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classificação dos paradigmas científicos

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA DE PESQUISA EM PSICOLOGIA I
Autor: Erik Medeiros de Quadros 05.04,2014
Professora: Janine Moreira
Proposta: Trabalho escrito resultado da discussão em sala de aula dos textos “Capítulo Alves” e “Capítulo Raupp” .[1: A discussão em sala de aula pautou alguns pontos em comum que merecem ser citados, como ciência, metodologia científica, filosofia da ciência, senso comum e ciência, capitalismo e ciência, ciência na Universidade. Este texto tentou ir um pouco além da discussão e se propôs a refletir a classificação de paradigmas, especialmente os científicos, a sua importância para o estudo das ciências em geral e exemplificou o paradigma mecanicista materialista. ][2: Ver nas Referências Bibliográficas, página 6, ALVES e RAUPP.]
INTRODUÇÃO A CLASSIFICAÇÃO DE PARADIGMAS (O MECANICISMO-MATERIALISTA COMO UM EXEMPLO DE PARADIGMA CIENTÍFICO)
	No século XVII, final da Idade Média, tomou forma a chamada Revolução Científica. No decorrer do século XVIII esta se expandiu e influenciou muitas áreas do conhecimento, “fazendo nascer uma nova cultura, na qual a ciência mecanicista se constituía como núcleo de uma nova racionalidade”, contrário ao período medieval que se constituía por uma “razão teológica” (BRAGA; GUERRA e REIS, 2005, p. 13). A forma de ver o mundo nesse sentido toma parâmetros diferentes, ao invés de partir de princípios teológicos e dogmáticos parte-se de métodos científicos e céticos. Muito antes, no Período Clássico, especificamente os séculos VII a IV a.C., filósofos já tentavam entender o Universo e criar uma teoria geral para este entendimento. Os conhecidos pré-socráticos (por terem precedido Sócrates) já vinham construindo visões racionais sobre o mundo, o cosmo (OSBORNE, 2013). A preocupação desses filósofos era “entender e explicar o cosmo, saber de que matéria era feito” (FREIRE, 2014, p. 25), o princípio de todas as coisas (arché) (ARANHA & MARTINS, 2003, p. 83) e as leis que regiam o universo.
Pelo fato de se esforçarem para compreender o cosmo, a época onde se encontram na história ficou conhecida por período cosmológico. Atualmente cosmologia é, além de uma parte da Filosofia, uma ciência, ramo da Astronomia, isto se deu “à medida que evoluíram os métodos de observação e se acumularam dados astronômicos” (ESTUDANTE DE FILOSOFIA [site], s/d). Mas, deve-se notar que seu objetivo continua o mesmo. A cosmologia hoje, como ciência, “estuda a estrutura, evolução e composição do Universo” (ROSENFELD, 2005, p. 31). Esta área de estudo conservou seu objetivo durante quase três milênios, mas durante sua história seu paradigma mudou, tanto filosoficamente, como cientificamente. Abbagnano em seu Dicionário de Filosofia (2000, p. 215), falando sobre Cosmologia diz que desta pode-se “distinguir quatro fases”. A primeira fase comportaria a “transição do mito para a especulação”, representada pela filosofia pré-socrática; a segunda fase seria de uma cosmologia “geocêntrica e finitista”, representada pela Astronomia clássica e a filosofia de Platão e Aristóteles; a terceira fase uma cosmologia “heliocêntrica” e a quarta fase caracterizaria uma cosmologia “contemporânea”. 
A cosmologia como área do conhecimento obteve diversos paradigmas à medida que ia se construindo na história. Essa mudança de paradigma é muito bem interpretada, no âmbito da ciência, por Thomas S. Kuhn em seu conhecido livro A estrutura das revoluções científicas, de 1962 (KUHN, 2000). Para Kuhn a ciência progride a partir de revoluções em seus paradigmas, sendo estes “a visão de mundo assumida pela comunidade científica” (ARANHA & MARTINS, 2003, p. 192). “Um paradigma [forneceria] os fundamentos sobre os quais a comunidade científica desenvolve suas atividades” (CHIBENI & MOREIRA-ALMEIDA, 2007, p. 9). Mas, o objetivo não é saber como os paradigmas mudam, e nem por que isso ocorre, o que pretendo neste texto é uma introdução à classificação dos paradigmas tendo como exemplo o paradigma científico mecanicista-materialista. Como paradigma, entende-se um “modelo, padrão, norma” (LAROUSSE, 2004, p. 681; ABBAGNANO, 2000, p. 742) a ser seguido, sendo assim, “uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas” (WIKIPÉDIA, 2014). Qual seria assim o ponto referencial ou a norma a ser seguida, pela cosmologia pré-socrática, ao estudar a constituição do universo, sua matéria e sua estrutura? Qual seria o paradigma de estudo do cosmo anterior a esses filósofos? E qual o paradigma seguido pela atual cosmologia? Qual o paradigma que outras ciências seguem? Ou melhor, quais são estes paradigmas? Essas visões de mundo, ou visões da natureza são importantes, pois delimitam e norteiam o estudo em diferentes áreas, seja na filosofia, na ciência ou na arte. A classificação ou clarificação desses paradigmas são relevantes em qualquer área.
	Vivemos um momento na história onde algumas características dos paradigmas que predominam nas Universidades precisam ser analisadas. A classificação desses paradigmas não é fácil, afinal, as visões de mundo se diferem em todos os seus aspectos e de maneiras múltiplas. Mas, me atendo aos paradigmas que circundam as problemáticas levantadas nas discussões em círculos científicos, esta classificação fica mais fácil de ser formulada. Também acharíamos maior facilidade se a classificação se detivesse apenas a uma ciência, como exemplos, a física, a psicologia ou a biologia. As características dos paradigmas científicos que predominam na Universidade precisam serem analisadas por motivos simples. Em primeiro lugar, pelo fato de que aquele que se propõem a ser um cientista deve saber que visão de mundo pretende seguir e, consequentemente, que paradigma científico. Segundo, para sabermos diferenciar os cientistas e suas ideias e assim, por terceiro, não acabar havendo diversos paradigmas que não seguem o ideal primário que se propõem a seguir. Como exemplo, um cientista materialista-ateísta, mas que adere a conceitos materialista-deístas. 
Esta forma dogmática de classificação pode ser criticada por mentes céticas por reter o conceito de mudança de paradigmas, ou por considerar posto os paradigmas existentes. Destas críticas, certamente, se vê a premissa de que toda a classificação vem com o propósito de anular o conceito de transformação. Mas, isto é irrelevante, visto que já está mais do que claro que os paradigmas científicos mudam, como quando foi citado Kuhn; e a proposta do discurso é avaliar o conhecimento no momento histórico atual. Creio que futuramente outras análises serão necessárias e a classificação mudará. 
A ciência como área do conhecimento tem seu fundamento na validade dos fatos (ABBAGNANO, 2000), todo conhecimento científico é gerado a partir de rígidos métodos experimentais, obtendo um conhecimento “sistemático, preciso e objetivo” (ARANHA & MARTINS, 2003, p. 158). A ciência tem por objeto o desvelamento dos fenômenos universais – como a duplicação do DNA –, suas relações - como a relação entre as estações climáticas do ano e a migração de algumas espécies de aves –, e a previsão de acontecimentos – como os estudos behavioristas, no campo da Psicologia, que se propõem a fazer com o comportamento de ratos de laboratório ou o trabalho da meteorologia com a previsão de chuvas. “A ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional” (CHAUÍ, 2002, p. 251, grifo do autor). O grande aspecto que a ciência quer carregar é poder conhecer seguramente os fatos, ou seja, a ciência pretende-se ser confiável pelo fato de conhecer objetivamente os fenômenos naturais.
Vemos ao ler sobre a história da ciência moderna no século XVIII, que o paradigma que se consolidou na ciência foi o mecanicista-materialista. Creio, que este permanece e com maior força, vejamos. A ciência moderna teve em Bacon, Newton e Descartes seus grandes expoentes. O último em específico, considerado o pai da filosofia moderna, teve grande interesse pelo problemado conhecimento, elaborando assim um “método científico” conhecido como “racionalismo cartesiano”. René Descartes (1596-1650), seguindo seu método, estabelece que a “compreensão do todo deveria se dar pelo entendimento das partes” (BRAGA; GUERRA e REIS, 2005, p. 45). Descartes estabelece o ser pensante como centro indubitável, ou seja, o filósofo se preocupará mais com o sujeito cognoscente do que com o objeto conhecido. Considerando o ponto de partida do conhecer a “dúvida metódica” isto é, um racionalismo (baseado na razão) cético (a permanente dúvida). Assim, duvidará de tudo, todas das verdades serão colocadas em cheque. Os edifícios da verdade serão demolidos e reconstruídos a partir de um método experimental, onde ele irá defender em seu livro Discurso do Método (Descartes, 2013). 
A ciência cartesiana considera o Universo como um grande relógio, no qual o conhecimento deste relógio se daria a partir do conhecimento de cada engrenagem. O mecanicismo cartesiano na sua forma original era deísta, pelo fato de não excluir a possibilidade da existência de um Deus criador do Universo. Deus assim seria o relojoeiro, construtor do relógio e aquele que havia dado a este movimento. Aos poucos o mecanicismo cartesiano foi substituído por newtoniano, com a ajuda do filósofo Voltaire (BRAGA; GUERRA e REIS, 2005, p. 48-49) que introduziu ao mecanicismo uma ideia já clássica, o Epicurismo. Doutrina esta, fundada por Epicuro (341-270 a.C.) na Grécia, que nega qualquer forma ou ideia sobrenatural; mesma ideia de alguns filósofos atomistas, como Demócrito de Abdera (460-370 a.C.) que considera que o Universo foi formado por átomos materiais do vazio (FREIRE, 2014, p. 28). Este mecanicismo, antes deísta, passou a ser um mecanicismo materialista-ateísta, negando toda e qualquer metafísica. O paradigma científico mecanicista-materialista prevalece e hoje é visto de forma clara na Universidade, e até no público leigo.[3: Deísmo: doutrina que prega a existência de Deus, mas o conhecimento humano de Deus não se dá por uma revelação divina à humanidade, e sim, o conhecimento se dá a partir do raciocínio do homem, a partir das leis da vida e da natureza, para a compreensão de Deus. É uma forma de agnosticismo, seu contrário é o teísmo, que crê num Deus revelador, que por si só é contrário ao ateísmo, que anula qualquer noção de um Deus ou deuses.]
	O paradigma parte de uma visão de mundo, de natureza e de vida. Toda ciência se embasa em um modelo paradigmático, e esta irá estudar a partir de princípios já determinados e seus métodos de pesquisa também apontaram neste sentido, sem perder o rigor científico. Um exemplo disto é a Teoria Evolucionista de Charles Darwin, atualmente bastante defendida por Richard Dawkins – cujo paradigma é mecanicista-materialista-ateísta e naturalista. Ao contrário do Criacionismo Científico, de cunho Teísta e se base teológica, considerado uma pseudociência nos círculos racionalistas e céticos. 
	Portanto, vejo necessárias a classificação e diferenciação dos paradigmas. Essa classificação se daria por três caminhos: a primeira seria a elucidação da história, nota-se que apelei desde o inicio do texto a fatos históricos; segundo é importante a caracterização do paradigma, seus princípios, leis gerais ou doutrinas filosóficas atreladas, como no caso do mecanicismo-materialista temos o epicurismo e o racionalismo; e, por terceiro, a aplicação destes paradigma em estudos práticos, ou seja, as diferentes conclusões sobre uma única linha de pesquisa. Dessa forma, se formularia uma listagem de todos os paradigmas, tanto dentro da ciência, como na filosofia, na arte ou na religião; e dentro de cada ciência, como a física, a psicologia, a biologia, a astronomia, a química, etc; e dentro da filosofia, como a lógica, a moral, a estética, a epistemologia, a hermenêutica, a metafísica e a ontologia, etc; e assim por diante. Para tanto, deve-se notar que nenhum tipo de conhecimento está acima de outro, e que nenhuma visão de mundo está acima ou abaixo, de forma a ser superior ou inferior, em relação a outras. Todos se encontram em um conjunto transdisciplinar que requer além do estudo, o amor pelo conhecimento e o zelo pela verdade e a ética.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAGNANO, Nicolas. Dicionário de filosofia. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
ALVES, Rubens. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e as suas regras. 11ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Filosofando: introdução à filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003.
CHIBENI, Silvio Seno; MOREIRA-ALMEIDA, Alexander. Investigando o desconhecido: filosofia da ciência e investigação de fenômenos “anômalos” na psiquiatria. Rev. Psiq. Clín. 34, supl 1; p. 8-16, 2007.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12ª ed. São Paulo: Ática, 2002.
DESCARTES, René. Discurso do método. Porto Alegre: L&PM, 2013. 
ESTUDANTE DE FILOSOFIA. Cosmologia. s/d. Disponível em: <http://www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/cosmologia.php>. Acesso em 4 de abril de 2014.
FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da psicologia. 14ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.
LAROUSSE. Larousse ilustrado da língua portuguesa. São Paulo: Larousse do Brasil, 2004.
OSBORNE, Catherine. Filosofia pré-socrática. Porto Alegre: L&PM, 2013.
RAUPP, Bárbara [et. al.]. A vigilância, o planejamento e a educação em saúde no SSC: uma aproximação possível? In: VASCONCELOS, Eymar Mourão (Org.). A saúde nas palavras e nos gestos: reflexões da rede educação popular e saúde. São Paulo: Hucitec, 2006, p. 207-216.
ROSENFELD, Rogério. A cosmologia. Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005. Disponível em:<http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol6/Num1/cosmologia.pdf>; Acesso em 4 de abril de 2014.
WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. Paradigma. 2014. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma>. Acesso em 4 de abril de 2014.
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