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Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 1 de 52 Aula 2 Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Modelos Teóricos da Criminologia. Teorias Sociológicas. Professor Julio Ponte Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 2 de 52 Tópicos da Aula 1. Apresentação ................................................................................... 2 2. Modelos Teóricos da Criminologia ..................................................... 3 3. Teorias Sociológicas ....................................................................... 13 4. Lista das Questões Apresentadas ................................................... 43 5. Gabarito ......................................................................................... 52 1. Apresentação Olá, pessoal! Na nossa Aula 1 estudamos de forma pormenorizada os objetos da criminologia, quais sejam: o crime, o criminoso, a vítima e o controle social do delito. Vimos seus respectivos conceitos, sua evolução histórica, perspectivas de enfoques e as classificações doutrinárias, as quais as bancas de concursos mais abordam nas questões. Hoje abordaremos mais dois tópicos do edital: os Modelos Teóricos da Criminologia e as Teorias Sociológicas. Desta aula, será necessária a fixação (memorização, decoreba mesmo!) de diversos conceitos, inclusive dos principais representantes de cada tópico. Aula 2 – Modelos Teóricos da Criminologia. Teorias Sociológicas. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 3 de 52 2. Modelos Teóricos da Criminologia 2.1. Introdução As escolas penais, até final do século XVIII, empenhavam-se na busca de melhores definições sobre o crime e o criminoso. Face ao aprimoramento científico nesse período, especialmente nos ramos da Psicologia e da Sociologia, o homem passou a ser o foco dos estudos, sendo possível a análise dos vários tipos de comportamentos humanos, entre eles o delitivo. Surgimento das Escolas Criminológicas, cujo principal objeto era estudo do delinquente. Buscavam-se incessantemente explicações para elucidar os motivos pelos quais alguns indivíduos seriam mais predispostos que outros à perpetração de delitos. Manejo da interdisciplinariedade para realização dos estudos. Ciências como a Biologia, Psicologia, Sociologia, Psiquiatria, entre outras, foram a base das análises criminológicas e, a assim com o auxílio de estatísticas e observações, ajudaram a definir o método de pesquisa de cada período. Iniciaremos os estudos das Escolas Criminológicas acordo com sua evolução no tempo, apontando-se seus principais representantes e ideologias defendidas, sendo esses os principais tópicos abordados em questões de concursos, conforme veremos mais à frente. 2.2. Escola Clássica A Escola Clássica, também chamada primeira escola, surgiu inspirada pelo Iluminismo italiano do século XVIII. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 4 de 52 Os iluministas entendiam que os seres humanos detinham plenas condições de melhorar o mundo, mediante a introspecção, o livre exercício das capacidades e do engajamento político-social de todos. Tinham como pressuposto basilar o de que todos os seres humanos gozavam do livre arbítrio, de modo que cada um poderia escolher o caminho que desejasse seguir. Tal Escola teve como seu principal representante Cesare Boneasa, mais conhecido como Marquês de Beccaria. Nascido em Milão, referido teórico viveu entre os anos de 1738 e 1794. Inspirado pelo ideal de libertação e auto-responsabilidade do ser humano, Beccaria publicou a obra “Dos Delitos e das Penas”, em 1763. Em seus escritos, criticou severamente o sistema penal da época; insurgiu-se contra aberrações teóricas e abusos dos juízes, bem como denunciou as torturas, os suplícios, os julgamentos secretos e a desproporcionalidade das penas. Sua obra foi de grande importância para reforma daquele sistema. Discípulo do contratualismo de Rousseau, Beccaria sustentava que o sujeito, ao cometer um crime, estaria rompendo com o pacto social. Defendeu os direitos de primeira geração (individuais) e a intervenção mínima do Estado. Seu pensamento colaborou para formação de vários princípios básicos do Direito, tais como o princípio da legalidade, ao aduzir que apenas as leis podem indicar as penas de cada delito1”; o princípio da igualdade, ao afirmar que as vantagens da sociedade devem ser distribuídas equitativamente e entre todos os seus membros”2; o princípio da proporcionalidade, ao argumentar que “sendo a perda da liberdade uma pena em si, esta apenas deve preceder a condenação na exata medida em que a necessidade o exige3. O pensamento clássico apresentava as seguintes características: 1 BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2003. P.20 2 Ibidem, p.15. 3 Ibidem, p.62. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 5 de 52 ! utilização do método abstrato e dedutivo (baseado no silogismo) de estudo; ! a responsabilidade penal do criminoso baseava-se sempre na sua responsabilidade moral; ! o livre arbítrio era qualidade inerente ao ser humano, razão pela qual o criminoso seria aquele indivíduo que teve a opção de escolher o caminho correto (do bem), mas fez uma opção diversa (pelo caminho do mal), razão pela qual poderia ser moralmente responsabilizado por suas escolhas equivocadas. Podemos citar, ainda, como adeptos do pensamento clássico, Francesco Carrara (com o clássico “Programa de direito criminal”), Filangieri, Carmignani, Romagnosi, Ortolan, Rossi, Pessina, dentre outros. 2.3. Escola Positiva O positivismo criminológico surge em meados do século XIX, como crítica e alternativa à criminologia clássica então reinante. Para tal Escola todos os fenômenos (até mesmo o da criminalidade) poderiam ser entendidos, teorizados e comprovados experimentalmente. Abandonou-se o método abstrato-dedutivo dos clássicos. Tinha por fonte principal a observação dos fatos e a análise dos dados colhidos com vistas a se chegar uma conclusão. Todos estavam sujeitos à lei da causalidade (ato-efeito). Os atos humanoseram consequências internas ou externas, os quais independiam da vontade. A Escola de criminologia positivista italiana teve entre os seus grandes nomes as figuras de Lombroso e Ferri, além de Garófalo. Os dois primeiros Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 6 de 52 partiam exatamente de premissas basilares para definir o crime e o criminoso, embora o tenham feito sob perspectivas distintas: Lombroso defendia a “antropologia criminal”, Enrico Ferri defendia a “sociologia criminal”. Cesare Lombroso, considerado o pai da Criminologia em razão da grande contribuição para o avanço dessa ciência, publicou, em 1876, na cidade de Milão, a obra “O Homem Delinquente”. Sustentou a necessidade do estudo do delinqüente e não o delito. Apesar de levantar fatores biológicos e antropológicos como influenciadores das condutas ilícitas, admitia, porém, a influência social sobre o criminoso e considerava-o uma sub- espécie do homem – o delinquente nato. A contribuição principal de Lombroso para a Criminologia, no entanto, residiu no método empírico utilizado em suas investigações. Ao ter contato com inúmeros detentos e cadáveres, chegou à conclusão que certas características eram comuns. Determinou que a hereditariedade deveria ser levada em consideração. A pessoa não seria influenciada pelo meio, as influências externas em pouco iriam contribuir, pois a patologia criminosa já se encontrava nele, era questão de tempo até desencadear. Levou também em consideração o atavismo, o qual, conforme seu ponto de vista, caracterizaria o tipo criminoso. Para essa última conclusão, registre-se, contou com o estudo minucioso de vinte e cinco mil reclusos em prisões européias. Seu trabalho foi amplamente divulgado e ganhou diversos adeptos, inclusive no Brasil. No entanto, sua tese foi, aos poucos, rebatida e caindo em desuso. O autor determinou seis tipos de criminosos: delinquente nato, o louco moral, o epiléptico, o louco, o ocasional e o passional. Seguidor de Lombroso, Enrico Ferri, no entanto, não se ateve somente aos fatores biológicos ou antropológicos. Inovou com sua teoria sociológica Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 7 de 52 exatamente por apresentar fatores criminógenos definidos como antropológicos, físicos e sociais. No antropológico Ferri colocava os biológicos ou inerentes à estrutura do homem criminoso, distinguindo três subclasses: a constituição orgânica, a constituição psíquica e os caracteres pessoais. Na constituição orgânica entrava as anomalias do crânio, de cérebro, das vísceras, da sensibilidade reflexa e de todos os caracteres somáticos em geral. Na constituição psíquica incluíam-se as anomalias da inteligência, do sentimento e do senso moral. Nos caracteres pessoais, entravam as condições biológicas, ou biossociais, como a raça, idade, estado civil, a profissão, o domicílio, a classe social, a instrução a educação. Os fatores sociais compreendiam a densidade da população, a opinião pública, os costumes, a religião, condições da família, regime educativo, produção industrial, alcoolismo, as condições econômicas e políticas, a administração pública, a justiça, a polícia e, em geral a organização legislativa civil e penal. Ferri tornou-se conhecido por sua equilibrada teoria da criminalidade - equilibrada apesar de sua particular ênfase no sociológico - por seu ambicioso programa político criminal de substitutivos penais e por sua tipologia criminal, assumida pela Scuola Positiva. Garófalo, por seu turno, restou conhecido como um positivista moderado. Muito embora tenha considerado os valorosos estudos de Ferri e Lombroso, diferentemente destes, não fixou suas pesquisas somente sobre o delinqüente, e sim sobre o crime em si. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 8 de 52 Negou a possibilidade de existência de um tipo criminoso somente com bases antropológicas. Reconheceu, porém, o significado e a relevância de determinados dados anatômicos, tais como o tamanho excessivo das mandíbulas ou o superior desenvolvimento da região occipital em relação a frontal. Previu quatro tipos de delinquentes: o assassino, o criminoso violento, o ladrão e o lascivo. Destacam-se como princípios básicos da escola positiva: ! método positivo; ! responsabilidade social; ! o crime, como fenômeno natural e social; ! a pena como meio social. 2.4. Terza Scuola As Escolas Clássica e Positiva foram as únicas correntes do pensamento criminal que, em sua época, assumiram posições extremadas e bem diferentes filosoficamente. Depois delas apareceram outras correntes que procuraram conciliar seus preceitos. Dentre essas teorias ecléticas ou intermediárias, reuniram-se penalistas orientados por novas ideias, mas sem romper definitivamente com as orientações clássicas ou positivistas. A Terza Scuola Italiana, cujos expoentes foram Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni, fixou os seguintes postulados criminológicos: Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 9 de 52 ! distinção entre imputáveis e inimputáveis; ! responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança); ! crime como fenômeno social e individual; ! pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social. 2.5. Escola Técnico-Jurídica Escola Técnico-Jurídica caracterizou a Ciência Penal como autônoma, e o Direito Penal como uma “exposição sistemática dos princípios que regulam os conceitos de delito e de pena, e da consequente responsabilidade, desde um ponto de vista puramente jurídico. 2.6. Escola Correcionalista Surgiu na Alemanha, em 1839, porém foi na Espanha onde encontrou seus principais seguidores. A grande marca desta corrente foi fixar a correção do delinqüente como fim único e exclusivo de pena. 2.7. Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã Esta corrente foi também denominada Escola Sociológica Alemã, e teve como principais expoentes Franz von Lizst, Adolphe Prins e Von Hammel, criadores, aliás, da União Internacional de Direito Penal, em 1888. Von Lizst ampliou na conceituação das ciências penais a criminologia (com a explicação das causas do delito) e a penologia (causas e efeitos da pena). Os postulados da Escola de Política Criminal foram: ! o método indutivo-experimental para a criminologia; Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 10 de 52 ! a distinção entre imputáveise inimputáveis (pena para os normais e medida de segurança para os perigosos); ! o crime como fenômeno humano-social e como fato jurídico; ! a função finalística da pena – prevenção especial; ! a eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração. 2.8. Escola da Nova Defesa Social Surgiu após a Segunda Grande Guerra Mundial, em 1945, graças aos esforços intelectuais e lutas de Fillipo Gramatica. A princípio, este movimento foi denominado Defesa Social, tendo, em 1954, recebido o novo nome de Nova Defesa Social, cujos fundamentos estão inseridos no livro de Marc Ancel, denominado La Defense Sociale Nouvelle. Teve como principal característica a de apregoar que o delinquente deve ser educado para assumir sua responsabilidade para com a sociedade, a fim de possibilitar saudável convívio de todos. 2.9. Escola Científica Com o passar dos anos, com os conflitos existentes entre escolas, a biologia, a psicologia e sociologia passaram a dar novos rumos aos estudos criminológicos. As teorias biológicas diferenciavam o homem delinqüente do não- delinqüente. Procuravam encontrar no organismo do criminoso o motivo que lhe diferenciava dos demais seres humanos e lhe influenciava na prática de delitos. Os métodos de estudo da Criminologia Científica foram o Empirismo e o Interdisciplinaridade. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 11 de 52 O Empirismo, como já visto na Aula 0, busca extrair o conhecimento a partir da experiência. Consubstancia-se na ciência do ser, na Criminologia. Portanto, contrapõe-se à ciência do dever ser, normativa, do Direito. No Método Interdisciplinar os saberes parciais se entrelaçam, integram- se, conectam-se, articulam seus conteúdos. Há reciprocidade de intercâmbios, cooperação, interação, que permite o enriquecimento do conhecimento. Difere do multidisciplinar, vez que neste os saberes parciais trabalham se ladeiam, fornecendo diferentes informações sobre o tema A Escola Científica estudou o fenômeno criminal de modo interdisciplinar, por interconexão com a Biologia, Psicologia e Sociologia Criminal. As teorias biológicas - partem de uma abordagem naturalística da criminalidade – o campo de trabalho do criminólogo é voltado para as questões biológicas do indivíduo, como hereditariedade, predisposição para a agressividade, instintos, etc. Há duas teorias que se contrapõem: I. teoria da predisposição: ! indica a aumentada suscetibilidade de um indivíduo para cometer crimes, de forma a indicar uma natural suscetibilidade para a perpetração da conduta delituosa; ! algumas características da personalidade poderiam, dentre do conceito de predisposição, fomentar a conduta criminosa (ex.: agressividade, desvio de caráter, depressão, etc.); ! características mentais podem se transformar em favorecedores (facilitadores) de determinada conduta – que fique claro que ser Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 12 de 52 facilitador não significa ser determinante; II. teoria do instinto: ! Segundo tal teoria, as neurociências procuram as distorções em nível cerebral, dentro de um conceito de pulsão instintiva. Destacaram como investigadores da Biologia criminal Bertillon, na área de antropometria; Goring, na antropologia; Krestschermer, Sheldon e Cortés na biotipologia; Zayed, Sttaford e Yendall na neurofisiologia; e, Jeffery, na sociobiologia e bioquímica. Com a Psicologia Criminal se estudou o estado mental gerador da conduta delitiva, como também a gênese, desenvolvimento e suas variáveis. Destacaram-se como colaboradores Wundt, Kohlbert, Piaget, Levin entre outros. A psicanálise, fundada por Freud no início do século XX, destaca-se dentre as escolas mais influentes da psicologia. Teve por objeto a análise das anomalias de fundo nervoso, as quais poderiam contribuir para a ocorrência de delitos. Sigmund Freud foi um dos maiores estudiosos nesse âmbito. Suas obras e de seus seguidores trataram de crimes e criminosos, procurando dar uma interpretação para o comportamento criminoso, fixando preceitos relativos à terapia. Alexander Reik, Archorn, entre vários outros também se dedicaram a estudos da Psicanálise. Além disso, posteriormente, Adler, Jung e Fromm aprofundaram análises sobre essa ciência. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 13 de 52 A Sociologia Criminal considera o delito um fenômeno social e seletivo, com relação direta a determinadas circunstâncias da vida em sociedade. Os mais destacados estudiosos da Sociologia Criminal foram Ferri, da Itália, Gabriel Tarde da França, e Liszt da Alemanha. Sobre tal vertente de estudo, dedicaremos um tópico próprio, dada a sua importância e índice de incidência nas provas de concursos. 3. Teorias Sociológicas A Sociologia Criminal inicialmente confundiu-se com certos preceitos da antropologia criminal, vez que buscava a gênese delituosa nos fatores biológicos, em certas anomalias cranianas, na chamada ”disjunção” evolutiva. O próprio Lombroso, ao final de seus dias, admitiu que o crime não somente emergia das degenerações humanas, mas também de determinadas transformações sociais que afetavam os indivíduos, desajustando-os. No entanto, a moderna Sociologia Criminal apresenta seu enfoque nas teorias macrossiológicas, posto não se limitarem à análise do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos socais, mas sim a sociedade como um todo. Seu estudo encontra-se bipartido em dois grandes grupos, de cuja divisão leva-se em conta a forma pela qual os doutrinadores encaram a composição da sociedade, se consensual ou conflitiva. Surgem, assim: a) as “Teorias do consenso” (também conhecidas como teoria da integração ou funcionalistas); e, b) as “Teorias do conflito social”. Vejamos agora algumas premissas e concepções de cada uma delas. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 14 de 52 3.1. Teorias do Consenso Para os adeptos dessas teorias a finalidade da sociedade só é atingida quando há um perfeito funcionamento de suas instituições, de modo que os indivíduos compartilhem os objetivos comuns a todos os cidadãos, aceitando todas as normatizações impostas em dada época. Dentro deste grupo, podemos identificar algumas teorias, dentre as quais se destacam as seguintes: a Escola de Chicago; a Teoria da associação diferencial; a Teoria da anomia; e a Teoria da subcultura delinquente. 3.1.1. A Escola de Chicago (1930) O processo de industrialização do século XX promoveu uma explosão demográfica na cidade de Chicago, transformando-a, já naquela época, em uma cidade cosmopolita. Tratava-se de um verdadeiro caldeirão de etnias,culturas e religiões aglomeradas em guetos, regiões, pois, marcadas pela desordem e conflito. Não bastasse a desordem típica desta nova grande cidade, também houve o êxodo rural, cidades com economias de estrutura agrícola perdiam população para os grandes centros industriais. Em função do crescimento desordenado da cidade de Chicago, que se expandiu do centro para a periferia (movimento circular centrífugo), inúmeros e graves problemas sociais, econômicos, culturais etc. criaram ambiente favorável à instalação da criminalidade, ainda mais pela ausência de mecanismos de controle social. Diante de tal cenário, vários estudiosos se ocuparam para entender a novel estrutura da cidade, bem como a conexão entre a sua estrutura e a criminalidade. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 15 de 52 Investigações acerca do tema foram desenvolvidas pelo Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, iniciaram-se tímidas. Em 1910, com William I. Thomas. tem-se início pesquisas mais comprometidas, consolidando- se, já nos anos de 1920, com os trabalhos desenvolvidos por Robert Park e Ernest Burgess, além de Clifford R. Shaw e Henry D. Mckay. Neste cenário desenvolveu-se a ideologia do mellting pot, no qual os elementos mais heterogêneos e conflitivos devem fundir-se para criar uma nova sociedade, um novo mundo para viver. Daí o porquê da Escola de Chicago constituir uma sociologia da cidade ou ecologia social da cidade, concentrando-se no estudo da distribuição das zonas de trabalho e residência, distribuição de serviços, estrutura dos lugares públicos e privados e na profusão de doenças. Esse interesse etiológico de marco social condicionou o objeto de investigação às condições sociais da população. Foram, para tanto, utilizados métodos empíricos, com recurso às técnicas estatística. William Thomas, por meio de pesquisas in loco e da utilização da metodologia estatística, agregou à Escola de Chicago o conceito fundamental de desorganização social, compreendido, segundo ele, como impossibilidade de definir modelos e padrões de condutas coletivas, decorrendo daí a ausência de limites para o indivíduo expressar suas inclinações. Ernest Park apropriou-se dos conceitos fundamentais da ecologia – teoria ecológica. Para ele, a cidade representava um organismo vivo, que, à sua semelhança, cresce, invade determinadas áreas, as domina e expulsa outras formas de vida existentes. Este processo, que os ecologistas descrevem como “invasão, dominação e sucessão”, foi transplantado por ele para explicar similarmente a história das Américas e a invasão, dominação e sucessão no território dos nativos americanos. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 16 de 52 O processo de crescimento descrito por Park foi apropriado e sistematizado com Ernest Burgess, na famosa teoria das zonas concêntricas. Explicava ele que a cidade expande-se radialmente, de dentro para fora, em círculos concêntricos, descritos como zonas. A Zona I, também chamada de Loop, é o centro da cidade, o seu coração comercial, onde se situam os principais bancos e lojas. A Zona II, geralmente a parte mais antiga e degradada da cidade, forma a chamada zona de transição, essencialmente habitada pela população mais pobre, que não pode adquirir moradias melhores. A Zona III é formada pela população de trabalhadores que possui melhores condições financeiras e, por isto mesmo, afasta-se do deteriorado centro para moradias e apartamentos mais modestos. A Zona IV corresponde à chamada zona de residências, habitada pela classe média, e é integrada por melhores moradias. Finalmente, áreas mais afastadas e até fora das cidades (cidades satélite), ocupadas pelas classes altas constituem a Zona V. O grande mérito do trabalho desenvolvido por esta escola criminológica foi o de explorar a relação entre a ocupação do espaço urbano e a criminalidade. Dentre as contribuições da Escola de Chicago destacam-se as do campo metodológico associando a pesquisa a formulação de políticas criminais. No âmbito da metodologia instituíram a análise estatística evidenciando a distribuição espacial. Os estudos realizados apontavam para a necessidade de Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 17 de 52 mudanças efetivas nas condições econômicas e sociais das crianças (carreiras dos delinquentes). Evidenciaram também as demandas de melhorias sanitárias e manipulação do ambiente físico, considerando, inclusive, as oportunidades de realização dos delitos, como estratégias de prevenção que deveriam ser priorizadas em detrimento das repressivas. 3.1.2. A teoria da associação diferencial (1924) Desenvolvida inicialmente pelo sociólogo Edwin Sutherland, procurou observar a criminalidade sob uma perspectiva distinta: não mais focada nos chamados crimes comuns (homicídios, furtos e estupros), mas sim num tipo de comportamento desviante que requeria conhecimento especializado e/ou habilidade, bem como a inclinação de alguns indivíduos para tirar proveito de oportunidades para usá-las de maneira desviante. Captou que este comportamento diferencial é aprendido e promovido dentro de grupos variados, que vão desde gangues urbanas até grandes grupos empresariais (onde há fraudes mercantis, sonegações fiscais ou utilização de informações privilegiadas de maneira indevida). Foi neste contexto, inclusive, que se cunhou a famosa expressão “White collar crimes” (crimes do colarinho branco), exatamente para designar os autores destes crimes diferenciados. Sutherland afirmava que o homem é capaz de aprender a conduta desviada e associar-se a ela. Ou seja, o indivíduo observa e copia aquele que se conseguiu alguma vantagem, mesmo que de maneira criminosa. Em suma, defendia que a complexidade dos crimes, aliada a seus efeitos difusos na sociedade, a tolerância das autoridades e à impunidade usual, gerariam as condições ideais para a delinquência do indivíduo. Para a teoria da associação diferencial, portanto, o crime não pode ser definido simplesmente como uma disfunção ou inadaptação das pessoas Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 18 de 52 pertencentes a certas classes sociais menos favorecidas. Sendo o crime um fenômeno social, é certo que se pode encontrá-lo em todos os seguimentos e classes. 3.1.3. Teoria da anomia (1938) Segundo seus doutrinadores, cujos expoentes foram Emile Durkheim e Robert Merton, a anomia é uma situação social onde falta coesão e ordem, especialmente no tocante a normas e valores. Partem da ideia de que se uma norma é definida de maneira demasiado abstrata, subjetiva, ambígua, ou então se ela é arbitrária e de ocasião (feita para tutelar situações caóticas de momento), esta norma gerará o isolamento e a autonomiado indivíduo, a ponto inclusive das pessoas se identificarem muito mais com seus próprios interesses do que com os interesses coletivos, o que acaba resultando na situação de “falta (inobservância) de normas”. A própria ideia de bem e mal perde sentido dentro desta perspectiva, pois o indivíduo passa a defender valores bastante particulares destas duas facetas (ele preferirá o que é bom para ele, individualmente, independente de ser o melhor para a comunidade). Há um enfraquecimento na consciência coletiva do que é certo e do é errado, ao que se chama de fragilização do consciente coletivo. Em suma, entendem que o problema está no fato de que as normas não têm efetividade, e que esta ausência de regras para a regular as situações sociais gera os conflitos e os desvios. Mas encaram que o crime é um fenômeno normal e comum em toda a sociedade, mas que deixa de sê-lo quando ultrapassa os seus limites e passa a agredir a própria sociedade. Assim, até mesmo a punição seria saudável, pois Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 19 de 52 reafirma no consciente coletivo do que é certo e do que é errado, reafirma os valores que são caros à sociedade: família, propriedade, ética, etc. IMPORTANTE! Por esta teoria, o crime não é um fenômeno exclusivo de uma classe social. Ao contrário, pois qualquer um pode, diante deste enfraquecimento do coletivo e exacerbação do “eu” (individualismo), tornar-se um infrator da norma. A própria nomenclatura explica a situação: anomia, como o próprio nome quer dizer, é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno. 3.1.4. Teoria da subcultura delinquente (1950) Foi inaugurada pelo sociólogo norte-americano Albert K. Cohen, com o lançamento do livro “Deliquent boys”. Sua teoria sustenta três ideias fundamentais: ! o caráter pluralista e atomizado da ordem social; ! a cobertura normativa da conduta desviada; ! e a semelhança estrutural, em sua gênese, do comportamento regular e irregular. Assim, consagrava que “subcultura” não podia ser confundida com “contracultura”, pois os movimentos de subcultura reproduzem os valores tradicionais, mas com sinal invertido, com sinal negativo, sob o signo da intolerância com quem é diferente (como ocorreu com o movimento nazista); já a contracultura renega os valores tradicionais e propõe algo para ficar no seu lugar (como ocorreu com o movimento hippie). Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 20 de 52 Cohen observou o comportamento da juventude americana o final dos anos 1950 e constatou a frustração do “american dreams”, o sonho da prosperidade econômica. Ele percebeu que junto com essa frustração veio uma forte onda de segregação racial, de desagregação familiar e criminalidade. Tudo isso fez nascer novos padrões de comportamento, a partir das afinidades inerentes a cada grupo, e a violência firmou-se como marco característicos desde os grupos mais novos. As gangues (movimento de subcultura) surgiram então como uma reação à inacessibilidade aos bens da vida. 3.2. Teorias do Conflito Social Diferente do que ocorria com as teorias do consenso, para os adeptos desta teoria do conflito, a coesão e a ordem na sociedade são fundadas na força e na coerção, na dominação de alguns e na sujeição de outros. Ou seja, ignora-se a existência de acordos em torno de valores de que depende o próprio estabelecimento da força. Dentro deste grupo, podemos identificar algumas teorias, dentre as quais se destacam: a Teoria do Labeling Approach e a Teoria Crítica. 3.2.1. Labelling Approach (1960) Também conhecida como “Teoria do etiquetamento”, foi inicialmente firmada por Howard Becker e Erving Goffman, que entendiam que a criminalidade não devia ser lida como a qualidade de determinada conduta, mas sim como o resultado de um processo através do qual se atribui esta qualidade (um processo de estigmatização). Em outras palavras, criminoso é apenas um rótulo, uma etiqueta que a sociedade dá a alguém, e que por este é recebia e incorporada. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 21 de 52 A teoria do “labelling approach” se insere no contexto das teorias do processo social, ao lado das teorias de aprendizagem social e de controle social. Para ela, o crime é uma função das interações psicosociais do indivíduo e dos diversos processos da sociedade. Ou seja, não lhes interessa as causas do desvio, mas sim os processos de criminalização que o gerara. É uma corrente criminológica próxima à criminologia radical de cunho marxista, mas sem compartilhar, ao menos necessariamente, o modelo de sociedade configurado por esta. Insere-se na dogmática como uma teoria crítica, pois desloca a atenção (antes focada no criminoso) para o sistema penal e suas interações, tomando este sistema como o autêntico fundamento do desvio. Por isso, inclusive, Alessandro Baratta a novo paradigma criminológico”. Fala-se de delito e delinquentes como consequência de um processo de incriminação que é levado a cabo por aqueles que exercem poder, e que é voltado contra aqueles que são menos favorecidos, que por não terem representação ou voz ativa, e que acabam sendo taxados de delinquentes. Mas vale também destacar que dentro do “labeling approach” coexiste duas perspectivas: uma radical e outra moderada. A tendência radical exacerba a função constitutiva ou criadora de criminalidade exercida pelo controle social: o crime é uma etiqueta que a polícia, os promotores e os juízes (instâncias do controle social formal) colocam sobre infrator, independente de sua conduta ou merecimento. Já para a tendência moderada, somente se pode asseverar que a justiça penal se integra na mecânica do controle social geral da conduta desviada. Também foram representantes desta teoria: Garfinkel, Erikson, Cicourel, Becker, Schur e Sack. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 22 de 52 Em conclusão, os principais postulados e méritos do “labelling approach” foram os seguintes: ! deslocar o problema criminal da ação para a repressão (entendiam que o problema não estava na conduta, mas sim na forma em que se punia a conduta); ! a intervenção da justiça criminal gera ainda mais criminalidade, exatamente porque ela estigmatiza o desviante e impede que ele retorne à sociedade; ! pessoas que sofrem com os mesmos estigmas tendem a agrupar-se para reagir a esse processo; ! o controle social do crime é seletivo e discriminatório. IMPORTANTE! Veja então que a teoria do labelling approach dispõe-se a estudar, dentre outros aspectos do sistema punitivo, os mecanismos de reação social ao delito e a influência destes nareprodução da criminalidade. 3.2.2. Teorias críticas (1970) Foi assim batizada exatamente por se opor rigorosamente aos postulados da criminologia clássica e positivista. Também conhecida como “teoria radical” (ou “nova criminologia”), foi fortemente influenciados pela doutrina marxista, exatamente porque entende que o processo de criminalização de determinadas condutas se relaciona com a disciplina da mão de obra no interesse do capital e com a contenção dos movimentos sociais. Defende que a construção do delito depende estritamente do modo de produção capitalista, e que a lei penal, ao seu turno, deriva e justifica esse modelo (é a famosa relação: cárcere e fábrica). Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 23 de 52 Para os críticos, o Direito não é verdadeira ciência, mas sim ideologia. Fortemente inspirada pelas construções de Michel Foucault, concebia que o Direito é apenas uma forma de dominação, do forte pelo fraco. Assim, acaba-se criminalizando uma série de condutas apenas para justificar o monopólio do Estado sobre a violência. Esta lógica foi especialmente defendida por consagrados autores como Georg Rusche e Otto Kirchheimer (“Punição e estrutura social”), Loïc Wacquant (“Punir os pobres” e “Prisões das misérias”), bem como por Dario Melossi e Massimo Pavarini (“Cárcere e fábrica”). 3.2.3. Neorretribucionismo (lei e ordem; tolerância zero; broken windows) Uma vertente diferenciada surge nos Estados Unidos, com a denominação lei e ordem ou tolerância zero (zero tolerance), decorrente da teoria das “janelas quebradas” (broken windows theory ), inspirada pela escola de Chicago, dando um caráter “sagrado” aos espaços públicos. Alguns a denominam realismo de direita ou neorretribucionismo. Parte da premissa de que os pequenos delitos devem ser rechaçados, o que inibiria os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro), atuando como prevenção geral; os espaços públicos e privados devem ser tutelados e preservados. Alguns doutrinadores discordam dessa teoria, no sentido de que produz um elevado número de encarceramentos (nos EUA, em 2008, havia 2.319.258 encarcerados e aproximadamente 5.000.000 pessoas beneficiadas com algum tipo de instituto processual, como sursis, liberdade condicional etc.). Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 24 de 52 Em 1982 foi publicada na revista The Atlantic Monthly uma teoria elaborada por dois criminólogos americanos, James Wilson e George Kelling, denominada Teoria das Janelas Quebradas (Broken Windows Theory). Essa teoria parte da premissa de que existe uma relação de causalidade entre a desordem e a criminalidade. A teoria baseia-se num experimento realizado por Philip Zimbardo, psicólogo da Universidade de Stanford, com um automóvel deixado em um bairro de classe alta de Palo Alto (Califórnia) e outro deixado no Bronx (Nova York). No Bronx o veículo foi depenado em 30 minutos; em Palo Alto, o carro permaneceu intacto por uma semana. Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro foi completamente destroçado e saqueado por grupos de vândalos em poucas horas. Nesse sentido, caso se quebre uma janela de um prédio e ela não seja imediatamente consertada, os transeuntes pensarão que não existe autoridade responsável pela conservação da ordem naquela localidade. Logo todas as outras janelas serão quebradas. Assim, haverá a decadência daquele espaço urbano em pouco tempo, facilitando a permanência de marginais no lugar; criar-se-á, dessa forma, terreno propício para a criminalidade. A teoria das janelas quebradas (ou broken windows theory), desenvolvida nos EUA e aplicada em Nova York, quando Rudolph Giuliani era prefeito, por meio da Operação Tolerância Zero, reduziu consideravelmente os índices de criminalidade naquela cidade. O resultado da aplicação da broken windows theory foi a redução satisfatória da criminalidade em Nova York, que antigamente era conhecida Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 25 de 52 como a “Capital do Crime”. Hoje essa cidade é considerada a mais segura dos Estados Unidos. Uma das principais críticas a essa teoria está no fato de que, com a política de tolerância zero, houve o encarceramento em massa dos menos favorecidos (prostitutas, mendigos, sem-teto etc.). Na verdade a crítica não procede, porque a política criminal analisava a conduta do indivíduo, não a sua situação pessoal. Em 1990 o americano Wesley Skogan realizou uma pesquisa em várias cidades dos EUA que confirmou os fundamentos da teoria. A relação de causalidade existente entre desordem e criminalidade é muito maior do que a relação entre criminalidade e pobreza, desemprego, falta de moradia. O estudo foi de extrema importância para que fosse colocada em prática a política criminal de tolerância zero, implantada pelo chefe de polícia de Nova York, Willian Bratton, que combatia veementemente os vândalos no metrô. Do metrô para as ruas implantou-se uma teoria da lei e ordem, em que se agia contra os grupos de vândalos que lavavam os para-brisas de veículos e extorquiam dinheiro dos motoristas. Essa conduta era punida com serviços comunitários e não levava à prisão. Assim, as pessoas eram intimadas e muitas não cumpriam a determinação judicial, cujo descumprimento autorizava, então, a prisão. As prisões foram feitas às centenas, o que intimidava os demais, levando os nova-iorquinos a acabar em semanas com um temor de anos. Em Nova York, após a atuação de Rudolph Giuliani (prefeito) e de Willian Bratton (chefe de polícia) com a “zero tolerance”, os índices de criminalidade caíram 57% em geral e os casos de homicídios caíram 65%, o que é no mínimo elogiável. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 26 de 52 Índices semelhantes foram obtidos em Los Angeles, Las Vegas e São Francisco, que, guardadas as devidas proporções, adotaram a “zero tolerance” em seus domínios, valendo ressaltar que Willian Bratton foi chefe de Polícia em Los Angeles por 7 anos, aposentando-se recentemente em outubro de 2009. 3.2.4 Teorias Menos Relevantes Seguindo estas mesmas premissas da criminologia críticas, acabaram se destacam outras construções teóricas pós-positivas, como por exemplo: 3.2.4.1. O Neorealismo de Jock Young (“A sociedade excludente”) Propugnava pela análise de novos aspectos como desemprego maciço, o contraste entre a riqueza e a pobreza, bem como o surgimento de novas vítimas até então invisíveis, como mulheres e crianças. Young propõe uma reação ao marxismo exacerbado, dizendo que nem tudo tem a ver com a relação econômica. 3.2.4.2. O Minimalistas de Martin Sanches Propõem uma contração (redução) do sistema penal em certas áreas. Entendia quea criminalização de certas condutas não eram relevantes para a sociedade, lembrando ainda que o Direito penal deveria ser visto, nestes casos, como a última ratio. Por outro lado, também propôs uma maior efetividade do Direito penal em outras áreas, especialmente naquelas de interesse supraindividual. 3.2.4.3 O Abolicionismos de Thomas Mathiesen Referido pensador fez uma crítica arrasadora ao sistema penal, aduzindo que ele não resolve nada, que não serve para nada, e que apenas gera maiores Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 27 de 52 problemas. Trouxe em primeira mão a ideia de que as pessoas saem da cadeia pior do que entraram, e que se a aplicação da pena ao infrator, visando a redução da criminalidade, é o fundamento da própria existência do Direito penal, este ramo do saber jurídico é falho e não cumpre sua missão oficial. Conclui sua tese aduzindo que, uma vez constatado que o Direito penal não cumpre sua missão, não há razão para sua existência, razão pela qual deve o mesmo ser abolido. Aqui encerramos a teoria da nossa aula. Vamos a alguns exercícios! 01. (VUNESP/2014;PC-SP, Investigador de Polícia) Cesare Bonesana, Francesco Carrara e Giovanni Carmignani foram autores da corrente doutrinária da história da Criminologia denominada a) Escola Clássica. b) Terza Scuola Italiana. c) Escola Moderna Alemã. d) Escola Positiva. e) Escola de Chicago. Gabarito. A. A Escola Clássica, também chamada primeira escola, surgiu inspirada pelo Iluminismo italiano do século XVIII. Tinham como pressuposto basilar o de que todos os seres humanos gozavam do livre arbítrio, de modo que cada um poderia escolher o caminho que desejasse seguir. Tal Escola teve como seu principal representante Cesare Boneasa, mais conhecido como Marquês de Beccaria. Destacaram-se, outrossim, como adeptos do pensamento clássico, Francesco Carrara (com o clássico “Programa de direito criminal”), Filangieri, Carmignani, Romagnosi, Ortolan, Rossi, Pessina, dentre outros. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 28 de 52 02. (VUNESP/2014; PC-SP; Médico Legista) O fundador da escola denominada “positivismo criminológico” e o teórico inspirador da Teoria da Anomia são, respectivamente, a) V. Lizt e Kardec. b) Carrara e Parsons. c) Beccaria e Ohlin. d) Feuerbach e Merton. e) Lombroso e Durkheim. Gabarito. E. Conforme estudado na Aula 2, a escola de criminologia positivista italiana teve entre os seus grandes nomes as figuras de Lombroso e Ferri, além de Garófalo. Já a Teoria da Anomia teve como expoentes Emile Durkheim e Robert Merton. 03. (VUNESP/2014; PC-SP; Investigador de Polícia) Assinale a alternativa correta em relação a Enrico Ferri: a) Foi filósofo, sustentou que a criminologia é fruto da disparidade social; portanto, riqueza e pobreza estão ligadas ao crime. b) Foi escritor, criou a teoria da escola clássica da criminologia; utilizou o método lógico dedutível. c) Publicou o livro O Homem Delinquente em 1876, descrevendo o determinismo biológico como fonte da personalidade criminosa. d) Foi jurista, afirmou que o crime estava no homem e que se revelava como degeneração deste. e) Foi autor da obra Sociologia Criminal; para ele a criminalidade deriva de fenômenos antropológicos, físicos e sociais. Gabarito. E. Nessa questão, chamamos atenção para a importância de se associar as escolas e teorias estudadas aos representantes de cada uma deles. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 29 de 52 Enrico Ferri foi o autor da obra "Sociologia Criminal", discípulo de César Lombroso e fez parte da Escola Positiva. Acreditava que os fenômenos criminais, aconteciam por razões biológicas, físicas e psicológicas, suas ideias criaram a segunda vertente da escola positivista "A fase sociológica". 04. (VUNESP/2014; PC-SP; Delegado de Polícia) A obra “O homem delinquente”, publicada em 1876, foi escrita por a) Cesare Lombroso. b) Enrico Ferri. c) Rafael Garófalo. d) Cesare Bonesana. e) Adolphe Quetelet. Gabarito. A. Cesare Lombroso, considerado o pai da Criminologia em razão da grande contribuição para o avanço dessa ciência, publicou, em 1876, na cidade de Milão, a obra “O Homem Delinquente”. 05. (VUNESP/2014; PC-SP; Investigador de Polícia) A explicação acerca das causas da conduta delitiva possui fundamentos biológicos, dentre outros. Assinale a alternativa que corresponde a uma das teorias biológicas da criminalidade. a) Teoria das Funções. b) Teoria Analítica. c) Estrutural–Funcionalismo. d) Teoria dos Instintos. e) Teoria do Consenso. Gabarito D. As teorias biológicas da criminalidade partem de uma abordagem naturalística; o campo de trabalho do criminólogo é voltado para as questões biológicas do indivíduo, como hereditariedade, predisposição para a agressividade, instintos, etc. Duas teorias que se contrapõem: Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 30 de 52 I. teoria da predisposição: indica a aumentada suscetibilidade de um indivíduo cometer crimes. Algumas características da personalidade poderiam, dentre do conceito de predisposição, fomentar a conduta criminosa (ex.: agressividade, desvio de caráter, depressão, etc.). Características mentais podem se transformar em favorecedores (facilitadores) de determinada conduta – que fique claro que ser facilitador não significa ser determinante; II. teoria dos instintos: Segundo tal teoria, as neurociências procuram as distorções em nível cerebral, dentro de um conceito de pulsão instintiva. 06. (CESPE/2013, DPF, Delegado Federal) Julgue o item a seguir, relacionados aos modelos teóricos da criminologia. O surgimento das teorias sociológicas em criminologia marca o fim da pesquisa etiológica, própria da escola ou do modelo positivista. Gabarito: Errado. Não é verdade que a pesquisa etiológica seja estranha às teorias sociológicas. Relembrando o termo: ETIOLOGIA – estudo da causa e origem de um determinado fenômeno. Amplamente utilizado pela Criminologia e pelas teorias sociológicas, em especial nos trabalhos apresentados por Merton e Parsons, a partir de Durkheim. A pesquisa etiológica orienta os estudos sobre as causas do crime ou do comportamento desviante. 07. (ACAFE-2014; PC-SC; Prova: Delegado de Polícia). Quanto ao estatuto da disciplina Criminologia e sua relação com a Política criminal, é correto afirmar: a) A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma etiológico”, de matriz positivista, e a Política criminal dela decorrente, exerceram influência marcante sobre vários níveis do sistema penal brasileiro (legal, doutrinário), exceto na execução penal. b) A seletividade do sistema penal significa que a criminalização é desigualmente distribuída entre os váriosgrupos e classes sociais, apesar da prática de condutas legalmente definidas como crime ocorrer em todos eles e que a Lei, em princípio, é igual e geral para Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 31 de 52 todos, resultando a desigualdade no momento da seleção dos criminosos pela Polícia, Ministério Público e Justiça. c) A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma da reação ou controle social”, que origina a Criminologia crítica, estuda o sistema penal, incluindo a agência policial, como parte integrante de seu objeto, e conclui que a seletividade estigmatizante é a lógica estrutural de seu funcionamento. d) A obra “Dos delitos e das penas” (1764), de Cesar Beccaria, constitui a matriz mais autorizada do nascimento da Criminologia como uma disciplina autodenominada de “ciência” causal-explicativa da criminalidade. e) A Criminologia é uma disciplina complexa e plural, pois existem diferentes paradigmas e teorias criminológicas que, desde o século XVII, se desenvolvem no mundo ocidental, inclusive na América Latina e no Brasil. Seu objeto varia de acordo com os diferentes paradigmas. Entretanto, seu método experimental tem permanecido constante. Gabarito: C. Item A. ERRADO. O erro encontra-se na afirmação de que a escola positiva não tem como objeto de estudo a execução penal. Item B. ERRADO. O enunciado na letra B está correto, exceto na afirmação de que “a Lei, em princípio, é igual e geral para todos”, pois esta afirmação contraria a própria tese da seletividade, contemplada na primeira parte do enunciado. A seletividade do sistema penal não esta na seleção dos criminosos pela Polícia, Ministério Público e Justiça e sim de uma estrutura de exercício de poder de todos os sistemas penais. Item C. CERTO. Item D. A obra “Dos delitos e das penas” (1764), de Cesar Beccaria NÃO constitui a matriz MAIS AUTORIZADA do nascimento da Criminologia. Item E. ERRADO. O erro está na afirmação de que seu método experimental tem permanecido constante, o que não é verdade, pois tem Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 32 de 52 mudado de uma escola para outra. Segundo a criminologia moderna, seu método se baseia em um método empírico e interdisciplinar. 08. (VUNESP/2014; PC-SP; Escrivão de Polícia) O método científico utilizado pela Criminologia é o método biológico e _______, como ciência empírica e ___________ que é. Completam as lacunas do texto, correta e respectivamente: a) experimental ... jurídica b) sociológico ... experimental c) físico ... social d) filosófico ... humana e) psicológico ... normativa Gabarito. B. De acordo com o famoso criminólogo chileno Israel Drapkin, a Criminologia efetivamente usa os métodos biológicos e sociológicos. E acresce: “A Criminologia usa o método experimental, naturalístico, indutivo, para o estudo do delinqüente, o que não basta para conhecer as causas da criminalidade. Por isso recorre aos métodos estatísticos, históricos e sociológicos”. 09. (VUNESP/2014; PC-SP; Investigador de Polícia) Pode–se afirmar que o pensamento criminológico moderno é influenciado por uma visão de cunho funcionalista e uma de cunho argumentativo, que possuem, como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria Crítica, respectivamente. Essas visões também são conhecidas como teorias a) da ecologia criminal e do transtorno. b) do consenso e do conflito. c) do conhecimento e da pesquisa. d) da formação e da dedução. e) do estudo e da conclusão. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 33 de 52 Gabarito. B. A questão requer do aluno conhecimentos sobre as teorias do consenso - também chamadas de teorias funcionais - e das teorias do conflito, também conhecidas por teorias argumentativas. Para os adeptos das teorias consensuais a finalidade da sociedade só é atingida quando há um perfeito funcionamento de suas instituições, de modo que os indivíduos compartilhem os objetivos comuns a todos os cidadãos, aceitando todas as normatizações impostas em dada época. Dentro desse grupo, podemos destacar a Escola de Chicago; a Teoria da associação diferencial; a Teoria da anomia; e a Teoria da subcultura delinquente. Diferente do que ocorria com as teorias do consenso, para os adeptos das teorias do conflito, a coesão e a ordem na sociedade são fundadas na força e na coerção, na dominação de alguns e na sujeição de outros. Dentro deste grupo, podemos identificar algumas teorias, dentre as quais se destacam: a Teoria do Labeling Approach e a Teoria Crítica. 10. (FCC/2012; PGE/AL; Procurador do Estado) A avaliação do espaço urbano é especialmente importante para compreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida na literatura criminológica, como a) teoria da anomia. b) escola de Chicago. c) teoria da associação diferencial. d) criminologia crítica. e) labelling approach. Gabarito: B. Consoante estudado, dentre as Teorias Sociológicas do Consenso encontramos a Escola de Chicago, a qual tem por objeto de estudo a conexão entre o crescimento desordenado daquela cidade e a criminalidade. Para a Escola de Chicago, a expansão da cidade de forma desordenada, gerou inúmeros e graves problemas sociais, econômicos, culturais etc. dando origem Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 34 de 52 a um ambiente favorável à instalação da criminalidade, ainda mais pela ausência de mecanismos de controle social. 11. (VUNESP/2014; PC-SP; Médico Legista) São propostas da Escola de Chicago (“ecologia criminal”) para o controle da criminalidade: a) política de tolerância zero; criação de programas comunitários com intensificação das atividades recreativas; aumento das áreas verdes. b) prevalência do controle social formal sobre o informal; criação de comitês de apoios de pais e mães para a educação das crianças; melhoria das condições das residências e conservação física dos prédios. c) aumento das penas para o cometimento de delitos simples; criação de zonas de exclusão para isolamento das áreas mais perigosas; disseminação de atividades recreativas como escotismo e viagens culturais. d) mudança efetiva nas condições econômicas e sociais das crianças; reconstrução da “solidariedade social” por meio do fortalecimento das forças construtivas da sociedade (igrejas, escolas, associações de bairros); apoio estatal para redução e diminuição da pobreza e desemprego. e) controle individualizado, ou seja, controle específico e rígido sobre cada indivíduo; políticas uniformes em toda a cidade, diante do fracasso das estratégias “por vizinhança”; implantação de escolas e postos de saúde. Gabarito.D. Dentre as contribuições da Escola de Chicago destacam-se as do campo metodológico associando a pesquisa a formulação de políticas criminais. No âmbito da metodologia instituíram a análise estatística evidenciando a distribuição espacial. Os estudos realizados apontavam para a necessidade de mudanças efetivas nas condições econômicas e sociais das Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 35 de 52 crianças (carreiras dos delinquentes). Evidenciaram também as demandas de melhorias sanitárias e manipulação do ambiente físico, considerando inclusive as oportunidades de realização dos delitos, como estratégias de prevenção que deveriam ser priorizadas em detrimento das repressivas. 12. (PC-SP/2012; PC-SP; Delegado de Polícia) O efeito criminógeno da grande cidade, valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos, é explicado pela a) Teoria do Criminoso Nato b) Teoria da Associação Diferencial c) Teoria da Anomia d) Teoria do Labelling Aproach e) Teoria Ecológica Gabarito: E. Questão interessante para recordarmos os conceitos das teorias discorridas nesta aula. Vejamos. a) Teoria do Criminoso Nato (Cesare Lombroso). Consoante essa teoria, os criminosos natos poderiam ser identificados por determinados traços físicos. b) Teoria da Associação Diferencial (Edwin H. Sutherland). Consoante essa teoria, o crime é um sintoma da desorganização social, ou seja, um choque cultural, se desenvolvendo através de um processo no qual o indivíduo se torna criminoso em contato com outras pessoas do mesmo meio, ocorrendo dessa forma, um processo onde a conduta criminal é algo que se aprende. c) Teoria da Anomia (Durkheim). A teoria da anomia (anomia = falta de norma) caracteriza-se pela sua natureza estrutural, pelo determinismo sociológico, pela aceitação do caráter normal e funcional do crime e pela adesão à ideia de consenso em torno de valores fundamentais para a sociedade. Para Durkheim a sociedade deerá encontrar meios de auto-proteção, e quando não Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 36 de 52 encontra a sociedade deve agir para que a falha do sistema seja corrigida e para que possa voltar ao normal o funcionamento da sociedade. d) Teoria do Labelling Aproach. Insere-se no rol das teorias do Processo Social. Também conhecida como Teoria do Etiquetamento, propões a compreender a delinquência não como fenômeno real, mas sim como fenômeno definitorial, atribuído contra os membros das classe sociais marginalizadas por aqueles que manejam o poder. Trata-se de uma explicação fatorial da criminalidade, já que esta, como se concebe no labelling approach, não existe: é um produto inventado. e) Teoria Ecológica. Explicada no enunciado da questão. 13. (MPE-BA/2015; MPE-BA; Promotor de Justiça Substituto) Analise as seguintes assertivas acerca da criminologia: I – A criminologia tem como objeto de estudo o delito, o delinquente, a vítima e a interdisciplinaridade. II – A teoria da desorganização social defende que a interação frequente do sujeito com semelhantes que praticam atos delituosos faz com que o mesmo passe a praticar, também, atos delituosos. III – A teoria do etiquetamento, idealizada por Howard Becker, defende que o sistema penal é seletivo quanto ao estabelecimento da população criminosa, proporcionando que a lei penal recaia com maior ênfase apenas sobre determinadas camadas da população, geralmente camadas marginalizadas pela sociedade. IV – A vitimização secundária é levada a cabo no âmbito dos controles sociais, mediante o contato da vítima com o grupo familiar ou em seu meio ambiente social, como no trabalho, na escola, nas associações comunitárias, na igreja ou no convívio social. V – Lombroso desenvolveu a teoria do criminoso nato, indivíduo que seria predisposto à prática delituosa em razão de características antropológicas. Ferri fundamentava a responsabilidade penal na convivência social, afastando a tese do livre arbítrio. Garofalo idealizou a teoria da seleção natural, segundo a qual os criminosos Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 37 de 52 irrecuperáveis deveriam ser afastados do convívio social pela deportação ou pela morte. Estão CORRETAS as assertivas: a) I e IV; b) I e V; c) II e III; d) II e IV; e) III e V. Gabarito E. Item I - ERRADO: São objetos de estudo: delito, delinquente, vítima e controle social. Item II – ERRADO. A teoria da desorganização social tenta esclarecer a perpetuação de um ciclo de criminalidade que afeta sempre a mesma classe de pessoas. A idéia defendida pela Teoria da Desorganização é de que ordem social, estabilidade e integração contribuem para o controle social e a conformidade com as leis, enquanto a desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinqüência. Tal teoria propõe ainda que quanto menor a coesão e o sentimento de solidariedade entre o grupo, a comunidade ou a sociedade, maiores serão os índices de criminalidade. O item II trata da definição da Teoria da Imitação, do Frances Gabriel Terde. Tal teoria aduz que a interação com indivíduos que adotam determinado comportamento faz o interagido praticar o mesmo comportamento. Item III - CORRETO. A teoria do etiquetamento, idealizada por Howard Becker, defende que o sistema penal é seletivo quanto ao estabelecimento da população criminosa, proporcionando que a lei penal recaia com maior ênfase apenas sobre determinadas camadas da população, geralmente camadas marginalizadas pela sociedade. Item IV – ERRADO. A vitimização descrita pela assertiva é a terciária. A vitimização secundária é levada a cabo no âmbito dos controles sociais, mediante o contato da vítima com o grupo familiar ou em seu meio ambiente social, como no trabalho, na escola, nas associações comunitárias, na igreja Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 38 de 52 ou no convívio social. Já a vitimização primária é normalmente entendida como aquela provocada pelo cometimento do crime, a secundária ou sobrevitimização, entende-se aquela causada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer do processo e a terciária é levada a cabo no âmbito dos controles sociais, mediante o contato da vítima com o grupo familiar ou em seu meio ambiente social, como no trabalho, na escola, nas associações comunitárias, na igreja ou no convívio social. Item V – CORRETO. Lombroso desenvolveu a teoria do criminoso nato, indivíduo que seria predisposto à prática delituosa em razão de características antropológicas. Ferri fundamentava a responsabilidade penal na convivência social, afastando a tese do livre arbítrio. Garofalo idealizou a teoria da seleção natural, segundo a qual os criminosos irrecuperáveis deveriam ser afastados do convívio social pela deportação ou pelamorte. 14. (VUNESP/2015; PC-CE;Delegado de Polícia Civil de 1ª Classe) Sobre a teoria da “anomia”, é correto afirmar: a) é classificada como uma das “teorias de conflito” e teve, como autores, Erving Goffman e Howard Becker. b) foi desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland e deu origem à expressão white collar crimes. c) surgiu em 1890 com a escola de Chicago e teve o apoio de John Rockefeller. d) iniciou–se com as obras de Émile Durkheim e Robert King Merton, e significa ausência de lei. e) foi desenvolvida por Rudolph Giuliani, também conhecida como “Teoria da Tolerância Zero”. Gabarito. D. Item A. ERRADO. Trata-se de uma teoria consensual. Item B. ERRADO. Edwin Sutherland elaborou a Teoria da Associação Diferencia e não da Anomia. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 39 de 52 Item C. ERRADO. Essa é a Escola de Chicago (Teoria Ecológica ou da Desorganização Social). Item D. CORRETA. Item E. A Teoria da Anomia foi elaborada por Émile Durkheim, e significa ausência de lei. O item “e” refere-se à Teoria das Janelas Quebradas, a qual foi criada pelos criminólogos americanos James Wilson e George Kelling. 15. (VUNESP/2014; PC-SP; Investigador de Polícia) A teoria do labelling approach é uma das mais importantes teorias do conflito. Surgiu na década de 60 nos Estados Unidos da América e tem, como um de seus principais autores, Howard Becker. Essa teoria também é conhecida como teoria a) cultural ou de modismo. b) da associação diferencial ou white colar crimes. c) do estudo ou da pesquisa. d) do etiquetamento ou da rotulação. e) da anomia ou da subcultura delinquente. Gabarito. D. Vimos em nossos estudos sobre o tema, que a teoria do labelling approach, é também conhecida como “Teoria do etiquetamento”. Foi inicialmente firmada por Howard Becker e Erving Goffman, que entendiam que a criminalidade não devia ser lida como a qualidade de determinada conduta, mas sim como o resultado de um processo através do qual se atribui esta qualidade (um processo de estigmatização). Em outras palavras, criminoso é apenas um rótulo, uma etiqueta que a sociedade dá a alguém, e que por este é recebia e incorporada. 16. (UFPR/2014; DPE/PR; Defensor Público) Em relação às distintas teorias criminológicas, a ideia de que o “desviante” é, na verdade, alguém a quem o rótulo social de criminoso foi aplicado com sucesso foi desenvolvida pela Teoria a) da anomia. Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 40 de 52 b) da associação diferencial. c) da subcultura delinquente. d) da ecologia criminal. e) da reação social ou Labelling Approach Gabarito. E. Também conhecida como “Teoria do etiquetamento”, foi inicialmente firmada por Howard Becker e Erving Goffman, que entendiam que a criminalidade não devia ser lida como a qualidade de determinada conduta, mas sim como o resultado de um processo através do qual se atribui esta qualidade (um processo de estigmatização). Em outras palavras, criminoso é apenas um rótulo, uma etiqueta que a sociedade dá a alguém, e que por este é recebia e incorporada. 17. (VUNESP/2014; PC-SP; Médico Legista) A Reforma Penal de 1984, que alterou integralmente a Parte Geral do Código Penal e editou a Lei de Execução Penal, especialmente em dispositivos como o cumprimento progressivo da pena privativa de liberdade, bem como a Lei n.º 9.714/98, que reformulou o sistema de penas alternativas, são exemplos concretos da aplicação da teoria sociológica da criminalidade conhecida como a) justiça restaurativa. b) gradient tendency. c) labbelling approach. d) teoria da anomia. f) terceira escola. Gabarito. C. Para a teoria Labbelling Aproach a prisão acaba causando um etiquetamento em torno do presidiário, e ao invés de servir como ressocializadora servirá como um malefício, vez que provoca um sentimento de aversão e preconceito na sociedade entorno do preso, dificultando assim a sua ressocialização. A reformulação do sistema de penas alternativas trouxe diversas possibilidades de condenação sem que houvesse o efetivo Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 41 de 52 encarceramento. Podemos extrair como exemplo a criação dos Juizados Especiais Criminais-JECRIM especializados na aplicação de penalidades alternativas ao condenado. 18. (VUNESP/2014; PC-SP; Investigador de Polícia) A distinção entre imputáveis e inimputáveis, a responsabilidade moral baseada no determinismo, o crime como fenômeno social e individual e a pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social, são características da a) Terza Scuola Italiana. b) Escola Moderna Alemã. c) Escola Positiva. d) Escola Clássica. e) Escola Tradicional Gabarito. A. O enunciado da questão traz os postulados criminológicos da Terza Scuola Italiana, tal como discorremos na Aula 2! Vale a pena relembrar os postulados criminológicos citados: ! distinção entre imputáveis e inimputáveis; ! responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança); ! crime como fenômeno social e individual; ! pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social. Teve como principais expoentes: Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni. 19. (VUNESP/2014; PC-SP; Investigador de Polícia) A corrente do pensamento criminológico, que teve por precursor Filippo Gramatica e fundador Marc Ancel, a qual apregoa que o delinquente deve ser educado para assumir sua responsabilidade para com a sociedade, a fim de possibilitar saudável convívio de todos (pedagogia da responsabilidade), é denominada Concurseiros Unidos Maior RATEIO da Internet WWW.CONCURSEIROSUNIDOS.ORG Criminologia para Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Aula 2 Prof. Julio Ponte www.pontodosconcursos.com.br | www.facebook.com/professorjulioponte 42 de 52 a) Janelas Quebradas (Broken Windows). b) Escola Antropológica Criminal. c) Nova Defesa Social. d) Criminologia Crítica. e) Lei e Ordem. Gabarito. C. Surgida após Segunda Grande Guerra Mundial, em 1945, graças aos esforços intelectuais e lutas de Fillipo Gramatica, teve a Escola da Nova Defesa Social como principal característica a de apregoar que o delinquente deve ser educado para assumir sua responsabilidade para com a sociedade, a fim de possibilitar saudável convívio de todos. 20. (VUNESP/2014; PC-SP; Escrivão de Polícia) A teoria do neorretribucionismo, com origem nos Estados Unidos, também conhecida por “lei e ordem" ou “tolerância zero", é decorrente da teoria a) “positiva". b) “janelas quebradas". c) “clássica". d) “cidade limpa". e) “diferencial". Gabarito. B. Como estudado na Aula 2, uma vertente diferenciada dentre as teorias sociológicas críticas, surgiu nos Estados Unidos com a denominação lei e ordem ou tolerância zero (zero tolerance), ou, ainda, realismo de direita ou neorretribucionismo,
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