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03.DIREITO CIVIL SUCESSÕES

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1
DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
HERANÇA JACENTE 
 
Herança jacente é aquela em que os herdeiros não são conhecidos, porém há algumas 
hipóteses de jacência em que os herdeiros são conhecidos: 
 
1ª) Todos os herdeiros renunciam a herança, sucessivamente, ninguém quer saber da 
herança: é um caso também de herança jacente, só que esta herança tem uma característica, 
porque neste caso, foram todos os herdeiros, nenhum deles se interessou pela herança, no 
processo judicial essa herança pode ser declarada vacante direto, conforme o art. 18231 do CC, 
portanto, no âmbito processual não vai ter a fase de jacência, porque já entra com o procedimento 
para que seja declarada vacância. 
 
2ª) Quando o herdeiro é nascituro: a pessoa morre e deixa como único herdeiro o nascituro, 
até ele nascer a herança é jacente. 
 
3ª) Quando o herdeiro é conhecido: é quando a pessoa por testamento deixa bens para 
montar uma pessoa jurídica, até montar a pessoa jurídica esses bens são considerados herança 
jacente, até que se registre a pessoa jurídica estamos em uma situação de herança jacente. 
 
4ª) Quando o único herdeiro foi declarado indigno: é um herdeiro conhecido e sendo o único 
herdeiro, foi declarado indigno. 
 
Em regra: a herança jacente é nas hipóteses em que os herdeiros não são conhecidos, mas há 
algumas hipóteses como as que foram mencionadas em que os herdeiros são conhecidos. 
 
 Natureza jurídica da herança jacente 
 
1ª corrente: diz que a herança jacente é uma pessoa jurídica, essa corrente não pode 
prevalecer, porque a herança jacente não tem personalidade jurídica, não tem finalidade coletiva. 
Em suma, ela não consta no rol das pessoas jurídicas do art. 412 do CC, ela não tem personalidade 
jurídica e só a lei pode atribuir personalidade jurídica a um ente, e não tem lei que diz que herança 
jacente tem personalidade jurídica, portanto, ela não é pessoa jurídica. 
 
2ª corrente: diz que a herança jacente é um patrimônio sem sujeito, essa corrente é 
inaceitável, porque não pode existir patrimônio sem sujeito, essa ideia de patrimônio sem sujeito 
contraria as noções básicas rudimentares do direito, no sentido de que não existe patrimônio sem 
sujeito. 
 
 
1 Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante. 
2 Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas 
 
 
 
 2 
DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
3ª corrente: que é a que prevalece, diz que a herança jacente é um patrimônio especial, sui 
generis, diferente dos outros, administrado pelo curador sob a supervisão do juiz, a herança jacente 
seria um ente despersonalizado ou quase pessoa jurídica, semelhante ao espólio, massa falida, 
condomínio que são entes despersonalizados, isto é, que não tem personalidade jurídica, mas que 
titularizam alguns direitos e obrigações. A herança jacente tem a natureza de ser um patrimônio 
especial administrado por um curador sob a supervisão do juiz, é uma quase pessoa jurídica na área 
processual, a herança jacente é uma massa patrimonial, é um patrimônio, pode se dizer, que ela 
tem personalidade judiciária, pode assegurar, pois ela pode atuar em juízo como autora ou ré 
representada pelo curador art. 123 inc. IV do CPC, ela pode propor ações e ser ré em ações, ela tem 
uma personalidade jurídica judicial, isto é para poder figurar em juízo. 
 
Procedimento da Herança Jacente 
 
Está previsto nos artigos 1142 a 1158 do CPC. 
O juiz pode instaurar de ofício este procedimento, porque é um procedimento de jurisdição 
voluntária, nada obsta também que haja requerimento dos interessados, sendo os credores, o 
Município, o Ministério Público que podem requerer a instauração do procedimento, o 
procedimento é instaurado no último domicílio do falecido, tão logo é instaurado o procedimento, 
o que é feito: 
 Instaurado o procedimento de jacência, o juiz vai até o local onde residia o morto, caso ele 
não possa ir, manda o delegado comparecer, junto com o juiz ou delegado devem ir o escrivão de 
polícia, o Ministério Público e o representante da Fazenda Pública; 
 Feita a arrecadação, o juiz nomeia um curador, que geralmente é o Município, é o curador 
que administrará os bens e que representará a herança jacente. 
 O juiz manda publicar três editais havendo um intervalo de pelo menos 30 dias entre um e 
outro, podendo ocorrer o seguinte: passado um ano da publicação do primeiro edital podem 
acontecer duas hipóteses: 1ª) comparece algum herdeiro e se habilita, isto é, o juiz julgou 
procedente a habilitação, o juiz prolata uma decisão convertendo o procedimento de jacência em 
inventário, portanto, a arrecadação se converte em inventário; 2ª) não comparece nenhum 
herdeiro sucessível ou então compareceu o herdeiro, mas a habilitação foi improcedente. Nesse 
caso o juiz prolata uma decisão declarando a herança vacante. 
 
3 Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: 
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; 
II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; 
III - a massa falida, pelo síndico; 
IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador; 
V - o espólio, pelo inventariante; 
VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; 
VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens; 
VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal 
aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único); 
IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. 
§ 1o Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em 
que o espólio for parte. 
§ 2o - As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua 
constituição. 
§ 3o O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial 
para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial. 
 
 
 
 
 3
DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
A herança jacente é um procedimento efêmero, ou seja, é uma situação transitória, pois ela 
vira inventário, se não comparecer herdeiro, ou vira herança vacante, na falta de herdeiro, 
portanto, é uma situação passageira. 
 
A herança jacente repetindo, embora não tenha personalidade jurídica, pode figurar no 
processo como autora de ações e ré, e é representada pelo curador e assistida pelo Ministério 
Público. 
 
Vale lembrar também que o herdeiro que requer a habilitação e a habilitação é improcedente 
por falta de provas, essa decisão não faz coisa julgada, porque essa decisão não apreciou 
propriamente a qualidade de herdeiro, simplesmente declarou a insuficiência de provas. Neste 
caso, o herdeiro pode comprovar por outros meios, tentar conseguir as provas de que realmente 
ele é herdeiro. 
 
 O credor da herança jacente, o credor do morto que agora é credor da herança jacente, 
durante o processo de jacência o que ele faz para cobrar? 
Ele tem duas opções: ele pode mover uma ação de cobrança ou pode habilitar o seu crédito 
no procedimento de jacência, para ele recebero que lhe é devido. 
 
HERANÇA VACANTE 
 
É quando o juiz prolata uma sentença, reconhecendo que não existem herdeiros, a herança 
vacante é devolvida ao município onde se situa o bem, ou então, se situar no Distrito Federal vai 
para o próprio e se situar no território vai para União, como não há território, nunca vai para a 
União. 
 
A herança vacante é a que é devolvida para União ou Distrito Federal, em face do 
reconhecimento por sentença, da ausência de herdeiros sucessíveis, ou seja, quando se reconhece 
por sentença a ausência de herdeiros sucessíveis ela é atribuída ao município da situação dos bens, 
ou ao Distrito Federal se ficar no Distrito Federal ou a União quando ficar localizados em territórios 
federais, como não existe território federal evidentemente não vai para União. 
 
A partir da vacância, eventuais ações envolvendo a herança têm que ser em Vara da Fazenda 
Pública Municipal, no caso, as eventuais ações envolvendo a herança a partir da sentença de 
vacância. 
 
O Município e o Distrito Federal adquirem a propriedade resolúvel do bem, com o trânsito em 
julgado da sentença de vacância. 
Propriedade resolúvel é aquela que pode ser extinta, se acontecer um fato futuro e incerto 
resolúvel, pois se dentro de 5 (cinco) anos a contar da abertura da sucessão, se aparecer algum 
herdeiro, o Município perde a propriedade do bem, extingue a propriedade de bem. 
Portanto, com o trânsito em julgado da sentença de vacância, o Município e Distrito Federal 
adquirem a propriedade resolúvel do bem, é uma propriedade ameaçada de extinção, pois se 
dentro de 05 anos aparecer algum herdeiro, o herdeiro leva a propriedade e extingue a 
propriedade para o Município e o Distrito Federal, agora este prazo de 5 (cinco) anos para aparecer 
algum herdeiro, é contado da abertura da sucessão e não do trânsito em julgado. 
 
 
 
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Se dentro desses 5 (cinco) anos da abertura da sucessão, aparecer algum herdeiro, este deve 
mover uma ação de petição de herança contra o Município ou o Distrito Federal. 
 
*** Detalhe: transitada em julgado a sentença de vacância, tem um tipo de herdeiro que se 
aparecer não tem direito a mais nada, ele só tem direito, se aparecer antes do trânsito em julgado 
da vacância, depois, ele não tem direito a mais nada, são os herdeiros colaterais. Os herdeiros 
colaterais para eles levarem a herança, eles tem que se habilitar dentro daquele período de um ano 
dos editais, porque depois de transitado em julgado a sentença de vacância, não adianta mais 
aparecer herdeiros colaterais, eles ficam excluídos da sucessão, se eles não aparecerem no prazo 
de um ano é como se houvesse uma renúncia presumida, é o que diz o parágrafo único do art. 
18224 do CC. 
 
Em resumo: transitada em julgado a sentença de vacância, os herdeiros colaterais não podem 
mais reclamar a herança, os demais herdeiros podem reclamar no prazo de 5 (cinco) anos, a contar 
da abertura da sucessão e não a contar do trânsito em julgado da sentença de vacância. 
 
Tem um tipo de herança jacente que não vai para o município e nem para o Distrito Federal 
são os casos em que o de cujus morre deixando PIS/PASEP e FGTS nesse caso esses valores não vão 
nem para o município e nem o Distrito Federal vão para Fundo de Previdência e Assistência Social e 
no caso do fundo de garantia para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, ou seja, vão para os 
respectivos fundos e não para o município. 
 
USUCAPIÃO DE HERANÇA JACENTE 
 
Quanto se instaura o procedimento de jacência, a Fazenda Púbica é cientificada. 
 
 Se não tem herdeiros, seria possível alegar a usucapião da herança jacente? 
Depende da natureza jurídica da sentença de vacância: 
1ª corrente: a sentença de vacância é constitutiva, o Município só adquire o bem a partir do 
trânsito em julgado da sentença, é esta que atribui a propriedade ao Município, como a sentença é 
constitutiva, significa que o bem só é público, a partir do trânsito em julgado da sentença, antes da 
sentença, o bem não é público, logo, o bem era possível de usucapião, porque o que é proibido é a 
usucapião de bem público, outros bens podem ser objeto de usucapião, seria possível a usucapião 
se sujeito completar o prazo antes da sentença de vacância ou para outra, completar o prazo antes 
de os bens serem arrecadados, porque a partir do momento que arrecadou, a posse se tornou 
litigiosa, deixou de ser mansa e pacífica. 
Em suma, primeira corrente é possível a usucapião de herança jacente se completar o prazo 
antes da arrecadação, ou então antes da sentença, ou antes, da arrecadação dos bens e neste caso 
seria possível a usucapião. O fundamento disso é que a sentença é constitutiva e o Município não é 
propriamente herdeiro, porque ele seria destinatário da herança, tanto ele não é herdeiro que não 
consta no rol do art. 18295 do CC, o princípio da saisine, que diz que a herança se transmite 
 
4 Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão. 
5 Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da 
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da 
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
 
 
 
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imediatamente aos herdeiros, e esse princípio não se aplicaria aos Municípios, porque ele não é 
herdeiro, ele é apenas um destinatário da herança. 
 
2ª corrente: que parece para o professor a mais correta, é que a sentença de vacância é uma 
sentença meramente declaratória, de modo que a sentença de vacância estaria apenas 
reconhecendo uma propriedade que sempre foi do Município, o bem já é público desde a abertura 
da sucessão, com a morte e sem herdeiros os bens imediatamente se transmitem aos Municípios, 
por força do princípio da saisine, e sendo o bem público não cabe usucapião. 
 Parece a melhor corrente para o professor, porque se nós admitirmos que o bem só pertence 
ao Município, nós vamos ter que concluir que até antes da sentença de vacância o bem fica sem 
sujeito, contrariando as noções básicas de que não pode existir bem sem sujeito, isso contraria a 
própria natureza do direito, não pode ter um patrimônio sem sujeito. 
Se entendermos que a sentença é constitutiva, nós teríamos um patrimônio sem sujeito, 
contrariando as noções básicas do direito. Essa questão da natureza jurídica de vacância também 
repercute no direito intertemporal, porque até 1990 a herança jacente ia para a USP ou para 
UNESP, e partir de 1990 com o advento da lei 8049/90 passou para o Município e o Distrito Federal 
e depois veio Código Civil que manteve essa situação para o Município e Distrito Federal. 
 
 Por exemplo: pessoa que morreu em 1989 em época que ia para USP e UNESP, e a 
sentença de vacância foi declarada depois, em uma época em que já ia para o Município, quem 
herda? 
Se entender que a sentença é constitutiva: é a sentença o fato gerador da atribuição da 
propriedade, aplica-se a lei vigente ao tempo da sentença, ao tempo da sentença vai para o 
Município, então neste caso, vai para o Município. 
Se entender que a sentença é declaratória: aplica-se ao princípio da saisine, isto é, com a 
morte, a herança imediatamente se transmitiu, aplica-se a lei ao tempo da abertura da sucessão, 
então se na época ia pra USP ou UNESP, portanto quem herda é a USP ou a UNESP. 
 
INDIGNIDADEÉ uma pena civil, aplica ao herdeiro ou legatário ingrato, consistente na perda da herança ou 
do legado. 
As causas de indignidade constam no art. 18146 do CC, é um rol taxativo e não admite 
interpretação analógica. 
São três as causas de indignidade: 
 
1º) Homicídio doloso, consumado ou tentado, cometido por herdeiro ou legatário contra o 
autor da herança, seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro: vejam o detalhe: é um 
 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
6 Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de 
cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; 
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou 
de seu cônjuge ou companheiro; 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus 
bens por ato de última vontade. 
 
 
 
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homicídio doloso, não só contra o autor da herança, mas também contra o cônjuge do autor da 
herança, o descendente, ascendente ou companheiro do autor da herança, e isso pode gerar um 
efeito cascata, porque se o filho mata o pai, ele é indigno em relação a herança do pai, vai ser 
indigno em relação a herança da mãe, porque matou o cônjuge da mãe, vai ser indigno em relação 
a herança do avô, porque ele matou o descendente do avô; porque ele matou o pai, ele será 
indigno até em relação a herança do seu bisavô, por exemplo, ou seja gerar o efeito cascata. 
Portanto, o homicídio pode gerar várias indignidades. 
 
Para que o sujeito seja reconhecido como indigno não basta ação penal, aliás, não é 
necessário, para ser reconhecido como indigno é necessário mover uma ação de indignidade no 
juízo cível, não é preciso ação no juízo criminal, porém, se o sujeito for absolvido no juízo criminal 
por negativa de autoria, inexistência do fato ou por alguma causa de exclusão da antijuridicidade, 
legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito ou estrito cumprimento do 
dever legal, neste caso, não é mais indigno, pois é questão relativa a coisa julgada, não haverá 
portanto, indignidade. 
 
Não haverá indignidade quando se tratar de homicídio culposo ou quando for uma morte 
preterdolosa, lesão corporal seguida de morte, porque a lei fala em homicídio doloso consumado 
ou tentado, não se podendo fazer analogia que abrange homicídio doloso e nem lesão corporal 
seguida de morte. Quando a morte se dá por engano, nos casos de erro sobre a pessoa, atirou em 
pessoa e atinge o pai ou erro na execução, não há indignidade, quando a intenção não era matar o 
autor da herança, agora por outro lado, se ele queria matar o pai, erra o alvo e mata um estranho, 
neste caso haverá indignidade. 
 
 Instigar o pai ao suicídio é causa de indignidade? 
A posição dominante é que não, pois a lei fala em homicídio, não podendo fazer analogia para 
abranger outros delitos. 
 
 O herdeiro menor de 18 anos, que mata o pai ou a mãe, é indigno? 
O CC é omisso, uma corrente diz que sim, outra corrente que parece mais correta para o 
professor, entende que não, pois nos casos de responsabilidade civil deve estar expresso na lei, e a 
indignidade é o caso de responsabilidade civil de certa forma, porque perde a herança e perde o legado. 
Ademais, o CC anterior, equiparava o menor púbere ao maior em relação aos atos ilícitos, o CC atual 
não o equipara ao maior, neste caso, de acordo com o professor FMB, entende que pelo novo CC não 
seria indigno, evidente que o tema é polêmico. 
 
A extinção da punibilidade do homicídio pela prescrição ou outra causa, não impede o 
reconhecimento da indignidade, porque na extinção da punibilidade pela prescrição, por exemplo, 
o crime continua existindo extinta a punibilidade, mesmo assim, o sujeito pode ser considerado 
indigno, desde que se prove na ação de indignidade, a autoria e a materialidade, não basta, mera 
suspeita de homicídio é preciso provar cabalmente, a autoria e a materialidade. 
 
 
 
 
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PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
2º) Denunciação caluniosa ou crime contra honra, que o herdeiro ou legatário praticar 
contra o autor da herança, seu cônjuge ou companheiro: art. 3397 do CP, crime contra honra. O 
Washington de Barros Monteiro entende que nestes casos, só existe indignidade, se houver uma 
condenação criminal pela denunciação caluniosa ou crime contra honra, o professor FMB discorda 
desse entendimento, porque a lei não faz essa exigência de condenação criminal, de modo que isso 
poderia ser provado na ação de indignidade, vale lembrar também que o CP incrimina a calúnia 
contra os mortos art. 138 §2º8, de modo que caluniar os mortos é causa de indignidade. 
 
3º) Quando herdeiro ou legatário usa violência ou fraude para inibir o autor da herança a 
dispor de seus bens em testamentos ou codicilo, ou obsta a execução do testamento do codicilo: 
por exemplo, rasgar um testamento, esconder um testamento, falsificar, coagir o de cujus a revogar 
o testamento, que atentam contra a liberdade de testar, são causas de indignidade. 
 
Ação de Indignidade 
 
Só pode ser proposta somente por quem tem interesse na sucessão, por exemplo: credor de 
um herdeiro que se beneficiará com a saída do indigno, pode mover a ação, isto é, por aquele 
herdeiro que se beneficia com saída do indigno ou credor do herdeiro que se beneficia com a saída 
do indigno. 
 
 O Município poderia mover ação de indignidade? 
Sim, desde que com a saída do herdeiro indigno, a herança se torne jacente, se sair o herdeiro 
se torna jacente, neste caso, o Município tem interesse. 
 
 Se ninguém propor ação, o indigno herda, e o Ministério Público poderia propor a ação? 
A posição dominante entende que não, pois não há interesse público envolvido, pois o 
interesse é meramente patrimonial, segundo, porque não tem lei autorizando o Ministério Público 
propor ação, pois este só pode propor ações mediante lei e não há lei que o autoriza a propor ação 
por indignidade. Não obstante, possui um entendimento defendido por Maria Helena Diniz, 
dizendo que o Ministério Público poderia mover a ação de indignidade, pois, há um interesse 
público e social que é evitar que o indigno herde. Há também um enunciado de nº 1169 do CJF 
defendendo este ponto de vista. 
 
A morte do indigno impede a propositura da ação e se ele morrer no curso do processo, o 
processo é extinto sem julgamento do mérito, e neste caso, a parte da herança do indigno se 
transmitirá para os herdeiros do indigno. 
Em suma: é uma ação personalíssima que visa aplicar uma pena ao indigno e não pode passar 
da pessoa que praticou o ilícito, de modo que se o indigno morrer extingue o processo, tendo em 
vista de se tratar de uma ação personalíssima. 
 
 
7 Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação 
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o 
sabe inocente: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
8 § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
9 116 – Art. 1.815: o Ministério Público, por força do art. 1.815 do novo Código Civil, desde que presente o interesse 
público, tem legitimidade para promover ação visando à declaração daindignidade de herdeiro ou legatário. 
 
 
 
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PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
O prazo da propositura da ação é de 4 (quatro) anos a contar da abertura da sucessão, a 
contar da morte, vale lembrar que o indigno não poderá propor a ação, porque a ação só começa 
contar a partir da sua morte, de modo que se ele sobreviver a uma tentativa de homicídio, ele não 
poderá mover a ação de indignidade, de modo que ele poderá deserdar o criminoso, o indigno não 
pode mover ação de indignidade, sendo que esta, só pode ser proposta no caso de sua morte. 
 
Efeitos da sentença de indignidade 
 
A sentença em regra é meramente declaratória, tem efeitos retroativos. Com o trânsito em 
julgado da sentença ocorrem os seguintes efeitos: 
 
1. Ele é excluído da sucessão: o indigno é obrigado a devolver os frutos que, por acaso, ele 
tenha percebido e ele é considerado possuidor de má-fé, em compensação ele tem direito a ser 
indenizado pelas despesas com a conservação dos frutos. Parágrafo único do art. 181710 do CC. 
 
2. O indigno se ele for herdeiro legítimo, herdeiro indicado pela lei, os descendentes do 
indigno herdam por representação como se ele fosse morto. É um resquício de morte civil, 
exemplo: pai morreu, deixou dois filhos “A” e “B”, e “A” matou o pai, o “A” é considerado morto, os 
filhos dele, herdam por representação, herdam no lugar dele. O CC prevê a sucessão dos 
descendentes do indigno, não prevê a sucessão do cônjuge do indigno, nem dos ascendentes do 
indigno e nem dos colaterais do indigno, de modo que se o indigno não deixou descendente, a 
herança vai para os outros herdeiros. Ex: pai morre, deixa dois filhos: “A” e “B”, e foi “A” que matou 
o pai, só que “A” não tem descendentes, ele tem mulher, sobrinho, mãe, ainda que ele tenha 
cônjuges ou outros herdeiros, toda herança vai para o filho “B”, porque quem herda por 
representação são os descendentes do indigno e não outros herdeiros seus. 
 
3. Quando o indigno for herdeiro testamentário ou legatário contemplado no testamento: se 
o testador não especificou os quinhões dos herdeiros testamentários, a parte do indigno vai para os 
herdeiros legítimos do testador. Ex: sujeito fez um testamento, deixou uma herança para “A”, “B”, 
“C” e não especificou os quinhões, “A” é indigno, a parte do “A”, vai para “B” e “C”, pois filho de 
herdeiro testamentário, não herda por representação, havendo o direito de acrescer para “B” e 
“C”. Agora, se ele especifica o quinhão, vai para os herdeiros legítimos do testador, exemplo: 
pessoa faz testamento e diz: deixo 30% para “A”, 50% para “B” e 20% para “C”, especificou os 
quinhões de cada um, e “A” é indigno, nesse caso, a parte do herdeiro indigno vai para herdeiros 
legítimos do testador e se o testador não tem herdeiros legítimos, vira herança jacente, vai para o 
Município. 
 
4. O indigno é excluído da herança, ele não pode ter o usufruto desses bens e nem 
administrar esses bens, e nunca poderá herdar esses bens, futuramente na sucessão legítima, 
pessoa morre e deixa dois filhos: “A” e “B”, e foi o “A” que matou, os filhos do “A” herdam por 
representação no lugar do indigno. O indigno não terá usufrutos desses bens, caso os filhos sejam 
menores não poderá administrar esses bens e o dia que o filho desse indigno morrer, o indigno não 
 
10 Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração 
legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, 
o direito de demandar-lhe perdas e danos. 
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver 
percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles. 
 
 
 
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poderá administrar esses bens, são os chamados de bens ereptícios, são os bens excluídos do 
indigno. Por tudo isso, se diz que a sentença de indignidade é meramente declaratória, pois os seus 
efeitos são retroativos. 
 
Teoria do herdeiro aparente 
 
O herdeiro aparente é aquele que aos olhos de todos é herdeiro, sendo que na verdade não 
é, não tem direito a sucessão. 
O herdeiro aparente, se ele alienar um bem a um terceiro de boa-fé, a alienação é válida, é o 
que diz o parágrafo único do art. 182711 e o art. 1828, devendo ser uma alienação onerosa a um 
terceiro de boa-fé, se for gratuita, não. No caso do indigno, é a mesma coisa: ele é um herdeiro 
aparente, no caso, se o indigno alienar bens a um terceiro de boa-fé, antes da sentença de 
indignidade, a alienação é válida e a sentença de indignidade tem efeitos ex nunc. No tocante as 
alienações praticadas pelo indigno, a sentença de indignidade tem efeito ex nunc e a sentença de 
indignidade, se cair em concurso, tem efeito ex tunc, retroativo, salvo no tocante as alienações que 
o indigno praticar. 
 
Reabilitação do Indigno 
 
É o perdão do indigno pelo autor da herança, o filho tentou matar o pai e este o perdoou. O 
CC admite este perdão, mas deve ser um ato solene, sendo através de testamento ou documento 
autêntico, ou seja, escritura pública ou instrumento particular com firma reconhecida, não existe 
perdão verbal, o perdão tem que ser expresso. 
 
O Código Civil porem prevê uma hipótese de perdão tácito presumido, mas é hipótese restrita 
e diz o seguinte: 
Se testador deixa bens para o indigno, se ele deixou bens para o indigno é que houve o 
perdão tácito presumido, porém, é um perdão restrito aos bens, restrito aos bens que ele deixou, 
logo, continua sendo indigno com relação ao resto da herança. O perdão é irretratável, porque é 
imoral cancelar o perdão. 
 
Imaginemos o seguinte: houve uma ação de indignidade e a ação foi procedente e após 
transitar em julgado a sentença, descobriu através de testamento, que o pai perdoou o filho, neste 
caso é cabível ação rescisória e o indigno vai readquirir os seus direitos hereditários, e se não 
houver mais bens, os valores dos bens. 
 
Distinção entre Indignidade e Deserdação 
 
Indignidade: qualquer herdeiro pode ser indigno, seja herdeiro legítimo, testamentário, seja 
herdeiro necessário, facultativo, inclusive os legatários. 
 
 
11 Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da 
responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados. 
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé. 
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao 
verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu. 
 
 
 
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Deserdação: só pode deserdar herdeiros necessários: ascendentes, descendentes, o cônjuge 
é herdeiro necessário, porém não pode ser deserdado, pois não tem previsão legal e os herdeiros 
facultativos não podem ser deserdados também, não podem ser deserdados os herdeiros 
legatários. 
 
Em suma: 
Deserdação é só para descendentes e ascendentes e indignidade é para qualquer herdeiro. 
 A indignidade é uma pena cominada pela lei, a própria lei declara a pessoa indigna e a 
deserdação é um ato previsto em testamento, é um ato de vingança do testador. 
 Não existe deserdação sem testamento, todavia, tanto a indignidade, quanto a deserdação é 
necessário promover uma ação para se provar a existência. No caso da deserdação,o testamento 
por si só, não serve para deserdar, é necessário se provar o motivo. A ação só pode ser movida após 
a morte do testador, o prazo é de 4 (quatro) anos a contar da abertura do testamento e não da 
sucessão, e a ação pode ser provada por qualquer interessado ou herdeiros testamentários, 
portanto, tem uma legitimidade, é mais ampla. Já ação de indignidade, só pelos interessados e 
podem ser movida pelo prazo de 4 (quatro) anos da abertura da sucessão, vale lembrar que as 
causas de deserdação são mais amplas, todas as causas de indignidade são também causas de 
deserdação, só que para deserdar, há ainda outras causas, outros motivos previstos em lei.

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