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05.DIREITO CIVIL SUCESSÕES

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1 
DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
VOCAÇÃO DOS HERDEIROS LEGÍTIMOS 
Sucessão dos descendentes, ascendentes e cônjuge 
Nesta aula será abordada a vocação dos herdeiros legítimos, isto é, a ordem de vocação 
hereditária, que é prevista no art. 1.829 do Código Civil. 
A ordem é a seguinte: 
O primeiro lugar é dos descendentes e em algumas situações, o cônjuge herda junto com os 
descendentes. 
Em segundo lugar, temos os ascendentes, juntamente com o cônjuge. 
Se não houver descendente nem ascendente herda, em terceiro lugar, o cônjuge. 
Se não houver cônjuge, a herança é deferida aos colaterais. 
Percebam, então, que essa ordem de vocação hereditária é baseada nas relações de 
parentesco (são os parentes que herdam, os ascendentes, descendentes e colaterais) e também o 
vínculo conjugal. 
A dependência econômica ou a afinidade não são critérios de vocação hereditária. Logo, não 
há direito sucessório em favor do pupilo, do curatelado, do sogro, sogra, da nora, enteado, 
enteada, madrasta, padrasto etc. Vínculo de afinidade não gera direito sucessório, assim como 
dependência econômica muito menos. 
O chamamento dos herdeiros é efetuado por classes, isto é, a classe mais próxima exclui a 
mais remota. Se houver descendente, os ascendentes nada herdarão. Essa regra comporta exceção, 
no direito de representação, já abordado. 
Percebam que no rol do art. 1.829 não consta o companheiro nem a União, Município ou 
Distrito Federal. Todavia, eles têm também direitos sucessórios, por força dos arts. 1.790 
(companheiro) e art. 1844. 
Se o de cujus, isto é, o autor da herança, o morto, for estrangeiro e falecer deixando bens no 
Brasil, se for domiciliado fora do Brasil, aplica-se a lei do seu domicílio. A sucessão de estrangeiro 
domiciliado fora do Brasil, mas com bens no Brasil, é regida pela lei do domicílio, não é pela lei da 
nacionalidade nem pela lei brasileira, é pela lei do domicílio. Por exemplo, paraguaio domiciliado na 
Suíça morre deixando bens no Brasil. Aplicar-se-á o Código Civil suíço, que é a lei do domicílio do 
estrangeiro (art. 10 LINDB). 
Essa regra acima sofre exceções caso esse estrangeiro tenha sido casado com brasileira ou 
tenha deixado filhos brasileiros ou quem os represente, por exemplo, netos. Nesse caso, aplica-se a 
lei mais favorável ao cônjuge ou filhos brasileiros (art. 10, §1º da LINDB). 
Portanto, se ele deixar cônjuge brasileiro, filho brasileiro ou quem os represente, a lei 
brasileira pode ser aplicada se for mais benéfica. 
Em suma, tratando-se de estrangeiro, aplica-se a lei do domicílio dele. Se ele deixar cônjuge 
brasileiro, filhos ou quem o represente, daí a lei brasileira pode ser aplicada, se for mais benéfica. 
 
Sucessão dos descendentes 
Os descendentes de primeira classe são os filhos; os de segunda classe, os netos; de terceira 
classe, os bisnetos e assim por diante. 
Os descendentes sucedem de duas formas: 
a) por direito próprio (por cabeça): ocorre quando todos os descendentes são do mesmo 
grau. Por exemplo, três filhos, a herança será dividida por 3; 10 (dez) netos, a herança será dividida 
por 10 (dez). Imaginemos: O de cujus não deixou filhos, estes já mortos. Um filho teve um filho só e 
outro filho teve nove filhos, de modo que o sujeito que morreu, não tinha filhos, só tinha netos. A 
herança será dividida por 10 (dez), porque todos são netos. Se todos os descendentes são do 
mesmo grau, divide-se a herança por cabeça, por direito próprio. 
 
 
 
 2 
DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
b) por representação (por estirpe): ocorre quando descendente de grau inferior concorre à 
herança com descendente de grau superior. Imaginemos que o sujeito morre e deixa dois filhos 
vivos, A e B, e um terceiro filho morto, que tem dois filhos (netos, portanto): 1/3 da herança vai 
para o filho A, 1/3 para o filho B e 1/3 para os filhos do filho morto, isto é, 1/3 para estes dois netos 
dividirem, sendo 1/6 para cada. É claro que entre os filhos vigora o princípio da igualdade, os filhos 
adotivos tem os mesmos direitos dos filhos biológicos, é proibida qualquer discriminação entre os 
filhos. 
 
Se não há descendentes, quem herdará serão os ascendentes. Na linha ascendente, os mais 
próximos excluem os mais remotos e não há direito de representação. 
Se o sujeito morre e deixa o pai vivo e a mãe morta, toda a herança vai para o pai. Os avós 
maternos não herdam por representação no lugar da mãe. Não há direito de representação na 
linha ascendente. 
Se o sujeito morre e deixa três avós, sendo dois paternos e um materno, metade da herança 
irá para a linha paterna, para eles dividirem entre eles e metade para a linha materna. É o que se 
chama de sucessão por linhas ou in lineas, que ocorre quando os ascendentes são do mesmo grau, 
mas estão em linhas diferentes, quando a herança se dividirá em linhas. Se o sujeito morreu e 
deixou um avô só e quatro bisavós, tudo ficará para o avô, pois não há direito de representação. 
Se o filho adotivo morre, quem herda é o pai adotivo. Se não há pai adotivo, é o avô adotivo. 
Os ascendentes que herdam são os da família adotiva. O pai biológico não é considerado herdeiro 
aos olhos da lei, pois a adoção extingue os vínculos com a família de sangue. Portanto, a família 
biológica nada herdará. 
Outra questão interessante se encontra quando morre um filho não reconhecido. O pai que 
não o reconheceu nada herdará porque ele não é pai aos olhos da lei. Porém, cabe reconhecimento 
post mortem do filho, desde que o filho tenha deixado descendentes (art. 1.609, parágrafo único). 
Só se pode reconhecer filho morto se ele deixou descendentes, porque esse pai reconhecerá o filho 
mas não herdará: a herança irá para os descendentes. 
 
Sucessão do cônjuge 
Se não houver descendentes nem ascendentes, qualquer que seja o regime de bens, ainda 
que seja separação absoluta, toda a herança é deferida ao cônjuge sobrevivente (art. 1.838). 
Todavia, o cônjuge não é herdeiro em duas hipóteses: 
a) se estava separado judicialmente ou divorciado; 
b) se estava separado de fato há mais de dois anos, salvo se prova que não teve culpa pela 
separação (art. 1.830). Essa discussão quanto à culpa na separação NÃO pode ser feita no 
inventário, porque o Código de Processo Civil proíbe que se discuta no inventário questão de alta 
indagação, que é aquela questão que envolve matéria fática, que tem que ser provada por 
testemunhas, que não está comprovada por documento. Essa discussão de culpa deve ser objeto 
de ação autônoma, não pode ser debatida dentro do inventário. 
 
Após dois anos de separação de fato, o cônjuge deixa de ser herdeiro, mas o Código é omisso 
se ele continua ou não sendo meeiro, isto é, se os bens vão ou não continuar se comunicando 
quando se separa de fato. O tema é polêmico. Prevalece a corrente que diz que quando cessa a 
convivência, isto é, com a separação de fato, os bens não mais se comunicam, o cônjuge deixa de 
ser meeiro, por força do art. 1.683. O tema é polêmico, porque este artigo cuida do regime da 
separação final nos aquestos, mas a doutrina o aplica por analogia aos demais regimes de bens. 
 
 
 
 
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DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
Uma questão: na hipótese de o casamento ser anulado, o cônjuge sobrevivente herda? Por 
exemplo, se o casamento foi anulado em 1970 e hoje morre o sujeito, o cônjuge herdará? Evidente 
que não. O cônjuge sobrevivente, para herdar, depende de dois requisitos: 
a) Primeiro, que a anulação seja após a morte, isto é, a ação anulatória deve ser post mortem, 
ou seja, a sentença de anulação deve ter transitado em julgado após a morte; se o casamento foi 
anulado em vida, ao tempo da morte o sobreviventenão era mais cônjuge. Como para herdar tem 
que ser cônjuge ao tempo da abertura da sucessão, ele não herdará. 
b) Deve ser um casamento putativo, isto é, deve haver boa-fé do sobrevivente. 
Em suma, na anulação de casamento o cônjuge sobrevivente herda se estava de boa-fé 
(casamento putativo) e também, a anulação deve ser post mortem. Os dois requisitos devem ser 
cumulativos. 
Se quando o casamento foi anulado os dois estavam vivos, quando um deles morrer o outro 
não será cônjuge sobrevivente, e, assim, não herdará. 
O Código permite que o cônjuge concorra à herança junto com os descendentes em alguns 
regimes de bens, conforme art. 1.829, inciso I. Em alguns regimes de bens, o cônjuge herda junto 
com os descendentes. 
Nos regimes em que o cônjuge herda junto com os descendentes, questiona-se: quanto herda 
o cônjuge? O cônjuge herda aquilo que herda o descendente. Ele concorre em quinhão igual ao dos 
descendentes (art. 1.832). O cônjuge entra como um filho. Exemplo, sujeito morre e deixa dois 
filhos e uma mulher. A herança será dividida por 3. 
Se os filhos forem comuns, isto é, pertencerem também ao cônjuge sobrevivente, este tem a 
reserva mínima de 1/4, ou seja, ele não pode herdar menos que 1/4 da herança. Ele pode herdar 
até mais que 1/4, mas não menos que isto. 
Por exemplo, se ele morre e deixa 10 (dez) filhos e a mulher, sendo estes filhos comuns, a 
mulher herdará 1/4 e o restante é dividido pelos 10 (dez) filhos. 
Caso ele morra e deixe a mulher e dois filhos, cada um herdará 1/3 da herança. 
 
O Código é omisso a respeito da filiação híbrida, que ocorre quando o sujeito morre e deixa 
filhos comuns, cônjuge e filhos incomuns. Essa reserva mínima de 1/4 se dá quando há filhos 
comuns. Mas o Código é omisso quando há filhos comuns e incomuns. Se deixar só filhos incomuns, 
não há reserva de 1/4. 
Por exemplo, se morre e deixa mulher e 10 (dez) filhos incomuns, a herança é dividida em 11 
(onze) partes. Se os filhos são comuns, há a reserva de 1/4. 
No que tange ao tema, há divergência. 
 Uma primeira corrente entende que em caso de filiação híbrida não há reserva de 
1/4, todos os filhos devem ser tratados como filhos exclusivos do de cujus. Não 
haveria a reserva do cônjuge, com argumento de que a reserva de 1/4 prejudicaria 
os filhos exclusivos que nada tem a ver com o viúvo. 
 Segunda corrente manda considerar todos os descendentes como se fossem 
descendentes comuns, justamente para que o cônjuge tenha a reserva de 1/4. 
Para o professor, deve prevalecer uma terceira corrente, que soluciona o conflito com base 
em regras de proporção matemática. Se os filhos são comuns, o cônjuge tem essa reserva de 1/4. 
Se todos os filhos são incomuns, o cônjuge não tem a reserva de 1/4. 
 
Exemplo: imaginemos que o de cujus deixou a mulher, quatro filhos comuns e um filho 
incomum e uma herança de 1.200 para divisão. São, assim, cinco filhos e a cônjuge, que herdará 
como um filho, sendo, assim, a divisão em 6 partes. Deve-se dividir a herança de 1.200 por 6, que 
daria 200 para cada um. 
 
 
 
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Desse valor de 1.200, retira-se a parte do filho incomum (200). Sobraria, assim, 1.000. O 
cônjuge teria 1/4 sobre os 1.000, que é a parte dos filhos comuns (1/4 corresponde a 250). 
Pelo princípio da isonomia, os filhos tem que herdar por igual, o que não pode ser esquecido. 
Assim, para se dividir a herança, pega-se o valor de 1.200, retira os 250 do cônjuge, restando, 
assim, 950, valor este que deve ser dividido por igual entre os cinco filhos, ficando cada um com 
190. 
 
Se o de cujus deixou descendentes e cônjuge, em alguns regimes este herdará e em outros 
não herdará. Quando concorre com descendente, o cônjuge nada herdará nos seguintes regimes: 
a) comunhão universal 
b) separação obrigatória de bens 
c) comunhão parcial, o cônjuge só herda os bens particulares do de cujus, isto é, aqueles bens 
que não se comunicaram por ocasião do casamento. O cônjuge não herda os bens comuns, porque 
em relação a estes, ele tem a meação. Ele herdará os bens particulares. Assim, quem é casado 
nesse regime, herdará os bens particulares; se nenhum bem particular existir, ele nada herdará. 
 
Maria Helena Diniz sustenta que se o de cujus deixou bens particulares, o cônjuge 
sobrevivente herdará percentual da herança não só sobre os bens particulares, mas sobre toda a 
herança. O seu argumento consiste no fato de a herança ser indivisível e também há o princípio da 
operabilidade, dizendo que o cálculo ficará mais fácil. Então, segundo este raciocínio, se o de cujus 
não deixar bens particulares, o cônjuge não herdará nada, se houver descendentes. Se o de cujus 
deixa bens particulares, o cônjuge herda como um filho, mas participando de toda a herança e não 
só dos bens particulares. 
O professor discorda de tal posicionamento. 
Zeno Veloso sustenta que se o de cujus deixou bens particulares o cônjuge só vai herdar esses 
bens particulares, não todos os outros bens. A sucessão só ocorrerá em relação aos bens 
particulares, mesmo porque em relação aos bens comuns o cônjuge já é meeiro. Esse é o 
posicionamento que o professor entende correto. A regra é que na comunhão parcial o cônjuge não 
herda se houver descendente, salvo quanto aos bens particulares. Não se pode fazer analogia para 
as exceções, que devem ser interpretadas restritivamente. 
 
Quanto ao regime da separação obrigatória, há outra discussão: o que é separação 
obrigatória? 
Para a corrente dominante, a separação obrigatória é a legal, a imposta pela lei. É aquela em 
que o casal não tem opção de escolher outro regime. É o casamento das pessoas do art. 1.641 do 
Código Civil. O cônjuge nada herda na separação legal. Logo, na separação convencional o cônjuge 
herdaria se concorresse com descendentes. 
Para a segunda corrente, defendida por Miguel Reale Junior, o termo “separação obrigatória” 
é gênero que abrange tanto a separação legal quanto a convencional. Portanto, nesses dois 
regimes, se houver descendentes, o cônjuge nada herdaria. 
Uma terceira corrente entende que o termo “separação obrigatória” abrange apenas a 
separação convencional. Assim, o cônjuge nada herdaria na separação convencional. Na separação 
legal, o cônjuge herdaria. Essa terceira corrente se baseia no art. 1829, inciso I, que diz que o 
cônjuge nada herdará se houver descendentes no regime da separação obrigatória, colocando 
entre parênteses o art. 1.640, parágrafo único. Este artigo cuida do pacto antenupcial na separação 
convencional, por isso essa terceira corrente entende que o cônjuge nada herda na separação 
convencional, mas na separação legal, ele herdaria. 
 
 
 
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DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
Prevalece a primeira corrente, sendo que o cônjuge nada herda na separação legal. Na 
separação convencional, o cônjuge herdaria. De qualquer maneira, há três correntes sobre o 
assunto. 
 
No que tange ao regime de participação final nos aquestos, é regime híbrido. Durante o 
casamento, se assemelha ao regime de separação. Na dissolução, assemelha-se ao regime da 
comunhão, pois o cônjuge terá direito de participação naquilo que o outro adquiriu onerosamente. 
Prevalece quanto a este regime o entendimento de que o cônjuge sobrevivente só herdará os bens 
particulares do de cujus, isto é, os bens que não se comunicaram. Aplicar-se-iam as mesmas regras 
da comunhão parcial, justamente porque o regime da participação final nos aquestos se assemelha 
a ele quando da dissolução do casamento. Há, inclusive, Enunciado 270 do CJF, que diz que no 
regime de participação final nos aquestos, o cônjuge só herda os bens particulares. 
 
Seguindo a respeito docônjuge, se não houver descendentes, concorrendo com ascendentes, 
o cônjuge herda qualquer que seja o regime de bens. Por exemplo, se o de cujus deixar pai, mãe, 
avô, o cônjuge herdará qualquer que seja o regime de bens, ainda que seja o da separação de bens. 
Concorrendo com ascendentes, deve-se analisar qual o quinhão que o cônjuge herdará. 
Se o de cujus deixou pai, mãe e cônjuge divide-se a herança por três, cada um ficando com 
1/3. Fora dessa hipótese, se o de cujus deixou pai e cônjuge, cada um fica com metade da herança. 
Se o de cujus deixou avós e cônjuge, este receberá metade. 
Portanto, concorrendo com os ascendentes de primeiro grau (pai e mãe), o cônjuge herda 1/3 
da herança. Se concorrer só com um ascendente de primeiro grau, isto é, só com o pai ou só a mãe, 
o cônjuge herdará a metade. Se concorrer com outros ascendentes, de segundo e terceiro grau 
(avós, bisavós), o cônjuge também herda metade. Em suma, quando concorrer com ascendente, o 
cônjuge herda metade, salvo se concorrer com pai e mãe, quando herdará 1/3. 
 
Em resumo: 
Se não houver descendentes nem ascendentes, toda a herança fica para o cônjuge, qualquer 
que seja o regime de bens. 
Se houver descendentes, o cônjuge pode ou não herdar. Ele nada herdará na comunhão 
universal e na separação obrigatória. Na comunhão parcial e na participação final nos aquestos, só 
herdará os bens particulares do de cujus, que são bens incomunicáveis. Nos demais regimes, 
quando concorre com descendentes o cônjuge herda um quinhão igual ao dos descendentes, isto é, 
herda como se fosse um filho. Se os descendentes forem comuns, o cônjuge tem que herdar, no 
mínimo, 1/4. 
Quando o cônjuge concorre com ascendente, sempre herda, qualquer que seja o regime de 
bens. 
Em todas essas hipóteses, vale lembrar que o cônjuge deixa de ser herdeiro se estava 
separado judicialmente ou de fato há mais de 2 (dois) anos, salvo, nessa hipótese, se não teve culpa 
pela separação de fato. 
 
O art. 1.831 prevê o direito real de habitação do cônjuge. Diz que qualquer que seja o regime 
de bens, o cônjuge tem o direito real de habitação, sem prejuízo da herança que venha a receber. 
Esse direito real de habitação é relativo ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja 
o único imóvel residencial no inventário. Logo, se no inventário há mais de um imóvel residencial, a 
posição dominante diz que o cônjuge não tem direito de habitação. 
 
 
 
 
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DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
Para uma segunda corrente defendida por José Luis Gavião de Almeida, dizendo que se 
houver no inventário mais de um imóvel residencial, o cônjuge não teria o direito de manter a 
residência familiar, mas continuaria com o direito de habitação sobre o outro imóvel que deveria 
oferecer o mesmo conforto. Esse autor invoca o princípio da dignidade da pessoa humana. 
A posição dominante é que se houver mais de um imóvel residencial não há direito de 
habitação. 
Este direito real de habitação é um direito real que se opera ex vi legis, isto é, em razão da lei, 
é direito real automático, independente de registro. 
Este direito real de habitação se extingue quando o cônjuge sobrevivente morrer ou se o 
imóvel deixar de ser sua moradia, sua residência. 
Em caso de novo casamento, não há perda do direito real de habitação, ao contrário do que 
previa o Código Civil anterior. 
Vale lembrar que o direito real de habitação consiste no uso gratuito do imóvel, é o direito de 
moradia, de continuar morando no imóvel sem que os herdeiros cobrem aluguel. É direito real 
sobre coisa alheia. O cônjuge não é dono, mas tem a posse, tem o direito de morar no imóvel. O 
imóvel não pode ter outro destino a não ser a moradia. Não cabe alugar ou emprestar o imóvel em 
comodato. 
Questiona-se se o cônjuge sobrevivente pode renunciar a esse direito real de habitação. Para 
a posição dominante é possível, fazendo isto no inventário, por termo nos autos ou por escritura 
pública. Essa renúncia não gerará perda da herança que este cônjuge tenha direito, conforme 
Enunciado 271 do CJF. 
Há corrente que sustenta não caber essa renúncia, pois ligada ao direito de moradia, que é 
direito indisponível, assegurado na Constituição, em seu artigo 6º, caput. 
 
Do usufruto vidual (da viúva) 
No Código de 1916, o cônjuge tinha direito ao usufruto, além da herança e da meação. Caso o 
de cujus deixasse descendentes, o cônjuge tinha usufruto de 1/4 da herança. Se deixasse 
ascendentes, o cônjuge tinha usufruto a metade da herança. 
O novo Código não repete esse usufruto, estando ele, portanto, revogado. 
 
Diferenças entre herança e meação 
Herança é o patrimônio deixado pelo morto. O direito de reivindicar a herança só surge com a 
morte. Quem está vivo não tem herança, tem patrimônio. Quando falece, o patrimônio muda de 
nome, virando herança do de cujus. 
Meação é o patrimônio amealhado durante o casamento, que se comunica por força do 
regime de bens. 
O fato gerador da meação é o casamento mais a aquisição do bem. 
A meação pode ser reivindicada em vida, quando se divorcia, por exemplo. 
A herança só pode ser reivindicada após a morte, sendo esta o fato gerador da morte. 
A meação varia conforme o regime de bens. No regime da comunhão universal, comunicam-
se em regra somente os bens adquiridos onerosamente durante o casamento. Isso se dá 
igualmente no regime de participação final nos aquestos. 
Já no regime de comunhão universal de bens a meação é ampla, comunicam-se todos os bens 
anteriores e posteriores ao casamento, ainda que adquiridos gratuitamente (como, por exemplo, 
herança e meação). 
Já no regime de separação de bens, só há meação nos aquestos, isto é, só se comunicam os 
aquestos, que são os bens adquiridos com esforço econômico comum. 
 
 
 
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DIREITO CIVIL - Sucessões 
PROF: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
Concluindo, o cônjuge pode ser: 
a) meeiro e herdeiro, isto é, ter meação e herança, por exemplo, casado na comunhão 
universal com pessoa que morreu sem deixar descendentes; 
b) meeiro, sem ser herdeiro, como por exemplo, casado na comunhão universal, porém com 
de cujus com descendentes; 
c) herdeiro sem ser meeiro, tendo herança, mas não meação, por exemplo, casado na 
separação de bens não tem meação, porém o de cujus morreu sem deixar descendentes, quando o 
cônjuge herdará; 
d) não é meeiro nem herdeiro, por exemplo, casado na separação obrigatória de bens, não 
tendo meação, e o de cujus deixar descendentes, não sendo, assim, herdeiro. Só restará para esse 
cônjuge o direito real de habitação, que é possível em qualquer dos regimes. 
 
Sucessão dos colaterais 
Se não houver cônjuge sobrevivente ou então se o cônjuge for indigno, serão chamados para 
suceder os colaterais de até 4º grau (art. 1.839 CC). Os colaterais herdam se não houver 
ascendente, descendente ou cônjuge ou então se houver, mais forem declarados indignos. 
Na linha colateral, o parentesco começa em segundo grau. Não existe colateral de primeiro 
grau. Deve-se contar o parentesco chegando até o ascendente comum e descer a contagem. Os 
colaterais de segundo grau são os irmãos, que podem ser unilaterais e bilaterais. 
Os irmãos bilaterais ou germanos são os filhos do mesmo pai e da mesma mãe. 
Os irmãos unilaterais são os que têm apenas um genitor em comum. Há o irmão paterno, 
também chamado de irmão consanguineo e o irmão materno, chamado de irmão uterino. 
Os irmãos, sejam bilaterais ou unilaterais, herdam por cabeça. Se o de cujus deixa cinco 
irmãos unilaterais, divide-se a herança por cinco. Se deixa cinco bilaterais, também divide-se por 
cinco. 
Se houver entre os herdeiros irmãos bilaterais e unilaterais, o art. 1.841 diz que cada irmãounilateral herda metade do que herda cada bilateral, isto é, o bilateral herda o dobro do unilateral. 
Assim, por exemplo, sujeito morre e deixa dois irmãos bilaterais e um irmão unilateral. 
Imaginemos uma herança de 1000: 400 para bilateral A, 400 para bilateral B e 200 para unilateral C. 
Se não houver irmãos, quem herda são os sobrinhos (filhos de irmãos, não qualquer 
sobrinho). Os sobrinhos são os colaterais de terceiro grau. 
Os sobrinhos podem herdar por cabeça e por representação. 
a) por cabeça: quando o de cujus deixar só sobrinhos. Exemplificando, se o de cujus morrer e 
deixar três sobrinhos, a herança se divide por três. Se ele deixa sobrinhos bilaterais e sobrinhos 
unilaterais, seguirá a regra segundo a qual o sobrinho unilateral só herda metade do sobrinho 
bilateral. Aplica-se a mesma regra dos irmãos. 
b) Por representação ou por estirpe: é o único caso de direito de representação na linha 
colateral. Herdarão por direito de representação quando concorrem com irmãos do falecido. 
Exemplo 1: O de cujus deixa irmãos e sobrinhos, filhos de um irmão morto. Esses sobrinhos 
herdam por representação, concorrem à herança junto com os outros irmãos. Exemplo 2: sujeito 
morre deixando um irmão vivo e um irmão pré-morto. Esse irmão, por sua vez, deixou três filhos. 
Imaginemos uma herança de 18.000, 9000 ficaria para o irmão vivo, 9000 para dividir entre os três 
sobrinhos, cada qual ficando com 3000 mil. 
Imaginemos, novamente, herança de 18.000. Sujeito morre deixando um irmão bilateral vivo 
e um irmão unilateral já morto, que deixou por sua vez três filhos. 12.000 ficaria para o irmão vivo, 
6.000 para dividir com os filhos do irmão unilateral morto, sendo 2.000 para cada um dos filhos. 
Vale lembrar que quem herda por representação é sobrinho que é filho de irmão. Sobrinho 
que é neto de irmão não herda por representação. 
 
 
 
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Se não houver irmãos nem sobrinhos, quem herda são os tios (irmãos do pai ou da mãe), que 
também são colaterais de terceiro grau. 
Tio e sobrinho são colaterais de terceiro grau, mas a lei dá preferência para herdar primeiro 
para o sobrinho. Tio só herdará se não houver sobrinho. 
Vale lembrar que não há direito de representação em relação aos tios. Se o sujeito morre e 
deixa três tios, A, B e C, tendo também o D, este com filhos, mas já morto, a herança será dividida 
entre A, B e C. Em relação aos filhos de D não há direito de representação. 
Se o sujeito morre e deixa dois tios, um tio bilateral e um tio unilateral, a herança ficará 
metade para cada um: não há diferença entre ser tio unilateral ou bilateral. Essa diferença só tem 
importância quando se tratar de irmãos e sobrinhos filhos de irmãos. Não se pode fazer analogia 
em normas restritivas de direitos. Tio unilateral herda em igualdade de condições com tio bilateral. 
Se não houver irmãos, sobrinhos ou tios, a herança vai para os colaterais de quarto grau, que 
são os seguintes: primos-irmãos, tio-avô e sobrinho neto. Aqui todos no mesmo grau, e não há 
direito de representação. 
Exemplo: sujeito morre e deixa três primos. Um quarto primo já estava morto. A herança se 
dividirá por três primos vivos, filho de primo não herda por representação. 
Aqui também não há diferença de ser colateral bilateral ou unilateral, ambos herdarão em 
igualdade de condições. 
O primo não está a frente do sobrinho neto nem à frente do tio-avô, a herança se dividirá por 
três, existindo os três. 
 
Sucessão da companheira (o) – art. 1.790 CC 
 
Tal artigo diz que a companheira (o) participará da sucessão do outro quanto aos bens 
adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas seguintes condições. 
Percebam que se fala em sucessão de bens adquiridos onerosamente na vigência da união 
estável. 
São condições para o companheiro herdar: 
a) se concorrer com filhos comuns terá direito a uma cota equivalente a do filho; 
b) se concorrer com descendentes só do autor da herança, herdará metade do que cada um 
desses descendentes fizer jus; 
c) se concorrer com outros parentes herdará 1/3 da herança; 
d) se não houver outros parentes sucessíveis, herdará toda a herança. 
 
O Código Civil atribui direito sucessório a companheira (o) apenas quanto aos bens adquiridos 
onerosamente na vigência da união estável. Em relação a esses bens, o companheiro (a), além de 
ser meeiro, ainda tem direito à herança. 
Se concorrer com filhos comuns, herda como se fosse um filho. Essa expressão filho comum 
equivale a “descendentes comuns” (enunciado 266 CJF). Por exemplo, sujeito morreu e deixou 
companheira e dois filhos comuns, com relação aos bens adquiridos onerosamente, divide-se por 
três. 
Note-se que a companheira não tem a reserva mínima de 1/4 que o cônjuge tem. 
Se concorrer com filhos só do autor da herança, a companheira (o) herda só metade, como se 
fosse “meio filho”. 
Se concorrer com outros parentes, isto é, com ascendentes ou colaterais, a companheira (o) 
herda 1/3 da herança. 
 
 
 
 
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Se não houver parente nenhum, a companheira (o) herda toda a herança, mas apenas quanto 
aos bens adquiridos onerosamente durante a união estável. 
Aqui temos duas observações. 
A primeira é que há quem entenda inconstitucional o fato de a companheira (o) herdar estes 
bens adquiridos onerosamente durante a união estável em concorrência com os descendentes, 
porque a companheira (o), ao mesmo tempo, é herdeiro e meeiro, sendo que o cônjuge não herda 
esses bens adquiridos onerosamente durante o casamento. O companheiro teria mais direitos que 
o cônjuge, o que violaria o princípio da isonomia. 
Outra observação, de Maria Berenice Dias, afirma ser absurdo o art. 1.790 ter colocado os 
colaterais na frente do companheiro. Quando concorre com colaterais ou com ascendentes, o 
companheiro herda 1/3 da herança, e o colateral herdaria mais que esse companheiro. Isso seria 
absurdo, violando o princípio da isonomia, porque o cônjuge está na frente dos colaterais; logo, 
companheiro (a), por questão de isonomia, teria que estar na frente dos colaterais também. Para a 
autora, tal artigo é inconstitucional na parte que prioriza os colaterais em detrimento do 
companheiro, devendo ser interpretado da seguinte forma: se concorrer com colaterais, toda a 
herança iria para o companheiro e não para os colaterais. 
Não confundir a união estável com concubinato. Concubinato é a convivência duradoura, mas 
que viola a lei. É o concubinato adulterino, quando pessoa casada mantém relação paralela; 
concubinato incestuoso, quando mantém relacionamento com parentes próximos. 
O concubinato adulterino e também o incestuoso não produzem efeitos sucessórios. A lei não 
pode priorizar um ato, uma convivência ilícita ou imoral. 
Pessoa casada, mas separada de fato, que constitui uma nova família, configura-se união 
estável, de modo que sua companheira (o) terá direito sucessório (parágrafo 1º do art. 1.723 CC). 
Se o companheiro concorre com filho comum, herda o equivalente a esse filho. 
Se concorre com filho incomum, herda só metade, como “meio filho”. 
O Código, mais uma vez, não contempla a sucessão híbrida, quando o companheiro concorre 
com filhos comuns e com filhos exclusivos do de cujus (filhos incomuns). Neste caso: 
 Uma primeira corrente entende que todos os filhos devem ser considerados como 
sendo comuns, aplicando o art. 1.790, inciso I CC, de modo que o companheiro 
herdaria como se fosse filho. 
 Uma segunda corrente entende que todos os filhos devem ser considerados como 
filhos incomuns, de modo que o companheiro (a) herdaria como “meio filho”, só 
metade do que couber a cada um dos descendentes,conforme art. 1790, inciso II 
CC, porque os filhos incomuns nada tem a ver com o assunto, não podem ser 
prejudicados. 
 Para a terceira corrente, mais correta para o professor, resolve-se o problema na 
base da proporção matemática. Concorrendo com filho comum, o companheiro 
herda como se fosse um filho. Concorrendo com filho incomum, herda como “meio 
filho”, isto é, 0,5. Para saber a parte que cabe ao companheiro, pega-se o número 
de filhos comuns, soma-se com os filhos incomuns, sendo que cada incomum 
equivale a 0,5 e dividir pelo total de filhos, conforme a fórmula: 
 
 
PC (parte do companheiro) = 1 x (número de filhos comuns) + 0,5 (número de filhos 
incomuns) : pelo total de filhos. 
 
 
 
 
 
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Por exemplo, o sujeito morre, deixa companheira, três filhos comuns e dois incomuns. Qual a 
parte da companheira? 
 
Filhos comuns = 3 + [0.5 x 2 (número de filhos incomuns)] 
PC = 3 +1 = 4. 
4 : 5 (total de filhos) 
PC = 0,8. 
 
Para descobrir a parte de cada filho, lembrar do princípio da isonomia, usando a seguinte 
fórmula: 
 
Herança : [número de filhos + parte da companheira] 
PF (parte de cada filho) = H (herança) : [número de filhos + PC parte da companheira). 
 
Por exemplo, herança de 5.800. 
5.800 : 5,8 = 1.000. Logo, a parte de cada filho é 1.000. 
A parte da companheira é 0,8 de 1000 = 800. 
 
O Código é omisso a respeito do tempo de convivência para que o companheiro (a) seja 
herdeiro (a). Em regra, o tempo de convivência tem que ser analisado no caso concreto, pelo juiz. 
Deve ser convivência contínua, duradoura. 
O problema surge quando a pessoa casada, separada de fato, constitui nova união estável e 
depois falece. 
Qual o tempo de separação de fato necessário para que o companheiro (a) seja o herdeiro (a) 
e não o cônjuge? 
 Para uma primeira corrente, até 2 (dois) anos de separação de fato, quem é 
herdeiro é o cônjuge. Assim, companheiro (a) só será herdeiro depois de 2 (dois) 
anos dessa separação de fato, conforme art. 1.830 CC. 
 Para uma segunda corrente, com base no art. 1.801, inciso III CC, que diz que 
pessoa casada não pode nomear, em testamento, concubina, senão depois de 5 
(cinco) anos de separação de fato. Assim, se nem por testamento é possível 
instituir como herdeiro o concubino antes dos cinco anos, significa que só será 
herdeira após cinco anos de separação de fato. 
Em suma, há as duas interpretações. Pessoa casada, separada de fato, que constitui nova 
união estável, para que a companheira tenha o direito à sucessão, para a primeira corrente, deve 
haver separação de fato por no mínimo dois anos; para a segunda corrente, mais rígida ainda, diz 
que deve haver separação de fato com mais de cinco anos, porque até cinco anos não se pode 
nomear concubino em testamento. Se não pode herdar em testamento, também não pode herdar 
por força de lei. 
 
Direito de habitação da companheira (o) 
A Lei 9.278/96 prevê o direito real de habitação da companheira, isto é, o direito de continuar 
morando no imóvel que servia de residência do casal, independentemente de ser o único imóvel de 
residência do casal. 
Porém, esse direito de habitação cessa com a morte ou, se deixar de ser moradia, ou se 
houver novo casamento ou nova união estável. 
 
 
 
 
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O direito de habitação do cônjuge não cessa pelo novo casamento ou união estável, ao passo 
que quanto ao companheiro, cessa. 
Questiona-se se esse direito de habitação continua em vigor, porque o CC é omisso quanto ao 
direito de habitação. 
 Para a primeira corrente, continua em vigor, porque o Código Civil é uma lei geral e 
lei geral não revoga lei especial. 
 Para uma segunda corrente, esse direito de habitação foi revogado e tem dois 
argumentos. Primeiro, houve revogação global, porque o Código Civil disciplinou 
toda a matéria de união estável, logo os artigos não repetidos estariam revogados. 
Depois, o art. 2.043 do CC, que diz que as leis especiais anteriores ao CC continuam 
em vigor (de natureza processual, administrativa e penal). Logo, as de natureza 
civil estariam revogadas. Em suma, é tema polêmico. 
O CC não prevê direitos sucessórios para companheira em relação aos bens adquiridos antes 
da união estável ou durante, mas a título gratuito, isto é, em relação aos bens incomunicáveis. A 
posição dominante é que não há esse direito sucessório em relação a esses bens, mas só quanto 
aos adquiridos onerosamente, não quanto aos adquiridos gratuitamente durante a união estável ou 
a qualquer título antes, conforme está na lei. Há uma interpretação, mais correta para o professor, 
que diz que em relação a esses bens, a companheira está na frente do Poder Público, do Município, 
do DF e da União, porque o art. 1.844 só considera a herança jacente quando não houver cônjuge, 
companheiro ou algum parente sucessível. Assim, em relação aos bens referidos acima, a 
companheira continuaria sendo herdeira na frente do Poder Público.

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