qual apresenta diversas melhorias físicas e químicas no solo. 
 O preparo do solo deve ser planejado e bem executado, pois, de nada adianta 
utilizar sementes de boa qualidade, adubações adequadas, se o solo não apresentar 
condições para o bom desenvolvimento da lavoura. 
 
3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
GALETI, PAULO ANESTAR - Mecanização Agrícola: Preparo do Solo. Campinas, 
SP, Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1981. 220 p. 
CASTRO, ORLANDO MELO DE - Preparo do Solo para a Cultura do Milho. 
Fundação Cargill - Série Técnica, n
o
 3, Campinas, 1989. 
MIALHE, LUIZ G. - Manual de Mecanização Agrícola. Editora Agronômica Ceres 
Ltda. São Paulo, 1974. 301 p. 
GALETI, PAULO ANESTAR - Práticas de Controle à Erosão. Campinas, SP. 
Instituto Campineiro de Insumo Agrícola, 1973. 278 p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
ADUBAÇÃO ORGÂNICA 
 
1) HISTÓRICO 
 
No antigo Egito, a terra mais disputada pelos agricultores era aqueles situados nas 
margens do rio Nilo, em determinadas épocas do ano o rio transbordava levando M.O. 
em suas águas e depositando-as nas áreas inundadas. Os Fenícios no Oriente e os Incas 
no Ocidente, descobriram que plantando em terraços e patamar impediam as perdas de 
terra e M.O. Os Maias na América, ao plantar milho colocavam um ou mais peixes no 
fundo da cova, oferecendo-os aos deuses, com isso realizavam sem saber uma adubação 
orgânica. 
Ate o ano de 1892, os adubos aplicados aos solos eram praticamente de origem 
orgânica, só após essa data surgiram os fertilizantes minerais. 
Para que a M.O. possa fornecer nutrientes as plantas necessita sofrer um processo 
de decomposição microbiológica, acompanhado de mineralização de seus constituintes 
orgânicos. O fertilizante orgânico, portanto, ao fermentar e se decompor, gera húmus e 
compostos minerais assimiláveis pelas plantas.A cultura do café foi introduzida em S.P., M.G., norte do Paraná, através do R.J., 
expandindo-se até o Uruguai e Paraguai. Essa disseminação avassaladora aconteceu, 
visto que os produtores buscavam áreas novas, ricas em M.O., sendo que as anteriores 
haviam se esgotado, pois, o café era plantado após a desmata de áreas não desbravadas. 
A M.O. formada a partir de vegetação que entra em estagio de senescência com 
posteriores decomposições, isto, juntamente a fase mineral do solo. 
 
2) DECOMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS 
 
A M.O. sob o ponto de vista químico, é toda a substância que apresenta em sua 
composição o carbono tetravalente. 
Na natureza são encontrados três reinos (mineral, vegetal e animal). A M.O. 
compreende as substâncias que provém dos reinos que possuem órgãos, o animal e 
vegetal. 
 
 
10 
Os restos animais e vegetais são atacados e decompostos por numerosos grupos de 
microrganismos: bactérias, fungos, protozoários, algas, actinomicetes, além de vermes, 
insetos e suas larvas. 
Como resultado dessa intensa decomposição da M.O. são liberados nutrientes 
como N, P, K, Ca e Mg, os quais deixam a forma orgânica (imobilizadas), para 
passarem a forma de nutrientes disponíveis às plantas (mineralógica). 
O tempo de decomposição esta relacionada à relação C/N. Quanto > [] do N mais 
rápido será a decomposição. 
 
3) EFEITOS DA M.O. SOBRE AS PROPRIEDADES DO SOLO 
 
A produtividade do solo é um atributo que repousa principalmente em três fatores: 
clima (F), propriedades químicas (F2, fertilidade do solo) e propriedades físicas (F1). 
Propriedade = F + F1 + F2 
 
3.1) EFEITOS SOBRE AS PROPRIEDADES FÍSICAS 
 
A M.O. exerce apreciável influência nas propriedades do solo, daí classificada por 
certos autores como materiais melhoradores do solo e não como fertilizantes 
fornecedores de nutrientes. 
 
a) DENSIDADE APARENTE 
A M.O. reduz a densidade aparente do solo. 
Densidade aparente do solo é a relação existente entre a massa de uma amostra de 
terra seca a 110ºC e o volume aparente global ocupado pela soma das partículas e poros. 
Densidade: 
Solo arenoso: 1,4 – 1,6 g/cm3 
Solo argiloso: 1,2 – 1,4 g/cm3 
Solo turfoso: 0,6 – 0,8 g/cm3 
M.O: 0,2 – 0,4 g/cm3 
Adubação orgânica quando empregada em quantidade adequada, reduz a 
densidade da camada que recebe o fertilizante. 
 
 
 
11 
b) ESTRUTURAÇÃO 
A M.O. melhora a estrutura do solo agregando partículas primarias de areia, silte, 
argila e outras compostos do solo, originando agregados estáveis. 
c) AERAÇÃO E DRENAGEM 
A M.O. melhora a aeração e drenagem interna do solo. 
O solo é constituído de três fases: 
Sólida  matéria inorgânica e orgânica 
Liquida  água do solo (solução do solo) 
Gasosa  ar do solo 
Solo ideal  50 % da porosidade total dividida entre ar (25%); água (25%), 
outros consideram 1/3, ou seja , 17 % ar e 33% água. 
Aplicação de M.O. melhora a agregação e estruturação do solo (argiloso e 
arenosos), corrigindo, conseguentemente, a falta ou exceso de aeração e drenagem. 
 Solos argiloso e barrentos  mal drenados e mal arejados 
 Solos arenosos  excessiva aeração e drenagem 
 d) RETENÇÃO DE ÁGUA 
A M.O. aumenta direta e indiretamente a capacidade do solo em armazenar água. 
A M.O. crua tem a capacidade de retenção de água em torno de 80%, a medida que vai 
sendo humificada a capacidade de retenção aumenta podendo chegar a 600 – 800%. A 
M.O. humificada armazena água indiretamente, melhorando as propriedades físicas do 
solo, e diretamente, quando em quantidades apreciáveis, pela sua inerente capacidade de 
retenção. 
e) CONSISTÊNCIA 
A M.O. altera a consistência do solo reduzindo a tenacidade, a plasticidade, a 
aderência e melhorando a friabilidade do solo. 
 
3.2) EFEITOS SOBRE AS PROPRIEDADES QUÍMICAS 
 
A M.O. é uma importante fonte de nutrientes para as plantas, microflora e fauna 
terrestre. 
O húmus possui três funções distintas no solo: 
- fornecedor de nutrientes 
- corretivos de toxidez 
- condicionador do solo 
 
 
12 
fornecimento de nutrientes 
Fonte de macro (N, P e S) e micronutrientes 
correção de substâncias tóxicas 
Aplicação de M.O. humificada ao solos tem sido recomendada como uma maneira 
de controlar a toxidez causada por certos elementos e substâncias encontradas em 
quantidades acima do normal no (sais, ferro, cromo, mercúrio, chumbo, níquel, bário, 
fluor, arsênio e selênio). A forma de controle por parte do húmus consiste em fixar, 
complexar ou mesmo quelatizar estes elementos. 
Índice de pH: M.O. humificada torna o pH mais alcalino 
poder tampão 
A M.O. possue elevado poder tamponante do solo. Supondo 2 soluções com pH = 
8. Uma alcalizada com soda cáustica e outra com suspensão de húmus. Para tornar o pH 
= 7, das 2 soluções, seria necessário mais ácido clorídrico na solução com húmus do que 
na solução com soda. 
condicionamento do solo 
-eleva a capacidade de troca de cátions, notadamente nos solos altamente 
intemperizados ou arenosos 
-contribui para maior agregação das partículas do solo, reduzindo a 
susceptibilidade à erosão 
-reduz a plasticidade e coesão do solo, favorecendo as operações de preparo 
-aumenta a capacidade de retenção de água 
-concorre para maior estabilidade de temperatura do solo 
 
3.3) EFEITOS SOBRE AS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICO 
 
3.4) EFEITOS SOBRE AS PROPRIEDADES BIOLÓGICAS 
A M.O. é a principal fonte de nutrientes e energia para os microrganismos do solo. 
 
4) EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA 
 
Para aumentar a eficiência da adubação orgânica deve-se levar em conta alguns 
aspectos de cunho prático, destacando os seguintes: 
 
 
13 
-os dejetos animais sofrem perda de 30 a 60%, tanto pelo arrastamento de material 
como pelo processo de fermentação, que envolve desprendimento de amônia. Essas 
perdas podem ser diminuidas pelo uso de camas de material com bom poder de 
absorção em quantidade suficiente. As camas devem ser renovadas com frequência. 
-o processo de cura (fermentação), é essencial quando se uso os estercos e 
compostos. Visa obter M.O., bem estruturada, homogênica, livre de cheiro 
desagradável, sem sementes nem pragas e agentes causadores de doenças, com realção 
C/N ideal e com boa mineralização dos compostos orgânicos e liberação de nutrientes. 
Sob condições controladas de umedecimento e aeração, o processo se completa de 60 a 
90 dias. 
-o tratamento de escrementos animais com super-fosfato-simples tem as seguintes 
finalidades: efeito desinfetante, efeito desodorante, redução das perdas de N e 
enriquecimento do esterco com P, S e Ca. 
-o gesso agrícola pode também ser adicionado, em substituição ao super-fosfato- 
simples, sem, entretanto, enriquecer o produto final com fósforo. 
 
Percentagem de conversão dos nutrinetes aplicados, via adubos orgânicos, para a forma mineral 
 TEMPO DE CONVERSÃO 
NUTRIENTES 1º ANO 2º ANO APÓS O 2º ANO 
N 50 20 30 
P2O5 60 20 20 
K2O 100 0 0 
Dados em % 
 
5) PRICIPAIS FONTES DE M.O. 
Todo fertilizante orgânico é M.O. , mas nem toda a M.O. é fertilizante orgânico. 
-esterco de animais e adubos verdes (são os mais empregados como fertilizantes) 
-fezes humanas (no Oriente recebe o nome de solo noturno – nigth soil => lodo de 
esgoto) 
-lixo urbano domiciliar 
-tortas vegetais 
-turfas e linhito 
 
 
14 
-resíduos industriais agrícolas (coserva alimentícia, bebidas, frigorífico, produtos 
farmacêuticos, curtumes etc. 
 
6) CLASSIFICAÇÃO DA M.O. 
 
Quanto a natureza 
 -vegetal (restos de cultura e outros) 
 -animal (esterco e restos de animais) 
 -mista (residuos vegetais e animais misturados)Quanto a consistência 
 -sólida (esterco, humus etc) 
 -líquido (lodo de esgoto, vinhaça, chorume etc) 
 -semi liquido (resíduo de biodigestores) 
 
7) QUANTIDADE COMUMENTE UTILIZADAS 
 
Principal fator determinante da quantidade de adubo orgânico a ser aplicada e a 
disponibilidade e a dificuldade de seu manejo. Como orientação básica, sugerem-se as 
seguintes quantidades: 
Aplicação em area total 
Esterco de curral e compostos 20 a 40 t/ha 
Esterco de galinha 2 a 5 t/ha 
Esterco liquido ou chorume 30 a 90 m3/ha 
Vinhaça de mosto de melhaço 50 m3/ha 
Vinhaça de mosto misto 100 m3/ha 
Vinhaça de mosto de calda 150 m3/ha 
Aplicação localizada (quando feito em covas ou sulcos de plantio) 
Cultura de graõs: 
Esterco de curral e compostos 10 a 20 t/ha 
Esterco de galinha 2 a 3 t/ha 
Hoticultura: 
Esterco de curral e compostos 30 a 50 t/ha 
Esterco de galinha 5 a 10 t/ha 
 
 
15 
Covas em geral: 
Esterco de curral e compostos 10 a 20 L/cova 
Esterco de galinha e tortas 3 a 5 L/cova 
No caso de aplicação localizadas (sulcos e covas), deve-se misturar o adubo 
orgânico com solo, com antecedência mínima de 15 a 20 dias ao plantio, procurando 
manter a umidade suficiente no período. 
 
8) REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA: 
 
Comissão de fertilidade do solo do Estado de Minas Gerais – CFSEMG. 
Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5ª 
apoximação/ANTÔNIO CARLOS RIBEIRO, PAULO TÁCITO GONTIJO 
GUIMARÃES, VICTOR HUGO ALVAREZ V., editores. Viçosa, MG, 1999. 
359p 
KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Ed. Agronômica Ceres. São Paulo. 1985. 
492p 
Relatório e recomendação sobre agricultura orgânica – Brasília Seplan 
CNPq/coordenação editorial, 1984. 128p 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ADUBAÇÃO VERDE 
 
1 - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 
 
 O homem primitivo era nômade e vivia da caça e agricultura afro-primitiva. 
Posteriormente, tornou-se sedentário, plantando para sua subsistência e partindo, desde 
então, em busca de terras ricas em matéria orgânica, pois, esta tem sido considerada há 
milênios como principal fator de fertilidade do solo. 
 No entanto, como passar do tempo, as áreas cultivadas tornavam-se esgotadas e 
erodidas, tornando-se necessário a busca de novas áreas e assim sucessivamente. Para 
contornar esta situação, o homem passou então a estudar a forma de repor ao solo a 
matéria orgânica. Para isso tornou-se necessário o conhecimento das várias fontes de 
matéria orgânica que podem ser obtidas nas propriedades rurais a serem utilizadas como 
fertilizante orgânico. 
 Dentre estas fontes podemos destacar estercos animais, restos de cultura, 
resíduos agro-industriais, composto orgânico e adubação verde. 
 A adubação verde é uma prática milenar que teve sua contribuição na história de 
muitos povos. Os chineses, gregos e romanos, antes da era cristã, já a utilizavam com 
sucesso na agricultura. 
 No Brasil, já no início deste século, Dutra (1919), em seu trabalho intitulado 
“Adubação Verde: sua produção e modo de emprego”, mostra o efeito melhorador 
dos adubos verdes e recomenda a sua utilização. 
 Com o tempo, foram surgindo vários trabalhos sobre adubos verdes, inclusive 
alguns estudos do sistema radicular desses materiais e seus efeitos no solo. 
 Pelo estudo dos hábitos das colonizações européias nos estados do sul do Brasil, 
a adubação verde teve ênfase nas décadas de 40e 50, constituindo prática habitual nas 
zonas coloniais. 
 O emprego do adubo verde era, até então, considerado como uma cultura de 
leguminosas, plantada no período de verão, ocupando as áreas de plantio de outubro a 
abril. Isso se devia basicamente ao montante de nitrogênio fixado simbioticamente pelas 
leguminosas, a boa ramificação e profundidade do sistema radicular e por ser uma 
família bastante numerosa e adaptada a diversas situações de clima e solo. 
 
 
17 
 No entanto, trabalhos mais recentes mostraram resultados promissores na 
utilização de plantas de outras famílias como adubo verde, além das leguminosas. 
 
2 - CONCEITOS 
 
 O conceito clássico de adubação verde, segundo Chaves (1989), pode ser 
enunciado como “A prática de se incorporar ao solo massa vegetal não decomposta, de 
plantas cultivadas no local ou importadas, com a finalidade de preservar e/ou restaurar a 
produtividade das terras agricultáveis”. 
 Na atualidade, pode-se conceituar a adubação verde como a utilização de plantas 
em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou 
deixando-as na superfície, visando-se a proteção superficial, bem como a manutenção. 
Se melhoria das características físicas químicas e biológicas, inclusive a profundidades 
significativas (Calegari et al, 1993). 
 
3 - FUNÇÕES 
 
 O modelo tecnológico desenvolvido para a agricultura induz o solo a uma 
exposição direta ao sol, à chuva e aos ventos, principais agentes causadores de sua 
degradação nas condições tropicais e subtropicais. A sustação desse processo implica a 
adoção de método de manejo que propicie sua permanente cobertura com matéria viva 
ou morta, a reciclagem mais eficiente da fitomassa, material orgânico com propriedades 
condicionadoras de solo e fertilizantes. 
 Nesse aspecto amplo de manejo e conservação do solo, onde o objetivo e a 
recuperação e/ou manutenção de sua fertilidade e do potencial produtivo, especial 
destaque deve ser conferido à prática de adubação verde. 
 Por suas características, os adubos verdes proporcionam benefícios bastante 
significativos à agricultura, que as práticas convencionais químicas e mecânicas não 
conseguem desempenhar. Dentre eles pode-se relacionar um conjunto de ações 
integradas, com as seguintes funções: 
 
 
 
18 
a. Proteger o solo das chuvas de alta intensidade. A cobertura vegetal dissipa a 
energia cinética das gotas da chuva, impedindo o impacto direto e a 
conseqüente desagregação do solo, evitando o seu “selamento” superficial. 
 
b. Manter elevada a taxa de infiltração de água no solo pelo efeito combinado 
do sistema radicular com a cobertura vegetal. As raízes, após sua 
decomposição, deixam canais no solo que agregam sua estrutura, enquanto a 
cobertura evita a desagregação superficial e reduz a velocidade de 
escoamento das enxurradas. 
 
c. Produzir grande quantidade de fitomassa, de maneira a manter ou até mesmo 
elevar, ao longo dos anos, o teor de matéria orgânica do solo. 
 
d. Aumentar a capacidade de retenção de água do solo. 
 
e. Atenuar as oscilações térmicas das camadas superficiais do solo e diminuir a 
evaporação, aumentando a disponibilidade de água para as culturas. 
 
f. Recuperar solos degradados através de uma grande produção de raízes, 
mesmo em condições restritas, rompendo camadas adensadas e promovendo 
aeração e estruturação, o que se pode entender como um “preparo biológico 
do solo”. 
 
g. Promover mobilização e reciclagem mais eficiente de nutrientes. As plantas 
usadas como adubo verde, por possuírem sistema radicular profundo e 
ramificado, retiram nutrientes de camadas subsuperficiais, que as culturas de 
raízes pouco profundas normalmente não conseguem atingir. Quando tais 
fitomassas são manejadas (incorporadas ou deixadas na superfície) os 
nutrientes nelas contidos são liberados gradualmente durante o processo de 
decomposição, nas camadas superficiais, ficando assim disponíveis para as 
culturas subseqüentes. Alguns adubos verdes como, por exemplo, o tremoço-
branco (Clarkson, 1985), apresentam a capacidade de solubilizar o fósforo 
não disponível. 
 
 
19 
 
h. Diminuira lixiviação de nutrientes como o nitrogênio. A ocorrência de 
chuvas de alta intensidade e precipitações anuais elevadas, normalmente 
estão associadas a processos intensos de lixiviação de nutrientes. 
 
i. Fixar nitrogênio atmosférico através de processo simbiótico com bactérias, 
utilizando-se leguminosas. 
 
j. Reduzir a população de ervas invasoras, dado o crescimento rápido e 
agressivo dos adubos verdes (efeito supressor e/ou alelopático). A alelopatia 
(neste caso) é a inibição química exercida por uma planta (viva ou morta) 
sobre a germinação ou o desenvolvimento de outras. O efeito supressor é 
atribuído à ação de impedimento físico. Assim, por exemplo, a passagem de 
luz é prejudicada, reduzindo a germinação, ou desenvolvimento de espécies 
exigentes nesse fator. 
 
k. Melhorar a eficiência dos fertilizantes minerais. A utilização integrada de 
adubação verde e mineral tem apresentado muitos aspectos positivos, entre 
eles o aumento da eficiência da própria adubação mineral, em função dos 
adubos verdes possuírem sistema radicular profundo (diminui perdas por 
lixiviação) e capacidade de utilizar nutrientes em formas normalmente 
inaproveitáveis pelas culturas comerciais, como é o caso do fósforo. 
 
l. Fornecer cobertura vegetal para preparos conservacionistas do solo. Além da 
quantidade, é muito importante a qualidade dos resíduos vegetais que serão 
utilizados em preparo de solo que vise ao controle da erosão. Assim, são 
características desejáveis no manejo do solo, coberturas cuja velocidade de 
decomposição assegure a proteção do solo em períodos críticos, e elevada 
quantidade de nutrientes na massa vegetal, os quais serão gradualmente 
colocados à disposição das culturas subseqüentes. 
 
m. Criar condições ambientais favoráveis ao incremento da vida biológica do 
solo. 
 
 
20 
4 - CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS A UM BOM ADUBO VERDE 
 
 Um bom adubo verde deve apresentar as seguintes características: 
 
a. Crescimento rápido para que consiga sobressair quando em concorrência 
com plantas daninhas, principalmente quanto a luminosidade, além de 
promover boa cobertura do solo. 
 
b. Grande produção de massa. Quanto maior a quantidade de massa, melhor a 
cobertura do solo e maior a quantidade de matéria orgânica a ser incorporada 
no solo. 
 
c. Fixação do nitrogênio atmosférico. As leguminosas são as plantas mais 
recomendadas, por fixarem, através de simbiose com bactérias, o nitrogênio 
atmosférico. 
 
d. Bom desenvolvimento radicular. Um sistema radicular bem desenvolvido 
ajuda na infiltração de solos adensados, na retirada de nutrientes das 
camadas mais profundas, forma pequenas galerias nos locais das raízes 
quando estas secam e incorporam matéria orgânica nas camadas mais 
profundas. 
 
e. Resistência a pragas e doenças para que não sirvam de hospedeiras a estas 
repassando-as às culturas principais. 
 
f. Facilidade de obtenção de sementes. 
 
g. Fácil extinção para não transformarem em plantas indesejáveis durante o 
cultivo das culturas principais. 
 
 
 
 
 
 
21 
5 - SISTEMAS DE ADUBAÇÃO VERDE 
 
 A prática da adubação verde, quanto à sua utilização, pode ser classificada em: 
 
a - ADUBAÇÃO VERDE EXCLUSIVA DE PRIMAVERA/VERÃO 
 
 Essa modalidade de adubação verde é a mais antiga e tradicional. Consiste no 
plantio de adubos verdes (geralmente leguminosas) no período de outubro a janeiro, 
apresentando rigoroso crescimento durante o verão. Entre as espécies utilizadas 
destacam-se a mucuna, o feijão-de-porco, o guandu, as crotalárias, o labe-labe e o caupi. 
 As principais vantagens desse tipo de adubação verde são a elevada produção de 
massa verde e a grande quantidade de nitrogênio. Destaca-se também a proteção ao solo 
durante o período de chuvas de alta intensidade na região sul do Brasil. A ocupação de 
áreas agrícolas durante um período em que são cultivadas culturas econômicas, tem sido 
apontada como a principal desvantagem dessa modalidade. A rotação de áreas, ou seja, 
a divisão da propriedade em glebas, reservando uma por ano para o plantio de 
leguminosas e as restantes para culturas comerciais pode ser uma alternativa viável. 
Nesse sistema, a adubação verde deve ser cultivada na mesma área com intervalo 
máximo de quatro anos. 
 
b - ADUBAÇÃO VERDE EXCLUSIVA DE OUTONO/INVERNO 
 
 Esse tipo de adubação é mais recente e baseia-se na utilização de leguminosas 
durante o outono/inverno na entressafra de culturas comerciais de verão. 
 Nos estados do sul do país, as principais espécies utilizadas são aveia preta, o 
agevém, o nabo forrageiro, os tremoços, o chícaro, as ervilhacas, a serradela e a gorga. 
A época de semeadura desses adubos verdes varia de março a junho. Em São Paulo, os 
adubos verdes mais utilizados nessa modalidade são as aveias, os tremoço, a crotalasia 
juncea e a mucuna preta, com época de semeadura compreendida entre fevereiro e abril. 
 Entre as vantagens dessa modalidade de adubação destacam-se a proteção de 
áreas normalmente ociosas, o controle da erosão, a diminuição da infestação de ervas 
invasoras, a redução de perdas de nutrientes por lixiviação, o aporte de nitrogênio 
(especialmente quando se usa leguminosas), a possibilidade de utilização de adubos 
 
 
22 
verdes com potencial forrageiro na alimentação animal e o fornecimento de cobertura 
morta para preparos conservacionistas do solo. O somatório dessas vantagens faz com 
que esse tipo de adubação verde seja atualmente o mais empregado na região sul do 
Brasil. 
 
c - ADUBAÇÃO VERDE INTERCALAR 
 
 Nesta modalidade o adubo verde é plantado durante o período de utilização da 
área com outra cultura, em uma fase desta em que o adubo verde não lhe venha 
comprometer a produção. 
 Esse sistema adapta-se principalmente às pequenas propriedades nas quais a 
utilização do solo é a mais intensa possível. 
 Esse tipo de adubação, quando feito com culturas anuais, deve ser feito 
criteriosamente, de maneira a evitar que o adubo verde possa vir a competir com a 
cultura comercial. No caso específico do milho e mucunas cinza e preta, a semeadura 
dessas deve ser feita a partir do florescimento do milho. 
 No caso de culturas-perene a recomendação geral e que a implantação de adubo 
verde deve ser feita no segundo ano da cultura, em áreas onde os riscos de erosão são 
pequenos. Neste caso a planta utilizada para adubo verde não deve ter hábito de 
crescimento trepador. 
 
d - ADUBAÇÃO VERDE EM FAIXAS 
 
 Nesse sistema alocam-se faixas onde são plantados os adubos verdes, 
permanecendo o restante da área cultivada com a cultura comercial. Nos anos seguintes, 
as faixas são deslocadas, com o objetivo de gradualmente ir promovendo a melhoria do 
solo de toda a propriedade. Uma variação desse sistema é o plantio de leguminosas 
perenes em faixas que são mantidas fixas, podendo ser utilizadas periodicamente na 
alimentação animal, através de cortes ou distribuídas na área de cultivo comercial, 
visando-se à cobertura do solo e à economia da adubação nitrogenada. Como exemplo 
cita-se o cultivo da cultura do milho e feijão intercalados com faixas de leucena. Esse 
sistema adapta-se às regiões declivosas, onde as faixas atuam na retenção de enxurradas 
e no controle de erosão. 
 
 
23 
 Alguns outros exemplos dessa adubação no cultivo da mandioca com faixas de 
crotalárias e guandu, do milho e arroz de sequeiro com faixas de guandu e leucena, do 
trigo com tremoço e do algodão com soja. 
 
6 - INOCULAÇÃO DE SEMENTES 
 
 O objetivo da inoculação de sementes é colocar junto à semente recém-
germinada uma elevada população de rizóbio específico,capaz de modular e realizar 
simbiose eficiente com a planta que irá se desenvolver. 
 A inoculação pode ser feita através do emprego de revestimento das sementes 
com outros materiais (pellet), protegendo a bactéria da acidez do solo e dos fertilizantes, 
ou simplesmente misturando água potável (100 ml) com inoculante (100 g), até formar 
uma pasta homogênea que deverá ser misturada às sementes, as quais devem ser 
espalhadas à sombra até secar. Sementes inoculadas apenas com pasta deverão ser 
semeadas no máximo no dia seguinte à inoculação, caso contrário, deverão ser 
reinoculadas. 
 
7 - ESPAÇAMENTOS E NECESSIDADE DE SEMENTES 
 
 No plantio de leguminosas como adubo verde, deve-se optar por um 
espaçamento que leve a uma rápida cobertura do solo, evitando-se, assim, a emergência 
e a concorrência das invasoras com a cultura comercial. No geral, isso implica a adoção 
de menor espaçamento entre as plantas e maior gasto de sementes por unidade de área, 
resultando, por conseguinte, em elevação do custo da adubação verde. Assim, a prática 
na lavoura leva a recomendar um espaçamento baseado no bom senso. 
 
8 - INCORPORAÇÃO 
 
 A incorporação dos adubos verdes deve ser feita quando as plantas atingirem 
aproximadamente 50% da floração, época em que estão com alto teor de nitrogênio, boa 
produção de massa e ainda no estão muito lenhosas. 
 Para se obter uma incorporação mais eficiente, inicialmente deve-se picar o 
material utilizando-se uma grade de discos e posteriormente incorporá-lo através de 
 
 
24 
uma aração. O enterrio deve preceder a operação de plantio da cultura comercial, pelo 
menos em 20 dias, período necessário para que ocorra o pico da fermentação, onde 
normalmente há elevação de temperatura. 
 
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
HERNANI, L. C. et al - Adubos verdes de outono/primavera no Mato Grosso do 
Sul, EMBRAPA, CPAD, Dourados, p. 5, 1995. 
CALEGARI, ADEMIR, et al. - Adubação verde no Sul do Brasil. AS-PTA, 2
a
 edição, 
Rio de Janeiro, 1993. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS 
 
1- INTRODUÇÃO 
 
A utilização adequada dos fertilizantes químicos e/ou orgânicos na agricultura 
brasileira é importante para elevar o nível de produtividade dos solos, geralmente 
pobres em nutrientes essenciais às plantas. 
A intensificação da adubação mineral no Brasil passou a ser uma das inovações 
tecnológicas nas décadas de 1950 a 1970. Consequentemente a adubação orgânica neste 
período foi quase totalmente esquecida. 
No entanto, o setor produtivo, especialmente as pequenas e médias propriedades, 
possui condições limitadas de utilizar insumos industrializados com recursos próprios, o 
que leva a um decréscimo da sua produtividade. 
Por outro lado, a agropecuária é fonte de grande quantidade de resíduos, como 
dejetos de animais, restos de culturas, palhas e resíduos agroindustriais, os quais, em 
alguns casos, provocam sérios problemas de poluição. Todavia, quando manipulados 
adequadamente, podem suprir, com vantagens, boa parte de demanda de insumos 
industrializados sem afetar adversamente os recursos do solo e do ambiente. 
O aproveitamento dos elementos nutritivos dos resíduos agrícolas pode ser ocorrer 
através de seu processamento simples, como a compostagem, realizada no próprio 
imóvel rural. 
 
2- COMPOSTAGEM 
 
A compostagem é um processo biológico de transformação da matéria orgânica crua 
em substâncias húmicas, estabilizadas, com propriedades e características diferentes do 
material que lhe deu origem. Em linhas gerais, consiste no aproveitamento de matérias-
primas que contenham um balanço de relação carbono/nitrogênio favorável ao 
metabolismo dos organismos que vão efetuar sua biodigestão. A fermentação dessas 
matérias-primas pode ser aeróbia ou anaeróbia, controlando-se a umidade, a aeração, a 
temperatura e demais fatores, conforme o caso. 
Em se tratando de resíduos agrícolas, a fermentação mais simples e adequada é a 
aeróbia, na qual procura-se a compactação e o enchertamento da massa. A 
 
 
26 
decomposição aeróbia é caracterizada pela elevação da temperatura e por gases 
inodoros. 
 
METODOLOGIA 
 
Para se obter um composto de boa qualidade e em menor espaço de tempo são 
necessários alguns cuidados, como: 
 
3.1- Local 
 
O local para montagem das pilhas de matéria prima deve ser limpo e 
ligeiramente inclinado para facilitar o escoamento de águas de chuvas. Deve ter área 
suficiente para a construção das pilhas e espaço para revolvimento das mesmas e 
circulação de tratores com carretas e/ou caminhões. 
 
3.2- Qualidade dos resíduos agrícolas 
 
A princípio, todos os resíduos agrícolas podem ser compostados. No entanto, 
para se obter um composto de boa qualidade em menos tempo é necessário que os 
resíduos apresentem um conteúdo apropriado de nitrogênio e carbono, favorecendo o 
crescimento e a atividade das colônias de microrganismos envolvidos no processo. 
Tendo em vista que esses microrganismos absorvem o carbono e o nitrogênio 
numa proporção de 30 partes do primeiro para uma parte do segundo (C/N=30/1 ), essa 
também 
será a proporção ideal de resíduos. No entanto, consideram-se os limites de 26/1 a 35/1 
como sendo as relações C/N mais recomendadas para uma rápida e eficiente 
compostagem. 
Resíduos com relação C/N baixa perdem nitrogênio na forma amoniacal durante 
um processo de compostagem, prejudicando a qualidade do composto. Nesse caso, 
recomenda-se juntar restos vegetais celulósicos para eleva-la a um valor próximo do 
ideal (30/1) 
Quando ocorre o contrário, ou seja, a matéria prima possui relação C/N alta, o 
processo torna demorado e o produto final apresentará baixos teores de matéria 
 
 
27 
orgânica. Para corrigir essas distorções basta acrescentar materiais ricos em nitrogênio 
tais como esterco, camas animais, tortas vegetais, etc. 
 
3.3- Tamanho das partículas dos resíduos agrícolas 
 
Os resíduos a serem compostados não devem ser em partículas muito pequenas 
para evitar a compactação durante o processo de compostagem, comprometendo a 
aeração (exemplo, serragem). Por outro lado, resíduos com colmos inteiros retardam a 
decomposição por reterem pouca umidade e apresentarem menor superfície de contato 
com os microrganismos (exemplos, colmos de milhos). Restos de culturas de soja e 
feijão, gramas, folhas, por exemplo, podem ser compostados inteiros. 
 
3.4- Umidade 
 
A melhor umidade para o material ser compostado situa-se entre 40% e 60%. 
Abaixo de 35%, a atividade microbiana é afetada e acima de 65% começa a haver 
comprometimento da aeração da massa, provocando condições anaeróbicas e com 
conseqüentemente liberação de odores desagradáveis. 
Em caso de falta de água, deve-se irrigar uniformemente o material em 
compostagem uma ou duas vezes por semana e quando em excesso (após chuvas), deve-
se fazer o revolvimento do material para provocar a evaporação. 
Na operação de controle da umidade é importante que todas as camadas do 
material em compostagem tenham igual teor de água, portanto, ao revolve-lo deve-se 
misturar as camadas externas mais secas, com as internas mais úmidas. 
 
3.5- Aeração 
 
O oxigênio é de vital importância para a oxidação biológica do carbono dos 
resíduos orgânicos, para que ocorra produção de energia necessária aos microrganismos 
que realizam a decomposição. Parte dessa energia é utilizada no metabolismo dos 
microrganismos e o restante é liberado na forma de calor. 
O arejamento evita a formação de maus odores e a presença de moscas,o que é 
importante tanto para o processo como para o meio ambiente. Para se obter o adequado 
 
 
28 
suprimento de oxigênio deve-se realizar revolvimentos do material, que podem ser 
feitos utilizando-se garfos, enxadas e ancinhos. 
Recomenda-se que se faça o primeiro revolvimento duas ou três semanas após o 
início do processo, período em que se exige a maior aeração possível. O segundo 
revolvimento deve ser feito aproximadamente três semanas após o primeiro, ocasião em 
que se inicia o abaixamento lento da temperatura, indicando o início da estabilização do 
processo de compostagem. 
Na décima semana após o início do processo faz-se um terceiro revolvimento 
para uma incorporação final de oxigênio. É provável que nessa oportunidade não esteja 
mais ocorrendo liberação de calor, pois a matéria orgânica não estará mais sofrendo 
decomposição e os elementos fertilizantes poderão ser conservados sem perdas. 
 
3.6- Temperatura 
 
O calor desenvolvido no composto é o resultado da influência de outros fatores 
que atuam no processo de decomposição. Havendo microrganismos, oxigênio, umidade, 
granulometria favorável e material com relação C/N em torno de 30/1 haverá, 
forçosamente, desenvolvimento de calor, indicativo de que o processo fermentativo 
iniciou-se. 
Para verificar se o processo está ocorrendo normalmente, deve-se fazer o 
monitoramento da temperatura frequentemente. Para isso, basta introduzir algumas 
barras de ferro (vergalhões) até o fundo das pilhas dos materiais a serem compostados 
tão logo estejam prontos. Essas barras deverão ser retiradas para verificação da 
temperatura a cada dois ou três dias até o primeiro revolvimento, passando a uma vez 
por semana a partir de então, até o final do processo. 
A temperatura deve ser verificada tocando-se com a palma da mão a parte da 
barra de ferro que estava introduzida na pilha dos materiais em compostagem, podendo 
ocorrer três situações: 
a)- a barra de ferro apresenta-se quente, porém o contato com a mão é 
suportável. São indícios de que o processo está ocorrendo normalmente; 
b)- a barra de ferro está muito quente não sendo suportável o contato com a 
palma da mão. Nesse caso, está havendo excesso de temperatura e o material deve ser 
resolvido se estiver muito úmido, ou umidecido se estiver seco. 
 
 
29 
c)- a barra de ferro se encontra morna ou fria. Nesse caso, deve-se considerar o 
tempo em que está ocorrendo o processo, ou seja; se ainda não tiver sido feito o 
primeiro revolvimento, provavelmente está faltando umidade na pilha ou ela não foi 
construída com as dimensões corretas (item 3.7). Se o processo já estiver ocorrendo a 
mais de sete semanas, com dois ou mais revolvimentos, a baixa temperatura indica que 
a decomposição está estabilizada, por tanto, o composto está pronto. 
O composto estabilizado, além de ter temperatura igual à ambiente, apresenta-se 
quebradiço quando seco, moldável quando úmido, não atrai moscas e não tem cheiro 
desagradável. 
 
3.7)-Preparo da pilhas 
 
 As pilhas devem ser preparadas diretamente no solo e constituídas por camadas 
de restos vegetais, intercaladas com camadas de estercos, numa proporção de 3:1, 
respectivamente. 
Primeiramente, demarca-se no solo uma largura de 3 a 4 metros, deixando 
espaço para um comprimento indeterminado (de acordo com a quantidade de material). 
Na localização, deve-se prever um espaço para revolvimento do composto (2 metros, 
aproximadamente) numa das extremidades da pilha. Deve-se também construir valas de 
escoamento para águas de chuva ao redor das pilhas. 
Inicia-se a construção das pilhas distribuindo-se uniformemente os resíduos 
vegetais, de preferência bem fragmentados, numa camada de 15 a 25 centímetros de 
espessura. Em seguida, irriga-se bem o material e espalha-se o esterco sobre ele numa 
camada de 5 a 7 centímetros de espessura, também irrigando-o. Esse procedimento deve 
ser repetido sempre alternando e irrigando as camadas de restos vegetais e esterco, até 
atingir uma altura entre 1,5 a 1,8 metros. 
Alturas inferiores a 1,5 metro não são recomendadas, por não apresentarem um 
volume suficiente para manter uma temperatura adequada (item 3.6). Do mesmo modo, 
alturas superiores a 1,8 metros não devem ser adotadas pois acumulam muito peso, 
provocando compactação e, conseqüentemente, comprometendo a aeração. 
Preferencialmente a última camada deve ser de resíduos vegetais para melhor 
proteção contra águas de chuva, embora o ideal seja proteção com sapé ou outro capim, 
ou ainda lonas. 
 
 
30 
A modalidade de compostagem em pilhas e a aeração por revolvimento manual são 
impraticáveis para grandes volumes de resíduos. Criações e produções de grande porte, 
com volumes expressivos de resíduos, exigem processamento mecanizado. 
 
3- RENDIMENTO 
 
O rendimento final da compostagem é de ordem de 1/3 a ½ do volume inicial, 
pesando de 400 a 600kg/m3, dependendo do material de origem e do teor de umidade. 
 
4- UTILIZAÇÃO DO COMPOSTO 
 
A maior eficiência do composto orgânico é obtida quando ele é utilizado 
imediatamente após o término do processo de compostagem. Entretanto, se isso não for 
possível, o composto deve ser armazenado em local protegido do sol e da chuva, de 
preferência mantendo-o coberto com lona de polietileno ou mesmo com sacos velhos. 
No Brasil, após um período de estagnação até a década de 1980, alguns agricultores 
vêm praticando uma agricultura diferenciada, orgânica, mais viável econômica e 
socialmente, produzindo alimentos mais saudáveis, chamados orgânicos ou ecológicos, 
de grande procura pelos consumidores. 
 
5- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 
BARRETO, Celso Xim; Prática em agricultura orgânica. 200p.São Paulo, Ícone 
Editora Ltda, 1986. 2ª edição. 
 
KIEHL, Edmar José. Fertilizantes orgânicos, 492p. Piracicaba, Editora Agronômica 
“Ceres” Ltda, 1985. 
 
MARRIEL, E. M.; KON ZEN, E. A.; ALVARENGA, R.C.; SANTOS, H.L. 
Tratamento e utilização de resíduos orgânicos. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 
13(147): 24-36, março, 1987. 
 
 
 
31 
TAGLIARI, Paulo Sérgio. Produção agroecológica: uma ótima alternativa para 
agricultura familiar. Agropecuária Catarinense, Florianópolis, 10 (1): 29-39, março, 
1997. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
ROTAÇÃO DE CULTURAS 
 
1 - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 
 
 O plantio contínuo da mesma cultura, no mesmo lugar, durante muitos anos 
(monocultura), somente é possível em caso de culturas especiais, usando-se tecnologias 
adequadas, como é o caso do arroz irrigado, que vem sendo cultivado durante séculos 
em regiões altamente povoadas da Ásia. 
 Em geral a monocultura tem como conseqüência a queda da produtividade, seja 
pelo aumento de doenças, pragas e plantas daninhas específicas, pela diminuição da 
disponibilidade de nutrientes devido a mudanças na atividade biológica e degradação 
física do solo, pela diminuição do desenvolvimento do sistema radicular ou pela 
acumulação de substâncias tóxicas específicas ou inibidoras de crescimento 
(autoalelopatia). 
 Possivelmente, por esta razão, é que os indígenas, ou nativos, já adotavam a 
prática de mudas a cultura de lugar. O ideal é, portanto, esquematizar um sistema de 
cultivo, onde se realize a sucessão ordenada de diferentes culturas num espaço de 
tempo, no mesmo campo ou gleba, obedecendo a objetivos definidos, sendo que uma 
cultura não deve ser plantada no mesmo lugar mais de dois anos seguidos (rotação de 
culturas). 
 A rotação de culturas não objetiva apenas uma mudançade espécies, mas sim a 
escolha de culturas respeitando as suas necessidades e características diferentes e de 
acordo coma sua influência diferenciada sobre o solo, o crescimento de plantas 
daninhas, assim como desenvolvimento de doenças e pragas, numa seqüência 
apropriada e prática, que promova efeitos residuais benéficos. Portanto, antes de sua 
implantação, deve-se verificar quais os seus objetivos, e baseado nestes, elaborar um 
planejamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
2 - OBJETIVOS DA ROTAÇÃO 
 
a - CONTROLE DA EROSÃO 
 
 A erosão é tanto maior quanto menor for a densidade de cobertura do solo. 
Algumas plantas protegem melhor o solo que outras devido a sua maior cobertura ou 
pelo menor número de operações necessárias aos seus tratos culturais. 
 Quando o plantio é feito em faixas, associando-se a isto a rotação de culturas, é 
possível alcançar os melhores resultados do ponto de vista conservacionista. Neste 
sistema, planta-se uma faixa com cultura mais suscetível à erosão e outra com cultura 
menos sujeita ao processo erosivo. 
 
b - CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS 
 
 Certas espécies de plantas daninhas desenvolvem-se melhor se associadas a 
determinadas culturas, devido a diferenças de cobertura do solo, tratos culturais e ciclo 
vegetativo e efeito alelopático. 
 A persistência de determinada invasora pode ser conseqüência do esgotamento 
unilateral de determinado elemento, ou acúmulo de outros. Cada planta daninha pode 
ser uma indicadora de condição específica criada no solo pela monocultura. A rotação 
contribui para interromper essa condição. 
 
c - CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS 
 
 As doenças e pragas, em geral, tendem a aumentar sua infestação a cada safra, se 
a cultura se repete no mesmo terreno. Isto ocorre porque o ciclo evolutivo destes 
agentes se completa nos restos de cultura, interligando-se ao início da nova safra. 
 No entanto, se for feita a rotação com outra cultura que não seja susceptível às 
mesmas doenças e pragas, ocorre a quebra do ciclo evolutivo destes patógenos e pragas, 
controlando desta forma suas infestações. 
 
 
 
 
 
34 
d - RECICLAGEM DE NUTRIENTES DO SOLO 
 
 As plantas cultivadas apresentam grande diferença em relação ao sistema 
radicular. As leguminosas têm um sistema radicular pivotante que pode alcançar ass 
camadas mais profundas do solo e explorar as reservas de nutrientes do subsolo. As 
gramíneas, por sua vez, têm sistema radicular fasciculado, mas raso, portanto retirando 
nutrientes das camadas mais superficiais do solo. A rotação com leguminosas e 
gramíneas é um sistema em que há um melhor aproveitamento do solo. 
 
e - APROVEITAMENTO DE ADUBO RESIDUAL 
 
 Certas culturas, por sua inerente capacidade fisiológica, aproveitam melhor os 
adubos aplicados do que outras. Um exemplo deste fato é a rotação de milho com soja. 
Quando o milho é plantado após a soja, este responde menos à adubação nitrogenada 
em cobertura, pois os restos de cultura da soja incorporados ao solo após a colheita, 
constituem, para alguns pesquisadores, suficiente fonte de nitrogênio para o milho. 
 
f - ADUBAÇÃO VERDE 
 
OUTROS OBJETIVOS 
 
 Como outros objetivos de rotação de cultura pode-se incluir a melhor utilização 
dos fatores de produção na agricultura, a ampliação dos períodos de utilização de 
máquinas e implementos, diminuindo as necessidades de investimento de capital, a 
possibilidade de melhor organizar os trabalhos na propriedade agrícola, com melhor 
aproveitamento das áreas plantadas, do capital investido e da mão-de-obra empregada. 
 
3 - PLANEJAMENTO 
 
 Para que o sistema de rotação de culturas obtenha sucesso é necessário que se 
faça um planejamento com certa antecedência (ideal uma safra antes da implantação) e 
que se observe alguns requisitos tais como: 
 
 
 
35 
a. Escolher o sistema de plantio e adotar, se convencional ou se plantio direto; 
 
b. O esquema de rotação, de acordo com o sistema de plantio adotado, deve ser 
flexível para permitir, se necessário, uma mudança na escolha das culturas, em 
decorrência de flutuação climática ou de preços. Essa maior flexibilidade poderá 
ser conseguida nos esquemas baseados em um grupo de culturas rentáveis; 
 
c. Escolher culturas para cultivos alternados, que possuam habilidade diferenciada 
para absorver nutrientes do solo ou com sistema radicular que alcance 
profundidades diferentes; 
 
d. Planejar o cultivo alternado de culturas susceptíveis a certas doenças ou pragas, 
com aquelas que são resistentes, assim como as que tendem a exaurir o solo com 
as que contribuem para melhorar a sua fertilidade; 
 
e. Escolher culturas que se adaptem ao clima da região, sejam de inverno ou de 
verão; 
f. Considerar espécies que possuem efeito alelopático sobre outras, sejam 
negativos ou positivos; 
 
g. Prever um intervalo entre a colheita de uma cultura e o plantio de sua sucessora, 
tendo em vista o período de decomposição dos restos de cultura e as operações 
de preparo do solo; 
 
h. Levar em consideração a melhor utilização de mão-de-obra, máquinas e 
implementos durante o ano, evitando que ocorra o pico de trabalho em 
determinada época. A sucessão de culturas deve ser prática, exeqüível e rentável. 
 
 Uma vez verificada qual a melhor combinação ou sucessão de culturas, deve-se 
manter um plano de rotação adequado, de acordo com as condições sócio-econômicas, 
edafoclimáticas, de mercado e localização da propriedade. Este plano deve ser seguido 
ano após ano, sem incorrer no erro de agricultores imediatistas, que trocam sementes de 
 
 
36 
uma determinada cultura por sementes de outra, praticamente na hora do plantio. Fatos 
como este levam a desorganização técnica e administrativa do imóvel. 
Uma vez tomada a decisão de adotar a rotação de culturas, deve-se fazer um 
planejamento com, pelo menos uma safra de antecedência, considerando os seguintes 
pontos: 
 
a. Inicialmente deve-se escolher o sistema de cultivo a ser adotado, se 
convencional ou plantio direto; 
 
b. Trabalhar com um grupo de culturas que sejam próprias para o cultivo na região 
quanto as exigências edafoclimáticas e socioeconômicas. Deve-se ter mercado 
par a produção esperada; 
 
c. As exigências nutricionais das culturas sucessoras, assim como a profundidade 
de exploração do sistema radicular, devem ser diferentes das antecessoras, para 
melhor aproveitamento dos nutrientes do solo. As leguminosas possuem o 
sistema radicular pivotante e mais profundo do que o das gramíneas que são 
fasciculadas e mais superficiais; 
 
d. Deve-se escolher culturas com suscetibilidade diferente a pragas e doenças, para 
que o ciclo evolutivo destes patógenos seja interrompido, evitando assim, 
infestações; 
 
e. Certas plantas daninhas se desenvolvem melhor quando associadas a 
determinadas culturas. A utilização de outras culturas com capacidade 
supressora e/as alelopáticas sobre essas plantas daninhas é desejável para evitar 
a infestação da área; 
 
f. Outro aspecto a ser considerado é o controle de erosão. A técnica da rotação de 
cultura, associada ao plantio em faixas, constituem uma excelente técnica 
conservacionista. Algumas culturas são menos densas do que outras, ou exigem 
maior número de tratos culturais, deixando o solo mais exposto à erosão. Por 
outro lado outras culturas protegem melhor o solo. O plantio destas culturas em 
 
 
37 
faixas alternadas ajuda no controle a erosão. Em cada ano deve-se fazer a 
rotação nas faixas, minimizando assim as perdas por erosão; 
 
g. As culturas antecessoras não devem ter efeito alelopático negativo sobreas 
sucessoras, pois isso acarretaria na queda de produtividade. Todavia esse assunto 
ainda carece de mais pesquisas, principalmente para as culturas de cobertura; 
 
h. Deve-se determinar a finalidade de cada cultura, se para produção de grãos, 
adubação verde ou palha para cobertura morta; 
 
i. No caso de plantio convencional, deve-se prever um intervalo entre a colheita de 
uma cultura e o plantio da outra, para que haja tempo de preparar o solo e 
decompor os restos culturais. 
 
 Uma vez concluído o planejamento, deve-se colocar a técnica em execução, 
evitando ao máximo possível, trocas de culturas de última hora, o que certamente levará 
ao fracasso todos os esforços e cuidados despendidos no planejamento. 
 
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ROLF DERPSCH - Rotação de Culturas, Plantio Direto e Convencional, Programa 
de Manejo, IAPAR, Londrina. 
VIÉGAS, GLAUCO P. - Rotação de Culturas, São Paulo, Sementes Cargill Ltda, 
1990. 
SANTOS, HENRIQUE PEREIRA DOS; REIS, ERLEI MELO; DERPSCH ROLF - 
Rotação de Culturas in Plantio Direto no Brasil, EMBRAPA, Passo Fundo, 
Editora Aldeia Norte, 1993, p. 85-103. 
CALETI, PAULO ANESTAR - Conservação do Solo: reflorestamento, clima. 
Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, Campinas, 1977, 279 p. 
 
 
 
 
 
 
38 
MULTIPLICAÇÃO ASSEXUADA DAS PLANTAS 
 
1- Considerações Preliminares 
 
A propagação assexuada, vegetativa ou orgânica é o processo de multiplicação que 
ocorre através de mecanismos de divisão e diferenciação celular, por meio de 
regeneração de partes da planta-mãe. Baseia-se no princípio de que as células da planta 
contêm toda informação genética necessária para a perpetuação da espécie 
(totipotencialidade) e consiste no uso de órgão da planta, sejam estruturas 
especializadas, estacas da parte aérea ou raiz, gemas ou meristemas, ápices caulinares, 
calos e embriões (sementes agronômicas). 
Sua utilização permite a formação de clones, grupo de plantas provenientes de uma 
matriz em comum, ou seja, com carga genética uniforme e com idênticas necessidades 
climáticas, edáficas , nutricionais e de manejo. No entanto, como o fenótipo de um 
indivíduo é resultante da interação do genótipo com o ambiente, plantas de um mesmo 
clone podem ter diferentes aspectos, em função do clima, solo e manejo das mesmas. 
 
2- Importância e utilização 
 
A importância e a viabilidade da utilização da propagação assexuada são em função da 
espécie ou da cultivar, da capacidade de regeneração de tecidos (raízes ou parte aérea) 
do número de plantas produzidas, do custo de cada processo e da qualidade de muda 
formada. 
De um modo geral, o uso da propagação assexuada justifica-se nas espécies e cultivares 
que produzem sementes viáveis ou na perpetuação de clones, como no caso das 
frutíferas, as quais são altamente heterozigotos e perderiam suas características com a 
propagação sexuada. 
A propagação vegetativa apresenta diversas vantagens, que a torna, muitas vezes, mais 
viável que a propagação sexuada. Dentre essas vantagens pode-se destacar as seguintes: 
 
a)- Permite a manutenção do valor agronômico de uma cultivar ou clone, pela 
perpetuação de seus caracteres; 
 
 
 
39 
b)- Possibilita que se reduza a fase juvenil, uma vez que a propagação vegetativa 
mantém a capacidade de floração pré-existente na planta-mãe. Desta forma, as novas 
plantas, torna-se mais precoces. 
 
c)- Permite a obtenção de plantas com maior uniformidade fenológica, assim como 
idêntica capacidade de resposta aos fatores ambientais, o que facilita na definição das 
práticas de manejo; 
 
d)- Possibilita a combinação de clones, especialmente quando utilizada a enxertia. 
 
Todavia, deve-se salientar, que a escolha das matrizes é fundamental para o sucesso da 
propagação e para a fecundidade das mudas.As plantas matrizes devem ser obtidas em 
órgão oficiais de pesquisa ou em empresas idôneas, ou ainda, caso haja tecnologia 
adequada no próprio viveiro. 
A propagação assexuada pode ser feita por diversos métodos, sendo que a escolha de 
um ou de outro, depende da espécie a ser multiplicada, ou às vezes, dos recursos 
disponíveis. Dentre os diversos métodos utilizados, os principais são: utilização de 
estruturas especializadas, estaquia, mergulhia, enxertia e micropropagação. 
 
3- Utilização de estruturas especializadas 
 
A multiplicação natural, em muitas plantas, é conseguida por meios de estruturas 
vegetativas especializadas. Estas estruturas são caules ou raízes modificadas, que muitas 
vezes, funcionam como reservas de alimentos, possibilitando a sobrevivência das 
plantas em condições adversas. 
 
3.1- Tipos de estruturas 
 
- Bulbos 
 
São caules modificados, que se apresentam curtos, com folhas escamosas, grossas e 
polpudas. Além de seu desenvolvimento no seu ponto de crescimento central, gemas 
desenvolvem-se nas axilas das escamas foliares formando bulbilhos. No caso do alho, 
 
 
40 
estes bulbilhos ou “dentes”, são estruturas ricas em amidos e substâncias aromáticas de 
alto valor condimentar, conteúdo, cada uma, uma gema capaz de originar uma nova 
planta. 
A cebola é outra espécie que pode ser multiplicada por métodos de bulbilhos, 
especialmente para Minas Gerais, quando se deseja obtenção de safras precoces, isto é, 
nos meses de maio e junho. É o método mais comum de se obter colheita nesta época, 
havendo porém o perigo de maior distribuição de nematóides e outras doenças do que 
em semeio direto. 
Outras espécies como o jacinto, os gladíolos e o açafrão, também são multiplicados por 
este tipo de estrutura. 
 
- Estolhos ou Estolhões 
 
São caules aéreos especializados que se desenvolvem partindo das axilas das folhas, na 
base ou na coroa das plantas que possuem caules em roseta. Entre as plantas propagadas 
por meio de estolhos encontra-se o morangueiro e o gerânio. A propagação comercial 
do morangueiro é feita por intermédio de plantas produtoras de estolhos. A produção de 
mudas por planta-mãe depende da variedade, porém, sob condições ótimas, pode atingir 
200:1. No campo ocorre um aumento de 20-30:1, por muda plantada. 
 
- Rizomas 
 
São caules modificados, que se apresentam de forma cilíndrica e que se desenvolvem 
subterrânicamente e no sentido horizontal. Os rizomas contêm nós e entrenós de vários 
comprimentos e produzem, rapidamente, raízes adventícias. A bananeira é uma cultura, 
que pelo sistema convencional de multiplicação é propagada através de rizomas. 
 
- Tubérculos 
 
Também são caules modificados, subterrâneos, ricos em reservas nutritivas. O exemplo 
mais conhecido neste método de propagação é a batata inglesa, ou batatinha. 
 
 
 
 
41 
- Rebentos ou Filhotes 
 
São chamadas de rebentos ou filhotes, brotações que surgem das raízes ou do caule das 
plantas. A framboeseira e a amoreira-preta são exemplos de plantas facilmente 
propagadas por rebentos produzidos em abundância por suas raízes. Já o abacaxizeiro se 
propaga por rebentos que se desenvolvem de gemas axilares e que são classificados, de 
acordo com sua posição da planta. Denomina-se filhote o rebento que se localiza no 
pedúnculo, logo abaixo do fruto, filhote rebento o que se encontra no ponto de conexão 
de pedúnculo com caule e rebento encontrado na parte inferior do caule, podendo este 
ser aéreo ou subterrâneo, conforme sua localização, acima ou abaixo da superfície do 
solo, respectivamente. Em casos de faltas de mudas, na propagação do abacaxizeiro, 
podem-se usar como muda a coroa, que é o tempo de folhas que se encontra no ápice do 
fruto. 
 
4- Estaquia 
 
A estaquia é um dos mais importantesprocessos de propagação vegetativo. O termo 
“estacas” refere-se a qualquer parte destacada da planta-mãe, capaz de regenerar uma 
planta nova e completa. 
Em fruticultura, o emprego de estacas é elevado, uma vez que quase todas as espécies 
de clima temperado tem sua multiplicação baseada na estaquia. 
As estacas podem ser retiradas tanto na parte aérea quanto na parte subterrânea da 
planta original. Quando retirada da parte aérea, ela pode-se foliar, herbáceas ou lenhosa, 
ao passo que as estacas radiculares são lenhosas. As estacas foliares são mais utilizadas 
nas propagações de plantas ornamentais, enquanto que a fruticultura utiliza-se as 
herbáceas e principalmente as lenhosas. As estacas radiculares são pouco comuns e de 
pouco uso, podendo ser usadas em cerejeiras, goiabeiras, cajuzeiro, framboeseira, 
amora-preta, nogueiras e várias outras espécies. 
As estacas mais difundidas são as de ramos (herbáceas ou lenhosas), que podem ser 
classificadas em simples, talão, cruzeta e gema. A estaca simples apresenta de 20 a 30 
cm de comprimento e de 0,5 a 1,5 cm de diâmetro, com algumas exceções, como é o 
caso da figueira, cujas estacas de um ano apresentam diâmetro bem maior. A estaca 
denominada talão, como particularidade, trás um pequeno fragmento de ramo de dois 
 
 
42 
anos, de onde foi destacada. A cruzeta apresenta uma porção maior e mais regular de 
ramo de dois anos, aparentando, a forma de um T. A estaca gema, por sua vez, é um 
tipo mais delicado e exigente com relação às condições de enraizamento e é utilizada 
em casos de escassez de material propagativo. 
 Para que a prática da estaquia seja realizada com sucesso, é necessário selecionar como 
planta matriz, aquela que possua identidade conhecida, características peculiares da 
espécie ou cultivar, que apresente ótimo estado fitossanitário, vigor moderado e sem 
danos provocados por secas ou geadas. Deve-se ainda, coletar as estacas na época 
correta e para isso é necessário se realizar testes com o objetivo de se verificar, em 
pericamente, qual a época mais adequada para coleta. Esta época relaciona-se mais com 
as condições fisiológicas da planta do que com um período fixo do ano, A princípio, 
desde que se disponha de estrutura com a nebulização, a coleta de estacas pode ser feita 
em qualquer época. 
 
5- Mergulhia 
 
A mergulhia é um processo de multiplicação assexuada em que a planta a ser formada 
só é destacada da planta-mãe após ter formado seu próprio sistema radicular. A 
mergulhia, via de regra, é realizada na primavera ou no fim de verão, ou seja, durante a 
estação de crescimento das plantas, ou em seu final. 
A mergulhia é um processo de propagação vegetativa de custo elevado, no entanto, em 
alguns casos onde as espécies apresentam dificuldade de enraizamento, é o método mais 
indicado. Na propagação de plantas frutíferas, é um processo muito utilizado para 
obtenção de porta-enxertos de macieiras, pereiras e marmeleiros. Existem muitas formas 
de se executar a mergulhia, porém todas elas obedecem ao princípio de cobertura parcial 
do ramo com o solo ou outro material semelhante, a mergulhia pode ser realizada no 
solo ou aérea. A mergulhia aérea, também chamada de alforquia, utilizada quando ramo 
não pode ser levado até o nível do solo, que seja por não apresentar comprimento 
suficiente, por estar localizado na parte superior da planta ou por não ser flexível. 
 
 
 
 
 
 
43 
6- Enxertia 
 
A enxertia é o método de propagação assexuada que consiste na união de um fragmento 
vegetal, contendo pelo menos uma gema, com outro que lhe sirva de suporte. O 
fragmento contendo as gemas é responsável pela formação da parte aérea da nova planta 
e é denominado de enxerto, borbulha, garfo ou cavaleiro. A parte responsável pela 
formação do sistema radicular é denominada a porta-enxerto ou cavalo. 
Normalmente, a propagação por enxertia consiste nestas duas partes, porém, em certas 
situações, há problemas de compatibilidade entre elas ou há necessidade de controlar o 
vigor da copa, requerendo o uso de um terceiro componente, o interenxerto. 
Dentre as principais finalidades do uso da enxertia encontra-se a propagação de plantas 
que não podem ser multiplicadas por outros métodos, o aproveitamento de 
características favoráveis do porta-enxerto, evitar problemas de juvenilidade e estudar 
viroses. 
Para que a enxertia tenha um bom pegamento, alguns fatores devem ser observados. 
Dentre estes fatores pode-se destacar os seguintes: 
 
a)- Compatibilidade 
 
As partes a serem enxertadas devem ser compatíveis, ou seja, devem possuir um certo 
grau de parentesco. Na prática recomenda-se que o porta-enxerto sejam no mínimo da 
mesma família. 
 
b)- Condições ambientais 
 
As condições ambientais antes, durante e depois da enxertia afetam fortemente o 
fragmento dos enxertos. Temperaturas muito elevadas favorecem a desidratação do 
enxerto, bem como temperaturas muito baixas não favorecem a cicatrização. 
O vento pode provocar a quebra do enxerto no ponto de união, além de acelerar o 
processo de desidratação, após a realização da enxertia. Além disso, o vento poderá 
deslocar o enxerto e prejudicar a coincidência entre o câmbio de ambas as partes. 
Deve-se evitar também, efetuar a enxertia em dias com intensa luminosidade, pois pode 
causar dessecação rápida do enxerto. 
 
 
44 
 
c)- Sanidade 
 
É importante que as plantas utilizadas na enxertia estejam livres de pragas e doenças, as 
quais podem comprometer o pegamento e o desenvolvimento da nova planta. 
 
d)- Idade do material usado 
 
Como se sabe, quanto maior a idade dos tecidos, menor a atividade celular e a 
capacidade de cicatrização. Por esta razão, é recomendável que tanto o enxerto quanto o 
porta-enxerto sejam mais jovens. 
 
e)- Habilidade do enxertador 
 
Quanto mais rápido for realizado o processo da enxertia, melhor será o índice de 
pegamento, uma vez que as partes envolvidas sofrerão uma menor influência da 
desidratação. Outro fator relacionado diretamente com a habilidade do enxertador é a 
uniformidade dos cortes, que possibilitam um melhor contato entre as partes enxertadas. 
 
A enxertia pode ser feita pêlos métodos de borbulhia, garfagem ou encostia. A 
borbulhia, também conhecida como enxertia de gema, consiste em justa por uma 
pequena porção de casca de uma planta (enxerto) contendo apenas uma gema, com ou 
sem lenho, em outra planta (porta-enxerto). Conforme o modo de incisão da gema, a 
borbulhia pode ser executada de diversas formas: T normal; T invertido; placa ou 
escudo; em anel e em gema com lenho. 
A garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada de uma porção de ramo, 
chamada de garfo ou enxerto, em forma de bisel ou cunha, contendo duas ou mais 
gemas, para ser introduzidas no porta-enxerto ou cavalo. A garfagem pode ser feita 
através de diversos métodos: fenda cheia; dupla garfagem; fenda simples ou vigles 
simples; fenda dupla ou inglês complicado. 
A encostia, também chamada de enxertia de aproximação, consiste na união lateral de 
duas plantas com sistemas radiculares independentes, de modo que o enxerto e o porta-
enxerto sejam mantidos por seus sistemas radiculares até que a união esteja 
 
 
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completamente formada. É um método pouco utilizado para propagação de plantas 
frutíferas em nível comercial. 
 
7- Micropropagação 
 
Micropropagação é o desenvolvimento de novas plantas em um meio artificial sob 
condições assépticas, a parte de pequenos propágulos (ex-plantas). Para as frutíferas, as 
partes mais empregadas são ápices caulinares, micro-estacas, embriões, caules celulares, 
entre outras.

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