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Eficácia Temporal e Espacial das Normas Processuais

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Eficácia Temporal e Espacial das Normas Processuais
Prof. Me. Rodrigo Nuss
“Toda norma jurídica tem eficácia limitada no espaço e no tempo, isto é, aplica-se apenas dentro de dado território e por um certo período de tempo. Tais limitações aplicam-se inclusive à norma processual” 
Ada Pellegrini Grinover
Eficácia Espacial e Temporal das Normas Processuais
Inicialmente é preciso reportar as noções da LINDB – Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro – Decreto-Lei nº 4.657/42.
CONTEÚDO DA LINDB: Contém normas sobre normas, assinalando-lhes a maneira de aplicação e entendimento, predeterminando as fontes de direito positivo, indicando-lhes as dimensões espaciotemporais.
2. FUNÇÕES DA LINDB:
 
- Regular a vigência e eficácia da norma jurídica, apresentando soluções ao conflito de normas no tempo e no espaço.
- Fornecer critérios de hermenêutica.
- Estabelecer mecanismo de integração das normas.
- Garantir a eficácia global, a certeza, segurança e estabilidade da ordem jurídica.
3. APLICAÇÃO DE NORMAS: 
- Há subsunção quando o fato individual se enquadra no conceito abstrato contido na norma; para tanto é necessária a correta interpretação.
- Há integração normativa quando, ao aplicar a norma ao acaso, o juiz não encontra norma que lhe seja aplicável.
- Há correção se apresentar antinomia real.
4. INTERPRETAÇÃO:
Conceito: É o meio de desvendar o sentido e o alcance da norma jurídica.
Técnicas de interpretação:
- A gramatical, em que o intérprete examina cada termo do texto normativo, entendendo a pontuação, colocação de vocábulos, origem etimológica etc.
A lógica, que estuda as normas por meio de raciocínios lógicos.
4. INTERPRETAÇÃO:
- A sistemática, que considera o sistema em que se insere a norma, relacionando-a com outras relativas ao mesmo objeto.
- A histórica, que procura averiguar os antecedentes da norma.
- A sociológica ou teológica, que objetiva adaptar o sentido ou finalidade da norma às novas exigências sociais (LINDB, art. 5°).
5. INTEGRAÇÃO:
É o preenchimento de lacunas, mediante aplicação e criação de normas individuais, atendendo ao espírito do sistema jurídico.
 
ANALOGIA: Consiste em aplicar a um caso não previsto diretamente por norma jurídica uma norma prevista para hipótese distinta, mas semelhante ao caso não contemplado.
5. INTEGRAÇÃO:
- COSTUME: É a prática uniforme, constante, pública e geral de determinado ato com a convicção de sua necessidade jurídica.
- Condições para aplicação: Continuidade, uniformidade, diuturnidade, moralidade e obrigatoriedade.
5. INTEGRAÇÃO:
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO: são normas de valor genérico que orientam a compreensão do sistema jurídico em sua aplicação e integração. 
6.VIGÊNCIA DA LEI NO TEMPO: INÍCIO DE SUA VIGÊNCIA 
Obrigatoriedade só surge com a publicação no diário Oficial, mas sua vigência não se inicia no dia da publicação, salvo se ela assim determinar. 
O intervalo entre a data de sua publicação e sua entrada em vigor chama-se vacatio legis.
6. DURAÇÃO DA "VACATIO LEGIS“
 
- Prazo progressivo, pelo qual a lei entra em vigor em diferentes lapsos de tempo nos vários Estados do país. P. ex.: antiga LICC, art 2°.
- Prazo único, pelo qual a norma entra em vigor a um só tempo em todo país, ou seja, 45 dias após sua publicação; tendo aplicação no exterior 3 meses depois de sua publicação (LINDB, art. 1°, § 1°).
6.CESSAÇÃO DA VIGÊNCIA
A norma pode ter vigência temporária, porque o elaborador fixou o tempo de sua duração.
A norma pode ter vigência para o futuro sem prazo determinado, durando até que seja modificada ou revogada por outra (LINDB, art. 2°).
6.REVOGAÇÃO:
É tornar sem efeito uma norma.
Espécies: 
Ab-rogação, supressão total da norma anterior. Derrogação, torna sem efeito uma parte da lei. Expressa, quando o legislador declara extinta a lei velha. 
Tácita, quando houver incompatibilidade entre a lei velha e a nova (LINDB, art. 2°, § 2°).
6.REVOGAÇÃO:
É tornar sem efeito uma norma.
Espécies: 
Ab-rogação, supressão total da norma anterior. Derrogação, torna sem efeito uma parte da lei. Expressa, quando o legislador declara extinta a lei velha. 
Tácita, quando houver incompatibilidade entre a lei velha e a nova (LINDB, art. 2°, § 2°).
VIGÊNCIA DA LEI NO ESPAÇO
Princípio da territorialidade, em que a norma se aplica apenas no território do Estado que a promulgou.
Princípio da extraterritorialidade, pelo qual os Estados permitem que em seu território se apliquem, em certas hipóteses, normas estrangeiras.
Princípio da territorialidade moderada: 
Territorialidade (LINDB, arts. 8° e 9°).
Extraterritorialidade (LINDB, arts. 7°, 10, 12, 17).
Princípio da territorialidade moderada: 
Territorialidade (LINDB, arts. 8° e 9°).
Extraterritorialidade (LINDB, arts. 7°, 10, 12, 17).
Art. 8o  Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
Art. 7o  A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
O critério que regula a eficácia espacial das normas de processo é o da territorialidade, que impõe sempre a aplicação da lex fori (a lei do foro traduz-se pela aplicação da lei no lugar onde o caso é julgado )
No que concerne às leis processuais a aplicação desse princípio justifica-se por uma razão de ordem política e por outra de ordem prática.
Eficácia da Norma Processual no Espaço
Num primeiro plano, a norma processual tem por escopo precisamente a disciplina da atividade jurisdicional que se desenvolve através do processo, como manifestação soberana do poder estatal e por isso, obviamente, não poderia ser regulada por leis estrangeiras sem inconvenientes para a boa convivência internacional.
Eficácia da Norma Processual no Espaço
Em segundo lugar, certamente, surgiriam dificuldades de ordem prática quase insuperáveis com a movimentação da máquina judiciária de um Estado soberano mediante atividades regidas por normas e institutos do direito alienígena. 
Ex.: o transplante para o Brasil de uma ação de indenização proposta de acordo com as leis americanas, com a instituição do júri civil.
Ou então os critérios de fixação de dano moral norte americano para os padrões brasileiros.
Eficácia da Norma Processual no Espaço
A territorialidade da aplicação da lei processual é expressa pelo art. 1º do Código de Processo Civil, assim transcrito: "a jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece", 
Ou ainda pelo art. 1º do CPP: "O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este código ...".
Eficácia da Norma Processual no Espaço
Isso não significa, porém, que o juiz nacional deva, em qualquer circunstância, ignorar a regra processual estrangeira. 
Em determinadas situações ele tem até por dever referir-se à lei processual alienígena, como quando esta constitui pressuposto para a aplicação da lei nacional (CPC, art. 231, § 1º).
Art. 231 §1º - Carta Rogatória. O CPC considera inacessível para a citação o país que nega cumprimento de carta rogatória ao Brasil.
Eficácia da Norma Processual no Espaço
Não se confunde com a aplicação da lei processual extranacional a aplicação da norma material estrangeira referida pelo direito processual brasileiro. 
Lembre-se que existe diferença entre o direito material (bem da vida) e o direito processual (regulamentação da atividade jurisdicional).
Eficácia da Norma Processual no Espaço
Eficácia da 
Norma Processual 
no Tempo
Como as normas jurídicas em geral, as normas processuais são limitadas também no tempo, respeitadas as regras que compõem o direito processual intertemporal:
a) A LINDB disciplina a eficácia temporal das leis. Salvo disposição em contrário, a lei processual começa a vigorar, em todo o país, quarenta e cinco
dias depois de publicada; se, antes de entrar em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, o prazo começará a correr da nova publicação (LINDB, art. 1º e §§ 3º e 4º);
Eficácia da Norma Processual no Tempo
Incidindo sobre situações (conceitualmente) idênticas, surge o problema de estabelecer qual das leis - se a anterior ou a posterior - deve regular uma determinada situação concreta. 
Como o processo se constitui por uma série de atos que se desenvolvem e se praticam sucessivamente no tempo (atos processuais, integrantes de uma cadeia unitária, que é o procedimento), torna-se particularmente difícil e delicada a solução do conflito temporal de leis processuais.
Eficácia da Norma Processual no Tempo
Calma, sem pânico e sem sacanagem, iremos resolver estes conflitos!
1º - Sem dúvida, as leis processuais novas não incidem sobre processos findos, acobertados seja pela coisa julgada, seja pela garantia ao ato jurídico perfeito, seja pelo direito adquirido, reconhecido pela sentença ou resultante dos atos executivos. 
2º - Os processos a serem iniciados na vigência da lei nova por esta serão regulados.
Eficácia da Norma Processual no Tempo
Questão que se coloca é apenas no tocante aos processos em andamento por ocasião do início de vigência da lei nova. 
Eficácia da Norma Processual no Tempo
Aplica-se a Teoria do Isolamento dos Atos Processuais, segundo o qual a lei nova não atinge os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, mas se aplica aos atos processuais a praticar, sem limitações relativas às chamadas fases processuais.
Esta teoria é expressamente consagrado pelo art. 2º do Código de Processo Penal: " a lei processual aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior".
Eficácia da Norma Processual no Tempo
E, conforme entendimento de geral aceitação pela doutrina brasileira, o dispositivo transcrito contém um princípio geral de direito intertemporal que também se aplica, como preceito de superdireito, às normas de direito processual civil. 
Ver art. 1.211 do CPC, confirmando a regra ao estabelecer que: "ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes".
Eficácia da Norma Processual no Tempo
CRITÉRIOS PARA SOLUCIONAR O CONFLITO DE LEIS NO TEMPO
- O ato das disposições transitórias elaboradas pelo próprio legislador com objetivo de resolver e evitar os conflitos emergentes da nova lei em confronto com a antiga.
Eficácia da Norma Processual no Espaço
E ainda os princípios da retroatividade e irretroatividade da norma. É retroativa a norma que atinge efeitos de atos jurídicos praticados sob égide da norma revogada. É irretroativa a que não se aplica a qualquer situação jurídica constituída anteriormente. 
Não se podem aceitar esses princípios como absolutos. O ideal seria que a nova lei retroagisse em alguns casos e em outros não, respeitando o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (CF, art. 5°, XXXVI; LINDB, art. 6°, §§ 1° e 2°).
Eficácia da Norma Processual no Espaço
A lei processual tem aplicação imediata, a partir do momento de sua entrada em vigor, aplicando-se inclusive aos processos em curso.
Não o bastante, convém destacar que a lei processual é irretroativa, não atingindo atos processuais já praticados e findos (tempus regit actum).
Eficácia da Norma Processual no Espaço
Os atos processuais classificam-se em:
1) atos já praticados; 
2) atos de realização prolongada; 
3) atos futuros.
Os atos já praticados são aqueles que, quando realizados, implicam imediata passagem do procedimento para um estágio subseqüente, como, por exemplo, a contestação ou a interposição de um recurso. Para os atos já praticados sob a égide da lei anterior, é irrelevante o advento da nova lei.
2) atos de realização prolongada; 
Os atos de realização prolongada são aqueles cujo exaurimento só ocorrerá no futuro, embora sua prática tenha sido iniciada sob a égide de uma lei antiga. 
É o exemplo clássico da audiência, a qual não perde sua característica de unicidade, embora possa estender-se por meses até findar. Tais atos não são atingidos pela lei nova que entra em vigor na pendência de sua prática, denominando-se aí a hiperatividade da lei processual antiga.
2) atos de realização prolongada; 
“ Por exemplo analisemos o art. 414 § 1° do CPC, que limita a 3, o número de testemunhas para cada fato controverso.
Imagine-se uma audiência redesignada para a ouvida da terceira testemunha de defesa, ausente na primeira audiência, sobre o único fato controverso existente nos autos.
Eventual lei processual nova que entre em vigor no interregno até a nova audiência, que proíba a oitiva de mais de duas testemunhas por cada fato controverso, não terá aplicabilidade ao ato já iniciado e pendente de complementação, permanecendo válida a lei anteriormente em vigor, tendo sua vigência e eficácia prolongada para até o exaurimento do ato.
O ato futuro é aquele ainda não praticado ou iniciado, sujeitando-se sua prática às disposições da nova lei processual.
Com efeito, mesmo quando a lei nova atinge um processo em andamento, nenhum efeito terá sobre os atos que já foram praticados na vigência da lei revogada! 
Bons Estudos.
Prof. Rodrigo Nuss

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