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Resumo Negócio Jurídico - Civil - P2 # A tricotomia existência-validade-eficácia > No plano da existência não se fala em invalidade ou eficácia. Esse plano ocorre quando há incidência da norma jurídica desde que presente todos os elementos estruturais. Se faltar o suporte fático, é inexistente. > O plano da existência é dos elementos. Posto que elemento é tudo que integra a essência da coisa. > O ato existente deve preencher requisitos fáticos, como a capacidade do agente, a licitude do objeto e a forma prescrita em lei -> fundamental para a validade do ato. > O plano da validade é dos requisitos. Porque os requisitos são condições necessária para alcance de certo fim. > O plano da eficácia é onde os fatos jurídicos produzem seus efeitos -> passa pela existência mas pode não passar pelo plano da validade. # Requisitos de existência > Declaração de vontade, finalidade negocial e a idoneidade do objeto. * Declaração da vontade: a vontade que se exterioriza interessa para a composição do negócio jurídico. > Principio da supremacia da ordem pública: o Estado interfere nas manifestações da vontade. > Principio da obrigatoriedade dos contratos(pancta sunt servanda): serve para dar segurança aos negócios jurídicos, e a vontade, uma vez manifestada, obriga o contratante a cumprir. > A manifestação da vontade pode ser: expressa: a que se realiza por meio de palavras, falada ou escrita, possibilitando o conhecimento imediato da intenção do agente. tácita: se revela pelo o comportamento do agente; deduzir a conduta da pessoa a sua intenção.Ex: aceitação de herança, art.1805,CC. Importante: nos contratos a manifestação da vontade só pode ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa. presumida: declaração não realizada expressamente mas que a lei deduz certos comportamentos do agente. Ex: presunções de pagamento, arts.322,323,324, CC, art.539; art.1807, CC. > manifestação tácita x presumida: a presumida é estabelecida por lei, enquanto a tácita é deduzida do comportamento do agente pelo destinatário. > As presunções legais(juris tantum) admitem prova em contrário, pode o agente provar não ter tido a vontade que a lei presume. > Declaração de vontade receptícias: quando se dirigem a uma outra pessoa, que dela deve ter ciência do ato, para produzirem efeitos. Dirige-se a uma pessoa determinada, para declarar a sua intenção sob pena de ineficácia. Ex: campo das obrigações, revogação de mandato arts.682,I e 686, CC e proposta de contrato arts.427 e 428, CC. > Declarações não receptícias: as que se efetivam com a manifestação do agente, não se dirigindo a destinatário especial. Produzem efeitos independente da recepção de qualquer declaração a outra pessoa. Ex: promessa de recompensa, aceitação de letra de câmbio, revogação de testamento. # O silencio como manifestação da vontade > O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando a lei conferir a ele tal efeito. --> Art.111, CC. Ex: doação pura, art.539,CC; aceitação de mandato, arts 658 e 659; herdeiro, art. 1807. # Reserva mental: ocorre quando um dos declarantes oculta a sua verdadeira intenção, isto é, quando não quer que um efeito jurídico que declara querer ; tem o objetivo de enganar o outro declarante ou contratante. Se o declaratário não soube da reserva(o que se passa na mente do declarante), o ato subsiste e produz os efeitos que o declarante não desejava. > Art.110, a reserva mental desconhecida é irrelevante para o Direito. * Sem declaração de vontade, requisito de existência do negócio jurídico ele inexiste. # Finalidade negocial: é o propósito de adquirir, conservar, modificar ou extinguir direitos. Permite a obtenção de múltiplos efeitos mediante a declaração de vontade. # Idoneidade do objeto: " o objeto jurídico deve ser idôneo, isto é, deve apresentar os requisitos ou qualidades que a lei exige para que o negócio produza os efeitos desejados". Ex: só pode ser objeto do mútuo as coisas fungíveis e do comodato as coisas infungíveis. # Requisitos de validade: > Os requisitos de validade de caráter geral são elencados no art.104 do CC --> agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou não defesa em lei. > Os requisitos de caráter especifico são aqueles pertinentes a determinado negócio jurídico. > Capacidade do agente: condição subjetiva; aptidão de intervir em negócios jurídicos como declarante ou declaratário. * A incapacidade absoluta acarreta a proibição total do exercício sob pena de nulidade.(Art.166,I,CC) * A incapacidade relativa acarreta a anulabilidade do ato(art,.171,I) Exceção: arts.228,I,666, 1860), também quando o incapaz é assistido por seu representante legal. * a capacidade é requisito necessário a validade e eficácia. * exceção de incapacidade não poder celebrar negócio: facção testamentária, art.1860. # Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: > objeto lícito: é o que não atenta contra a lei. > objeto jurídico ou imediato: é sempre uma conduta humana e se denomina prestação:dar, fazer ou não fazer. > objeto material ou mediato: são os bens ou prestações sobre os quais incide a relação jurídica obrigacional. > O objeto deve ser possível. Quando impossível o negócio é nulo. # Forma: meio de revelação da vontade. > consensualismo: liberdade da forma > formalismo: forma obrigatória. > Em regra a forma é livre e a exceção é exigir uma forma. * Espécies de formas: > forma livre: predominante. (Art.107,CC) > forma especial ou solene: é exigida pela lei como requisito de validade.- > forma única: não pode ser substituída por outra. Ex: arts.108, 1964, 1535 e 1536.-> forma múltipla: o ato é solene mas a lei permite a formalização do negócio por diversos modos, podendo optar por um deles. Ex: reconhecimento voluntário de filho art.1609, transação art.842, instituição fundação art.62, renúncia de herança art.1806. > forma contratual: é convencionada pelas as partes. Art.109. > forma ad substantiam: determinada forma é substância do ato, indispensável que a vontade produza efeitos. Ex: arts. 108, 1609. > forma ad probationem: a forma destina a facilitar a prova do ato. Ex: art. 1536. * forma é o meio para exprimir a vontade e prova do negocio jurídico é o meio de demonstrar existência. # Da representação > A representação legal é exercida sempre no interesse do representado, enquanto a convencional pode realizar-se no interesse do próprio representante. Ex: procuração em causa própria. # Espécies de representação: Art.115 > Representação legal: deferida por lei aos pais, curadores, tutores, síndicos, administradores etc. > Representação convencional ou voluntária: quando decorre de negócio jurídico específico: mandato(art.653).Estrutura-se no campo da autonomia privada. * OBS: a representação convencional pode ser revogada a qualquer tempo pelo representado o que não ocorre com a representação legal. > Principio da exteriorização. # Espécies de representantes: >3 espécies: legal, judicial e convencional. > Legal: decorre da lei. Ex: pais em relação a menores(ARt.115, primeira parte, 1634,V, e 1690), tutores aos tutelados(art.1747,I), curadores e curatelados(art.1774). > Judicial: nomeado pelo o juiz para exercer poderes de representação no processo. Ex: inventariante, administrador de empresa penhorada. > Convencional: recebe mandato outorgado pelo o credor, expresso ou tácito, verbal ou escrito. Ex: art.661. > Mista: quando os poderes vêm da lei, mas a designação do representante vem dosinteressados. Ex:Art.1331 # Regras de representação: Art.116 > O representante atua em nome do representado, vinculando-o a terceiros com quem tratar. > Art.119 -> a condição estabelecida pela lei para considerar anulável o negócio é o conhecimento, pelo terceiro beneficiado, do conflito de interesses entre representado e representante. -> abuso de direito e excesso de poder -> pode ser anulado pelo representante. # Representação e mandato: > mandato : art.653 -> o que caracteriza o mandato é a ideia de representação. # Contrato consigo mesmo(autocontratação): > Configura-se o denominado “contrato consigo mesmo”: a) quando ambas as partes se manifestam por meio do mesmo representante (dupla representação); e b) quando o representante é a outra parte no negócio celebrado, exercendo dois papéis distintos, como ocorre no mandato em causa própria. Dispõe o art. 117 do CC. # Funções da representações: animus do representante em agir em nome do representado, adquire direitos e contrai obrigações para o representante e não para si mesmo. manifestação da própria vontade do representante em substituição a do representado. conter a declaração de vontade do representante em lugar do representado-> poder de representação. # Da condição, do termo e do encargo: são autolimitações da vontade, uma vez apostos a manifestação da vontade tornam se inseparáveis dela. # Condição: é o acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia do negócio jurídico; clausula que subordina o efeito do ato jurídico a evento futuro e incerto.(Art.121). #Elementos da condição: voluntariedade, futuridade e incerteza. > É necessário que a clausula seja voluntária; que o acontecimento a que se subordina a eficácia ou a resolução do ato seja futuro; que também seja incerto. #Condição voluntária e condição legal: > Condição voluntária(conditio facti): é estabelecida pelas partes como requisito de eficácia do negocio jurídico. > Condição legal: possui a mesma característica da lei porém é estabelecida por lei. #Negócios jurídicos que não admitem condição: > As condições são admitidas nos atos de natureza patrimonial em geral. Exceção: aceitação e renuncia de herança. > Não comportam condição: casamento, reconhecimento de filho, a adoção, a emancipação, a ratificação de casamento anulável, aceitação de tutela e de curatela, o exercício do poder familiar, direitos personalíssimos(direito a vida, integridade física, a honra). > Os atos que não admitem condição denominam-se atos puros -> inadmitem incerteza, atos jurídicos em sentido estrito, atos jurídicos de família, atos referentes ao exercício dos direitos personalíssimos. -> proteger a própria consideração devido a parte contrária. > Classificação das condições: > Quanto a ilicitude: lícitas ou ilícitas. Art.122 > Quanto á possibilidade: possíveis e impossíveis. fisicamente impossíveis: não podem ser cumpridas por nenhum ser humano. É inexistente quando resolutivas.(Art.124) juridicamente impossíveis: esbarra em proibição expressa do ordenamento jurídico ou fere a moral ou os bons costumes.Ex: adotar pessoa de mesma idade. > Quanto à fonte de onde provém: causais, potestativas e mistas. causais: são as que dependem do acaso, do fortuito, de fato alheio à vontade das partes; condição que subordina a obrigação a um acontecimento que depende da vontade exclusiva de um terceiro. potestativas: decorre da vontade ou do poder de uma das partes. puramente potestativa: são consideradas ilícitas(Art.122); arbitrária ("se eu quiser"); podem perder essa característica em razão de um acontecimento inesperado. simplesmente potestativa: são admitidas por dependerem não só da manifestação da vontade de uma das partes como também de algum acontecimento exterior ao seu controle. Ex: "pagarei quando puder", art.420, art.505, 509 e 513. mistas(Art.1.171): dependem simultaneamente da vontade de uma das partes e da vontade de um terceiro. > Quanto ao modo de atuação: suspensiva ou resolutiva. condição suspensiva: impede que o ato produza efeitos até a realização de evento futuro e incerto. (Art.125); condição resolutiva: é a que extingue, resolve o direito transferido pelo o negócio, ocorrido o evento futuro e incerto. tácita: por não tratar propriamente de condição em sentido técnico, considerando-se configura se aposta ao negócio jurídico. expressa: juridicamente - opera como qualquer outra condição em sentido técnico, de pleno direito. > compra e venda-> cláusula resolutiva expressa > contratos bilaterais sinalagmáticos-> cláusula resolutiva tácita(Art.475) # Retroatividade e irretroatividade da condição: > Efeitos ex tunc e ex nunc. > Principio da retroatividade da condição suspensiva: art.1.179 e da condição resolutiva: art.1.183 # Termo: é o dia ou momento em que começa ou se extingue a eficácia do negócio jurídico(hora,dia,mês,ano). > O termo não suspende a aquisição do direito por ser evento futuro, mas dotado de certeza. Difere da condição, que subordina a eficácia do negócio a evento futuro e incerto. > Certos negócios não admitem termo: Arts.1.808,1.626, 1.613. #Espécies de termos: > Termo certo: uma data certa determinada. > Termo incerto:quando é certo, mas não sabe quando vai acontecer.Se a data for determinável. > Termo convencional: é o aposto no contrato pela vontade das partes. > termo inicial ou suspensivo: com data de inicio; O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição de direito(art.131) > termo final ou resolutivo: põe fim às consequências derivadas do negócio jurídico. > termo essencial: é essencial quando o efeito pretendido deva ocorrer em momento bem preciso, sob pena de, verificado depois, não ter mais valor; se descumprido o credor não tem mais interesse no cumprimento da obrigação. Ex: vestido de casamento. > termo não essencial: normalmente a prestação tem utilidade mesmo depois do prazo. * Qual a diferença entre a condição suspensiva e termo inicial? -> Termo inicial será problema de eficácia. Na condição não adquire direito. No termo, por convenção, não pode exercitar mais o Direito. # Os prazos e sua contagem: > Prazo: O prazo é justamente o lapso temporal que se tem entre o termo inicial e o termo final. > Art.132 a 134-> regula as regras de contagem de prazo. Prazo em dias -> conta por dia. Prazo em meses -> 30 dias. Prazo em horas -> minuto a minuto. Prazo em anos -> 360 dias. > Se não tiver prazo, as obrigações serão cumpridas imediatamente. > Prazo moral: não há combinação sobre o prazo, mas há uma atitude a ser levada em consideração. # Encargo: > campo das liberalidades; diminuição de vantagem; anexo a declaração de vontade; pode ser extirpado (retirado) sem alteração na manifestação de vontade. > O encargo não suspende a aquisição e nem o exercício do direito; o encargo é coercitivo e não suspensivo. > O encargo pode ser anexo ou elemento determinante. > Quando o encargo é visto como anexo, anula-se o encargo. Quando o encargo é elemento determinante anula-se o negócio jurídico. OBS IMPORTANTE: Os defeitos do negócio jurídico irão interferir no plano da validade porque são defeitos na declaração da vontade. E já o encargo, condição e termo implicarão no plano da eficácia. E problemas quanto ao agente(como incapacidade) e objeto (ilicitude ou impossibilidade) também irão implicar em invalidade do negócio jurídico. # Defeitos do negócio jurídico: > erro, dolo, coação, fraude contra credores, lesão e estado de perigo. > A teoria dos defeitos do negócios jurídicos, tem por fundamento o desequilíbriona atuação da vontade e a sua própria declaração ou a exigências de ordem legal. # Erro: “quando o agente, por desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias, age de um modo que não seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira situação, diz-se que procede com erro”; Descompasso provocado por uma falsa representação da realidade. > Produz uma declaração de vontade contrária com o que deveria ser; Falta de concordância entre vontade real e vontade declarada. Há uma vontade declarada porém defeituosa. > Nem todo erro anula os negócios jurídicos, os erros substancias anulam e os acidentais não anulam, podendo gerar outros efeitos. # Espécies de erro: > substancial: é o erro que incide sobre a essência (substância) do ato que se pratica, sem o qual este não se teria realizado. Ex: o caso do colecionador que, pretendendo adquirir uma estátua de marfim, compra, por engano, uma peça feita de material sintético. Hipóteses: Art.139 > acidental: é o que se opõe ao substancial, porque se refere a circunstâncias de menos importância e que não acarretam efetivo prejuízo, ou seja, a qualidades secundárias do objeto ou da pessoa. Se conhecida a realidade, mesmo assim o negócio seria realizado. O erro acidental não gera a anulabilidade do negócio, não atingindo o plano de sua validade. Ao contrário do erro essencial, no erro acidental o contrato é celebrado mesmo sendo conhecido pelos contratantes. Previsão: Art.142 > Teoria da Confiança -> art.138: pessoa de diligência normal a quem o erro deve ser perceptível para que possa haver anulação do contrato-> Teoria da Recognoscibilidade -> no lugar da exclusividade entro o requisito da conocibilidade, a configuração do erro para anular o negócio jurídico leva em conta as duas partes. É preciso que o declarante erre e o que a outra parte deva saber. > Erro de direito: É o falso conhecimento, ignorância ou interpretação errônea da norma jurídica aplicável à situação concreta. (art. 139, III). Exemplo: pessoa que contrata a importação de determinada mercadoria ignorando existir lei que proíbe tal importação. Como tal ignorância foi a causa determinante do ato, pode ser alegada para anular o contrato, sem com isso se pretender que a lei seja descumprida. Erro de direito nunca vai ter lugar nas normas imperativas, só vai interessar para as normas dispositivas(as partes podem dispor). > Nem sempre o declaratário tem condições de saber do erro, ele precisa ter condições de saber(PODERIA). > Principio da Conservação do Negócio Jurídico: tenta sempre conservar o negócio. #Dolo: É o artifício empregado pelo agente para enganar outra pessoa. O agente emprega artifício para levar alguém à prática de um ato que o prejudica, sendo por ele beneficiado ou mesmo beneficiando um terceiro. > Em Direito Civil, dolo tem outro aspecto-> vício da vontade. > Dolo-> erro provocado, erra porque alguém te levou ao erro. Esse erro deriva de 2 comportamentos: comissivo: ação/cometer; age positivamente. Ex: matar alguém omissivo: deixa de fazer aquilo que deveria fazer. -> omissão pressupõe um dever de agir. O simples fato de não fazer significa omissão. é preciso verificar se o agente tem o dever de agir. > dolo incide na manifestação da vontade anterior ao negócio jurídico. > O dolo difere do erro porque este é espontâneo, no sentido de que a vítima se engana sozinha, enquanto o dolo é provocado intencionalmente pela outra parte ou por terceiro, fazendo com que aquela também se equivoque. # Espécies de dolo: > Dolo bom (dolo inocente ou dolus bonus) – empregado para beneficiar o autor do ato, trata-se de exagero aceito; não sendo este anulável. Dolo mau (dolus malus) – que prejudica o autor do ato; é passível de anulação. O dolo mau ou dolo grave pressupõe: prejuízo para o autor do ato; benefício para o autor do dolo ou terceiro. Pode ser praticado pelo silêncio, ou quando agente altera a aparência externa da coisa. > Dolo negativo (ou omissivo): é o dolo praticado por omissão (conduta negativa), situação em que um dos negociantes ou contratantes é prejudicado. Previsão: Art.147; Para a caracterização desse dolo omissivo é preciso que o prejudicado prove que não celebraria o negócio se a omissão não ocorresse. > Dolo positivo (ou comissivo) – é o dolo praticado por ação (conduta positiva). Exemplo é a publicidade enganosa por ação: alguém faz um anúncio em revista de grande circulação pela qual um carro tem determinado acessório, mas quando o comprador o adquire percebe que o acessório não está presente. > dolo principal: Somente o dolo principal, como causa determinante da declaração de vontade, vicia o negócio jurídico. Configura-se quando o negócio é realizado somente porque houve induzimento malicioso de uma das partes. Art.145 > dolo acidental: Diz respeito, pois, às condições do negócio. Este seria realizado independentemente da malícia empregada pela outra parte ou por terceiro, porém em condições favoráveis ao agente. Não vicia; Art.146 OBS: O dolo, para invalidar o ato, deve ser principal — atacando a causa do negócio em si —, uma vez que o acidental, aquele que não impediria a realização do negócio, só gera a obrigação de indenizar. > dolo do agente: > dolo do representante: Dolo do representante legal ou convencional: o dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. > dolo de terceiro: o de terceiro só acarreta a anulabilidade se a outra parte, beneficiada, o conhecia. Caso contrário, cabe apenas pedido de perdas e danos contra o autor do dano (art. 148); > dolo de aproveitamento: constitui o elemento subjetivo de outro defeito do negócio jurídico, que é a lesão. Configura-se quando alguém se aproveita da situação de premente necessidade ou da inexperiência do outro contratante para obter lucro exagerado, manifestamente desproporcional à natureza do negócio (CC, art. 157). #Coação: É a pressão psicológica ou ameaça exercida sobre uma pessoa para obrigá-la a praticar determinado ato. Para que a coação vicie o ato é necessário que se incuta medo de dano à pessoa do coagido, à sua família ou a seus bens, e que o dano objeto da ameaça seja providência física ou moral. > Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito nem o simples temor reverencial -> temor reverencial por si só não constitui uma coação, pois o mesmo é estimável, e convém que uma pessoa aceda à vontade daquela que a ordem social entende que a deve guiar. Se o temor reverencial ultrapassa, porém, os limites, dentro dos quais deve estar contido, a ponto de criar-se uma outra razão de coação, então o ato é anulável.Ex: se o pai diz ao filho: “se não te casares, tiro-te a mesada”. Obs.: Se a coação for física (vis absoluta) haverá a inexistência do negócio jurídico e se for ela moral (vis compulsiva) acarretará a invalidade do negócio. Importa chamara a atenção que a ação no primeiro caso é imprescritível e no segundo se sujeita a prazo decadencial acima mencionado. #Tipos de coação: > A coação física (“vis absoluta”): é aquela que age diretamente sobre o corpo da vítima. A doutrina entende que este tipo de coação neutraliza completamente a manifestação de vontade, tornando o negócio jurídico inexistente, e não simplesmente anulável. > coação moral (“vis compulsiva”): por sua vez, é aquela que incute na vítima um temor constante e capaz de perturbar seu espírito, fazendo com que ela manifeste seu consentimento de maneira viciada. > A vontade do coagido não está completamenteneutralizada, mas, sim, embaraçada, turbada, viciada pela ameaça que lhe é dirigida pelo coator. Por não tolher completamente a liberdade volitiva, é causa de invalidade (anulabilidade)do negócio jurídico, e não de inexistência. > requisitos para a caracterização da coação: a) violência psicológica; b) declaração de vontade viciada; c) receio sério e fundado de grave dano à pessoa, à família (ou pessoa próxima) ou aos bens do paciente. #Lesão: é o prejuízo resultante da enorme desproporção existente entre as prestações de um contrato, no momento de sua celebração, determinada pela premente necessidade ou inexperiência de uma das partes (art. 157). # Elementos: * A lesão se compõe de dois requisitos básicos : > elemento objetivo: manifesta desproporção entre as prestações recíprocas; > elemento subjetivo: inexperiência ou premente necessidade. # Espécies: > usurária ou real: quando a lei exige, além da necessidade ou inexperiência do lesionado, o dolo de aproveitamento da outra parte; > lesão especial, lesão enorme ou simplesmente lesão: quando a lei limita-se à exigência de obtenção de vantagem desproporcional, sem indagação da má-fé da parte beneficiada. É a espécie adotada pelo CC/2002. # Efeitos: > o Código Civil considera a lesão um vício do consentimento, que torna anulável o negócio (art. 178, II). Faz, porém, uma ressalva: não se decretará a anulação “se for oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito” (art. 157, § 2º). # Estado de perigo: > Conceito: configura-se quando alguém, premido da necessidade de salvar a si mesmo ou pessoa de sua família de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias (art. 156 e parágrafo único). > Efeitos: o Código Civil considera anulável o negócio realizado em estado de perigo. Não será anulado, todavia, se a obrigação assumida não for excessivamente onerosa. Se o for, deverá o juiz, para evitar o enriquecimento sem causa, apenas reduzi-la a uma proporção razoável, anulando o excesso, e não todo o negócio jurídico. Aplica-se à hipótese, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157, segundo o qual não se decretará a anulação “se for oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”. #Fraude contra credores: # Conceito: é vício social. Configura-se quando o devedor desfalca o seu patrimônio, a ponto de se tornar insolvente, com o intuito de prejudicar os seus credores. Caracteriza-se a insolvência quanto o ativo, ou seja, o patrimônio do devedor, não é suficiente para responder pelo seu passivo. > Hipóteses legais: a) nas transmissões onerosas: para anulá-las, os credores terão de provar o eventus damni (que a alienação reduziu o devedor à insolvência) e o consilium fraudis (a má-fé do terceiro adquirente); b) nas alienações a título gratuito (art. 158): nesses casos, os credores não precisam provar o consilium fraudis, pois a lei presume o propósito de fraude. A remissão (perdão) de dívida também constitui uma liberalidade, que reduz o patrimônio do devedor; c) quando o devedor já insolvente paga a credor quirografário dívida ainda não vencida (art. 162); d) quando o devedor já insolvente concede garantias de dívidas a algum credor, colocando-o em posição mais vantajosa do que os demais (art. 163). > Ação pauliana ou revocatória: a) natureza jurídica — tem natureza desconstitutiva: anula as alienações ou concessões fraudulentas, determinando o retorno do bem ao patrimônio do devedor; b) legitimação ativa — dos credores quirografários, que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta (art. 158). Os credores com garantia real só poderão ajuizá-la se a garantia tornar- se insuficiente (art. 158, § 1º); c) legitimação passiva — do devedor insolvente e da pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, bem como dos terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé (art. 161). > Fraude à execução — distinções: a) é incidente do processo, regulado pelo direito processual civil, enquanto a fraude contra credores é regulada no direito civil; b) pressupõe demanda em andamento, capaz de reduzir o alienante à insolvência (CPC, art. 593, II). Configura-se quando o devedor já havia sido citado. A alienação fraudulenta feita antes da citação caracteriza fraude contra credores; c) pode ser reconhecida mediante simples petição, nos próprios autos da execução, não exigindo o ajuizamento de ação pauliana. A fraude contra credores deve ser pronunciada em ação pauliana, não podendo ser reconhecida em embargos de terceiro (STJ, Súmula 195); d) torna ineficaz, em face dos credores, o negócio jurídico, ao passo que a fraude contra credores o torna anulável; e) a evolução no conceito de fraude à execução busca resguardar o direito do adquirente de boa-fé, transformando-a em simples modalidade de fraude contra credores, em que se exige a prova da má-fé deste. Nesse sentido, dispõe a Súmula 375 do STJ: “O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”.
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