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Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 40 Aula 01 - Princípios do Direito Penal (parte 2), Ação Penal e Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha). SUMÁRIO PÁGINA 1. Apresentação 1 2. Princípios do Direito Penal (parte 2) 2 3. Ação Penal 8 4. Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha) 13 5. Questões propostas 21 6. Questões comentadas 27 7. Gabarito 40 Apresentação Olá, meus amigos! Dando continuidade ao nosso curso, hoje, vamos abordar os seguintes pontos: 9 Princípios do Direito Penal (parte 2); 9 Ação Penal; 9 Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha). Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 40 1. Princípios do Direito Penal (parte 2) 1.1. Princípio da Legalidade O princípio acima é um dos mais comuns não só no Direito Penal, mas também em vários ramos do Direito Público, como no Direito Administrativo, no qual o administrador público somente pode fazer aquilo que a lei permite. No Direito Penal, esse princípio está estampado no art. 1°, do CP, que na verdade repete a redação de um dispositivo constitucional, que é o art. 5°, XXXIX, da CF/88. XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; Que é idêntico ao art. 1°, do CP: Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Veja que se trata de um princípio positivamente previsto na carta maior e também no código penal. Entendendo melhor o significado do princípio, ele nos remete à ideia de que não haverá nenhuma figura típica, se esta não estiver prevista em Lei. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 40 Sem entrar em detalhes sobre o princípio, que não é o objetivo desse curso, podemos ir logo para um interessante entendimento jurisprudencial, mas antes deixe que eu lhe faça uma pergunta: É POSSÍVEL MEDIDA PROVISÓRIA VERSANDO SOBRE DIREITO PENAL? A pergunta parece simples, mas surgiu muita discussão na doutrina e ainda existe, mas na verdade o que você deve saber é o que o STF entende para poder responder às questões de prova. De acordo com o STF, embora não possa criar nenhuma figura típica (criar crimes), as medidas provisórias podem versar sobre Direito Penal, desde que crie normas mais benéficas, que contenham algum tipo de benefício para o réu. Assim, de acordo com o STF, a vedação contida no art. 62, §1°, I, b, da CF/88 não abrange as normas penais mais benéficas, ou seja, as que abolem crimes ou lhes restrinjam o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam casos de isenção ou de extinção de punibilidade. O exemplo clássico do tema acima são as MPs (253, 379, 390, 394, 417) que versavam sobre o Estatuto do Desarmamento regulamentando o prazo para regularização daquele que possuía arma de fogo irregularmente. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 40 Assim, a conclusão, para concursos, notadamente os da área policial, é que é possível MP versando sobre direito penal e isso não viola o princípio da legalidade, desde que o conteúdo da MP seja benéfico ao réu. O princípio da legalidade ainda possui o viés da lei escrita, ou seja, existe uma vedação à analogia em matéria penal, em tese. O STF manifestou-se no HC 97261 em 02/05/2011 que a conduta de furtar sinal de TV a cabo não pode ser equiparada ao delito previsto no art. 155, §3°, do CP, pois estar-se-ia praticando a analogia in malam partem, ou seja a analogia em malefício do réu. A analogia violaria o princípio da legalidade sob o aspecto da lei escrita, uma vez que que a analogia é uma técnica que adequa uma figura prevista para a situação A em uma situação B. Assim, a analogia in bonam partem é perfeitamente possível como resultado anteriormente, encontrando justificativa no princípio da equidade. Há de se ressaltar que o entendimento do STJ sobre o tema diverge daquele do pretório excelso, pois, no entender do Tribunal da Cidadania, ³2� VLQDO� GH� WHOHYLVmR� SURSDJD-se através de ondas, o que na definição técnica se enquadra como energia radiante, que é uma forma de energia DVVRFLDGD�j�UDGLDomR�HOHWURPDJQpWLFD�´. Assim, de acordo com o STJ teríamos a tipicidade caracterizada pelo delito previsto no art. 155, §3°, do CP. Mais uma vez o nosso curso traz até você um tema em que temos controvérsia jurisprudencial entre o STJ e o STF, assim, sugiro que ao Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 40 resolver alguma questão sobre o assunto você preste atenção ao enunciado, e responda de acordo com o quadro abaixo: STF STJ Furto ou desvio de sinal de TV a cabo: Atípico, pois estar-se-ia praticando a analogia ³in malam partam´, violando assim o princípio da legalidade. Furto ou desvio de sinal de TV a cabo: Típico, pois o sinal de TV a cabo equipara-se à energia radiante, pois é composto de radiação eletromagnética. 1.2. Princípio da Não Culpabilidade ou presunção de inocência Esse princípio passou por uma grande mudança recentemente, pois ele foi objeto de uma decisão emblemática do STF, na qual o supremo admitiu a possibilidade de execução provisória de pena em processos criminais com condenação em segunda instância e isso será o nosso objeto de estudo nesse ponto. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 40 O princípio acima está insculpido na CF/88 e significa que ninguém será considerado culpado até que sobrevenha uma sentença penal condenatória transitada em julgado, ou seja, da qual não caiba mais recurso. Assim, diante desse princípio, conhecido como da presunção de inocência, o condenado em segundo grau de jurisdição, que ainda tivesse como recorrer e assim o fizesse aos tribunais superiores, ainda não era considerado culpado e por via de consequência não poderia ser preso nem iniciar o cumprimento de pena. No entanto isso mudou recentemente com um julgamento emblemático no STF, da relatoria do Ministro Teori Zavascki (STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/02/2016). De acordo com o julgado, é possível o início da execução dapena condenatória após a prolação de acórdão condenatório em 2º grau e isso não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência. O recurso especial e o recurso extraordinário não possuem efeito suspensivo (art. 637 do CPP e art. 27, § 2º da Lei nº 8.038/90). Isso significa que, mesmo o réu tendo interposto algum desses recursos, a decisão recorrida continua produzindo efeitos. Logo, é possível a execução provisória da decisão recorrida enquanto se aguarda o julgamento do recurso. O Min. Teori Zavascki defendeu que, até que seja prolatada a sentença penal, confirmada em 2º grau, deve-se presumir a inocência do Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 40 réu. Mas, após esse momento, exaure-se o princípio da não culpabilidade, até porque os recursos cabíveis da decisão de segundo grau ao STJ ou STF não se prestam a discutir fatos e provas, mas apenas matéria de direito. 3DUD�R�5HODWRU�� ³D�SUHVXQomR�GD� LQRFrQFLD�QmR� LPSHGH�TXH��PHVPR� antes do trânsito em julgado, o acórdão condenatório produza efeitos FRQWUD�R�DFXVDGR´� "A execução da pena na pendência de recursos de natureza extraordinária não compromete o núcleo essencial do pressuposto da não culpabilidade, na medida em que o acusado foi tratado como inocente no curso de todo o processo ordinário criminal, observados os direitos e as garantias a ele inerentes, bem como respeitadas as regras probatórias e o modelo acusatório atual. Não é incompatível com a garantia constitucional autorizar, a partir daí, ainda que cabíveis ou pendentes de julgamento de recursos extraordinários, a produção dos efeitos próprios da responsabilização criminal reconhecida pelas instâncias ordinárias". O Ministro Teori, citando a ex-Ministra Ellen Gracie (HC 85.886) DILUPRX�TXH� ³HP�SDtV�QHQKXP�GR�PXQGR�� GHSRLV� GH�REVHUYDGR�R�GXSOR� grau de jurisdição, a execução de uma condenação fica suspensa aguardanGR�UHIHUHQGR�GD�6XSUHPD�&RUWH´� Diante desse novo entendimento, podemos afirmar, então que é válida a execução provisória de sentença penal condenatória em segundo grau de jurisdição. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 40 2. Ação Penal Princípio da Indivisibilidade Conceito: 4XDQGR� HVWXGDPRV� R� DVVXQWR� ³DomR� SHQDO´� XP� WHPD� PXLWR� importante é o princípio da indivisibilidade. O princípio da indivisibilidade significa que a ação penal deve ser proposta contra todos os autores e partícipes do delito. Exemplo: se o crime foi cometido por João e por José, a ação penal deverá ser ajuizada contra ambos, não podendo, em regra, ser proposta apenas contra José, a não ser que haja algum motivo jurídico que autorize (um deles já morreu, é doente mental, é menor de 18 anos, não há provas contra ele etc.). Ou seja, em tese, não é possível que seja denunciado apenas um deles. Previsão normativa O princípio da indivisibilidade está insculpido no art. 48 do CPP: Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 40 Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade Assim, de acordo com a própria lei, o princípio da indivisibilidade significa que a ação penal deve ser proposta contra todos os autores e partícipes do delito. De acordo com a jurisprudência, o princípio da indivisibilidade só é aplicável à ação pena privada (art. 48 do CPP), por conta do próprio termo que o legislador utiliza: ³TXHL[D´, que é o nome da peça inaugural da ação penal privada. Três perguntas podem ser feitas de acordo com o que foi dito até agora: a) O que acontece se a ação penal privada não for proposta contra todos? b) O que ocorre se um dos autores ou partícipes, podendo ser processado pelo querelante, ficar de fora? c) Qual é a consequência do desrespeito ao princípio da indivisibilidade? As respostas para as perguntas estão nos pontos seguintes: x Se a omissão foi VOLUNTÁRIA (DELIBERADA, DECIDIDA): se o querelante deixou, deliberadamente, de oferecer queixa contra um dos autores ou partícipes, o juiz deverá rejeitar a Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 40 queixa e declarar a extinção da punibilidade para todos (arts. 104 e 109, V, do CP). Todos ficarão livres do processo. x Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA: o MP deverá requerer a intimação do querelante para que ele faça o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes que ficaram de fora. Portanto, conclui-se que a não inclusão de eventuais suspeitos na queixa-crime não configura, por si só, renúncia tácita ao direito de queixa. Para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, exige-se a demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma deliberada pelo querelante. STJ. 5ª Turma. RHC 55.142-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/5/2015. De acordo com o STJ: (...) O reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa exige a demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-crime se deu de forma deliberada pelo querelante. STJ. 5ª Turma. HC 186.405/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 02/12/2014. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 40 Por outro lado, na ação penal pública não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o MP não está obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não se podendo falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi denunciado. Isso porque o MP é livre para formar sua convicção, incluindo na denúncia as pessoas que ele entenda terem praticado o crime, mediante a constatação de indícios de autoria e materialidade. STJ. 6ª Turma. RHC 34.233-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 6/5/2014. O Ministério Público não é obrigado a denunciar todos os envolvidos nos fatos tidos por delituosos, dado que não vigora, na ação penal pública incondicionada, o princípio da indivisibilidade. O princípio da indivisibilidade preconiza que a ação penal deve ser proposta contra todos os autores do delito. O princípio da indivisibilidade é aplicado à ação penal privada, mas não incide no caso de ações penais públicas. O MP pode intentar a ação penal contra um autor, enquanto investiga o outro, por exemplo. Assim, o Parquet é livre paraformar sua convicção, incluindo na denúncia as pessoas que ele entenda que praticaram os crimes, não se podendo falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi denunciado. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 40 Denúncia com base em inquérito civil Outro entendimento jurisprudencial importante para você ficar ligado é que é possível o oferecimento de ação penal (denúncia) com base em provas colhidas no âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério Público. Esse é também o entendimento do STJ: O inquérito civil público, previsto como função institucional do Ministério Público, nos termos do art. 129, inciso III, da Constituição de República, pode ser utilizado como elemento probatório hábil para embasar a propositura de ação penal. ´Muito embora não possa o membro do Parquet presidir o inquérito policial, é conferido, ao Ministério Público, o poder de investigar, como já fora decidido em habeas corpus julgados pelo Supremo Tribunal Federal e por esta Quinta Turma. (...) (HC 179.223/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 20/08/2013)´ PROCURAÇÃO PARA QUEIXA-CRIME Outro assunto importante dentro do tema de ação penal é o que versa sobre os poderes de que deve gozar o advogado do ofendido para Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 40 que seja possível a propositura da ação penal privada, ou seja, o advogado da parte ofendida deve possuir procuração com poderes específicos para ajuizar a ação penal privada. A procuração deve conter o nome do querelado, e a menção ao fato delituoso, para o STJ, a menção ao fato delituoso deve ser entendida como a capitulação penal ou o ³QRPHQ� LXULV´, não necessitando ser identificada a conduta. Por outro lado, para o STF, a menção ao fato delituoso engloba a individualização do evento delituoso, não bastando apenas que seja mencionado o nomen iuris. 3. Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha). Outro tema importante para os estudos, focando carreiras policiais, é a Lei Maria da Penha. Um dos temas que é enfrentado com frequência pelo STJ. Para começarmos, é preciso saber o sujeito ativo e o sujeito passivo da violência doméstica. O sujeito passivo da violência doméstica obrigatoriamente deve ser uma pessoa do sexo feminino (criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino). Já, o sujeito ativo pode ser pessoa do sexo masculino ou feminino. Mas professor, não se aplica contra o homem? Não é inconstitucional isso? Não, pois o próprio STF já se manifestou. Vejamos: Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 40 Não há violação do princípio constitucional da igualdade no fato de a Lei nº 11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres (STF). Assim, são os requisitos para que ocorra a violência doméstica. Vejamos: 9 Sujeito passivo (vítima) deve ser pessoa do sexo feminino (não importa se criança, adulta ou idosa, desde que seja do sexo feminino); 9 Sujeito ativo pode ser pessoa do sexo masculino ou feminino; 9 Violência baseada em relação íntima de afeto, motivação de gênero ou situação de vulnerabilidade, nos termos do art. 5º da Lei. Outro detalhe importante, a norma deixa evidente que é possível a aplicação da Lei Maria da Penha mesmo que agressor e vítima não vivam sob o mesmo teto. Pois, o art. 5º, III, da Lei afirma que há violência doméstica em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Possibilidades de aplicação da Lei Maria da Penha (decisões do STJ) Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 40 Filho contra a mãe Filha contra mãe Pai contra filha Irmão contra irmã Genro contra sogra Nora contra sogra Padrasto (ou companheiro) contra enteada Tia contra sobrinha Ex-namorado contra ex-namorada Seguindo, os tribunais já mencionaram em vários julgados que a Lei nº 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, objetiva proteger a mulher da violência doméstica e familiar, até aqui tudo bem, mas quais são essas violências. Vejamos: 9 cause morte; 9 lesão corporal; 9 sofrimento físico; 9 sexual ou psicológico; 9 e dano moral ou patrimonial. Cabe lembrar que o crime tem que ser cometido no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 40 Outra coisa, a violência doméstica, segundo o STJ, abrange qualquer relação íntima de afeto, dispensada a coabitação. Assim, para o mesmo tribunal, para a aplicação da Lei n. 11.340/2006, há necessidade de demonstração da situação de vulnerabilidade ou hipossuficiência da mulher, numa perspectiva de gênero. A vulnerabilidade, hipossuficiência ou fragilidade da mulher têm-se como presumidas nas circunstâncias descritas na Lei n. 11.340/2006. Não esqueçam que, segundo o STJ, a agressão do namorado contra a namorada, mesmo cessado o relacionamento, mas que ocorra em decorrência da relação está inserida na hipótese do art. 5º, III, da Lei n. 11.340/06, caracterizando a violência doméstica. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher têm competência cumulativa para o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 14, da Lei n. 11.340/2006. Pessoal, a Lei traz medidas protetivas, assim o STJ deixou evidente que o descumprimento de medida protetiva de urgência não configura o Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 40 crime de desobediência, em face da existência de outras sanções previstas no ordenamento jurídico para a hipótese. Outra decisão muito importante, e que provavelmente será exigida na sua prova, é que não é possível a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria (estudamos na aula anterior) nos delitos praticados com violência ou grave ameaça no âmbito das relações domésticas e familiares. Além dessas decisões as quais mencionamos acima, vamos destacar outrasimportantes para a prova de vocês. Vejamos: 9 É cabível a decretação de prisão preventiva para garantir a execução de medidas de urgência nas hipóteses em que o delito envolver violência doméstica; 9 Nos crimes praticados no âmbito doméstico e familiar, a palavra da vítima tem especial relevância para fundamentar o recebimento da denúncia ou a condenação, pois normalmente são cometidos sem testemunhas; 9 A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha; 9 É inviável a substituição da pena privativa de liberdade por Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 40 restritiva de direitos nos casos de violência doméstica, uma vez que não preenchidos os requisitos do art. 44 do CP; 9 O habeas corpus não constitui meio idôneo para se pleitear a revogação de medidas protetivas previstas no art. 22 da Lei n. 11.340/2006 que não implicam constrangimento ao direito de ir e vir do paciente; 9 A audiência de retratação prevista no art. 16 da Lei n. 11.340/06 apenas será designada no caso de manifestação expressa ou tácita da vítima e desde que ocorrida antes do recebimento da denúncia. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher não se aplica a Lei dos Juizados Especiais (Lei n.° 9.099/95), mesmo que a pena seja menor que 2 anos. O STF decidiu que este art. 41 é constitucional e que, para a efetiva proteção das mulheres vítimas de violência doméstica, foi legítima a opção do legislador de excluir tais crimes do âmbito de incidência da Lei n.° 9.099/95. Cabe ressaltar que a Lei n.° 9.099/95 não se aplica nunca e para nada que se refira à Lei Maria da Penha. O STJ afirmava que a inaplicabilidade da Lei n.° 9.099/95 significava apenas que os institutos despenalizadores da Lei dos Juizados é que não poderiam ser utilizados na Lei Maria da Penha, ou seja, transação penal e suspensão condicional do processo. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 40 O STF foi além e disse que, além dos institutos despenalizadores, nenhum dispositivo da Lei n.° 9.099/95 pode ser aplicado aos crimes protegidos pela Lei Maria da Penha. Dessa forma, a Lei n.° 11.340/06 exclui de forma absoluta a aplicação da Lei n.° 9.099/95 aos delitos praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas e familiares. Segundo os tribunais, o crime de lesão corporal contra mulher, ainda que leve ou culposo, se praticado contra a mulher no âmbito das relações domésticas e familiares, deve ser processado mediante ação penal pública incondicionada. Assim, em caso de lesões corporais leves ou culposas que a mulher for vítima, em violência doméstica, o procedimento de apuração na fase pré-processual é o inquérito policial e não o termo circunstanciado. Outra coisa, a mulher que sofreu lesões corporais leves de seu marido, arrependida e reconciliada com o cônjuge, procura o delegado, o promotor ou o juiz dizendo que gostaria que o inquérito ou o processo não tivesse prosseguimento, esta manifestação não terá nenhum efeito jurídico, devendo a tramitação continuar normalmente. E ainda, se um vizinho, por exemplo, presencia a mulher apanhando do seu marido e comunica ao delegado de polícia, este é obrigado a instaurar um inquérito policial para apurar o fato, ainda que contra a vontade da mulher. A vontade da mulher ofendida passa a ser absolutamente Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 40 irrelevante. Pessoal, para fecharmos esta aula, é preciso saber que a Lei Maria da Penha não traz um rol de crimes em seu texto. Esse não foi seu objetivo. A Lei n.° 11.340/2006 trouxe regras processuais instituídas para proteger a mulher vítima de violência doméstica, mas sem tipificar novas condutas, salvo uma pequena alteração feita no art. 129 do CP. Vimos que recentemente foi incluído o crime de feminicídio no art. 121 do CP, assim, muito cuidado na sua prova, pois a Lei não faz menção ao crime. Entretanto, vale ressaltar que as medidas protetivas da Lei Maria da Penha poderão ser aplicadas à vítima de tentativa do feminicídio. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 40 Questões propostas 01. (CESPE ± Juiz Federal - TRF5 ± 2015) No que tange aos princípios básicos do direito penal e à interpretação da lei penal, Julgue o item abaixo. Embora o princípio da legalidade proíba o juiz de criar figura típica não prevista na lei, por analogia ou interpretação extensiva, o julgador pode, para benefício do réu, combinar dispositivos de uma mesma lei penal para encontrar pena mais proporcional ao caso concreto. 02. (CESPE ± Promotor de Justiça - MPAC ± 2014) Prevalece na doutrina o entendimento de que constitui ofensa ao princípio da legalidade a existência de leis penais em branco heterogêneas, ou seja, daquelas cujos complementos provenham de fonte diversa da que tenha editado a norma que deva ser complementada. 03. (CESPE ± PRF ± Policial Rodoviário Federal ± 2013) O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 40 04. (CESPE ± DPE-DF ± Defensor Público ± 2013) Com relação aos conceitos, objetivos e princípios do direito penal, às penas restritivas de direitos, ao livramento condicional e à reincidência, julgue os itens subsecutivos. A versão clássica do modelo penal garantista ideal se funda sob os princípios da legalidade estrita, da materialidade e lesividade dos delitos, da responsabilidade pessoal, do contraditório entre as partes e da presunção de inocência. 05. (CESPE ± TRE-MS ± Analista Judiciário ± 2013) Julgue o item a seguir. O princípio da legalidade ou princípio da reserva legal não se estende às consequências jurídicas da infração penal, em especial aos efeitos da condenação, nem abarca as medidas de segurança. 06. (CESPE ± DPE-TO ± Defensor Público ± 2013) Julgue o item a seguir. Os princípios da legalidade e da irretroatividade da lei penal são aplicáveis à pena cominada pelo legislador, aplicada pelo juiz e executada pela administração, não sendo, todavia, esses princípios extensíveisàs medidas de segurança, dotadas de escopo curativo e não punitivo. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 40 07. (CESPE ± TJAC ± Técnico Judiciário ± 2012) Julgue o item a seguir. Dado o princípio da legalidade, o Poder Executivo não pode majorar as penas cominadas aos crimes cometidos contra a administração pública por meio de decreto. 08. (CESPE ± PCAL ± Agente de Polícia) Julgue o item a seguir. Em caso de urgência, a definição do que é crime pode ser realizada por meio de medida provisória. 09. (CESPE ± DETRAN-DF ± Analista Advocacia ± 2009) Julgue o item a seguir. O princípio da legalidade veda o uso da analogia in malam partem, e a criação de crimes e penas pelos costumes. 10. (CESPE ± TJDFT ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± 2013) Se o titular da ação penal deixa, sem expressa manifestação ou justificação do motivo, de incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos indiciados e o juiz recebe a denúncia, ocorre arquivamento indireto. 11. (2016 ± CESPE ± DPU - Assistente Social) Com referência às disposições da legislação específica relativa aos idosos e às mulheres, julgue o item que se segue. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 40 A violência doméstica e familiar contra a mulher é caracterizada pela ação ou omissão que ocasione morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, além de dano moral ou patrimonial, ocorrido em espaço de convívio permanente ou esporádico de pessoas, com ou sem vínculo familiar. (2015 ± FCC - DPE-RR - Assistente Social) Em relação à assistência judiciária prevista na Lei n° 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), julgue os itens abaixo. 12. As medidas protetivas de urgência devem ser concedidas e aplicadas pelo advogado que compõe a equipe multidisciplinar da Defensoria Pública, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 13. Na aplicação de medidas protetivas de urgência concedidas pelo juiz, é obrigatório que a mulher em situação de violência doméstica e familiar seja acompanhada de advogado. (2015 ± FUNCAB - PC-AC - Perito Criminal) Com base na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), julgue os itens abaixo. 14. A competência para o processo e julgamento dos delitos decorrentes de violência doméstica é determinada exclusivamente Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 40 pelo domicílio ou pela residência da ofendida por economia processual e objetivando facilitar a prática dos atos processuais. 15. Após registrar a ocorrência de violência doméstica e familiar em uma Unidade de Polícia Judiciária e, em consequência, ter sido instaurado inquérito policial, a vítima, desejando impedir o prosseguimento da investigação criminal, deve manifestar expressamente o seu desejo de renúncia diretamente à autoridade policial. 16. (UEG - 2013 - PC-GO - Escrivão de Polícia Civil) Sobre o crime de ameaça praticado no contexto de violência doméstica (Lei n. 11.340/2006), julgue os itens. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, verifica-se que a ação penal é condicionada a representação da ofendida. 17. (Cespe - 2008 ± Analista Judiciário ± STF) Em caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, caberão medidas protetivas de urgência, que poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do MP ou a pedido da ofendida, devendo necessariamente o juiz ouvir as partes e o MP antes da decisão sobre as medidas. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 40 18. (Cespe ± 2012 - PC-AL ± Escrivão de Polícia) Conforme a referida lei, consideram-se violência sexual as ações ou omissões que impeçam a mulher de usar qualquer método contraceptivo ou que a forcem à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 40 Questões comentadas 01. (CESPE ± Juiz Federal - TRF5 ± 2015) No que tange aos princípios básicos do direito penal e à interpretação da lei penal, Julgue o item abaixo. Embora o princípio da legalidade proíba o juiz de criar figura típica não prevista na lei, por analogia ou interpretação extensiva, o julgador pode, para benefício do réu, combinar dispositivos de uma mesma lei penal para encontrar pena mais proporcional ao caso concreto. Comentários: O juiz não pode se valer de tal técnica, pois isso violaria o princípio da legalidade, na medida em que o juiz, membro do Poder Judiciário, estaria criando uma lex tertia, ou seja, estaria criando uma terceira lei, combinando dois dispositivos legais, mesmo que para benefício do réu essa conduta viola o princípio da legalidade e, portanto, é vedada pelo nosso ordenamento jurídico. Gabarito: E. 02. (CESPE ± Promotor de Justiça - MPAC ± 2014) Prevalece na doutrina o entendimento de que constitui ofensa ao princípio da legalidade a existência de leis penais em branco heterogêneas, ou seja, daquelas cujos complementos provenham Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 40 de fonte diversa da que tenha editado a norma que deva ser complementada. Comentários: O item está incorreto, pois é totalmente valida a existência de leis penais em branco, sejam elas heterogêneas ou homogêneas. Um exemplo é a lei de drogas (11.343/06) no bojo da qual temos que o conceito de droga está estampado em uma norma infralegal, ou seja, em uma portaria do Ministério da Saúde. Prevalece na doutrina que isso não viola o princípio da legalidade. Gabarito: E. 03. (CESPE ± PRF ± Policial Rodoviário Federal ± 2013) O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito. Comentários: É esse o conceito do princípio da legalidade, ou seja, apenas por lei em sentido estrito, ou seja, lei ordinária ou complementar é que podem ser criadas condutas criminosas. Os fatos típicos devem ser criados a partir de Leis e isso é um princípiolimitador do direito de punir, pois é através dele que as pessoas não podem ser punidas por condutas que podem ser, Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 40 a princípio, imorais, mas não criminosas do ponto de vista formal, pois não são incriminadas pela lei penal. Gabarito: C. 04. (CESPE ± DPE-DF ± Defensor Público ± 2013) Com relação aos conceitos, objetivos e princípios do direito penal, às penas restritivas de direitos, ao livramento condicional e à reincidência, julgue os itens subsecutivos. A versão clássica do modelo penal garantista ideal se funda sob os princípios da legalidade estrita, da materialidade e lesividade dos delitos, da responsabilidade pessoal, do contraditório entre as partes e da presunção de inocência. Comentários: O modelo penal garantista é um modelo que tenta sempre garantir ao acusado por uma conduta delituosa a maior parte das benesses. Ou seja, legalidade estrita (são crime apenas aqueles previstos em lei em sentido estrito), materialidade e lesividade (princípio da insignificância), responsabilidade pessoal, contraditório e presunção de inocência são os pilares de um modelo garantista, pois todos esses princípios trazem garantias para os acusados de crimes. Gabarito: C. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 40 05. (CESPE ± TRE-MS ± Analista Judiciário ± 2013) Julgue o item a seguir. O princípio da legalidade ou princípio da reserva legal não se estende às consequências jurídicas da infração penal, em especial aos efeitos da condenação, nem abarca as medidas de segurança. Comentários: O princípio da legalidade estende seus efeitos às consequências jurídicas do delito, principalmente em relação aos efeitos da condenação e abarca as medidas de segurança sim. O princípio estampado no art. 1°, do CP menciona que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal, ou seja, para que haja crime, devemos ter uma lei anterior definindo a conduta como delituosa. Quanto à pena, o princípio também abrange as medidas de segurança e não apenas as penas privativas de liberdade, ou restritivas de direito. Gabarito: E. 06. (CESPE ± DPE-TO ± Defensor Público ± 2013) Julgue o item a seguir. Os princípios da legalidade e da irretroatividade da lei penal são aplicáveis à pena cominada pelo legislador, aplicada pelo juiz e executada pela administração, não sendo, todavia, esses Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 40 princípios extensíveis às medidas de segurança, dotadas de escopo curativo e não punitivo. Comentários: Mais uma vez o item restringiu a aplicação do princípio da legalidade apenas às penas e não às medidas de segurança, o que está incorreto, de acordo com o comentário da questão anterior. Gabarito: E. 07. (CESPE ± TJAC ± Técnico Judiciário ± 2012) Julgue o item a seguir. Dado o princípio da legalidade, o Poder Executivo não pode majorar as penas cominadas aos crimes cometidos contra a administração pública por meio de decreto. Comentários: Tal medida violaria o princípio da legalidade, pois a quem compete majorar penas é à Lei, que é produzida pelo Congresso Nacional, uma vez que compete à União legislar sobre direito penal. Gabarito: C. 08. (CESPE ± PCAL ± Agente de Polícia) Julgue o item a seguir. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 40 Em caso de urgência, a definição do que é crime pode ser realizada por meio de medida provisória. Comentários: Medida provisória não pode definir conduta criminosa. À Lei é reservada tal função. Ainda que exista urgência, a definição daquilo que é crime não pode ser feita por medida provisória. Mesmo assim, de acordo com o STF pode haver medida provisória versando sobre Direito Penal, desde que seja uma medida provisória que traga uma vantagem ou benefício para o réu. Gabarito: E. 09. (CESPE ± DETRAN-DF ± Analista Advocacia ± 2009) Julgue o item a seguir. O princípio da legalidade veda o uso da analogia in malam partem, e a criação de crimes e penas pelos costumes. Comentários: Nesse caso, de acordo com o princípio da legalidade, é vedada a analogia em prejuízo do réu. Na mesma toada, a criação de crimes por meio de costumes é totalmente vedada pelo princípio estampado no art. 1°, do CP. Gabarito: C. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 40 10. (CESPE ± TJDFT ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± 2013) Se o titular da ação penal deixa, sem expressa manifestação ou justificação do motivo, de incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos indiciados e o juiz recebe a denúncia, ocorre arquivamento indireto. Comentários: O que ocorre quando o titular da ação penal deixa de incluir em sua denúncia um fato ou então algum indiciado, ocorre o chamado arquivamento implícito, que é vedado pelo nosso ordenamento jurídico. Gabarito: E. 11. (2016 ± CESPE ± DPU - Assistente Social) Com referência às disposições da legislação específica relativa aos idosos e às mulheres, julgue o item que se segue. A violência doméstica e familiar contra a mulher é caracterizada pela ação ou omissão que ocasione morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, além de dano moral ou patrimonial, ocorrido em espaço de convívio permanente ou esporádico de pessoas, com ou sem vínculo familiar. Comentários: Primeira coisa que vocês têm que saber! Quem pode ser sujeito ativo e sujeito passivo da violência doméstica? Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 40 9 O sujeito passivo da violência doméstica deve ser uma pessoa do sexo feminino (criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino); 9 O sujeito ativo pode ser pessoa do sexo masculino ou feminino. O STJ vem entendendo ser aplicada somente para as mulheres. Outra coisa, é possível que haja violência doméstica mesmo que agressor e vítima não convivam sob o mesmo teto (não morem juntos). Isso porque o art. 5º, III, da Lei afirma que há violência doméstica em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentementede coabitação. Gabarito: C. (2015 ± FCC - DPE-RR - Assistente Social) Em relação à assistência judiciária prevista na Lei n° 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), julgue os itens abaixo. 12. As medidas protetivas de urgência devem ser concedidas e aplicadas pelo advogado que compõe a equipe multidisciplinar da Defensoria Pública, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. Comentários: As medidas protetivas de urgência: 9 poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado; Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 40 9 serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados; 9 poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. O STJ deixou evidente que o descumprimento de medida protetiva de urgência não configura o crime de desobediência, em face da existência de outras sanções previstas no ordenamento jurídico para a hipótese. Gabarito: E. 13. Na aplicação de medidas protetivas de urgência concedidas pelo juiz, é obrigatório que a mulher em situação de violência doméstica e familiar seja acompanhada de advogado. Comentários: Questão muito batida! Não é obrigatório! Gabarito: E. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 40 (2015 ± FUNCAB - PC-AC - Perito Criminal) Com base na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), julgue os itens abaixo. 14. A competência para o processo e julgamento dos delitos decorrentes de violência doméstica é determinada exclusivamente pelo domicílio ou pela residência da ofendida por economia processual e objetivando facilitar a prática dos atos processuais. Comentários: Segundo a norma, é competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos pela Lei Maria da Penha, o Juizado: 9 do seu domicílio ou de sua residência; 9 do lugar do fato em que se baseou a demanda; 9 do domicílio do agressor. Outra informação importante, é que, segundo o STJ, os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher têm competência cumulativa para o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 14, da Lei n. 11.340/2006. Gabarito: E. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 40 15. Após registrar a ocorrência de violência doméstica e familiar em uma Unidade de Polícia Judiciária e, em consequência, ter sido instaurado inquérito policial, a vítima, desejando impedir o prosseguimento da investigação criminal, deve manifestar expressamente o seu desejo de renúncia diretamente à autoridade policial. Comentários: Segundo o Superior Tribunal de Justiça a violência doméstica contra a mulher constitui delito de ação penal pública incondicionada. Gabarito: E. 16. (UEG - 2013 - PC-GO - Escrivão de Polícia Civil) Sobre o crime de ameaça praticado no contexto de violência doméstica (Lei n. 11.340/2006), julgue os itens. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, verifica-se que a ação penal é condicionada a representação da ofendida. Comentários: O STF declarou a constitucionalidade da Lei nº 11.340/06, conferindo interpretação conforme à Constituição aos artigos 12, I, 16 e 41 da Lei nº 11.340/2006, no sentido de que não se aplica a Lei nº 9.099/95 aos crimes cometidos no âmbito da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06). Com efeito, os crimes de lesão corporal, ainda que de natureza leve, Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 40 FRPHWLGRV� FRP� ³YLROrQFLD� GRPpVWLFD´�� VHUmR� GH� DomR� SHQDO� S~EOLFD� incondicionada, aplicando-se, portanto, a norma geral do código penal. Da mesma forma, aplica-se a disciplina disposta no código penal quanto à modalidade de ação penal nos crimes de ameaça, ou seja, ação penal pública condicionada à representação, nos termos do parágrafo único do artigo 147 do Código Penal. Gabarito: C. 17. (Cespe - 2008 ± Analista Judiciário ± STF) Em caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, caberão medidas protetivas de urgência, que poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do MP ou a pedido da ofendida, devendo necessariamente o juiz ouvir as partes e o MP antes da decisão sobre as medidas. Comentários: Independe de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, devendo aquele ser prontamente comunicado. Gabarito: E. 18. (Cespe ± 2012 - PC-AL ± Escrivão de Polícia) Conforme a referida lei, consideram-se violência sexual as ações ou omissões que impeçam a mulher de usar qualquer método contraceptivo ou que a forcem à Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 40 gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação. Comentários: Isso mesmo pessoal, segundo a Lei é violência sexual: Art. 7 (...) ³III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus GLUHLWRV�VH[XDLV�H�UHSURGXWLYRV�´ Gabarito: C. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 00 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 40 01.E 02.E 03.C 04.C 05.E 06.E 07.C 08.E 09.C 10.E 11.C 12.E 13.E 14.E 15.E 16.C 17.E 18.C
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