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Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ...................................................................................... 2 
1.1 Entidades abertas de previdência complementar ................................................ 6 
1.2 Entidades fechadas de previdência complementar .............................................. 6 
1.2.1 FUNPRESP ....................................................................................................... 6 
1.2.1.1 Benefício especial ................................................................................... 8 
1.3 Institutos obrigatórios ........................................................................................... 8 
1.3.1 Resgate ........................................................................................................... 8 
1.3.2 Portabilidade .................................................................................................. 9 
1.3.3 Auto patrocínio e benefício proporcional diferido ...................................... 10 
1.4 Modelos de benefícios ........................................................................................ 11 
1.5 Observação importante ...................................................................................... 11 
2 CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL ................................................................................. 13 
2.1 Fontes de custeio da Seguridade Social .............................................................. 16 
2.1.1 Contribuição da União .................................................................................. 16 
2.1.2 Outras receitas ............................................................................................. 17 
2.1.3 Contribuições para a Seguridade Social ....................................................... 18 
2.1.3.1 Concursos de prognósticos ................................................................... 20 
2.1.3.2 Contribuições previdenciárias .............................................................. 21 
2.1.3.2.1 Contribuições do segurado ............................................................ 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR 
Quando falamos de previdência complementar, percebemos que, nos últimos 
tempos, a mudança mais radical que tivemos nessa esfera da previdência, foi também a 
mudança mais radical sofrida pela previdência dos servidores públicos, com a instituição da 
previdência complementar dos servidores públicos. 
Há uma verdadeira quebra de paradigma a partir de 2012, quando é editada a lei que 
cria o FUNPRESP - fundo de pensão para os servidores públicos federais. 
O art. 40, § 14, estabelece que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios podem 
instituir um sistema de previdência complementar e, uma vez instituído esse regime, eles 
podem limitar o valor dos benefícios do regime próprio ao mesmo teto do RGPS: 
Art. 40.(...) 
§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam 
regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de 
cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem 
concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os 
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) 
Devemos lembrar que o RPPS é previdência pública, da mesma forma que o RGPS, 
que também é um regime de previdência pública. Só que o regime próprio do art. 40 é 
voltado para os servidores públicos ocupantes de cargo efetivo. O que o art. 40, § 14, nos diz 
é que esse RPPS pode estar limitado ao mesmo teto do RGPS. É uma aproximação definitiva 
entre os dois regimes (RPPS e RGPS). 
Essa aproximação faz parte de uma política de Estado que começou com a 
aproximação da forma de cálculo do valor dos benefícios, depois com a sistemática de 
reajuste e agora com essa etapa definitiva de aproximação, eliminando a maior distinção 
que ainda existia entre os dois regimes, já que, até então, os servidores públicos não 
estavam limitados ao mesmo teto do INSS, limite que, a partir da disciplina do art. 40, § 14, 
ficou estabelecido. 
Mas a CRFB/88 vai além e estabelece no § 15 do art. 40 que essa previdência 
complementar deve obedecer ao disposto no art. 202 e que oferecerão aos respectivos 
participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida. Além 
de remeter ao art. 202, o mencionado dispositivo prevê que a entidade gestora dessa 
previdência será de natureza pública. 
Art. 40.(...) 
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de 
iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus 
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência 
complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos 
de benefícios somente na modalidade de contribuição definida. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) 
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É importante ressaltar que o fato de a entidade ser de natureza pública não significa 
que a sua atividade seja de natureza pública. Ao contrário, a previdência complementar do 
servidor público é privada. O regime da entidade é público, pois exigirá concurso para 
contratação, licitação para compras, etc., mas apesar dessas exigências, a sua atividade é de 
natureza privada, apenas gerida por uma instituição pública. 
O art. 202 da CRFB/88 deve ser a base de nosso estudo. Esse artigo não é a base 
apenas para a previdência complementar do servidor público, ele é a disciplina 
constitucional da previdência complementar como um todo, da previdência privada. O 
mencionado dispositivo é aplicável à previdência complementar dos servidores públicos, aos 
demais fundos de pensão e também às entidades abertas de previdência complementar. 
Veja-se o teor do art. 202: 
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de 
forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, 
baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado 
por lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de 
benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às informações relativas à 
gestão de seus respectivos planos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 
1998) 
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas 
nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada 
não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos 
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, 
sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de 
patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá 
exceder a do segurado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou 
Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e 
empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades 
fechadas de previdência privada, e suas respectivas entidades fechadas de previdência 
privada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber, 
às empresas privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços 
públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada. (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo estabelecerá os requisitos 
para a designação dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdência 
privada e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão 
em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 20, de 1998) 
Ao analisarmos o conceito de previdência complementar estabelecido pelo caput do 
art. 202, conseguimos extrair dele algumas características da previdência complementar, 
que são as seguintes: 
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Privada: primeiro é que se trata de uma previdência privada. Por ser privada, ela terá 
natureza contratual, cuja relação se estabelece por meio de um contrato. Diferente da 
previdência pública (RGPS ou RPPS), na qual a relação entre segurado e previdência se 
estabelece por meio de um estatuto jurídico. 
Complementar: outra característica é que essa previdência é complementar à 
previdência pública. O seu objetivo não é substituir a previdência pública, mas apenas 
complementá-la. O segurado obrigatório do RGPS ou de um RPPS não tem a opção de deixar 
de contribuir para a previdência obrigatória a fim de contribuir apenas com a previdência 
privada. Se o indivíduo, porém, não é segurado obrigatório de nenhum dos regimes, ele 
poderá contribuir apenas para a previdência privada. No Brasil podemos até tratar como 
sinônimos as expressões "previdência privada" e "previdência complementar". 
Autônoma em relação ao RGPS: ela não apenas complementa a previdência pública, 
como também é autônoma em relação ao RGPS. O fato de o segurado obter um benefício no 
RGPS não significa que ele tenha direito de obter o mesmo benefício no âmbito da 
previdência complementar e vice-versa. O contrato pode até prever alguma espécie de 
vinculação, mas esse vínculo terá natureza meramente contratual. 
Facultativa: a previdência privada será sempre facultativa. O servidor público que 
ingressa hoje no serviço público federal não está obrigado a contratar a previdência 
complementar dos servidores públicos. 
Constituição de reservas: a previdência complementar é pautada na constituição de 
reservas, ou seja, ela não trabalha na lógica da repartição simples, mas da capitalização. O 
participante contribui para formar um fundo de reserva que vai sendo capitalizado e desse 
fundo é que se extrairá o seu benefício. 
 Essa lógica é diferente do que ocorre no RGPS ou RPPS, onde se adota o sistema de 
repartição simples ou partição simples, por meio da qual se reparte as despesas pelos atuais 
contribuintes. Quem paga os benefícios são os trabalhadores em atividade que, ao se 
aposentarem, serão pagos por aqueles que estiverem em atividade na época, prevalecendo 
a ideia de solidariedade. 
Na previdência complementar prevalece muito mais a ideia de retorno financeiro do 
investimento do que a ideia de solidariedade, de proteção social, etc.. O valor do benefício 
será definido de acordo com o fundo constituído pelo participante por meio dos depósitos 
efetuados ao longo da relação. Se, por exemplo, acabar a reserva, acabará também, por 
conseguinte, a aposentadoria. 
O regulamento do FUNPRESP estabelece inclusive, como termo final do benefício de 
aposentadoria complementar, a data estimada para sua morte, com base na expectativa de 
sobrevida. Se o segurado viver mais do que o esperado, acaba-se a aposentadoria e o 
participante para receber outra espécie de benefício, que é um benefício de risco, com 
redução de seu valor. 
Também não há garantia do valor a ser recebido até o final, pois ele será recalculado 
periodicamente de acordo com as variações sofridas pelo fundo e a fim de adequar-se às 
reservas matemáticas existentes. 
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Lei complementar: a previdência complementar/privada deve ser regulada por lei 
complementar. 
Fazendo um comparativo da previdência básica com a previdência complementar, 
temos as seguintes situações: 
PREVIDÊNCIA 
BÁSICA COMPLEMENTAR 
Pública Privada 
Obrigatória Facultativa 
Limitação ao teto Sem limitação ao teto 
A lei complementar que traz as regras básicas sobre previdência privada é a Lei 
Complementar n.º 109/2001. O constituinte, porém, teve uma preocupação especial com 
uma espécie de previdência complementar, que é aquela que terá como patrocinadora 
entidade pública. 
Isso porque temos entidades de previdência privada voltadas para empregados de 
empresas públicas e de sociedades de economia mista e agora também para servidores 
públicos. Nesses casos, em que temos uma entidade pública participando da previdência 
privada como patrocinadora, há um grande risco de malversação de dinheiro público. Por 
isso são trazidas regras especiais para essa relação. 
Na verdade, a CRFB/88 estabelece expressamente que é vedada a oferta de dinheiro 
público em entidades de previdência complementar. Ainda que essas entidades venham a 
"quebrar", atingindo gravemente grande número de participantes, ainda assim não poderá o 
poder público socorrer tais entidades. 
A única forma de colocar dinheiro público em previdência complementar é quando a 
entidade pública for patrocinadora desse regime de previdência. Patrocínio aqui é quando o 
empregador também contribui para a previdência de seus empregados. Nesse caso, a 
entidade pública poderá contribuir na qualidade de patrocinadora, mas observando-se um 
limite estabelecido no art. 202, que corresponde ao valor da contribuição do participante. 
Esse limite restringe-se ao patrocinador público, não alcançando o patrocinador 
privado. No caso de patrocinador privado, é possível que ele venha a arcar até mesmo com a 
integralidade das contribuições na formação do fundo, sem qualquer contribuição do 
participante. 
Tanto isso é possível que a Súmula n.º 730 do STF chega a afirmar que, se uma 
entidade de previdência não receber recursos dos participantes, essa entidade de 
previdência será considerada entidade beneficente de assistência social com direito a 
imunidade tributária: 
SÚMULA 730: A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA CONFERIDA A INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA 
SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS PELO ART. 150, VI, "C", DA CONSTITUIÇÃO, SOMENTEDireito Previdenciário 
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ALCANÇA AS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL PRIVADA SE NÃO HOUVER 
CONTRIBUIÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS. 
1.1 Entidades abertas de previdência complementar 
As entidades abertas de previdência complementar são acessíveis a qualquer pessoa. 
Qualquer indivíduo pode contratá-las, tendo como único requisito o pagamento. Essas 
entidades não normatizadas e fiscalizadas pela Superintendência de Seguros Privados - 
SUSEP, autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. 
1.2 Entidades fechadas de previdência complementar 
Já as entidades fechadas de previdência complementar são voltadas para grupos 
específicos. Basicamente é um grupo de empregados de uma mesma empresa ou de um 
grupo de empresas, ou, ainda, um grupo fechado para os membros de uma determinada 
associação de classe ou categoria profissional. 
Há diferenças entre esses grupos. Quando temos uma entidade fechada voltada para 
os empregados de uma empresa ou de um grupo de empresas, nós falaremos de uma 
entidade fechada com patrocinador, que é o empregador. O nome patrocinador já nos 
remete à ideia de que o empregador terá um custo com a previdência. Para criação de 
entidade fechada de previdência é necessária a concordância da empresa. 
Agora, se tivermos uma entidade fechada por categoria profissional, nós teremos a 
entidade de classe apenas organizando e instituindo o plano, mas não contribuindo. 
1.2.1 FUNPRESP 
A previdência complementar dos servidores públicos é uma entidade fechada de 
previdência complementar com patrocínio. Os órgãos e entidades da administração serão 
patrocinadores desses regimes. 
No âmbito federal, a previdência complementar foi prevista pela Lei 12.618/2012. A 
referida Lei previu a criação de três fundos de previdência, por meio da Fundação de 
Previdência complementar do Servidor Público Federal - FUNPRESP, um para cada poder: 
FUNPRESP-Exe: Servidores do poder executivo - Portaria PREVIC 44, de 31.01.2013 
FUNPRESP-Leg: Servidores do poder legislativo - Portaria PREVIC 239, de 06.05.2013 
FUNPRESP-Jud: Servidores do poder judiciário - Portaria PREVIC 559, de 14.10.2013 
 Os três fundos acima foram criados em 2013. O FUNPRESP-Exe e o FUNPRESP-Leg 
são geridos pela mesma entidade, utilizando-se da mesma estrutura administrativa. 
Ao se instituir a previdência complementar dos servidores públicos, surge a 
possibilidade de o servidor contribuir para esse regime fechado, mas, ao mesmo tempo, 
nasce também a limitação ao teto do RGPS no tocante aos benefícios da previdência básica. 
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Nesse contexto, as datas de instituição desses planos descritas acima ganham 
relevância, sobretudo porque, segundo a CRFB/88, todos os servidores públicos que 
ingressarem no serviço público após a instituição da previdência complementar (e não após 
a edição da lei) estarão obrigatoriamente vinculados à nova sistemática. Eles não estarão 
obrigatoriamente vinculados à previdência complementar, que é facultativa, mas estarão 
obrigatoriamente submetidos ao teto do RGPS. 
As FUNPRESP's são fundações de direito privado. Apesar de serem entidades de 
natureza pública, elas não são fundações públicas, não possuindo, por conseguinte, natureza 
autárquica ou fundacional. Por conseguinte, a competência para processar e julgar ações em 
face da FUNPRESPE é da Justiça Estadual. 
Aproveitando o ensejo, mostra-se oportuno fazer menção a uma controvérsia 
existente até 2012, acerca da competência para julgar ações envolvendo entidades fechadas 
de previdência complementar. À época, prevalecia o entendimento de que a competência 
seria da Justiça do trabalho. 
Todavia, o STF decidiu que essa questão não tem nada a ver com relação de trabalho, 
até porque o próprio art. 202 deixa claro que a relação de previdência complementar não 
interfere na relação trabalhista e o que é pago a título de contribuição para a entidade de 
previdência privada não integra a remuneração dos participantes. A Justiça do Trabalho 
então não tem competência para essas ações, que são da competência da Justiça Estadual. 
Quanto aos servidores que ingressaram no serviço público em data anterior à 
instituição do FUNPRESP, não há submissão ao teto do RGPS. Esses servidores, entretanto, 
poderão optar pela nova sistemática, nos termos do art. 40, § 16, da CF: 
Art. 40 (...) 
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 
poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da 
publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar. 
Nesse dispositivo há dois pontos importantes a serem destacados. O primeiro é que a 
CRFB/88 faz menção ao ingresso do servidor no serviço público, ou seja, não interessa onde 
(estados, municípios, União, DF). Porém, o Ministério da Previdência Social, por meio de um 
parecer da AGU, mudou seu entendimento para afirmar que se o servidor está mudando de 
unidade da federação deve-se considerar a data de ingresso na nova entidade federativa. 
Segundo entendimento doutrinário que prevalece, essa conduta da administração 
pública estaria contrária ao disposto na CRFB/88. Na jurisprudência, nós ainda não temos 
decisão de uma corte superior. Temos, porém, decisões dos TRF's, principalmente do TRF1, 
afirmando que a expressão serviço público deve ser interpretada em sentido amplo, 
considerando ilegal a conduta do Ministério da Previdência Social. 
 
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1.2.1.1 Benefício especial 
O outro ponto a ser destacado é o caso do servidor que já estava no serviço público e 
resolve aderir à nova sistemática. Nesses casos, o seu benefício da previdência básica ficará 
limitado ao teto do RGPS. E as contribuições vertidas por esse servidor ao longo de sua 
trajetória no serviço público que superaram esse teto? 
Para isso, a Lei n.º 12.618/12 diz que ele terá direito a um benefício especial por 
ocasião de sua aposentadoria, correspondente a uma retribuição pelas contribuições que 
ultrapassaram o teto do RGPS, vertidas anteriormente à migração. Esse servidor terá então 
três benefícios ao se aposentar: o benefício do RPPS, o benefício da previdência 
complementar e o benefício especial. 
1.3 Institutos obrigatórios 
A Lei Complementar nº 109/01 prevê um conteúdo mínimo que deve estar previsto 
nos contratos de previdência complementar, que é representado pelos institutos do resgate, 
portabilidade, auto patrocínio e benefício proporcional diferido. Alguns deles só fazem 
sentido quando se está em um plano de previdência complementar fechado com 
patrocinador. 
1.3.1 Resgate 
A primeira cláusula obrigatória em um contrato de previdência complementar é a 
possibilidade de resgate. A previdência complementar é facultativa não apenas na 
contratação, como também na manutenção. Assim, o participante pode rescindir a qualquer 
momento a sua relação com o plano, não sendo obrigado a continuar na entidade. Em casosde rescisão, o participante tem o direito de promover o resgate dos recursos acumulados. 
Esse resgate, entretanto, pode estar submetido a algumas restrições ou regras 
específicas e equivale a um verdadeiro saque, o que acaba gerando renda para o 
participante. Se gera renda, o valor do saque pode ser computado com base de cálculo do 
imposto de renda. Se o imposto de renda já tiver sido pago em relação a determinada parte 
desse saque, o imposto incidirá somente sobre o valor remanescente que ainda não foi 
tributado. 
Mas é preciso ser definido o que se pode resgatar. Nos casos de entidades abertas ou 
entidades fechadas com instituidor, o participante pode resgatar todas as contribuições, pois 
todos os valores acumulados decorrem de contribuições por ele vertidas. É possível incidir 
algum desconto a título de despesas pela administração do plano ou porque parte dos 
valores vertidos não foram para constituição do fundo, mas para garantia contra 
determinados riscos. Então, serão resgatados somente os valores destinados à formação da 
reserva acumulada. 
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Agora, nos casos em que se tratar de entidade de previdência com patrocinador, o 
direito ao resgate não alcançará as contribuições vertidas pelo patrocinador, mas apenas 
aquelas vertidas pelo participante. A lei não garante ao participante esse direito, não 
impedindo, todavia, a sua estipulação por meio de cláusula contratual. 
É comum, por meio de previsão contratual, o estabelecimento de períodos em que 
vai aumentando paulatinamente a parte das contribuições do patrocinador que o 
participante pode resgatar. 
Mas atenção! O resgate, quando se tratar de patrocinador público, como no caso do 
FUNPRESP, só poderá ocorrer no momento em que for extinto o vínculo do participante com 
o patrocinador. O participante não é obrigado a manter o contrato, mas não pode resgatar 
as suas contribuições enquanto for mantido o vínculo com a entidade patrocinadora. Isso é 
uma exigência da LC nº 108, aquela que trata do patrocinador público. 
Participante é o nome do segurado que está contribuindo, em atividade. Aquele que 
já está recebendo os benefícios ou os seus dependentes são chamados de beneficiários. 
1.3.2 Portabilidade 
Outra cláusula obrigatória nos contratos de previdência complementar é a 
portabilidade. 
Portabilidade é a possibilidade de o participante portar os seus recursos de uma 
entidade previdência para outra ou de um plano para outro no âmbito da mesma entidade. 
Esse direito à portabilidade obedece a algumas regras. Nos casos de entidades 
abertas ou de entidade fechada com instituidor, essas regras são muito pouco restritivas. 
Agora, caso se trate de entidade fechada com patrocinador, as regras são bem mais 
restritivas e tudo que falamos acima sobre o resgate nessas entidades é aplicável também ao 
instituto da portabilidade. 
Há, porém, uma diferença fundamental entre resgate e portabilidade: na 
portabilidade os recursos não ficam disponíveis para o participante, eles vão de uma 
entidade para outra. Isso quer dizer que a operação não vai gerar renda, não incidindo, 
portanto, sobre ela, imposto de renda. 
 Atualmente, quando o indivíduo está mais velho e se preparando para a sucessão, 
muitas famílias têm colocado todos os seus recursos em um plano de previdência privada. 
Isso porque esse plano funcionará mais ou menos como funciona um seguro: os recursos 
serão repassados para aqueles que estiverem indicados no plano, não sendo considerados 
herança e não se sujeitando ao tributo causa mortis. 
 
 
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1.3.3 Auto patrocínio e benefício proporcional diferido 
Outro instituto fundamental é o auto patrocínio. Esse instituto e o benefício 
proporcional diferido só fazem sentido em entidades fechadas com patrocinador. 
O auto patrocínio é o instituto que possibilita permanência do participante no plano 
de previdência complementar de uma entidade fechada com patrocinador, com a 
continuidade de suas contribuições, mesmo após o rompimento de seu vínculo com esse 
patrocinador, a fim de garantir a futura obtenção do benefício de aposentadoria. Nesses 
casos, o participante passa a verter não só a sua contribuição, mas também a contribuição 
que anteriormente era encargo do patrocinador, por isso o instituto é denominado de auto 
patrocínio. 
Já o benefício proporcional diferido é o instituto que possibilita a permanência dos 
recursos do participante no plano de previdência complementar de uma entidade fechada 
com patrocinador, mesmo após o rompimento de seu vínculo com o patrocinador e com 
interrupção das contribuições, a fim de garantir a futura obtenção do benefício de 
aposentadoria na data anteriormente programada para a sua concessão, de forma 
proporcional aos recursos acumulados. 
Nesses casos, com a extinção do vínculo, cessam também as contribuições e a 
reserva acumulada continua no fundo aguardando a data prevista para a aposentadoria, 
momento em que o benefício será concedido de forma proporcional a essa reserva. 
A relação do participante com uma entidade aberta de previdência complementar é 
uma relação de consumo que, consequentemente, sujeita-se à aplicação do CDC. A esse 
respeito, dispunha a súmula 321 do STJ: 
SÚMULA N. 321: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a 
entidade de previdência Privada e seus participantes1. 
Quando foi editada essa súmula, o STJ aplicava o CDC tanto para as entidades abertas 
quanto para as entidades fechadas de previdência complementar. Mas a entidade fechada 
atua apenas na administração de recursos dos próprios participantes. Não há, 
necessariamente, fins lucrativos e seu patrimônio constitui reserva justamente para 
pagamento dos benefícios desses participantes. Exatamente por isso o STJ modificou o seu 
posicionamento e alterou a mencionada súmula para determinar a aplicação do CDC tão 
somente às entidades abertas de previdência complementar. 
Outra questão relevante acerca do tema é que, segundo o STJ, o pedido de revisão de 
um benefício de previdência complementar exige sempre a realização de uma perícia 
 
1 (*) A Segunda Seção, na sessão de 24 de fevereiro de 2016, ao apreciar o Projeto de Súmula n. 627 e o julgado 
no REsp 1.536.786-MG, determinou o CANCELAMENTO da Súmula n. 321-STJ. 
 
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atuarial. O pedido não poderá se basear exclusivamente em questões sociais ou no princípio 
da proteção da pessoa, etc.. A revisão deve sempre ser pautada em uma análise atuarial, vez 
que a lógica da previdência complementar é muito mais do atuário do que do jurista. 
 
1.4 Modelos de benefícios 
 
A lei prevê a possibilidade de três modelos de benefícios: modelo com benefício 
definido, modelo com contribuição definida e modelo com contribuição variável. 
No modelo com benefício definido, determina-se, de antemão, quanto a pessoa vai 
receber.Mas como não existe mágica, o valor das contribuições acaba variando para se 
adequar e garantir o alcance do objetivo definido. Apesar de no passado esse modelo ter 
sido o mais usual, atualmente existem muito poucos planos dessa natureza. Era comum 
estabelecer como valor do benefício a quantia necessária para complementar a previdência 
pública até o montante que o trabalhador recebia na ativa. 
No caso do FUNPRESP, a CRFB/88 estabelece que os respectivos planos devem seguir 
o modelo e contribuição definida. Nesse modelo, você estabelece quanto o participante vai 
pagar, mas sem saber quanto ele vai receber. 
O terceiro modelo é o modelo de contribuição variável. Esse modelo permite uma 
variação no valor das contribuições e também no valor dos benefícios, mas dentro de balizas 
mais fechadas e menos flexíveis do que nos dois modelos anteriores. 
Não podemos nos esquecer, então, de que o plano de previdência complementar dos 
servidores públicos observa o modelo de contribuição definida, conforme determinado pela 
própria CRFB/88, o que significa que o servidor sabe o quanto irá contribuir, mas não sabe 
quanto vai receber ao se aposentar. A alíquota máxima a ser paga pelo servidor público 
federal com patrocínio da União será de 8%. 
O servidor vai pagar uma alíquota que incidirá sobre a parte da remuneração que 
ultrapassa o teto do RGPS. Essa alíquota é variável, mas até 8% a União contribuirá no 
mesmo percentual vertido pelo servidor. É facultado ao servidor pagar uma alíquota 
superior a 8%, mas o patrocínio da União se restringirá ao mencionado percentual. 
 
1.5 Observação importante 
No ano passado, o art. 1º da Lei n.º 12.618/12 foi modificado para contemplar a ideia 
de adesão presumida ou automática do servidor público ao FUNPRESP. Essa previsão existe 
atualmente apenas para os servidores públicos federais. 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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Mas o que diz hoje a lei? O servidor que ingressar no serviço público estará 
automaticamente inscrito no FUNPRESP, podendo manifestar a vontade de cancelar a sua 
inscrição a qualquer tempo. 
Se essa vontade for manifestada em até noventa dias após a posse, as contribuições 
serão devolvidas ao servidor. Por outro lado, se essa vontade não for manifestada no prazo 
de noventa dias, ficará consolidada a sua inscrição. 
Ele poderá, a qualquer tempo depois dos noventa dias, desvincular-se do FUNPRESP, 
mas as suas contribuições permanecerão no fundo e só poderão ser resgatadas em caso de 
extinção do vínculo com a administração federal. 
Art. 1o É instituído, nos termos desta Lei, o regime de previdência complementar a que 
se referem os §§ 14, 15 e 16 do art. 40 da Constituição Federal para os servidores 
públicos titulares de cargo efetivo da União, suas autarquias e fundações, inclusive para 
os membros do Poder Judiciário, do Ministério Público da União e do Tribunal de Contas 
da União. 
 Parágrafo único. Os servidores e os membros referidos no caput deste artigo que 
tenham ingressado no serviço público até a data anterior ao início da vigência do regime 
de previdência complementar poderão, mediante prévia e expressa opção, aderir ao 
regime de que trata este artigo, observado o disposto no art. 3o desta Lei. 
§ 1º Os servidores e os membros referidos no caput deste artigo que tenham ingressado 
no serviço público até a data anterior ao início da vigência do regime de previdência 
complementar poderão, mediante prévia e expressa opção, aderir ao regime de que 
trata este artigo, observado o disposto no art. 3o desta Lei. (Renumerado do parágrafo 
único pela Lei nº 13.183, de 2015) 
§ 2º Os servidores e os membros referidos no caput deste artigo com remuneração 
superior ao limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de 
Previdência Social, que venham a ingressar no serviço público a partir do início da 
vigência do regime de previdência complementar de que trata esta Lei, serão 
automaticamente inscritos no respectivo plano de previdência complementar desde a 
data de entrada em exercício. (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) 
§ 3º Fica assegurado ao participante o direito de requerer, a qualquer tempo, o 
cancelamento de sua inscrição, nos termos do regulamento do plano de benefícios. 
(Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) 
§ 4º Na hipótese do cancelamento ser requerido no prazo de até noventa dias da data da 
inscrição, fica assegurado o direito à restituição integral das contribuições vertidas, a ser 
paga em até sessenta dias do pedido de cancelamento, corrigidas monetariamente. 
(Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) 
§ 5º O cancelamento da inscrição previsto no § 4º não constitui resgate. (Incluído 
pela Lei nº 13.183, de 2015) 
§ 6º A contribuição aportada pelo patrocinador será devolvida à respectiva fonte 
pagadora no mesmo prazo da devolução da contribuição aportada pelo 
participante. (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015) 
Mesmo com as alterações acima, continuaremos a trabalhar com a ideia de 
previdência facultativa. 
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Inverteu-se apenas a ordem e a adesão passou a ser automática, mas a vontade do 
servidor continua sendo respeitada. 
 
2 CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
O art. 195 da CRFB/88 é o dispositivo constitucional que trata do custeio da 
Seguridade Social: 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, 
incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer 
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo 
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência 
social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 
1998) 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à 
seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da 
União. 
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada 
pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em 
vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, 
assegurada a cada área a gestão de seus recursos. 
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido 
em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou 
incentivos fiscais ou creditícios. 
§ 4º A lei poderáinstituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão 
da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou 
estendido sem a correspondente fonte de custeio total. 
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após 
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou 
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". 
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de 
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem 
como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia 
familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante 
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a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão 
jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, 
de 1998) 
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter 
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da 
utilização intensiva de mão-deobra, do porte da empresa ou da condição estrutural do 
mercado de trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) 
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde 
e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, 
e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que 
tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em 
lei complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições 
incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou 
parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita 
ou o faturamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
2.1 Princípios constitucionais relacionados ao custeio 
O § 5º acima transcrito consubstancia o princípio da contrapartida ou precedência 
do custeio, estabelecendo que nenhum benefício pode ser criado, majorado ou estendido 
sem a correspondente fonte de custeio total. Esse princípio vale para toda a Seguridade 
Social, abrangendo a saúde, a assistência e a previdência. 
Por esse princípio, não é preciso criar nova fonte de custeio. O que ele exige é a 
indicação dessa fonte, de onde vem o dinheiro. 
Essa relevância do custeio da Seguridade Social gera reflexos no Direito Financeiro. 
Tanto que no art. 165, § 5º, está previsto um orçamento próprio e destacado para a 
Seguridade Social: 
Art. 165. (...) 
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá: 
(...) 
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela 
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações 
instituídos e mantidos pelo Poder Público. 
O orçamento destacado justifica-se não só em razão das despesas, que são elevadas 
e merecem um tratamento separado, mas também porque o custeio dessas despesas é 
parcialmente realizado por meio de contribuições que são destinadas especificamente para 
a Seguridade Social. 
Dentro dessa lógica, nós encontraremos ainda outros dois princípios da Seguridade 
Social, previstos no art. 194, parágrafo único: 
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Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa 
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
(...) 
V - eqüidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento; 
 O primeiro é o princípio da equidade na forma de participação e custeio, que 
determina que o ônus pelo custeio da Seguridade Social seja distribuído de forma justa. 
Nessa distribuição justa incluem-se uma observância da capacidade tributária do 
contribuinte e outras circunstâncias que justifiquem um tratamento diferenciado para 
determinados contribuintes. 
Tanto é assim que, nos termos do art. 195, § 9º, da CRFB/88, as contribuições das 
empresas podem ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas em razão da atividade 
econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição 
estrutural do mercado de trabalho, não se limitando à capacidade tributária: 
art. 195 (...) 
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter 
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da 
utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do 
mercado de trabalho. 
A esse respeito, cumpre destacar que o art. 22, § 1º, da Lei n.º 8.212/91 prevê uma 
contribuição adicional sobre a folha de pagamento que é paga pelas instituições financeiras. 
Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do 
disposto no art. 23, é de: 
(...) 
§ 1o No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de 
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e 
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de 
títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de 
crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros 
privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, além das 
contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicional de dois 
vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo. 
(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Vide Medida Provisória nº 2.158-35, de 
2001). 
A questão chegou ao STF sob o argumento de que essa contribuição quebraria o 
princípio da isonomia. O Supremo, porém, decidiu que não há quebra da isonomia nessa 
hipótese, tendo em vista o princípio da equidade na forma de participação e custeio, que 
impõe às instituições financeiras, por ostentarem condições diferenciadas, uma contribuição 
maior. Posteriormente, por meio de alteração na legislação, a alíquota inicial dessa 
contribuição acabou sendo reduzida. 
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Por outro lado, até por uma questão de justiça, teremos o princípio da diversidadeda base de financiamento. Isso significa que o custeio da Seguridade Social será pulverizado 
e terá em sua base uma diversidade de contribuintes. 
 
2.1 Fontes de custeio da Seguridade Social 
O estudo das múltiplas fontes de custeio da Seguridade Social deve ter início a partir 
da leitura do art. 195 da CRFB/88, que assim dispõe: 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, 
incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer 
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo 
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência 
social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 
1998) 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
Logo de início, já é possível perceber que a Seguridade Social será financiada pela 
sociedade, mediante pagamento direto de tributos vinculados ou por meio de recursos não 
vinculados, provenientes do Tesouro Nacional. 
A principal lei que trata de custeio da Seguridade Social é a Lei n.º 8.212/91 e, 
fazendo uma análise dessa Lei em conjunto com a CF, podemos dividir as contribuições para 
esse custeio em três grupos: a) contribuição da União; b) contribuições para a Seguridade 
Social e c) outras receitas. 
2.1.1 Contribuição da União 
A contribuição da União está prevista no art. 16 da Lei n.º 8.212/91: 
Art. 16. A contribuição da União é constituída de recursos adicionais do Orçamento 
Fiscal, fixados obrigatoriamente na lei orçamentária anual. 
Parágrafo único. A União é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências 
financeiras da Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de 
prestação continuada da Previdência Social, na forma da Lei Orçamentária Anual. 
Esse artigo traz duas formas de contribuição pela União: no caput, temos a 
contribuição que deve ser realizada pelo ente federativo ordinariamente, com recursos 
provenientes do orçamento fiscal não vinculado à Seguridade Social. 
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Esse repasse não tem como objetivo a cobertura de déficit ou de despesas 
específicas, trata-se de uma contribuição obrigatória e ordinária que deve ser suportada pela 
União, nos termos do art. 195 da CRFB/88. Essa seria a forma indireta de financiamento da 
Seguridade Social pela sociedade. 
Por outro lado, o parágrafo único do art. 16 vai nos dizer que uma parte da 
responsabilidade da União vai além dessa obrigação de contribuir ordinariamente com a 
Seguridade Social. Isso porque, quando tratamos de benefícios previdenciários, a União tem 
responsabilidade subsidiária. Isso quer dizer que eventuais déficits da Previdência Social 
devem ser cobertos pela União. O INSS não poderá deixar de pagar um benefício 
previdenciário sob o argumento de que não tem dinheiro, pois se a autarquia não possuir 
recursos a União deve subsidiar o pagamento dos benefícios. 
2.1.2 Outras receitas 
No art. 27 da Lei n.º 8.212/91 há uma relação exemplificativa das outras receitas para 
custeio da Seguridade Social. Tudo que for receita da Seguridade Social e que não vier da 
contribuição da União ou das contribuições para a Seguridade Social entra nesse grupo das 
outras receitas. 
Art. 27. Constituem outras receitas da Seguridade Social: 
I - as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; 
II - a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança 
prestados a terceiros; 
III - as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou 
arrendamento de bens; 
IV - as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; 
V - as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais; 
VI - 50% (cinqüenta por cento) dos valores obtidos e aplicados na forma do parágrafo 
único do art. 243 da Constituição Federal; 
VII - 40% (quarenta por cento) do resultado dos leilões dos bens apreendidos pelo 
Departamento da Receita Federal; 
VIII - outras receitas previstas em legislação específica. 
Parágrafo único. As companhias seguradoras que mantêm o seguro obrigatório de 
danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, de que trata a Lei 
nº 6.194, de dezembro de 1974, deverão repassar à Seguridade Social 50% (cinqüenta 
por cento) do valor total do prêmio recolhido e destinado ao Sistema Único de Saúde-
SUS, para custeio da assistência médico-hospitalar dos segurados vitimados em 
acidentes de trânsito. 
A Receita Federal do Brasil presta serviço de cobrança para terceiros. As 
contribuições para o Sistema S, por exemplo, são cobradas pela Receita Federal. Ao efetuar 
essa cobrança, a Receita recebe uma remuneração, que é destinado ao custeio da 
Seguridade Social como outras receitas (inciso II). 
O parágrafo único do art. 27 estabelece ainda que também deverão ser repassados à 
Seguridade Social 50% do valor total do prêmio recolhido título de seguro obrigatório de 
veículos automotores e destinado ao SUS, para custeio da assistência médico-hospitalar dos 
segurados vitimados em acidentes de trânsito. 
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 2.1.3 Contribuições para a Seguridade Social 
No Brasil nós temos como entendimento unânime na jurisprudência e majoritário na 
doutrina a repartição quinpartite das espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de 
melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições (contribuições sociais, contribuições 
parafiscais). 
O ponto central da disciplina constitucional das contribuições está no art. 149 da 
CRFB/88: 
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção 
no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como 
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, 
III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às 
contribuições a que alude o dispositivo. 
O CTN, que é anterior à CRFB/88, não contempla as contribuições como uma espécie 
tributária autônoma, razão pela qual foi estabelecido, no referido código, que, para 
definição do tributo, não se levará em conta a sua destinação. No caso das contribuições, o 
que devemos analisar para distingui-las as distinguem dos demais tributos é exatamente a 
destinação legal específica de cada uma delas. 
O art. 149 já antecipa quais são as espécies de contribuições que poderão ser 
instituídas: contribuições sociais, contribuições de intervenção no domínio econômico, 
contribuições deinteresse de categorias profissionais ou econômicas e, prevista no art. 149-
A2, a contribuição para custeio do serviço de iluminação pública. 
 Veja-se que a própria CRFB/88 traz um balizamento acerca das destinações de cada 
uma destas espécies de contribuição. No caso das contribuições sociais, a sua destinação é o 
financiamento das atividades sociais do Estado (educação, saúde, lazer, esporte, assistência, 
saúde, etc.). No âmbito dessas atividades sociais do Estado, nós iremos destacar três: saúde, 
assistência e previdência. Quando a destinação da receita tiver como objeto atividades de 
saúde, assistência ou previdência, estaremos tratando de Seguridade Social. 
As contribuições para a Seguridade Social são uma subespécie das contribuições 
sociais. Veja-se o quadro a seguir: 
TRIBUTOS 
IMPOSTO TAXA CONTRIBUIÇÕES DE 
MELHORIA 
EMPRÉSTIMO 
COMPULSÓRIO 
CONTRIBUIÇÕES 
 
2 Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do 
serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. 
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. 
 
Direito Previdenciário 
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CONTRIBUIÇÕES 
Contribuições sociais De intervenção no 
domínio econômico 
De interesse de categoria 
profissional ou econômica 
Custeio do serviço de iluminação pública 
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
Contribuições sociais gerais Contribuições sociais para a Seguridade Social 
Por se tratar de uma espécie de tributo, as contribuições sociais para a Seguridade 
Social se submetem às limitações constitucionais ao poder de tributar. 
A esse respeito, o art. 150, III, traz um princípio macro que é o princípio da não 
surpresa do contribuinte, consubstanciado em suas três alíneas: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os 
houver instituído ou aumentado; 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
Em primeiro lugar, não pode o Estado tributar fato pretérito, tendo em vista a 
irretroatividade da lei tributária. 
Na alínea "b" está previsto no princípio da anterioridade. Segundo esse princípio, não 
se pode cobrar um tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei 
que os instituiu ou majorou. Essa anterioridade não se aplica às contribuições sociais 
destinadas à Seguridade Social, por força do art. 195, § 6º, da CRFB/88: 
Art. 195 (...) 
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após 
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou 
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b". 
Se uma contribuição social destinada à Seguridade Social é instituída ou majorada em 
março de 2016, ela poderá ser cobrada ainda no ano de 2016, já que não é aplicável o 
princípio da anterioridade acima. Todavia, essa cobrança não poderá ocorrer 
imediatamente, mas apenas noventa dias após a publicação da lei, já que as mencionadas 
contribuições devem se submeter ao princípio da anterioridade nonagesimal prevista no art. 
150, III, c, e reforçada pelo próprio art. 195, § 6º, da CRFB/88. 
Também não serão aplicadas às contribuições sociais as limitações do art. 150, VI, vez 
que essas limitações são aplicáveis tão somente aos impostos. Chama a atenção nesse 
Direito Previdenciário 
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dispositivo a imunidade recíproca, que, conforme já dito, aplica-se tão somente aos 
impostos. 
Vamos imaginar um servidor ocupante exclusivamente de um cargo em comissão de 
livre nomeação e exoneração no estado do Rio de Janeiro, sendo, portanto, segurado 
obrigatório do RGPS. Nesse caso, o estado deverá pagar as contribuições previdenciárias ao 
INSS, pois não há que se falar aqui em imunidade recíproca, que não alcança as 
contribuições. 
Voltando ao art. 195 da CRFB/88, identificamos múltiplas contribuições para 
financiamento da Seguridade Social, que podemos dividir em contribuições das empresas 
(sobre a folha de pagamento, sobre o faturamento ou receita - COFINS e sobre o lucro - 
CSLL), contribuições do segurado, contribuições do importador e sobre a receita de 
concursos de prognósticos. 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, 
incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer 
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo 
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência 
social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 
1998) 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
Todas as contribuições acima são destinadas ao custeio da Seguridade Social. Essas 
contribuições podem ser divididas ainda em dois grupos: aquelas que irão financiar a 
Seguridade Social como um todo e aquelas previdenciárias, destinadas especificamente à 
Previdência Social. As contribuições exclusivamente previdenciárias são as contribuições 
devidas pelas empresas incidentes sobre a folha de pagamento e as contribuições do 
segurado. 
2.1.3.1 Concursos de prognósticos 
Concurso de prognóstico é a loteria. A loteria não foi criada como mecanismo de 
lazer, mas como instrumento de arrecadação, que, segundo o art. 195, deve ser destinada à 
Seguridade Social. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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A contribuição do concurso de prognóstico não incide sobre o prêmio. O próprio 
concurso de prognóstico constitui a arrecadação, descontando-se, evidentemente, despesas 
com administração, comissão das casas lotéricas, etc.. 
A receita com concurso de prognóstico é tratada no art. 26 da Lei n.º 8.212/91: 
Art. 26. Constituireceita da Seguridade Social a renda líquida dos concursos de 
prognósticos, excetuando-se os valores destinados ao Programa de Crédito Educativo. 
(Redação dada pela Lei n° 8.436, de 25.6.92) 
§ 1º Consideram-se concursos de prognósticos todos e quaisquer concursos de sorteios 
de números, loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas, nos âmbitos 
federal, estadual, do Distrito Federal e municipal. 
§ 2º Para efeito do disposto neste artigo, entende-se por renda líquida o total da 
arrecadação, deduzidos os valores destinados ao pagamento de prêmios, de impostos e 
de despesas com a administração, conforme fixado em lei, que inclusive estipulará o 
valor dos direitos a serem pagos às entidades desportivas pelo uso de suas 
denominações e símbolos. 
§ 3º Durante a vigência dos contratos assinados até a publicação desta Lei com o Fundo 
de Assistência Social-FAS é assegurado o repasse à Caixa Econômica Federal-CEF dos 
valores necessários ao cumprimento dos mesmos. 
2.1.3.2 Contribuições previdenciárias 
2.1.3.2.1 Contribuições do segurado 
A contribuição do segurado tem como fundamento de validade constitucional no art. 
195, II, da CRFB/88. 
Art. 195. (...) 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo 
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência 
social de que trata o art. 201; 
 Capacidade tributária 
A capacidade tributária na contribuição do segurado e na contribuição sobre a folha 
de pagamento será a mesma. 
No passado, existiam duas autarquias: o IAPAS, que era responsável pela arrecadação 
das contribuições, e o INPS, que cuidava dos benefícios. Em 1990, essas duas autarquias 
foram unificadas e deram origem ao INSS. Ao nascer, o INSS possuía capacidade tributária, 
que foi mantida até 2004. 
Em 2004, o INSS perde essa capacidade tributária e torna-se responsável apenas 
pelos benefícios, transferindo-se para a União a atribuição de cobrar as contribuições 
previdenciárias, por meio da Secretaria da Receita Previdenciária. A Secretaria da Receita 
Previdenciária era um órgão federal vinculado ao Ministério da Previdência Social que, em 
Juízo, era representada pela Procuradoria Federal (responsável pela defesa das autarquias). 
Em 2007, foi criada a Secretaria da Receita Federal do Brasil, que nasceu da fusão 
entre Secretaria da Receita Previdenciária e Secretaria da Receita Federal. Mesmo com a 
fusão, a capacidade tributária não foi alterada, continuado a ser da União. 
Direito Previdenciário 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Com a atribuição de arrecadação transferida à então recém-criada Secretaria da 
Receita Federal do Brasil, a questão passou a ser tratada, em Juízo, pela Procuradoria da 
Fazenda Nacional. 
 Contribuinte 
Essa contribuição será devida pelo segurado da Previdência Social. É importante 
salientar que o art. 195, II, com redação dada pela EC 20/98, faz menção ao trabalhador e 
aos demais segurados da Previdência Social. A redação original da CRFB/88 tratava apenas 
do trabalhador. 
Isso explica uma situação curiosa que encontramos no art. 12 da Lei n.º 8.212/91 e 
no art. 11 da Lei n.º 8.213/91. Esses dispositivos trazem a relação dos segurados obrigatórios 
e, ao considerar um indivíduo como segurado obrigatório, a lei garante proteções, mas cria 
também uma obrigação tributária de contribuir. 
Dentro dos artigos acima mencionados, especialmente nas alíneas "h" e "j" de seus 
incisos I, estão previstos como segurados obrigatórios os exercentes de mandatos eletivos, 
desde que não vinculados a RPPS: 
Lei 8.212/91 
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: 
I - como empregado: 
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não 
vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei nº 9.506, de 
30.10.97) (Vide Resolução do Senado Federal nº 26, de 2005) 
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no 
Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela 
Lei nº 9.876, de 1999). 
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não 
vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 
2004). 
 
Lei 8.213/91 
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I - 
como empregado: 
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não 
vinculado a regime próprio de previdência social ; (Incluída pela Lei nº 9.506, de 
1997) 
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no 
Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela 
Lei nº 9.876, de 26.11.99) 
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não 
vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004) 
A alínea "h" foi inserida em 1997, época em que a CRFB/88 dizia que só se poderia 
haver contribuição dos trabalhadores. Os exercentes de mandatos eletivos foram ao STF 
argumentando que, por não serem trabalhadores, não poderiam ser considerados segurados 
Direito Previdenciário 
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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obrigatórios e não poderiam se sujeitar ao pagamento de contribuições. O Supremo, em 
sede de controle difuso de constitucionalidade, acolheu essa tese para declarar a 
inconstitucionalidade da alínea "h" do inciso I do art. 12 da Lei n.º 8.212/91 e do art. 11 da 
Lei n.º 8.213/91. 
Posteriormente, o Senado editou uma resolução suspendendo a eficácia dos 
mencionados dispositivos. 
Em 2004, o legislador incluiu novamente o exercente de mandato eletivo como 
segurado obrigatório do RGPS tanto na Lei n.º 8.212/91 quanto na Lei n.º 8.213/91 (por 
meio da alínea "j"), com redação idêntica à anterior redação da alínea "h", mas agora com 
arrimo na nova redação do art. 195, II, da CF, que permite a cobrança de contribuição do 
trabalhador e de qualquer outro segurado da Previdência Social, o que legitima, pelo menos 
a partir de 2004, a tributação dos exercentes de mandatos eletivos na qualidade de 
segurados obrigatórios. 
Por fim, cumpre registrar que a contribuição prevista no art. 195, II, alcança somente 
o trabalhador e os demais segurados da previdência social, conforme expressamente 
delimitado no citado dispositivo, o que significa dizer que não é possível tributar o usuário 
do Sistema Único de Saúde - SUS ou o assistido pela assistência social. 
Além do mais, o SUS e a assistência social são ramos gratuitos da Seguridade Social, 
não se exigindo qualquer contrapartida do beneficiário desses serviços, sob pena de afronta 
à estrutura da Seguridade Social constitucionalmente estabelecida.

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