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1 Profª Maria Martha P. Pereira HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: da PRÉ-HISTÓRIA aos PRIMEIROS SÉCULOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA UNIDADE I INTRODUÇÃO Caro (a) cursista, Temos grande satisfação de iniciarmos este contato com você, especialmente através desta nova disciplina, História da Educação Brasileira, envolvente por si e pelas suas relações interdisciplinares. Você está fazendo um Curso que o (a) habilitará para o magistério, e a educação musical faz parte da formação do professor. As políticas atuais para a educação enfatizam que ela deve ser cada vez mais ampla, envolvendo os alunos em todas as suas dimensões. Felizmente, está começando a ser implantada a educação em tempo integral. Os governos certamente despertaram para a necessidade de oferecer aos alunos, não só os conhecimentos considerados básicos, mas, também, atividades de enriquecimento, em outro turno, com laboratórios de ciências físicas e biológicas, dança, teatro, esporte e música... Aí está o seu espaço; aí está sua participação... Essa participação do professor de música, entretanto, supõe um preparo, uma formação. Mesmo através da música, o professor tem de saber onde deve e quer ir. Há fundamentos que dão suporte à educação e lhe oferecem os rumos. Entre esses fundamentos está a História da Educação. Conforme Luzuriaga (1987), A História da Educação é parte da História da Cultura, tal como esta, por sua vez, é parte da História Geral. Não é fácil definir a História da Educação Brasileira 2 História, da qual têm sido dadas muitíssimas interpretações. Para nós, a História é o estudo da realidade humana ao longo do tempo. Não é, pois, matéria apenas do passado, senão que o presente também lhe pertence, como corte ou seção, no desenvolvimento da vida humana. Por outro lado, a História da Cultura se refere aos produtos da mente humana, tais como se manifesta na arte, na técnica, na ciência, na moral ou na religião e em suas instituições correspondentes. A educação é uma dessas manifestações culturais. Então, você está aberto (a) para esta nova disciplina do curso? Já a estudou em outros cursos que fez? Percebeu as possibilidades de trabalho que você terá como professor (a) de educação musical? Vamos em frente. Veja a mensagem desta quadrinha: “Olhando a vida vivida, Uma pergunta passou: _Fui eu que fiz minha vida, Ou fez-me a vida quem sou? Uma sugestão: Realize as atividades propostas, ao longo do texto, porque elas o (a) ajudarão a compreender e a fixar os conteúdos. Atividade 1 Coloque os conceitos em seqüência lógica: 1 – História da Cultura 2 - História da Educação 3 - História Geral __________________ ____________________ __________________ 3 Na estrutura curricular do seu Curso, está determinado que, neste período, será estudada a História da Educação Brasileira, que, por sua vez, faz parte da História da Educação em Geral. Para chegarmos à História da Educação Brasileira, vamos dar-lhe uma visão dos períodos históricos, que antecederam o descobrimento do Brasil (1500- Séc. XVI), a fim de que possa haver uma seqüência lógica de idéias. Como diz Arruda (1996) A História do Brasil Colônia, no século XVI, não pode ser desvinculada dos acontecimentos da Europa, já que a colonização resulta da necessidade de expansão da burguesia enriquecida com a Revolução Comercial. As colônias representam não só a ampliação do comércio, como também são fornecedoras de produtos tropicais e metais preciosos. Os principais objetivos que temos para esta disciplina são: 1. Distinguir as relações sóciopolíticas e econômicas que geram as práticas educativas em cada sociedade; 2. Caracterizar os vários aspectos da realidade educacional nos diferentes contextos históricos por que passa a sociedade; 3. Identificar os valores, idéias e organização da educação brasileira nos diversos períodos; 4. Destacar o papel da escola, do professor e do aluno, assim como o enfoque dos conteúdos e da avaliação nos diferentes períodos da educação brasileira. A nossa concepção de História da Educação não se restringe à simples exposição de fatos e idéias, de acordo com uma cronologia. Mais que isso: defende a seleção de elementos significativos entre os quais se estabelecem conexões, a fim de que se torne possível melhor compreender o fenômeno educativo. Abordaremos cada tema na seguinte seqüência: 1) Contexto histórico 2) Educação 4 Ao iniciarmos cada tema com a apresentação do contexto histórico, pretendemos demonstrar como as questões relativas à educação são geradas a partir das relações econômicas, sociais e políticas de que fazem parte indissolúvel. A História da Educação caminha no sentido das idéias filosóficas à sua repercussão nas rotinas e no dia-a-dia das escolas. No percurso inverso, ultrapassa as práticas escolares e pergunta-lhes quais as suas aproximações e suas distâncias em relação aos ideais pedagógicos de cada época. Apresentamos-lhe a linha do tempo, para que você possa situar os períodos da História da Educação que antecederam o século XVI. Nosso objetivo é reconstruir, ainda que de forma panorâmica, as diversas e singulares maneiras como as diferentes sociedades refletiram, propuseram e atuaram na educação. Para dar-lhe uma visão geral dos períodos da História da Educação, apresentamos-lhe esta linha de tempo. Observe a linha do tempo e localize nela a Idade Moderna, período que se situa entre os anos de 1453 (séc. XV) e 1789 (séc. XVIII). Será aí que, citando Saviani (2007) 5 “o Brasil entra para a história da chamada civilização ocidental e cristã, em 1500, com a chegada dos portugueses”. Vamos conhecer um pouco dos períodos que precederam a História da Educação Brasileira? ATIVIDADE 2 Com a linha de tempo à sua frente, identifique as duas grandes divisões históricas: A Pré-História e a História, cuja separação convencionou-se fazer, tomando como marco o aparecimento da escrita. Assinale os itens corretos: 1) Os quatro períodos abrangidos pela História são: ( ) A Idade Antiga ( ) A Idade Média ( ) A Idade Moderna ( ) A Idade Contemporânea 2) O nome dos três períodos situados na Pré-História são: ( ) O Paleolítico ( ) O Neolítico ( ) A Idade dos Metais 3) O início da colonização brasileira ocorreu: ( ) Na Idade Média ( ) Na Idade Moderna ( ) Na Idade Contemporânea Como dissemos, anteriormente, vamos começar pelo começo de tudo. Iniciaremos pela Pré-História. Faremos um percurso por ela para conhecer os povos primitivos. 6 A PRÉ-HISTÓRIA E OS POVOS PRIMITIVOS 1 – CONTEXTO O termo Pré-História é usado para definir os períodos do passado, que não foram registrados intencionalmente pelos homens. Esse registro refere-se, sobretudo, à escrita. A Pré-História começa com o aparecimento do homem e só termina quando surgem registros escritos. Há uma divisão tradicional (e polêmica) da Pré-História: 1) Idade da Pedra Lascada ou Paleolítico 2) Idade da Pedra Polida ou Neolítico 3) Idade dos Metais PRÉ-HISTÓRIA HISTÓRIA Paleolítico Neolítico Idade dos Metais Escrita O PALEOLÍTICO – o homem coletor Paleolítico: Coleta de alimentos No decorrer do período Paleolítico: (Do grego: palaiós (=antigo) + lithos (=pedra)), para obter alimentos, o homem, geralmente nômade, tinha como principais atividades a 7 coleta de frutos, grãos e raízes, a caça e a pesca. Além disso, o primitivoaprendeu a construir seus primeiros instrumentos feitos com pedaços de madeira, de osso e de pedra. O homem teve de aprender a cooperar e a organizar-se socialmente. Da eficiência dessa cooperação dependia o sucesso de várias ações como, por exemplo, a caçada. Nesse período, apareceram surpreendentes manifestações artísticas, registradas em figuras entalhadas na pedra, em pinturas gravadas em paredes das cavernas, na modelagem de animais em barro. O NEOLÍTICO: o homem produtor O homem sedentário O Neolítico: (Do grego: neos (=novo) + lithos (=pedra)) é o período em que se estabeleceram novas relações entre o homem e o meio ambiente. Graças à adoção do modo de vida sedentário, o primitivo passou a interferir no meio ambiente, procurando controlar as fontes de sua alimentação. Começou, então, a cultivar plantas e a domesticar animais, libertando-se das mãos meramente coletoras e passando a depender, cada vez mais, das mãos produtoras. A adoção de atividades agrícolas e pastoris foi responsável pela fixação do homem na sua comunidade, o que ocasionou, também, o crescimento populacional e o surgimento das primeiras cidades. O desenvolvimento das atividades produtivas foi acompanhado por importantes alterações na vida social, pois elas provocaram uma crescente divisão do trabalho e uma especialização de funções. Entretanto, essa divisão de tarefas não chegou a 8 prejudicar a organização comunitária da aldeia, pois a terra e o rebanho eram considerados propriedades coletivas do grupo. A vida espiritual desenvolveu-se com o aparecimento de preocupações e temores ligados às atividades exercidas, o que era expresso através de novos ritos mágico- religiosos. A IDADE DOS METAIS: transição da Pré-História à História Nesse período, continuava a evolução. O homem, que aprendeu a usar madeiras, pedras, ossos e barro para a confecção de armas e utensílios, descobriu, também, o uso dos metais. O primeiro foi o cobre, depois o bronze, metal mais resistente com o qual foi possível confeccionar lanças, espadas, capacetes, viseiras e outros objetos. O domínio do uso do ferro constituiu outro passo importantíssimo na evolução humana e na sua luta pela sua sobrevivência. Nessa altura, já se pode afirmar que o homem deu início à metalurgia. 2 – A EDUCAÇÃO ENTRE OS POVOS PRIMITIVOS A respeito dessa questão, Luzuriaga (1987) nos esclarece: Era essencialmente uma educação natural, espontânea, inconsciente, adquirida na convivência de pais e filhos, adultos e menores. Sob a influência ou direção dos maiores, o ser juvenil aprendia as técnicas elementares necessárias à vida: caça, pesca, pastoreio, agricultura, trabalhos com metais e fainas domésticas. 9 Trata-se, pois, de educação por imitação e co-participação nas atividades vitais. Assim, o jovem aprendia os usos e costumes da tribo, seus cantos e suas danças, seus mistérios e seus ritos, o uso das armas e, sobretudo a linguagem, que constitui seu maior instrumento educativo (p.14)., ATIVIDADE 3 1 – De acordo com o autor, a educação entre os povos primitivos era: ( ) inconsciente ( ) natural ( ) imitativa ( ) intencional ( ) espontânea ( ) escolar 2 – Também a educação atual é inconsciente, imitativa, espontânea e natural? Justifique. Tentamos dar-lhe uma visão sintética do contexto pré-histórico. Esperamos que esses conhecimentos tenham despertado o seu interesse. Desejamos, também, que você tenha percebido a relação entre o contexto histórico e a educação. Sociedade simples Educação simples Para saber mais: Indicamos para consulta: 1 - ARRUDA, M.L. História da educação. São Paulo: Editora Moderna, 1996. Obs.: Este livro é básico, tanto para consulta sobre o contexto, como sobre a educação. 2 – Recorra a bons livros de História Geral 3 - Assista ao filme: Pré-História e as primeiras civilizações. São Paulo, SBJ Produções (25 min) 10 ANTIGUIDADE ORIENTAL A – CONTEXTO O primeiro período após o aparecimento da escrita é o chamado de Idade Antiga. Logo no início desta, surgiram os antigos povos orientais. Aranha (1996) se refere a eles como as civilizações fluviais, por terem se organizado às margens dos grandes rios. No Egito, formou-se a mais antiga dessas civilizações, a qual se desenvolveu às margens do Rio Nilo. Pirâmides do Egito A Mesopotâmia (etimologicamente “entre rios”) surgiu no vale dos rios Tigre e Eufrates por volta do terceiro milênio a.C.. Na Índia, apareceu uma civilização às margens dos rios Indo e Ganges, por volta do ano 2000 a. C. A China, desde a metade do segundo milênio a.C., estabeleceu várias dinastias nas margens dos rios, sobretudo do Huang Ho (Rio Amarelo). A Palestina é uma estreita faixa de terra cortada pelo Rio Jordão e banhada, na costa oeste, pelo Mar Mediterrâneo. Ali despontou uma civilização impregnada de religiosidade e da ação dos profetas. Observe o mapa e localize essas civilizações. 11 Os orientais, embora apresentassem alguns caracteres peculiares, possuíam, também, certos traços comuns. Enquanto que os povos primitivos viviam em tribos, em que as relações sociais permaneciam igualitárias, entre os povos orientais alguns fatores provocaram a divisão social de classes e o aparecimento do Estado. Estado, segundo a Enciclopédia Larrousse Cultural (1988) é “um povo, social, política e juridicamente organizado que, dispondo de uma estrutura administrativa e de um governo próprio, tem soberania sobre determinado território”. Os fatores que provocaram a divisão social das classes e o surgimento do Estado entre os antigos povos orientais foram: o aparecimento dos ofícios especializados, a complexidade das relações sociais e o desenvolvimento da técnica. Apesar de algumas diferenças entre essas civilizações, todas impuseram governos despóticos, de caráter teocrático, porque o poder do rei ou do imperador se sustentava a partir da crença em sua origem divina. Por exemplo: o faraó do Egito era o Supremo Sacerdote e Filho do Deus Sol; o imperador chinês era “Filho do Céu”. � 12 Essas sociedades representaram a transição de uma sociedade sem classes (a primitiva), para uma sociedade de classes. Ainda não possuíam propriedade particular, pois as terras pertenciam ao Estado. Surgiu uma minoria privilegiada pertencente à administração dos negócios, devido à necessidade da organização complexa do trabalho, visando às grandes obras, como irrigação, construção de diques, etc. O Estado se tornava cada vez mais centralizado e poderoso, crescendo, também, a importância dos dirigentes. Desenvolveu-se uma primeira forma de sociedade em que uma minoria, que exercia o poder estatal, foi assumindo o papel de classe exploradora. A invenção da escrita foi outro traço comum dessas civilizações, fato que se associou ao aparecimento do Estado, pois a manutenção da máquina estatal exigiu uma classe especial de funcionários capazes de exercer funções administrativas e legais, cujo registro era imprescindível. Escribas, no Egito e na Palestina; mandarins, na China; magos, na Babilônia e brâmanes, na Índia, além de certas funções culturais e religiosas, monopolizaram a escrita em meio à população analfabeta. Esses povos possuíam grandes personalidades espirituais, como Buda, Confúcio e Moisés, que lhes inspiravam a vida e davam lugar a uma cultura religiosa. Confúcio Buda Moisés As formas de organização política desses povosse tornaram tradicionalistas, apegadas ao passado e resistentes às mudanças. A China, uma das mais conservadoras, manteve-se afastada da influência ocidental até o século XIX. Vamos recapitular? Então realize a atividade 4. 13 ATIVIDADE 4 1 – Entre as primeiras sociedades civilizadas encontravam-se os povos orientais, como ____________________, ____________________, ____________________, ____________________. 2 – Esses povos tinham: ( ) um Estado ( ) uma administração pública ( ) uma organização política ( ) um chefe supremo e único ( ) classes sociais diferentes ( ) governos tiranos 3 – O aparecimento da escrita fez surgir uma classe privilegiada, a dos letrados, ora chamados de ____________________, como no Egito e na Palestina; de ____________________, como na China, ou como ____________________, na Índia. 4 – Entre esses povos, havia grandes personalidades espirituais como ____________________, ____________________, ____________________. B – A EDUCAÇÃO ENTRE OS POVOS ORIENTAIS A respeito da educação entre os povos orientais, Aranha (1996) afirma: Nas civilizações orientais, não há propostas propriamente pedagógicas. As preocupações com a educação permeiam os livros sagrados, que oferecem regras, ideais de conduta e orientação para o enquadramento das pessoas nos rígidos sistemas religiosos e morais. As sociedades tradicionalistas, por serem conservadoras, pretendem perpetuar os costumes e evitar a transgressão das normas. Daí 14 o caráter religioso dos compromissos impostos e nunca discutidos. Em sentido pedagógico, tradição é a transmissão de bens culturais (língua, conhecimentos, costumes, crenças, experiências...) de geração em geração. É um processo inter-humano. O tradicionalismo oriental valorizava a tradição pedagógica e transformava o processo educativo em mera transmissão de conhecimentos, usos e costumes do passado, sem acolher novas aquisições. Só ao passado dirigiu seu olhar, para petrificar- se em suas fórmulas. Em maior ou menor escala, China e Índia, Egito e Babilônia, Palestina e Pérsia eram prisioneiros do passado. Para esses povos, o ideal da educação residia na transmissão exata e fiel do passado, no qual viam a época de sua cultura. Procuravam formar hábitos de pensamento e de ação, idênticos aos do passado, sem desenvolver habilidade alguma que pudesse modificar ou dar abertura às novas situações. A educação consistia em indicar ao indivíduo o que devia fazer, sentir ou pensar. E os conteúdos dos ensinamentos encontravam-se nos livros sagrados. Os orientais chegaram à altura da educação intencional, isto é, eles já tinham consciência de que se podia educar e tratavam de orientar a educação. A educação tradicionalista adquiriu estruturas peculiares nos diferentes povos, segundo os fatores e ideais da tradição imperante. Assim, a educação na Índia ocorreu dentro de um sistema fechado de castas e dependia de uma interpretação gramatical dos textos sagrados. O brâmane era um competente gramático. Os Vedas-India Na China, o detentor dos rumos da educação era o mandarim, o homem do Estado. O maior objetivo da educação aqui era preparar funcionários. Dessa forma, é possível falar de tradicionalismo burocrático. 15 No Egito, a marca que o distinguia no domínio da educação foi a sua orientação prática. Já existia uma iniciação técnica e profissional. Por esse motivo se costuma referir a este povo como de tradicionalismo realista. Bíblia Também a educação na Palestina tinha um fundo de inconfundível tradicionalismo. A idéia de um Messias, pregada e assimilada pelo povo na época dos profetas, ensinava que um Redentor os libertaria da escravidão, para restituí-los ao reino do passado, que haviam perdido. A finalidade da educação era formar fiéis e servidores obedientes a Deus. Isso se fortaleceu com sua grande contribuição à história da cultura: o monoteísmo. ATIVIDADE 5 Vamos refletir, organizar as idéias e aplicá-las? ATIVIDADE 5 1 – Assinale questões que se originam entre os antigos orientais e chegaram até à sociedade atual: ( ) Divisão social de classes ( ) Classes privilegiadas ( ) Elitização do ensino ( ) Dualismo escolar 2 – Podemos inferir (deduzir) que a educação entre os antigos orientais valorizava: ( ) a memorização ( ) a centralização 16 ( ) a inclusão ( ) a intencionalidade ( ) a exclusão ( ) a diretividade 3 – Comparando a sociedade primitiva com as civilizações orientais, aponte as diferenças educacionais entre elas. 4 - Quais as características da educação oriental, que ainda se acham presentes na atualidade? Justifique. AS CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS: GRÉCIA E ROMA As civilizações grega e romana são chamadas de clássicas. Essa denominação se deve ao fato de esses povos terem uma importância muito grande na formação cultural do mundo ocidental. Você já deve ter ouvido e usado o termo “clássico” muitas vezes: música clássica (Chopin, Beethoven e outros); filme clássico, livro clássico, línguas clássicas, arquitetura clássica... Como fontes para estudo de História da Educação, Luzuriaga, Larroyo e Monroe são considerados clássicos: quem deseja informações precisas e profundas nessa área, tem de recorrer a eles. “Clássico”, de acordo com a Enciclopédia Larrousse Cultural, refere-se ao que é considerado como um modelo do gênero. Assim, a civilização greco-romana é chamada de clássica. De fato, os gregos deixaram aos povos ocidentais o interesse pela pesquisa, pelas explicações racionais para os fenômenos da natureza, pela representação do 17 mundo por meio da arte, da literatura e do teatro. E foram eles que criaram uma forma de governo até então desconhecida pelos outros povos: a democracia. Os romanos nos legaram, entre outras coisas, os princípios do direito, ou seja, de que as relações entre as pessoas e os povos devem ser regidas por leis. A GRÉCIA A – CONTEXTO HISTÓRICO A Grécia está situada na Europa Oriental, entre os mares Jônio, Egeu e Mediterrâneo. É um país montanhoso e suas costas apresentam muitos golfos e enseadas. As ilhas são numerosas. Do solo pobre, os gregos tiravam três produtos principais: trigo, uvas e azeitonas. Os gregos são conhecidos também por helenos, por se julgarem descendentes de Heleno, filho de Deucalião e Pirra, que povoaram o mundo após o dilúvio. A História da Grécia compreende três períodos: os tempos heróicos ou homéricos, o período clássico e o helenístico. 18 Os tempos heróicos ou homéricos são os primeiros da história grega, cujos feitos foram embelezados pela imaginação popular e descritos por Homero, nos poemas Ilíada (que narra a guerra de Tróia) e Odisséia (que narra as viagens de Ulisses). No período seguinte (clássico), ocorreram grandes transformações sociais e políticas, com o surgimento das cidades – estado, com a caracterização de uma sociedade dividida em classes e baseada na escravidão. A cidade-estado era um pequeno Estado soberano, que compreendia a cidadela e o campo que a circundava, com algumas casas e populações menores, com seu governo, suas leis e seus costumes próprios. As principais cidades-estado foram: Atenas, Esparta, Corinto, Tebas, Delfos e Mileto. No final deste período, ocorreu uma crise social, resultante do conflito entre a aristocracia rural e os setores populares, representados pelos comerciantes em ascensão. Reformas políticas deram condições para o nascimento de uma nova ordem política: a democracia. Apareceram os primeirosfilósofos e o pensamento científico se desligou de preocupações míticas (Lembra-se do que você estudou em Filosofia? Os mitos... A filosofia e os filósofos...) A civilização grega atingiu o seu apogeu no período seguinte (helenístico). A esplêndida produção nas artes, literatura e filosofia delineou claramente o que viria a ser a herança cultural grega. Na política, o ideal da democracia chegou ao auge. Tratava-se, no entanto, de uma “democracia escravista”, na qual cidadãos eram apenas os homens livres. A seguir (séculos III e II a.C.), ocorreu a decadência política. A Grécia nunca constituiu uma unidade política, por se compor de diversas regiões espalhadas que, com o tempo, constituíram as cidades – estado que, ora se rivalizavam em poder e influência, ora se uniam contra um inimigo comum. Ainda nessa época, as desavenças entre as poderosas cidades de Esparta e Atenas culminaram em guerra, da qual Atenas saiu derrotada. Também outras cidades gregas viviam em conflitos internos e, aproveitando- 19 se da decadência e desunião dos gregos, o rei da Macedônia, Filipe II, conquistou o território helênico. Mesmo que a Grécia tivesse sido dominada militarmente, não se pode falar em destruição da civilização grega. Alexandre, filho de Filipe II, teve como mestre o filósofo Aristóteles e amava a cultura grega. Após a morte de Alexandre, o império se fragmentou e, por volta dos séculos II e I a.C., os romanos se apropriaram, não só dos territórios, como das expressões culturais da civilização grega. Começava, aí, a aproximação da cultura greco-romana. Ao abordarmos o contexto grego, não podemos deixar de trazer à sua memória aspectos importantíssimos, como a religião entre os gregos, que tanta influência exerceu naquela civilização: A religião grega era politeísta, antropomórfica e não se preocupava com a vida além-túmulo. Os deuses gregos eram semelhantes aos homens, tinham as mesmas virtudes e os mesmos defeitos que eles. Segundo a crença grega, quase todos habitavam o cume do monte Olimpo. Você certamente deve conhecer alguns desses deuses: Zeus, por exemplo, o deus supremo para os gregos; Afrodite, deusa da beleza e do amor; Apolo, o mais belo dos deuses... Os relatos fantásticos dos feitos dos deuses formam a mitologia. Zeus Apolo E os heróis? Não eram deuses. A lenda considerava-os como filhos de um deus e de uma mortal. Eram semideuses. Quem não conhece heróis como Édipo, Orfeu, Hércules e Ulisses? 20 Hércules Ulisses Também é impossível deixar de lembrar-lhe do legado da Filosofia, que os gregos transmitiram à humanidade, e que você estudou neste Curso. No campo das ciências, os gregos ampliaram e sistematizaram, em princípios teóricos, algumas das conquistas que já haviam sido realizadas na prática. No terreno da literatura, cultivavam tanto a palavra escrita quanto a oral, através dos diferentes gêneros literários: narrativo, oratório, dramático; lírico, épico, dramático, satírico. Para sintetizar: Esperamos que o rápido comentário sobre o legado cultural transmitido pelos gregos tenha conseguido mostrar como esse povo colocou realmente o homem em evidência, sobre as outras realidades existentes. Na cultura religiosa, os deuses tinham o seu lugar e força; na expressão artística em geral, o que importava era a beleza e a harmonia dos seres humanos; na produção literária, o tema constante eram as paixões e os sentimentos humanos; na reflexão filosófica, o tema preferido eram as interrogações e tentativas de respostas sobre os problemas mais profundos da vida humana. Vamos fazer uma pausa, após a visão panorâmica do contexto histórico grego? 21 Você percebeu a riqueza da civilização grega e sua influência nas demais civilizações? Até aos dias de hoje, estamos recebendo essas influências e, mais ainda, buscando as suas contribuições. O que mais lhe chamou a atenção no contexto histórico grego? Nesse contexto, que tipo de educação surgiu? Acreditamos que você já pode dar muitas respostas. Para saber mais: veja as sugestões bibliográficas e os filmes indicados no final deste capítulo. B – EDUCAÇÃO I – Visão geral � Os gregos adquiriram um grau de conhecimento de si mesmos, que não ocorreu em nenhum lugar da Antiguidade. Tiveram uma nova concepção de cultura e do lugar ocupado pelo indivíduo na sociedade. Essas idéias repercutiram no ensino e nas teorias educacionais. � De modo geral, a educação grega estava constantemente centrada na formação integral – corpo e espírito. Na verdade, a ênfase se deslocava, ora para o preparo esportivo, ora para o debate intelectual, conforme época e lugar. � Nos primeiros tempos, quando não existia a escrita, a educação era ministrada pela própria família. Com o aparecimento da aristocracia dos senhores de terra com formação guerreira, os jovens da elite eram confiados a preceptores. � Com o advento das cidades, apareceram as primeiras escolas. � No período clássico, sobretudo em Atenas, a instituição escolar já se encontrava estabelecida, porém elitizada, já que atendia principalmente aos jovens de famílias tradicionais da antiga nobreza ou dos comerciantes enriquecidos. � O ócio foi valorizado pelas elites, como privilégio dos que não precisavam se preocupar com a própria subsistência. A palavra grega scholé significava, inicialmente, “o lugar do ócio”. � A educação física que, antes, era predominantemente guerreira e militar, passou a se orientar, sobretudo para os esportes. O hipismo, por exemplo, constituiu um 22 esporte elegante e restrito a poucos. O atletismo, com o tempo ampliou a participação do público freqüentador dos “ginásios”. � O ensino das letras e dos cálculos demorou um pouco para se difundir. � A inversão total do pólo predominante na educação – da formação física para a espiritual – se dará mais tarde por influência dos filósofos. � A cultura não era transmitida apenas nas famílias e nas escolas, pois cultivavam-se as tradições em inúmeras atividades coletivas como: festivais, banquetes e nas reuniões na ágora. Essa praça pública servia para o mercado e para as assembléias políticas. II – A educação espartana � Esparta se localiza na península do Peloponeso (ao sul da Grécia). � Valores: atividades guerreiras. Era militarista, aristocrática, conservadora e culturalmente atrasada. Nos primeiros tempos de sua história, Esparta possuía elevado grau de cultura. A princípio, o preparo militar era entremeado com a formação esportiva e musical. � Mais tarde, todos os homens livres foram convertidos em soldados, pela necessidade de manter submetidos os povos conquistados. “A educação espartana já não é a de um cavalheiro, mas a de um soldado”. � Organização da educação � Até os sete anos; as crianças permaneciam na família � A partir dos sete anos; o Estado oferecia uma educação pública e obrigatória � Os grupos de crianças eram formados de acordo com a idade e supervisionados por aqueles que sobressaíam no desempenho das tarefas exigidas. Estudavam música, canto e dança coletiva e predominavam as atividades lúdicas. � A partir dos doze anos, a educação se tornou mais rigorosa. A educação física se transformou em verdadeiro treino militar. Os jovens aprendiam a suportar a fome, o frio; a dormir com desconforto; a vestir-se de forma despojada. � A educação moral valorizava a obediência, a aceitação dos castigos, o respeito aos mais velhos e a vida comunitária. OBS.: No século XX, surgiram os estados totalitários, como na Alemanha (nazismo) e na Itália (fascismo), que imitaram a educação da juventude espartana. 23 III – A educaçãoateniense � Segundo o historiador, Tucídides, Atenas foi “a escola de toda a Grécia”. � A concepção ateniense de Estado permitiu o aparecimento da figura do cidadão da pólis (=cidade). � Ao lado da educação física, destacava-se a formação intelectual, para que melhor se pudesse participar dos destinos da cidade. � A educação mais formal iniciava-se aos sete anos: � As crianças do sexo feminino permaneciam em casa com as mulheres, que se dedicavam aos afazeres domésticos e os meninos desligavam-se da autoridade materna e iniciavam a alfabetização, a educação física e a musical. � O menino, acompanhado por um escravo (o pedagogo), dirigia-se ao “lugar onde se luta”, a fim de praticar exercícios físicos. Era iniciado em corrida, salto, lançamento de disco, de dardo e em luta. � A educação musical era extremamente valorizada. Por isso, a criança aprendia a tocar cítara, flauta e outros instrumentos. Cultivavam-se o canto, sobretudo o coral, a declamação de poesias. A dança era a expressão abrangente que incluía o exercício e a música. � O ensino elementar de leitura e escrita mereceram menor atenção do que as práticas esportivas e musicais. � O mestre era geralmente uma pessoa simples, mal paga e com menor prestígio que o instrutor físico. � Com o tempo, aumentou a exigência por melhor formação intelectual e surgiram três níveis de educação: elementar, superior e secundária. � Por volta de treze anos; as crianças mais pobres buscavam um ofício, enquanto que as de famílias ricas continuavam os estudos nos ginásios (palavra com diversos sentidos). � Com o tempo, as atividades musicais foram direcionadas para discussões literárias, abrindo espaço para assuntos de serviços gerais, como matemática, geometria e astronomia, sobretudo sob a influência dos filósofos. � Dos dezesseis aos dezoito anos, a educação adquiriu uma dimensão cívica de preparação militar. Após a abolição do serviço militar, a escola começou a ensinar Filosofia e Literatura. � Educação superior 24 � Apenas com os sofistas se iniciou uma espécie de educação superior, consistindo, de modo especial, na especialização dos mestres. � Sócrates, Platão e Aristóteles também ministravam educação superior, em espaços diferentes, conforme você estudou em Filosofia: Sócrates se reunia informalmente em praça pública; Platão utilizava a Academia e, mais tarde, Aristóteles ensinava no Liceu. Sócrates Platão Aristóteles � A educação formal atendia aos filhos da elite, excluindo os demais. Segundo o legislador Sólon: “os pobres devem exercitar-se na agricultura ou em uma indústria qualquer”. IV – A educação grega no período helenístico Como vimos, no fim do século IV a.C. iniciou-se a decadência das cidades- estado, até a perda total da sua autonomia. A cultura helênica, no entanto, se fundiu às civilizações que a dominaram, formando o helenismo. Lembra-se de que os gregos eram também chamados de helenos? Lembra-se (quando estudou o contexto grego) de que este povo foi dominado por Filipe II da Macedônia e que o filho deste, Alexandre Magno, era um admirador da cultura grega, adotando-a e difundindo-a? A originalidade das conquistas de Alexandre Magno constituiu-se no fato de ele não apenas dominar, mas transformar culturalmente os povos subjugados. Com a força da guerra, seus exércitos levaram, também, as mais variadas conquistas da civilização 25 grega, construindo cidades, como Alexandria, no Egito, tipicamente grega, com seus templos, teatros, ginásios e a maior biblioteca da época. � A educação nesse período continuou mais ou menos a mesma das épocas anteriores, só que com maior ênfase do aspecto intelectual e menor destaque dos aspectos físico e estético. � Ficou estabelecido o programa de estudos, que o mundo ocidental depois seguirá durante muitos séculos, com o trivium (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia). A cultura helenística deu tanto apreço aos valores culturais que não se podia conceber a felicidade suprema, senão sob a forma de vida do letrado. ATIVIDADE 6 MARQUE TODAS AS AFIRMATIVAS CORRETAS NAS QUESTÕES ABAIXO: 1 – A Grécia situa-se: ( ) Na América ( ) Na Europa ( ) Na Ásia ( ) Na África ( ) Na Oceania 2 – O legado acumulado pela Grécia e, posteriormente, assimilado, ampliado e transformado pelos romanos: ( ) Abrange praticamente todas as áreas do conhecimento e da experiência humana. ( ) Inclui legado de valor imenso no campo da literatura, das artes, da política, da filosofia. ( ) Abarca a crença muito forte no homem como ser racional, livre, criativo. ( ) Contém respostas, conduzidas pela Filosofia, sobre os problemas mais profundos da alma humana. 3 – São conhecimentos importantes do contexto histórico grego: ( ) Os tempos homéricos foram os primeiros da história grega, cujas façanhas embelezaram-se pelos poemas de Homero e pela imaginação popular. 26 ( ) Os poemas atribuídos a Homero são a Ilíada e a Odisséia. ( ) As cidades-estado eram as que se organizavam, soberanamente, com seu governo, com as suas leis e seus costumes próprios. ( ) As mais conhecidas cidades-estado são Esparta e Atenas. ( ) Nasceu uma nova organização política: a democracia escravista, na qual cidadãos eram apenas os homens livres. ( ) As desavenças internas e externas nas cidades enfraqueceram-nas e facilitaram a sua conquista pelos macedônios e, posteriormente, pelos romanos. 4 – Quanto à religião entre os gregos. ( ) Era monoteísta ( ) Havia inúmeros deuses ( ) Os relatos dos feitos dos deuses constituiu a mitologia ( ) Os heróis não eram deuses ( ) Os deuses habitavam o Monte Olimpo 5 – A importância dos gregos para a humanidade é: ( ) Suas obras-primas constituem modelos, que inspiraram o mundo e que ainda inspiram artistas e escritores. ( ) Sua produção filosófica trouxe respostas para os problemas mais profundos da vida humana ( ) Sua oposição ao tradicionalismo oriental libertou o homem de sua escravização ao passado ( ) Sua valorização do físico, como suporte para o fortalecimento do intelecto, foi uma grande contribuição 6 – A Grécia pode ser considerada o berço da pedagogia porque: ( ) Foram os gregos que apresentaram as primeiras orientações conscientes da ação pedagógica. ( ) Foram eles que definiram o significado de paidéia ( ) Foram eles os primeiros a se oporem ao tradicionalismo oriental 7 – Surge, entre os gregos, um novo tipo de educação que consistia em: ( ) Cultivo das aptidões humanas para a aquisição de um saber jamais concluído 27 ( ) Formação integral do homem, graças à influência recíproca entre indivíduo e comunidade ( ) Equilíbrio entre arte, ciência, religião e moral ( ) Valorização da formação física, intelectual, moral, religiosa 8 – Sublinhe as palavras mais significativas em relação à cultura, à civilização, à mentalidade e à educação entre os gregos: Homem – passado – Deus - deuses – criação – liberdade – tradição – formação integral – paidéia – valorização do físico 9 – Comparando a cultura, a civilização e a educação grega com as anteriores, a que conclusões você chegou? 10 – Aponte questões educacionais vivenciadas atualmente e que foram herdadas dos gregos. 11 – Havia entre os gregos: ( ) Divisão de classes? ( ) Dualismo educacional? Justifique. Para saber mais... Nós apenas abrimos as janelas... Você pode enxergar muito mais! CONSULTE: ARANHA, M.L.A. História da educação. Cap 4. São Paulo: Editora Moderna, 1996. MOTA e BRAICK.História: das cavernas ao Terceiro Milênio. São Paulo: Editora Moderna, 2005. FILMES: _ A Odisséia – EUA – 1977 - Duração: 150 min 28 Filme baseado no famoso livro de Homero, que narra as aventuras de um general grego, herói da guerra de Tróia. _ Hércules – EUA – 1997 – Duração: 92 min Hércules, filho de Zeus com uma mortal, é um semideus, que se notabilizou por sua força física e por feitos heróicos. _ A Grécia Antiga – 31 min – São Paulo: SBJ Produções – Tel: (11) 35642718. A ANTIGÜIDADE ROMANA: A HUMANITAS A – CONTEXTO HISTÓRICO Os primeiros tempos dos povos que serão conhecidos como romanos remontam ao segundo milênio a.C. _____________________________________ 2000 anos 1000 anos Nascimento de Cristo A Itália ocupa uma posição de caráter central no Mar Mediterrâneo. Seu território, lembrando o formato de uma “bota”, constitui uma espécie de ponte que se estende da Europa em direção à África. No sul da península, os gregos começaram a colonização e a região passou a ser conhecida como Magna Grécia. Observe o mapa abaixo. 29 � Localize a Itália com uma � Realce a localização de Roma, circulando-a. � Uma antiga lenda, relatada pelo poeta Virgílio, conta que Roma foi fundada por dois irmãos gêmeos, Rômulo e Remo. � Conforme pesquisas históricas, tudo indica que o nascimento de Roma esteve ligado à fundação de povoações na região do Lácio. Daí o nome de “latinos”, pelo qual os romanos são também conhecidos. � Consolidada a fundação de Roma, costuma-se dividir a sua longa história em três períodos, que assinalam as diferentes fases de sua evolução política e social: Monarquia ou Realeza; República e Império. 1 – Período da Monarquia ou Realeza � As principais características desse período foram: propriedade coletiva dos bens (terras e animais); solidariedade e mútua assistência entre os membros da comunidade; direito de herança dos bens aos descendentes masculinos (A mulher era excluída da herança paterna); direito de eleger o chefe da comunidade (pater e, depois, príncipe) e, se fosse o caso, depô-lo de suas funções. 30 � Durante a Realeza, encontravam-se em Roma as seguintes instituições políticas, encarregadas da direção da vida social: � Senado: um conselho formado por velhos cidadãos, que tinha como funções propor leis novas e fiscalizar a ação do rei. � Assembléia curial: composta por cidadãos guerreiros, em condições de servir no exército romano, e que tinha como funções aprovar ou rejeitar leis, eleger os altos funcionários, aclamar o rei e julgar, em última instância, casos como as apelações de sentença de morte de um cidadão romano. � Rei, que exercia funções de chefia militar, religiosa e judicial, mas não tinha poderes absolutos, sendo fiscalizado pela Assembléia curial e pelo Senado. Os mais importantes grupos sociais, que determinaram as principais lutas de classes da história de Roma, eram três: � Os patrícios, membros do povo romano e detentores de grandes propriedades de terra e de gado. � Os plebeus, pessoas que não faziam parte do povo romano primitivo. A plebe era constituída por uma população de imigrantes (comerciantes, artesãos, camponeses) vindos, sobretudo, das regiões conquistadas pelos romanos. � Os escravos, constituídos, sobretudo, por prisioneiros de guerra. Utilizavam-se os escravos nos mais diversos tipos de atividades, dependendo do seu grau de instrução: em serviços domésticos, trabalhos agrícolas; como capatazes, secretários, professores. O escravo não era considerado pessoa, mas um tipo de animal. 2 – Período da República Romana � A estrutura de poder em Roma, durante a República, estava concentrada, basicamente, nas seguintes instituições: 31 � Senado, que se compunha de 300 membros, escolhidos entre os mais destacados cidadãos romanos, cujo cargo era vitalício. Ocupava-se dos mais diversos assuntos públicos: administração, finanças, declaração de guerra ou de paz. � Assembléia de cidadãos, que tinha como principais funções a eleição dos magistrados, a aprovação ou não das leis romanas. Manobrada pelos cidadãos ricos, essa Assembléia não refletia as aspirações da maioria da população romana. � Magistratura, que era constituída pelos mais altos funcionários da República. Entre os principais magistrados, citam-se os cônsules, os pretores, os censores, os edis, os questores. � Homens livres x escravos. A grande desigualdade social entre homens livres e escravos caracterizava a principal oposição de classe encontrada nas sociedades antigas e Roma não foi exceção a essa tendência geral. � Também os escravos romanos, embora fossem considerados um tipo de animal, revelavam-se diferentes destes pela capacidade de promover revoltas contra seus senhores. � Ricos x pobres. Além da oposição entre homens livres e escravos, também encontrava-se em Roma uma outra oposição de classes, separando ricos e pobres. Essa oposição revelou-se na série de lutas entre patrícios e plebeus. � Em decorrência da luta entre patrícios e plebeus, estes obtiveram algumas conquistas. � Foi realmente notável a expansão militar de Roma durante o Período Republicano. Os primeiros passos dessa expansão consistiram no domínio da Península Itálica (reveja o mapa da página 35). Mais tarde, tiveram início as guerras contra Cartago. Depois, veio a expansão romana por diversas regiões do mundo antigo: a Grécia, a Macedônia, Jerusalém; Espanha, Portugal, Gália (França). O Mar Mediterrâneo passou a ser inteiramente controlado pelos romanos, que o chamavam de “Mare Nostrum” (nosso mar). � Para garantir o domínio das regiões conquistadas, o Estado romano organizou uma estrutura administrativa para controlar as províncias. Foram nomeados governadores (Procônsules e pretores), que detinham poderes civis e militares para controlá-las. � A exploração das riquezas das províncias elevou o padrão de vida das classes dominantes das cidades, o que se refletia na construção das casas, nas roupas e na 32 alimentação. O estilo de vida, antes rústico e modesto, evoluiu em direção ao luxuoso, ao requintado, ao exótico. � No plano de intercâmbio cultural, não podemos esquecer que as conquistas militares permitiam o contato direto dos romanos com os gregos. Encantados, os romanos adotaram, em muitos aspectos, o ideal cultural grego. Por isso, o poeta Horácio dizia que a Grécia, embora vencida pelas armas, acabou conquistando seu vencedor. � A nobreza senatorial romana tornou-se proprietária de grandes latifúndios, nos quais usava a mão-de-obra de numerosos escravos, enquanto a maioria dos camponeses plebeus ficou arruinada economicamente com as guerras e com a concorrência de produtos mais baratos vindos das províncias. � Com o gradativo aumento de cidadãos pobres na cidade, crescia a tensão social. Houve tentativas de reformas com o objetivo de atenuar o sofrimento da massa popular, evitando uma explosão social. A situação de injustiças e de miséria, que atingia grande parte da população, chegou a tal nível, que a revolta do povo não podia mais ser controlada pelas classes dominantes. Um clima de desordem e agitação social foi tomando conta da cidade. 3 - Transição da República para o Império � Dentro do clima de instabilidade social, que atingiu Roma, diversos chefes militares entraram, sucessivamente, na luta pelo poder, apoiando-se na força política representada pela plebe urbana e pelos soldados profissionais. � Formou-se o Primeiro Triunvirato com Pompeu, Crasso e Júlio César, para governar Roma. Crasso foi assassinado pouco tempo depois de assumir o poder. Surgiu, então, forte rivalidade entre Pompeu e Júlio César, que saiu vitorioso no conflito direto, tornando-seditador supremo de Roma. Júlio César é um dos mais conhecidos personagens da História de Roma Antiga. Sua figura e seus feitos foram focalizados por historiadores e, posteriormente, pelo cinema. Veja os filmes: _O Império Romano (26 min): SBJ Produções – São Paulo _ Roma Antiga (56 min): 3 filmes – Videopédia Britânica – São Paulo 33 � Júlio César assumiu quase todos os poderes em Roma. Durante seu governo, promoveu uma reorganização política - administrativa, distribuindo terras entre os soldados, impulsionando a colonização das províncias romanas, construindo grandes obras públicas e reformulando o calendário. � Diante dos enormes poderes de César, a aristocracia republicana temia a extinção das instituições da República. Acusando-o de pretender tornar-se rei, um grupo de senadores assassinou-o em 15 de março de 44 a.C. � Após a morte de Júlio César, foi organizado um novo triunvirato, composto por Marco Antônio, Otávio e Lépido. Usando de intrigas, Otávio conseguiu o apoio dos romanos, derrotou Marco Antônio e tornou-se o grande senhor de Roma. � Otávio foi concentrando em suas mãos um conjunto extraordinário de títulos e poderes. O mais importante foi o título de Augusto, antes concedido somente a certos deuses. Com a soma de tantos poderes, Augusto tornou-se, em termos concretos, o rei absoluto de Roma. � Durante seu longo governo, promoveu uma série de reformas sociais, inaugurando um período de prosperidade sócio-econômica. Ao final de sua vida, Augusto tinha consciência de ter construído, em Roma, um Estado com instituições fortes. Foi o período conhecido como Alto Império. Terminando esse período, teve início o Baixo Império, fase turbulenta que marcou a decadência romana. Assista ao filme A queda do Império Romano, em VHS, através do qual você verá, não só a decadência e a queda do Império, mas, também, muitos aspectos da civilização romana. 34 � Ao atingir o ponto máximo de sua expansão territorial, o Império Romano também alcançou o ponto culminante de suas contradições, que iriam provocar o processo de decadência. Por mais poderoso que fosse, o Estado não teve condições de manter a unidade política e administrativa de um imenso território, habitado por uma quantidade enorme de povos, divididos em várias classes sociais. � Para agravar mais a situação social e econômica, o Estado Romano teve de enfrentar a pressão dos bárbaros, invadindo suas fronteiras e, posteriormente, dominando o Império. � Em 476, o último imperador do Império Romano do Ocidente foi deposto pelos bárbaros. Reveja a linha do tempo na página 5 � Para dominar um império gigantesco, que reunia numeroso conjunto de povos, o Estado Romano procurou infundir em seus cidadãos virtudes cívicas que exaltavam a coragem militar, o culto aos antepassados, a lealdade aos chefes, o sacrifício pessoal em função da glória da pátria. � Os romanos não se preocupavam tanto em ser absolutamente geniais, em criar novos caminhos para a arte, para a ciência e para a filosofia. Dedicaram-se muito mais a organizar e a aperfeiçoar as contribuições herdadas, principalmente dos gregos, aplicando-as à vida. Assim, souberam absorver a herança científica, artística e técnica da Grécia, do Egito e demais regiões conquistadas, procurando adaptá-las às novas necessidades sociais. � Ao estimular a cultura, tinham interesses práticos: queriam ser vitoriosos e grandes também no plano cultural. � Foi adotada uma política de proteção a artistas e a intelectuais. O célebre Mecenas protegeu diversos artistas. Do nome Mecenas surgiu o termo mecenato, que designa a atividade de proteção às artes e às ciências. � Em Roma, a religião era usada como um dos fundamentos da autoridade do Estado. Interpretando a vontade dos deuses, os sacerdotes apontavam o que era lícito ou ilícito, em termos de comportamento público. � Os romanos assimilaram dos gregos uma série de divindades, que foram rebatizadas com nomes latinos. Por exemplo, Afrodite, nome que os gregos deram à deusa da beleza e do amor, foi chamada de Vênus pelos romanos; Dionísio, que os 35 gregos consideravam o deus do vinho e da fecundidade, foi chamado de Baco pelos romanos. Vênus Baco � Refletindo o caráter utilitário e prático da cultura romana, a religião baseava- se num princípio utilitarista: eu dou algo aos deuses (cerimônias e ritos), para receber alguma recompensa (saúde, boa sorte, sucesso, etc.). � Durante o governo do imperador Augusto, nasceu, na província romana de Belém, Jesus de Nazaré, o fundador do Cristianismo. � Ao completar trinta anos de idade, Jesus percorreu a Palestina, pregando a nova doutrina. Anunciou que era o Messias, enviado pelo Deus único, que tinha amor reservado para todos os homens, principalmente para os humildes, justos e desprezados. Dizia, também, que todos poderiam ter acesso ao reino de Deus e obter a salvação eterna. Jesus 36 � Depois da morte de Jesus, sua doutrina foi, aos poucos, sendo difundida pelo Império romano através da pregação de seus discípulos. Era uma doutrina que, devido à sua mensagem de esperança na vida eterna, alcançava grande aceitação entre as camadas oprimidas da sociedade, os pobres e os escravos. � Durante o governo de Nero, começaram as primeiras perseguições aos cristãos, que perduraram, de forma intermitente, até o governo de Diocleciano. Este promoveu a última e mais cruel delas (303 a 305). A punição sangrenta aos cristãos era aproveitada como um espetáculo trágico, que divertia os pagãos. Lançados numa arena, os cristãos eram obrigados a enfrentar, desarmados, leões e outras feras. O martírio dos cristãos tornou-se um espetáculo de atração pública (O Gladiador é um filme, que mostra bem esta questão). � Apesar dos anos de perseguição, o Cristianismo conseguiu sobreviver e conquistar crescente número de adeptos. � No ano de 312, o imperador Constantino liberou o culto cristão e, em 319, o imperador Teodósio proibiu todos os cultos pagãos, tornando o Cristianismo a religião oficial do Império Romano. � O direito é uma das grandes contribuições legadas pelos romanos à civilização ocidental. Ele desenvolveu-se em Roma, na medida em que uma das preocupações básicas do Estado era regular, por meio de normas jurídicas, o comportamento social da numerosa população do vasto império. Muitos preceitos de direito romano constituem fontes de inspiração para os juristas modernos e, até hoje, é muito freqüente advogados e juízes citarem frases latinas, que refletem princípios jurídicos formulados na antiga Roma. Ex: � In dubio, pro réu (Se houver dúvida no momento da decisão, o juiz deve decidir a favor do réu). � Dura lex, sed lex (A lei é dura, mas é a lei). � As artes � A língua latina constitui uma das grandes heranças culturais da antiga Roma ao mundo ocidental. Foi dela que se originaram o português, o espanhol, o italiano, o francês, o romeno e outras. Também foi do latim (assim como do grego) que se retirou grande parte da terminologia científica utilizada internacionalmente. � Destacam-se na literatura romana escritores e poetas, como Virgílio, Horácio, Ovídio, Cícero (brilhante orador), o historiador Tito Lívio. 37 � Impotente e grandiosa foi a arquitetura produzida por Roma. Preocupada com o caráter funcional, soube, entretanto, combinar beleza e utilidade na construção dos mais variados edifícios: teatros, basílicas, termas, aquedutos, circos, templos religiosos, palácios. O coliseu de Roma � Os romanos tornaram-se, também, mundialmente famosos pela construção de belas e eficientes estradas e pontes, que interligavam as mais diversas regiões do império.Ponte romana 38 � Na arte escultural romana, destaca-se a produção de cabeças e bustos e as estátuas eqüestres. Nota-se entre os escultores a preocupação em conseguir uma reprodução, a mais fiel possível da realidade. � O desenvolvimento da ciência e da filosofia em Roma não teve a marca da inovação. Entretanto, são inúmeros os conhecimentos filosóficos ou no campo das ciências (matemática, engenharia, medicina, astronomia, física e química). Caro (a) cursista, certamente você notou a riqueza da civilização romana e compreendeu, mais ainda, por que ela é chamada de “clássica”. Acreditamos que, após conhecer o contexto histórico romano, você já concluiu as principais características da educação romana. Você acha que o estudo do contexto o (a) ajudará a compreender a prática educativa entre aquele povo? Vamos realizar a atividade 7? Nela apresentaremos questões mais objetivas, a fim de possibilitar uma maior abrangência de conteúdos. Para saber mais sobre o contexto romano, procure um bom livro de História Geral. ATIVIDADE 7 Reveja o mapa da página 29 e marque as alternativas corretas: 1. Roma situa-se: ( )Na Europa ( )Na Ásia ( )Na África ( )Na América ( )Na Oceania 2. A Itália é uma península porque: ( ) é uma ponta de terra cercada de água por todos os lados, exceto por um, que a liga ao continente. 39 ( ) é uma porção de terra cercada de água por todos os lados. ( ) é quase uma ilha. 3. Os romanos surgem como povo: ( ) antes do nascimento de Cristo ( ) depois do nascimento de Cristo etc 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 etc Nascimento de Cristo 4. O Lácio ( ) é um rio que banha a cidade de Roma ( ) é uma região onde surgiu a cidade de Roma ( ) é um povo que habitava a Itália A história romana pode ser dividida em três períodos: a – Realeza b – República c – Império 5. Durante a REALEZA ou MONARQUIA: ( ) Havia divisões de classes ( ) Os patrícios eram membros do povo romano ( ) Os plebeus (camponeses, artesãos, comerciantes) eram homens livres, mas não tinham direitos políticos ( ) Os escravos, nessa época, não eram considerados pessoas, mas um tipo de animal 6. Na REPÚBLICA: ( ) O Senado era o órgão que tinha grandes poderes decisórios. ( ) Os plebeus enriqueceram e lutaram para a obtenção de direitos iguais aos dos patrícios ( ) Os plebeus, que não enriqueceram, continuaram sem direitos políticos ( ) Aumentou-se o número de escravos estrangeiros aprisionados durante as conquistas ( ) Os romanos estenderam suas conquistas para outros povos do mundo 40 7. O IMPÉRIO: _ Dentro de um clima de instabilidade social, que atingia Roma, diversos chefes militares entraram, sucessivamente, na luta pelo poder e chegaram a tornar-se imperadores. O primeiro deles foi Otávio, que assumiu o poder com o título de Augusto e permitiu que as instituições republicanas (Senado, magistratura), continuassem, aparentemente, a sobreviver. Durante o IMPÉRIO: ( ) No “Século de Augusto”, houve grande desenvolvimento cultural e urbano. ( ) Foram construídos templos, aquedutos, termas, estradas e edifícios públicos ( ) As artes foram incentivadas ( ) Houve expansão do comércio com a abertura de novos portos e estradas ( ) Existiam grandes latifúndios ( ) Continuou a escravidão como base do processo econômico Ao atingir o ponto máximo de sua expansão territorial, o Império Romano também alcançou o ponto culminante de seus problemas, que iriam acionar o processo de decadência e, posteriormente, a sua queda. 8. Características da cultura romana ( ) O Estado romano procurou infundir em seus cidadãos virtudes como a coragem militar, a lealdade aos chefes, o culto dos antepassados e o sacrifício pela pátria. ( ) Os romanos desenvolveram duas características culturais básicas: a capacidade de organização e o senso prático. ( ) Os romanos dedicaram-se mais às tarefas de organizar e aperfeiçoar as contribuições herdadas dos povos conquistados, principalmente dos gregos. ( ) Os romanos pensavam que Roma deveria transformar-se num centro de artistas e intelectuais. 9. Quanto à literatura ( ) A língua latina é uma das grandes heranças culturais da antiga Roma ( ) Do latim originaram-se o italiano, o espanhol, o português, o francês e outras línguas. ( ) Também foi do latim (como do grego) que se retirou grande parte da terminologia científica utilizada internacionalmente. 41 ( ) Destacam-se na literatura romana escritores e poetas, como Virgílio, Horácio, Cícero (grande orador) e o historiador Tito Lívio. 10. Quanto ao direito: ( ) É uma das grandes contribuições legadas pelos romanos à civilização ocidental ( ) Permitia a regulamentação do comportamento social da população ( ) Constitui, até hoje, uma das fontes básicas que inspiram os juristas modernos. 11. Assista aos filmes sugeridos e você visualizará muitos aspectos da civilização romana. B– A EDUCAÇÃO ROMANA De acordo com Arruda (1996), podemos distinguir três fases na educação romana: � Fase da educação latina original, de natureza patriarcal; � Fase de influência helênica, criticada pelos defensores da tradição; � Fase da fusão entre a cultura romana e a helenística, que já supunha elementos orientais, mas com nítida supremacia dos valores gregos. (A fusão dessas culturas trouxe o bilingüismo (latim e grego) e até o trilingüismo). � 1 – Educação heróico-patricia (do século V ao século III a.C.) séc. séc. séc. séc. séc. Nascimento de Cristo V IV III II I � A educação dos patrícios (proprietários rurais e guerreiros) visava perpetuar os valores da nobreza de sangue e cultuar os ancestrais da família. � A família romana era extensa, incluindo os filhos casados, os escravos e clientes (dependentes da família) x x 42 � Educação até os sete anos, as meninas permaneciam sob os cuidados da mãe ou de uma matrona (mulher respeitável) � Educação após os sete anos, as meninas permaneciam no lar, aprendendo serviços domésticos; os meninos eram assumidos pelo pai, que se encarregava, pessoalmente, da sua educação. � Os meninos aprendiam a cuidar da terra, lado a lado com os escravos; a ler, escrever e contar; o manejo das armas, a natação, a luta, a equitação, visando mais à preparação do guerreiro, do que à prática desinteressada do esporte. � Além disso, acompanhavam os pais às festas e acontecimentos mais importantes; ouviam o relato das histórias dos heróis e dos antepassados; decoravam as Leis das Doze Tábuas, que constituíam a base da sociedade romana e encarnavam os ideais de vida, que davam à educação fins concretos. � Aos quinze anos, os meninos acompanhavam o pai à praça central, onde eram tratados assuntos públicos e privados e onde se erguiam os principais monumentos da cidade, inclusive o Tribunal (Aí, o jovem aprendia o civismo). Obs.: Na ausência do pai, essa tarefa era assumida por um parente próximo ou por um escravo instruído. � Aos dezesseis anos, o jovem era encaminhado para a função militar ou política (aprendizagem na vida e para a vida, sem escolas); a aprendizagem se baseava em exemplos, que reforçavam a imitação de modelos representados, não só pelo pai, como, também, pelos antepassados. Era uma educação mais voltada para a formação moral que para o preparo intelectual. � No fim deste período, as escolas elementares ministravam os rudimentos da leitura, da escrita e do cálculo. Eram conhecidascomo ludi (= jogo, divertimento ou brinquedo) e representavam mais uma “diversão”, comparada com a educação no lar. 2 – A educação romana sob a influência grega ou educação cosmopolita (Da metade do século III à metade do século I a.C.) séc. séc. séc. Nascimento de Cristo III II I x x 43 Houve mudança completa na educação, em conseqüência das modificações sofridas pela sociedade e pela cultura: expansão romana pelo Mediterrâneo, até chegar ao domínio completo; divisão da sociedade entre a minoria economicamente poderosa (que sucedeu a antiga nobreza) e a massa proletária, a plebe que, embora empobrecida, tinha cada vez mais força política; invasão da cultura helênica, através dos imigrantes que foram para Roma. Houve grande acolhimento desta cultura, em geral, devido às necessidades econômicas e comerciais e à complexidade da política e da administração da República. “A Grécia vencida conquistou, por sua vez, o rude vencedor e levou a civilização ao bárbaro Lácio” (Horácio). � Mudanças na educação: � Os cidadãos mais ricos tiveram mestres ou preceptores privados (na maioria gregos imigrantes), que os iniciaram na língua e na cultura helênica, fundaram-se e desenvolveram-se escolas, geralmente particulares (As escolas públicas eram raras e elementares). � Havia dois tipos de escolas: umas com ensino dado inteiramente em grego; outras com ensino dado em latim; em todas, os três graus de ensino: elementar, médio e superior. � A escola primária (ludi-magister) começava aos sete anos, tinha um programa elementar (leitura, cálculo, escrita, canto) e era freqüentada por meninos e meninas. A disciplina era rigorosa e os castigos, freqüentes; � A escola secundária ou escola dos gramáticos, começava aos doze anos, ia até os dezesseis e possuía a seguinte programação: estudo da gramática latina e da grega, com base em Homero e nos clássicos, estudo da retórica, da oratória e das matemáticas, com ênfase nas primeiras; acentuação do valor jurídico-político, cultivado no terceiro grau, na escola do retórico, uma espécie de escola de direito, destinada à maioria governante. � O programa de estudos da escola dos gramáticos era, em suas origens, apenas literário. Consistia em instruir na arte de falar e escrever o grego e o latim; basear a formação na gramática, à qual se ligavam a literatura e a crítica dos textos; exercitar na arte literária através dos textos de Homero, Menandro, Planto e Terêncio. 44 � A influência da cultura helênica, cada vez mais poderosa, encontrou resistência entre conservadores, como Catão, o Antigo, que protestaram contra ela, defendendo a antiga educação romana. Apesar dessas resistências, a cultura romana assimilou a grega e chegou a alcançar maturidade e esplendor, que talvez não alcançasse de outro modo. � O espírito da nova educação pode ser resumido na palavra humanitas, que corresponde à paidéia grega. Tratava-se de uma educação nacional, local, mas de ensino tipo universal, humanístico, que incluía conhecimentos de toda ordem. � A palavra humanitas possui a mesma raiz que humano, isto é, “da natureza do homem”, “próprio do homem”. 3 – A educação romana na época do Império (Do século I a.C. ao século IV d.C.) séc. I séc. I séc. II séc. III séc. IV séc. V Nascimento de Cristo � A educação, nesta época, se distinguiu da anterior, mais pela organização do que pelo conteúdo; deixou de ser assunto particular, privado, para converter-se em educação pública. Essa transformação começou com a criação de escolas municipais, nas quais o Estado intervinha apenas com subvenções. Eram características da educação pública: Concessão do direito de cidadania aos mestres de artes liberais; liberação de impostos aos professores de ensino médio e superior; criação de cadeiras especiais de retórica grega, com professores pagos pelo Estado; criação de cátedras de filosofia, custeadas pelo Estado; criação de cursos de medicina, matemática, mecânica e, sobretudo, de escolas de direito; criação de bolsas de estudo para estudantes, sob a forma de “instituições alimentícias”; criação de escolas municipais para a preparação de funcionários em nível superior. � A organização do ensino na época imperial continuou como na época anterior, com os três graus: do literato, do gramático e do retórico. � Houve implementação do sentido imperialista, de absorção dos países conquistados; esforço para a universalização da cultura romana e, em particular, da 45 língua latina, assim como do direito romano; utilização das escolas como principais veículos e instrumentos de romanização do mundo; existência de escolas em todas as províncias romanas. � Outras informações: � Exigência da formação sistemática do jurista, por quatro ou cinco anos, tal a complexidade da nova ciência do direito, cujos grandes centros eram Roma e Constantinopla; criação de inúmeras bibliotecas; apropriação pelos romanos de manuscritos nas regiões conquistadas; criação de centros de estudos helênicos: Museu de Alexandria; Círculo de Pérgamo e Universidade de Atenas. � Em Roma, fundação do Ateneu, no Capitólio � Criação de importantes escolas nas distantes províncias da Espanha, Gália (França) e África. Vamos refletir e organizar o que acabamos de ver? O que você pensa da educação romana, em geral? Admirou-a? Que contribuições ela deu para a educação na atualidade? Você, pessoalmente, na sua prática, o que aproveitaria do modelo romano de educação? Para saber mais: Para maiores informações sobre a educação romana, sugerimos: ARRUDA, M.L.A. História da educação. São Paulo: Moderna, 1996. LUZURIAGA, L. História da educação e da Pedagogia. São Paulo: Nacional, 1987. MONROE, P. História da educação. São Paulo: Nacional. Além dos livros, os filmes sugeridos e outros que você pesquisar serão de grande valia. Vamos realizar a atividade 8? 46 ATIVIDADE 8 Complete o quadro abaixo O que era ensinado (conteúdos)? Como era ensinado (metodologia)? 1° PERÍODO EDUCAÇÃO HERÓICO- PATRÍCIA 1 – Às meninas: 2 – Aos meninos depois dos sete anos: 3 – Aos 16 anos 1. 2. 3. 2° PERÍODO A EDUCAÇÃO SOB A INFLUÊNCIA GREGA 1 - Na escola primária (ludi-magister): 2 - Na escola secundária (a do grammaticus) 3 - No terceiro grau: 1. 2. 3. 3° Período A EDUCAÇÃO NA ÉPOCA DO IMPÉRIO 47 UNIDADE II A IDADE MÉDIA 1 - CONTEXTO A Idade Média abrange o período histórico entre a Queda do Império Romano do Ocidente (476 – séc. V) e a Tomada de Constantinopla pelos turcos, marco final do antigo Império Romano no Oriente. PRÉ-HISTÓRIA HISTÓRIA IDADE MÉDIA 476 Queda do 1453 Tomada de Império Romano Constantinopla Como vimos no capítulo anterior, o Império Romano, durante o Período Republicano, atingiu uma enorme expansão militar, dominando diversas partes do mundo, na Europa, na Ásia e na África. Ao atingir o máximo de sua extensão territorial, chegou, também, ao limite de seus problemas, que iriam provocar a decadência e, posteriormente, a queda do Império. � 48 Império Romano Antigo Tentando contornar a crise, alguns imperadores introduziram reformas, até que, em 395 (Século IV), Teodósio dividiu o Império em duas partes: uma no Ocidente, com capital em Roma, e outra no Oriente, sediada em Constantinopla.(Veja o mapa). Divisão do Império Romano Separados, os dois impérios conheceriam destinos diferentes. O poderoso Império Romano do Ocidente não resistiu às pressões dos bárbaros em suas fronteiras e ruiu, dando lugar a diversos reinos. Nestes, surgiria um novo tipo de sociedade, baseada em tradições germânicas e romanas: a sociedade feudal. Abordaremos o destino da Europa Ocidental, após a desagregação do Império Romano no Ocidente, tendo em vista que, nesse território, surgirá Portugal, que descobriu e colonizou o Brasil, a partir de 1500. É importante ressaltar que os romanos chamavam de bárbaros todos aqueles que não tinham seus costumes e que não falavam sua língua. Entre esses povos estavam os germanos, cujas invasões provocariam a desestruturação do Império. Após o século V, toda a porção ocidental da Europa, agora sob o domínio dos germanos, começava a assumir uma configuração inteiramente diversa, do ponto de vista de sua organização social, política e econômica. Repetimos: era o mundo feudal que começava a se formar. 49 Seriam necessários mais três séculos para que as estruturas da nova sociedade estivessem plenamente consolidadas. A base social dos reinos feudais se constituiria a partir do encontro e da combinação de tradições, costumes, crenças e estruturas herdadas dos romanos e dos povos germânicos. Os feudos eram os núcleos com base nos quais a sociedade feudal se organizou. Por volta do ano 1000, a maioria das pessoas na Europa ocidental vivia em feudos. Feudo Nesse período, a terra converteu-se no bem mais importante, por ser a principal fonte de sobrevivência e poder. A maior parte das terras, entretanto, pertencia ou era controlada pelos nobres. O resto da sociedade, ou seja, a multidão de homens e mulheres pobres era obrigada a trabalhar para os nobres. Estes, portanto, comandavam as terras e os seres humanos. Como era organizada a economia feudal? Vimos que a maioria das pessoas vivia no campo e trabalhava numa área chamada de feudo, dominada por um nobre. Daí o nobre ser chamado de senhor feudal. O feudo era um tipo de fazenda, com plantações e criação de animais. Os trabalhadores rurais (os camponeses) viviam em casebres de madeira ou pedra cobertos de palha. Além de plantar e cuidar dos animais, eram artesãos: fabricavam móveis, roupas, instrumentos de trabalho. Mais no fundo, havia uma floresta, onde se podia caçar, pegar lenha, mel e frutas silvestres. Nos locais privilegiados, ergueram-se os castelos, onde viviam os senhores feudais. O trabalho era feito principalmente pelos servos, não escravos, mas também não homens livres. Estavam subordinados aos senhores feudais, deviam obrigações a eles e 50 tinham de trabalhar sem remuneração, geralmente três dias da semana. Além disso, eram-lhes cobrados impostos sob a forma de produtos. Na sociedade feudal, a classe dominante era formada pelos senhores feudais. Estamos falando principalmente de nobres, como duque, barão, marquês e visconde. O privilégio deles não vinha exatamente da propriedade da terra, mas do direito e poder de cobrar tributos de quem vivia nos seus domínios. Havia o costume de o senhor distribuir as terras para nobres menores e próximos. Estes eram chamados de vassalos, que juravam fidelidade ao seu suserano, aquele que lhes concedia um feudo. A partir do século XII, a economia começou a viver um surto de prosperidade, a sociedade produziu riquezas em maior escala. Então, os nobres ficaram mais ricos. Passaram a vestir roupas luxuosas, a consumir produtos exóticos trazidos de terras longíquas pelos comerciantes e a construir grandes castelos com muralhas de pedra. As diferenças sociais aumentaram. A Igreja Católica que, desde o fim do Império Romano, havia se fortalecido, adquiriu ainda maior força. Ela era, também, senhora feudal. Nas terras da Igreja havia servos que estavam submetidos às obrigações feudais. Igreja Medieval A principal origem da riqueza da Igreja eram as doações de nobres ricos. Estes acreditavam que, se lhe deixassem terras, gado, jóias ou vinhedos, teriam um tratamento diferenciado após a morte. A organização da Igreja também era hierarquizada. Ou seja, o poder ia crescendo, desde os humildes padres e monges, até os poderosos bispos, abades e papas. 51 Normalmente, os bispos e papas vinham de famílias nobres, por isso, apoiavam a repressão às rebeliões camponesas. Os servos, entretanto, se rebelavam pouco. Havia um grande motivo para a submissão deles: as crenças religiosas. Acreditavam que o mundo e a sociedade seguiam uma ordem ditada por Deus. Em resumo, podemos dizer que os servos não se revoltavam por medo da espada e da cruz. Podiam ser considerados pecadores (hereges) pela Igreja e perseguidos pela força dos nobres. Segundo Aranha (1996), A influência da Igreja, além de espiritual, torna-se efetivamente política e, para contar com ela, os chefes dos reinos bárbaros se convertem ao Cristianismo. Não deixa de ser significativa a cerimônia de coroação do imperador carolíngio, Carlos Magno, pelo papa Leão III. Apesar dos tempos turbulentos, a herança cultural greco-latina é resguardada nos mosteiros. Os monges são os únicos letrados num mundo em que nem nobres, nem servos sabem ler. Podemos então compreender a influência que a Igreja exerce, não só no controle da educação, como na fundamentação dos princípios morais, políticos e jurídicos da sociedade medieval. Por serem os únicos letrados, os clérigos se apropriaram do tesouro cultural greco-latino. A produção intelectual da Antigüidade apresentava, no entanto, diferenças profundas do pensar cristão. De maneira geral, ao intelectualismo e ao naturalismo gregos se contrapunha o espiritualismo cristão, que subordinava os valores mundanos aos supremos valores 52 intelectuais, tendo em vista a vida após a morte e, por isso, as noções de mal e de pecado tornaram-se centrais. Era inevitável que os monges temessem a influência negativa da produção intelectual grega e romana sobre os fiéis, ao mesmo tempo que não podiam rejeitar essa fecunda herança cultural. A solução encontrada foi a lenta e criteriosa adaptação do legado greco-romano à fé cristã. Então, conseguimos transportar você para o Período Medieval, com seus ideais e contradições? Um momento tão diverso dos anteriores... Você está percebendo as mudanças das organizações econômicas, sociais e políticas ao longo dos tempos? Os primitivos...os orientais... os gregos... os romanos e, agora, os tempos medievais. Todos esses contextos explicam as diferentes práticas educacionais ocorridas. Afinal, há uma grande correlação entre o contexto histórico e a educação nas diversas sociedades. VAMOS FAZER A ATIVIDADE 9? ATIVIDADE 9 Iniciamos este capítulo sobre a Idade Média, fazendo algumas conexões com o Império Romano: decadência, queda, divisão do Império em duas partes e as invasões dos bárbaros como o acontecimento que deu o golpe final nos romanos. Complete os tópicos: 1) Duração e marcos da Idade Média = 2) Causas do surgimento do feudalismo = 3) Conceito de feudalismo = 4) Conceituação de servo – senhor feudal – vassalo – suserano 53 5) Influência da Igreja Católica: causas e conseqüências 6) Causas da oposição entre a cultura greco-romana e o Cristianismo 7) Os mosteiros, os monges e o recolhimento de manuscritos greco- romanos 8) As classes sociais na Idade Média.A nobreza, o clero, o povo. Qual era a classe mais numerosa? Para saber mais, indicamos: ARRUDA, M Lúcia. A História da educação. São Paulo: Editora Moderna, 1996. FILMES:
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