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alegações finais - memoriais

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE TAGUATINGA – DISTRITO FEDERAL
Processo nº 2012.07.1.000000-0
 Carlota Joaquina, Brasileira, solteira, residente e domiciliada na SQS, 200, Bloco Z, apartamento 001, nascida em 01 de agosto de 1984, por intermédio de seu advogado devidamente constituído, procuração em anexo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 403, §3º, do Código de Processo Penal, apresentar alegações finais em forma de 
MEMORIAIS
pelos motivos de fato e de direito que adiante passará a expor.
I – BREVE SÍNTESE DA DEMANDA
 Trata-se de Denúncia na qual o Ministério Público atribui à acusada a prática do ilícito tipificado no art. 155, caput, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal. Em resumo, conforme se extrai da peça exordial, no dia 02 de maio de no Shopping Pátio Brasil, nesta cidade, a acusada, foi detida ao sair da loja Marisa, portando 3 blusas da loja Marisa, produtos estes avaliados em R$ 70,00 (setenta reais), conforme laudo de avaliação econômica acostado aos autos.
A acusação apresentou alegações finais postulando pela condenação da acusada nos termos da denúncia. Em que pese a respeitável tese esposada pelo ilustre representante do Ministério Público, não merece prosperar a pretensão acusatória, conforme dispõe a defesa a seguir.
II. – DAS PRELIMINARES E NULIDADES:
II.I -DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
 O processo em tela se encontra diante da sua extinção pela prescrição. A prescrição penal é a perda do poder de punir do Estado, causada pelo decurso do tempo fixado em lei, sendo uma verdadeira sanção (sentido de consequência pela não-realização do preceito da norma).
A lei estabelece o prazo para o Estado concluir o processo criminal, ou executar a sentença penal condenatória. Não observado, opera-se prescrição, respectivamente, da pretensão punitiva e da pretensão executória.
As causas interruptivas da prescrição são tomadas como dados cronológicos. Não se tem em conta a legalidade, ou ilegalidade da decisão judicial. A relevância se restringe a policiar o desenvolvimento do ius persequendi, impedir que a instauração, ou transcorrer do processo se alonguem de modo intolerável.
Nos termos do art. 109, V, do CP., "a prescrição se verifica em 4 anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois". Assim, temos a ocorrência da prescrição retroativa (art. 110 e §§, do CP.), que também se vale da pena concreta aplicada pela sentença, mas conta seu prazo para o passado, sujeitando-se às causas de interrupção previstas no art. 117 do CP.
Deve-se observar que o prazo prescricional de 4 anos (correspondente à pena de dois anos) foi ultrapassado entre a data em que o juiz entregou a sentença em cartório e a data do recebimento da denúncia.
O fato de já ter transcorrido alguns anos para se fazer o presente requerimento não importa, pois quanto ao momento da prescrição o que importa é a data real em que ela se verificou e não o instante em que foi declarada. O que importa é que ela tenha acontecido dentro dos seus limites temporais.
 A prescrição é instituto de direito material, inexistindo preclusão a seu respeito. Ademais, inocorreu, qualquer das causas impeditivas da prescrição, constantes no art. 116 do CP. Destarte, a punibilidade do Reqte. está fulminada pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, nos termos da combinação dos arts. 107, IV, primeira figura, 109, V, 110, § 1º, todos do Código Penal. Daí o presente pedido.
II.II – PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO POR CERCEAMENTO DE DEFESA
Nos termos do artigo 400 do Código de Processo Penal: 
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008) (grifos nossos)
No presente caso percebemos que durante a realização da audiência de instrução e julgamento houve a inversão na ordem de formulação das perguntas. Em primeiro lugar deveria ter havido a tomada de delcarações do ofendido, no caso o tomador da loja Marisa, para em um segundo momento passar à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. Entretanto, o tomador foi ouvido não em primeiro lugar como é a praxe, mas em penúltimo lugar, antes apenas do acusado. Tal fato gera nulidade da audiência instrutória por ocasionar o error in procedendo. 
Sendo assim, a não realização do interrogatório do condutor no início da da instrução, nos termos do artigo 400 do Código de Processo Penal, constitui violação aos princípios do devido processo legal e da ampla defesa e por conseguinte gera a nulidade da audiência. A jurisprudência também se encontra neste sentido:
APELAÇÃO. Artigo 33, da Lei 11.343/06. Condenação. RECURSO DEFENSIVO. Preliminares. Nulidade da audiência instrutória. Error in procedendo, eis que o interrogatório foi o primeiro ato a ser realizado, em clara violação do artigo 400, do Código de Processo Penal. Inversão na ordem de formulação das perguntas, em desrespeito ao artigo 212, do Código de Processo Penal. Mérito. Absolvição, ao argumento de fragilidade probatória. Fixação das penas-base nos mínimos legais (...) (TJ-RJ - APL: 00374909220128190014 RJ 0037490-92.2012.8.19.0014, Relator: DES. KATIA MARIA AMARAL JANGUTTA, Data de Julgamento: 16/09/2014, SEGUNDA CAMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 19/09/2014 12:53) (grifos nossos)
APELAÇÃO. Artigo 33 e 35, c/c 40, VI, todos da Lei 11.343/06, na forma do artigo 69, do Código Penal. Condenação. RECURSO DEFENSIVO. Preliminares. Nulidade da Sentença, por erro in procedendo, eis que o interrogatório foi o primeiro ato a ser realizado, em clara violação do artigo 400, do Código de Processo Penal, com a redação da pela Lei 11.709/2008, que é posterior à Lei antidrogas, não havendo, assim, como vigorar o princípio da especialidade. Nulidade da Audiência instrutória, por violação ao sistema do cross examination, porquanto houve inversão na ordem de formulação das perguntas, desrespeitando-se, assim, o artigo 212, do Código de Processo Penal. Mérito. Absolvição, ao argumento de fragilidade probatória. Fixação das penas-base nos mínimos legais. Aplicação da causa de diminuição do artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06. Abrandamento do regime prisional para o aberto. (...) (TJ-RJ - APL: 00136640320138190014 RIO DE JANEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES 3 VARA CRIMINAL, Relator: KATIA MARIA AMARAL JANGUTTA, Data de Julgamento: 05/08/2014, SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 22/10/2014)
Tal entendimento advém como forma de preservar o princípio maior dentro do Direito Penal que é o do devido Processo Legal. Nesses termos, vislumbra-se que o procedimento adotado no citado feito compromete o desenvolvimento válido e regular do processo. Neste sentido, roga-se para que seja declarada nula a audiência realizada, a fim de que o ato seja renovado.
III – DO MÉRITO
 III.1 – Da Absolviçao - Da Insuficiência de Provas
À luz do que foi possível descobrir na instrução judicial, torna-se inafastável a absolvição da acusada. Isso porque não há um conjunto probatório sóbrio e completo para embasar uma sentença condenatória em relação à ré, eis que não há prova segura sobre a autoria delitiva.
Excelência, conforme contextualizado em audiência de instrução o condutor que foi ouvido em primeiro lugar afirmou que a ré subtraiu mercadorias que deu origem a presente ação penal. Contudo, o próprio condutor trás em seu relato queuma testemunha imprenscindível para a comprovação da subtração seria o popular. E este, afirmou que não presenciou a ré subtrair nada, e inclusive afirmou que ela estava bastante nervosa diante de toda a situação e que não tentou empreender fuga e que dizia a todo o tempo que havia pago pela mercadoria. Indo além do contexto probatório, importante mencionar que foi dito pelo condutor que havia sistema de vigilância, mas que o mesmo não havia juntado no processo por entender que não era necessário. Ora Excelência, não há provas contundentes que a ré tenha efetivamente o interesse o dolo de subtrair a mercadoria, e é ainda muito comum as pessoas após efetuarem a compra jogarem a nota fiscal no lixo, não havendo um dever legal de se manter na posse efetivamente depois de uma compra, essa é a realidade do homem médio. Por essa razão, a prova presente nos autos é inconsistente, é frágil e eivada de dúvidas e no sistema positivo a dúvida deve ser interpretada em favor do réu, razão pela qual é imperiosa a absolvição.
. 
Os nossos tribunais já decidiram nesse sentido, senão vejamos:
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA PATRIMÔNIO. FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE AGENTES. ART. 155, § 4º, IV, DO CÓDIGO PENAL. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO MINISTERIAL. PLEITO VISANDO A CONDENAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. VÍDEO DE SEGURANÇA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL, CORROBORADO PELO DEPOIMENTO DA VÍTIMA E DO POLICIAL, QUE NÃO REVELAM A PARTICIPAÇÃO DO APELADO NO ATO DELITUOSO. RES FURTIVA NÃO ENCONTRADA EM PODER DO APELADO. PROVAS DA AUTORIA DELITIVA FRÁGEIS E INSUFICIENTES PARA A PROLAÇÃO DE UM EDITO CONDENATÓRIO. APLICAÇÃO NECESSÁRIA DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. No processo criminal, máxime para condenar, tudo deve ser claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer expressão algébrica. Condenação exige certeza absoluta, fundada em dados objetivos indiscutíveis, de caráter geral, que evidenciem o delito e a autoria, não bastando a alta probabilidade desta ou daquele. E não pode, portanto, ser a certeza subjetiva, formada na consciência do julgador, sob pena de se transformar o princípio do livre convencimento em arbítrio (RT 619/267). HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS PELO OFERECIMENTO DAS CONTRARRAZÕES RECURSAIS. DEFENSOR DATIVO. INVIABILIDADE. VALOR ARBITRADO EM SENTENÇA. VERBA QUE ABRANGE ATUAÇÃO EM SEGUNDO GRAU. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJ-SC - APR: 20130103739 SC 2013.010373-9 (Acórdão), Relator: Marli Mosimann Vargas, Data de Julgamento: 04/11/2013, Primeira Câmara Criminal Julgado) (grifo nosso)
Nesta seara, somente a prova robusta e certeira, sem qualquer resquício de dúvida é capaz de fundamentar uma condenação com privação de liberdade ou de direitos. Do contrário, a falta de evidência, não materializada pela solidez da prova, retira a faculdade de punição, pois não se condena em dúvida ou na falta de certeza.
Portanto, roga-se para que a acusada seja absolvida diante da extrema fragilidade do conjunto probatório produzido nos autos. 
III.2 Da Absolvição da Acusada – Princípio da Insignificância
Sendo assim, considerando que há uma prova bastante inconsistente que induz a crer que a agente praticou o delito ainda que tal fato fosse verdadeiro roga-se pelo acolhimento pelo princípio da insignificância por onde a conduta da ré é materialmente atípica, uma vez que o objeto furtado é de pequeno valor. 
Postula o Ministério Público pela condenação da acusada pelo suposto furto de 03 (três) blusas adquirida pelo valor de R$ 70,00 (setenta reais), conforme laudo de avaliação econômica acostado aos autos. De acordo com entendimento reiterado no Supremo, é pacífico que,para incidência do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor do bem e os aspectos objetivos do fato – tais como a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão causada.
Diante da presença cumulativa dos elementos, inexistirá a tipicidade material – capaz de lesar ou colocar em perigo o bem jurídico penalmente tutelado – o que determina o afastamento da conduta criminosa. Equivale à desconsideração típica pela não materialização de um prejuízo efetivo, pela existência de danos de pouquíssima importância. A aplicação do princípio da insignificância permite que haja a necessária proporcionalidade da atuação estatal na pretensão punitiva (jus puniendi) em face da lesividade da conduta. Assim, somente será necessária a ação do Poder Público quando a lesão for efetivamente relevante. Tal fato se dá porque a sociedade busca uma resposta do Estado, a fim de que seja o agente criminoso compelido a responder por sua conduta
lesiva, toda vez que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efeito ou potencial, resguardada, assim, a ideologia punitivista da segurança. O caso dos autos deixa claro que o acusado se enquadra nos requisitos para absolvição pela bagatela, e este Egrégio TJDFT, unido ao entendimento manso e pacífico do Supremo, corrobora tal tese:
PENAL E PROCESSO PENAL. FURTO SIMPLES DE R$ 30,00. IRRISORIEDADE. AUSÊNCIA DE LESIVIDADE MATERIAL E RELEVÂNCIA PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. ABSOLVIÇÃO. RECURSO PROVIDO.
1. Demonstrado que o réu furtou da vítima a ínfima quantia de R$ 30,00, esta hipótese está a autorizar a aplicação do princípio da insignificância, porque, embora presente a tipicidade formal, ausente a material.
2. Impõe-se a absolvição do réu quando, evidenciado, no caso concreto, que a ação do agente se adequa aos requisitos legitimadores ao acolhimento da tese do delito de bagatela, eis quemínimo o dano sofrido pela vítima e reduzido o grau de reprovabilidade da conduta.
3. Recurso provido.(20070810023066APR, Relator NILSONI DE FREITAS CUSTÓDIO, 2ª Turma Criminal, julgado em 12/11/2009, DJ 13/01/2010 p. 336)
PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO SIMPLES.
ARREBATAMENTO DE BOLSA EM VIA PÚBLICA.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO SIMPLES. AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA. PRISÃO EM FLAGRANTE. AUSENCIA DE PREJUÍZO. PRINCÍPIO DA BAGATELA. VALOR INSIGNIFICANTE DA RES. APLICABILIDADE. PROVIMENTO DO APELO.
1 O pedido absolutório por insuficiência probatória não resiste ao confronto dos fatos, eis que o réu foi preso em flagrante e reconhecido formalmente pela vítima, minutos depois de ter sofrido o arrebatamento da bolsa, cujo valor, somado ao do seu conteúdo, era mínimo. 2 A subtração de coisa móvel alheia sem o uso de violência ou grave ameaça à pessoa não configura o crime de roubo. O réu pretendeu arrebatar a bolsa de supetão, prevalecendo-se da desprevenção da vítima, que caminhava distraidamente na via pública. Apesar de inesperada e tênue resistência, conseguiu êxito no intento, mas foi preso minutos depois sentado no meio fio e conferindo o conteúdo da bolsa, de parco significado econômico. 3 Aplica-se o princípio da insignificância para absolver o réu, na forma do artigo 386, III, em razão do módico valor da res furtiva e sua restituição integral à vítima, conferindo-se especial relevo ao fato se tratar de agente com trinta e quatro anos de idade que não registra nenhum antecedente na senda do crime. A excepcionalidade da hipótese implica a atipicidade material do fato, atraindo a incidência do princípio bagatelar. 4 Recuso provido para absolver o réu. (20071010001260APR, Relator GEORGE LOPES LEITE, 1ª Turma Criminal, julgado em 16/10/2008, DJ 19/11/2008 p. 161)
HABEAS CORPUS. PENAL. RÁDIO COMUNITÁRIA. OPERAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO DO PODER PÚBLICO. IMPUTAÇÃO AOS PACIENTES DA PRÁTICA DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 183 DA LEI 9.472/1997. BEM JURÍDICO TUTELADO. LESÃO.
INEXPRESSIVIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. CRITÉRIOS OBJETIVOS. EXCEPCIONALIDADE.PRESENÇA. APURAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 
I – Consta dos autos que o serviço de radiodifusão utilizado pela emissora é considerado de baixa potência, não tendo, deste modo, capacidade de causar interferência
relevantenos demais meios de comunicação. II – Rádio comunitária localizada em pequeno município do interior gaúcho, distante de outras emissoras de rádio e televisão, bem como de aeroportos, o que demonstra que o bem jurídico tutelado pela norma – segurança dos meios de telecomunicações – permaneceu incólume. III - A aplicação do princípio da insignificância deve observar alguns vetores objetivos: (i) conduta minimamente ofensiva do agente; (ii) ausência de risco social da ação; (iii) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e (IV) inexpressividade da lesão jurídica. IV – Critérios que se fazem presentes, excepcionalmente, na espécie, levando ao reconhecimento do denominado crime de bagatela. V – Ordem concedida, sem prejuízo da possível apuração dos fatos atribuídos aos pacientes na esfera administrativa (STJ - HC 104530 / RS – RIO GRANDE DO SUL. Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI. Julgamento: 28/09/2010. Órgão Julgador: Primeira Turma).
CRIME MILITAR (CPM, ART. 290) - PORTE (OU POSSE) DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE - QUANTIDADE ÍNFIMA – USO PRÓPRIO - DELITO PERPETRADO DENTRO DE ORGANIZAÇÃO MILITAR - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - APLICABILIDADE - IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES CUJA PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL - CONSEQÜENTE DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL
EM SEU ASPECTO MATERIAL - PEDIDO DEFERIDO. - Aplica-se, aodelito castrense de porte (ou posse) de substância entorpecente, desde que em quantidade ínfima e destinada a uso próprio, ainda que cometido no interior de Organização Militar, o princípio da insignificância, que se qualifica como fator de descaracterização material da própria tipicidade penal. Precedentes (HC 97131 / RS – RIO GRANDE DO SUL. Relator(a): Min. CELSO DE MELLO. Julgamento: 10/08/2010. Órgão Julgador: Segunda Turma).
HABEAS CORPUS. FURTO SIMPLES, NA FORMA TENTADA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. MÍNIMO DESVALOR DA AÇÃO. VALOR ÍNFIMO DAS RES FURTIVAE. IRRELEVÂNCIA DA CONDUTA NA ESPERA PENAL. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE. 1. A conduta perpetrada pelo Paciente - tentativa de furto na forma simples de res furtiva avaliada em R$ 80,00 - insere-se na concepção doutrinária e jurisprudencial de crime de bagatela. 2. Não se descura existir, no caso, tipicidade formal, pois a conduta do Paciente adequa-se ao paradigma abstrato definido na lei. Entretanto, não ocorre, na espécie, a tipicidade material: não houve lesão efetiva e concreta a bem jurídico tutelado pelo ordenamento penal, dado o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente, o mínimo desvalor da ação e a ausência de qualquer conseqüência danosa. E a atipia material, segundo doutrina e jurisprudências hodiernas, exclui a própria tipicidade penal (HC 104.070⁄SP, Rel. Min. GILMAR MENDES, decisão monocrática, Informativo⁄STF n.º 592, v.g.). 3. Habeas corpus concedido, para absolver o Paciente (art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal). (HC 133.520⁄MG, Relatora a Ministra Laurita Vaz, DJe de 25⁄4⁄2011) 
PENAL. RECURSO ESPECIAL. TENTATIVA DE FURTO. ESTABELECIMENTO COMERCIAL VIGIADO. CRIME IMPOSSÍVEL. NÃO-CARACTERIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. RECURSO PROVIDO. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO. 1. O sistema de vigilância eletrônica instalado em estabelecimento comercial ou a existência de vigias, a despeito de dificultar a prática de furtos no seu interior, não é capaz de impedir, por si só, a ocorrência do fato delituoso, não autorizando o reconhecimento do crime impossível(REsp 1.109.970⁄SP, Rel. Min. PAULO GALLOTTI, DJ 17⁄6⁄09). 2. O princípio da insignificância surge como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal que, de acordo com a dogmática moderna, não deve ser considerado apenas em seu aspecto formal, de subsunção do fato à norma, mas, primordialmente, em seu conteúdo material, de cunho valorativo, no sentido da sua efetiva lesividade ao bem jurídico tutelado pela norma penal, consagrando os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima. 3. A tentativa de furto de cinco ovos de páscoa, no valor de R$ 70,00, embora se amolde à definição jurídica do crime de furto, não ultrapassao exame da tipicidade material, mostrando-se desproporcional a imposição de pena privativa de liberdade, uma vez que a ofensividade da conduta foi mínima, tendo sido os bens restituídos à vítima. 4. Recurso especial provido para afastar a aplicação do art. 17 do CP.
5. Habeas corpus concedido de ofício para extinguir a ação penal, em razão do reconhecimento do princípio da insignificância. (REsp 1.171.091⁄MG, Relator o Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJe de 19⁄4⁄2010)
Ressalte-se, ainda, que, segundo a jurisprudência consolidada no Colendo STJ, bem como no Supremo Tribunal Federal, a existência de condições pessoais desfavoráveis, tais como maus antecedentes, reincidência ou ações penais em curso, não impedem a aplicação do princípio da insignificância. A propósito, veja-se os seguintes precedentes:
HABEAS 	CORPUS. 	FURTO TENTADO. PRINCÍPIO 	DA INSIGNIFICÂNCIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. A intervenção do Direito Penal apenas se justifica quando o bem jurídico tutelado tenha sido exposto a um dano com relevante lesividade. Inocorrência de tipicidade material, mas apenas a formal, quando a conduta não possui relevância jurídica, afastando-se, por consequência, a ingerência da tutela penal, em face do postulado da intervenção mínima. 2. No caso, não há como deixar de reconhecer a mínima ofensividade do comportamento do paciente, que tentousubtrair um botijão de gás, avaliado em R$ 30,00 (trinta reais), sendo de rigor o reconhecimento da atipicidade da conduta. 3. Segundo a jurisprudência consolidada nesta Corte e tambémno Supremo Tribunal, a existência de condições pessoais desfavoráveis, tais como maus antecedentes, reincidência ou ações penais em curso, não impedem a aplicação do princípio da insignificância. 4. Ordem concedida. (HC 148.663⁄RS, de minha relatoria, DJe de 5.4.2010), com destaques; 
HABEAS CORPUS. FURTO TENTADO. PRINCÍPIO DAINSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. MÍNIMO DESVALOR DA AÇÃO. VALOR ÍNFIMO DAS RES FURTIVAE. IRRELEVÂNCIA DA CONDUTA NA ESFERA PENAL. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE. RÉU PORTADOR DE MAUS ANTECEDENTES. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. 1. A conduta perpetrada pelo Paciente – tentativa de furto de dois pares de óculos escuros e um litro de licor Amarula – insere-se na concepção doutrinária e jurisprudencial de crime de bagatela. 2. O furto não lesionou o bem jurídico tutelado pelo ordenamento positivo, excluindo a tipicidade penal, dado o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente, o mínimo desvalor da ação e o fato não ter causado maiores conseqüências danosas. 3. Conforme iterativa jurisprudência desta Corte Superior, o fato de o Paciente ostentar maus antecedentes não constitui motivação suficiente para impedir a aplicação do Princípio da Insignificância. 4. Ordem concedida para cassar o acórdão impugnado e a sentença de primeiro grau, absolvendo o Paciente do crime imputado, por atipicidade da conduta. (HC 148.863⁄MG, Relatora Ministra Laurita Vaz, DJe de 22.3.2010), com destaques. 
HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FURTO. AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL. INEXPRESSIVA LESÃO AO BEM JURÍDICO TUTELADO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 1. A intervenção do Direito Penal apenas se justifica quando o bem jurídico tutelado tenha sido exposto a um dano com relevante lesividade. Inocorrência de tipicidade material, mas apenas a formal quando a conduta não possui relevância jurídica, afastando-se, por consequência, a ingerência da tutela penal, em face do postulado da intervenção mínima. É o
chamado princípio da insignificância. 2. Reconhece-se a aplicação do referido princípio quando verificadas "(a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada" (HC 84.412⁄SP, MinistroCelso de Mello, Supremo Tribunal Federal, DJ de 19⁄11⁄2004). 3. No caso, não há como deixar de reconhecer a mínima ofensividade do comportamento da paciente, que tentou subtrair de um supermercado uma chupeta, um prendedor de chupeta, duas mamadeiras, um condicionador e dois kits de xampu e condicionador. 4. Segundo a jurisprudência consolidada nesta Corte e também no Supremo Tribunal Federal, a existência de condições pessoais desfavoráveis, tais como maus antecedentes, reincidência ou ações penais em curso, não impedem a aplicação do princípio da insignificância.
5. Ordem concedida. 
Pelo exposto, Excelência, indubitável que o fato cometido pela denunciada é totalmente atípico aos olhos da doutrina e jurisprudência, tendo em vista a aplicabilidade do princípio da insignificância. A vítima teve irrisório constrangimento diante da conduta da acusada, não havendo se falar em considerável lesividade da conduta. 
III.3 – Da dosimetria da pena.
Por amor ao debate, considerando a defesa, sinceramente, que as teses retro delineadas serão abraçadas por este juizo, mas em nome do princípio da eventualidade, insta consignar a necessidade de se averiguar a dosimetria da pena em caso de condenação. Ora, conforme exposto, trata-se de crime tentado, no qual a acusada confessou perante este juizo a prática delitiva, bem como era menor de 21 anos na data da infração. 
Sabe-se que de acordo com a Súmula 231 do STJ, a incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à reduçao da pena abaixo do mínimo legal, e que no caso exposto militam em favor da acusada duas atenuantes, quais sejam, a prevista no art. 65, I, bem como aquela prevista no art. 65, III, d, ambos no código penal, conforme dito alhures.
Tendo em vista o exposto, a defesa pugna para que a pena base seja fixada no mínimo legal, considerando todas as situações favoráveis presentes no art. 59 do Código Penal. Mesmo não sendo este o entendimento deste juízo, quando da dosimetria na segunda fase, a defesa pugna para que a pena seja fixada no mínimo legal, visto a incidência das duas atenuantes mencionadas e nenhuma agravante. 
Quando da dosimetria na terceira fase, requer a acusada que a pena seja minorada no máximo legal permitido, ou seja, em 2/3,conforme preceitua o art. 14, II, parágrafo único do CP. Não obstante talsituação, a defesa ainda requer a incidência de outra causa de diminuição de pena prevista no caso em análise, qual seja o furto privilegiado. 
E ainda, sendo o acusado primário e de pequeno valor a coisa furtada, pode o magistrado, nos ditames do §2°, do art. 155, do Código Penal, reduzir a pena de 1 a 2/3, convertê-la em restritiva de direitos ou aplicar somente multa. Ora Excelência, no caso em análise, a conversão em multa seria mais benéfica tendo em vista a condição sócio-econômica da acusada que tem emprego fixo e possuí condições de arcar com essa obrigação imposta por esse juízo. Pelo exposto, a defesa requer que a pena seja convertida em multa, conforme dispõe o artigo em comento.
IV. Dos Pedidos
Diante do exposto, espera e requer a acusada:
a) Declare extinta a punibilidade pela prescrição tendo em vista a cautiva de punibilidade nos termos do art. 109;
b) Subsidiariamente, pugna a defesa para que seja acatada a nulidade da Audiência de Instrução tendo em vista a não observância da ordem da oitiva que constitui essencial para a validade do ato nos termos do art. 564, do CPP;
c) Seja abosolvido a Ré do delito à ela imputado, com fundamento no artigo 386, VII, CPP, uma vez que não foram produzidas provas suficientes para condenação;
d)  Eventualmente, seja absolvida com base no art. 386, III, do CPP, frente o princípio da insignificância; 
e) Por último, acreditando sinceramente que as teses acima serão abraçadas por
este magistrado, requer o réu que a pena seja fixada no mínimo legal, que seja fixado o regime aberto e , ainda, nos ditames do furto privilegiado seja a pena de um ano, tendo ainda a possibilidade da sua conversão em multa. 
Taguatinga, 09 de Outubro de 2010.
Pryscilla Beust Quint
OAB

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