Buscar

Direito de nacionalidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

DIREITO DE NACIONALIDADE
1. CONCEITO
a) Conceito jurídico: é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado. (Pontes de Miranda)
Público: por causa do vínculo com o Estado
Dimensão pessoal: povo (+ território + Governo = Estado)
b) Sociológico: nacionais são todos quantos nascem num certo ambiente cultural feito de tradições e costumes, geralmente expresso numa língua comum, atualizado num idêntico conceito de vida e dinamizado pelas mesmas aspirações de futuro e os mesmos ideais coletivos.
- O conceito sociológico de nacionalidade dá idéia de “nação”, que é diferente da idéia de “Estado” – neste, o que importa, é o aspecto jurídico, e não o social.
- Povo x População:
1) Povo: é o conjunto de nacionais de um país. Refere-se a uma comunidade de mesma base sócio-cultural (mesma língua, mesmos costumes e tradições de seus antepassados). Este conceito é político.
2) População: é o conjunto de todos os residentes no espaço territorial, sejam nacionais ou não (estrangeiros, apátridas, etc.) de um país. Estão todos submetidos ao ordenamento jurídico e político desse país. Este conceito é geográfico.
2. NACIONAL x CIDADÃO
- Nacional: são todos aqueles que o Direito de um Estado define como tais; são todos aqueles que se encontram presos ao Estado por um vínculo jurídico que o qualifica como seu integrante.
( É o brasileiro (nato ou naturalizado), ou seja, aquele que se vincula (vínculo jurídico-político), por nascimento ou por naturalização, ao território brasileiro (art. 12 I e II, CF)
- Nacionalidade: é o nexo que une o indivíduo a um Estado 
( É a qualidade do nacional, isto é, da pessoa que é integrante de uma determinada sociedade politicamente organizada. 
( É uma situação jurídica, definida pelo Estado, em relação à qual a pessoa será considerada nacional ou estrangeiro
- Estrangeiro: todo aquele que não é nacional
- Cidadão: qualifica o nacional (nato ou naturalizado) no gozo dos direitos políticos e os participantes da vida do Estado (art. 1° II e 14, CF). 
- Cidadania: é a condição pela qual um indivíduo possui o gozo e o exercício dos direitos políticos em um determinado Estado. 
Cidadania no sentido estrito: nacional que goza dos direitos políticos e que, portanto, participa da vida do Estado
Cidadania no sentido lato: vinculação + popular > é a inserção de uma pessoa na sociedade, incluindo o vínculo de direitos e deveres previstos na Carta Política. 
- A idéia de cidadão é, por conseguinte, + limitada do que a de nacional.
- Quando se começa a exercer a cidadania? A partir dos 16 até os 18 anos, facultativamente. A partir dos 18 anos, obrigatoriamente.
- A “quase-nacionalidade”, concedida aos portugueses é um avanço contido na CF 
- Regra: para ser cidadão, é necessário ser nacional. Mas a nacionalidade não concede necessariamente o exercício da cidadania ( o art. 15 traz as hipóteses em que nacionais não poderão exercer plenamente sua cidadania 
 					(
- Portanto, há indivíduos nacionais de um Estado que, em virtude de idade, sexo ou outras causas (punição), não são cidadãos desse Estado.
	Aliás, a CF, em seu art. 22 XIII, diferencia os dois conceitos ao afirmar a competência privativa da U para legislar sobre “nacionalidade, cidadania...”. Deste modo, não são cidadãos os brasileiros que tiverem sua naturalização cancelada por sentença transitada em julgado, em decurso de atividade nociva ao interesse nacional (art. 12 § 4°, I e art. 15, I, CF), os que forem absolutamente incapazes nos termos do art. 5° do CC, os que, por aresto transitado em julgado forem condenados criminalmente, enquanto durarem seus efeitos, os que se recusarem a cumprir obrigações a todos impostas ou prestação alternativa, nos termos do art. 5° VIII, e os que, por atos de improbidade administrativa, tiverem suspensos os seus direitos políticos (art. 15, CF).
	Não é demais esclarecer que, nos imperativos da CF, exclusivamente o cidadão – e não o nacional é:
a) parte legítima para propor ação popular objetivando anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (art. 5°, LXXIII)
b) competente para apresentar um projeto de lei, submetendo-se à discussão e votação do CN (art. 61)
c) autorizado a denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o TCU (art. 74 § 2°), prova evidente de que nacionalidade e cidadania não são expressões sinônimas.
3. NATUREZA DO DIREITO DE NACIONALIDADE
- Não existe tratado de DIP que fale exclusivamente sobre nacionalidade
- Os princípios orientadores da nacionalidade estão insertos nas regras convencionais do DIP (princípios gerais de direito e convenções sobre direitos humanos). 
- É da competência exclusiva de cada Estado definir em seu ordenamento jurídico as regras sobre nacionalidade (modos de aquisição e perda).
- Muito embora cada Estado trate do tema de maneira distinta – e isso acarreta alguns conflitos de nacionalidade – os princípios orientadores são de DIP.
- Materialmente, o tema sobre nacionalidade é constitucional (fundamentos sobre aquisição de nacionalidade adstritos ao DConstitucional), mas em alguns Estados poderá ser formalmente infra-constitucional (constam em textos de LO, v.g., França e Japão) ( É tradição do ordenamento jurídico pátrio inscrever nas constituições as regras sobre nacionalidade, portanto, entre nós, o direito de nacionalidade é material e formalmente constitucional.
4. MODALIDADES DE NACIONALIDADE
a) Nacionalidade primária, originária ou de origem
- resulta de fato natural e involuntário, o nascimento (é a nacionalidade que o Estado impõe ao indivíduo quando este nasce)
b) Nacionalidade secundária, adquirida ou de eleição
- adquirida por fato voluntário, depois do nascimento 
5. CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DA NACIONALIDADE PRIMÁRIA
- A nacionalidade originária pode ser concedida através de 3 critérios:
a) Critério de origem sangüínea (jus sanguinis)
- critério pelo qual se confere a nacionalidade pelo vínculo de filiação, reputando-se nacionais os descendentes de nacionais, qq que seja o lugar de seu nascimento (será nacional o filho de nacionais)
- regra adotada pelos Estados de emigração, como a maioria dos 
b) Critério de origem territorial (jus soli)
- critério pelo qual se atribui a nacionalidade pelo lugar do nascimento, pouco importando a nacionalidade de seus pais
- regra adotada pelos Estados de imigração, como a maioria dos americanos 
c) Critério misto
- caracteriza-se pela conjunção dos 2 critérios anteriores
- reflete a tendência moderna de adoção de formas jurídicas flexíveis que atendam melhor à evolução da humanidade e ao convívio internacional.
- a profª entende que o Brasil não adota o critério misto, mas sim o critério territorial, admitindo o critério sangüíneo na forma impura pq há restrições: 
“...a serviço da RFB...”		 (	 caracterizam a forma imputa na CF
“... que venha a residir...”
Alguns doutrinadores, no entanto, entendem que o Brasil adota o critério misto (para eles, adotando-se os 2 critérios, mesmo que na forma impura, já se configura o critério misto).
	
6. FORMAS DE AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE SECUNDÁRIA
- Naturalização: é a única espécie adotada no Brasil. É o ato pelo qual um indivíduo requer a nacionalidade a um país
- Outras: benefício da lei, mutações territoriais (anexação de um território a um país, cisão de um país em dois, união de Estados), casamento, ius laboris (exercício de uma atividade profissional), etc.
( A Itália, por ex, adota o ius communicatio (relação familiar), segundo o qual a mulher, pelo matrimônio, adquire a nacionalidade do marido, e os filhos não emancipados, por filiação, adquirem a nacionalidade do genitor. 
7. CONFLITOS DE NACIONALIDADE
- Decorrente da dessemelhança dos sistema atributivos de nacionalidade adotados pelos vários Estados, um mesmo indivíduo poderá haver:
a) Conflito positivo (polipatridiaou multinacionalidade)
- Polipátrida: aquele que detém + de uma nacionalidade, em razão de 2 ou + Estados o reconhecerem como seu nacional (o seu nascimento o enquadra em distintas regras de aquisição de nacionalidade) ( a nacionalidade é exercitada uma de cada vez
- Esse conflito não cria dificuldade alguma; em geral, até beneficia. 
- Ex> quando uma criança nasce em um Estado que adota o jus soli e seus genitores pertencem a um Estado que acolhe o jus sanguinis 
( Exemplo típico é o caso de filhos de italianos nascidos no Brasil: como o Brasil adota o critério do ius solis, os filhos de italianos aqui nascidos, desde que seus pais não estejam a serviço da Itália, adquirirão, de pronto, necessária e automaticamente, a nacionalidade brasileira; como a Itália adota o critério ius sanguinis, os filhos de italianos, nascidos onde quer que seja, são, para aquele país, italianos. Logo, os filhos de italianos nascidos no Brasil adquirem dupla nacionalidade.
b) Conflito negativo (apatridia)
- Apátrida, apólide ou heimatlos: é o indivíduo que não tem não tem nacionalidade, que nunca teve ou que já teve e a perdeu.
( É aquele que, dada a circunstância de seu nascimento, não adquire nacionalidade, por não se enquadrar em nenhum critério estatal que lhe determina a nacionalidade. 
- Ex> ocorre quando a criança nasce em um Estado que alberga o jus sanguinis e seus genitores pertencem a um Estado que hospeda o jus soli ou quando a mulher perde a nacionalidade de origem pelo casamento com estrangeiro sem adquirir a do marido
( É o que pode se dar, por ex, com um filho de brasileiro nascido na Itália, se seus pais não estiverem a serviço do Brasil: não será ele italiano, porque a Itália adota o critério ius sanguinis, segundo o qual somente será italiano o descendente de italiano; por outro lado, não será brasileiro, porque, adotando o Brasil o critério ius solis, ninguém será brasileiro pelo simples fato de ser brasileiro, se nascido em outro Estado
- Ex.: imigrante que nasceu no extinto império Austro-Húngaro, reside no Brasil, mas nunca requereu a nacionalidade brasileira ou qualquer outra. 
- Este tipo de conflito se afigura intolerável porque impõe a determinada pessoa, por circunstância alheia à sua vontade, uma situação de apatrídia, que lhe cria enormes dificuldades, posto que lhe gera restrições jurídicas de monta em qq Estado em que viva. Ora, a nacionalidade é um direito fundamental do homem, sendo inadmissível uma situação independente da vontade do indivíduo, que o prive desse direito ( A Declaração Universal dos Direitos Humanos bem o reconhece, quando estatui que toda pessoa tem direito a uma nacionalidade e ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade (art. 15). 
( Não é o caso do sistema constitucional brasileiro que procura oferecer mecanismo normativo adequado (art. 12, I, b e c) para solucionar os conflitos de nacionalidade negativa em que, porventura, se vejam envolvidos filhos de brasileiros. 
8. REFERÊNCIA SOBRE NACIONALIDADE
8.1. NO DIREITO BRASILEITO
- CF
- Lei 6.815, de 19/08/1980, com as alterações da Lei 6.964, de 09/12/1981 (define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil cria o Conselho Nacional de Imigração e dá outras providências)
- Decreto 86.715, de 10/12/1949 (regulamenta a Lei 6.815, de 19/08/1980) 
- Lei 818, de 18/09/1949 (regula a aquisição, a perda e a reaquisição da nacionalidade e a perda dos direitos políticos)
- Decreto 70.436, de 18/04/1972 (regulamenta a aquisição pelos portugueses, no Brasil, dos direitos e obrigações previstos no Estatuto da Igualdade e dá outras providências)
8.2. NO DIREITO INTERNACIONAL
- Declaração Universal do Direitos do Homem (1948): aceito como regra consuetudinária. Não é tratado.
- Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966)
- Convenção Americana de Direitos Humanos (1969)
- Convenção de DI Privado (Havana, 1928)
- Convenção concernente a certas questões relativas aos conflitos de leis sobre a nacionalidade (Haia, 1930)
- Protocolo relativo às obrigações militares em certos casos da dupla nacionalidade
- Protocolo especial relativo à apatridia
- Protocolo relativo a um caso de apatridia
- Convenção sobre a nacionalidade da mulher (Montevidéu, 1933)
- Convenção sobre a nacionalidade da mulher casada (NY, 1957)
- Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses
9. BRASILEIROS NATOS
Art. 12. São brasileiros: 
I – NATOS (hipóteses de nacionalidade originária)
a) os nascidos na RFB, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país (= Jus soli)
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da RFB (= Jus sanguinis combinada com fato de pai brasileiro ou mãe brasileira estar a serviço da RFB)
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que (1) venham a residir na RFB e (2) optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira (= Jus sanguinis combinada com residência no Brasil + opção a qq tempo) – ver art. 109, X
a) os nascidos na RFB, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país
- Esta hipótese decorre da utilização do critério ius solis (origem territorial)
- Exceção: adoção do ius sanguinis (parte final da alínea)> exclui da nacionalidade brasileira os filhos de pais estrangeiros, que estejam a serviço de seu país ( Para este critério, os requisitos são:
(a) ambos os pais serem estrangeiros; 
(b) pelo menos um deles estar a serviço de seu país de origem
( Portanto: a regra é o ius soli, e a exceção é o ius sanguinis combinada com o fato de o pai ou mãe estar a serviço de seu país – se este, no entanto, estiver aqui por conta própria ou estiver a serviço de outro país que não o seu, seu filho, aqui nascido, será brasileiro nato.
- Se um casal japonês, no qual a mulher está a serviço do Governo da Itália (ou da ONU, EU), tem seu filho no Brasil, a criança será brasileira (não é, pois, aplicável a parte final da alínea a), pois a mãe não está a serviço de seu país de origem ( Portanto, aplica-se o critério territorial da parte inicial da alínea.
- Há uma controvérsia no que tange à situação de um dos pais ser brasileiro e o outro ser estrangeiro: a doutrina majoritária entende que o filho, nascendo no Brasil, será brasileiro, pois entende-se que a mens legens desta alínea quis que ambos os pais fossem estrangeiros. A doutrina majoritária entende que o legislador quis dizer pai ou mãe estrangeiro (tal como disposto nas alíneas b e c, e aplicado analogicamente na alínea a)
- Nascimento de filho de estrangeiros no Brasil, estando os pais de férias ( Os pais levam a criança ao Consulado de seu país para registro do nascimento mas o Brasil vê essa criança como BRASILEIRA porque os pais não estavam em missão oficial de seu país (Obs.: Certos órgãos consulares podem fazer lavratura de nascimento de cidadãos de seus países)
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da RFB
- Nesta hipótese, adotou-se o critério ius sanguinis, com 2 requisitos: 
(a) ser filho de pai brasileiro ou mãe brasileira; 
(b) o pai ou a mãe (ou ambos) devem estar a serviço da RFB, abrangendo qq serviço público prestado pelos órgãos / entidades da AP direta ou indireta da U, E, DF , M (requisito funcional)
- Tanto faz que o pai ou a mãe seja nato ou naturalizado; é preciso, no entanto, que tenha nacionalidade brasileira no momento do nascimento do filho, para que este seja tido como brasileiro nato. 
( Se for filho póstumo, apura-se a nacionalidade brasileira do pai ou da mãe ao tempo da concepção. 
( O art. 227 § 6° dispõe que os filhos, havidos ou não da relação do casamento ou por adoção terão os mesmos direitos e qualificações (logo, qq que seja a origem da relação filial): a despeito do art. 12 I,b usar o termo nascido, que indica filiação natural, parece que umainterpretação sistemática, com base no art. 227, não pode senão levar à conclusão de que, quanto aos nascidos fora da relação matrimonial, amparados pela origem sangüínea do pai ou mãe, a questão se resume a que a nacionalidade, então, só será auferida com a legitimação ou reconhecimento, que tem eficácia ex tunc, ou seja, desde o nascimento, e não desde o dia do reconhecimento. 
( Quanto à filiação por adoção, também referida no art. 227, tudo fica na dependência de verificar-se a legitimidade do procedimento adotivo; válida a adoção, o adotado adquire a condição de nacional como se filho havido da relação matrimonial.
- Casal de brasileiros em missão oficial no Timor Leste ( O filho nasce nesse país e não existe Consulado Brasileiro
1°) Será preciso registrar a criança no Timor Leste para que ela possa deixar o país
2°) Chegando ao Brasil, o pai/ mãe deverá se dirigir a repartição de trabalho para obter a certidão que comprove que o mesmo estava em missão oficial
3°) De posse da Certidão, esta é levada ao Cartório para a obtenção da Certidão de Nascimento
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na RFB e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira
- Nessa hipótese, adotou o legislador constituinte o critério ius sanguinis, exigindo-se, porém, a opção pela nacionalidade brasileira (vínculo com o território brasileiro + expressa manifestação de vontade do interessado) .
- A aquisição da nacionalidade brasileira por opção está sujeita a 4 requisitos: 
(a) nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira; 
(b) pai brasileiro e mãe brasileira que não estejam a serviço do Brasil (caso estivessem, o filho seria, de pronto, brasileiro nato, por enquadramento na hipótese precedente); 
(c) vir, a qq tempo, residir no Brasil; 
(d) opção, também a qq tempo, pela nacionalidade brasileira.
( Estruturou-se, assim, um modo de aquisição da nacionalidade primária, misto de ius sanguinis + vínculo territorial + manifestação da vontade do interessado, o que, por isso também, misturou elementos de aquisição primária com a secundária.
- Essa hipótese de nacionalidade originária é denominada pela doutrina de nacionalidade potestativa : manifestada a opção, não se pode recusar o reconhecimento da nacionalidade ao interessado. É ato que depende exclusivamente da vontade do interessado.
- Processo de opção de nacionalidade: o optante deve ter capacidade civil plena + residência no Brasil, sendo o processo de jurisdição voluntária apreciado pelo juiz federal do domicílio do optante, cuja competência para processar e julgar as causas referentes à nacionalidade está disposto no art. 109, X, CF.
- O momento da fixação da residência no Brasil constitui o fato gerador da nacionalidade, que fica, porém, sujeita a uma condição confirmativa: a opção, feita através de uma ação de declaração de opção perante a Justiça Federal, proposta pelo interessado (não pode ser por representação dos genitores) quando se atinge a maioridade civil plena aos 18 anos. Como não há prazo para manifestação da opção, há 2 entendimentos:
1) parte da doutrina entende que, até que complete 18 anos, o indivíduo terá a nacionalidade brasileira, provisoriamente. Não propondo a ação de opção, cessam os efeitos e ele não será + brasileiro.
2) outra parte da doutrina entende que a nacionalidade de brasileiro nato fica suspensa até o implemento da condição (opção expressa, que terá efeitos ex tunc, retroativos ao momento da fixação da residência no Brasil). 
II – NATURALIZADOS (hipóteses de nacionalidade secundária):
- A naturalização poderá ser tácita ou expressa:
- tácita: quando adquirida independentemente de manifestação expressa do naturalizando, por força das regras jurídicas de nacionalização adotadas por determinado Estado.
- expressa: quando depende de requerimento do interessado, demonstrando sua intenção de adquirir nova nacionalidade
( A vigente Carta Política só contempla hipóteses de naturalização expressa, dependente de manifestação de vontade expressa do interessado.
a) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa com (1) residência por 1 ano ininterrupto e (2) idoneidade moral 
- Nacionalização ordinária (art. 12, II, a)
- A naturalização ordinária é aquela concedida aos estrangeiros, residentes no país, que cumpram os requisitos previstos na lei brasileira de naturalização (capacidade civil segundo a lei brasileira, visto permanente no país, saber ler e escrever em português, exercício de profissão, etc).
- Não há direito subjetivo à obtenção da naturalização. A simples satisfação dos requisitos e condições não assegura ao estrangeiro o direito à nacionalidade brasileira, uma vez que a concessão da nacionalidade brasileira é ato de soberania nacional, discricionário do Chefe do Poder E (concede se quiser).
- Os que, na forma da CF, adquiram a nacionalidade brasileira, para os originários dos países de língua portuguesa> devem preencher 2 requisitos:
residência por 1 ano ininterrupto (= não se afastar do Brasil por período superior a 24 meses; é o tempo de quem tem o visto permanente não perdê-lo)
idoneidade moral
 ( Observados os 2 pressupostos, o português não precisa naturalizar-se brasileiro para auferir o direito correspondente. Sua condição, contudo, é inferior a do brasileiro naturalizado, que não está sujeito àqueles pressupostos.
- Os que na forma da lei (LO = Estatuto dos Estrangeiros - Lei 6.815/80 - arts. 111/124), adquiram a nacionalidade brasileira> Exigências: residência 4 anos ininterruptos, idoneidade moral, ler e escrever nosso idioma, capacidade civil plena, exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e de seus familiares, etc.
 
b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na RFB há (1) mais de 15 anos ininterruptos e (2) sem condenação penal, DESDE QUE REQUEIRAM a nacionalidade brasileira 
- Nacionalização extraordinária (art. 12, II, b): para estrangeiros de qq país
- Exigências: 
1) residência + 15 anos ininterruptos
2) sem condenação penal
3) desde que requeiram: o direito é adquirido pois basta requerer e cumprir os requisitos
- O direito é adquirido pois basta requerer e cumprir todos os requisitos ( Por isso, o ato é vinculado (quis-se premiar o estrangeiro que reside no Brasil há muito tempo e que ajudou no desenvolvimento do país)
( Nessa espécie de naturalização, ao contrário da ordinária, não há discricionariedade para o Chefe do Poder E, tendo o interessado direito subjetivo à nacionalidade brasileira, desde que preenchidos os pressupostos. Cumpridos os 15 anos de residência no Brasil sem condenação penal, efetivado o requerimento, o Chefe do Poder E não pode negar a naturalização.
- Não se trata de naturalização tácita, tendo o legislador constituinte respeitado a condição de originário de outro Estado, pois a aquisição da naturalização brasileira somente se dá após sua manifestação de vontade, mediante requerimento expresso.
- É justo porque quem vive + de 15 anos ininterruptos no país, com vida digna, convivendo e colaborando com os brasileiros, merece essa consideração da CF, que, no entanto, não quis impor-lhes uma naturalização tácita, respeitando sua condição de originário de outra pátria, mas facilitando-a com o mero requerimento, simples manifestação de vontade. E isso é uma prerrogativa à qual o interessado tem direito subjetivo, preenchidos os pressupostos (15 anos de residência ininterrupta + não condenação penal).
- Doutrina: São brasileiros NATOS os titulares da nacionalidade brasileira primária.
- O brasileiro naturalizado pode se tornar apátrida
- O brasileiro naturalizado pode ter dupla nacionalidade
- O brasileiro nato pode ser dupla nacionalidade
- O brasileiro nato NÃO pode se tornar apátrida
- Pode uma pessoa nascer em solo brasileiro e ser estrangeira
- Obs> Baseada na radicação precoce e na conclusão de curso superior (art. 115§ 2°, I e II, da Lei n° 6.815/80)
10. PROCEDIMENTO PARA NATURALIZAÇÃO
- O processo é praticamente administrativo (Poder E federal – Ministério da Justiça – Departamento da Pol. Federal) e consta na Lei 6.815/80.
- O Poder J só participa na parte final do processo, com a entrega do certificado, quando começam os efeitos da naturalização
- O rito é o mesmo, tanto para o caso da alínea a como para a b do art. 12 II.
- A competência para concessão é do PR, que delega para o Ministro da Justiça – portanto, o ato se dá por portaria ministerial (ato atípico de legislar do Ministro) ( Se o PR não delegasse, o ato se daria por decreto (ato atípico de legislar do PR)
1) Apresentação do pedido devidamente instruído ao órgão competente do Ministério da Justiça
2) Início da instrução processual com uma sindicância policial
3) Conclusão do órgão sindicante e remessa ao Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça
4) Exame das condições legais do processo e envio à apreciação da autoridade ministerial
5) Deferido o pedido segue o processo para publicação da Portaria Ministerial concessiva da naturalização, arquivada no Departamento de Estrangeiros
- com a publicação da portaria ministerial, o estrangeiro pede a extração do certificado de naturalização
6) Envio do certificado de naturalização, cuja entrega solene pelo juiz federal do domicílio do naturalizando encerra o procedimento.
- Momento concessivo da naturalização (momento em que começam os efeitos da naturalização): com a entrega do certificado
11. CONDIÇÃO JURÍDICA DO BRASILEIRO NATO 
- A CF não traz restrições ao brasileiro nato, só aos naturalizados, como a possibilidade de exercer todos os direitos conferidos no ordenamento jurídico pátrio, mas também fica sujeito aos deveres impostos a todos ( Assim, o brasileiro nato possui algumas vantagens em relação ao brasileiro naturalizado
( Portanto, mesmo naturalizado, o estrangeiro pode sofrer limitações, determinadas estas pela CF e somente por ela. 
( O intuito da CF, ao estabelecer essas limitações, não foi a de discriminar, mesmo pq a própria não permite: 
a) Art. 3°, IV - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
( Princípio da não distinção e não preferência entre brasileiro nato e naturalizado
b) Art. 5°, caput ( Princípio da isonomia – será infringido se for dado qq tratamento desigual para situações iguais 
- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
c) Art. 12 § 2º ( Não é admitida a discriminação entre brasileiro nato e naturalizado, salvo nos casos previstos pela própria (possibilidade de só a CF estabelecer distinção)
- A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
( Entende-se que nem através de EC seria possível inserir na CF outra hipótese de distinção de tratamento entre brasileiro nato e naturalizado. Em tal situação ocorreria a violação reflexa por parte da emenda superveniente do princípio da isonomia que é, por si, limitação MATERIAL ao poder de reforma do texto. Desta forma, apenas as 4 normas constitucionais originárias aqui citadas estariam autorizadas a criar a distinção de tratamento preconizada no parágrafo segundo do art. 12.
d) Art. 19, III - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
- criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
( Princípio da não distinção e não preferência entre brasileiro nato e naturalizado
- A regra é: se a CF só fala em brasileiro, sem qualificativo, para qq fim, a expressão inclui o nato e o naturalizado; se quer excluir este último, expressamente menciona o brasileiro nato.
12. CONDIÇÃO JURÍDICA DO BRASILEIRO NATURALIZADO
- São as limitações arroladas na CF:
a) Art. 5°
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de (1) crime comum, praticado antes da naturalização, ou (2) de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei (antes ou depois da naturalização).
- O brasileiro nato não pode ser extraditado em nenhuma hipótese; o naturalizado pode nas 2 hipóteses supra (limitação ao direito de não extradição)
b) Art. 12 § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de PR e Vice
II - de Presidente da CD
III - de Presidente do SF
IV - de Ministro do STF
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa
Motivos> I, II, III, IV: linha sucessória
	 V, VI, VII: segurança nacional
Obs> O cargo de embaixador não é privativo de brasileiro nato porque ele não é cargo restrito à carreira diplomática (embaixador – chefia da missão – não há restrição). A carreira diplomática inicia no cargo de 3° secretário ( ascende p/ 2° secretário ( 1° secretário ( Ministro 1ª classe (que pode chegar a ser embaixador ou não) ( 2ª classe
c) Art. 89 - O Conselho da República é órgão superior de consulta do PR, e dele participam: 
I - o Vice-Presidente da República
II - o Presidente da CD
III - o Presidente do SF
IV - os líderes da maioria e da minoria na CD
V - os líderes da maioria e da minoria no SF
VI - o Ministro da Justiça
VII - 6 cidadãos brasileiros natos (restrição ao exercício de função), com + de 35 anos de idade, sendo 2 nomeados pelo PR, 2 eleitos pelo SF e 2 eleitos pela CD, todos com mandato de 3 anos, vedada a recondução.
d) Art. 222 - A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há + de 10 dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
- justificativa: interesse público, segurança nacional (se não houvesse justificativa, seria ato discriminatório).
- a vedação é para os naturalizados há - de 10 anos, e como PF (como PJ pode, se pelo menos 70% do capital total e do capital votante da empresa pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há + de 10 anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação).
13. PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA
Art. 12 § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional 
- só atinge o brasileiro naturalizado
- efeito do cancelamento: desconstituição da naturalização, e atinge o ato com o trânsito em julgado da sentença, portanto, é efeito ex tunc.
- cabe ao MP analisar a matéria, classifica-la como nociva ao interesse nacional e, se for o caso, propor a perda da nacionalidade
II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos de: 
a) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
ex> indivíduo nascido no Brasil, em que o país dos genitores adota o critério ius sanguinis
b) imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, (1) condição para permanência em seu território ou (2) para o exercício de direitos civis
ex> brasileira que mora nos EUA, casou com americano e requereu a nacionalidade americana pelo fato da tributação dos bens ser maior para estrangeiros ( ela apresentou a defesa e não perdeu a nacionalidade 
- atinge o brasileiro nato e o naturalizado 
- regra: perda da nacionalidade brasileira pela aquisição de outra nacionalidade
- exceção: alíneas a e b
- a ratio legis no art. 12 § 4º II é o reconhecimento das situações em que o brasileiro é compelido a naturalizar-se em virtude das circunstâncias – evita-se, com isso, o constrangimento de brasileiros que, por força de contratos, tinha que exercer atividade profissionalem países onde se requer que se naturalize para trabalhar em seu território.
- quando a naturalização é concedida por um país a um nacional brasileiro, esse fato é informado ao Consulado + próximo, que informa Brasília. Tem início um processo administrativo de ação de perda de nacionalidade com o devido processo legal: a parte é notificada de que está perdendo a nacionalidade e tem prazo para apresentar defesa. 
- É possível um brasileiro nato ficar apátrida?
Não, em virtude do art. 12 § 4º II CF. Se o brasileiro nato só perde a nacionalidade se adquirir outra, não há como ficar apátrida. O Brasil segue o princípio internacional que coíbe a apatrídia; o direito à nacionalidade está inserto no princípio da dignidade humana. Não se adequado às 2 hipóteses de dupla nacionalidade, o brasileiro perderá a sua.
	E se a pessoa que perdeu a nacionalidade brasileira por aquisição de outra, vir a perder esta também? (por ex, por ato nocivo ao interesse nacional) Essa pessoa será apátrida mas, quando isso ocorrer, ela já não será + brasileira.
14. REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA
- É um processo administrativo que se dá por ato do Ministro da Justiça (ação + rápida do que a de naturalização), onde o brasileiro nato volta a ser nato, e o naturalizado volta a ser naturalizado.
- A doutrina majoritária aceita a idéia de que a CF recepcionou a Lei 618/48, que prevê a reaquisição da nacionalidade brasileira por todo brasileiro, desde que:
1) tenha residência no Brasil
2) requeira
3) não tenha perdido a nacionalidade brasileira com o intuito de burlar a lei brasileira
 Assim:
- Art. 12 § 4° I: o brasileiro naturalizado que tenha perdido a nacionalidade por atividade nociva ao interesse nacional nunca poderá requerer a reaquisição da nacionalidade, salvo por ação rescisória (previsto no CC)
- Art. 12 § 4° II: aquele que perdeu a nacionalidade brasileira poderá readquiri-la por decreto do PR, preenchida a exigência de domicílio no país, conforme art. 36 da Lei n° 818/49
( A reaquisição da nacionalidade opera a partir do decreto que a conceder, não tendo efeito retroativo, mas o readquirente recupera a condição que perdera: se era brasileiro nato, voltará a ser brasileiro nato; se naturalizado, retomará essa qualidade.
15. DUPLA NACIONALIDADE
- Art. 12 § 4° II, a, CF
- Art. 12 § 4° II, b, CF
16. ESPECIAL CONDIÇÃO JURÍDICA DOS PORTUGUESES NO BRASIL
- Condição de quase-nacionalidade brasileira
- Aos portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo as exceções previstas na CF (art. 12, § 1°). 
( Princípio da reciprocidade: ou seja, é preciso que o ordenamento jurídico português outorgue a brasileiro o mesmo direito requerido)
( A base é a reciprocidade (a profª entende que o termo “equiparação” é equivocado): haverá reciprocidade desde que sejam concedidos aos brasileiros em Portugal iguais direitos ( Dado lá um direito a brasileiro, o português adquire o mesmo direito aqui, salvo nos casos em que se o reconhece expressamente a brasileiro nato.
- A CF admite a possibilidade de o português aqui residente ser (se houvesse reciprocidade): Ministro de Estado, Senador, Deputado federal e estadual, Governador, Prefeito e Vereador ( O acesso a esses cargos e funções, contudo, está vedado aos portugueses aqui residentes, porque a Constituição de Portugal não permite que se outorgue a brasileiro o direito e acesso a cargos e funções correspondentes.
- O legislador constituinte concede aos portugueses aqui residentes, nesses termos, a condição de brasileiro naturalizado (e não de brasileiro nato), se houver reciprocidade de tratamento em favor dos brasileiros em Portugal ( Não se trata de concessão aos portugueses da nacionalidade brasileira (se assim o desejarem, deverão fazê-lo por meio do processo da naturalização ordinária, valendo-se da condição de estrangeiro originário de país de língua portuguesa). Os portugueses residentes no Brasil continuam portugueses e os brasileiros que vivem em Portugal continuam com a nacionalidade brasileira. O que acontece é que, uns e outros, recebem direitos que, no geral, somente poderiam ser concedidos aos nacionais de cada país.
Assim, satisfeitos os 2 pressupostos (residência por 1 ano ininterrupto + idoneidade moral), os portugueses, diferentemente dos demais estrangeiros, não precisam naturalizar-se brasileiros para gozar dos direitos do brasileiro, bastando apenas que residam aqui em caráter permanente ( Se um português tiver residência permanente no Brasil, e Portugal reconhecer a brasileiro determinado direito não reconhecido a estrangeiro, o português poderá reivindicar igual tratamento aqui ( Reconhecido um direito em Portugal, o português adquire o mesmo direito aqui, salvo se privativo de brasileiro nato.
- O art. 12 § 1°, CF, no entanto, não concedeu direitos automáticos aos portugueses (apesar de parecer, com a mera leitura). Para ter os benefícios, o português precisa requerer ao Ministério da Justiça (art. 5° da Convenção de Igualdade entre brasileiros e portugueses de 1972). O brasileiro em Portugal deve requerer ao Ministério do Interior
- Os efeitos de reciprocidade só surgem com a requisição junto ao Ministério competente.
- A Emenda de Revisão n° 3/94 suprimiu a expressão nato, o que quer significar que o português equiparado poderá ser extraditado nas 2 hipóteses mencionadas no art. 5°, LI:
“Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o NATURALIZADO, (1) em caso de crime comum praticado ANTES da naturalização ou (2) de comprovado envolvimento de tráfico ilícito e entorpecentes”.
- Art. 12 § 1°, CF – a CF concedeu aos portugueses um privilégio adicional, qual seja, o de conservando incólume o vínculo de nacionalidade com o país de origem, o português passa a exercer direitos inerentes à qualidade de brasileiro, ressalvados sempre os direitos previstos na Lei Maior, reservados aos brasileiros natos.

Outros materiais