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Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária Fitopatologia Governador Vice Governador Secretária da Educação Secretário Adjunto Secretário Executivo Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Cid Ferreira Gomes Domingos Gomes de Aguiar Filho Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Maurício Holanda Maia Antônio Idilvan de Lima Alencar Cristiane Carvalho Holanda Andréa Araújo Rocha Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 1 Sumário Fitopatologia 03 1. Generalidades Sobre Fitopatologia 03 2. Objetivos da Fitopatologia 04 3. Historia da Fitopatologia 05 3.1. Período Místico 05 3.2. Período da Predisposição 06 3.3. Período Etiológico 06 3.4. Período Ecológico 07 3.5. Período Atual 07 4. Fitopatologia no Brasil 08 5. Características Gerais de Fitopatologia 09 5.1. Fungos 09 5.1.1. Estruturas 09 5.1.2. Reprodução 11 5.1.3. Metabolismo 16 5.1.4. Classificação 18 5.1.4.1. Divisão Zygomycota 18 5.1.4.2. Divisão Ascomycota 18 5.1.4.3. Divisão Basidiomycota 18 5.1.4.4. Divisão Deuteromycota 19 5.2. Bactérias 19 5.2.1. Sintomatologia e Diagnose Preliminar 20 5.2.1.1. Classificação dos Sintomas 20 5.2.2. Sintomas das Bactérias Fitopatogênico 20 5.3. Fitonematodeo 24 5.3.1. Anatomia e Morfologia dos Nematoides 25 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 2 5.3.2. Biologia Geral 31 5.3.3. Ecologia 33 5.3.4. Problemas com Nematoide 34 6. Introdução a Microscopia 43 6.1. Partes do Microscópio 44 6.1.1. Mecânicas 44 6.1.2. Óticas 46 6.2. Aumento de um Microscópio 48 6.2.1. Focalização de Microscópio 48 6.2.2. Cuidados com Microscópio 49 6.2.3. Uso do Microscópio 50 7. Literatura Consultada 52 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 3 FITOPATOLOGIA 1. GENERALIDADES SOBRE FITOPATOLOGIA Fitopatologia é uma palavra de origem grega (phyton = planta, pathos = doença e logos = estudo), podendo ser definida como a ciência que estuda: os organismos e as condições ambientais que causam doenças em plantas; os mecanismos pelos quais esses fatores produzem doenças em plantas; a interação entre agentes causando doenças e a planta doente; os métodos de prevenção ou controle de doenças, visando diminuir os danos causadas por estas. Portanto, Fitopatologia é a ciência que estuda as doenças de plantas, abrangendo todos os seus aspectos, desde a diagnose, sintomatologia, etiologia, epidemiologia, até o seu controle. No inicio, a Fitopatologia era uma ciência ligada diretamente à Botânica, tornando-se uma disciplina autônoma somente no século passado. Embora autônoma, a Fitopatologia usa os conhecimentos básicos e técnicas de Botânica, Microbiologia, Micologia, Bacteriologia, Virologia, Nematologia, Anatomia Vegetal, Fisiologia Vegetal, Ecologia, Bioquímica, Genética, Biologia Molecular, Engenharia Genética, Horticultura, Solos, Química, Física, Meteorologia, Estatística e vários outros ramos da ciência. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 4 2. OBJETIVOS DA FITOPATOLOGIA De acordo com ZAMBOLIM e CHAVES (1983), a Fitopatologia é uma ciência cujo campo de estudo abrange quatro objetivos: 1.Estudar as causas das doenças de plantas, de natureza biótica (organismos vivos)e abióticas (condições adversas do meio ambiente); 2 . E s t u d a r o s m e c a n i s m o s p e l o q u a l o s f i t o p a t ó g e n o s d e s e n v o l v e m o p r o c e s s o d o e n ç a ; 3.Estudar as interações entre agentes causais e as plantas doentes; 4.Desenvolver métodos de controle de doenças das plantas Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 5 3. HISTORIA DA FITOPATOLOGIA Embora a Fi topatologia , como ciência , se ja re la t ivamente nova, as doenças das p lantas são conhecidas desde há mui to , pois , desde que o homem passou a v iver em sociedade, assentando a base de sua alimentação nos produtos agrícolas, o problema da escassez dos alimentos intimamente relacionado com a ocorrência de doenças, teve sempre grande importância e mereceu a atenção de historiadores de várias épocas. Na Bíblia, encontramos, talvez, as referências mais antigas a doenças de plantas, sempre atribuídas a causas místicas. Geralmente apresentadas como castigo divino (GALLI e CARVALHO,1978). Para f ins d idát icos , pode -se d iv id i r o es tudo das doenças das p lantas em vár ios períodos distintos. 3.1. Período Místico Período compreendido entre a mais remota antiguidade e o início do século XIX. Neste per íodo devido à ausência de uma expl icação racional para as doenças das plantas, o homem em sua ignorância, tendia a atribuí-las à causas místicas, embora sejam encontradas muitas referências a condições climáticas como causa primária das doenças (GALLI e CARVALHO, 1978). J á n o f i n a l d o p e r í o d o m í s t i c o , a l g u n s b o t â n i c o s a p r e s e n t a v a m d e s c r i ç õ e s minuciosas das doenças , com base na sua s in tomatologia . Ao mesmo tempo, a lguns micologistas chamavam atenção para a associação entre planta doente e fungo. Durante todo esse per íodo, houve um predomínio acentuado das teor ias da geração espontânea (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995). Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 6 3.2. Período da Predisposição Teve início no começo do século XIX, quando já era evidente a associação entre fungos e plantas doentes. Em 1807 Prevóst, na França publicou um trabalho em que mostrava ser o fungo, Tilletia tritici, o responsável pela cárie do trigo. Embora o trabalho de Prevóst tivesse sido bem aceito, suas teorias não eram estendidas para outras doenças, sendo a cárie do trigo considerada uma exceção, pois, nos demais c a s o s , o s f u n g o s , a c r e d i t a v a - s e , a p a r e c i a m p o r g e r a ç ã o e s p o n t â n e a . N e s t e p e r í o d o os micologistas, passaram a catalogar fungos em associação com plantas doentes. E outros descreveram muitos parasitas importantes, como os Uredinales, Ustilaginales, Erysiphales e outros fungos. Em 1853 Anton De Bary conseguiu provas científicas de que a requeima da batata era causada pelo fungo Phytophthora infestans (BERGAMIN FILHO e KIMATI,1995). 3.3. Período Etiológico Os trabalhos de Julius Kuhn e DeBary deram início a este período. Em 1860 Pasteur destrói a teoria da geração espontânea. Robert Koch, em 1881,estabelece seus postulados. Ante tantos eventos importantes , a Fi topatologia marca notáveis progressos , in ic iando-se como ciência . A maior par te das doençasimportantes são descr i tas nesse período, como os oídios, os míldios, as ferrugens, os carvões que foram estudados com detalhes. Em 1876 Burril relata a primeira bacteriose sobre pereira; Mayer, em 1886,trabalhando na Holanda verifica o caráter infeccioso das viroses. Igualmente, data desse período o aparecimento do primeiro fungicida, a calda bordalesa, descoberta por Millardetem 1882 (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995). Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 7 3.4. Período Ecológico Depois de um período em que os fitopatologistas catalogaram as principais doenças e seus agentes, teve início o chamado período ecológico, no qual se reconhece a importância do meio ambiente na manifestação da doença. Nesta época, foram conduzidos estudos minuciosos sobre os mais variados fatores do meio, como climáticos, edáficos, nutricionais, estacionais e outros. As doenças das plantas passaram a ser vistas, então nesse período, como resultantes da interação entre planta, o meio e o patógeno. Ao mesmo tempo, in ic ia ram-se pesquisas sobre res is tência e p redisposição das espécies vegetais aos d i ferente s patógenos , bem como os es tudos cor rela tos sobre genét ica e melhoramento. Dentro dessa fase, apareceram os primeiros conceitos sobre variabilidade dos patógenos. Também nessa época, apareceram os fungicidas mercuriais orgânicos para o t ra tamento de semen tes e , mais tarde , em 1934 os fungicidas orgânicos do grupo dos tiocarbamatos (BERGAMIN FILHO e KIMATI, 1995). 3.5. Período Atual Durante as décadas de 40 e 50, muitas pesquisas básicas foram conduzidas sobre a fisiologia de fungos, sobre a fisiologia de plantas, sobre o progresso da doença em condições de campo e , com o progresso da f i s io logia , da microbiologia , da bioquímica e da bioestatística, fatos foram relacionados e novas teorias foram estabelecidas sobre a interação entre planta e patógeno e a sua resultante, a doença, tanto em condições controladas como naturais. Os t rabalhos p ionei ros de Gaumann, Walker , Ludwig e out ros sobre toxinas , enzimas e demais metaból i tos tóxicos , abr i ram novas perspect ivas para a c iência da Fi topatologia . Ao Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 8 mesmo tempo, as contr ibuições advindas do es tudo das condições ecológicas eram cada vez menores, indicando claramente a necessidade da formulação de novos princípios e idéias, que permitissem uma revitalização dos conceitos (GALLI e CARVALHO, 1978).T a l s e d e u c o m a p u b l i c a ç ã o , e m 1 9 4 6 , d o l i v r o P f l a n z l i c h e I n f e k t i o n s l e h r e (traduzido para o inglês, em 1950, com o título Principles of plant infection), de autoria de Ernest Gaumann. Neste livro, novas idéias e princípios são apresentados, iniciando-se duas novas abordagens dentro da Fitopatologia, abordagens que perduram até hoje e coexistem e m h a r m o n i a : a a b o r d a g e m f i s i o l ó g i c a , n a q u a l a s d o e n ç a s d e p l a n t a s p a s s a m a s e r encaradas com base nas relações fisiológicas, dinâmicas, entre a planta e o patógeno e a abordagem epidemiológica , baseada numa visão hol ís t ica de como a doença c resce no campo (BERGAMIN FILHO e KIMATI). 4. FITOPATOLOGIA NO BRASIL A his tór ia in ic ia l da Fi topatologia no Bras i l es tá l igada em sua maior par te a cientistas estrangeiros que vieram ao país e estudaram problemas espécies de patologia r e l a c i o n a d o s c o m a s p l a n t a s q u e , n o s é c u l o X I X e i n í c i o d o s é c u l o X X , e r a m d e importância para a nossa agricultura como cana-de- açúcar, cafeeiro, videira, coqueiro e outras (PUTTEMANS, 1936; FIDALGO, 1968; COSTA, 1975).PUTTEMANS (1936), um dos nossos primeiros fitopatologistas, menciona como trabalho pioneiro, feito com doenças de plantas no Brasil, o realizado pelo alemão F. M. Draenert, que estudou uma bacteriose da cana-de-açúcar na Bahia. Só no final do século XIX, com a criação das primeiras Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 9 Escolas de Agronomia no Bras i l , aqui se in ic iou a formação de p rof iss ionais com conhecimento em doenças de plantas (CUPERTINO, 1993). 5. CARACTERÍSTICAS GERAIS DE FITOPATOGENOS Taxonomicamente são classificados em Domínio, Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie. 5.1. Fungos Organismos pertencentes ao Domínio Eukarya, Reino Mycota, eucarióticos, unicelulares ou filamentosos, aclorofilados, crista mitocondrial plana, heterotróficos (nutrição adsortiva), com reprodução assexual e sexual, constituído de parede celular com presença de quitina ou quitasina, e com ausência de flagelos em todos os estádios de seu ciclo de vida. 5.1.1. Estrutura Os fungos podem se desenvolver em meios de cultivo especiais formando colônias de dois tipos:leveduriformes; filamentosas. As colônias leveduriformes são pastosas ou cremosas, formadas por microrganismos unicelulares que cumprem as funções vegetativas e reprodutivas. As colônias filamentosas podem ser algodonosas, aveludadas ou pulverulentas; são constituídas fundamentalmente por elementos multicelulares em forma de tubo—as hifas. As hifas podem ser contínuas ou cenocíticas e tabicadas ou septadas. Possuem hifas septadas os fungos das Divisões Ascomycota, Basidiomycota e Deuteromycota e hifas cenocíticas, os das Divisões Mastigomycota e Zygomycota. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 10 Ao conjunto de hifas, dá-se o nome de micélio. O micélio que se desenvolve no interior do substrato, funcionando também como elemento de sustentação e de absorção de nutrientes, é chamado de micélio vegetativo. O micélio que se projeta na superfície e cresce acima do meio de cultivo é o micélio aéreo. Quando o micélio aéreo se diferencia para sustentar os corpos de frutificação ou propágulos, constitui o micélio reprodutivo. Os propágulos ou órgãos de disseminação dos fungos são classificados, segundo sua origem, em externos e internos, sexuados e assexuados. Embora o micélio vegetativo não tenha especificamente funções de reprodução, alguns fragmentos de hifa podem se desprender do micélio vegetativo e cumprir funções de propagação, uma vez que as células fúngicas são autônomas. Estes elementos são denominados de taloconídios e compreendem os: blastoconídios, artroconídios e clamidoconídios. Os blastoconídios, também denominados gêmulas, são comuns nas leveduras e se derivam por brotamento da célula-mãe. Às vezes, os blastoconídios permanecem ligados à célula-mãe, formando cadeias, as pseudo-hifas, cujo conjunto é o pseudomicélio. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 11 Os artroconídios são formados por fragmentação das hifas em segmentos retangulares. São encontrados nos fungos do gênero Geotrichum, em Coccidioides immitis e em dermatófitos. Os clamidoconídios têm função de resistência,semelhante a dos esporos bacterianos. São células, geralmente arredondadas, de volume aumentado, com paredes duplas e espessas, nas quis se concentra o citoplasma. Sua localização no micélio pode ser apical ou intercalar. Formam-se em condições ambientais adversas, como escassez de nutrientes, de água e temperaturas não favoráveis ao desenvolvimento fúngico. Entre outras estruturas de resistência devem ser mencionados os esclerócios ou esclerotos, que são corpúsculos duros e parenquimatosos, formados pelo conjunto de hifas e que permanecem em estado de dormência, até o aparecimento de condições adequadas para sua germinação. São encontrados em espécies de fungos das Divisões Ascomycota, Basidiomycota e Deuteromycota. 5.1.2. Reprodução Os fungos se reproduzem em ciclos assexuais, sexuais e parassexuais. Segundo Alexoupolos, a reprodução assexuada abrange quatro modalidades: 1) fragmentação de artroconídios; 2) fissão de células somáticas; 3) brotamento ou gemulação do blastoconídios-mãe; 4) produção de conídios. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 12 Os conídios representam o modo mais comum de reprodução assexuada; são produzidos pelas transformações do sistema vegetativo do próprie micélio. As células que dão origem aos conídios são denominadas células conidiogênicas. Os conídios podem ser hialinos ou pigmenntados, geralmente escuros - os feoconídios; apresentar formas diferentes— esféricos, fusiformes, cilíndricos, piriformes etc; ter parede lisa ou rugosa; serem formados de uma só célula ou terem septos em um ou dois planos; apresentar-se isolados ou agrupados. As hifas podem produzir ramificações, algumas em plano perpendicular ao micélio, originando os conidióforos, a partir dos quais se formarão os conídios. Normalmente, os conídios se originam no extremo do conidióforo, que pode ser ramificado ou não. Outras vezes, o que não é muito frequente, nascem em qualquer parte do micélio vegetativo, e neste caso são chamados de conídios sésseis, como no Trichophyton rubrum. O conidióforo e a célula conidiogênica podem formar estruturas bem diferenciadas, peculiares, o aparelho de frutificação, também denominado de conidiação que permite a identificação de alguns fungos patogênicos. No aparelho de conidiação tipo aspergilo, os conídios formam cadeias sobre fiálides, estruturas em forma de garrafa, em torno de uma vesícula que é uma dilatação na extremidade do conidióforo. Conídios de Aspergillus agrupados em forma de cabeça, ao redor de uma vesícula. Nos penicílios falta a vesícula na extremidade dos conidióforos que se ramificam dando a aparência de pincel. Como no aspergilo, os conídios formam cadeias que se distribuem sobre as fiálides. Quando um fungo filamentoso forma conídios de tamanhos diferentes, o maior será designado como macroconídio e o menor microconídio. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 13 Alguns fungos formam um corpo de frutificação piriforme denominado picnídio, dentro do qual se desenvolvem os conidióforos, com seus conídios—os picnidioconidios. Essa estrutura é encontrada na Pyrenochaeta romeroi, agente de eumicetoma. Corte transversal de um picnídio mostrando conídios. Os propágulos assexuados internos se originam de esporângios globosos, por um processo de clivagem de seu citoplasma, e são conhecidos como esporoangiosporos ou esporos. Pela ruptura do esporângio, os esporos são liberados. Reprodução assexuada interna. Os esporos sexuados se originam da fusão de estruturas diferenciadas com caráter de sexualidade. O núcleo haplóide de uma célula doadora funde-se com o núcleo haplóide de uma célula receptora, formando um zigoto. Posteriormente, por divisão meiótica, originam-se quatro ou oito núcleos haplóides, alguns dos quais se recombinarão, geneticamente. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 14 Reprodução sexuada. Os esporos sexuados internos são chamados ascosporos e se formam no interior de estruturas em forma de saco, denominadas ascos. Os ascos podem ser simples, como em leveduras dos gêneros Saccharomyces e Hansenula, ou se distribuir em lóculos ou cavidades do micélio, dentro de um estroma, o ascostroma ou ainda ester contidos em corpos de frutificação, os ascocarpos. Três tipos de ascocarpos são bem conhecidos: cleistotécio, peritécio e apotécio. O cleistotécio é uma estrutura globosa, fechada, de parede formada por hifas muito unidas, com um número indeterminado de ascos, contendo cada um oito ascosporos. O peritécio é uma estrutura geralmente piriforme, dentro da qual os ascos nascem de uma camada hemenical e se dispõem em paliçada, exemplo, Leptosphaeria senegalensis, Neotestudina rosatii. O apotécio é um ascocarpo aberto, em forma de cálice onde se localizam os ascos. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 15 Diferentes tipos de ascos e ascocarpos. Basidiosporos Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 16 Os fungos que se reproduzem por ascosporos ou basidiosporos são fungos perfeitos. As formas sexuadas são esporádicas e contribuem, através da recombinação genética, para o aperfeiçoamento da espécie. Em geral, estes fungos produzem também estruturas assexuadas, os conídios que asseguram sue disseminação. Muitos fungos, nos quais não foi até agora reconhecida a forma sexuada de reprodução, são incluídos entre os fungos imperfeitos. Quando é descrita a forma perfeita de um fungo, essa recebe uma outra denominação. Por exemplo, o fungo leveduriforme, Cryptococcus neoformans, em sue fase perfeita é denominado Filobasidiella neoformans. A fase sexuada dos fungos é denominada te teleomórfica e a fase assexuada de anamórfica. A maior parte das leveduras se reproduzem assexuadamente por brotamento ou gemulação e por fissão binária. No processo de brotamento, a célula-mãe origina um broto, o blastoconídio que cresce, recebe um núcleo após a divisão do núcleoda célula-mãe. Na fissão binária, a célula- mãe se divide em duas células de tamanhos iguais, de forma semelhante a que ocorre com as. bactérias. No seu ciclo evolutivo, algumas leve auras, como Saccharomyces cerevisiae, podem originar esporos sexuados, ascosporos, depois que duas células experimentam fusão celular e nuclear, seguida de meiose. O fenômeno de parassexualidade foi demonstrado em Aspergillus. Consiste na fusão de hifas e formação de um heterocarion que contém núcleos haplóides. Às vezes, estes núcleos se fundem e originam núcleos diplóides, heterozigóticos, cujos cromossomas homólogos sofrem recombinação durante a mitose. Apesar destes recombinantes serem raros, o ciclo parassexual é importante na evolução de alguns fungos. A tabela abaixo apresenta, de forma esquemática, os conceitos mencionados. 5.1.3. Metabolismo Os fungos são microrganismos heterotróficos e, em sue maioria, aeróbios obrigatórios. No entanto, certas leveduras fermentadoras,aeróbias facultativas, se desenvolvem em ambientes com pouco oxigênio ou mesmo na ausência deste elemento. Os fungos podem germinar, ainda que lentamente, em atmosfera de reduzida quantidade de oxigênio. O crescimento vegetativo e a reprodução assexuada ocorrem nessas condições, enquanto a reprodução sexuada se efetua apenas em atmosfera rica em oxigênio. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 17 Em condições aeróbicas, a via da hexose monofosfato é a responsável por 30% da glicó1ise. Sob condições anaeróbicas, a via clássica, usada pela maioria das leveduras, é a de Embden-Meyerhof, que resulta na formação de piruvato. Algumas leveduras, como o Saccharomyces cerevisiae fazem o processo de fermentação alcoó1ica de grande importância industrial, na fabricação de bebidas e na panificação. Os fungos produzem enzimas como lipases, invertases, lactases, proteinases, amilases etc., que hidrolisam o substrato tornando-o assimilável através de mecanismos de transporte ativo e passivo. Alguns substratos podem induzir a formação de enzimas degradativas; há fungos que hidrolisam substâncias orgânicas, como quitina, osso, couro, inclusive materiais plásticos. Muitas espécies fúngicas podem se desenvolver em meios mínimos, contendo amônia ou nitritos, como fontes de nitrogênio. As substâncias orgânicas, de preferência, são carboidratos simples como D-glicose e sais minerais como sulfatos e fosfatos. Oligoelementos como ferro, zinco, manganês, cobre, molibdênio e cálcio são exigidos em pequenas quantidades. No entanto, alguns fungos requerem fatores de crescimento, que não conseguem sintetizar, em especial, vitaminas, como tiamina, biotina, riboflavina, ácido pantotênico etc. Os fungos, como todos os seres vivos, necessitam de água para o seu desenvolvimento. Alguns são halofílicos, crescendo em ambiente com elevada concentração de sal. A temperatura de crescimento abrange uma larga faixa, havendo espécies psicrôfilas, mesófilas e termófilas. Os fungos de importância médica, em geral, são mesófilos, apresentando temperatura ótima, entre 20° e 30°C. Ainda que o pH mais favorável ao desenvolvimento dos fungos esteja entre 5, 6 e 7, a maioria dos fungos tolera amplas variações de pH. Os fungos filamentosos podem crescer na faixa entre 1,5 e 11, mas as leveduras não toleram pH alcalino. Muitas vezes, a pigmentação dos fungos está relacionada com o pH do substrato. Os meios com pH entre 5 e 6, com elevadas concentrações de açúcar, alta pressão osmótica, tais como geléias, favorecem o desenvolvimento dos fungos nas porções em contato com o ar. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 18 Muitas espécies fúngicas exigem luz para seu desenvolvimento; outras são por ela inibidos e outras ainda mostram-se indiferentes a este agente. Em geral, a luz solar direta, devido à radiação ultravioleta, é elemento fungicida. 5.1.4. Classificação Filos: Zygomycota, Ascomycota, Basidiomycota e Deuteromycota. 5.1.4.1. Divisão Zygomycota Inclui fungos de micélio cenocítico, ainda que septos podem separar estruturas como os esporângios. A reprodução pode ser sexuada, pela formação de zigosporos e assexuada com a produção de esporos, os esporangiosporos, no interior dos esporangios. 5.1.4.2. Divisão Ascomycota Agrupa fungos de hifas septadas, sendo o septo incompleto, com os típicos corpos de Woronin. A sua principal característica é o asco, estrutura em forma de saco ou bolsa, no interior do qual são produzidos os ascosporos, esporos sexuados, com forma, número e cor variáveis para cada espécie. Algumas espécies produzem ascocarpos e ascostromas no interior dos quais se formam os ascos Conídios, propágulos assexuados. são também encontrados. 5.1.4.3. Divisão Basidiomycota Compreende fungos de hifas septadas, que se caracterizam pela produção de esporos sexuados, os basidiosporos, típicos de cada espécie. Conídios ou propágulos assexuados podem ser encontrados. A espécie patogênica mais importante se enquadra na classe Teliomycetes. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 19 Principais estruturas de Basidiomycota. 5.1.4.4. Divisão Deuteromycota Engloba fungos de hifas septadas que se multiplicam apenas por conídios e por isso são conhecidos como Fungos Imperfeitos. 5.2. Bacterias São organismos microscópicos, unicelulares, que possuem parede celular. Elas não possuem núcleo verdadeiro como o de organismos superiores, separado do restante dos outros componentes celulares por uma membrana, e seu material genético, um DNA circular de fita simples, se localiza diretamente no citoplasma da célula. Além desse DNA, elas possuem os plasmídeos, DNA’s extra-cromossômicos, que controlam certas características exibidas por estes organismos como resistência à estreptomicina, cobre e a outros antibióticos. As bactérias fitopatogênicas estão distribuídas em vários gêneros, espécies e subespécies separadas entre si por características culturais, bioquímicas, fisiológicas e serológicas. Recentemente, o emprego de técnicas moleculares promoveu profundas mudanças na taxonomia das bactérias fitopatogênicas. Atualmente, são reconhecidos 26 gêneros de bactérias fitopatogênicas, sendo que representantes de muitos desses gêneros Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 20 (incluindo espécies, subespécies e patovares) já foram assinalados em nosso país. 5.2.1. Sintomatologia e Diagnose Preliminar É a ciência que estuda os sintomas decorrentes das enfermidades dos vegetais. 5.2.1.1. Classificação de Sintomas Na classificação dos sintomas podem ser utilizados os seguintes critérios: I – Localização dos Sintomas em relação ao agente etiológico Sintoma Primário Sintoma Secundário II – Alteração a nível celular (Sintomas Histológicos) Granulose Plasmólise Vacuolose III – Alteração a nível da fisiologia da célula (Sintomas Fisiológicos) Respiração Transpiração Síntese de Carbohidratos Síntese de Enzimas Síntese de Proteínas IV – Alteração a nível de anatomia ou forma do Orgão (Sintomas Morfológicos) Classificação Morfológica: - Sintomas Necróticos: São os sintomas que antecedem a morte ou a morte propriamente dita dos tecidos. • Plesionecrótico - Amarelecimento, Anasarca ou Encharcamento, Murcha, etc. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 21 • Holonecrótico - Cancro, Canelura ou "Stem Pitting", Crestamento ou Requeima,―D amping Off‖ ou Tombamento, Escaldadura, Estria ou Listra, Fendilhamento ou Rachadura, Gomose, Mancha, Mumificação, Necrose Vascular, Perfuração, Podridão, Pústula, Resinose, Seca, Seca dos Ponteiros ou ―Die Back‖, etc - Sintomas Plásticos: Envolve um sub ou super-desenvolvimento dos tecidos. • Hipoplástico - Albinismo, Afilamento foliar, Clareamento de Nervura, Clorose, Enfezamento ou Nanismo, Mosaico, Mosqueado, Roseta, etc. •Hiperplástico – Bronzeamento, Calo Cicatricial, Enação, Encarquilhamento ou Encrespamento, Epinastia, Espessamento de Nervura,Fasciação, Galha, Superbrotamento, Verrugose, etc. 5.2.2. Sintomas das Bactérias Fitopatogênicas Manchas e necroses: O tecido afetado inicialmente apresenta anasarca, evoluindo para morte e necrose. É o tipo de sintoma mais comum. Dependendo do tipo, as lesões em folhas recebem diversas denominações, como: mancha angular, quando as lesões foliares ficam delimitadas pelas nervuras; crestamento, quando atinge grande parte do limbo foliar; estrias ou riscas, que ocorrem em folhas com nervuras paralelas, como no caso de gramíneas; cancros, quando as lesões são necróticas e profundas. Algumas bactérias produzem toxinas, formando um halo amarelado ao redor das lesões. Nos ramos, flores e frutos os sintomas podem assemelhar-se aos observados nas folhas. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 22 Hiperplasia e hipertrofia: se caracterizam pela multiplicação celular exagerada ou aumento no tamanho das células, resultante de desequilíbrio no sistema hormonal da planta, levando a um crescimento excessivo do órgão ou tecido afetado. Inclui a fasciação, que é a proliferação anormal de raízes e brotos, geralmente com achatamento e fusão das partes afetadas; galhas, que ocorrem na região do colo, em raízes e parte aérea e raízes em cabeleira. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 23 Murcha: ocorre por obstrução dos feixes vasculares, devido à invasão e/ou colonização pelas bactérias fitopatogênicas, impedindo ou dificultando o transporte de água e nutrientes. A infecção vascular nem sempre resulta em murcha aparente, podendo causar nanismo e/ou clorose. Murcha bacteriana Podridão mole: resulta em maceração de tecidos, devido à produção, pela bactéria, de enzimas que degradam as substâncias pécticas da lamela média e da parede celular. Este tipo de sintoma é muito importante também durante o armazenamento, no caso de bulbos e rizomas. Entretanto, a identificação de fitobacterioses não deve ser baseada apenas na sintomatologia apresentada pelo hospedeiro, visto que diversos agentes como vírus, fungos, nematóides, insetos ou mesmo desequilíbrios nutricionais ou fitotoxidez, podem causar sintomas semelhantes. Além disso, é importante ressaltar que diferentes gêneros e espécies bacterianas podem incitar sintomas similares e que uma mesma bactéria pode provocar mais de um tipo de sintoma. Por isto torna-se necessário, muitas vezes, a realização de exames ou testes laboratoriais para a confirmação do agente causal. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 24 5.3.Fitonematoides Os nematóides constituem um diverso grupo dos invertebrados, abundantes como parasitas ou na forma de vida livre no solo, em ambientes aquáticos ou marinhos. Segundo Barker (1998), existe mais de 15.000 espécies descritas, representando somente uma pequena porção dentro do filo Nematoda. Cerca de 26% dos gêneros descritos habitam o solo sob diferentes grupos funcionais, bacterívoros, fungívoros, onívoros, predadores ou fitoparasitas. A umidade do solo, a umidade relativa e os fatores ambientais afetam diretamente a sobrevivência dos nematóides. Os nematóides possuem variadas formas de adaptação a mudanças que ocorrem no ambiente causadas por diversos fatores, entre os quais o manejo dos cultivos, estresse climático, época de plantio, fisiologia das plantas e melhoramento genético (BLAKELY et al. 2002). A importância dos nematóides para a agricultura não se restringe apenas às perdas que alguns deles causam na produção agrícola. Os nematóides de vida livre, que se alimentam de bactérias e fungos, têm um papel importantíssimo na decomposição de matéria orgânica, essencial para a melhoria das condições edáficas e, por conseqüência, da produtividade das culturas. Nematóides parasitas de insetos também apresentam importante função controladora de pragas agrícolas. 5.3.1. Anatomia e Morfologia dos Nematoides Os fitonematoides são organismos alongados, não-segmentados, geralmente de tamanho microscópico, de organização bastante complexa e que se alimentam em células vegetais vivas. Machos e fêmeas são, em geral, morfologicamente semelhantes, exceto pelos órgãos de reprodução, porém há casos em que as fêmeas se avolumam enormemente, como nos gêneros Meloidogyge, Heterodera e Tylenchulus. O comprimento está na faixa de 0,3 a 3,0 mm e o diâmentro, de 15 a 50 micrometros. O corpo é Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 25 formado por uma parede externa que delimita uma cavidade interna, cheia de um fluido sob pressão, onde estão imersos os diversos órgãos (esôfago, intestino, ovário ou testículo). Diagrama ilustrando a morfologia da fêmea e da cauda de um macho de nematoide fitoparasita típico. (de thihode, 1989) Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 26 Parede do corpo – é formada por uma cutícula, hipoderme e células musculares. Pseudoceloma – É preenchido pelo fluido pseudocelômico, altamente complexo em sua natureza, e que se encontra sobre pressão, formando como que um esqueleto hidrostático. Tecidos fibrosos e grandes células (pseudocelomócitos ) estão presentes. Aparelho digestivo – a abertura oral é rodeada por lábios, geralmente 6 ou menos. A cavidade bucal em fitonematoide é estilete. Este órgão é alongado e oco, com função de perfurar células e retirar nutrientes de plantas. O mais comum possui parte Antero cônica e uma haste cilíndrica eu termina em três nódulos basais, onde se prendem músculos que permitem sua livre movimentação.( Figura A ) Esofago - órgão de bombeamento muscular e glandular (Figura A ) Procorpo – região anterior e alongada do esôfago, que liga a cavidade bucal ou estilete ao metacorpo. Metacorpo ou bulbo mediano – estrutura esferoidal, muscular, que funciona à semelhança de uma bomba de sucção e compreensão. Por meio de pulsação muito rápida, permite a injeção na planta de substancias produzidas pelo nematóide e a retirada dos alimentos para o se sustento. Ilmo – região delgada e curta do esôfago. Bulbo basal – porção terminal, onde estão alojadas três glândulas, uma dorsal e duas subventrais. O reto é um tubo curto e delgado, que conecta o intestino ao ânus, no caso das fêmeas, ou à cloaca nos machos. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 27 Figura A – Regiões anteriores de nematóide. – nematóide para sita de planta, com estilete estomastostílio e esófago de três partes. ( de thihod 1989) Aparelho respiratório e circulatório - O aparelho respiratório não existe, as trocas gasosas são realizadas através da cutícula. Parte das funções de um sistema circulatório é executada, nos nematóides, pelo fluido pseudocelômico. Sistema excretor – há dois tipos , glandular e o tubular, do tipo glandular, primitivo. Isto é, uma glândula, ou célula "renete‖ desenboca em um corpo lateral situado à superfície do nematóide. O sistema tubularé formado por tubos cegos, que se estendem no sentido do comprimento do nematóide e se abrem no poro excretor. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 28 Sistema nervoso – constituído por uma região central, o anel nervoso, que fica ao redor do istmo do esôfago, e por ramificações nervosas que daí partem para as diversas partes do corpo. Órgãos sensoriais ligados a este sistema: As fibras nervosas podem penetrar através da cutícula, sendo modificadas em órgãos sensoriais especializados, existentes principalmente no fim das regiões anterior e posterior. Os principais órgãos sensoriais são: 1. Papilas labiais - em torno da abertura oral dos nematóides. Função táctil. 2. Papilas genitais - órgãos suplementares dos machos. Podem estar nas cutículaS ou nas asas causais e tem função táctil e provavelmente auxiliam durante a cópula. 3. Deirídios - são pares de papilas, localizados lateralmente nas proximidades do anel nervoso. Função táctil. 4. Anfídios - pares de órgãos localizados na região cefálica. 5. Fasmídios - pares de órgãos sensoriais lateriais, presentes na região posterior de muitos Secernentea. Função quimioreceptora. Sistema reprodutivo – na maioria das espécies de nematóide, os sexos são separados e as fêmeas são facilmente distinguíveis dos machos, quando se observa ao microscópio. Além das caracterizas genitas óbvias ( presença de vulva nas fêmeas e espícula nos machos, por exemplo),os machos são geralmente menores do que as fêmeas. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 29 Sistema reprodutivo de fitonematódes. A – macho; B – fêmea. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 30 Cauda de um macho de um nematóide Fêmea de um namatoide 5.3.2.Biologia Geral Ciclo de vida O ciclo de vida começa com o ovo, no qual se forma um nematóide juvenil, forma jovem que não apresenta sistema reprodutivo maduro. O primeiro juvenil que aparece no ovo é fruto do desenvolvimento do embrião e é chamado de juvenil de 1º estádio, ou J1. Esse juvenil cresce e sua cutícula é substituída por uma cutícula maior, que permitirá a continuidade de Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 31 crescimento do corpo. Esta troca de cutícula recebe o nome de ecdise. A parte cônica do estilete também e substituída na ecdise. Após a 1ª ecdise, forma-se o juvenil de 2º estádio (J2), que com ajuda do estilete, perfura a casca do ovo e eclode. Eclosão é o termo usado para a saída do juvenil de dentro do ovo. Eclodir significa vir à luz, por tanto é o juvenil que eclode, e não o ovo. O juveil de 2º estádio se locomove no solo em busca de uma planta hospedeira para infectá-la. Do 2º estádio, o nematóide ainda passa por mais três ecdises, resultando nos juvenis de 3º e 4º estádios e, finalmente, nos adultos(machos e fêmeas). Em alguns nematóides, como no Pratylenchulus spp., sd ecdices ocorrem no solo e todos os estádio juvenis e os adultos, machos e fêmeas, podem migrar livres no solo, penetrar as rízes e migrar dentro delas, se alimentando e causando lesões. A duração do ciclo de vida dos nematóides, de ovo a ovo, é muito variavel, mas, para a maioria dos fitonematoides, é de 2-4 semanas, dependendo da temperatura, como é apresentado: Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 32 Reprodução Os nematóides fitoparasitas podem se reproduzir por fertilização cruzada (anfiximia) ou partenogênese. Em um grande numero de espécies os machos são comus, em número igual ou menor do que o de fêmeas. È comum o caso de machos serem raros ou mesmo inexistentes, e então a reprodução se processa por partenogênese onde , não ocorre a fertilização dos óvulos. Tanto a patenogenese quanto a anfiximixia podem ocorrer dentro de um mesmo gênero de nematóides, como em pratylenchus e Helicotylenchus. Em Radopholus similis a anfimixia predomina, mas populações partenogenéticas são eventualmente predomina observadas. O número de ovos produzidos varia com a espécie e as condições ambientais. As fêmeas de Meloidogyne, por exemplo, produzem uma média de 500 ovos produzidos por espécies ectoparasiticas que depositam os ovos. Alimentação Os fitonematoides dependem do tecido de plantas para seu crescimento, desenvolvimento e reprodução, sendo considerados, portanto, como parasitas obrigatórios. Esta associação obrigatória com as plantas evoluiu com adaptações dos sistema digestivo do nematóide, incluindo o desenvolvimento de o estilete e um crescimento de mudanças fisiológicas das glândulas esofagianas. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 33 Tipos de parasitismo Ectoparasitas- apenas o estilete é introduzido nos tecidos da planta, ficando o nematóide com o corpo do lado de fora. Endoparasitas- são capazes de introduzir todo o corpo nos órgão parasitados. Semi-endoparasitas- penetram parcialmente a planta Dormência Os fitonematoides são parasitas obrigatórios, por isso, na ausência de plantas hospedeiras, começa a haver um declínio da população. O mesmo acontece quando as condições ambientais lhes são desfavoráveis. Contudo, muitas espécies são capazes de prolongar a vida por um longo período, através do fenômeno da dormência. 5.3.3.Ecologia Os Fitonematoides passam pelo menos parte de sua vida no solo, no entanto algumas características dos solos são importantes na sobrevivência dos nematóides, como: Temperatura – faixa ótima vai de 15 a 30ºC; inativos em temperaturas de 5 a 15º C e de 30 a 40º C. Abaixo ou acima desses limites , as temperaturas podem ser letais, dependendo do tempo de exposição deles. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 34 Umidade – solos secos ou saturados são sempre desfavoráveis. Eles vivem no filme de água qie envolvem as partículas de solo. Admite-se os nematóides se encontram numa faixa de 40% a 60% da capacidade de campo. Textura – solos muitos argilosos dificultam a movimentação dos nematóides e também encharcam mais facilmente; solos arenosos, são bem drenados, mais por isso, tem grandes oscilações no teor médio de umidade. Observações no campo tem mostrado, contudo, que os prejuízos são maiores em culturas estabelecidas em solos mais arenosos. 5.3.4. Problemas com Nematoide BANANA Radopholus similis essa é a espécie mais importante para a cultura. Foi descoberta no Brasil em 1959 pelo Dr. Jair Carvalho do Instituto Biológico (Carvalho, 1959) a partir de mudas oriundas do litoral de São Paulo. Mais de 40 anos após esse relato, ainda há ampla disseminação do parasito para outras regiões produtoras. É um nematóide endoparasito migrador, ou seja, penetra nas raízes da bananeira e migra pelos tecidos radiculares, podendo chegar até o rizoma. O ato de migrar internamente nas raízes ocasiona a desintegração dos tecidos, formando cavidades. Daí o nome comum donematóide. Os tecidos necrosados, inicialmente de coloração parda e, após a colonização de fungos: enegrecidos, podem coalescer originando extensas necroses. Essa destruição do sistema radicular favorece o tombamento das plantas sob ventos fortes ou pelo peso do cacho. Esses são sintomas indicativos do ataque dessa espécie. Com a evolução desse processo, o parasito pode voltar ao solo a procura de novas plantas hospedeiras ou permanecer em pedaços de rizoma no campo. Sem Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 35 alimento ele pode sobreviver pouco menos do que seis meses com reservas de seu próprio organismo. À temperatura de 24 º C, o ciclo biológico se completa em 21 dias. Pode haver variação nesse período em decorrência de fatores ligados às plantas hospedeiras ou ao meio. Radopholus similis CITROS Geralmente as plantas atacadas por Tylenchulus semipenetrans apresentam redução do vigor e pouca resistência à seca. As raízes infectadas apresentam-se ligeiramente engrossadas e com aspecto sujo. A suscetibilidade do porta-enxerto, densidade populacional, idade e sanidade das plantas são importantes para determinar as perdas causadas por T. semipenetrans. A apresentação de sintomas na parte aérea geralmente só ocorre muito tardiamente e está relacionada com a população de nematóides presentes nas raízes. Dependendo das condições locais, plantas infectadas podem suportar mais que 1500 fêmeas por grama de raízes frescas, sem exibir sintoma severo de declínio. Geralmente, as plantas infectadas apresentam redução no tamanho das folhas, 10 % menores que folhas normais, massa radicular reduzida em, pelo menos, 30% e, redução de 20% na produção. Tylenchulus semipenetrans pode sobreviver no solo Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 36 na ausência de hospedeiro por um período de nove anos, e pode sobreviver a condições de temperatura elevada, como 45°C durante algumas horas. COCO Anel Vermelho do Coquiro esta doença provoca a morte da planta em apenas poucos meses. Geralmente, os coqueiros de 3 a 7 anos são os mais suscetíveis e morrem 3 a 4 meses após o aparecimento dos sintomas. As perdas têm sido calculadas entre 20 a 98% em vários países da América Central. A doença foi observada pela primeira vez em Trinidad, em 1905. O nematóide tem como vetor o besouro Rhynchophorus palmarum e possivelmente um outro besouro, Dynamis borassi, também lhe serve de vetor. O anel vermelho do coqueiro tem sido registrado no Neotrópico, a partir do México, passando pela América Central, até América do Sul e área do Caribe. No Brasil, a doença está presente nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 37 Danos: Os sintomas típicos da doença são a queda prematura dos frutos, murcha das inflorescências, amarelecimento, bronzeado, morte progressiva e queda das folhas, ficando o estipe nu e ereto durante muito tempo. O amarelecimento dos folíolos começa pelo ápice e avança para o ráquis, o qual sofre também seca descendente progressiva até a base do pecíolo. As folhas debilitadas ou mortas quebram-se com freqüência próximo à base do pecíolo, ficando penduradas no estipe. Os pecíolos sofrem descoloração amarela a vermelho-amarronzado da base até aproximadamente uns 60 cm em direção ao ápice. Controle: Não há variedades ou cultivares de coco com algum tipo de resistência a Bursaphelenchus cocophilus. Medidas fitossanitárias direcionadas à redução das populações do besouro vetor e do número das fontes de inóculo são os métodos mais usados nas tentativas de controle da doença. Quando são observados os primeiros sintomas, as plantas devem ser cortadas e destruídas pelo fogo ou cortadas em pequenos pedaços e tratadas com inseticidas; o solo também deve ser tratado com cal para sua desinfecção e deixado livre de vegetação por um tempo não determinado. Anel Vermelho do coqueiro Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 38 ABACAXI Dentre os nematoides que ataca, a cultura do abacaxi no Brasil, destacam- se Meloidogyne incognita, Pratylenchus brachyurus e Rotylenchulus reniformis. Nematóides causam perdas de até 45% da produção do abacaxi e amédia mundial está em 13,7%. As plantas atacadas apresentam raquitismo, clorose, redução do sistema radicular e falta de resposta à adubação. O controle químico e a rotação de culturas são os métodos mais utilizados para o controle de nematóides. GOIABA Atualmente o nematóide-das-galhas, Meloidogyne mayaguensis, é um dos principais fatores limitantes à produção e à qualidade dos frutos da goiabeira em várias partes do mundo. A constatação, em 2006, pela primeira vez no Estado do Espírito Santo dessa espécie de nematóide em pomares comerciais de goiabeiras da cv. Paluma traz grande preocupação à sustentabilidade dessa cultura, uma vez que o nematóide compromete as funções do sistema radicular (absorção e translocação), além da resposta inadequada às práticas de adubação. Outro agravante da presença do nematóide é a inexistência, até ao momento, de medidas eficazes de controle, o que vem reduzindo a vida útil dos pomares infestados no País. Essas características, aliadas ao amplo número de hospedeiros e sua dispersão nacional, já presente em mais de oito estados, estão trazendo uma grande preocupação aos técnicos e produtores envolvidos no agronegócio goiaba. Os sintomas geralmente observados nas plantas infectadas são o bronzeamentodas bordas das folhas, a coloração verde-pálida a amarelada das folhas e a perda de vigor da copa com o desfolhamento e declínio da Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 39 planta. Os frutos perdem sua aparência superficial lisa e brilhante ficando abaixo do padrão comercial. Solos altamente infestados levam a goiabeira à morte. Perda de vigor da copa e declínio da goiabeira cv. Paluma. NEMATOIDE DAS GALHAS (Meloidogyne spp.) Nematóides do gênero são tidos como os mais importantes porque têm uma distribuição geográfica ampla, apresentam uma enorme gama de hospedeiros e causam grandes danos às culturas. Em 1855, Berkeley classificou o nematóide das galhas como sendo Heterodera radicicola. Jebert, em 1877 no Rio de Janeiro, associou a presença de galhas em raízes de cafeeiro (Coffea arabica L.) ao declínio da cultura, e Göeldi em 1887, classificou o nematóide das galhas como sendo M. exigua Göeldi. Esta foi a primeira vez que o nematóide das galhas foi chamado de Meloidogyne, mas esse gênero não foi imediatamente aceito pela comunidade científica (FREITAS; OLIVEIRA; FERRAZ, 2001). Em 1949, Chitwood fez uma revisão completa e classificou as quatro principais espécies de Meloidogyne (M. incognita, M. javanica, M. arenaria, M. hapla), separando-as pelas marcas cuticulares na região perineal. A partir Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - FitopatologiaPágina 40 daí, os nematóides das galhas foram conhecidos mundialmente como gênero Meloidogyne. Desde então, mais de 80 espécies desse gênero já foram descritas (MOURA, 2005b). Este nematóide é encontrado nas mais importantes regiões do brasil, causando grandes perdas e chegando a ser fator limitante de cultivo. Principais sintomas –A doença causada pelas espécies de nematóides deste gênero é dita "meloidoginose". Os sintomas na planta resultam de murcha nas horas mais quentes do dia, declínio, queda de folhas e sintomas de deficiência mineral. Nas raízes, que se desvitalizam e param de crescer, as galhas e rachaduras são visíveis. Às vezes há formação de raízes laterais curtas, mas a formação das galhas, de tamanhos variáveis, constitui-se no aspecto mais visível. As lavouras apresentam manchas ovais, as reboleiras e as plantas apresentam-se raquíticas. Raiz com sintoma de meloidogynose. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 41 Ciclo de Vida O ciclo de vida de Meloidogyne spp. começa com o ovo, cujo interior sofre várias mudanças durante o desenvolvimento embrionário até culminar na formação do juvenil do primeiro estádio, ou J1. O J1 sofre uma ecdise e se torna J2 ainda dentro do ovo. O J2 perfura o ovo com o estilete, rompendo a casca e segue um gradiente de concentração de exsudatos radiculares (gradientes de pH e moléculas da superfície celular) que orienta o movimento até chegar à raiz onde penetra na região da zona de alongamento celular, logo atrás da coifa. Esta zona apresenta alto metabolismo por estar em diferenciação celular e, portanto, produz bastante exsudatos. As células possuem pouca quitina, suberina e celulose depositada em suas paredes e, por isso, são mais facilmente penetradas pelo J2 que migra para o tecido vascular e inicia a alimentação introduzindo substâncias nas células da planta, que irão alterá-las morfológica e fisiologicamente. Neste instante, o J2 adquire uma forma alargada tornando-se sedentário. Estas células especializadas da raiz, recebem o nome de células gigantes (AGRIOS, 2005; FREITAS; OLIVEIRA; FERRAZ, 2001). As alterações causadas pelos nematóides não se restringem as células gigantes, isto é, as células do córtex se multiplicam desordenadamente e a raiz engrossa, formando um tumor que recebe o nome de galha. As mudanças celulares resultam em aumento da concentração de aminoácidos, proteínas, RNA e DNA nas células gigantes; em aumento de exsudatos radiculares, minerais, lipídios, hormônio de crescimento, respiração e transpiração, seguido por um decréscimo de açúcares e celulose. Com a formação das células gigantes, ocorre também obstrução física dos vasos condutores de água e minerais, o que resulta em sintomas de murcha prematura e de deficiência de nutrientes, além do subdesenvolvimento da planta. Em seguida, o J2 sofre três ecdises, passando a J3, J4 e forma adulta Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 42 fêmea ou macho. Quando o macho é formado, ele readquire a forma alongada, rompe a cutícula e abandona a raiz. O macho não se alimenta mais e, na maioria das espécies de Meloidogyne, não tem papel na reprodução, que é parternogenética. Quando a fêmea é formada, continua a engrossar até ficar quase esférica, completa o amadurecimento e inicia a postura de ovos em massa gelatinosa depositada do lado de fora do corpo. Geralmente a massa de ovos fica na superfície da galha e contém cerca de 500 ovos. Os J2 eclodem e penetram na mesma raiz ou em raízes vizinhas. A duração do ciclo de vida depende principalmente da temperatura podendo variar de duas a quatro semanas (FREITAS; OLIVEIRA; FERRAZ, 2001). Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 43 IDENTIFICAÇÃO DE RAÇAS As muitas espécies de Meloidogyne são diferentes em forma e medida. O caráter mais comumente usado para a identificação de espécies é o corte perineal (ou configuração perineal). A fêmea é extraída da raiz na região da galha com o auxilio de um bisturi ou estilete, colocada sobre uma gota de ácido lático 45%; seu pescoço é cortado, o conteúdo do corpo retirado e a cutícula cortada ao redor da região parineal. O corte perienal é, então, transferido para uma gota de glicerina sobre uma lamina de vidro para a observação ao microscópio ótico. A região da cauda da fêmea, que engloba o ânus e a vulva, possui marcas cuticulares características de cada espécie. Deve-se cortar esta região de aproximadamente 20 fêmeas de uma população e observar ao microscópio ótico para identificação. 6. INTRODUÇÃO A MICROSCOPIA Não se sabe exatamente quem inventou o microscópio, porém sabe-se muito bem que depois dessa invenção, lá pelo início do século XVII, nossa percepção do mundo ficou muito diferente. Muitos atribuem a invenção deste instrumento a Galileu, porém foi Leeuwenhoek quem realmente aperfeiçoou o instrumento e o utilizou na observação de seres vivos. Dotados de apenas uma lente de vidro, os primeiros microscópios permitiam aumentos de até 300 vezes com razoável nitidez. E todo um mundo que se encontrava invisível aos nossos olhos, se descortinou. Com este instrumento muito simples, Leeuwenhoek estudou os glóbulos vermelhos do sangue e constatou a existência dos espermatozóides. Este cientista também desvendou o extraordinário mundo dos micróbios (ou seja, seres microscópicos), hoje mais conhecidos como microrganismos. O Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 44 microscópio simples de Leeuwenhoek foi aprimorado por Hooke, ganhando mais uma lente. Deste modo, foram obtidos aumentos ainda maiores. Os microscópios óticos modernos são descendentes sofisticados do microscópio composto de Hooke e muito mais poderosos do que os pequenos instrumentos usados pelos cientistas no início do século XVII. Eles são dotados de dois sistemas de lentes de cristal (oculares e objetivas) que produzem ampliações de imagem que vão em geral de 100 a 1000 vezes, deste modo revelando detalhes, até então invisíveis para nossa visão. 6.1. Partes do Microscópio 6.1.1. Mecânicas a)Pé: é fe i to de l igas de metais pesados para impedir que o aparelho tombe. b)Estativo: haste ou suporte que se articula c o m o p é , s u s t e n t a o t u b o , a p l a t i n a , o condensador, o aparelho e os mecanismos macromicrométricos. c)Platina ou mesa: de forma redonda ou retangular, é fixa, móvel ou giratória no plano hor izontal ou então aprese nta uma par te inferior fixa ao estativo e outra superior, desl i z a n t e . A s p l a t i n a s f i x a s g e r a l m e n t e compensam sua Imobi l idade por meio de peças deslizantes, chamadas "cherriot". Entre as garras do último se encaixa a l â m i n a c o m o m a t e r i a l a s e r e s t u d a d o : pode ser deslocado para frente, para trás, à d i r e i t a o u e s q u e r d a , s e m p r e n o m e s m o plano, por meio de cremalheiras laterais. No cent ro há uma aber tura para a passagem dos raios luminosos, coletados pelo espelho, e dirigidos pelo condensador e o diafragma s o b r e a p r e p a r a ç ã o e n t r e l â m i n a e a lamínula,projetando daí através do tubo e da ocular até a retina do observador. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 45 d)Tubo: no microscópio monocular o tubo representa um ci l indro metál ico , com um e n c a i x e p o s t e r i o r , d a p r e c i s ã o p a r a s u a adaptação a outro encaixe, porém de corte investido na cremalheira. e)Dispositivos macro e micrométrico: entre o tubo e o estativo há uma peça deslizante em sentido vertical,acionada por dois tipos de "botões" os "macrométricos" e "micro-métricos". Com o mecanismo macrométrico obtém-se focalização ótica grosseira da peça a ser examinada, enquanto que, com o dispositivo micrométrico obtém-se deslocamentos do tubo até de dois milésimos de milímetro ou menos ainda, dando desta forma nitidez à imagem. f)Revólver : é colocado na extremidade inferior do tubo nos modelos mais antigos ou dos dispositivos macro e micro-métricos nos instrumentos modernos de tubo bipartido. É munido de 3 ou 4 vãos circulares, providos de matrizes para roscas. Nestas matrizes se enroscam as 3 ou 4 objetivas, sempre na ordem de seu aumento progressivo. Basta, então, durante os trabalhos microscópicos, fazer girar mecanismos de câmbio de objetivas ou revólver em um só sentido, para obter-se aumentos sucessivos ou vice-versa, já focalizados, pelo menos, macrometricamente. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 46 6.1.2. Óticas a)Oculares: são encaixadas nas extremidades superiores do tubo. Podem ser retiradas e substituídas facilmente segundo a necessidade do momento. É importante saber que as oculares ampliam apenas a imagem formada pela objetiva. Não tornam mais nítidas as estruturas do objeto a ser estudado. Seria ilógico, portanto, empregarem-se nos trabalhos microscópicos objetivas de pouco aumento próprio e oculares de grande poder de ampl iação . Também não se pode aconselhar o uso s imul tâneo de objetivas e oculares de forte aumento. O campo visual seria pouco nítido nas estruturas das células. Por exemplo, se apresentariam ―apagadas‖, quase não haveria Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 47 luminosidade e o campo ótico seria mínimo. No estudo geral das células ou dos tecidos e no controle dos processos de coloração e diferenciação dos cortes são suficientes oculares com aumento próprio pequeno ou médio. Há, assim, satisfatória nitidez das estruturas, campo visual grande – bem uniformemente iluminado – e poupança de nossa vida. Na escolha das oculares para um microscópio há um princípio importante a observar: é que as qualidades óticas das mesmas somente atingem seu grau máximo de aproveitamento quando estão combinadas com as objetivas certas. b)Objetivas: são sistemas óticos, construídos com 4 a 6 ou mais lentes superpostas. Além de fornecerem uma imagem ampliada de um objeto qualquer, procuram corrigir também os defeitos cromáticos dos raios luminosos e de ―esfericidade‖. c)Condensador com diafragma: o condensador está colocado por baixo da platina. Sua função é fornecer bastante luz. Para tanto é provido de um sistema de lentes convergentes, que concentram e jogam o maior número de feixes luminosos pela lente frontal da objetiva. É indispensável quando se empregam grandes aumentos . O condensador , ideal izado por Abee e aperfeiçoado cada vez mais , permi te ao pesquisador obter a iluminação desejável para cada caso. Há condensadores para o "campo claro" econtrastes de fases para campo escuro.No campo claro a lente frontal é geralmente "desviável", o que permite iluminarem-se rapidamente grandescampos claros, quando os trabalhos são executados com aumentos pequenos.Todos os condensadores para o campo claro e contrastes de fases estão equipados com um diafragma do sistema íris, cuja abertura é regulável para perfeito ajuste a cada caso. Além disso, há uma cremalheira,que permite o afastamento total do diafragma.Fecha-se o diafragma, quando se usa Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 48 objetivas de pouco aumento, para eliminar os raios laterais. Abre-se o diafragma na medida em que se vão aumentando as ampliações. d)Espelho: é encaixado por baixo do condensador, num vão do pé do microscópio. É redondo e articula-se entre duas laterais. Uma de suas faces é plana e a outra côncava. A primeira colhe e projeta os raios paralelos e divergente se a segunda os convergentes. O espelho côncavo é usado nas ampliações pequenas; o plano, juntamente com o condensador, nas grandes e nas imersões. 6.2. Aumento de um Microscópio É calculado através da multiplicação do aumento da ocular pelo aumento da objetiva. 6.2.1. Focalização de um Microscópio Objetivas e distancias focais: a) procurar a objetiva de menor aumento. b) acertar a iluminação do microscópio de acordo coma objetiva a ser usada. c) olhando por fora da ocular, ir movendo o canhão para baixo por meio do parafuso macrométrico até que objetiva se aproxime o mais possível da lâmina sem tocar nela. d)olhando agora a t ravés da ocular , g i rar o parafuso macrométrico em sentido inverso (elevando o canhão) até perceber o foco (enxergar alguma coisa).e) dar nitidez à imagem com o parafuso micrométrico. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 49 6.2.2. Cuidados com o Microscópio a) Nunca forçá-lo. Todas as conecções devem funcionar suavemente. Caso contrário, chame o professor; b) As lentes da objetiva nunca devem tocar a lâmina. Portanto, nunca focalizar abaixando o canhão com o parafuso macrométrico olhando para a ocular; c) Não tocar as lentes. Se estiverem sujas, limpe-as com algodão ou com pano que serão fornecidos; d) Limpar sempre a objetiva de imersão após o uso. Se o óleo está endurecido, pode aplicar um pouco de xilol sobre o algodão. Cuidado, pois um excesso de xilol pode dissolver o cimento das lentes; e) Não esquecer a lâmina no microscópio após o uso; f) Manter a platina sempre limpa e seca. Limpa-la com o guardanapo apropriado. g) Não inclinar o microscópio, pois neste curso quase todas as técnicas empregadas exigem que a lâmina seja examinada sempre na posição horizontal; h) Quando o microscópio não estiver em uso, deverá ser guardado coberto ou em sua caixa; i) Habitue-se não deixar a fonte de luz acesa quando não estiver utilizando o microscópio. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 50 6.2.3. Uso do Microscópio a) Com a amostra a ser examinada sempre na parte superior, colocar a lâmina sobre a platina, tomando o cuidado de que a parte a ser examinada esteja bem no centro; b) Ajustar a iluminação de forma a que passe maior quantidade possível de luz através da amostra; c) Colocar a objetiva de menor aumento e abaixar o canhão utilizando o parafuso micrométrico até que a lente esteja cerca de 0,5 cm da lâmina. Nunca efetuar esta operação olhando pela ocular; d) Olhar pela ocular e levantarlevemente o canhão até obter uma focalização grosseira. Se não conseguir, repetir a operação; e) Após focalizar grosseiramente, utilizar o parafuso micrométrico para uma focalização fina; f) Acertar a quantidade de luz, movimentando o diafragma. A iluminação deve ser adequada, nem fraca nem excessiva. Nunca movimentar o condensador para baixo para diminuir a quantidade de luz. O condensador deve estar sempre em posição elevada; g) Se necessário um aumento maior, girar o revolver para utilizar a objetiva de aumento 45X. Reajustar a focalização com o parafuso micrométrico e a iluminação com o diafragma. h) Para utilizar a objetiva 100X, é necessária a colocação de uma gota de óleo sobre a lâmina depois da perfeita focalização com as objetivas de aumento 10X e 45X. Observando lateralmente, girar o revolver até encaixar a objetiva de aumento 100X, ficando esta imersa no óleo e sem que a lente toque na lâmina. Nunca tentar focalizar diretamente com as objetivas de maior aumento. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 51 Preparação da lamina Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Agropecuária - Fitopatologia Página 52 7. LITERATURA CONSULTADA ABREU JÚNIOR, E. coord. Práticas Alternativas de controle de Pragas e doenças. Campinas, EMOPI, 1998. 115 p. BURG, INÊS CLAUDETE; MAYER,PAULO HENRIQUE. Alternativas ecológicas para prevenção de pragas e doenças. 30º Ed. Francisco Beltrão, PR: GRAFIT- Gráfica e Editora, 2006. GALLI, FERNANDO (org.). Manual de Fitopatologia: princípios e conceitos.vol.I. 2ª edição. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1978. GALLI, FERNANDO (org.). Manual de Fitopatologia: doenças das plantas cultivadas .vol.II. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1980. PENTEADO, S. R. Defensivos Alternativos e Naturais para a agricultura saudável. Campinas-SP. Ed. Grafimagem , 1999,79p. ZAMBERLAM, JURANDIR. Agricultura Ecológica: preservação do pequeno agricultor e do meio ambiente. Petrópolis,RJ:vozes, 2001. http://www.agrolink.com.br/agricultura/problemas/busca/citros/tylenchulus -semipenetrans.html http://www.ufrgs.br/agrofitossan/AGR04002/nematoda.htm#Morfo- Anatomia(UFRGS) http://www.cpatsa.embrapa.br/cpatsa/imprensa/noticias/pesquisador-alerta- para-ocorrencia-de-nematoide-em-coqueiros-no-submedio-do-vale-do-sao- francisco http://www.incaper.es.gov.br/servicos/images/Nematoide_das_GalhasdaGo iabeira.pdf Hino do Estado do Ceará Poesia de Thomaz Lopes Música de Alberto Nepomuceno Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que tua glória conta! Terra, o teu nome a fama aos céus remonta Em clarão que seduz! Nome que brilha esplêndido luzeiro Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas! Hino Nacional Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
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