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VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA RFID NA AUTOMAÇÃO DE UMA BIBLIOTECA DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL Eva Falcão soares (UFERSA) - eva_falcao@yahoo.com.br Emanuely Paskally Medeiros Sousa (UFERSA) - paskallymedeiros@yahoo.com.br Rommel Amaral Benjamim (UFERSA) - rommelab@hotmail.com André Pedro Fernandes Neto (UFERSA) - andrepedro@ufersa.edu.br Resumo: A criação de um ambiente que atenda aos padrões de bibliotecas universitárias exige que a mesma caminhe em direção à realidade de um mundo eletrônico. O avanço tecnológico traz consigo sistemas que facilitam o acesso dos usuários aos serviços e produtos oferecidos pelas bibliotecas. Diante do processo de reforma na qual se encontra a biblioteca Orlando Teixeira, localizada no campus leste da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFESA), a proposta do artigo consiste em implementar um sistema RFID (Identificação por radio frequência) a fim de convergir com os objetivos da universidade, cujo foco esta na modernização do espaço físico com o intuito de proporcionar maior conforto e comodidade aos seus usuários. Palavras Chave: Biblioteca; Automação;RFID; 1. INTRODUÇÃO A crescente busca por tecnologia é uma característica marcante na atualidade, visto que o mercado exige um continuo avanço, a fim de acompanhar as tendências emergentes. Nos últimos anos observa-se que as bibliotecas sofreram um impacto significativo destas novas tecnologias de informação e comunicação, no cotidiano de suas atividades. Sua concepção histórica de depósitos de livros vem mudando no sentido de tornar-se uma instituição voltada à disseminação de informações. Dentre as tecnologias que surgem para este setor, existem aquelas altamente promissoras que auxiliam na criação de sistemas que facilitam o acesso dos usuários aos serviços e produtos oferecidos pela biblioteca. RFID (Radio Frequency Identification) ou Identificação por Rádio Frequência é um termo que descreve qualquer sistema de identificação automática através de sinais de rádio ou variações no campo magnético para a comunicação e armazenamento (GLOVER; BHATT, 2007). A proliferação desta tecnologia e sua aplicação bem sucedida atraíram a atenção de muitas bibliotecas em todo o mundo, as quais começaram a explorar soluções RFID no intuito de automatizar e agilizar suas diversas atividades e oferecer novos serviços, entre eles: o auto- empréstimo e a auto-devolução; inventários mais ágeis; e uma maior segurança contra furtos (CHING; TAI, 2009; VIERA et al, 2007). Embora recente no setor bibliotecário, a tecnologia RFID tem sido utilizada por outros setores há mais de 20 anos. No decorrer deste trabalho será descrito os seus princípios, bem como os elementos que a compõe e a proposta de sua aplicação na biblioteca de uma universidade federal, localizada no semiárido nordestino. 2. CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA O estudo foi desenvolvido na Biblioteca Orlando Teixeira, situada no Campus Leste da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), na cidade de Mossoró/RN. Atende aos alunos VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 de graduação e pós-graduação como também a toda comunidade mossoroense, tendo como objetivo principal suprir as necessidades informacionais do seu público acadêmico. Seu funcionamento se dá de segunda a sexta, das 07h00min às 22h00min, e aos sábados das 08h00min às 12h00min, no pavimento inferior. No pavimento superior, de segunda a domingo, 24 horas. Sua missão é fornecer suporte informacional para os diversos segmentos da Universidade nas diferentes áreas do conhecimento, contribuindo assim com o desenvolvimento da qualidade do ensino, pesquisa e extensão. A biblioteca Orlando Teixeira utiliza o sistema eBiblio online, que permite o gerenciamento de informação técnico cientifica, integrando bases de dados cadastrais bibliográficos por meio de armazenamento, atualização, indexação e recuperação de informação. Trata-se de um sistema para automação de bibliotecas desenvolvido em ambiente WEB. O sistema eBiblio fornece controle do cadastro de usuários, bem como o controle da circulação do material bibliográfico de acordo as regras da instituição e ainda oferece consultas ao acervo por título, autor e assunto. Oferece ainda à comunidade acadêmica diversos serviços, dos quais se podem citar os mais importantes: Serviços Prestados Bases de Dados Exposições Solicitação de ISBN Consulta em catálogo on- line Levantamento bibliográfico Orientação bibliográfica Elaboração de fichas catalográficas Mini cursos Palestras Empréstimo/Devolução e Renovação Normalização dos TCCs Pesquisa Local Bases de Dados Solicitação de ISBN Reserva on-line Quadro 1 – Serviços Prestados pela Biblioteca Fonte: Autores (2011) O serviço de empréstimo de livros somente pode ser efetuado pelo usuário, sendo este, intransferível. A devolução poderá ser efetuada pelo próprio usuário ou por terceiro, informando-se o nome completo e a matrícula do usuário responsável pelo empréstimo. O ato de renovação implicará na presença do usuário. Atualmente seu acervo é composto por 139.350 volumes, entre livros e material monográfico. O setor de periódicos da Biblioteca é composto por revistas nacionais e internacionais, com títulos recebidos através de compra, doação e permuta, atualmente o setor de periódicos conta com 71 títulos correntes. Possui o suporte do PORTAL DE PERIÓDICOS da CAPES que oferece acesso a 126 Bases de Dados, que vão desde textos referências a textos completos de artigos de mais de 15 mil títulos (entre revistas científicas nacionais e estrangeiras), são bases de dados com resumos de documentos em todas as áreas do conhecimento. O discente ou docente também tem acesso ao cadastramento no programa de comutação entre bibliotecas (COMUT). 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. Automação de Bibliotecas Para o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, automação de bibliotecas são as diferentes utilizações dadas a equipamentos de processamento eletrônico de dados em atividades VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 ligadas à administração em bibliotecas, centros de administração, serviços de informação e órgãos similares. Essas atividades incluem a seleção e aquisição de material bibliográfico, catalogação, recuperação de referências, serviços de empréstimos, edição de boletins de notificação corrente e outros instrumentos de disseminação de informações, além de tarefas de natureza financeira ou contábil. Entende-se, então, por automação de bibliotecas a utilização de tecnologias da informação (informática) nas rotinas e serviços de uma biblioteca. Segundo Silva (2000), a cada dia torna-se quase que impossível para as bibliotecas, realizarem um atendimento aos seus usuários compatível com as necessidades informacionais que eles necessitam se não houver, além de bases de dados, Internet, entre outras tecnologias da informação e um sistema de gerenciamento de bibliotecas, comumente chamado de softwares para automação de bibliotecas. Figueiredo (1998), ao analisara situação da automação nas bibliotecas universitárias, identificou, entre outros aspectos, que o maior benefício com a implantação do processo de informatização é a rapidez, agilidade e eficiência no atendimento e prestação de serviços, isto é, a otimização das atividades não só com relação aos usuários, como também no que diz respeito ao controle e formação do acervo, levantamentos bibliográficos, catalogação, empréstimos, comutação, reclamação de obras em atraso e processamento técnico. 3.2. RFID Radio Frequency Identification ou a sigla RFID definem a identificação por radiofreqüência. O principio desta tecnologia esta baseado na utilização da freqüência de rádio para captura dos dados a partir de uma etiqueta. As etiquetas ou tags como são conhecidas, é utilizada a indução por rádio freqüência para realizar a leitura das informações contidas na tag, diferem dos códigos de barras que são lidos por um feixe de luz (CAVINATO, 2005). Esta tecnologia consiste basicamente da utilização de uma etiqueta plana, adesiva, de dimensões reduzidas, contendo um micro-chip em conjunto com sensores especiais e dispositivos que possibilitam a codificação e leitura dos dados contidos na mesma. O micro-chip contido na etiqueta permite armazenar inúmeros campos de informação nesta e ainda apagar esta informação e armazenar novos campos. Com isto tem-se um infinito campo de aplicações e soluções integradas numa única tecnologia. Tudo isto é feito sem contato físico de nenhuma espécie, não apresentando o inconveniente do código de barra que precisa ser lido individualmente e está sujeito a depredações ou danos. No caso da etiqueta de RFID ela pode ser inserida no interior de um livro e mesmo assim será lida sem nenhum problema. A única limitação tecnológica é quanto a itens metálicos, que podem vir a bloquear os sinais de rádio impossibilitando a leitura. A tecnologia RFID apresenta características peculiares que nenhuma outra oferece. Por exemplo, leitura simultânea de até 30 itens num período de um segundo. Com isto pode-se realizar inventários de milhares de itens, diretamente das estantes em questões de minutos, utilizando um leitor de RFID manual (NOGUEIRA, 2002). Também pode-se controlar o processo de devolução do itens emprestados, passando os livros por uma esteira rolante com leitora de RFID acoplada, como as esteiras de caixas de supermercado que leem os códigos de barras. A RFID não é simplesmente um substituto do código de barras, é uma tecnologia de transformação que pode ajudar a reduzir desperdício, limitar roubos, gerir inventários, simplificar a logística e até aumentar a produtividade (BERNARDO, 2004). A maioria das aplicações atuais em bibliotecas restringe-se, por enquanto, a inventários. Contudo, já é possível pensar em uma instituição que utilize o RFID em seu acervo, no controle de acesso de funcionários e usuários em todo o campus, no acesso de veículos ao seu estacionamento, nos seus VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 terminais de autoatendimento, na proteção de seu patrimônio, enfim as aplicações estão limitadas à própria imaginação. Este estudo se ateará a utilização do RFID para facilitar a identificação, empréstimo e devolução dos livros, visando assim atender a crescente demanda de alunos que ingressam na universidade a cada ano. 3.3. Componentes de um Sistema RFID Um sistema RFID é formado pelos componentes: etiquetas RFID, antenas detectoras, leitor/gravador das etiquetas RFID, computador e software. (SATO, 2004; TAGSYS, 2005a; VTLS, 2003; AYRE, 2005). Etiquetas RFID: Uma etiqueta ou tag RFID é um pequeno objeto que contém chips de silício e antenas que lhe permite responder aos sinais de rádio enviados por uma base transmissora.Estão disponíveis em diversos formatos, tais como cartões, pastilhas, argolas e em materiais como plástico, vidro, epóxi, etc. os Tags tem duas categorias: Ativos e passivos. Os primeiros são alimentados por uma bateria interna e permitem processos de escrita e leitura. Os tags passivos são do tipo só leitura (read only), usados para curtas distâncias. Nestes, as capacidades de armazenamento variam entre 64bits e 8kilobits. Antenas detectoras: A antena ativa o Tag, através de um sinal de rádio, para enviar/trocar informações (no processo de leitura ou escrita). As antenas são fabricadas em diversos tamanhos e formatos, possuindo configurações e características distintas, cada uma para um tipo de aplicação. Leitor/Gravador: Quando a Tag passa pela área de cobertura da antena, o campo magnético é detectado pelo leitor, que decodifica os dados codificados na Tag, passando-os para um computador realizar o processamento. 3.4. Aplicação da Tecnologia RFID em Bibliotecas Diversas bibliotecas no mundo todo têm implementado a tecnologia RFID para agilizar as diversas atividades das bibliotecas e fornecer novos serviços, entre eles: o auto empréstimo e a auto devolução de materiais, inventário mais ágil e segurança contra furtos. Segundo Boss (2007), a RFID é a mais recente tecnologia para ser utilizada em sistemas de bibliotecas para detecção de roubo, autoatendimento e gerenciamento em nível de item, de forma mais eficiente e com menos intervenção humana. Identificadores flexíveis e de baixo custo são inseridos nos itens do acervo de forma que fiquem ocultos, pois para serem detectados não precisam do contato direto, evitando assim problemas futuros com usuários mal intencionados. Para a implementação da funcionalidade antifurto, os identificadores reservam um bit de segurança para o EAS, cujos estados são (ativo=1, inativo=0), caso o EAS esteja ativo o item é detectado ao passar pelos portões de segurança. Com a utilização do RFID, os inventários são possivelmente realizados em horas ao invés de semanas como no caso do processo manual (SIRSIDYNIX;TAGSYS, 2006). Com a implementação de um inovado serviço oferecida pela tecnologia RFID, conhecida como serviço de autoatendimento, às bibliotecas podem oferecer melhores atendimentos e serviços extras como serviços 24h, sem adição de custos com horas extras de funcionários. 4. ESTUDO DE CASO 4.1. Descrição do Cenário VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 A Universidade Federal Rural do Semi - árido, no presente ano de 2011, superou a meta em oferta de vagas no ensino de graduação presencial estabelecida pelo Programa Reuni, que era de 1.440 vagas, ofertando atualmente 2.030 vagas distribuídas igualmente entre o primeiro e o segundo semestre. Apresentando um número aproximado de 4500 alunos matriculados e distribuídos nos 23 cursos ofertados pela instituição. Superou ainda a meta proposta pelo MEC, não apenas em oferta de vagas, mas também em número de cursos, que antes eram 19. Pretende-se ainda, ampliar o corpo de professores de 353 com dedicação exclusiva para 420 docentes. Com o intuito de atender esta demanda crescente de egressos na instituição, tanto de alunos como de professores e cursos, a biblioteca Orlando Teixeira passa pela primeira vez desde que foi inaugurada, há 22 anos, por um processo de recuperação e ampliação da parte física, bem como de seu atual acervo composto por 139.350 exemplares. A reforma contempla a parte externa com a recuperação da fachada e a construção de estacionamento na lateral, além de uma passarela que irá ligar a biblioteca ao restaurante universitário, facilitando o deslocamento dos estudantes que freqüentam diariamenteo estabelecimento, em média um número de 280 a 300 alunos desfrutam dos serviços oferecidos pela Orlando Teixeira. Com base no cenário descrito, este estudo visa convergir com o intuito da instituição em proporcionar um melhor ambiente bibliotecário aos seus usuários, bem como oferecer serviços além daqueles já disponíveis com maior eficiência e praticidade, modernizando as instalações e ampliando seu acervo bibliográfico. No desenvolvimento deste artigo será demonstrado, com base nas informações expostas anteriormente, as vantagens que a implantação da tecnologia RFID traria à referida Biblioteca, assim como as barreiras as quais esta estaria sujeita durante a aquisição. 4.2. Exposição das Vantagens Diante de avaliações e realização de visitas ao estabelecimento, verificou-se que uma das principais falhas diz respeito à deficiência no atendimento, visto que os serviços de empréstimo, renovação e devolução de livros são realizados por funcionários do setor, devendo estes, realizar a identificação do aluno no sistema e proceder o cadastro da operação. Inserida neste contexto, a tecnologia RFID possibilita a utilização de sistemas de auto- atendimento e sistemas automatizados de classificação na devolução de materiais do acervo da biblioteca (VIERA et al, 2007; SCHNEIDER, 2003). O autoatendimento auxilia o gerenciamento do acervo bibliográfico onde o usuário pode realizar seu próprio empréstimo, dinamizando a circulação do acervo, oferecendo ainda total segurança do acesso global. Também é facilitado o acesso dos usuários aos serviços e produtos da biblioteca, agilizando o atendimento, evitando filas, bem como poupando tempo dos bibliotecários que poderão assim dispensar maior atenção a outras atividades de importância dentro da Instituição. Checkpoint (2006) coloca que “agilização do atendimento aos usuários diminuindo as filas para empréstimo ou devolução de materiais, além de dar liberdade para que realizem tarefas de autoatendimento melhora a satisfação dos usuários em relação aos serviços da biblioteca”. O principal objetivo hoje, para as bibliotecas adotarem RFID é a necessidade de aumentar a eficiência e reduzir os custos. A automação e o autoatendimento podem ajudar as bibliotecas de todos os tamanhos alcançarem estes objetivos. A tecnologia também pode melhorar a circulação e controle de estoque, o que ajuda a realocar recursos humanos e financeiros. Isto significa que as bibliotecas podem aliviar os seus funcionários da rotina de trabalho e de tarefas operacionais. VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 Além da operação de aut-atendimento bastante facilitada com a utilização da tecnologia RFID, outra grande vantagem que deve-se atribuir à adoção deste sistema é a possibilidade de realização de inventários de milhares de itens, utilizando um leitor de RFID manual. Partindo do pressuposto que todos os saldos foram validados na entrada do estoque, bastaria uma verificação completa do estoque através da radiofreqüência para levantar todos os itens presentes fisicamente na área, bem como sua localização. A incorporação de um leitor RFID a um coletor portátil de dados (leitor manual) viabiliza a implementação de soluções voltadas ao rastreamento dos livros ao longo de uma biblioteca, com a imediata captura e transmissão de dados. É possível não só atualizar o inventário, mas também identificar itens que estão fora de ordem ou em locais incorretos (BOSS, 2007). Segundo SIRSIDYNIX. TAGSYS (2006), os inventários da biblioteca podem ser feitos em poucas horas, e não em semanas como no processo manual. A bibliotecária simplesmente caminha no corredor perto das prateleiras de livros para registrar os livros existentes com um leitor RFID portátil. SCHNEIDER (2003) afirma que esse procedimento garante agilidade no processamento técnico de novos itens incorporados ao acervo. Outra vantagem que merece destaque no tocante a utilização da tecnologia RFID em bibliotecas diz respeito a possibilidade de reutilização da etiqueta (tag), segundo KOYLE (2005), a aplicabilidade da tecnologia RFID em bibliotecas é melhor do que no varejo, pois os itens vão e voltam muitas vezes reduzindo significativamente o custo de aquisição de novos identificadores. Devido ao fato das etiquetas (tags) serem colocadas no interior dos livros, estas ficam protegidas e menos expostas a degradações, contribuindo para o prolongamento de sua vida útil. BOSS (2007) afirma ainda que a necessidade de substituição das tags vem com a quantidade de sua utilização, o que variam em cerca de 100.000 transações, possibilitando desta forma, a redução do número de etiquetas a serem adquiridas. Diante destas vantagens aqui descritas, as etiquetas RFID possuem ainda múltiplas funções, de acordo com SAN FRANCISCO PUBLICO LIBRARY...2005; AYRE, 2005) além de permitirem a identificação individual dos itens do acervo, permitem implementar funções de segurança contra furtos mais efetivos que as tiras magnéticas utilizadas na atualidade. O sistema RFID incorpora a funcionalidade antifurto reservando um bit de segurança na própria etiqueta RFID cujos estados (1=ativo, 0=inativo) podem ser detectados nos portões de detecção antifurto RFID na saída da biblioteca, substituindo, dessa forma, as tarjas magnéticas atualmente utilizadas. 4.3. Exposição das Desvantagens da Tecnologia RFID A principal desvantagem da adoção da tecnologia RFID é o alto investimento inicial para implantar a sua infraestrutura. Se comparada com a tecnologia dominante, a tecnologia de código de barras, utilizada na biblioteca, o custo da tecnologia RFID é bem superior. Além do que já há uma infraestrutura que opera com código de barras. Enquanto os leitores/codificadores RFID (hardwares) e os sensores de porta usados para ler a informação normalmente custam cerca de R$ 3.114,00 a R$ 5.449,5 reais cada, que não representam um valor alto no projeto, já as etiquetas (tags) custam R$ 0,623 a R$ 1,1768 cada. Serão necessários quatro leitores portáteis (handheld), um para cada funcionário responsável pelo empréstimo/renovação ou devolução, o custo dos leitores está descrito na tabela a seguir: VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 Figura 1 – Custo dos Leitores. Fonte: Autoria Própria Atribuindo um valor de R$1,21 reais para cada etiqueta, obtido através da média entre os valores de mercado mostrados anteriormente, para que seja possível realizar a etiquetagem do acervo da biblioteca sob estudo, composto por 139.350 volumes, sendo 32.518 livros, seria necessário um investimento no valor de R$ 168.613,5 reais para a etiquetagem apenas dos livros, que apresentam maior rotatividade que o material monográfico e periódicos. Atualmente, a biblioteca recebe uma média diária de 280 a 300 alunos, sendo o número máximo de livros que podem ser emprestados é de cinco livros por aluno. Supondo que cada aluno tome em média três livros emprestados. Por ano, serão realizados em média 347.550 emprestimos, renovações ou devoluções, o que custaria cerca de R$ 384.235,5 reais por ano, R$320.196,625 reais por mês. Entende-se, portanto, que o custo da etiquetagem seria facilmente absorvido em um mês de uso das mesmas no setor, sem levar em consideração que as mesmas podem ser reutilizadas centenas de vezes. A Universidade disponibiliza recursos na ordem de R$ 200 mil para aquisição de novos livros no corrente ano de 2011, sabe-se que os livros apresentam umaalta variação se preço, para fins de facilitar o cálculo, atribuiu-se o valor de R$ 65,00 reais por livro. Tendo-se, assim, a aquisição de 3077 exemplares e um gasto de R$ 3723,08 reais para cada etiqueta e R$ 242,17 reais pela mão-de- obra, totalizando R$ 3965,25 reais. Todos esses dados, estão melhor descritos na abaixo. VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 Figura 2 - Tabela dos Custos de Implantação das Tags na biblioteca Fonte: Autoria Própria Recomenda-se que se use a etiqueta RFID somente para produtos de alto valor agregado, porém apesar de os livros não apresentarem este alto valor, possuem uma alta rotatividade, por exemplo, digamos que um livro seja emprestado 180 vezes em um mês, o custo de uma etiqueta será diluído por esse valor, no caso ficará, R$ 0,01 centavos. Uma regra utilizada para calcular a viabilidade da utilização das etiquetas é que o seu custo não deve ultrapassar 1% do preço final do item. No caso, anteriormente exposto, o custo da etiqueta foi de R$ 0,01 centavos, coincidência ou não, 1% de seu valor total, ou seja, o uso da etiqueta se torna viável e, além disso, o custo da etiqueta RFID tem caído bastante com o aumento de sua demanda. Deve-se avaliar a durabilidade do equipamento comprado, já que itens de qualidade inferior poderão ser facilmente danificados pelos alunos ou condições adversas. O custo de troca e manutenção pode ser mais alto do que a diferença de equipamento de boa qualidade. O software representa um dos principais custos da implantação da tecnologia, podendo variar de algumas centenas de milhares de reais até milhões. Como qualquer investimento em TI, deve-se ter muito cuidado na escolha do fornecedor para evitar grandes dores de cabeça no futuro. Pode ser necessária uma forte mudança ou atualização dos sistemas existentes em toda a cadeia de suprimento. Há diversos custos envolvidos com a implementação do software. Por exemplo, a integração com os outros softwares existentes. Destacou-se o custo inicial de aquisição do software, instalação e configuração, manutenção e suporte, pode-se supor um aumento anual de 10% com manutenção e suporte, já que tanto o acervo quanto o número de estudantes e professores irá crescer e, portanto, haverá uma demanda maior por funcionalidade e capacidade da biblioteca. A figura a seguir lista todos os custos relativos de software que devem ser levados em conta, totalizando R$ 35.995,00 reais mais um custo anual de R$469,50 reais com manutenção e suporte. Figura 3 - Custos com Software Fonte: Autoria Própria A aceitação da mudança cultural que ocorrerá com a utilização da tecnologia RFID é importante não só para o funcionamento do projeto, mas também para o seu máximo aproveitamento, afinal de que adianta estar de posse da tecnologia sem ter conhecimento de como usá-la. É importante também, a instalação de equipamentos de informática mais robustos, a utilização de computadores antigos com processadores lentos pode dificultar a utilização do software. É de extrema importância que o sistema RFID substitua o sistema existente, caso isso não aconteça, serão acumulados custos e complexidade da operação. Outro fator importante é o treinamento dos funcionários que iram lidar com a tecnologia RFID. VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 Essa tecnologia tem evoluído rapidamente nos últimos anos, portanto, assumindo-se que os leitores mudarão ao longo do tempo e propondo treinamento a cada dois anos. O software também continua evoluindo, assim treinamentos anuais serão necessários. Finalmente, existe um custo relacionado com a mudança de processo. Os funcionários deverão ser treinados de forma intensa no início da implementação. Esses custos são apresentados na figura a seguir: Figura 4 – Custos de Treinamento Fonte: Autoria Própria Na figura a seguir podem ser vistos os custos totais para a implementação da tecnologia RFID na biblioteca de uma univerisade federal: Figura 5 – Custos Totais de RFID Fonte: Autoria Própria Pode-se concluir que, é necessário um alto investimento inicial para a implantação do RFID, no valor de R$ 228.515,23 reais, além dos custos com atualização de software e treinamento de funcionários ao longo dos anos, o que torna essa tecnologia desvantajosa, e principalmente se comparada com a tecnologia de código de barras, na qual a manutenção é extremamente barata, além da implantação de baixo custo. Outras desvantagens do uso da tecnologia RFID são eventuais problemas de desempenho do sistema que poderam vir a surgir devido a sua recente implantação. Também o impacto na saúde humana devido aos efeitos das frequências eletromagnéticas utilizadas na tecnologia RFID, porém os estudos sobre isso ainda são inconclusivos e as atuais evidências mostram que não há riscos a saúde humana. Problemas de privacidade, riscos associados com o uso inadequado do número identificador único das etiquetas RFID, o que introduz riscos de monitoramento do fluxo de empréstimos dos usuários. E ainda exige uma maior preocupação com questões de segurança da base de dados da biblioteca para evitar acessos autorizados. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de tudo que foi colocado no decorrer desta pesquisa, admite-se que a tecnologia RFID permite o aumento da eficiência, reduz perdas, diminui a carga de trabalho dos funcionários da biblioteca e ajuda a melhorar os serviços nos processos em que se lida com grandes quantidades de usuários e materiais. Concluiu-se que a Identificação por radio freqüência nas bibliotecas está ganhando cada vez mais força e deve ser considerada uma excelente opção na hora de pensar na atualização da infra- estrutura tecnológica de gestão eletrônica do acervo, principalmente em bibliotecas com grande volume de acervo, usuários e com restrições na possibilidade de expansão do quadro de funcionários. VII SEPRONE “A Engenharia de Produção frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentável do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?” Mossoró-RN, 26 a 29 de junho de 2012 A pesquisa se limitou a demonstrar as vantagens na adoção desta tecnologia pela biblioteca da UFERSA, em contra partida foram expostos às barreiras inerentes à sua implantação, uma maior atenção foi dada aos custos envolvidos neste processo, a fim de evidenciar a viabilidade de uma futura aquisição. Apesar do alto custo da tecnologia RFID ser uma desvantagem em relação à tecnologia utilizada, a sua implantação é viável. Apesar da ciência do potencial deste novo sistema há ainda um longo caminho para ser percorrido, pois a Identificação por Radiofreqüência não é somente uma questão tecnológica, mas também uma questão de padronização mundial, e isto ainda encontra-se distante da realidade da instituição analisada. No entanto, no decorrer deste estudo verificou-se que este sistema já está sendo aplicado com sucesso principalmente nas bibliotecas dos países economicamente desenvolvidos, mas já ganha um progressivo espaço no cenário nacional onde pode-se destacar o caso da primeira biblioteca pública a usar a tecnologia RFID. A Biblioteca de São Paulo chega com conceitos inovadores em gestão de acervo. Resultado de uma parceria do estado de SP com o ministério da cultura, o edifício tem a capacidade para receber 800 pessoas por hora, e foi inspirada na biblioteca de Santiago, no Chile. REFERÊNCIAS BERNARDO, Cláudio Gonçalves. A tecnologia RFID e os benefíciosda etiqueta inteligente biblioteca Padre Lambert Prins. São Paulo; 2000. BOSS, R. W. RFID technology for libraries. 2007. CAVINATO, J. Supply chain logistics initiatives: research implications. International Journal CHEKPOINT SYSTEMS. Allen Public Library: a lasting relationship. 2006. FIGUEIREDO, Nice. Situação da automação nas bibliotecas universitárias. IN: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 10. , 1998, Fortaleza.Anaiseletrônicos. File:///c|/netscape/anais/trabalho/comum/situação.htm GLOVER, B.; BHATT, H. Fundamentos de RFID. 1ª Ed. Rio de Janeiro – RJ; Alta Books; 2007. GLOVER, B.; BHATT, H. RFID essentials: theory in practice. O’Reilly & Associates, 2007. NOGUEIRA FILHO, Cícero Casemiro da Costa. Tecnologia RFID aplicada à Logística. Rio de Janeiro, 2005.103 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Industrial). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2005. SATO. SATO RFID with paper. Version 1.0. 2004. Disponível em: <http://www.sato- uk.com/rfid_docs/rfid_with_paper.pdf>. Acesso em: 14 mai 2011. SCHNEIDER, Karen G. RFID and libraries: both sides of the chip. RFID 19 nov. SIRSISYNIX. TAGSYS. Radio frequency identification. Library with paper. 2006.Disponívelem: http://www.tagsysrfid.com/html/medias/librairies/pdf/LIBRARY_With_Paper__Co-Branded__14022006.pdf>>. Acesso em: 19 junho 2011. VIERA, A. F. G.; VIERA, S. D. G. E VIERA, L. E. G. Tecnologia de identificação por rádio frequência: Fundamentos e aplicações em automação de bibliotecas. 2007. Disponível em: <http://www.webpages.uidaho.edu/~mbolin/shahid.htm>. Acesso em: 17 de junho 2011.
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