Buscar

cap 4 GLICOCORTICOIDES GOODMAN E GILMAN

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA 
Marcelo A. Cabral 
 
1
4) GLICOCORTICÓIDES 
 
 
 
O emprego dos glicocorticóides na terapêutica deve-se 
principalmente ao fato destes apresentarem poderosos efeitos 
antinflamatórios e imunossupressores. Eles inibem 
manifestações tanto iniciais quanto tardias da inflamação, isto é, 
não apenas a vermelhidão, o calor, a dor e o edema iniciais, mas 
também os estágios posteriores de cicatrização e reparo de 
feridas e reações proliferativas observadas na inflamação 
crônica. 
 
Estes fármacos têm atividade sobre todos os tipos de 
reações inflamatórias, sejam elas causadas por patógenos 
invasores, por estímulos químicos ou físicos ou por respostas 
imunes inadequadamente desencadeadas, como as observadas 
na hipersensibilidade ou na doença auto-imune. 
 
Quando usados clinicamente para suprimir a rejeição de 
enxertos, os glicocorticóides suprimem o desencadeamento e a 
produção de uma nova resposta imune com mais eficiência do 
que uma reposta já estabelecida, na qual já ocorreu proliferação 
clonal. 
 
Os fármacos glicocorticóides, de uma maneira geral, 
apresentam vários efeitos adversos, uma vez que eles interferem 
no metabolismo geral do organismo. Estes compostos são 
capazes de reduzir a captação e utilização da glicose e aumentar 
a gliconeogênese, desencadeando glicemia de rebote, com 
conseqüente glicosúria, além de aumentar o catabolismo e 
reduzir o anabolismo protéico. 
 
O principal estímulo fisiológico para a síntese e liberação 
dos glicocorticóides endógenos é a presença de corticotropina 
(ACTH) secretada pela glândula adeno-hipófise. 
 
Principais drogas glicocorticóides: 
 
De ação curta (8 a 12 horas): cortizona e hidrocortizona; 
De ação intermediária (12 a 36 horas): predinisona, 
prednisolona e metilprednisolona; 
De longa ação (36 a 72 horas): dexametasona, betametasona, 
fluticasona e mometasona. 
 
A potência dos GC é avaliada pela sua afinidade aos 
receptores citoplasmáticos e pela duração de ação. Neste 
sentido, a dexametasona e a betametasona possuem maior 
potência antinflamatória (tanto é são administradas em doses 
menores em relação aos demais GC). 
 
Ações metabólicas dos glicocorticóides: 
 
 
- Sobre os carboidratos: os glicocorticóides produzem redução 
da captação e utilização da glicose e aumento da 
gliconeogênese, resultando em hiperglicemia; 
 
- Sobre as proteínas: produzem aumento do catabolismo e 
redução do anabolismo com perda de massa muscular. 
 
- Sobre as gorduras: causam efeito permissivo sobre os 
hormônios lipolíticos e redistribuição da gordura (Sindrome de 
Cushing: caracterizada pela presença de corcova de búfalo, 
hipertensão, pele fina, braços e pernas finos devido atrofia 
muscular, cataratas, face de lua cheia com bochechas vermelhas, 
aumento da gordura abdominal, equimoses e cicatrização 
deficiente das feridas). 
 
 
 
Síndrome de Cushing: 
 
 
- Sobre os íons: reduzem a absorção de Ca+ e aumentam a 
excreção de Ca+ ocasionando um balanço negativo de cálcio 
com perda desse íons nos ossos – osteoporose. O aumento de 
glicocorticóides produz ação mineralcorticóide o que significa 
retenção de sódio e excreção de K+ resultando em hipertensão 
e edema periférico. 
 
Ações reguladoras dos glicocorticóides: 
 
- Sobre o hipotálamo: ação de retroalimentação negativa, 
resultando em diminuição da liberação dos glicocorticóides 
endógenos; 
 
- Sobre os eventos musculares: vasodilatação reduzida e 
diminuição de exsudação de líquidos; 
 
- Sobre os eventos celulares: redução do influxo e da atividade 
dos leucócitos, redução da atividade das células mononucleares; 
diminuição da expansão clonal das células Th. Redução da 
função dos osteoblastos e maior atividade dos osteoclastos o que 
significa osteoporose. 
 
- Sobre os mediadores inflamatórios: diminuição na produção e 
ação das citocinas, diminuição da produção de eicosanóides 
ANOTAÇÕES EM FARMACOLOGIA E FARMÁCIA CLÍNICA 
Marcelo A. Cabral 
 
2
 
 (prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos), diminuição da 
produção de IgG, diminuição dos componentes do complemento 
no sangue. Menor produção de histamina. 
 
Efeitos globais dos glicocorticóides: redução da inflamação 
crônica e nas reações auto-imunes; entretanto, ocorre também 
deteriorização da cicatrização e diminuição nos aspectos 
protetores da resposta inflamatória. 
 
 Os glicocorticóides agem em todas as fases da 
inflamação e afetam todos os tipos de reação inflamatória. São 
indicados no tratamento da Doença de Addison, terapia 
antinflamatória ou imunossupressora (asma, hipersensibilidade, 
artrite, enxertos, transplantes e dermatite), doenças neoplásicas, 
e ainda na terapia de reposição em pacientes com deficiência da 
supra-renal e renal. 
 
Mecanismo de ação dos glicocorticóides: 
 
O glicocorticóide cruza a membrana citoplamática por 
difusão passiva, se liga ao receptor intracelular que sofre, então, 
uma mudança conformacional expondo o domínio de ligação 
com o DNA. Em seguida, o complexo GC-receptor forma 
dímeros, migra para o núcleo e se liga ao DNA. Ocorre então a 
repressão e a indução de genes específicos responsáveis pela 
síntese de proteínas envolvidas na inflamação (COX-2, 
citocinas, NOS, lipocortina-1). 
 
Em outras palavras, os glicocorticóides interagem com 
receptores intracelulares; os complexos esteróides-receptor 
resultantes formam dímeros (pares) e a seguir, interagem com o 
DNA. Com isso, modificam a transcrição gênica, induzindo a 
síntese de algumas proteínas, como a lipocortina-1 que é 
importante na retroalimentação e como antiinflamatório pois 
inibe a fosfolipase A2 que é a responsável pela degradação dos 
fosfolipídeos da membrana celular com formação de ácido 
arquidônico. Este ácido é o substrato das ciclo-oxigenases na 
formação dos eicosanóides: quimiotaxinas, lipoxinas, 
prostaglandinas, tromboxanos, leucotrienos. Além disso, inibe a 
síntese de outras substâncias tais como a COX-2, fator de 
necrose tumoral alfa (TNF-alfa), interleucina-1, interleucina-4, 
as citocinas e NOS. 
 
Efeitos indesejáveis dos glicocorticóides: 
 
Os efeitos indesejáveis são observados principalmente 
com uso sistêmico prolongado como agentes antiinflamatórios 
ou imunossupressores (caso em que todas as ações metabólicas 
tornam-se indesejáveis), mas não habitualmente com terapia de 
reposição. Os mais importantes são: supressão da resposta à 
infecção; supressão da síntese de glicocorticoídes endógenos 
(atrofia da supra-renal); ações metabólicas; osteoporose; 
Síndrome de Cushing iatrogênica; catarata; hipertensão; 
hipertensão craniana e equimoses. 
A interrupção abrupta do tratamento com 
glicocorticóides pode resultar em insuficiência supra-renal 
aguda (Síndrome de Addison iatrogênica), visto que o 
hipotálamo e a hipófise necessitam de várias semanas a meses 
para o restabelecimento da produção adequada de hormônio 
adeno-corticotrófico (ACTH). Durante esse período, a doença 
subjacente pode agravar-se, devido à desinibição do sistema 
imune. Para impedir estas últimas complicações, a dose de 
glicocorticóides deve ser reduzida lentamente no processo de 
interrupção do tratamento. 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
1. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 4 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001; 
2. KATZUNG, B. G. Farmacologia: Básica & Clinica. 9 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006; 
3. CRAIG, C. R.; STITZEL, R. E. Farmacologia Moderna. 6 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005; 
4. GOLAN, D. E. et al. Princípios de Farmacologia: A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. 2 edição. Rio de 
 Janeiro: Guanabara Koogan, 2009; 
5. FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L.; FERREIRA, M. B. C. Farmacologia Clínica. 3 edição. Rio de Janeiro: Guanabara 
 Koogan, 2004. 
6. GILMAN,A. G. As Bases farmacológicas da Terapêutica. 10 edição. Rio de Janeiro: Mc-Graw Hill, 2005. 
7. CONSTANZO, L. S. Fisiologia. 2 edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 
 
 
 
 
Ж Ж Ж Ж Ж Ж

Outros materiais