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COMPUTADORES_NA_ESCOLA

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TEXTO 1
BASTOS, Elizabeth Ramalho Soares. Computadores na escola: para quê? In: Visão crítica da informática na educação. Porto Alegre, 2009. [digitado].
A conquista da educação fundamental, de boa qualidade para todos, é condição inicial para um processo mais amplo de conquistas sociais e políticas que passam, hoje, inevitavelmente, pelo desenvolvimento da ciência e a tecnologia. A implementação de novas tecnologias� acarreta mudanças, propiciando o aparecimento de novas estruturas sociais e novas relações entre homem e sociedade.
Ocorre que, nas últimas décadas, a velocidade dessas mudanças, associada ao aumento do volume de informações e à complexidade da vida social e dos processos produtivos, fez surgir novas demandas no sistema educacional. Novas formas de comunicação, com a tecnologia da Informática possibilitando o imediato contato com acontecimentos de todas as partes do mundo, exigem da Escola não apenas a transmissão de conhecimentos. É indispensável a existência de um ambiente estimulante, que valorize a invenção e a descoberta, desenvolva a criatividade e a iniciativa, possibilitando, dessa forma, um espaço dentro do qual os alunos construam sua aprendizagem. Em uma sociedade informatizada, a Escola precisa diversificar suas funções visando às novas exigências.
Nessa mesma sociedade, o enfrentamento da modernidade tem que vir acompanhado do resgate da cidadania. A ciência é reconhecida como um direito de todos os cidadãos alfabetizados e, dessa perspectiva, integra hoje uma pauta de reivindicações e conquistas sociais, ao mesmo tempo em que mais e mais é dada ênfase à relação entre seus efeitos e a modernização do sistema produtivo. 
Torna-se necessário, para tanto, qualificar cidadãos que sejam capazes não apenas de memorizar conteúdos, mas de entender os princípios básicos subjacentes ao funcionamento das coisas; de pensar abstratamente sobre os fenômenos, estabelecendo relações entre eles; de saber dimensionar se as novas relações estabelecidas respondem aos problemas inicialmente colocados. Dessa forma, a ciência e a tecnologia devem ampliar a habilidade de as pessoas mudarem o mundo, o que nos impõe a tarefa de analisá-las ( ciência e tecnologia (, em sua relação com a sociedade. 
O impacto das tecnologias na educação tem sido, em muitos casos, interpretado linearmente como uma mera exigência de equipar a escola com novos artefatos tecnológicos, o que se vem traduzindo pela compra de computadores com vistas à melhoria do ensino. Essas máquinas, criadas inicialmente para potencializar as habilidades intelectuais de cálculos e ordenação lógica, transformaram-se, no decorrer dos anos, em uma ferramenta especialmente capacitada ao tratamento da informação, com a qual vêm se tornando cada vez mais fáceis e eficazes os processos de comunicação. Não se trata, por conseguinte, de máquinas que simplesmente transformam uma modalidade de energia em outra: são dispositivos capazes de armazenar grande volume de dados em sua memória, a fim de serem utilizados de acordo com as instruções que lhes sejam fornecidas, agilizando uma infinidade de operações rotineiras a grande velocidade, recuperando e transportando a informação.
O computador torna ainda possível inferir sobre as capacidades intelectuais do homem e seu auto-conhecimento. A partir do trabalho do aluno no computador, é possível estabelecer modelos de mecanismos cognitivos que visem a analisar sua capacidade de pensar, visualizar esses modelos e operacionalizá-los, de modo que possam ser comparados entre si de maneira objetiva�.
São amplamente divulgados, através de publicações, Congressos, Feiras etc., as múltiplas possibilidades do computador, cujo uso se estende a todos os campos das atividades humanas, permitindo, ainda, a interação amigável homem-máquina e facilitando a transmissão do conhecimento. A ciência e a prática da Informática já atingiram um alto grau de especialização nos mais diferentes setores da sociedade.
É cada vez maior a disseminação de computadores, que invadem os lares antes de chegar às escolas, formando uma geração de crianças que sabem mais sobre Informática que seus pais e professores. Graças à disponibilidade das redes, como, por exemplo, a Internet, vários autores antevêem o ensino ocorrendo, no futuro, em locais outros que não o espaço escolar. Já é possível imaginar crianças, em suas casas, interagindo com professores e alunos de várias escolas situadas em diversos países. 
Experiências com outras tecnologias aplicadas à educação nos fornecem boas razões para que se tenha receio de que, apesar de todas as esperanças que cercam o uso educacional do computador, sua utilização nas escolas se transforme em mais um modismo. Afinal, várias tecnologias têm sido utilizadas no ensino, sem que as modificações previstas advindas de seu uso educacional se concretizem. Como exemplo elucidativo, citamos os experimentos utilizando o rádio e a televisão, como o Projeto Minerva, nos anos 70/80 e, mais recentemente, o TeleCurso. A despeito de um relativo sucesso desses projetos, é praticamente impossível afirmar que estas mídias contribuíram de alguma maneira para uma alteração substancial na instituição Escola�.
Provavelmente, parte desse panorama já existe e é premente que se procure compreender sua dinâmica e preparando-se para usufruir os benefícios que a disseminação de informações trará aos estudantes. Afinal, aprendizagem fora da escola não significa uma aprendizagem sem escola e sem professores. Em uma sociedade informatizada, os papéis sociais mudam, principalmente o da escola e o dos educadores: o ensino e a instituição que mantém sua custódia estarão separados, já que o acesso ao conhecimento se dará em qualquer lugar. Espera-se que o professor da sociedade pós-industrial seja educador e consultor, passando a ter, provavelmente, maior status e maior recompensa social do que hoje a sociedade oferece ao magistério.
Antevê-se, em breve, a transição do atual modelo de ensino para o modelo informatizado e, nessa ocasião, as crianças que freqüentam hoje a escola deverão estar preparadas para serem os adultos-membros de uma sociedade informatizada. Prepará-las para essa mudança pode ser uma das formas de impedir os riscos e abusos possíveis advindos da chamada Terceira Revolução Industrial. 
Devido ao imenso potencial que o computador oferece, não devem ser menosprezados os impactos tecnológicos, políticos e sociais que seu uso introduz nos processos educacionais. O computador deverá ser visto como uma ferramenta cognitiva que poderá facilitar a estruturação do trabalho, viabilizando e oferecendo condições propícias para a construção do conhecimento. Certamente, nos próximos anos, os estudantes de hoje terão que seguir carreiras que mudarão radicalmente em pouco tempo, além de possuir grande flexibilidade para se transferir de uma organização para outra, variando as suas atividades. Entretanto, é necessário que não se valorize esta ferramenta para além de suas efetivas possibilidades, pois o instrumento em si não fará o processo pedagógico acontecer melhor, tampouco oferecerá soluções para as obstruções encontradas nas relações aluno-professor. Assim sendo, a experiência educacional diversificada será a base fundamental para o sucesso. O que os estudantes necessitam não é dominar um conteúdo, mas dominar o processo de aprendizagem, pois cada vez mais haverá necessidade de uma educação permanente. 
A utilização educacional do computador pode significar novos rumos no manejo interdisciplinar do conhecimento na escola e novas relações da escola com a sociedade.
Questões: 
a) Para a autora como devemos utilizar a informática na escola?
b) O que autora que dizer quando afirma que o computador é uma ferramenta cognitiva, ou seja, assim como qualquer material didático é apenas um meio?
� Barreto (1992) conceitua novas tecnologias como o conjunto organizado de conhecimentos com elevado conteúdo de inovação; tecnologias com elevado conteúdo instrumental de eletrônica,microeletrônica e telecomunicações: “Tecnologia, portanto, não é a máquina ou processo de produção com suas plantas, manuais, instruções e especificações, mas, sim, os conhecimentos que geram a máquina, o processo, e que permitem sua absorção, transferência e difusão.” (p. 13). Ainda em relação ao tema tecnologia, Papert (1988) ressalta um dos problemas essenciais ao seu desenvolvimento, no contexto dos mecanismos de produção, que é o da adaptação dos homens aos novos procedimentos. O autor alerta-nos para a tendência de se enfocar a tecnologia em si mesma, ignorando o contexto cultural no qual é implementada.
� No Laboratório de Estudos Cognitivos da UFRGS, são realizadas, desde 1979, pesquisas para modelar a forma de raciocínio das crianças. Através do método clínico e da análise dos desenhos no computador, são estudadas a geometria da imagem mental da criança e sua psicogênese. São investigados os processos cognitivos pelos quais a criança constrói o conhecimento e o representa.
� Segundo Castro (1988), no lançamento da TV, prenunciavam-se as suas conseqüências na educação, chegando-se a criar grandes e ambiciosos experimentos de ensino a serem por ela veiculados. A Escola, porém, reagiu de forma atemorizada e pouco criativa, simplesmente adotando uma atitude passiva. A TV cresceu bastante como meio de comunicação, não se expandindo no meio educacional. Estima-se que um americano adulto passou mais tempo diante da TV do que na escola. Afirma o autor que “pela omissão e falta de criatividade da escola, esta divide com os canais comerciais de TV a educação das novas gerações” (p. 17).

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