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PENAL 3 Caroline Maciel 3

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DIREITO PENAL III 
 
AULA 01: 19/09/12 
 
Estudo dos crimes em espécies: estudo exegético. Art. 121 até art. 180. 
 
A era da codificação se encontra em declínio. Hoje, há muito mais tipos penais incriminadores 
em legislação extravagante do que no Código Penal. 
 
Estudo do bem jurídico: vida, patrimônio, dignidade sexual, honra, etc. 
 
Concurso aparente de normas: concurso de normas que parecem ordenar uma mesma 
conduta. 
 
Crimes contra a vida, contra a pessoa humana. 
 
Pelos meus olhos: filme espanhol. 
Costela de Adão. 
 
Gruman Capote: “A sangue frio”. 
Filme Capote. 
“O perfume, história de assassino”. Patrick Süskind. 
 
A leitura de um dos livros será cobrada na terceira prova. 
 
TRABALHO I: 20/12. Trabalho por três pessoas. Vai mandar pelo minhaufmg prova. Uma 
pessoa vai ser o Ministério Público, outra defesa e a terceira um Juiz. 
Prova II: 07/12 
Prova III: 06/02 
 
As provas são geralmente casos concretos, com diversas soluções. Provas narrativa-
dissertativas. 
 
AULA 02: 21/09/12 
 
1. Filosofia, História e Arte: estudo na dogmática jurídico-penal. 
O assente da dogmática jurídico-penal é filosófico (raízes profundas na filosofia). A 
dogmática é insuficiente; a possibilidade de inovação da dogmática vem, muitas vezes, 
pela arte. 
Radbruch: um dos maiores penalistas (e filósofo). Ele diz que uma das maiores lições 
de direito penal para ele está num conto de Anatole France (“Creinguebille”). 
 A lei penal é injusta, é seletiva. 
 A possibilidade libertadora da arte: diz verdades por meio da brincadeira. 
A história, assim como o direito, tem um aspecto conservador; a história oficial é 
sempre dos vencedores. A história ajuda o direito porque tem uma perspectiva crítica, 
eis que se volta para o passado. 
Enquanto a história preserva a memória, o direito pode ter um papel de apagar a 
história. O direito nasce, vive um determinado tempo e morre. O AI 5 não é 
verdadeiramente estudado nos compêndios de Direito, mas sim nos arquivos da 
História. 
Compreensão do Direito Penal mediante uma tríplice vertente: filosófica, artística e 
histórica. 
2. Um exemplo histórico: o caso Dreyfus. 
Caso ilustrativo sobre os problemas humanos. 
Caso francês muito famoso, no qual ocorreu um erro judiciário. 
Dreyfus era um capitão judeu do exército francês e a França era um dos Estados com 
mais antissemitismo. Uma lista com segredos de guerra do exército francês (borderô) 
foi dada ao exército alemão. Esse vazamento teria de ser feito por um oficial. Embora a 
caligrafia usada na lista não fosse semelhante ao de Dreyfus, ele foi condenado, 
perfeito bode expiatório. O julgamento de Dreyfus foi curto e ele é enviado preso para 
a Ilha do Diabo. Tempos depois, descobre-se o verdadeiro traidor. Mesmo com essa 
descoberta, o alto oficialato da França entende que o processo deve ser deixado 
quieto e que se deixe Dreyfus cumprindo pena que não cumpriu. Émile Zolá escreve 
diversas cartas em defesa ao Dreyfus. Quando o caso vaza na imprensa, há uma 
indignação no mundo Ocidental, em razão da perversão daquele processo e injustiça 
prejudicada. 
Artigo de escritor inglês: revista Piauí. O que sabemos se é que sabemos algo. 
Caso Pontes Visgueiro: desembargador do Maranhão que matou sua amante. 
Advogado de defesa alegou insanidade mental, inimputabilidade. 
3. História do Direito Penal no Brasil: Estudo da Parte Especial do Código. 
A influência do Direito Penal Indígena no nosso Direito Penal é basicamente 
nula/inexistente. A influência predominante é do Ocidente. 
O Brasil era uma colônia penal portuguesa e, por isso, ninguém queria vir pra cá. 
Os primeiros povos que vieram para cá eram os excluídos do Reino (visão do Brasil 
como purgatório); ao mesmo tempo, há uma visão do Brasil como terra prometida (de 
ouro, etc.). 
Ordenações do reino (Portugal): Direito Penal extremamente cruel. 
Cada crime era considerado um atentado ao corpo do rei. 
As ordenações afonsinas e manuelinas não tiveram quase nenhuma repercussão no 
Brasil, que era uma terra praticamente esquecida por Portugal. 
As Ordenações Filipinas vigoraram no Brasil de 1603/1830. O Livro V cuidava da parte 
penal: amálgama de normas preconceituosas, excludentes e rigorosas. Havia muitos 
crimes e a pena de quase todos era a pena de morte. 
A execução da pena se dava em praça pública, eis que era uma demonstração do 
poder do rei. 
Séc. XVIII: Voltaire: grande repercussão em Direito Penal. 
Dos delitos e das penas, Beccharia: considerada obra inaugural do Direito Penal. 
Final séc. XVIII/Início do séc. XIX: As penas corporais vão se esvaindo e vai se 
consolidando a pena privativa de liberdade (e surge o estabelecimento denominada 
penitenciária). Ao invés de se ter a pena visível, vai se estabelecendo cada vez mais a 
“pena invisível”. 
Código Criminal do Império de 1830. Ele adere ao movimento das codificações iniciado 
na França, que nos influenciou com o Código de Napoleão. 
Nele, há a criação do sistema dias-multa e ainda prevê a pena de morte. 
O código era muito mais europeu que brasileiro, desconsiderava nossa realidade. 
Centra-se no Brasil litorâneo e se esquece do sertão brasileiro. 
Com a ocorrência de um erro judiciário ainda no Império, pelo qual foi condenado a 
morte um inocente, a pena de morte deixa de ser utilizada. 
Código Penal de 1890. 
Consolidação de Vicente Piragibe. 
Constituição de 1937 (polar). Código Penal de 1940. Figura marcante: Francisco 
Campos. 
Caso dos irmãos Naves: maior erro judiciário brasileiro. Foram condenados por 
homicídio. 10 anos depois, a suposta vítima aparece viva. 
Código Penal de 1940: inspirado em projeto suíço e no Código Penal fascista. Está em 
vigor até hoje. A parte geral foi revogada; em 1984, uma Comissão elaborou nova 
parte geral. A parte especial do CP de 40 continua em vigor até hoje. Ao longo das 
décadas, houve uma série de modificações pontuais na parte especial. 
Lei das Contravenções Penais. 
Incremento de legislações extravagantes. Surgimento de estatutos. 
Constituição de 67/69. Atos institucionais. Código penal de 1969: nunca entrou em 
vigência no Brasil. Código penal militar de 1969, que se encontra atualmente em vigor. 
Há dois grandes sistemas penais no Brasil: o comum e o militar. 
Constituição de 1988. 
AULA 03: 26/09/12 
 
4. Capitação de crimes. Estudos de casos penais. 
Parte Especial do Código Penal é dividida em onze títulos. O critério do CP é o do bem 
jurídico ou objeto jurídico. 
5. Bem jurídico e tipo. 
O bem jurídico tem sido a estrutura fundante do código penal. 
Bens jurídicos: valores ou bens fundamentais à sobrevivência do Estado, com fundo 
constitucionalista. O direito penal vai navegar no oceano da ilicitude e vai proteger 
determinados bens jurídicos (caráter fragmentário do direito penal). 
Direito penal do fato: punição de condutas, ações e não formas de vida. 
Tarefa de tipificação ou de subsunção das ações da vida ao tipo penal. Como fazer a 
justaposição de uma conduta concreta com um tipo penal. 
Diante de um caso concreto, o primeiro passo é identificar qual o bem jurídico 
ofendido ou ameaçado. Com isso, reduz-se o âmbito de pesquisa do crime, seja na 
legislação extravagante ou dentro do Código Penal. 
O tipo penal é um modelo legal de conduta proibida. 
TIPO PENAL 
- Verbo 
- Sujeito Ativo 
- Sujeito passivo 
- Objeto material 
- Elementos descritivos 
- Elementos normativos 
- Elementos subjetivos 
- Circunstâncias objetivas e subjetivas 
Rubrica marginal: nome do crime. 
Caso: João Ternura, com intenção de causar susto, joga graveto com fogo dentro da 
casa de sapé no meio do mato de duas pessoas. 
Qual crime cometido?Não se trata de crime de incêndio (art. 250), uma vez que não é 
incolumidade pública. 
Crime: art. 132. 
Tipo misto alternativo: sujeito ativo pratica mais de um verbo descrito no tipo penal, 
mas o crime é um só. 
Ex.: Pessoa vende drogas e mantém guardadas drogas. Pratica um só crime, ainda que 
pratique vários verbos de um mesmo tipo penal. 
Tipo misto cumulativo: sujeito ativo comete várias condutas, ainda que sejam 
definidas em um único artigo. Ex. art. 242. 
Dar parto alheio como próprio + registrar filho de outrem como seu. 
Caso: Empregada recebe um xingamento vexatório da patroa. Ela, por vingança, 
esconde anel de brilhantes da patroa em um livro. Cinco anos depois, a patroa acha o 
anel escondido em um exemplar. Não é crime, conduta atípica. Mas se quisesse punir 
a empregada poderia se valer do Constrangimento ilegal (art. 146). 
 
SUJEITO ATIVO: 
 
Pessoa que pratica ação descrita pelo verbo do tipo. Não se confunde com autor. Um 
adolescente, deficiente mental pode ser sujeito ativo, mas não autor. 
Autor é aquele que pratica conduta típica, ilícita e culpável. 
 
Crimes próprios: sujeito ativo específico. Apenas determinadas pessoas com 
características peculiares podem cometer o crime. Médico, funcionário público. 
 
Crimes de mão própria: exigem atuação direta e pessoal. Deserção. 
 
Tipos plurissubjetivos: exige na configuração típica a existência de mais de um sujeito 
ativo. Crime de quadrilha ou bando. 
 
O sujeito ativo é, em regra, pessoa física. A responsabilidade penal da pessoa jurídica 
se restringe aos crimes ambientais. 
 
AULA 04: 28/09/12 
 
SUJEITO PASSIVO: 
 
É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado de lesão. 
Pode ser pessoa física, jurídica, Estado, e, para alguns, a sociedade enquanto ente 
despersonalizado. 
 
Muitos vão usar o termo vítima como sinônimo de sujeito passivo. 
 
No peculato, por exemplo, o sujeito passivo é o Estado. 
Art. 209. Impedir ou perturbar enterro: sujeito passivo é a sociedade (ente 
despersonalizado). 
Difamar Nestlé: sujeito passivo: pessoa jurídica. 
 
A vítima nem sempre é o sujeito passivo. Vítima é um conceito muito amplo, que não 
pertence ao Direito Penal, mas à Criminologia. 
O estudo da Criminologia atinge vários ramos do saber. 
 
A expressão vítima tem forte apelo criminológico e emocional. 
Tecnicamente, não é correto utilizar o termo vítima no Direito Penal. 
Crime de concussão: art. 316. Sujeito ativo: funcionário público. Sujeito passivo: 
Estado. 
 
O cidadão é uma espécie de sujeito passivo mediato. Quem é diretamente prejudicado 
pela conduta é o Estado (ele é o titular do bem jurídico ofendido). 
 
Com a mera exigência de vantagem o crime já se consuma. O recebimento da 
vantagem leva ao exaurimento do crime. 
 
Crime se consuma quando se perfaz nele todos os elementos do tipo. Se nem todos 
elementos se encontram, apenas alguns, configura-se a tentativa de crime. 
 
O exaurimento vem depois da consumação: indício probatório mais forte do 
cometimento do crime. 
 
Crime de tráfico de drogas: bem jurídico ofendido: saúde pública. Sujeito passivo: 
sociedade enquanto ente despersonalizado. 
 
OBJETO MATERIAL: 
 
Objeto material é diferente de objeto jurídico. 
Objeto jurídico é o mesmo que bem jurídico. 
 
Objeto material: a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a ação descrita no verbo típico. 
São as coisas tangíveis, sensíveis. 
Ex.: Homicídio: sujeito passivo e objeto material se confundem. 
Furto: objeto material: coisa móvel. Sujeito passivo: proprietário da coisa. 
 
Nem todo tipo penal tem objeto material. Todos têm verbo, sujeito ativo e passivo, 
mas não objeto material. O conceito de objeto material não abarca coisas incorpóreas. 
 
Ex.: Injuriar alguém. Não há objeto material: a ação recai sobre a estrutura psíquica da 
pessoa (muito incorpóreo). 
 
Caso: 
 
Fato anterior à Lei dos crimes ambientais. 
 
Empresa X começou a jogar desejos industriais poluentes em rio da cidade A, acima do 
permitido. A água do rio ficou muito poluída pelo polo industrial e prejudicou a 
população da cidade. 
 
Bem jurídico: incolumidade pública. Sujeito passivo: sociedade 
Art. 271 do CP. 
Objeto material: água potável. 
 
A defesa alegou que a água do rio não era potável naturalmente, apenas após 
tratamento. Assim, a empresa foi absolvida. 
 
Falsidade documental: falsificar documento público. O objeto material é o documento 
público. 
 
ELEMENTOS DESCRITIVOS: 
 
Exprimem juízos de realidade, isto é, são fenômenos ou coisas apreensíveis 
diretamente pelo intérprete (matar, coisa, filho, mulher). 
 
Elementos que não exigem valoração: intuitivamente percebidos. Só a descrição já 
revela a sua significação. 
 
Ex. Furto: Coisa seria elemento descritivo. 
 
Esses elementos não são muito importantes. 
 
ELEMENTOS NORMATIVOS: 
 
Constituídos por termos ou expressões que só adquirem sentido quando completados 
por um juízo de valor, preexistente em outras normas jurídicas ou ético-sociais 
(funcionário público, mulher honesta) ou emitidos pelo próprio intérprete (dignidade, 
decoro, reputação). 
 
Elementos que exigem especial valoração por parte do intérprete. 
São os elementos de conteúdo jurídico, estimativo ou cultural. 
 
Ex. Conceito de cheque é jurídico. Cheque é o elemento normativo do tipo. 
Cheque é uma ordem de pagamento a vista. 
 
Sonegar tributo. Tributo é um conceito jurídico; é elemento normativo do tipo. 
 
Bigamia. Para se analisar se houve cometimento de crime de bigamia, necessita-se do 
conceito de casamento dado pela lei civil. Casamento é conceito jurídico. 
 
Apropriar-se funcionário público. Funcionário público é conceito jurídico, elemento 
normativo. O CP dá um conceito de funcionário público. 
 
Clonagem. Termo biológico. É também um elemento normativo. 
 
Conteúdo estimativo: juízo de probabilidade, cálculo, aproximação. Comum nos crimes 
de perigo. 
 
Ex. Embriagar-se no volante. Avalia-se, baseado na experiência, que provavelmente 
vou causar um acidente de trânsito. 
 
Perigo de contágio de moléstia venérea. Se indivíduo usa camisinha e eventualmente o 
parceiro sexual se contagia, isso foi além da probabilidade, já que o portador da 
doença tomou toda cautela possível. 
 
Valoração cultural: oriunda da cultura, da comunidade, daquele tempo específico de 
vivência. Varia no tempo e no espaço. 
 
Ex. Conceito de mulher honesta. Exemplo clássico de elemento normativo cultural. 
Esse conceito variou no decorrer da história brasileira. Mas esse conceito não existe 
mais em Direito Penal (foi revogado o dispositivo). 
 
Conceito de ato obsceno. Elemento normativo cultural. 
Art. 233. 
 
AULA 03/10/12 
 
ELEMENTOS SUBJETIVOS: 
Os elementos subjetivos são assim chamados para fins didáticos e dizem respeito ao 
tipo subjetivo, em contraposição ao tipo objetivo. 
O tipo subjetivo se divide em dolo (implica em vontade e conhecimento) e culpa 
(inobservância do dever de cuidado objetivo). 
Ao lado do dolo, há os elementos subjetivos do injusto ou especial fim de agir. 
Escalonamento do elemento subjetivo: 
Culpa inconsciente: agente não prevê o resultado por descuido ou desinteresse. O 
resultado é previsível pela perspicácia comum. Note que se o resultado fosse 
imprevisível ter-se-ia caso fortuito ou força maior. Grau mínimo de imputação penal. 
Ex.: atrás da bola vem a criança. Cuidado ao dirigir perto de escola. 
Culpa consciente: agente prevê a ocorrência do resultado, mas não aceita, 
levianamente, a ocorrência do mesmo, confia convictamente e sinceramente que ele 
não ocorrerá. Censurabilidade maior que da culpa inconsciente. 
Dolo eventual: agente não deseja o resultado, mas é indiferente à sua ocorrência. 
Agente prevê e anui ao advento do resultado, assumindo o risco de produzi-lo. Haja o 
que houver, aconteça o que acontecer,não me deterei. 
Dolo direto: o querer e conhecer realizar o tipo objetivo, isto é, agente tem vontade 
de realizar o tipo e tem conhecimento do que realiza. É o grau máximo de imputação. 
CIRCUNSTÂNCIAS OBJETIVAS E SUBJETIVAS: 
Essas circunstâncias podem integrar o tipo básico, qualifica-lo ou privilegiado. 
Dependendo do meio, poderá se configurar qualificadora ou privilégio. O tipo 
privilegiado é o oposto do qualificado. 
Circunstâncias objetivas: 
(1) Meio: instrumentos usados no cometimento do crime. 
(2) Modo: como o crime é praticado. 
(3) Tempo: quando o crime é praticado. Ex. Crime praticado durante repouso noturno. 
(4) Lugar: onde se deu o cometimento do crime. Ex. Abandono em lugar ermo. Art. 
133. 
Tipo qualificado ≠ causa de aumento. 
Tipo qualificado aumenta o mínimo e máximo da pena cominada. Ele altera a 
cominação penal. Ex. Homicídio qualificado, 12 a 30 anos. Homicídio simples, 6 a 20 
anos. Já as causas de aumento não alteram o tipo; elas incidem na tarefa de aplicação 
da pena, na dosimetria penal. 
Circunstâncias subjetivas: integram a orientação da conduta do agente. Presentes na 
psique do sujeito. 
Nem todo tipo penal tem circunstâncias subjetivas previstas. 
Motivo 
Ex. Motivo de relevante valor social ou moral. 
Estado de ânimo do agente 
Ex. Atenuante Art. 65 - Agente tomado de violenta emoção. 
 
CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO: 
Conhecidos erroneamente como crimes preterdolosos. Crimes qualificados pelo 
resultado é o gênero e preterdoloso é uma das espécies. 
 
(1) Crimes preterdoloso: Dolo no antecedente e culpa no consequente. 
Agente alcança resultado além do que desejava. A ação inicia dolosamente e termina 
culposamente (resultado efetivamente produzido está fora da abrangência do dolo). 
 
Ex. Desejo lesionar e ao pratica-lo causo morte. 
 
(2) Dolo no antecedente e dolo no consequente. 
 
Ex. Roubo qualificado pela morte. Quero roubar e dou tiro na cabeça da vítima. 
 
(3) Culpa no antecedente e dolo no consequente. 
 
(4) Culpa no antecedente e culpa no consequente. 
 
 
CONCURSO APARENTE DE NORMAS: 
 
Uma única conduta se subsumi a mais de um tipo penal. Por um raciocínio 
interpretativo excludente, configurar-se-á aquela conduta em um único tipo. 
 
Tarefa de interpretação. 
 
Conceitos: 
 
(1) Quando ao mesmo fato podem ser aplicados diversos preceitos penais que são 
excludentes entre si. 
 
(2) Quando a uma mesma ação são aplicados dois ou mais preceitos penais que se 
excluem entre si reciprocamente. 
 
Serão excluídos entre si pela tarefa da interpretação. 
 
Nes bis in idem: não posso valorar uma mesma conduta duas vezes. 
 
Concurso aparente de normas é contrário do concurso formal e do material. 
 
Ocorre quando há única conduta com a possibilidade de incidência de vários tipos 
penais, todavia, a aplicação de qualquer um deles exclui a dos demais. 
 
Concurso material: uma única conduta gera diversos resultados. Art. 69 
Concurso formal: uma única conduta gera a prática de diversos crimes. Art. 70. 
 Concurso formal próprio: unidade de ação e de elemento subjetivo 
 (exacerbação da pena). 
 Concurso formal impróprio: unidade de ação e desígnios autônomos 
 (cumulativamente). 
 
Muitas vezes a doutrina opta por não adotar o concurso aparente de normas (opção 
política). 
 
AULA 05/10/12: 
 
Princípios de orientação para a aplicação do Concurso Aparente de Normas: 
 
Princípio da especialidade: se há um tipo penal mais amplo, genérico e outro mais 
específico, aplica-se o tipo mais específico. 
 
Isso acontece muitas vezes quando se coloca Código Penal x Legislação extravagante. 
 
Ex. Homicídio x Infanticídio. Mulher mata filho após parto, tomada por estado 
depressivo. Trata-se de um homicídio, mas nossa legislação prevê um tipo mais 
específico que esse. 
 
Princípio da subsidiariedade: Quando não se encontra crime, apela-se para tipos 
penais mais amplos, com menor reprovação. Quando há a expressão “se o fato não 
constituir crime mais grave..” há o princípio da subsidiariedade. 
Indicativos de aplicação do princípio da subsidiariedade: (1) abertura dos tipos penais. 
 
Ex. Ameaça; constrangimento ilegal; crimes de perigo. 
 
Princípio da consunção ou da absorção: Um crime vai absorver os elementos de um 
crime menos grave. Crime meio para crime fim. 
 
Ex. Invasão de domicílio para furto. A violação de domicílio é absorvida pelo crime de 
furto, configurando-se furto qualificado. 
 
Declaração de imposto de renda falsa. Falsidade ideológica para sonegação tributária. 
Agente responderá pelo crime de sonegação tributária, pois falsificação ideológica é o 
crime meio para o crime fim de sonegação tributária. 
 
TITULO I: DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 
 
 
CAPÍTULO I: DOS CRIMES CONTRA A VIDA 
 
(1) Bem jurídico tutelado: VIDA. 
 
O conceito de pessoa humana é de natureza jurídica e perpassa a ideia de dignidade 
humana. 
A vida está submetida ao tempo, a dor, ao esquecimento. 
Dignidade da vida. 
Art. 5º, caput da CF/88. 
A vida é um bem jurídico indisponível e irrenunciável. 
O Direito Penal protege a vida desde o momento da concepção até a sua extinção. 
 
Os crimes conta a vida podem ser divididos em dois grandes grupos: 
(1) Crimes de dano: homicídio, participação em suicídio, infanticídio e aborto (são, em 
regra, de competência do Tribunal do Júri – art. 5º, XXXVIII, d – CF). 
(2) Crimes de perigo: cap. III do título I (crimes de periclitação da vida e da saúde): são 
aqueles que colocam em perigo a vida de pessoa determinada. Se for de número 
indeterminado de pessoas, tratar-se-á de crimes contra a incolumidade pública. 
 
(2) Noções breves sobre os limites entre a vida e a morte. 
 
Início da vida: na concepção, no nascimento com vida? Nascimento com vida envolve 
atividade cerebral? Um anencéfalo tem vida? 
Quando há a morte? Qual último sopro de vida? 
A questão do homicídio parece muito clara a primeira vista, mas se torna nebulosa 
quando se vê diante dessas questões. 
Vida biológica é entendida como existência do mínimo de atividades funcionais 
necessárias à sobrevivência. Nota-se que o DP protege a vida, mesmo que não seja 
vital. 
 
(3) Dos tipos penais em espécie. 
 
HOMICÍDIO - ART. 121. 
 
Matar alguém: Pena – reclusão, de 06 a 20 anos. 
 
(1) CONCEITO JURÍDICO. 
 
É a definição mais sucinta do Código Penal. O homicídio é a grande proibição, o 
crime primordial. Crime de ação múltipla: pode ser cometido de várias formas. A 
forma de execução é, portanto, variado. O núcleo do homicídio é, na verdade, o 
dolo, a intenção última de matar alguém. 
Há outras figuras delituosas que protegem o bem jurídico vida, mas não passam 
de extensões ou particularidades da figura do homicídio. 
A diferença entre o homicídio simples e qualificado é, muitas vezes, dada pela 
forma de execução. Serão as circunstâncias concretas do caso que determinarão a 
adequada tipificação em uma das três modalidades de homicídio (simples, 
privilegiado e qualificado). 
 
(2) SUJEITO ATIVO E PASSIVO: 
 
 Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O crime de homicídio configura-se 
 enquanto crime comum, portanto, não requer qualquer condição especial para 
 seu cometimento. 
 
 Sujeito passivo pode ser qualquer ser humano nascido com vida. 
 Sujeito passivo especial: Presidente, Senador, Deputado, etc.: crime contra a 
 segurança nacional, art. 29 da Lei n. 7170/83. 
 
(3) TIPO OBJETIVO E SUBJETIVO: ADEQUAÇÃO TÍPICA: 
 
 Tipo básico: Matar (verbo) alguém (objeto). 
 O tipo básico do homicídio não inclui qualquer espécie de circunstância ou 
 condição de ação do agente. 
 
 OBS: Cadáver não é alguém. Crime impossível – art. 17 do CP. 
 
 Homicídio é um crime material, vez que, para a sua consumação, é 
 indispensável que o resultado ocorra. 
 
 A ausência de resultado pode configurartentativa. 
 
 Tipo subjetivo: DOLO. 
 Dolo é o elemento subjetivo da estrutura do tipo penal. São duas espécies: 
 dolo direto e eventual. 
 
 Em todo caso, o dolo aqui é de dano no bem jurídico vida. 
 
 O crime de homicídio admite a modalidade culposa. 
 
(4) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
 O crime de homicídio se consuma com a morte do sujeito passivo. Dá-se a 
 consumação quando estão presentes todos os termos do tipo penal. 
 
 Art. 14, II CP: Tentativa. Trata-se da realização incompleta do tipo penal. O 
 movimento criminoso se interrompe em uma das fases da execução. 
 
 A diferença entre o crime consumado e tentado reside, portanto, no resultado 
 final. Nota-se que, na tentativa, o agente também age dolosamente. 
 
 Os atos preparatórios são penalmente irrelevantes e não integram o conceito 
 de tentativa. O início da execução se dá com o início da realização do tipo (isto 
 é, da conduta núcleo do tipo). 
 Se a execução do crime é interrompida pela própria vontade do agente, pode-
 se ter: (1) desistência voluntária – interrupção da execução ou (2) 
 arrependimento eficaz – impedir a produção do resultado. Se a execução é 
 interrompida por circunstâncias alheias à vontade do agente, tem-se a 
 tentativa. 
 
(5) PSICOPATIA E TRANSTORNOS OUTROS. 
 
Psicopatia é explicada, muitas vezes, como transtorno de personalidade 
 antissocial. 
 
AULA 10/10: 
 
(6) CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA. 
 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social 
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 
Essas circunstâncias elencadas minoram a sanção aplicável ao homicídio. Não 
se trata de elementares típicas, mas de causas de diminuição de pena, que não 
interferem na estrutura da descrição típica (homicídio com pena 
especialmente atenuada). 
 
Motivo de relevante valor social ou moral. 
 
Essa causa de diminuição se relaciona com os motivos determinantes do crime. 
 
Motivo de relevante social é aquele que tem motivação e interesse coletivos, 
 ou seja, a motivação fundamenta-se no interesse de todos os cidadãos de 
 determinada coletividade. 
 
Age impelido por motivo de relevante valor social quem mata sob pressão de 
 sentimentos nobres, como amor paterno ou filial. 
 
Será motivo de relevante valor moral aquele que é aprovado pela ordem 
 moral, como a compaixão ou piedade ante o sofrimento irremediável da 
 vítima. 
 
Ex. Mato meu filho que sofreu acidente e ficou tetraplégico, está sofrendo e 
pediu para morrer. 
 
Eutanásia: auxílio piedoso para que alguém que esteja sofrendo encontre a 
morte desejada. 
 
Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima. 
 
Esta modalidade é de cunho emocional. 
Se o agente age sob a influência de violenta emoção, configura-se mera 
atenuante (art. 65, c). Já no caso de domínio de violenta emoção, caracteriza-
se causa de diminuição de pena. A distinção reside na intensidade da emoção e 
na imediatidade da reação. Em qualquer hipótese tem de ter sido originada 
por comportamento injusto da vítima contra o sujeito ativo. 
 
A intensidade da emoção deve ser de tal ordem que o sujeito seja dominado 
por ela, agindo sob o ímpeto do choque emocional. 
 
Na causa de diminuição, a reação à injusta provocação tem de ser imediata, 
em curto lapso temporal. 
 
Não é possível concurso entre privilegiadoras (são sempre subjetivas) com 
qualificadoras subjetivas por própria incompatibilidade. 
 
(7) HOMICÍDIO QUALIFICADO. 
 
 O homicídio qualificado acrescenta ao homicídio simples maior desvalor da 
 ação, representado por determinadas circunstâncias que determinam sua 
 maior reprovabilidade. 
 
 Com a Lei n. 8072/90, o homicídio qualificado é definido como crime 
 hediondo. 
 
 As qualificadoras podem ser: 
 (a) motivos – incisos I, II. 
 (b) meios – inciso III. 
 (c) modos – inciso IV. 
 (d) fins – inciso V. 
 
 Hipóteses. 
 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II – por motivo fútil; 
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime: 
Pena – reclusão, de 12 a 30 anos. 
 
Motivos qualificadores: 
 
Mediante paga ou promessa de recompensa. 
 
Crime mercenário. Na paga, o agente recebe previamente a recompensa pelo 
 crime, ao passo que na promessa de recompensa há somente expectativa de 
 paga. Respondem pelo crime qualificado o que praticou a conduta e o que 
 pagou ou prometeu recompensa. 
 
Motivo torpe. 
 
Motivo torpe é aquele repugnante, vil, ignóbil, abjeto, desprezível, que causa 
nojo e asco na maioria das pessoas. Ex. Homicídio mediante paga. 
 
A vingança, por si, isoladamente, não é motivo torpe. 
 
Os motivos que qualificam o crime de homicídio, na hipótese de concurso de 
pessoas, são incomunicáveis, pois a motivação é individual. 
 
O contexto fático que vai determinar se houve ou não motivo fútil, torpe. 
Trata-se de uma valoração feita caso a caso. 
 
Motivo fútil. 
 
A doutrina tradicional considera que o ciúme não é motivo fútil. 
 
Motivo fútil é aquele insignificante, banal, desproporcional à reação criminosa. 
Aquele que não leva a maioria das pessoas a cometer crime. Ex. Homicídio 
pelo prazer de matar. 
 
O motivo fútil não deve ser confundido com a ausência de motivo. A ausência 
de motivação não qualifica o homicídio, devido ao princípio da reserva legal. 
 
AULA 24/10/12: 
 
Meios qualificadores: 
 
Emprego de veneno. 
 
“O cavalo amarelo” – Agatha Christie. 
 
A utilização de veneno é meio insidioso e só qualifica o crime se for feita 
 dissimuladamente. 
 
Veneno é toda substância química ou biológica que ao ser introduzida no 
 organismo pode produzir lesões ou causar a morte. 
 
Ministrar açúcar para pessoa diabética é um modo de envenená-la. 
 
Em caso de emprego de veneno para causar menos dor a alguém que vai 
morrer (maneira mais suave). Aqui há uma qualificadora objetiva de emprego 
de veneno (meio) com motivo de relevante valor social. Poderia argumentar o 
afastamento da qualificadora de emprego de veneno, vez que não se usou 
esse meio de modo cruel. 
Nada impede ter uma qualificadora objetiva (meios) e uma subjetiva (motivos). 
Pode ser homicídio duplamente qualificado (motivo torpe + emprego de 
veneno). 
 
Uso de fogo ou explosivo: 
 
Fogo e explosivo podem constituir meio cruel ou meio de que pode resultar 
perigo comum, conforme as circunstâncias. 
 
Caso em que atearam fogo ao Índio Patachó mendigo. 
Primeira polêmica: competência da Justiça Federal (art. 109 da CF/88) ou da 
Justiça comum estadual (DF). 
Universitários jogaram combustível no corpo do mendigo e o levaram a morte. 
Caso clássico de homicídio doloso qualificado, de dolo eventual. 
Uso do fogo é um dos meios mais cruéis. 
 
Uso de fogo ou explosivo pode resultar em perigo comum. 
Ex. Quero matar uma pessoa e coloco fogo no prédio. 
Homicídio qualificado das pessoas que morreram + lesão corporal dos demais. 
O dolo era de matar e não de incendiar. Trata-se de concurso formal (uma 
única ação dando causa a diversos resultados) com desígnios autônomos. 
Art. 70 (2ª parte). Somam-se todas as penas. A pena somada (e não a 
unificada) que é usada para o cálculo de benefícios como progressão de 
regime. Nesse caso, provavelmente não haveria progressão de regime. 
 
 Asfixia: 
 
 Asfixia é o impedimento da função respiratória; a morteresulta da falta de 
 oxigênio. Meio muito cruel, usado geralmente por homem, pois gasta muita 
 força física. 
 Uso das próprias mãos ou corda, fita (asfixia mecânica) ou uso de gás asfixiante 
 (asfixia tóxica). 
 Geralmente, relacionado a crimes passionais ou de conteúdo sexual. 
 
Tortura: 
 
Pode ser meio para cometimento do homicídio, a fim de causar grave 
sofrimento físico, mental e/ou psíquico. Nesse caso, verifica-se se há o dolo de 
matar, para, assim, se configurar homicídio qualificado pela tortura. 
 
A tortura é esse grave sofrimento físico, mental e/ou psíquico. Geralmente, a 
tortura não deixa marcas. 
 
Pode haver também cometimento do crime de tortura em si, regido pela Lei de 
tortura. Nesse caso, a tortura é um crime autônomo. Estudaremos depois. 
Existe, inclusive, tortura seguida de morte. O dolo era de torturar, mas ela 
acaba morrendo. Logo, se o resultado morte for preterdoloso, se está diante 
da figura capitulada na Lei n. 9.455/97. 
Contudo, se durante a tortura, o sujeito ativo resolve matar a vítima, há dois 
crimes em concurso material: tortura e homicídio. 
 
Outro meio insidioso ou cruel: 
 
O rol do artigo é exemplificativo e não taxativo. Outra hipótese não se trataria 
de analogia, mas de interpretação extensiva. 
 
O Código utiliza uma fórmula casuística inicial, exemplificando meio insidioso 
(emprego de veneno), meio cruel (fogo, tortura) ou meio de que pode resultar 
perigo comum (fogo, explosivo), e complementa com uma fórmula genérica. 
 
Meio insidioso é aquele utilizado com estratagema, perfídia, recurso 
dissimulado. 
 
Meio cruel é a forma brutal de perpetrar o crime, revela sadismo, pois 
aumenta inutilmente o sofrimento da vítima. 
 
A crueldade realizada após a morte não qualifica o crime. 
 
Distinção entre qualificadoras do homicídio que resulta em perigo comum e 
crimes de perigo comum. Será qualificadora se a finalidade do agente é a 
morte da vítima e não o perigo comum (a diferença está no elemento 
subjetivo). 
 
Meio de que possa resultar perigo comum é aquele que pode atingir número 
indefinido ou indeterminado de pessoas. 
 
Modos qualificadores: 
 
Traição, emboscada ou dissimulação. 
 
Modo de cometimento do crime é insidioso, envolvendo o engano, a surpresa, 
a dissimulação. 
 
Traição envolve ocultação moral (violação da confiança da vítima) ou física. Ex. 
tiro pelas costas. 
 
Emboscada é a tocaia, quando agente se esconde para surpreender a vítima. 
Crime premeditado. 
 
Dissimulação é a ocultação da intenção hostil, do projeto criminoso. 
 
Recurso que torne difícil ou impossível a defesa do ofendido. 
 
Em todo crime, há isso, senão não haveria a morte. Não se pode interpretar 
essa qualificadora de modo aberto, genérico e vago, mas sim de modo estrito 
(esse outro meio tem de ter a mesma natureza daqueles elencados). 
Assim, esse outro recurso que dificulta ou impossibilita a defesa do ofendido 
somente poderá ser hipótese análoga à traição, emboscada ou dissimulação, 
do qual são exemplificativas. 
 
Fins qualificadores: 
 
Assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime. 
 
Comete homicídio com o fim de assegurar a execução de outro crime. 
Ex. Estuprador que para assegurar o estupro mata o pai da vítima. Para 
sequestrar alguém, mato guarda-costas. 
 
Ocultação ou impunidade é destruir a prova de outro crime. 
Ex. Cometi peculato e alguém viu, mato a testemunha. 
 
Assegurar vantagem de outro crime é garantir êxito do crime. 
Se o crime-fim também for praticado, haverá concurso material dos crimes. 
 
Lei dos crimes hediondos. Lei nº 8072/90. 
 
Todos esses crimes de homicídio qualificado entram na Lei de crimes 
hediondos. 
Rol taxativo de crimes hediondos, definidos no art. 1º da Lei. 
Crimes militares não estão incluídos, só crimes comuns. Se militar mata 
cidadão comum, é crime comum; se mata outro militar, é julgado pela Justiça 
militar. 
 
 Art. 1º: São considerados crimes hediondos, consumados ou tentados: 
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo 
de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V). 
 
Quando o homicídio simples é cometido em atividade típica de grupo de 
 extermínio, mesmo por um único executor, é definido como crime hediondo. 
 
Extermínio é uma chacina generalizada que elimina a vítima pelo simples fato 
 de pertencer a determinado grupo, classe social ou racial. A impessoalidade da 
 ação é uma das suas características fundamentais, sendo irrelevante a unidade 
 ou pluralidade de vítimas. 
 
 (8) OBSERVAÇÕES SOBRE A LEI DA TORTURA. Lei. nº 9.455/97. 
 
 Art. 1º: Constitui-se crime de tortura: 
 
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental. 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da 
vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
emprego de violência ou grave ameaça, à intenso sofrimento físico ou 
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter 
preventivo. 
Pena – reclusão, de dois a oito anos. 
 
Tortura muitas vezes foi usada como forma de obtenção da verdade (confissão 
de crimes: método policial e judicial). 
 Inquisição x tortura. 
A partir do séc. XVIII, a tortura começa a ser proibida em diversas legislações. 
Nem por isso há a abolição. 
Divisão da tortura entre: tortura policial, tortura política e tortura aceitável. 
Após 11 de setembro, há o surgimento dessa doutrina da tortura aceitável, 
modalidade usada em terroristas. 
Brasil tem longa tradição de uso da tortura política, sobretudo nos períodos 
autoritários. 
Tortura política foi mais grave no Estado Novo e no Regime militar. 
A tortura policial sempre aconteceu na nossa história de uma forma ou de 
outra (afogamento, choques elétricos, etc.). 
Lei de tortura veio como fruto de pressões internacionais, por isso, foi 
malfeita, vez que não corresponde à realidade brasileira. 
 
AULA 31/10/12 
 
§ 3º da Lei: 
 
Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de 
reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a 
dezesseis anos. 
 
Determinação de lesão corporal grave ou gravíssima se dá no art. 129 do CP. 
 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1o Se resulta: 
I – incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II – perigo de vida; 
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV – aceleração de parto: 
Pena – reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2o Se resulta: (lesão corporal de natureza gravíssima). 
I – incapacidade permanente para o trabalho; 
II – enfermidade incurável; 
III – perda ou inutilização de membro, sentido ou função; 
IV – deformidade permanente; 
V – aborto: 
Pena – reclusão, de dois a oito anos. 
 
Observa-se a diferença. Pode-se ter um homicídio qualificado mediante tortura 
ou crime de tortura seguido de morte – qualificada pelo resultado morte 
(objetivo era torturar e vítima morre). Ou ainda crime de tortura qualificado 
pelo resultado lesão corporal. Há ainda a possibilidade de concurso formal 
entre crime de tortura e homicídio qualificado para assegurar ocultação de 
outro crime (ex. torturo alguém, depois, temendo que me denuncie, mato-a). 
 
Casos de aumento de pena: 
 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I – se o crime é cometido por agente público; 
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de 
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III – se o crime é cometido mediante sequestro. Nota-se que depende 
do dolo do agente para se determinar se haverá concurso formal entretortura e crime de sequestro ou se se tratará de crime de tortura cujo 
meio foi o sequestro. 
 
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego 
público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena 
aplicada. Efeito automático da condenação. 
 
Houve questionamento sobre a possibilidade da perda automática do posto 
militar, em virtude de uma garantia prevista na Constituição (art. 125), mas a 
questão já está pacificada. 
 
(9) HOMICÍDIO CULPOSO. 
 
Excepcionalidade do crime culposo. 
 
 Art. 18, § único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser 
 punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
 
Quando o sujeito pratica fato culposamente e a figura típica não admite a forma 
culposa, não há crime. 
 
§ 3o Se o homicídio é culposo: 
Pena – detenção, de 1 a 3 anos. 
 
Não há um conceito de homicídio culposo, os tipos culposos são tipos abertos e 
quem irá estabelecê-lo é o intérprete. Só há um conceito de crime culposo. 
 
Art. 18. Diz-se crime: 
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia. 
 
Todo crime culposo é um crime de resultado naturalístico. O resultado integra o 
próprio tipo penal do crime culposo. A pessoa é punida pela forma como atuou, o 
juízo de reprovação recai sobre sua conduta, que vai dar causa ao resultado 
lesivo. É indispensável que o resultado seja consequência da inobservância do 
cuidado devido. 
 
A estrutura típica do crime culposo é diversa da do crime doloso. Neste, pune-se a 
conduta dirigida a um fim ilícito, naquele a conduta mal dirigida. 
 
A negligência é a forma básica de cometimento de crime culposo (omissão de 
dever de cuidado que se deveria tomar no caso concreto). 
 
Há três modalidades da culpa: negligência, imprudência e imperícia. 
 
Imperícia: despreparo ou insuficiência de conhecimentos técnicos para o exercício 
de arte, profissão ou ofício. Não se confunde com o erro profissional, que consiste 
em acidente escusável e, em regra, imprevisível. 
 
Imprudência: o agente age de maneira descuidada, atabalhoadamente. Prática de 
conduta arriscada ou perigosa. Insensatez ou imoderação do agente. 
 
Negligência: omissão de dever de cuidado. Displicência no agir. Não adoção das 
cautelas necessárias. 
 
O cuidado configurador da culpa deve ser de natureza objetiva; analisa-se se o 
agente agiu com cuidado necessário e normalmente exigível. 
 
Se o homicídio culposo decorrer de crime de trânsito, não se aplica a previsão do 
Código Penal, mas a do Código de Trânsito. 
 
Se na direção de veículo automotor se dá causa a morte culposa de outrem, a 
disciplina está no CTB. Art. 302. Pena de 2 a 4 anos (maior que a do homicídio 
culposo regra geral do Código Penal). 
 
No Código Penal, o homicídio culposo recebe sanção de 1 a 3 anos e a lesão 
corporal culposa de 2 meses a 1 ano, ao passo que no CTB essas sanções são, 
respectivamente, de 2 a 4 anos e de 6 meses a 2 anos. 
 
Essa exarcebação da punição se justifica não por um maior desvalor do resultado, 
obviamente, mas sim por um maior desvalor da ação descuidada praticada no 
trânsito, quer pelo modo, forma ou meio de executa-la. 
 
(10) CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: 
 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta 
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente 
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as 
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo 
doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço se o crime é praticado 
contra pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos (pessoas 
vulneráveis). 
 
Esse dispositivo prevê majorantes diferenciadas para o homicídio culposo e 
doloso. 
 
Na primeira parte, preveem-se quatro modalidades de circunstâncias que 
determinam a majoração da pena cominada ao homicídio culposo. 
 
Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. 
 
Nessa causa de aumento, o agente conhece a regra técnica, mas não a 
observa; há displicência a respeito da regra técnica, o que gera uma maior 
reprovabilidade da conduta. Essa majorante não se confunde com a imperícia, 
segundo Bitencourt, aplicando-se em qualquer modalidade de culpa. Daniela 
parece discordar e crer que essa majorante pode ser aplicada apenas no caso 
de imperícia. 
 
Omissão de socorro à vítima. 
 
Aqui, a omissão de socorro não constitui crime autônomo (art. 135). 
Obviamente a presença de risco pessoal afasta esta majorante (inexigibilidade 
de conduta diversa). 
 
Não procurar diminuir as consequências do comportamento. 
 
Especificação da omissão de socorro. Essa previsão tem certa conotação de 
arrependimento posterior. 
 
Fuga para evitar prisão em flagrante. 
 
Acaba por se confundir também com a omissão de socorro. Note que apenas 
uma majoração pode ser aplicada. 
 
A segunda parte do § 4º disciplina uma causa de aumento de homicídio doloso. 
 
Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos. 
 
Trata-se de uma causa de aumento de natureza objetiva e de aplicação 
obrigatória. Considera-se a menoridade na data da prática da ação delituosa. 
Essa previsão foi incluída pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, visando, 
sobretudo, a ação dos grupos de extermínio. 
 
É indispensável que o sujeito ativo tenha consciência da menoridade ou da 
condição de idoso do sujeito passivo para a aplicação da causa de aumento. 
 
(11) PERDÃO JUDICIAL: 
 
 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, 
 se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave 
 que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
 Em razão das gravosas consequências que atingem o agente, pode-se conceder 
 perdão judicial. 
 
(12) MILÍCIAS E ATIVIDADES SIMILARES. LEI 12.720, DE 27 DE SETEMBRO DE 
 2012. 
 
 Essa lei inseriu o § 6º ao art. 121 e também o art. 288 A. 
 
 § 6º: A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for 
 praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 
 segurança, ou por grupo de extermínio.” 
 
 Causa de aumento de pena no homicídio (de 1/3 a 1/2) se a atividade é 
 praticada por milícias ou grupo de extermínio. Homicídio praticado por grupo 
 de extermínio é crime hediondo, já o praticado por milícias não. 
 
 Nota-se que tem de ser crime cometido a partir da data de vigor da referida 
 Lei. A lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. 
 
 Art. 288 A: Constituição de milícia privada 
 Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, 
 milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer 
 dos crimes previstos neste Código: Pena - reclusão, de quatro a oito anos. 
 
(12) LEI DOS TRANSPLANTES. Nº 9.434/1997. 
 
Princípio da gratuidade: só pode haver doação de transplantes, não se pode 
cobrar por órgãos, seja entre morto e vivo ou intervivos. 
Crimes previstos a partir do art. 14 e quase todos são normas penais em branco. 
 
Para Casa: Fazer pesquisa sobre caso Teni Schiavo. 
 
AULA 19/10/12. 
 
Eutanásia e variações (involuntária/voluntária; passiva/ativa). 
 
 INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO – ART. 122. 
 
Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena – reclusão, de 02 a 06 anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 01 a 
03 anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
 
 Induzir é fazer surgir uma ideia até então inexistente. 
 Instigar: a ideia já existe, o agente apenas reforça uma ideia existente, a faz criar 
 forma, insuflar, encorajar, animar, estimular. 
Na prática, não há diferença entre os termos. Ambos são casos de participações 
morais, atos verbais, gestuais. Não há nenhumauxílio efetivo. 
Levar alguém a prática do suicídio; participação é traduzida em termos morais. Já o 
auxílio ao suicídio se traduz em termos materiais (ajudar materialmente). Há uma 
ajuda efetiva através de fornecimento de coisas materiais, como a arma dada, a corda, 
o veneno, etc. 
 
Note-se que se trata de levar ALGUÉM específico a se matar. 
Se um autor publica um livro e este leva diversos jovens a se matar, não se trata de 
induzimento ou instigação ao suicídio, vez que o autor não se voltou a pessoa 
determinada, mas foi genérico. Site na internet de suicídio: dirigido genericamente a 
várias pessoas. 
 
Crime de dano, material, plurissubsistente (execução pode se desdobrar em vários 
atos), crime comum. 
 
(1) BEM JURÍDICO TUTELADO: 
 
 Vida humana. 
 Criminalizar o suicídio em si não faria sentido, do ponto de vista da política 
 criminal. A ausência de tipificação dessa conduta não afasta a sua ilicitude, já 
 que a supressão de um bem jurídico indisponível (vida) caracteriza um ato 
 ilícito (sem culpabilidade). 
 Assim, o legislador brasileiro pune toda e qualquer participação em suicídio, 
 seja moral ou material. Para se falar nesse crime, é indispensável que resulte 
 em morte ou lesão corporal grave (resultado naturalístico). Trata-se de um 
 crime material (resultado integra o próprio tipo penal). 
 
(2) SUJEITO ATIVO E PASSIVO 
 
 Crime comum: sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não requerendo 
 nenhuma condição particular. O sujeito passivo será a pessoa induzida, 
 instigada ou auxiliada. 
 É indispensável que a atividade humana destine-se ao suicídio de pessoa 
 determinada, não se configurando o crime quando visar um número 
 indeterminado de pessoas. 
 
(3) TIPO OBJETIVO E TIPO SUBJETIVO: ADEQUAÇÃO TÍPICA 
 
 Induzir, instigar ou auxiliar. Trata-se de um tipo penal de conteúdo variado; 
 ainda que o agente pratique, cumulativamente, todas as condutas descritas 
 nos verbos nucleares em relação a um sujeito passivo, praticará um crime só. 
 
 Para que haja uma forma de participação moral (induzimento ou instigação) é 
 necessária uma influência decisiva no processo de formação da vontade. O 
 agente tem de ter influência moral na prática do crime, agindo sobre a 
 vontade do autor. 
 Auxiliar é uma assistência física, material. O auxílio pode ocorrer desde a fase 
 da preparação até a fase executória, desde que não haja intervenção nos atos 
 executórios (homicídio). 
 
 Qualquer que seja a forma de participação, é indispensável a presença de 
 eficácia causal e consciência e vontade de participação. 
 
 A prática do crime pode se dar por prestação de auxílio mediante omissão; 
 todavia, o crime só se apresenta, nesse caso, se o agente tiver o dever jurídico 
 de impedir o suicídio, isto é, se tiver papel garantidor. 
 
 O dolo é o elemento subjetivo do tipo e consiste na vontade livre e consciente 
 de provocar a morte da vítima por meio do suicídio. A vontade deve abranger 
 a ação, o resultado e o nexo causal. 
 
 O dolo pode se configurar também na forma eventual. Não há previsão da 
 forma culposa dessa infração penal. 
 
(4) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
 Consuma-se a participação em suicídio com a morte da vítima. A produção de 
 lesões corporais graves não consuma o crime. 
 A doutrina, em geral, afirma que esse tipo penal não admite tentativa. 
 Bitencourt acredita que, pelo fato de o Código Penal determinar punição 
 diferenciada em caso de resultado lesão corporal grave, reconhece a existência 
 da tentativa qualificada do crime. 
 
(5) CAUSAS DE AUMENTO DA PENA: 
 
Parágrafo único. A pena é duplicada: 
I – se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de 
resistência. 
 
Motivo egoístico: razões pessoais. 
 
Especial fim de agir: motivo egoístico. Agente, na busca de vantagem pessoal a 
qualquer preço, participa de suicídio, o que revela alto grau de insensibilidade, 
vez que está disposto a sacrificar a vida humana por interesse próprio. 
 
Ex. Quero uma promoção e auxilio a suicídio pessoa que concorre comigo à 
vaga. 
 
Vítima menor. 
 
Por interpretação sistemática, menor de 18 anos. 
 
Todavia, nota-se que se o menor não apresentar capacidade de discernimento, 
está-se diante de um crime de homicídio, praticado por meio da autoria 
mediata. Nesse sentido, seria maior de 14 anos (e menor de 18). 
 
Diminuída a capacidade de resistência. 
 
Enfermidade, embriaguez, dependência de drogas, senilidade, depressão, fase 
de tristeza na vida da pessoa, de sensibilidade, de sofrimento. 
 
Em caso de ausência completa de capacidade de resistência, está-se diante de 
crime de homicídio e não a mera participação em suicídio (vítima é forçada a 
se suicidar). 
 
(6) SUICÍDIO A DOIS, PACTO DE MORTE E ROLETA RUSSA: 
 
 
AULA 07/11/12: 
 
INFANTICÍDIO – ART. 123. 
 
Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o 
parto ou logo após: Pena – detenção, de 2 a 6 anos. 
 
Espécie de homicídio privilegiado, cujo mínimo e máximo da pena é menor, 
devido a um juízo de menor reprovabilidade. 
 
Crime próprio, material, de dano, doloso, plurissubsistente. 
Não há previsão de qualificadoras, causas de aumento ou diminuição e nem a 
modalidade culposa. 
 
Caso Maria Farrar. 
 
Tudo que se encontra na esfera do risco permitido é lícito. 
Princípio da confiança: acreditar que todos vão agir conforme o permitido. 
 
Comportamento da vítima e sua influência na imputação objetiva. 
 
Princípio da aparência: confiar no que as pessoas aparentam ser, na verdade de 
suas palavras. Na decisão de um caso penal, nos guiamos pelas aparências dos 
fatos. 
 
Pode haver crime de infanticídio por omissão: caso da mulher do livro O 
perfume. 
 
Circunstância objetiva de tempo: durante o parto ou logo após o parto. 
 
Puerpério: estado psíquico-físico comprovado por perícia médica. 
 
Daniela acredita que o estado puerperal pode ser elemento normativo, mas o 
tempo é circunstância objetiva. 
 
Quando falo em tipo qualificado, privilegiado e simples, o enfoque é a pena. 
Quando falo em tipo geral e especializado (Rogério Greco), o enfoque é a 
amplitude da prescrição. 
 
Crime próprio e não de mão própria (demanda uma atuação direta da pessoa). 
 
Comunicação das circunstâncias pessoais em infanticídio não é pacífico na 
doutrina. 
 
Concurso de pessoas: (art. 29) circunstâncias pessoais elementares do crime se 
comunicam, logo, quem pratica com a mãe o infanticídio (pai, médico, 
enfermeiro) comete o mesmo crime de infanticídio. Essa é a teoria majoritária. 
 
Daniela é adepta da seguinte doutrina: uma coisa é a circunstância pessoal, 
outra a personalíssima. Estado puerperal é uma circunstância personalíssima, 
logo, qualquer auxílio a crime de infanticídio deve responder por crime de 
homicídio. Essa é uma posição minoritária na doutrina. 
 
 (1) BEM JURÍDICO TUTELADO: 
 
Vida humana. Protege-se aqui a vida do nascente e do recém-nascido. 
Apresenta duas peculiaridades em relação ao homicídio: em relação aos sujeitos do 
crime e ao aspecto temporal. Neste, somente pode ocorrer o referido crime 
durante o parto ou logo após a sua consumação. 
 
(2) SUJEITO ATIVO E PASSIVO: 
 
Sujeito ativo: somente a mãe pode ser sujeito ativo no crime de infanticídio e desde 
que se encontre sob a influência de estado puerperal. Crime próprio. 
 
O sujeito passivo é o próprio filho, vocábulo que abrange o recém-nascido e o feto 
nascente (que está nascendo – durante parto). 
 
Antes de iniciado o parto, a ocisão do feto é aborto; após seu início, o crime é 
infanticídio, desde que cumpridas as demais condições. 
 
(3) ESTADO PUERPERAL E CIRCUNSTÂNCIA OBJETIVA DE TEMPO: 
 
Ao admitir a influência do estado puerperal, o CP adotou o critério fisiológico.O 
estado puerperal pode determinar a alteração do psiquismo da mulher, durante ou 
após o parto, podendo produzir perturbações emocionais que podem levar a mãe a 
matar o próprio filho. 
 
Isso não significa que o puerpério acarrete sempre em perturbação psíquica: é 
preciso verificar que esta sobreveio em consequência daquele para que se 
configure infanticídio. 
 
Em função do puerpério, pode haver um sentimento de desonra da mulher pelo 
nascimento do filho, que a leve a praticar o crime. 
 
É indispensável a relação de causalidade entre o estado puerperal e a ação 
delituosa praticada. 
 
Este elemento normativo deve conjugar-se com a circunstância objetiva de tempo, 
qual seja, durante ou logo após o parto. 
 
O CP delimitou o período de influência do puerpério. Se a morte do feto ocorrer 
antes do parto, tem-se aborto, se não sobrevier logo após, homicídio. Logo após 
implica em uma relação de imediatidade, mas essa elementar não pode ser 
analisada isoladamente, senão em conjunto com o período de duração do estado 
puerperal. 
 
(4) TIPO OBJETIVO E SUBJETIVO: ADEQUAÇÃO TÍPICA: 
 
Modalidade especial de homicídio privilegiado, vez que o verbo núcleo do tipo é o 
mesmo do homicídio, mas a pena cominada é bem reduzida, para a mesma ação de 
matar. 
 
O dolo direto ou eventual é o elemento subjetivo do tipo. A mãe deve querer 
diretamente a morte do filho ou assumir o risco de produzi-la. 
 
AULA 09/11/12. 
 
Caso 1: um é a defesa outro a acusação. Caso 2: comentário a um filme (pode 
ser visto em conjunto). Caso 3: tratamento jurídico no Brasil: resposta em 
conjunto (direito comparado). Depois, um defende a sentença da juíza e outro 
é contrário à decisão da juíza. Caso 4: Um responde um caso e o outro 
responde o outro. (Nomear curador: pais testemunhas de Jeová podem 
responder pelo resultado morte de filho. Dever de garante). 
 
ABORTO – ART. 124 A ART. 128. 
 
(1) HISTÓRICO: 
 
Tema que envolve profundas ideologias e profissões de fé, concepções morais, 
políticas, religiosas, econômicas. 
 
Problema da definição do início da vida. Aborto a partir da concepção? Da nidação 
(fixação do ovo na parede do útero materno)? Com a transformação do embrião 
em feto? 
 
Momento da morte: é um momento determinado, uma etapa ou um processo? Há 
o critério da morte encefálica. 
 
O crime de aborto permite tentativa, mas não é possível punição da gestante que, 
ao tentar aborto, causa grave danos ao embrião. 
 
Aborto só é punido a título de dolo. 
 
 (2) BEM JURÍDICO TUTELADO: 
 
O bem jurídico protegido é a vida do ser humano em formação. O feto ou embrião 
não é pessoa, mas tem vida própria e recebe tratamento autônomo da ordem 
jurídica. Protege somente a vida intrauterina. 
 
 (3) TIPO OBJETIVO E SUBJETIVO: ADEQUAÇÃO TÍPICA: 
 
Aborto: interrupção do processo fisiológico da gestação (entre a concepção e o 
início do parto), com a consequente morte do feto. A partir do início do parto, o 
crime só pode ser homicídio ou infanticídio. 
Dolo abortivo: vontade livre e consciente de interromper gravidez, matando o 
produto da concepção (dolo direto) ou, no mínimo, assumindo o risco de matá-lo 
(dolo eventual). 
 
(4) TIPOS PENAIS EM ESPÉCIE: 
 
Art. 124. Provocar aborto em si mesmo ou consentir que outrem lho provoque. 
Pena: detenção de 1 a 3 anos. 
 
Sujeito ativo no autoaborto e do aborto consentido é a mulher gestante. Crime de 
mão própria (ainda que admita participação). Sujeito passivo é o feto. Se terceiro 
intervém na realização dos atos abortivos, não há coautoria, mas sim sua autoria do 
crime do art. 126 (exceção à teoria monística da ação). Crime de ação múltipla ou 
conteúdo variável (autoaborto e/ou aborto consentido). Consentimento é 
fundamental. Alguns vão falar que não se deve perquirir a natureza do 
consentimento, outros vão estabelecer idade de 14 anos. Isso porque menor de 14 
anos, ao ter conjunção carnal, é considerado estupro. 
 
Sifra negra da criminalidade: crimes cometidos cotidianamente mas que não são 
vislumbrados pelo aparato estatal. 
 
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante. Pena: detenção 
de 3 a 10 anos. 
 
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante. Pena: reclusão de 
1 a 4 anos. 
 
O médico que provoca o aborto comete o crime do art. 126 e a gestante se o 
consente comete o crime do art. 124. 
Esses tipos penais protegem a incolumidade da gestante. 
O sujeito ativo do aborto provocado por terceiro pode ser qualquer pessoa. 
No caso do art. 125, há dupla subjetividade passiva: feto e a gestante. 
O consentimento é elemento essencial do tipo do art. 126. 
 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 
quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido 
mediante fraude (engano, artifício), grave ameaça ou violência (física). 
 
 (5) FIGURAS MAJORADAS: 
 
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de 
um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para 
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são 
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
 
 Em consequência do aborto ou dos meios empregados, há causa de aumento de 
pena (a rubrica de forma qualificada está incorreta) aplicada aos crimes do art. 125 
e 126. 
 
 Aumento de 1/3 da pena se resulta em lesão corporal grave e duplicação da pena 
se resulta em morte. 
 
 Não há qualificação do artigo 124 (para a gestante) quando há autolesão grave. 
 
 Qualificação do aborto pelo resultado para o terceiro. 
 
(6) EXCLUDENTES DE ILICITUDE: 
 
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico: 
 
Aborto necessário 
 
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
Aborto necessário constitui estado de necessidade. A família pode optar pela vida 
do filho ao invés da gestante, em caso de a mãe estiver inconsciente e sem 
condição de escolher. A mãe, consciente, pode consentir por salvar a vida do filho 
ao invés da sua. 
 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: aborto sentimental. 
 
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento 
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
Nesse caso, o aborto é permitido por compaixão ao estado psíquico dessa mulher 
que foi estuprada. 
Não é necessária autorização judicial para a realização do aborto sentimental. 
 
Não é possível a modalidade culposa do crime de aborto. 
 
O médico (individualmente) pode, por razões de consciência, se negar a realizar 
aborto mesmo nos casos permitidos em lei. Mas a rede pública (SUS) é obrigada a 
fornecer esse procedimento médico. 
 
Em todo caso de crime doloso contra a vida há tribunal de júri. 
Ação pública incondicionada (em todos crimes contra a vida). 
 
AULA 16/11/12 
 
CAPÍTULO II: DAS LESÕES CORPORAIS 
 
CRIMES CONTRA A INTEGRIDADE FÍSICA – ART. 129. 
 
Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena – detenção, 
de três meses a um ano. 
 
(1) CONSIDERAÇÕES GERAIS: 
 
Bem jurídico tutelado: incolumidade do indivíduo (integridade corporal e saúde da 
pessoa humana). Crime comum: qualquer um pode ser sujeito ativo ou passivo. 
A autolesão é impunível. A plurarilade de lesões não altera a unidade do crime: 
desdobramentos do crime em vários atos (crime plurissubsistente). Ação penal 
condicionada à representação do ofendido. 
 
Compreendem ofensas ao corpo físico da pessoa, em aspectos internos e externos, 
dependente de dolo ou culpa. Restringe-se à lesão corporal significante, isto é, lesão 
corporal juridicamente relevante (conforme grau de intensidade da lesão), a 
insignificâcia afasta a tipicidade. Infrações de menor potencial ofensivo são 
penalmente relevantes. 
 
A definição de lesão corporal leve é formuladapor exclusão (ofensa nos limites do 
caput). Esse crime é uma infração de menor potencial ofensivo dentre os crimes contra 
a vida. O crime de lesão corporal leve é de ação penal pública condicionada à 
representação e é regido pela Lei 9099/95 (Juizados especiais). 
 
Aqui, o dolo do agente é de gerar dano à integridade física ou à saúde da pessoa. O 
dolo pode ser direto ou eventual e há ainda determinadas figuras nas quais a ofensa à 
integridade física é punida a título de dolo e o resultado qualificado a título de culpa. 
 
As lesões corporais deixarão resultados avaliáveis por exame de corpo de delito. 
Enquadram-se em leves, graves e gravíssimas; podem ser dolosas ou culposas, ou 
ainda qualificadas pelo resultado. 
 
Enquanto crime material, a tentativa é admissível. 
 
 
(2) TIPOS QUALIFICADOS: 
 
Hipóteses que qualificam a lesão corporal, atribuindo-lhe novos parâmetros de pena. 
 
Lesão corporal de natureza grave: 
 
§ 1º: Se resulta: 
 
I – incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias. 
 
Ressalva-se que não se trata apenas de incapacidade laboral, mas incapacidade 
de fazer coisas que são hábitos quotidianos do indivíduo (caminhar, ler, etc). 
Somente o exame de corpo de delito é insuficiente para caracterizar a 
qualificadora. A prova será feita por exame de corpo de delito complementar, 
havendo juízes que admitem prova testemunhal para suprir dúvida quanto aos 
hábitos. 
 
II – perigo de vida. 
 
Trata-se de probabilidade concreta e efetiva de morte em decorrência da lesão. 
A comprovação deve se dar por laudo médico-pericial. 
 
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função. 
 
Debilidade: redução ou enfraquecimento da capacidade funcional. 
Permanente: de duração imprevisível. Observa-se que é lesão grave se haver 
debilidade, não perda; a função é mantida, ainda que prejudicada. Se houver 
perda da função, trata-se de lesão gravíssima. 
 
IV – aceleração de parto. 
 
Antecipação do nascimento do feto (com vida). É necessário que o agente 
tenha conhecimento da gravidez da vítima para se configurar a qualificadora. 
 
Pena – reclusão, de um a cinco anos. 
 
São todas qualificadoras de natureza objetiva (se comunicam em caso de 
concurso de pessoas). 
 
Lesão corporal de natureza gravíssima. 
 
§ 2º Se resulta: 
 
I – incapacidade permanente para o trabalho; 
 
Enquanto na grave a incapacidade é temporária, aqui a permanência é 
fundamental e a incapacidade é somente laboral. 
 
II – enfermidade incurável; 
 
 Prognóstico pericial que a determine enquanto incurável. 
 
III – perda ou inutilização de membro, sentido ou função; 
 
Há perda quando cessa o sentido ou função, ou quando o membro é extraído 
ou amputado. 
 
IV – deformidade permanente; 
 
Facilmente perceptível pela observação. Deformidade estética e considerável 
visível, capaz de causar desgosto e desconforto. Somente pode ser removida 
por cirurgia plástica, 
 
V – aborto; 
 
É preciso se verificar se a intenção do agente era apenas ferir a mulher e o 
aborto foi consequência ou se havia dolo de abortar o bebê. Nesse caso, 
configurar-se-ia dois crimes em concurso formal impróprio, por haver desígnios 
autônomos. Se, contudo, há dolo em relação à lesão corporal e culpa em 
relação ao aborto, aplica-se este inciso. 
Para aplicar esse inciso é necessário que o agente saiba da gravidez, sem 
contudo, querer o aborto. 
 
Pena – reclusão, de dois a oito anos. 
 
Lesão corporal qualificada pelo resultado morte. 
 
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o 
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: 
 
A morte aqui tem de ser culposa, o parágrafo exclui o dolo (direto e eventual). 
O resultado morte não foi objeto do querer do agente, mas era previsível. 
 
Pena – reclusão, de quatro a doze anos. 
 
(3) DIMINUIÇÃO DE PENA: 
 
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor 
social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a 
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um 
terço. 
 
Aplicam-se somente às lesões corporais graves, gravíssimas ou seguidas de 
morte. 
 
Substituição da pena 
 
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de 
detenção pela de multa: 
I – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II – se as lesões são recíprocas. 
 
 Privilegiadores aplicáveis em caso de lesões corporais leves. 
 
(1) LESÃO CORPORAL CULPOSA: 
 
§ 6º Se a lesão é culposa: 
 
Pena – detenção, de dois meses a um ano. 
 
Se a lesão corporal culposa decorre de acidente de trânsito, aplica-se o Código 
de Trânsito e não este parágrafo do código penal. 
Ainda que o Código Penal não gradue a culpa, isso pode ser realizado na 
dosimetria da pena. 
As consequências do crime devem ser avaliadas na dosimetria da pena (primeira 
fase: circunstâncias judiciais). 
 
(5) CAUSAS DE AUMENTO DE PENA: 
 
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do 
artigo 121, § 4o. 
 
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5o do artigo 121. 
 
Admite o perdão judicial da mesma forma do homicídio. 
 
Em teoria, admite-se tentativa de lesão corporal, mas é raro se configurar na 
prática. 
 
(6) AÇÃO PENAL: 
 
Crime de lesão corporal leve e culposa: ação penal púbica condicionada a 
representação. 
 
 
AULA 21/11/12: 
 
Violência doméstica 
 
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge 
ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, 
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: 
 
Pena – detenção, de três meses a três anos. 
 
LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/06). 
 
Procura punir lesões corporais resultantes da violência doméstica. Não se 
restringe a relacionamentos amorosos abusivos, mas abrange todas as mulheres 
sujeitas a violência em ambientes domésticos por pais, filhos, irmãos, 
companheiros. A Lei Maria da Penha se estende até mesmo a homens e casais 
homossexuais, com base no princípio da igualdade, que se encontrem em 
situações da violência doméstica. Pode ser aplicada em caso de violência de uma 
mulher contra outra mulher. 
 
A Lei por si só não é de caráter penal, o CP adota no § 9º do art. 129. Essa lei é 
muito mais de caráter processual penal, uma vez que oferece medidas cautelares 
para a proteção da mulher. 
 
(1) O STF E A LEI MARIA DA PENHA. ADI 4424. 
 
Na ADI 4424, o STF discutiu a constitucionalidade da Lei Maria da Penha e considerou os 
artigos 12, 16 e 41 inconstitucionais e considerou esse crime de iniciativa pública 
incondicionada. 
 
(2) VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
Proteção dos vulneráveis. O mote inspirador dessa lei é a vulnerabilidade. 
 
AULA 23/11/12: 
 
(3) CICLO DA VIOLÊNCIA: ANOS 70 E SUPERAÇÃO 
 
Anos 60 e 70: movimento feminista. 
 
3.1 – “ARMADILHAS” DO RELACIONAMENTO AMOROSO ABUSIVO. 
 
“Mas ele diz que me ama”. Rosalina B. Penfold. 
 
1º: Fase de encantamento. 
2º: Primeira manifestação de violência sem motivo aparente. 
3º: Recorrente violência verbal, emocional e psicológica. Afetação da 
confiança/autoestima da pessoa. 
4º: Isolamento. Afastamento da rede de proteção. Afastamento da pessoa de sua 
rede de resiliência: família e amigos. Isso significa que a pessoa não vai ter alguém 
para a protege, para desabafar, vai ficar isolada. Quanto mais isolada, maior a 
possibilidade do sofrimento de violência. 
5º: Violência física. Acréscimo máximo da violência em caso de tentativa de 
rompimento do vínculo. Isso gera medo na vítima de terminar o relacionamento. 
 
Sinais de relacionamento amoroso abusivo: reputação inconsistente, visão do “sexo 
oposto”. 
 
3.2 – ESPÉCIES DE VIOLÊNCIA. 
 
Art. 5ºe 7º da LEI. 
 
Violência física. 
Violência psicológica (abrange a emocional e verbal). 
Violência sexual. 
Violência patrimonial. 
Violência moral. 
 
AULA 28/11/12 
 
CAPÍTULO III: DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE: 
 
(1) CONCEITO DE PERIGO OU RISCO. 
 
Crime de perigo ≠ crime de dano. 
 
Para o direito, o perigo é uma parte da realidade, existe objetivamente. 
Há os que acreditam num aspecto puramente subjetivo e introspectivo do perigo, 
acompanhado do medo. 
 
O conceito científico do perigo é retirado da matemática, das noções de possibilidade 
ou probabilidade. 
 
Os crimes de perigo tem se espalhado hodiernamente. Sempre que não se consegue 
tipificar de forma mais precisa um crime, apela-se para a tipificação em crime de 
perigo, num intuito de punir. 
 
Pode haver a modalidade omissiva do crime de perigo. Dirigir embriagado ou porte de 
armas eram contravenções que se tornaram crimes de perigo. 
 
Não costumam prever a modalidade de tentativa, pois isso seria o “perigo do perigo”. 
 
O perigo é diferente do risco para o direito. O perigo está no âmbito da proibição, ao 
passo que o risco está na órbita da permissão. 
 
(2) PERIGO CONCRETO E ABSTRATO. 
 
A previsão de crimes de perigo abstrato é considerada inconstitucional por parte da 
doutrina. Nesse caso, pune-se a conduta pela conduta, independentemente de vir a 
provocar perigo efetivo. Levaria em consideração a possibilidade e não a 
probabilidade. 
 
(3) CRIMES DE PERIGO INDIVIDUAL E COMUM. 
 
Crime de perigo individual é aquele no qual há perigo a vida ou saúde de uma pessoa 
determinada. Já o crime de perigo comum é o contrário: periclitação à vida ou saúde 
de pessoas indeterminadas. 
 
(4) TIPOS PENAIS EM ESPÉCIE. 
 
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – ART. 130. 
 
 Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato 
 libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está 
 contaminado: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Bem jurídico tutelado: incolumidade física e saúde da pessoa. 
Sujeito passivo e ativo: qualquer pessoa, desde que o ativo seja portador da doença 
venérea. 
A mera exposição da pessoa ao risco já configura ação típica, sendo desnecessário o 
dano (efetivo contágio), que seria exaurimento do crime. 
 
Crime formal: consuma-se sem a produção de qualquer resultado. 
 
Meio de execução: relações sexuais ou atos libidinosos capazes de transmitir a 
doença venérea. Qualquer outro meio de exposição não configura este crime. 
 
Trata-se de perigo individual: pessoa determinada e perigo concreto. 
 
Norma penal em branco: moléstia grave não é definido ou limitado (rol 
estabelecido pelo Ministério da Saúde). 
 
AIDS não se enquadra em “doença venérea”, mas sim em doença grave, sendo o 
crime de transmissão tipificado no artigo subsequente. 
 
O consentimento do ofendido ao ato sexual não afasta a tipicidade. 
 
Dolo de perigo: algo muito vago. Pode ser direto ou eventual. 
 
 § 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
 
 Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Essa é a forma qualificada do crime. Há dolo direto de dano. Especial fim de agir: 
intenção de transmitir a moléstia. 
 
 § 2º Somente se procede mediante representação. 
 
Crime de ação pública condicionada à representação. Essa ação parece a mais 
adequada para preservar a intimidade da pessoa. 
 
AULA 30/11/12 
 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE – ART. 131. 
 
 Art. 131. Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está 
 contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena – reclusão, de um a 
 quatro anos, e multa. 
 
Há um especial fim de agir: transmitir a doença, ainda que ela não seja 
efetivamente transmitida. A efetiva transmissão é mero exaurimento do crime 
(crime formal). 
 
Qualquer meio idôneo a produzir o contágio pode ser utilizado. Mesmo bem 
jurídico do anterior. 
 
Se a vítima se coloca voluntaria e conscientemente em risco, afasta-se o tipo. 
 
Conforme o dolo do agente e a gravidade da doença transmitida, pode-se ter crime 
de homicídio, vez que a doença pode ser utilizada para matar/causar dano. 
 
Moléstia grave seria elemento normativo (exige atividade valorativa do juiz) e não 
norma penal em branco. 
 
Crime de perigo com dolo direto de dano (consciência e vontade de agir). 
 
Não há modalidade culposa para esses crimes. Admite tentativa. 
 
Ação penal pública incondicionada. 
 
PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – ART. 132. 
 
 Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
 
 Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais 
 grave. 
 
Trata-se de tipo subsidiário (fórmula genérica), utilizado quando a conduta não se 
inclui em nenhum dos demais tipos mais específicos que pune mais gravosamente. 
 
Os tipos penais de perigo são muito abertos. 
Exige um perigo direto e iminente para uma pessoa determinada (perigo 
individual). Perigo concreto. Sujeito ativo e passivo pode ser qualquer pessoa. 
Alguns verbos dos crimes de perigo: Expor a perigo, causar, praticar, deixar (há 
muitos verbos omissivos). 
 
No Código de Trânsito há previsão de crimes de perigo individual e na Lei de crimes 
ambientais a de crimes de perigo comum. 
 
Ação penal pública incondicionada. 
 
 Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição 
 da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para 
 a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em 
 desacordo com as normas legais. 
 
ABANDONO DE INCAPAZ – ART. 133. 
 
 Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
 autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos 
 resultantes do abandono: Pena – detenção, de seis meses a três anos. 
 
Bem jurídico tutelado: segurança da pessoa humana. Sujeito ativo: qualquer pessoa 
que tenha sob seu cuidado e guarda incapaz (condição de garante). Crime próprio. 
Sujeito passivo: incapaz em especial relação de assistência com sujeito ativo. 
 
Trata-se também de um tipo subsidiário, pois pode haver a tipificação mais grave. 
 
Dolo de abandono ≠ descuido culposo. Dolo de perigo e não de dano. 
 
Incapaz aqui pode ser tanto o permanentemente incapaz quanto a pessoa 
civilmente capaz que está numa circunstância fática de incapacidade. 
Costuma-se haver vínculo afetivo entre quem abandona e quem é abandonado. O 
abandono pode ser temporário ou definitivo, desde que juridicamente relevante e 
capaz de expor o incapaz a perigo. 
 
O abandono implica em violação do dever de assistência. Somado ao perigo 
concreto para a vida ou saúde do incapaz, configura o crime. 
 
Crime de perigo concreto. 
 
 § 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão, 
 de um a cinco anos. 
 
 § 2º Se resulta a morte: Pena – reclusão, de quatro a doze anos. 
 
Crime qualificado pelo resultado lesão ou morte. Para diferenciar o crime do art. 
133 qualificado pelo resultado dos crimes do art. 121 e 129 é preciso observar o 
verbo do tipo e o dolo. 
 
Se o dolo é de matar ou lesionar, configuram-se, respectivamente, os art. 121 e 
129. Todavia, se o dolo é de abandono e esses resultados provem como 
consequência do mesmo, configura-se este crime. 
 
Ex.: Mãe deixa de alimentar o filho para que ele morra. Homicídio doloso por 
omissão. 
 
Mãe leva filho para a praia e vai embora, abandonando-o. Se, em razão disso, ele se 
afoga e morre. Abandono qualificado pelo resultado morte. 
 
 Aumento de pena 
 
 § 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
 
 I – se o abandono ocorre em lugar ermo; 
 
 II – se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador 
 da vítima; 
 
 III – se a vítima é maior de sessenta anos. 
 
Lugar ermo: local isolado

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