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TEORIA DA COGNIÇÃO

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 MARTINA CORREIA 
TEORIA DA COGNIÇÃO JUDICIAL (NCPC) 
PROCESSO CIVIL 
Curso de Direito Processual Civil de Fredie Didier (2016) 
 
 CONCEITO DE QUESTÃO 
 
ACEPÇÃO RESTRITA ACEPÇÃO AMPLA 
Questão é qualquer ponto de fato ou de direito 
controvertido, de que dependa o pronunciamento 
judicial. 
O próprio “thema decidendum”, o mérito, a questão 
principal do processo. 
Essa acepção é a preferida da doutrina. 
O art. 489, II, utiliza essa acepção: 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as 
questões de fato e de direito; 
O art. 489, III, utiliza essa acepção: 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as 
questões principais que as partes lhe submeterem. 
 
 RESOLUÇÃO DAS QUESTÕES: INCIDENTER TANTUM E PRINCIPALITER 
 
INCIDENTER TANTUM PRINCIPALITER 
Questões postas como fundamento para a resolução 
de outras. O juiz deve resolvê-las como etapa 
necessária de seu julgamento, mas não as decidirá. 
Questões que são colocadas para que sobre elas 
haja decisão judicial (objeto do julgamento, 
“thema decidendum”). 
Há cognição. Há cognição e julgamento. 
Compõem a FUNDAMENTAÇÃO da sentença. Compõem o DISPOSITIVO da sentença. 
Não recai a imutabilidade da coisa julgada. 
Art. 504. Não fazem coisa julgada: 
I - os motivos, ainda que importantes para 
determinar o alcance da parte dispositiva da 
sentença; 
II - a verdade dos fatos, estabelecida como 
fundamento da sentença. 
Exceção: questão prejudicial incidental. 
Recai a imutabilidade da coisa julgada. 
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente 
o mérito tem força de lei nos limites da questão 
principal expressamente decidida. 
Exemplo: no controle difuso, qualquer órgão do 
Poder Judiciário pode examinar in concreto a 
inconstitucionalidade de lei. Essa análise será uma 
questão prejudicial, resolvida incidenter tantum. 
Exemplo: no controle concentrado, a 
inconstitucionalidade da lei é o objeto litigioso do 
processo, thema decidendum, a ser decidido apenas 
pelo STF. 
 
QUESTÃO PREJUDICIAL INCIDENTAL 
É uma questão incidental que pode tornar-se indiscutível pela coisa julgada material, contrariando a regra 
geral acima. O art. 503 (§§1º e 2º) traça esse regime jurídico especial: 
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão 
principal expressamente decidida. 
§1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente 
no processo, se: 
I - Dessa resolução depender o julgamento do mérito; 
II - A seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; 
III - O juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. 
§2º A hipótese do §1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição 
que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial. 
 
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 OBJETO DO PROCESSO E OBJETO LITIGIOSO DO PROCESSO 
 
OBJETO DO PROCESSO OBJETO LITIGIOSO DO PROCESSO 
Abrange a totalidade de questões 
que estão sob apreciação do órgão 
julgador. 
É a questão principal, o mérito da causa e objeto da decisão a ser 
proferida pelo juiz. 
É uma parte do objeto do processo. 
Prevalece que o objeto litigioso do processo é o pedido. Alguns 
defendem que é o pedido identificado com a causa de pedir. 
 
 QUESTÕES DE FATO E QUESTÕES DE DIREITO 
 
QUESTÕES DE FATO QUESTÕES DE DIREITO 
Toda questão relacionada aos pressupostos fáticos 
da incidência, à existência e às características do 
suporte fático concreto. 
Toda questão relacionada com a aplicação da 
hipótese de incidência no suporte fático, às tarefas 
de subsunção do fato à norma ou de concretização 
do texto normativo. 
Compõem o objeto da prova. Não requerem prova. 
Algumas questões de fato não podem ser 
conhecidas pelo juiz sem provocação (ex.: questões 
relacionadas à causa de pedir e às exceções em 
sentido estrito). 
Outras podem ser examinadas de ofício. 
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum 
fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito 
influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-
lo em consideração, de ofício ou a requerimento da 
parte, no momento de proferir a decisão. 
São apreciadas de ofício pelo juiz (iura novit curia: 
do direito cuida o juiz). 
O juiz não fica adstrito à iniciativa da parte para 
identificar a norma jurídica que deva aplicar, embora 
isso deva ser feito em respeito ao princípio da 
cooperação (art. 6º) e à regra que veda decisão 
surpresa (art. 10). 
No geral, submetem-se à preclusão. Não se submetem à preclusão. Podem ser alegadas 
a qualquer tempo. 
 
 QUESTÕES PRELIMINARES E QUESTÕES PREJUDICIAIS 
 
QUESTÕES PRÉVIAS 
São questões cuja solução precede logicamente à de outra. 
Quando entre duas ou mais questões houver relação de subordinação, a questão subordinante é uma 
questão prévia. Dividem-se em prejudiciais e preliminares. 
QUESTÃO PRELIMINAR QUESTÃO PREJUDICIAL 
Questão cuja solução, conforme o sentido em que se 
pronuncie, cria ou remove obstáculo à apreciação 
de outra. A própria possibilidade de apreciar-se a 
segunda questão depende da maneira que se 
resolva a primeira. 
É um semáforo: se verde, avança-se à análise da 
questão subordinada; se vermelho, o exame torna-
se impossível. 
Questão de cuja solução dependerá não a 
possibilidade nem a forma do pronunciamento sobre 
outra questão, mas o teor desse mesmo 
pronunciamento. 
É como uma placa de trânsito, que determina para 
onde o motorista (juiz) deve seguir. 
Ex.: a filiação é uma questão prejudicial na ação de 
alimentos. 
Segundo Carlos Barbosa Moreira, há 3 tipos: 
1) Preliminares ao conhecimento do mérito da 
causa: os pressupostos processuais são questões 
preliminares, na medida em que, a depender da 
solução, podem impedir o exame do objeto litigioso. 
Pode ser interna ou externa: 
1) Prejudicial interna: quando surge no mesmo 
processo em que está a questão subordinada. É 
possível que sua resolução, como questão principal, 
não seja de competência do juízo do processo, ainda 
 
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2) Preliminares de recurso: todos os requisitos de 
admissibilidade do recurso (ex.: cabimento, 
tempestividade, preparo etc). 
3) Preliminares de mérito: se resolvidas em certo 
sentido, podem dispensar o juiz de prosseguir em 
sua atividade cognitiva (ex.: prescrição). 
que este seja competente para julgar a questão 
principal. Soluções: remessa de todo o processo para 
o juiz competente para o julgamento da questão 
prejudicial; atribuição de competência ao juízo da 
causa para, incidentalmente, resolver a questão 
prejudicial; ou cisão de julgamento. 
2) Prejudicial externa: está sendo discutida em outro 
processo). 
Pode ser homogênea (mesmo ramo do direito da 
questão subordinada) ou heterogênea (ramos 
distintos do direito). 
 
 QUESTÕES DE ADMISSIBILIDADE E QUESTÕES DE MÉRITO 
 
QUESTÕES DE ADMISSIBILIDADE QUESTÕES DE MÉRITO 
São os pressupostos processuais. 
O juízo de admissibilidade consiste na verificação da 
possibilidade de o objeto litigioso ser apreciado. 
Questão principal: validade do procedimento. 
Existem no procedimento principal (e a falta compromete 
todo o processo) e em cada procedimento incidente/recursal 
que componha a estrutura da relação jurídica processual (e a 
falta inviabiliza apenas o procedimento a que se relaciona). 
Questão principal: pedido e causa de pedir. 
Há questões de mérito queserão resolvidas 
pelo juiz como simples fundamento 
(algumas defesas do réu, o exame da 
questão incidental de mérito etc) e o mérito 
propriamente dito (questão principal, 
objeto litigioso). 
 
Uma questão pode ser de admissibilidade, em relação a um procedimento, e de mérito, em relação a outro. 
Uma mesma questão não pode ser de admissibilidade e de mérito no mesmo processo. 
Ex.: a legitimidade ad causam extraordinária é uma questão de admissibilidade, mas pode ser questão de 
mérito em um recurso em que se discuta a ilegitimidade de uma das partes. 
O mérito de um procedimento pode ser composto exclusivamente por questões que anteriormente eram 
processuais. A partir do momento em que se torna o objeto litigioso do processo, a questão deixa de ser 
processual e passa a ser uma questão material ou de mérito. 
O juiz realiza dois juízos no processo: o de admissibilidade (preliminar) e o de mérito. Em cada um desses 
juízos, há questões incidentes e questões principais. 
 
 ESPÉCIES DE COGNIÇÃO (KAZUO WATANABE) 
 
- No plano horizontal, a cognição pode ser plena ou limitada, a depender da extensão e da amplitude 
das questões que podem ser objeto de cognição judicial: 
 
COGNIÇÃO PLENA COGNIÇÃO LIMITADA 
Não há limitação ao que juiz conhecer. 
Ex.: o procedimento comum (não há nenhuma 
restrição da matéria que pode ser posta sob 
apreciação). 
Limita-se o que o juiz pode conhecer. 
Ex.: o procedimento especial da desapropriação (não 
é possível discutir, em seu bojo, a validade do ato 
expropriatório). 
 
- No plano vertical, a cognição pode ser exauriente ou sumária, a depender do modo como as questões 
serão conhecidas pelo magistrado: 
 
 
 
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COGNIÇÃO EXAURIENTE COGNIÇÃO SUMÁRIA 
Exame profundo da questão posta sob apreciação. 
Somente as decisões fundadas em cognição exauriente 
podem estabilizar-se pela coisa julgada (é a cognição das 
decisões definitivas). 
Exame não profundo da questão posta sob 
apreciação.

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