Buscar

Direito Previdenci rio material 02

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
1 
www.cursoenfase.com.br 
1 SEGURIDADE SOCIAL ....................................................................................................... 2 
1.1 Princípios constitucionais da Seguridade Social ................................................... 2 
1.1.2 Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às 
populações urbanas e rurais ............................................................................................... 3 
1.1.3 Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios .................................... 5 
1.1.4 Princípio da equidade na forma de participação no custeio ......................... 6 
1.1.5 Diversidade da base de financiamento .......................................................... 6 
1.1.6 Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração ........ 7 
1.2 Previdência Social.................................................................................................. 7 
1.2.1 Regime Geral de Previdência Social - RGPS ................................................... 7 
1.2.1.1 Beneficiários do RGPS ............................................................................. 7 
1.2.1.1.1 Segurados do RGPS .......................................................................... 7 
1.2.1.1.1.1 Segurados obrigatórios ............................................................. 8 
1.2.1.1.1.2 Segurados facultativos ............................................................ 20 
1.2.1.1.1.3 Período de graça ..................................................................... 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
2 
www.cursoenfase.com.br 
1 SEGURIDADE SOCIAL 
1.1 Princípios constitucionais da Seguridade Social 
Art. 194, parágrafo único, da Constituição Federal traz os objetivos que a doutrina 
chama de princípios da Seguridade Social. 
É importante destacar que estamos tratando ainda da Seguridade Social, que é 
gênero. Logo, os princípios em questão vão informar também, além da saúde e da 
assistência social, a Previdência Social. 
Vejamos então quais são esses princípios descritos no parágrafo único do art. 194 da 
CRFB/88: 
 Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa 
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; 
V - equidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento; 
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados 
e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, 
de 1998) 
1.1.1 Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento e princípio da 
seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços 
Um princípio não indica um passo a ser dado, mas a diretriz a ser percorrida, 
consistindo em uma ordem para se fazer o máximo para se chegar ao mandamento 
constitucional estabelecido. E diferentemente das regras, os princípios são aplicados na 
maioria das vezes por meio da ponderação. 
Desse modo, apesar da previsão de universalidade da cobertura e do atendimento no 
inciso I transcrito acima, isso não significa que em todos os ramos da Seguridade Social essa 
universalidade será igual e nem significa que essa universalidade é radicalmente absoluta, 
tratando-se apenas de uma diretriz. 
Então, a universalidade da Seguridade Social significa que se deve levá-la a tudo e a 
todos. Universalidade da cobertura significa que a Seguridade Social deve alcançar todos os 
riscos sociais. Universalidade do atendimento significa que a Seguridade Social deve alcançar 
todas as pessoas. Veja-se que cobertura está relacionada a riscos e atendimento está 
relacionado a pessoas. 
Ao verificarmos o teor do inciso III acima transcrito, que trata do princípio da 
seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços, percebemos que há 
uma certa tensão entre ele e o princípio da universalidade, previsto no inciso I. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
3 
www.cursoenfase.com.br 
Seletividade significa que eu preciso selecionar ou escolher os benefícios que serão 
concedidos e as pessoas que vão receber essa prestação. Veja-se que, se por um lado, o 
princípio da universalidade diz "leve seguridade para tudo e para todos", por outro lado, o 
princípio da seletividade diz "escolha, vez que é impossível atingir a tudo e a todos". 
E nesse processo de seleção, nesse processo de escolha, deve-se levar em 
consideração o critério da distributividade. Percebe-se então que a Seguridade Social é um 
instrumento de redistribuição de rendas, o que quer significar que a seguridade não é 
meramente retributiva, ou seja, quando falo em benefícios da Seguridade Social, não estou 
simplesmente retribuindo contribuições, mas estou distribuindo rendas, o que está 
intimamente relacionado com a ideia de solidariedade, já vista na aula anterior. 
Nesse contexto, podemos ter pessoas pagando mais do que vão receber, enquanto 
temos pessoas que vão receber mais do que pagaram, o que faz parte dessa ideia de 
redistribuição. 
Essa forma de manifestação do princípio da seletividade e distributividade é 
evidenciada muito claramente nos benefícios previdenciários, por exemplo. O auxílio-
reclusão, por exemplo, é um benefício concedido aos dependentes de um segurado preso de 
baixa renda. Nesse caso, escolhe-se uma situação da vida que merece cobertura - risco 
(segurado preso). Porém, nem todos os dependentes de pessoas presas, encontram-se em 
uma situação que faz jus a cobertura previdenciária, sendo beneficiados, dessa forma, 
apenas aqueles que são de baixa renda, ou seja, mais uma vez estou há uma seleção. O 
princípio da seletividade é utilizado nesse caso para escolher o risco e a pessoa que vai 
receber a cobertura. 
Outro exemplo: incapacidade por dez dias, há cobertura previdenciária? Não. 
Incapacidade por mais de quinze dias, há cobertura previdenciária? Sim. Mais uma vez o 
princípio da seletividade: uma incapacidade de curtíssima duração não é merecedora de 
cobertura previdenciária, enquanto uma superior a quinze dias é selecionada como risco 
social. 
 1.1.2 Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais 
 Esse princípio poderia ser substituído por uma palavra: igualdade ou isonomia, pois 
esse princípio é, na verdade, uma densificação do princípio da isonomia, estabelecendo a 
necessidade de se existir uma igualdade entre as populações urbanas e rurais. 
E a necessidade dese instituir esse princípio na CRFB/88 ocorreu porque, 
anteriormente, a população rural era excluída da previdência social. Possuía algumas 
coberturas, mas muito mais de cunho assistencial do que previdenciário. Para se ter uma 
ideia, os trabalhadores rurais só foram incluídos no Regime Geral de Previdência Social em 
1991, com a Lei nº 8.213. 
 Agora vejam que determinar um tratamento uniforme e equivalente não significa a 
impossibilidade de se compensar desigualdades materiais. Ao contrário, a busca pela 
compensação dessas desigualdades entre trabalhadores rurais e urbanos faz parte 
justamente desse tratamento equivalente. Tanto é que o art. 201, § 7º, II, da CRFB/88 diz 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
4 
www.cursoenfase.com.br 
que o trabalhador rural deve se aposentar com cinco anos de idade a menos quando 
comparado com o trabalhador urbano: 
Art. 201 (...) 
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da 
lei, obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
20, de 1998) 
(...) 
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, 
reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para 
os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o 
produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. (Incluído dada pela Emenda 
Constitucional nº 20, de 1998) 
Nós temos, ainda, uma série de facilitadores de acesso aos benefícios pelo 
trabalhador rural, como, por exemplo, o art. 39 da Lei n.º 8.213/91, que dispensa o segurado 
especial, que é essencialmente rural, do cumprimento de carência para certos benefícios, 
permitindo que, na prática, o segurado especial obtenha o benefício mesmo sem ter 
contribuído para a previdência social. Eles são obrigados a contribuir, mas a contribuição não 
é condição para obtenção do benefício: 
Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica 
garantida a concessão: 
I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou 
de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, e de auxílio-acidente, conforme disposto 
no art. 86, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma 
descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao 
número de meses correspondentes à carência do benefício requerido; ou (Redação 
dada pela Lei nº 12.873, de 2013) 
II - dos benefícios especificados nesta Lei, observados os critérios e a forma de cálculo 
estabelecidos, desde que contribuam facultativamente para a Previdência Social, na 
forma estipulada no Plano de Custeio da Seguridade Social. 
 Parágrafo único. Para a segurada especial fica garantida a concessão do salário-
maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de 
atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente 
anteriores ao do início do benefício. (Incluído pela Lei nº 8.861, de 1994) 
O curioso é que a proposta de reforma previdenciária pretendida pelo governo, 
conforme se tem noticiado, visa igualar formalmente tudo e todos. 
Se em uma prova vier uma afirmação: "é possível um tratamento diferente para o 
trabalhador rural", muito cuidado. Se não estiver especificado que é um tratamento para 
compensar desigualdade, a afirmativa está errada. O que se pode ter é um tratamento que 
atenda à universalidade e equivalência e que busque compensar desigualdades materiais. 
Essa compensação será sempre no sentido de facilitar o acesso do trabalhador rural à 
previdência social, ou seja, sempre para diminuir a desigualdade e não para aumentar. 
 
 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
5 
www.cursoenfase.com.br 
1.1.3 Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios 
Quando falo de uma irredutibilidade, significa que não posso reduzir o seu valor. 
Porém, o que significa reduzir? Podemos dizer que temos dois tipos de irredutibilidade: 
irredutibilidade nominal e irredutibilidade real. 
Irredutibilidade nominal é a mera conservação do valor histórico do benefício. Não 
posso reduzir o valor contábil do benefício. Quem ganha cinco mil não pode passar a ganhar 
quatro mil. O princípio da irredutibilidade nominal garante o segurado mesmo contra casos 
de deflação. A irredutibilidade nominal não garante, entretanto, uma valorização do 
benefício em caso de inflação, pois para isso, entramos no campo da irredutibilidade real. 
Irredutibilidade real consiste na garantia de manutenção do poder de compra do 
benefício. Manter o poder de compra corresponde a corrigir o benefício de acordo com a 
inflação. Irredutibilidade real é, portanto, a garantia de composição das perdas 
inflacionárias. 
E o princípio que informa a Seguridade Social previsto art. 194, parágrafo único, IV, 
da Constituição Federal é o princípio da irredutibilidade nominal, que garante a conservação 
do valor histórico do benefício. O bolsa-família, por exemplo, pode ficar três anos sem 
aumento, mesmo com inflação no período? Pode, pois se trata de um benefício assistencial 
que se submete ao princípio da irredutibilidade nominal. 
Agora, saindo dos princípios da Seguridade e pensando especificamente em 
previdência social, aí nós temos o princípio da irredutibilidade real. Observa-se que não 
estamos trocando um princípio pelo outro, o que temos é o acréscimo de mais um princípio 
quando tratamos de previdência social, que terá também, além da irredutibilidade nominal, 
a irredutibilidade real. Então, para os benefícios previdenciários, temos a garantida de 
composição das perdas inflacionárias. 
Para o RGPS, isso está previsto no art. 201, § 4º, da CRFB/88. Para o RPPS, isso está 
previsto no art. 40, § 8º da CRFB/88: 
Art. 201. (...) 
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter 
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
 
Art. 40. (...) 
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter 
permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) 
Pelas regras atuais, há uma situação curiosa no caso dos servidores públicos: o 
servidor da ativa até tem direito a um reajuste em sua remuneração, mas que não precisa 
corresponder à inflação. Já o servidor que se aposenta pelas regras novas tem direito a um 
reajuste em seu benefício correspondente à inflação. 
 
 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
6 
www.cursoenfase.com.br 
1.1.4 Princípio da equidade na forma de participação no custeio 
Esse princípio significa que devemos distribuir de forma justa o ônus pelo custeio da 
seguridade social. 
E essa distribuição justa passa pela valorização da capacidade contributiva, por meio, 
por exemplo, de alíquotas progressivas. Outro aspecto interessante no âmbito da seguridade 
social é que posso usar parâmetros como o porte da empresa, o grau de utilização de mão 
de obra, tudo para se definir alíquotas diferentespara o custeio da seguridade social, 
conforme autorização expressa do art. 195, § 9º, da CRFB/88: 
Art. 195 (...) 
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter 
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da 
utilização intensiva de mão-deobra, do porte da empresa ou da condição estrutural do 
mercado de trabalho. 
As instituições financeiras, por exemplo, além de contribuírem com a alíquota padrão 
de 20% sobre a folha de pagamento, contribuem ainda com uma alíquota adicional sobre 
sua folha de pagamento, tendo o STF declarado constitucional essa alíquota adicional das 
instituições financeiras. 
1.1.5 Diversidade da base de financiamento 
Como financiar a Seguridade Social é um muito pesado, nós temos aqui um 
instrumento que permite a pulverização do ônus pelo seu custeio, com diversas fontes. E 
nesse sentido, temos verbas do caixa geral das entidades federativas e a remuneração paga 
à Receita Federal do Brasil pela cobrança que efetua das contribuições para o sistema "S". 
Temos ainda, como principal fonte da seguridade social, as contribuições previstas no art. 
195 da CRFB/88: 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições 
sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, 
incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer 
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo 
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência 
social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 
1998) 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 
 
 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
7 
www.cursoenfase.com.br 
 1.1.6 Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração 
Esse princípio encontra-se previsto no inciso VII do parágrafo único do art. 194 da CF, nos 
seguintes termos: 
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados 
e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, 
de 1998) 
Observa-se que, de acordo com o princípio em questão, a Seguridade deve ter gestão 
quadripartite, com quatro setores interessados: empregadores, trabalhadores, aposentados 
e governo. 
1.2 Previdência Social 
Conforme já sabemos, a previdência Social se divide em previdência básica e 
previdência complementar. 
A previdência complementar oferece a sua cobertura por meio de entidades abertas 
e entidades fechadas de previdência complementar - EAPC e EFPC. 
Já a previdência básica, que é pública e obrigatória, se divide em Regime Geral de 
Previdência Social - RGPS e Regime Próprio de Previdência Social - RPPS. Nosso estudo, 
doravante, terá como foco o Regime Geral de Previdência Social - RGPS. 
1.2.1 Regime Geral de Previdência Social - RGPS 
O Regime Geral de Previdência Social - RGPS é o regime de previdência básica voltado 
para todas as pessoas que não têm regime próprio. E esse regime tem uma autarquia federal 
por ele responsável, que é o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, criada em 1990. 
Então em uma relação de benefícios, nós teremos de um lado o INSS, que oferecerá 
os benefícios e de outro lado os beneficiários do RGPS. E para iniciarmos o estudo do RGPS, 
devemos começar justamente pelos beneficiários. 
1.2.1.1 Beneficiários do RGPS 
Os beneficiários do RGPS se dividem em segurados e dependentes. 
Os segurados são beneficiários diretos da previdência social, o que significa dizer que 
a relação entre eles e o INSS se estabelece sem intervenção de qualquer outra pessoa. 
Já os dependentes são beneficiários indiretos, pois eles são dependentes do 
segurado, ou seja, para que exista um dependente deve existir, primeiramente, um 
segurado. 
1.2.1.1.1 Segurados do RGPS 
Os segurados do RGPS se dividem em dois grandes grupos: segurados facultativos e 
segurados obrigatórios. Os segurados obrigatórios se subdividem-se em cinco espécies: 
empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual e segurado 
especial, todos previstas no art. 11 da Lei n.º 8.213/91: 
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: 
 (Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993) 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
8 
www.cursoenfase.com.br 
I - como empregado: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993) 
(...) 
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a 
pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; 
V - como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
(...) 
VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo 
empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento; 
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em 
aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de 
economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: 
 (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) 
Já os segurados facultativos encontram-se previstos no art. 13 da Lei n.º 8.213/91: 
Art. 13. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos que se filiar ao Regime 
Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde que não incluído nas 
disposições do art. 11. 
É importante observar que O RGPS é uma previdência básica, que é, portanto, de 
filiação obrigatória, o que fica evidente no art. 201 da CF: 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter 
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: 
A regra então é que se a pessoa consegue trabalhar e auferir renda, deverá ela 
destinar obrigatoriamente uma parte desta renda à previdência social, ou seja, para garantir 
a sua própria proteção futura. 
Todavia, abriu-se espaço para aquele que não trabalha ou não aufere renda possa 
também se filiar ao RGPS como facultativo. Tal permissão não altera, entretanto, a natureza 
obrigatória do RGPS. 
Agora, se podemos dizer que a saúde é o ramo da seguridade social informado com 
mais intensidade pelo princípio da universalidade, tendo em vista o disposto no art. 196 da 
CRFB/88F1, quando olhamos para a previdência observamos que o peso dessa 
universalidade é muito menor. 
A universalidade ainda existe na previdência, já que qualquer pessoa pode ser 
segurado,obrigatoriamente ou facultativamente, mas não é qualquer pessoa que terá 
direito a coberturas previdenciárias. 
1.2.1.1.1.1 Segurados obrigatórios 
Conforme já dissemos, os segurados obrigatórios do RGPS estão previstos no art. 11 
da Lei 8.213/91 e são todos aqueles que trabalham e auferem renda. Podemos dizer, então, 
 
1 Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que 
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços 
para sua promoção, proteção e recuperação. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
9 
www.cursoenfase.com.br 
que o indivíduo se transforma em segurado pelo simples exercício de uma atividade 
remunerada. 
Vamos imaginar, por exemplo, um advogado que começou a trabalhar, mas que 
nunca procurou a previdência social. Ele é segurado? Sim, ele é sim segurado da previdência 
social. O flanelinha, que ganha um troco para tomar conta do carro, é também segurado 
obrigatório da previdência social. Trabalhou ou exerceu atividade remunerada, ainda que 
sem registro em sua CTPS e mesmo que seja em uma empresa pirata, é segurado obrigatório 
da previdência social. 
Já filiação é a constituição do vínculo jurídico entre o segurado e a previdência social. 
Podemos afirmar então que a filiação do segurado obrigatório ocorre com o exercício da 
atividade remunerada. Ou seja, trabalhou, virou segurado e surgiu o vínculo jurídico com a 
previdência social. Isso quer dizer que eu não dependo de um ato formal para virar 
segurado, não dependo, portanto, de um cadastro na previdência social para virar segurado. 
O trabalhador não depende, então, de inscrição para se tornar segurado obrigatório 
da previdência social. Inscrição é o cadastro no banco de dados do INSS, é o ato formal de 
cadastramento, é o registro. 
Ora, se essa inscrição não é o ato que constitui o vínculo jurídico, já que esse se dá 
com o exercício da atividade remunerada, qual é então o efeito dessa inscrição? Efeito 
meramente declaratório, pois, como já dito, o que constitui a relação jurídica entre o 
segurado e a previdência é o exercício da atividade remunerada. 
A inscrição, mesmo assim, é obrigatória, pois é ela que irá regularizar a situação do 
trabalhador junto ao INSS e declarar a sua situação de segurado. O correto seria fazer a 
inscrição concomitantemente com a filiação. 
Mas é possível, porém, para sanar uma situação irregular, efetuar uma inscrição 
retroativa, comprovando-se junto ao INSS o exercício da atividade remunerada anterior. E a 
inscrição retroativa é possível porque o trabalhador já é segurado e filiado desde a data do 
início de seu exercício, já que a filiação é automática e decorre tão somente do exercício da 
atividade remunerada. Não é possível, porém, fazer uma inscrição antecipada. 
Para o segurado facultativo, a situação é diferente, já que, por se tratar de 
facultativo, é necessário que ele manifeste o interesse em ser segurado. Um estudante, por 
exemplo, que não exerce atividade remunerada, comparece ao INSS e declara o interesse 
em ser segurado por meio de sua inscrição, devendo ratificar esse seu interesse por meio da 
primeira contribuição, tornando-se, a partir daí, filiado ao RGPS. 
O segurado facultativo não pode, portanto, efetuar inscrição retroativa, pois, para 
ele, a inscrição possui efeito constitutivo. Enquanto para o segurado obrigatório a inscrição 
tem efeito declaratório, para o segurado facultativo a inscrição tem efeito constitutivo. 
Os segurados obrigatórios serão considerados segurados, portanto, pelo exercício de 
alguma das atividades descritas no art. 11 da Lei n.º 8.213/91: empregado, empregado 
doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual ou segurado especial. É importante 
registrar que nós aproveitaremos alguns institutos do direito do trabalho, mas os conceitos 
não irão coincidir, pois o direito previdenciário possui os seus conceitos próprios. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
10 
www.cursoenfase.com.br 
 Empregado 
O art. 11, I, a Lei 8.213/91 vai dizer quem são os empregados. Mas podemos dizer, 
inicialmente, que a categoria de empregado para o direito previdenciário é mais ampla do 
que a categoria de empregado para o direito do trabalho. Ou seja, todos que são 
considerados empregados no direito do trabalho também o são no direito previdenciário. A 
recíproca, porém, não é verdadeira, pois o direito previdenciário reconhecerá alguns 
segurados como empregados que não são segurados no direito do trabalho. Vejamos, então, 
o teor do art. 11, I: 
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: 
 (Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993) 
I - como empregado: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993) 
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não 
eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor 
empregado; 
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação 
específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de 
pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras 
empresas; 
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como 
empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; 
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de 
carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e 
repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro 
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou 
repartição consular; 
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais 
brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá 
domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do 
domicílio; 
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como 
empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante 
pertença a empresa brasileira de capital nacional; 
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, 
Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais. (Incluída 
pela Lei nº 8.647, de 1993) 
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não 
vinculado a regime próprio de previdência social ; (Incluída pela Lei nº 9.506, de 1997) 
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no 
Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela 
Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não 
vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 
2004) 
Na alínea "a" acima temos a figura do empregado típico, tal como na legislação 
trabalhista. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrináriose na jurisprudência dos Tribunais. 
 
11 
www.cursoenfase.com.br 
O que não podemos esquecer é que um sujeito que presta serviço a uma lanchonete, 
por exemplo, sem carteira assinada, é empregado, pois o fato de haver um vício na 
contratação ou um desrespeito a normas trabalhistas e previdenciárias não descaracterizará 
a natureza da relação, pois no direito previdenciário também prevalece a ideia do primado 
da realidade. 
Na alínea "b" temos a figura do empregado temporário, que também se insere como 
segurado obrigatório da previdência social na categoria de empregado. 
E empregado público é considerado empregado para o direito do trabalho e, por 
conseguinte, é também empregado para o direito previdenciário. 
Agora vamos imaginar um servidor público que ocupe exclusivamente um cargo em 
comissão, de livre nomeação e exoneração. Esse servidor não é considerado empregado 
para o direito do trabalho, pois ocupa cargo público e sua atividade é regida pelo estatuto 
dos servidores públicos. A sua aposentadoria, porém, não é regida pelo RPPS, mas pelo 
RGPS, já que ocupa exclusivamente cargo em comissão e no RGPS ele é considerado 
empregado. 
Por outro lado, vamos imaginar um servidor público de um município que não tenha 
criado RPPS, onde ocupa um cargo de provimento efetivo após ter sido aprovado em 
concurso público. Ora, se o RGPS é para todo trabalhador que não tem regime próprio, o 
mencionado servidor será segurado do regime geral de previdência social, na categoria de 
segurado empregado. 
Vejamos agora o disposto na alínea "j" (a alínea "h" diz a mesma coisa, mas foi 
considerada inconstitucional): 
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não 
vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004) 
O dispositivo acima considera segurado obrigatório da previdência social, como 
empregado, o exercente de mandato eletivo que não esteja vinculado a RPPS. 
E se ele é segurado empregado, ele está contribuindo para o RGPS e sua 
aposentadoria se dará no INSS, de modo que o ente a que ele está vinculado deverá recolher 
as respectivas contribuições previdenciárias em favor do INSS, sob pena de, não o fazendo, 
sujeitar-se a uma ação de execução fiscal proposta pela fazenda federal, já que aqui não há 
que se falar em imunidade recíproca, que é aplicável tão somente aos impostos e não às 
contribuições. 
Conforme antecipado acima, a alínea "h" e a alínea "j" possuem o mesmo teor, tendo 
a primeira sido inserida em 1997 e a segunda em 2004. Em 1997, a CRFB/88 só permitia a 
cobrança de contribuições dos trabalhadores, razão pela qual os exercentes de mandato 
eletivo foram ao STF alegando não serem trabalhadores, tendo o Supremo declarado a 
inconstitucionalidade da alínea "h" em controle concreto, tendo sido suspensos os efeitos do 
mencionado dispositivo por meio de resolução do Senado. Em 2004, entretanto, após 
alteração da CRFB/88, foi introduzida a alínea "j", no inciso I do art. 11. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
12 
www.cursoenfase.com.br 
Outra coisa importante a se notar no inciso I é que não temos limitação territorial 
para caracterização do segurado como segurado do RGPS. O trabalhador, mesmo exercendo 
atividade no exterior, poderá ser, em alguns casos, segurado obrigatório do regime 
previdenciário brasileiro, como no caso das alíneas "c": 
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como 
empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; 
A alínea "d" trata dos casos daqueles que prestam serviços no Brasil em missão 
diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira. 
Outro trabalhador que é segurado obrigatório na qualidade de empregado é o 
descrito na alínea "e": 
 e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais 
brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá 
domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do 
domicílio; 
O mencionado dispositivo define que aquele que trabalha para o Brasil junto ao 
organismo internacional é considerado empregado. Agora, se ele trabalha para o organismo 
internacional, ele será considerado contribuinte individual. 
 Empregado doméstico 
O art. 11, II, a Lei 8.213/91 define o segurado obrigatório que será considerado 
empregado doméstico, nos seguintes termos: 
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a 
pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; 
Vale a pena fazer remissão ao art. 1º da LC 150/2015, que traz também o conceito de 
empregado doméstico: 
Art. 1o Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de 
forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa 
ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-
se o disposto nesta Lei. 
Qual é, então, a diferença básica entre o empregado e o empregado doméstico? Nós 
temos três características no emprego doméstico que vão distingui-lo do vínculo de 
emprego: a) o empregador doméstico é pessoa natural ou família; b) essa pessoa natural ou 
a família não tem intenção de lucrar com o trabalho do empregado doméstico e c) o 
trabalho é exercido no âmbito residencial. 
A característica mais marcante do empregado doméstico é a ausência de intenção de 
lucrar com o trabalho doméstico. Todavia, se uma ONG contrata uma pessoa para prestar 
serviço doméstico na residência de um assistido, sem qualquer fim lucrativo, ele será 
empregado e não empregado doméstico, já que o empregador, nesse caso, não é pessoa 
natural ou família. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
13 
www.cursoenfase.com.br 
É importante registrar que para a descaracterização do empregado doméstico não se 
exige a obtenção de lucro, basta a obtenção de lucrar, de modo que, havendo o propósito de 
lucrar, o empregado não será doméstico, mesmo que não se obtenha lucro. 
Por fim, o trabalho deve ser obrigatoriamente prestado no âmbito residencial. 
E agora ficou também mais clara a diferença entre o empregado doméstico e o 
contribuinte individual: para ser considerado empregado doméstico, o serviço deve ser 
prestado por mais de dois dias por semana. Não sendo, teremos a figura do contribuinte 
individual (que conhecemos como as diaristas). 
 Trabalhador avulso 
O trabalhador avulso está descrito no art. 11, VI, da Lei n.º 8.213/91, in verbis: 
VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo 
empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento; 
Tal descrição, entretanto, não é suficiente para nos fazer entender quem, de fato, é o 
segurado da categoria de trabalhador avulso. Para tanto, precisamos buscar melhores 
informações no Decreto 3.048/99, que, em seu art. 9º, VI, assim dispõe: 
 Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: 
(...) 
VI - como trabalhador avulso - aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de 
natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a 
intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra, nos termos da Lei 
nº8.630, de 25 de fevereiro de 19932, ou do sindicato da categoria, assim considerados: 
 a) o trabalhadorque exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e 
conserto de carga, vigilância de embarcação e bloco; 
 b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e 
minério; 
 c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios); 
 d) o amarrador de embarcação; 
 e) o ensacador de café, cacau, sal e similares; 
 f) o trabalhador na indústria de extração de sal; 
 g) o carregador de bagagem em porto; 
 h) o prático de barra em porto; 
 i) o guindasteiro; e 
 j) o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos; e 
Percebe-se, então, que o trabalhador avulso é aquele que exerce a sua atividade por 
intermédio de um órgão gestor de mão de obra ou do sindicato da categoria. Não estamos 
falando aqui de empresa de cessão de mão de obra, terceirização, etc., pois quem trabalha 
em empresa de terceirização ou de cessão de mão de obra são empregados. Também não 
estamos tratando do trabalhador eventual. 
 
2 A lei que trata atualmente dos trabalhadores avulsos é a Lei dos Portos, n.º 12.815/2013, e não mais 
a Lei n.º 8.630/1993. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
14 
www.cursoenfase.com.br 
Os trabalhadores avulsos são uma categoria específica especialmente (não 
exclusivamente) integrada por trabalhadores portuários que exercem a sua atividade por 
intermédio de um órgão que vai gerir as suas atividades, mas não empregá-los. Aporta, por 
exemplo, um navio no Porto de Santos com uma carga para ser descarregada: o órgão gestor 
de mão de obra vai informar a quantidade de trabalhadores necessária para o 
descarregamento e ficará responsável pelo recebimento da respectiva remuneração, 
repassando-a, posteriormente, aos trabalhadores. E a Lei dos Portos traz quem são esses 
trabalhadores avulsos. 
Essa categoria envolve um número cada vez menor de trabalhadores, vez que a nova 
Lei dos Portos define que os novos portos já podem contratar os trabalhadores como 
empregados e não como trabalhadores avulsos, até porque a mão de obra do trabalhador 
avulso acaba sendo bem mais cara. 
A CRFB/88 equipara em direitos os trabalhadores avulsos aos empregados, nos 
termos do art. 7º, XXXIV: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social: 
(...) 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente 
e o trabalhador avulso. 
Um detalhe importante a ser destacado é que a Lei nº 12.815/2013 (Lei dos Portos) 
criou um benefício assistencial aos trabalhadores avulsos, por meio da introdução do art. 10-
A à Lei n.º 9.719/98: 
Art. 10-A. É assegurado, na forma do regulamento, benefício assistencial mensal, de 
até 1 (um) salário mínimo, aos trabalhadores portuários avulsos, com mais de 60 
(sessenta) anos, que não cumprirem os requisitos para a aquisição das modalidades de 
aposentadoria previstas nos arts. 42, 48, 52 e 57 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 
1991, e que não possuam meios para prover a sua subsistência. 
Parágrafo único. O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo 
beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, 
salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória.” 
 Contribuinte individual 
Os contribuintes individuais são os trabalhadores que exercem atividade na forma 
descrita em uma das alíneas do inciso V do art. 11 da Lei n.º 8.213/91, in verbis: 
V - como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer 
título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos 
fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade 
pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas 
hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) 
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - 
garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de 
prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que 
de forma não contínua; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
15 
www.cursoenfase.com.br 
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de 
congregação ou de ordem religiosa; (Redação dada pela Lei nº 10.403, de 8.1.2002) 
d) - revogado... 
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual 
o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto 
por regime próprio de previdência social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de 
conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, 
o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho 
em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, 
associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou 
administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam 
remuneração; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais 
empresas, sem relação de emprego; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza 
urbana, com fins lucrativos ou não; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
Os contribuintes individuais, na verdade, compõem uma categoria que surge da fusão 
de outras três que haviam anteriormente, que é o autônomo, o empresário e o equiparado a 
autônomo, sendo todos eles qualificados hoje como segurados contribuintes individuais. 
Para fins didáticos, entretanto, ainda é interessante trabalharmos com esses conceitos. 
Os contribuintes individuais têm, em regra, responsabilidade pelo recolhimento de 
suas contribuições, diferentemente das três categorias que vimos acima, pois o empregado, 
o empregado doméstico e o trabalhador avulso não têm responsabilidade tributária. 
Os antigos autônomos, que hoje são qualificados como contribuintes individuais, 
estão inseridos nas alíneas "g" e "h" do inciso V do art. 11: 
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais 
empresas, sem relação de emprego; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza 
urbana, com fins lucrativos ou não; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
O que podemos afirmar é basicamente que o contribuinte individual é aquele que 
trabalha por conta própria, com ou sem relação com qualquer empresa. Na alínea "g" temos 
o trabalhador que não presta serviços de forma contínua, mas em caráter eventual a uma ou 
mais empresas. Já na alínea "h", temos o trabalhador que não está prestando serviço para 
nenhuma empresa, trabalhando sem qualquer relação com empresa. 
Um advogado, por exemplo, que trabalha em seu escritório prestandoserviço para 
pessoas naturais se enquadra na alínea "h". Já o mesmo advogado, se estiver representando 
empresas num ou noutro caso, ele se enquadrará na alínea "g". 
É importante relembrar que o contribuinte individual é segurado obrigatório da 
previdência social e está, por conseguinte, obrigado a recolher contribuições. 
E a diferença básica entre as duas alíneas acima reside justamente na obrigação de 
recolhimento. Se o contribuinte individual exerce a sua atividade por contra própria, nos 
termos da alínea "h", será ele o responsável pelo recolhimento de suas contribuições. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
16 
www.cursoenfase.com.br 
Porém, se o seu serviço é prestado a empresa, nos termos da alínea "g", ele não terá 
responsabilidade tributária, pois é a empresa que terá a obrigação de reter a contribuição na 
fonte e repassar à previdência social. 
E isso é muito importante, pois nos casos em que contribuinte individual não tem 
responsabilidade tributária, ele não terá que provar que as contribuições foram pagas, 
presumindo-se em seu favor o pagamento das contribuições. E se tais contribuições não 
foram pagas, isso não é problema do segurado, mas da empresa com a Receita Federal. 
A esse respeito, veja-se, como exemplo, o teor da súmula n.º 52 da TNU: 
Súmula 52 da TNU: Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a 
regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual 
posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por 
empresa tomadora de serviços. 
Os antigos empresários estão hoje qualificados como contribuintes individuais no art. 
11, V, f: 
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de 
conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, 
o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho 
em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, 
associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou 
administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam 
remuneração; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
É importante observar que a alínea acima diz respeito ao sócio que exerce atividade 
de gestão na empresa e recebe, por tal atividade, pro-labore. O pro-labore não é o lucro do 
sócio quotista, mas, como o próprio nome já indica, consiste na remuneração em prol do 
trabalho que foi exercido. Desse modo, o simples fato de o indivíduo ser sócio de uma 
empresa não o torna segurado obrigatório da previdência social, sendo necessário que ele 
exerça atividade remunerada para tanto. 
Agora cumpre registrar, porém, que mesmo que o sócio não exerça atividade de 
gestão, será ele segurado obrigatório se desempenhar qualquer outra atividade na empresa 
pela qual receba remuneração. 
Do mesmo modo, também é segurado obrigatório da previdência social o síndico de 
um prédio que recebe remuneração, mesmo que essa remuneração corresponda à mera 
isenção da cota condominial e essa remuneração deve integrar a folha de pagamento do 
condomínio. 
Por outro lado, temos os equiparados a autônomos, que hoje estão descritos nas 
alíneas "b", "c", "e": 
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - 
garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de 
prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que 
de forma não contínua; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de 
congregação ou de ordem religiosa; (Redação dada pela Lei nº 10.403, de 8.1.2002) 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
17 
www.cursoenfase.com.br 
d) - revogado... 
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual 
o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto 
por regime próprio de previdência social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
Observe-se que na alínea "e" temos o brasileiro que trabalha no exterior para 
organismo oficial internacional, que é segurado obrigatório na categoria de contribuinte 
individual. Se o brasileiro trabalhar no exterior para a União junto a organismo internacional, 
ele será considerado empregado pela previdência, conforme já estudado acima. 
Outro grupo interessante de contribuinte individual que devemos comentar é o que 
está previsto na alínea "a": 
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer 
título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos 
fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade 
pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas 
hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) 
Nessa alínea, estamos falando do produtor rural. Mas é o produtor rural proprietário 
da fazenda que tem pessoas trabalhando para ele ou dono da embarcação onde há pessoas 
trabalhando para ele. 
Se eu falar do produtor rural que exerce a atividade de forma diferente da descrita na 
alínea acima, teremos outra categoria de segurado, que tem tratamento diferenciado 
determinado pela própria constituição, que são os segurados especiais. 
 Segurado especial 
Os segurados especiais são os únicos segurados que são mencionados pela própria 
CRFB/88, que, apesar de não usar esse nome, faz referência a eles em seu art. 195, § 8º: 
Art. 195 (...) 
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem 
como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia 
familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante 
a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão 
jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, 
de 1998) 
O segurado especial é um segurado que ostenta uma grande importância para o país, 
sendo justamente por isso que a CRFB/88 conferiu a ele um tratamento diferenciado. É 
porque esse pequeno produtor é que, em última análise, abastece o mercado interno, sendo 
necessária, então, a manutenção desses trabalhadores no campo. E de que forma isso é 
feito? Facilitando a sua aposentadoria, por exemplo. 
E a contribuição desses segurados não é feita da mesma forma dos outros segurados, 
devendo ela incidir sobre a sua produção. E se a contribuição incide sobre a produção, não 
se exige do segurado especial outros requisitos necessários para a aposentadoria, como a 
carência, que é um número mínimo de contribuições mensais. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
18 
www.cursoenfase.com.br 
E nesse contexto é que o art. 39 da Lei n.º 8.213/91 dispensa os segurados especiais 
do cumprimenta carência na obtenção dos benefícios previdenciários: 
 Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica 
garantidaa concessão: 
I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou 
de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, e de auxílio-acidente, conforme disposto 
no art. 86, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma 
descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao 
número de meses correspondentes à carência do benefício requerido; ou (Redação dada 
pela Lei nº 12.873, de 2013) 
II - dos benefícios especificados nesta Lei, observados os critérios e a forma de cálculo 
estabelecidos, desde que contribuam facultativamente para a Previdência Social, na 
forma estipulada no Plano de Custeio da Seguridade Social. 
 Parágrafo único. Para a segurada especial fica garantida a concessão do salário-
maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de 
atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente 
anteriores ao do início do benefício. 
Eles são segurados e estão obrigados a contribuir, mas o acesso aos benefícios não 
está condicionado a um número mínimo de contribuições. Em vez de cobrar contribuições, 
cobra-se tempo de trabalho no campo. 
E é o art. 11, VII, da Lei n.º 8.213/91 que define quem serão os segurados especiais, 
nos seguintes termos: 
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em 
aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de 
economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição 
de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) 
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou 
meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído 
pela Lei nº 11.718, de 2008) 
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei nº 11.718, 
de 2008) 
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso 
XII do caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o 
principal meio de vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) 
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou 
principal meio de vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) 
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a 
este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, 
comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº 
11.718, de 2008) 
Observa-se que o dispositivo acima prevê como segurado especial o agricultor, o 
pecuarista, o extrativista e o pescador. Mas não são todos os profissionais desses ramos que 
serão considerados segurados especiais. 
No caso do agricultor ou pecuarista, as suas atividades devem ser exercidas em uma 
pequena propriedade rural, de até 4 módulos fiscais. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
19 
www.cursoenfase.com.br 
E o que é um módulo fiscal? É uma medida que vai variar de município para 
município, dependendo de vários fatores e da vocação de cada um. Ele foi instituído pela Lei 
n.º 6.749/79 e fixado pela Instrução Especial INCRA 20/80. No Rio de Janeiro e Niterói, por 
exemplo, um módulo fiscal tem 5 hectares. Em Jutaí, tem 100 hectares. 
Todos os segurados especiais (o agricultor, o pecuarista o extrativista e o pescador), 
para assim serem qualificados, devem trabalhar sozinhos ou em regime de economia 
familiar. E regime de economia familiar encontra-se definido no art. 11, § 1º, da Lei n.º 
8.213/91: 
Art. 11 (...) 
§ 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos 
membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento 
socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e 
colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. (Redação dada pela Lei nº 
11.718, de 2008). 
Do conceito acima podemos extrair três características do trabalho em regime de 
economia familiar: 1) com auxílio de sua família 2) para sua subsistência e 3) sem 
empregados permanentes. 
O auxílio da família quer dizer que há um indivíduo segurado especial que 
desempenha a atividade e que conta com o auxílio de outros membros de sua família. E cada 
familiar que participa dessa atividade é também considerado um segurado especial. 
Quanto á segunda característica, é importante salientar que o trabalho para sua 
subsistência não significa que o agricultor, por exemplo, vai comer o que plantar. Significa 
apenas que ele irá sobreviver de sua produção, que pode inclusive ser comercializada. Além 
do mais, não há limitador de renda para o segurado especial, não sendo admissível 
impingirmos nele um rótulo de pobre/miserável. 
O segurado especial deve trabalhar também sem a utilização de empregados 
permanentes. E segundo o art. 11, § 7º, da Lei n.º 8.213/91, não tem empregados 
permanentes o segurado especial que contrata auxiliares até a proporção de 120 
pessoas/dias por ano: 
Art. 11 (...) 
§ 7o O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo 
determinado ou de trabalhador de que trata a alínea g do inciso V do caput, à razão de 
no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou 
intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, não sendo 
computado nesse prazo o período de afastamento em decorrência da percepção de 
auxílio-doença. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) 
Ou seja, dentro do período de um ano, o segurado especial pode contratar auxiliares, 
mas obedecendo a proporção de 120 pessoas/dia por ano. Então, se ele contratou apenas 
uma pessoa, essa pessoa poderá trabalhar para ele por 120 dias. Se ele contratou duas 
pessoas, essas pessoas poderão trabalhar para ele por 60 dias cada e assim sucessivamente. 
Se o segurado, porém, ultrapassa essa proporção, ele passará a ter empregados 
permanentes, tornando-se, por conseguinte, contribuinte individual. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
20 
www.cursoenfase.com.br 
Outra regra interessante que se encontra nos parágrafos do art. 11 é a possibilidade 
de o segurado especial trabalhar, sem descaracterizar a sua qualidade de segurado especial, 
por 120 dias por ano em outra atividade. 
O segurado especial poderá também explorar a atividade de agroturismo, 
oferecendo sua casa como casa rústica sem perder a condição de segurado especial, desde 
que isso não ultrapasse 120 dias por ano. 
O segurado especial pode ainda ter em sua família pessoa que não é segurado 
especial, sem que com isso seja descaracterizada a sua qualidade de segurado especial. 
1.2.1.1.1.2 Segurados facultativos 
O segurado facultativo está previsto no art. 13 da Lei n.º 8.213/91: 
Art. 13. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos que se filiar ao Regime 
Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde que não incluído nas 
disposições do art. 11. 
O mencionado dispositivo traz alguns requisitos para que o indivíduo possa se filiar 
ao RGPS como segurado facultativo. O primeiro deles e mais óbvio é que só pode ser 
segurado facultativo se não for segurado obrigatório. 
Outro requisito é o requisito etário, que tem que ser maior de dezesseis anos. 
Embora esteja na lei a idade de 14 anos, isso deve ser desconsiderado. É que a Lei éde 1991, 
anterior, portanto, à EC 20, que alterou o limite mínimo para o trabalho de 14 anos para 16. 
O terceiro requisito é a manifestação da vontade de ser segurado facultativo, por 
meio da inscrição junto ao INSS, que deve ser ratificada por meio do pagamento da primeira 
contribuição. Podemos dizer então que a filiação do segurado facultativo ocorre com a 
inscrição e o pagamento da primeira contribuição. 
Se um servidor público vinculado a um regime próprio de previdência social não pode 
ser segurado facultativo do RGPS, tendo em vista o disposto no art. 201, § 5º, da CRFB/88: 
Art. 201 (...) 
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado 
facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
É possível, entretanto, a um trabalhador estar vinculado, ao mesmo tempo, ao RGPS 
e a um RPPS, mas somente no caso de exercício de atividade que o torne segurado 
obrigatório. 
1.2.1.1.1.3 Período de graça 
A qualidade de segurado é mantida enquanto o segurado está contribuindo ou 
trabalhando. 
Logo, se o indivíduo deixa de trabalhar ou cessa as suas contribuições, perderá ele a 
sua qualidade de segurado. Essa perda, porém, não ocorre de imediato. O trabalhador 
continua sendo segurado por um determinado período, mesmo tendo parado de contribuir 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
21 
www.cursoenfase.com.br 
ou de trabalhar. Esse é o chamado período de graça, que é um período de manutenção 
extraordinária da qualidade de segurado. 
O período de graça está previsto no art. 15 da Lei n.º 8.213/1991, que traz as 
seguintes hipóteses: 
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: 
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; 
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de 
exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou 
licenciado sem remuneração; 
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de 
segregação compulsória; 
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; 
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas 
para prestar serviço militar; 
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. 
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o 
segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem 
interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. 
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o 
segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão 
próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. 
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante 
a Previdência Social. 
§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo 
fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição 
referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e 
seus parágrafos. 
O período de graça que mais interessa para prova é o que está no inciso II acima. Esse 
período aplica-se tão somente aos segurados obrigatórios e não aos segurados facultativos, 
vez que, no tocante aos facultativos, nós temos o período correspondente que está descrito 
no inciso VI acima transcrito. 
Segundo o inciso II, o trabalhador continua a ser segurado pelo período de 12 meses 
após a cessação das contribuições para o segurado que deixar de exercer atividade 
remunerada. 
O § 1º, entretanto, aumenta o período de 12 meses para 24 meses para o segurado 
que contar mais de 120 contribuições mensais. Já o § 2º prevê um acréscimo de 12 meses ao 
período de graça do segurado que estiver desempregado. 
É importante destacar que os §§ 1º e 2º são autônomos, podendo ser aplicados 
cumulativamente ou individualmente, dependendo da situação de cada segurado. 
Vamos imaginar um indivíduo que tem mais de 120 contribuições mensais e 
encontra-se desempregado. Terá ele um período de graça de 36 meses. Agora se o mesmo 
indivíduo não está desempregado, terá um período de graça de apenas 24 meses. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
22 
www.cursoenfase.com.br 
Se ele, entretanto, contar, na verdade, apenas 36 contribuições, terá um período de 
graça de apenas 12 meses, se não estiver desempregado ou um período de graça de 24 
meses, se estiver desempregado. 
Observe-se que o fato gerador da extensão de 12 meses ao período de graça prevista 
no § 2º é a situação de desemprego do segurado. E para isso, o legislador diz que ele deve 
comprovar essa condição mediante comunicação ao órgão próprio do Ministério do 
Trabalho, o que se dá por meio de sua inscrição junto ao SINE. 
A jurisprudência, entretanto, diz que essa comunicação é apenas um meio de 
comprovação do desemprego, não se tratando, portanto, de um requisito para extensão do 
período de graça. É possível então comprovar a qualidade de desempregado por qualquer 
meio de prova admitida em direito. Nesse sentido, veja-se a súmula n.º 27 da TNU: 
Súmula 27 da TNU: A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não 
impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito. 
Mas o que é importante aqui é o que foi fixado posteriormente à súmula acima pelo 
STJ, segundo o qual o desemprego nesse caso não é a mera ausência de emprego, mas a 
ausência involuntária de emprego. E isso não tem nada a ver com o fato de o trabalhador ter 
sido demitido ou não. Significa dizer que o trabalhador quer emprego, mas não consegue. 
Então para a prova dessa condição de desempregado, não basta a baixa na CTPS, devendo 
ser comprovado que a pessoa está sem emprego, mas procurando por trabalho. 
Os demais períodos de graça são de simples compreensão, bastando uma leitura dos 
dispositivos acima transcritos.

Outros materiais