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Aula 5 e 6 - Grécia

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Grécia antiga
André Luiz Pinto
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Objetivos:
Conhecer as condições históricas, sociais, políticas, econômicas e religiosas – que propiciaram o surgimento da arte grega;
Conhecer as cidades-estado;
Conhecer os fundamentos da mitologia grega;
Reconhecer a arte do período arcaico;
Conhecer o ideal do belo: cânones, proporção e harmonia;
Reconhecer a escultura, a pintura e a arquitetura desse período.
 
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Arte Grega
 As obras de arte que conhecemos até agora são como estranhos fascinantes; aproximando-nos delas com plena consciência de seu contexto impenetrável e das ‘dificuldades de linguagem’ que apresentam. No entanto, assim que chegamos ao século VI a.C., na Grécia, nossa atitude passa por uma transformação: sentimos que esses não são estranhos, mas estamos ligados a eles por alguma forma de parentesco.
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Cidade
 A obra de arte determina um espaço urbano: o que a produz é a necessidade, para quem vive e opera no espaço, de representar para si de uma forma autêntica ou distorcida a situação espacial em que opera.
 São espaço urbano também os ambientes das casas particulares; e o retábulo do altar da igreja, a decoração do quarto de dormir...ou até mesmo o vestuário e o ornamento com que as pessoas se movem... (G. C. Argan)
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Cidade
 “O desenho das ruas e das casas, das praças e dos templos, além de conter a experiência daqueles que os construíram, denota o seu mundo. É por isso que as formas e tipologias arquitetônicas, desde quando se definiram enquanto habitat permanente, podem ser lidas e decifradas, como se lê e decifra um texto”. (Raquel Rolnik)
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A Cidade Livre na Grécia
“Todos somos gregos”. 
“Nossas leis, literatura, religião e artes têm suas raízes na Grécia”. 
 (Percy Bysshe Shelley)
Simplesmente ao mencionar palavras como mitologia, filosofia e democracia temos a ideia imediata de sua origem grega. 
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A Cidade Livre na Grécia
 Foi a organização da polis, a Cidade-Estado, que tornou possíveis os extraordinários resultados da literatura, da ciência e da arte.
 
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 A origem da cidade é uma colina, onde refugiam os habitantes do campo para defender-se dos inimigos; mais tarde, o povoado se estende pela planície vizinha, e geralmente é fortificado por um cinturão de muros.
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Acropolis - Atenas
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1- muros da cidade
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A Cidade Livre na Grécia
 Distingue-se então a cidade alta ( a acrópole, onde ficam os templos dos deuses, e onde os habitantes da cidade ainda podem refugiar-se para um última defesa), e a cidade baixa (a astu, onde se desenvolvem os comércios e as relações civis); mas ambas são partes de um único organismo, pois a comunidade citadina funciona como um todo único, qualquer que seja seu regime político.
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 Prospecto ocidental do Erecteu e vista reconstrutiva da Acrópole (o Erecteu está à esquerda, o Partenon à direita).
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 Para que a cidade funcione como um organismo único, os órgãos necessários são:
 1) O lar comum, consagrado ao deus protetor da cidade, onde se oferecem os sacrifícios, se realizam os banquetes rituais e se recebem os hóspedes estrangeiros. Na origem era o lar do palácio do rei, depois torna-se um lugar simbólico, anexo ao edifício onde residem os primeiros dignitários da cidade (os prítanes) e se chama pritaneu.
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 Compreende um altar com um fosso cheio de brasas, uma cozinha e uma ou mais salas de refeição. O fogo deve ser mantido sempre aceso, e quando os emigrantes partem para fundar uma nova colônia, tomam do lar da pátria o fogo que deve arder no pritaneu da nova cidade.
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 2) O conselho (bulé) dos nobres ou dos funcionários que representam a assembleia dos cidadãos, e mandam seus representantes ao pritaneu. Reúne-se numa sala coberta que se chama buleutérion.
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Buleutérion
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 3) A assembleia dos cidadãos (ágora) que se reúne para ouvir as decisões dos chefes ou para deliberar. O local de reunião é usualmente a praça do mercado. Nas cidades democráticas o pritaneu e o buleutérion se encontram na proximidades da ágora.
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 Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica, berço da democracia. A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo = povo e kracia = governo). 
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Grécia
 O território é limitado pelas montanhas, e compreende quase sempre um porto (a certa distância da cidade, porque esta geralmente se encontra longe da costa, para não se expor ao ataque dos piratas); as comunicações com o mundo exterior se realizam principalmente por via marítima.
 A população (excluídos os escravos e os estrangeiros) é sempre reduzida, não só pela pobreza dos recursos mas por uma opção política: quando cresce além de certo limite, organiza-se uma expedição para formar uma colônia longínqua. Atenas no tempo de Péricles (461-431 a.C.) tem cerca de 40.000 habitantes, e somente três outras cidades, Siracusa, Agrigento e Argos, superam os 20 000.
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Péricles
 Péricles governou Atenas durante trinta anos (461 - 431 a.C.). Representava o Partido Popular e tornou-se ardoroso defensor da democracia escravista. Durante seu governo instituiu a remuneração para os ocupantes de cargos públicos, assim como para marinheiros e soldados, realizou várias obras gerando empregos e estimulou o desenvolvimento intelectual e artístico, principalmente o teatro, marcado pelo antropocentrismo, característica fundamental da cultura grega. Todo o desenvolvimento da cidade estava baseado na exploração do trabalho escravo e no expansionismo sobre as demais cidades gregas.
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Grécia
 As cidades com cerca de 10 000 habitantes (este número é considerado normal para uma grande cidade, e os teóricos aconselham não superá-lo) não passam de 15; Esparta, na época das Guerras Persas (sec. V a.C.), tem cerca de 8 000 habitantes; Egina, rica e famosa, tem apenas 2 000.
 Esta medida não é considerada um obstáculo, mas, antes, a condição necessária para um organizado desenvolvimento da vida civil. A população deve ser suficientemente numerosa para formar um exército na guerra, mas não tanto que impeça o funcionamento da assembleia, isto é, que permita aos cidadãos conhecerem-se entre si e escolherem seus magistrados.
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Grécia
Se crescer demais, não é mais uma comunidade ordenada, mas uma massa inerte, que não pode governar-se por si mesma.
A pátria – como diz a palavra, que herdamos dos gregos – é a habitação comum dos descendentes de um único chefe de família, de um mesmo pai. O patriotismo é um sentimento tão intenso porque seu objeto é limitado e concreto.
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 A convivência civil se revela por 4 fatos:
 1) A cidade é um todo único, onde não existem zonas fechadas e independentes. Pode ser circundada por muros, mas não subdivididas em recintos secundários. As casas de moradia são todas do mesmo tipo, e são diferentes pelo tamanho, não pela estrutura arquitetônica; são distribuídas livremente na cidade, e não formam bairros reservados a classes ou a estirpes diversas.
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 2) O espaço da cidade se divide em 3 zonas: as áreas privadas ocupadas pelas casas de moradia, as áreas sagradas – os recintos com os templos dos deuses – e as áreas públicas, destinadas às reuniões políticas, ao comércio, ao teatro, aos jogos desportivos etc. O Estado, que personifica os interesses gerais da comunidade, administra diretamente as áreas públicas, intervém nas áreas sagradas e nas particulares.
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 No panorama da cidade os templos se sobressaem sobre tudo o mais, porém mais pela qualidade do que por seu tamanho. Surgem em posição dominante, afastados dos outros edifícios, e seguem alguns modelos simples e rigorosos – a ordem dórica, a ordem jônica – aperfeiçoados em muitas repetições sucessivas; são realizados
com um sistema construtivo propositalmente simples – muros e colunas de pedra, que sustentam as arquitraves e as traves de cobertura.
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Grécia
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 Templo de Afaia – Egina – Grécia. C. 490 a.C.
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 O templo de Afaia fica na ilha de Egina, perto de Atenas. A princípio dedicado à deusa da caça, mais tarde passou a ser local de veneração de Atena, a deusa da sabedoria. Trata-se de um belo exemplo de templo dórico, cuja largura equivale à metade do comprimento, tem na frente e atrás seis colunas dóricas com caneluras e 12 colunas nas laterais. No interior ostenta colunas dóricas sobrepostas ao longo do comprimento do salão central, ou cela, onde ficava a monumental estátua da divindade do templo. Simples e geométrica, a estrutura era feita com calcário, mármore e terracota locais.
Templo de Afaia (c. 490 a.C. Egina – Grécia)
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 Popularmente conhecido como templo de Netuno, foi dedicado à deusa Hera. Nas fachadas dianteira e traseira, os frontões se apoiam em seis colunas dóricas de êntase bem marcada, o que lhes dá uma forma ligeiramente agigantada, sem prejudicar a beleza do templo. As laterais apresentam 14 colunas e o interior é caracterizado por longas fileiras de colunas sobrepostas. 
Templo de Netuno (c. 460 a.C. Campânia - Itália)
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 No sopé da colina da Acrópole, este templo dórico, aparentemente bem-preservado, foi concluído pouco antes do início da construção do Partenon. No século XIII foi convertido em igreja ortodoxa grega, o que explica por que o exterior está tão bem conservado. No entanto, o interior foi reconstruído, acrescentando-se uma abside para que se adaptasse ao ritual da Igreja ortodoxa. 
 Originalmente o templo era dedicado a Hefesto, o deus grego do fogo e da forja; em certa época era rodeado de oficinas e fundições. É conhecido como Theseion porque as métopas remanescentes retratam cenas da vida de Teseu, o matador do Minotauro no labirinto de Cnossos. Frontões e cornijas são sustentados por meio de colunas dóricas mais delgadas.
Templo de Hefesto - Theseion (c. 449 a.C. Atenas - Grécia)
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Templo de Hefesto - Theseion (c. 449 a.C. Atenas - Grécia)
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 Encomendado por Péricles no Apogeu do antigo poderio grego aos arquitetos Ictino e Calícrates e ao escultor Fídias, o Partenon há muito considerado a perfeição dos templos gregos. De proporções primorosas, ergue-se no coração da Acrópole. No interior, sob um teto pintado e dourado, o espaço principal abrigava uma estátua magnífica da deusa Atenas Partenos. A única fonte de luz vinha através das grandes portas de bronze do templo. As colunas dóricas com caneluras, que cercavam duas câmaras internas, tem 10,4m de altura. Essas colunas são ligeiramente encurvadas para, a distância, darem a impressão de retas. Conhecida como ‘êntase’, essa distorção sutil é um traço da construção inteira, para assegurar linhas visualmente perfeitas. Acima das colunas o templo já foi circundado por um friso de mámore com belas esculturas em relevo. No final do séc. VI, o Partenon foi convertido em igreja cristã e em 1458 transformou-se em mesquita. Em 1687, atacado por Veneza, a pólvora ali estocada explodiu, destruindo o venerado templo.
O Partenon (c. 438 a.C. Atenas - Grécia)
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 Planta baixa
 Externamente o Partenon é simétrico. A pequena cela (câmara) da extremidade ocidental só era acessível através do pórtico ocidental e ficava isolada das celas orientais, maiores.
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Ordem Jônica
 A ordem jônica caracteriza-se por um capitel decorado com pares de volutas, ou espirais, nos dois lados das colunas. Normalmente essas colunas eram esculpidas com 24 caneluras (sulcos côncavos que correm ao longo do fuste).
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Cariátides
 Estátuas de jovens sagradas substituem as colunas. 
Erectéion - Atenas
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Erecteion (c. 406 a.C. Atenas – Grécia)
 O Erecteion, mais famoso graças ao pórtico das cariátidas, jovens esculpidas em pedra que formam as colunas do pórtico norte, é uma das construções mais elegantes e notáveis da Acrópole. A planta irregular – extremamente rara na arquitetura grega, onde predominavam a simetria e a matemática perfeitas. Todas as 6 cariátides que sustentam o pórtico são réplicas. As cariátides tinham dupla função: uma prática (sustentação) e outra simbólica. Os seus equivalentes masculinos são denominados atlantes (plural de Atlas).
 
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Ordem Jônica
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Templo de Atena NiKé
 (c. 421 a.C. Atenas – Grécia)
 Foi construído em homenagem a NiKé – a deusa alada da vitória – durante a Guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta, numa época em que os gloriosos dias de Atenas como importante cidade-Estado já tinham terminado. O tema da vitória é evidente na escultura em relevo do friso do entablamento, que retrata as vitórias atenienses nas batalhas. Hoje, parte desses frisos encontram-se no British Museum, em Londres.
 O templo é surpreendentemente pequeno, pouco mais de 4m de altura e uma base de 8,2x5,4m. O pórtico possui 4 colunas jônicas robustas na frente e nos fundos da cela – principal compartimento de um templo grego, onde ficava a estátua da divindade.
 
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Templo de Ártemis (c.356 a.C. Éfeso, oeste da Turquia)
 Originariamente, o templo de Ártemis em Éfeso era uma das Sete Maravilhas do Mundo, embora devesse essa honraria mais ao tamanho que aos méritos artísticos. 
 Adornado com esculturas, ostentanto talvez 117 colunas jônicas, com a escadaria ladeada de estátuas de bronze de amazonas.
 Parece certo que na fachada do templo havia um esplêndido pórtico dotado de 8 colunas jônicas, mais espaçadas no centro. O vão central do prédio deve ter medido mais de 80m, amplo demais para um templo grego.
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Ordem Coríntia
 A ordem coríntia surgiu no século V a.C. Como versão mais decorada da jônica. De início, era usada apenas nas colunas internas. Diz-se que o capitel foi derivado de um cesto de folhas de acanto.
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Templo de Baco – Baalbek, Líbano (sec. II a.C.)
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Teatro de Epidauro (350 a.C.Argólida – Grécia)
 Muito elogiado à época pela beleza, simetria, acústica e localização, o magnífico teatro situado no santuário de Asclépio, em Epidauro, foi palco de representações teatrais de Ésquilo, Sófocles e Aristófanes, muito encenados até hoje. Construído em grande escala, o teatro tem 118m de diâmetro e assentos para 13 mil espectadores.
 Construído totalmente em pedra. O conjunto é constituído de três partes: auditório ou local dos assentos; orquestra, significando ‘área de dança’, ou palco; e skene, palavra que naturalmente deu origem a ‘cena’. O auditório semicircular envolve ¾ dos 20,4m do círculo da orgquestra. Os assentos, ou bancos de pedra, são distribuídos em dois grupos de 21 e 34 filas, separadas por uma passagem e divididas por 11 escadarias. Muitos bancos traziam inscrições com os nomes dos doadores. Duas rampas levavam à cena, em cuja frente havia 14 meia-colunas jônicas contra pilares quadrados, com alas projetando-se nas laterais da fachada teatral. A cena abrigaria uma sala principal sustentada por 4 colunas ao longo do eixo central, tendo nas laterais um compartimento quadrado.
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Torre dos ventos
(48 a.C. Atenas – Grécia)
 Esta torre octogonal em mármore, encontrada no Fórum Romano de Atenas, era um observatório para medir o tempo, projeto pelo astrônomo sírio Andrônico. Também servia como relógio de sol, cata-vento, relógio de água e bússola. Nos primórdios, essa estrutura sustentava no teto um cata-vento em forma de Tritão, em bronze. Nas fachadas havia relógios de sol esculpidos ou entalhados. As esculturas em relevo nessas fachadas representavam 8 figuras dos deuses gregos dos ventos e também indicavam os pontos cardeais. O acesso ao observatório
era através de dois pórticos coríntios de medidas desiguais.
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Stoa de Átalo (150 a.C. Atenas –Grécia)
 A stoa de Átalo é uma construção com dois andares em colunas que, como tantas outras, formava um lado do quadrado em torno da ágora central, ou mercado, o coração da vida pública nas antigas cidades gregas. Mede 116x20m, com colunatas duplas nos dois andares. As colunas externas do térreo são dóricas, emparelhadas a colunas jônicas internas; as do andar superior são jônicas. As colunas fronteiam 21 compartimentos em cada andar, que talvez tenham sido usados para lojas, escritórios e serviços públicos.
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Estádio Panatenaico (329a.C. Atenas – Grécia)
 Originariamente uma depressão natural do solo, este estádio foi construído em pedra por Licurgo, em 330-329 a.C., para os jogos panatenaicos. Entre 140 e 144 foi reconstruído em mármore por Herodes Ático, que lhe atribuiu um formato de ferradura, revelado nas escavações em 1870. Herodes Ático também acrescentou um propileu, ou portal com frontão, em estilo dórico. A extensão da pista de 204m era demarcada por pilares quadrados ostentado bustos de Apolo e Dioníso. O estádio dispunha de 50 mil assentos, aproximadamente, distribuídos em fileiras separadas por escadas. Durante o período romano foi usado tanto com arena, com cenas de extrema violência, quanto para proezas esportivas.
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Mausoléu de Halicarnasso (350 a.C. Mileto - Turquia)
 A palavra ‘mausoléu’ se origina do famoso e influente túmulo erigido em memória do rei Mausolo, soberano da Cária, pela sua viúva, Artemísia. É uma das 7 Maravilhas do Mundo Antigo. 
 O monumento inclui um pódio alto e uma parte superior semelhante a um templo cercado de colunas jônicas. Mais acima há uma imponente pirâmide em degraus, que ocupa um terço dos 40m dessa estrutura elevada. No topo há uma carruagem puxada por 4 cavalos, na qual Mausolo e Artemísia passeiam sobre sua cidade favorita. O mausoléu foi embelezado com relevos e esculturas. Foi destruído no século XV por terremotos.
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 3) A cidade, no seu conjunto, forma um organismo artificial inserido no ambiente natural, e ligado a este ambiente por uma relação delicada; respeita as linhas gerais da paisagem natural, que em muitos pontos significativos é deixada intacta, interpreta-a e integra-a com os manufaturados arquitetônicos.
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 A regularidade dos templos (que têm planta simétrica) é quase sempre compensada pela irregularidade dos arranjos circundantes, que se reduz depois na desordem da paisagem natural.
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 4) O organismo da cidade se desenvolve no tempo, mas alcança, de certo momento em diante, uma disposição estável, que é preferível não perturbar com modificações parciais. O crescimento da população não produz uma ampliação gradativa, mas a adição de um outro organismo equivalente ou mesmo maior que o primitivo (chama-se paleópole, a cidade velha; neápole, a cidade nova), ou então a partida de uma colônia para uma região longínqua.
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Acrópole
 Nos monumentos da Acrópole não se pode dizer onde termina a arquitetura e onde começam os ornamentos; colunas, capitéis, bases, cornijas são esculturas complicadas, repetidas todas iguais; os frisos e as esculturas dos frontões formam cenas figuradas todas diferentes, mas são feitas com os mesmos materiais e trabalhadas com a mesma finura.
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Acrópole
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Cidade Grega
 A presença do homem na natureza torna-se evidente pela qualidade, não pela quantidade; o cenário urbano – como organismo político da cidade-estado – permanece uma construção na medida do homem, circundada e dominada pelos elementos da natureza não mensuráveis.
 A simplicidade das casas deriva das limitações da vida privada; durante a maior parte do dia vive-se ao ar livre, no espaço público ordenado e articulado segundo as decisões tomadas em comum pela assembleia. Os monumentos espalhados por todos os bairros recordam, em qualquer lugar, os usos e as cerimônias da cidade como casa de todos.
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Cidade Grega
 Hipódamo de Mileto é lembrado por Aristóteles como autor de uma teoria política (“Imaginou uma cidade de 10 000 habitantes, dividida em 3 classes, uma composta de artesãos, outra de agricultores, a terceira de guerreiros; o território deveria ser igualmente dividido em 3 partes,uma consagrada aos deuses, uma pública e uma reservada às propriedades individuais”) e como inventor da “divisão regular da cidade”.
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Cidade Grega
 Algumas cidades fundadas na mesma época dessas ideias: Mileto, Rodes, Olinto, Agrigento, Pesto, Nápoles e Pompéia – São traçadas segundo um desenho geométrico. Este desenho geométrico é uma regra racional, aplicada da escala do edifício à escala da cidade.
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Kouroi e Korai
Kouroi (plural de kouros, homem jovem) – são sempre representados nus.
Korai (plural de Koré, mulher jovem) – são sempre representadas vestidas.
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As semelhanças entre essas esculturas e as egípcias são flagrantes: notemos o caráter maciço e cúbico delas, a silhueta delgada de ombros largos, os punhos cerrados, a perna esquerda adiantada, rótula acentuada. O tratamento formalista do cabelo.
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Kouroi
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As diferenças são: o escultor egípicio nunca ousara libertar a escultura totalmente do bloco, não há vão entre as pernas, ou entre os braços e tronco.
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Korai
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Korai
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 Entre as estátuas encontradas no entulho da Acrópole (formado pelos restos das obras destruídas pelos Persas) surgiu um Kouros que merece consideração especial. Esculpido pouco antes do ano de 480 a.C., ao que se julga por um ateniense, Kritios, difere de forma sutil mas importante de todos os kouroi arcaicos. É a primeira estátua que está verdadeiramente de pé. 
 A escultura clássica
 
Efebo de Kritios. C. 480 a.C. Mármore, alt. 0,865 m. Museu da Acrópole, Atenas.
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 Se comparamos as duas metades do corpo, direita e esquerda, descobrimos, em vez da rigorosa simetria do Kouros arcaico, uma assimetria calculada: o joelho esquerdo está mais alto que o direito; o quadril direito projeta-se para baixo e para dentro, ao passo que o esquerdo aparece levantado e para fora. Se traçamos o eixo da estátua verificamos que não é uma linha reta vertical, mas uma curva ligeira em S invertido. Estes pequenos desvios da simetria indicam que o peso do corpo repousa em especial na perna esquerda e que a direita desempenha a função de um esteio elástico, para assegurar o equilíbrio do corpo.
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Contrapposto/cânone
O Efebo de Krítios não só está à vontade, numa posição de equilibrada assimetria, magistralmente conseguida pelo artista. Para descrevê-lo emprega-se a palavra italiana contrapposto (contrapeso). A perna onde está o maior peso do corpo é designada por ‘perna apoiada’ e a outra por ‘perna livre’. 
A nova articulação do corpo revelada pelo Efebo de Krítios iria alcançar o seu desenvolvimento completo daí a meio século, no Doríforo (lanceiro) de Policleto, o contrapposto está muito mais acentuado e que a diferenciação entre as metades esquerda e direita do corpo pode ver-se em cada músculo. Também a rotação da cabeça é mais pronunciada. Este porte de estudado equilíbrio, a precisão quase demasiado explícita dos promenores anatômicos, as harmoniosas proporções da figura deram fama ao Doríforo como encarnação modelar do ideal clássico do corpo masculino. A sua reputação foi tal que passou a ser conhecido como canon (regra, pafrão) absoluto. 
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 Doríforo (o lanceiro). Cópia do original grego de c. 450-440 a.C., por Policleto. Mármore, alt. 1,98m. Museu Nacional de Nápoles.
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 Auriga, do Santuário de Apolo, em Delfos, c. 470 a.C. Bronze, alt. 1,80m. Museu de Delfos. A mais antiga das estátuas de bronze conhecidas.
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 Policleto – 420 a.C.
 Um jovem atleta retratado no momento
em que cinge à cabeça a faixa de vencedor. Achada em Delos e conservada em Atenas.
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Esculturas nos Templos
 Frontão ocidental do Templo de Zeus, em Olímpia, c. 460 a.C. Mármore. Museu de Olímpia.
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 Nike, da balasutrada do Templo de Atena Nike, c. 410-407 a.C. Mármore, alt. 1,07 m. Museu da Acrópole, Atenas.
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 Estela Funerária de Hegeso, c. 410-400 a.C. Mármore, alt. 1,50m. Museu Nacional de Atenas.
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 Zeus ou Poseidon, c. 460-450 a.C. Bronze, alt. 2,09 m. Museu Nacional de Atenas.
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 Esta estátua de bronze de Zeus ou Poseidon, concentrado enquanto lança seus raios ou o tridente, foi encontrada no mar, no promontório de Artemísio. O instável equilíbrio dinâmico do corpo, estudado num todo harmônico. Consiste na oposição entre os membros submetidos a esforço e os membros relaxados. A posição do deus no espaço denota uma vontade de superação definitiva da visão única frontal.
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 O esplêndido tratamento anatômico do Bronze de Riace, sobressai nesta visão posterior, mostra perfeita a coordenação entre o ritmo ‘cruzado’ dos membros e o dos poderosos músculos. Os rostos, dotados de barba e espessa cabeleira, são realçados pelos olhos de marfim e pasta vítrea; os dentes são de prata; os lábios e os mamilos, de cobre; as armas originalmente empunhadas, também de prata. Escultor anônimo. 
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 Discóbolo (o lançador de disco). Mármore, cópia romana de um original grego de bronze, de c. 450 a.C., Míron. Tamanho natural. Museu de Terme, Roma. 
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 Afrodite de Cnido. Cópia romana de um original de Praxíteles de c. 300 a.C. Mármore, alt. 2,03 m. Museu do Vaticano, Roma.
 Hermes. Praxíteles. C. 330-320 a.C.. Mármore, alt. 2,16 m. Museu de Olímpia.
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 Apolo Belvedere. Cópia romana (mármore), provavelmente de um original grego do fim do séc. IV (ou I) a.C. Alt. 2,24m. Museu do Vaticano, Roma.
 Apoxiomenos. Cópia romana de mármore, provavelmente de um original de bronze, de c. 330 a.C. Lísipo. Alt. 2,06 m. Museu do Vaticano, Roma.
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Escultura Helenística
 O termo ‘helenismo’ designa o período histórico e cultural compreendido entre a morte de Alexandre, o Grande (323 a.C.) e a conquista romana do Egito (31 a.C.). Num sentido histórico-artístico, o termo indica a linguagem formal deste período, cujos reflexos se podem perceber ao menos até o século II d.C., dada a enorme influência exercida pela cultura helenística sobre a arte romana.
 
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Escultura Helenística
 Gaulês moribundo. Cópia romana de um original de bronze, de c. 230-220 a.C., de Pérgamo. Mármore, tamanho natural. Museu Capitólio, Roma.
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 Afrodite de Milo – Vênus de Milo - foi esculpida na segunda metade do século II a.C. Composta de 6 peças de mármore encaixadas mas trabalhadas separadamente. Museu do Louvre.
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 Fauno Barberini. Cópia romana de um original grego de c. 220 a.C. Mármore. Gliptoteca, Munique. 
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Nike de Samotrácia, c. 200-190 a.C. Mármore, alt. 2,41 m. Louvre, Paris.
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 Grupo de Laocoonte. Cópia romana. Séc. I d.C. Mármore, alt. 2,13m. Museus do Vaticano, Roma.
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 Soldado Gálata e sua mulher. "O soldado gálata e sua esposa". A cena representa o momento em que um soldado grego mata a mulher para não entregá-la ao inimigo e se prepara para o suicídio. O soldado olha para trás como que desafiando o inimigo, já com a espada sobre o pescoço. Segura, ao mesmo tempo, um dos braços do corpo da mulher que sem vida escorrega para o chão. Essa escultura mostra contrastes. Vida e morte, homem e mulher, o nu e as vestes, força e debilidade. Essa é uma cópia romana que se encontra no Museu Nacional Romano, em Roma. O original grego data do século III a.C. 
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Pintura
 A produção artística dos gregos não se esgota com a arquitetura e a escultura, embora sejam estas as que conservam mais testemunhos. O caso da pintura, mural ou em suportes móveis, teve grande importância, mas se perdeu quase totalmente. A perda, faz-se notória ao se analisar o que dizem da pintura grega os escritores antigos. 
 
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 Entre os escassos exemplares de pintura grega conservados, figuram as métopas de terracota do templo de Apolo, em Thérmon, do final do século VII a.C.
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 Bastante posteriores, da segunda metade do século IV a.C., são as pinturas descobertas nas tumbas reais de Vergina, na Macedônia. Numa câmara subterrânea, destaca-se uma cena representando o rapto de Perséfone por Hades, que arrebata a deusa enquanto Hermes corre adiante da quadriga do deus dos infernos.
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A pintura cerâmica
 Para conhecermos um pouco mais sobre a pintura grega temos que observar as decorações em cerâmica. Esses recipientes pintados, conhecidos pelo nome genérico de vasos, destinavam-se mais amiúde a conter vinho ou azeite do que flores. 
 Nos primeiros vasos, pintados no século VI a.C., ainda encontramos vestígios dos métodos egípcios. 
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O vaso Dipylon
 A decoração cerâmica era de traçado abstrato (triângulo, quadrados, círculos concêntricos) mas por volta de 800 a.C. Começaram a aparecer figuras humanas e de animais inseridas no esquema geométrico. O vaso Dipylon faz parte de um grupo de enormes recipientes que serviam de urnas funerárias: o fundo tem orifícios para o escoamento dos líquidos que eram lançados ritualmente sobre o cadáver. No corpo do vaso vemos o defunto em câmara ardente, ladeado de carpideiras de braços erguidos, e a procissão do enterro, com guerreiros a pé e de carro.
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 Deve-se destacar nestas cenas a ausência de qualquer alusão a uma vida além-túmulo, a intenção é meramente comemorativa.
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Figuras negras
 No final do século VII, foi adotado o estilo das figuras negras, traçadas em silhueta sobre o barro avermelhado. Os detalhes internos são riscados com um estilete sobre a tinta, podendo aplicar-se branco e roxo sobre o negro para realçar certas zonas. 
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 Exéquias. Dioniso num barco (lado interno de um Kylix – taça para beber. C. 540 a.C. 
 As formas afiladas, de nítido recorte, tem delicadeza de renda, sem se converter num simples ornamento. Dioniso está reclinado no seu barco (a vela inicialmente toda branca).
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 Exéquias – Ânfora. Entre 550-540 a.C. 
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Figuras vermelhas
 Na oficina de Exéquias, começou-se a experimentar, no último quartel do século VI, uma nova técnica, denominada técnica das figuras vermelhas, em que o fundo é coberto de preto, enquanto as figuras são mantidas na cor rosada ou avermelhada do barro (daí seu nome). Os detalhes e as linhas interiores, antes feitos por meio de incisões, fazem-se agora com finas pinceladas. O tom geral dos vasos é ainda mais sóbrio, mas as figuras ganham em volume e modelado. 
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 Eutímides. A despedida do guerreiro. C. 500 a.C.
 
 Os pintores gregos fizeram uma grande descoberta – a descoberta do escorço. Foi um momento assombroso na história da arte quando, os artistas se atreveram a pintar um pé tal como é visto de frente.
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