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Programa de Formação Técnica Continuada Os Efeitos dos Curtos-Circuitos 2 Œndice 1. Introduo ................................................... 2 2. As causas dos curtos-circuitos................. 2 3. Os efeitos mecnicos ................................. 3 4. O dimensionamento dos barramentos ..... 3 5. Os contatos ................................................. 5 6. Os transformadores.................................... 6 7. O efeito trmico........................................... 6 8. Dispositivos de proteo ........................... 7 8.1 Generalidades......................................... 7 8.2 Valores nominais ..................................... 7 9. Clculo das correntes de curtos-circuitos na baixa tenso ............... 8 9.1 Corrente nos terminais secundrios do transformador ........................................... 8 9.1.1 Caso de um nico transformador......... 8 9.1.2 Caso de vrios transformadores em paralelo em um barramento .................... 8 9.2 Corrente de curto-circuito trifsico em um ponto qualquer da instalao .................. 8 9.2.1 Mtodo de clculo de ZT ..................... 8 9.2.2 Determinao da impedncia da rede de alta tenso (AT) ............................... 9 9.2.3 Impedncia dos transformadores ........ 8 9.2.4 Disjuntores ........................................... 9 9.2.5 Barramentos ........................................ 9 9.2.6 Condutores dos circuitos ..................... 9 9.2.7 Motores ................................................ 9 9.2.8 Curtos de alta resistncia .................... 9 3 1. Introduo Um curto-circuito uma ligao de baixa impedncia entre dois pontos a potenciais diferentes. Essa ligao pode ser metlica quando se diz que h um curto-circuito franco ou por um arco eltrico, que a situao mais comum; uma situao intermediria a dos curtos causados por galhos de rvores ou outros objetos que caem sobre as linhas. H nesse instante uma rpida elevao da corrente atingindo valores, em geral, superiores a 10 vezes a corrente nominal do circuito. Em alguns casos, como em circuitos de distribuio longos, a corrente de curto-circuito pode ser da ordem da corrente de carga, o que exige tcnicas especiais para sua identificao (so os chamados curtos-circuitos de alta impedncia). Com a elevao da corrente, surgem esforos mecnicos entre os condutores ou entre componentes dos equipamentos (so os chamados efeitos mecnicos) e aquecimentos dos condutores ou das partes condutoras dos equipamentos (so os chamados efeitos trmicos). No caso dos curtos-circuitos atravs de arcos eltricos podem ocorrer ainda exploses e incndios. Se no houver uma pronta atuao da proteo, os outros curtos- circuitos tambm podem dar origem a incndios e exploses (que s vezes so denominados efeitos explosivos). Vamos nos restringir aqui aos efeitos trmicos e mecnicos. Como regra geral de proteo nas mdias e altas tenses, considera-se que os efeitos mecnicos devem ser suportados pelos equipamentos e faz-se a proteo contra os efeitos trmicos. Para as baixas tenses (em alguns casos tambm para as mdias tenses) foram desenvolvidos equipamentos de proteo limitadores (que cortam a corrente de curto antes de ela atingir o primeiro valor de crista) que conseguem proteger tambm contra os efeitos mecnicos. Os barramentos, condutores e equipamentos das instalaes eltricas e seus sistemas de proteo precisam ser dimensionados levando-se em conta os maiores valores das correntes de curto circuito que podem ocorrer em cada parte do circuito. Sempre que houver aumento da capacidade geradora, os clculos precisam ser refeitos. Em alguns casos possvel, economicamente, ao invs de redimensionar os equipamentos e barramentos, introduzir reatores que limitam a corrente de curto-circuito deixando-a no valor anterior. Esse artifcio usado geralmente pelas concessionrias que instalam reatores de ncleo de ar na sada das subestaes (SE) sempre que h aumento da capacidade de gerao ou interligao com outros sistemas de gerao. No instante do curto-circuito a corrente sobe rapidamente atingindo o valor de crista e vai em seguida diminuindo exponencialmente, passando pelos valores sub-transitrio e transitrio para atingir, depois de vrios ciclos, o valor permanente de curto-circuito. Neste instante comea a ser mais importante o efeito trmico: os condutores ou partes condutoras dos equipamentos tm suas temperaturas aumentadas podendo sofrer alteraes na sua estrutura ou deteriorao de sua isolao, conforme o caso. Os valores das correntes sero determinados pela f.e.m. dos geradores e pelas impedncias (principalmente as reatncias dos condutores e equipamentos) entre os geradores e o ponto de curto. Os motores que passam a funcionar como geradores contribuem para aumentar a corrente e os transformadores, reatores e condutores para reduz-la. Convm frisar que o valor da corrente de curto-circuito no depende das cargas de uma instalao mas somente da fonte, sendo possvel que uma indstria de pequeno porte instalada prximo a uma grande SE (subestao) ou usina, necessite de disjuntores de maior capacidade de interrupo que uma indstria de maior porte, situada a maior distncia da SE. 2 4 2. As causas dos curtos-circuitos Os curtos-circuitos so causados por uma falha da isolao slida, lquida ou gasosa que sustenta a tenso entre condutores ou entre condutores e terra; pode ser tambm causada por uma reduo da distncia entre os condutores (ou entre condutores e terra). A falha da isolao, por sua vez, pode ser motivada por: n danos mecnicos - quebra de isoladores, quebra de suportes, queda de poste, etc., n uso abusivo - exigindo de um equipamento potncia maior que a nominal provoca-se uma deteriorao mais ou menos rpida da isolao que trabalhar a uma temperatura mais alta que a de projeto, n umidade - isolantes porosos (orgnicos e inorgnicos) apresentam uma reduo rpida da sua rigidez quando absorvem umidade ( o caso do leo, do papel, da fenolite, da porcelana porosa usada em baixa tenso, do papelo, etc.) n descargas parciais - as isolaes slidas sempre apresentam alguns vazios no seu interior. Sob ao do campo eltrico surgem nesses vazios descargas que por vrios mecanismos (eroso, corroso, arvorejamento) vo mais ou menos lentamente reduzindo a rigidez dieltrica at sua perfurao (o tempo pode ser de dias, semanas, meses ou anos), n sobretenses - dois tipos de sobretenses podem levar a uma perfurao da isolao: as de manobra (ou internas), que ocorrem quando se efetua um desligamento (voluntrio ou provocado) ou um ligamento de um circuito, e as atmosfricas que surgem nos condutores de um circuito (em baixa, mdia ou alta tenso) quando cai um raio nas proximidades ou diretamente nas linhas do circuito. 3. Os efeitos mecnicos So dois os princpios que regem os efeitos mecnicos que interessam ao dimensionamento de barramentos e equipamentos: 1. Condutores paralelos imersos em campo magntico e percorridos por correntes ficam submetidos a foras diretamente proporcionais ao produto das correntes e inversamente proporcionais distncia entre eles. Se for a mesma corrente que passa pelo condutores de ida e retorno da corrente a fora ser proporcional ao quadrado da corrente. 2. No ponto de contato entre dois condutores em que haja mudana na direo do percurso da corrente, surge uma fora de repulso que tende a afastar as duas peas e que proporcional intensidade da corrente e inversamente proporcional distncia entre eles. 3 5 4. O dimensionamento dos barramentos Para o dimensionamento dos barramentos das subestaes e escolha dos isoladoresque os suportem, os projetistas utilizam-se da relao (1): mkg d kk F I /.’.. 10 62 - = Onde I o valor eficaz da componente alternada inicial; d a distncia entre os condutores em metros; k o fator de forma; kÕ uma constante varivel com a relao entre reatncia e resistncia do circuito. Os valores usuais das constantes, neste clculo, so indicados a seguir: Para k usa-se o valor k = 1, para cabos, dutos, barras redondas ou quadradas dispostos como condutores singelos, assim como para condutores retangulares com distncia grande em relao s dimenses, tambm como condutores singelos. Quando as distncias no so grandes, pode-se utilizar bacos que se aplicam tambm para condutores mltiplos. Dois tipos de fora devem ser considerados nos clculos para condutores mltiplos: foras de atrao entre condutores de uma mesma fase, que so elevadas pela pequena distncia e foras de repulso entre os conjuntos de condutores de uma e outra fase. No primeiro caso, os condutores mais solicitados so os das fases externas porque a fora de atrao no sofre compensao como nas fases internas. O valor da fora calculado considerando-se a corrente dividida pelo nmero de condutores e aplicando-se a relao (1). Os valores de kÕ so: 8 - quando se requer o dimensionamento com valores folgados; 9,9 - (o mximo valor possvel) s se aplica a barramentos de geradores de potncia muito elevada; 6,5 - para circuitos alimentados por transformadores de grande potncia; 4 - para circuitos alimentados por transformadores de baixa e mdia potncia; 5,1 - para circuitos de baixa tenso. Conhecida a fora, o dimensionamento da seo do condutor poder ser feito atravs de dois critrios. No primeiro caso, o material dever trabalhar no regime elstico, em que no h deformao permanente; no segundo, o material poder trabalhar no regime plstico, permitindo-se uma pequena deformao permanente que, por razes estticas, no deve ser perceptvel a olho nu — essa deformao dever ser de, no mximo, 0,2%. O segundo critrio mais econmico, j que se pode admitir para a seo uma tenso 1,333 vezes menor do que a obtida pela outra opo. Existem bacos (vide anexo) que permitem um clculo rpido da fora, do mdulo da seo da barra a ser utilizada e da distncia entre os suportes isolantes do barramento. Com o auxlio de uma tabela pode-se determinar a seo de condutor mais indicada para o caso em vista. 4 6 O mtodo a ser seguido pode ser dividido em duas etapas. Em primeiro lugar, unem-se os pontos que representam a corrente (reta I) e a distncia entre os barramento (reta d), determinando-se a fora mxima na reta W. Depois, girando-se a rgua em torno desse ponto determinam-se dois valores de S (mdulo da seo) e de L (distncia entre os suportes) que satisfazem s condies. So muitas as solues possveis, pois, diminuindo a distncia entre os isoladores, pode-se diminuir a resistncia mecnica da barra o que pode ser mais econmico do que usar uma barra mais resistente. importante frisar que, quando se fala em barra mais ou menos resistente estamos falando no mdulo de resistncia e no nas dimenses da barra. Exemplificando: uma barra retangular com o lado maior na posio horizontal ter muito mais resistncia a esforos horizontais do que a mesma barra instalada com o lado maior na posio vertical. possvel, quando se tem circuitos mltiplos em barramentos pr-fabricados, fazer uma distribuio das barras de modo a reduzir os esforos, como feito, por exemplo, nos CANALIS. Quando se tem trs circuitos no mesmo invlucro, instalando-os todos em paralelo, as foras sero como mostradas a seguir. A fora que vai determinar o dimensionamento da barra 1 1 que a mais solicitada (juntamente com a 3 3 ) ser, para um curto-circuito envolvendo as fases 1 e 2, a somatria das foras de atrao (consideradas positivas) entre as barras Ò1Ó dos trs circuitos e as de repulso (consideradas negativas) entre a barra 1 1 e as barras 2 dos trs circuitos. Como as correntes so as mesmas, as foras sero determinadas pelas distncias entre as barras nos diversos casos. Outra disposio tambm usadas em barramentos pr- montados indicada abaixo (para dois circuitos): 1 1 2 2 3 3 Neste caso, para um curto envolvendo as fases 1 e 2, teremos nas barras superiores foras de atrao entre as duas barras 1 e de repulso entre a barra 2 e as outras duas barras 1. No haver foras horizontais entre as barras superiores e as inferiores. uma disposio favorvel ao dimensionamento mecnico mas apresenta dificuldades para derivaes. At aqui, as foras foram consideradas constantes em relao ao tempo, o que na realidade no acontece, pois a fora, variando com o quadrado da corrente, ter uma freqncia dupla da mesma. No Brasil, adota-se a freqncia de 60 Hz. Tem-se, assim, atuando nos barramentos uma fora com freqncia de 120 Hz, sendo que o valor da corrente instantnea de curto-circuito e o valor da fora dependem, com visto acima, do instante em que o curto ocorre. As foras so sempre perpendiculares aos condutores e s linhas de fluxo, fator que deve ser levado em considerao quando o sistema de condutores tridimensional. Devido variao da fora em relao ao tempo, necessrio verificar a relao entre a freqncia prpria do barramento e a freqncia da fora, para que no haja ressonncia, quando ocorrem esforos muito elevados. A norma alem VDE-0103 fornece uma curva que pode ser usada para verificao do comportamento da barra com relao freqncia natural do barramento e a freqncia da corrente. No eixo das abscissas temos a relao entre a freqncia natural do barramento e a freqncia da corrente; nas ordenadas, o fator pelo qual a fora que atua sobre a barra precisa ser multiplicada para a obteno da fora no suporte, ou na prpria barra. Hoje existem programas muito rpidos que funcionam em PCÕs e que so utilizados no projeto mecnico das subestaes de transmisso e na verificao de subestaes alimentadas por novos circuitos, cujo dimensionamento precisa ser revisto. 5. Os contatos A construo de contatos nos equipamentos de manobra — como secionadores e disjuntores — deve ser cuidadosamente estudada. Um contato eltrico deficiente pode ser destrudo pelo arco eltrico como conseqncia imediata da soldagem dos contatos. 5 7 Os tipos de contato mais indicados pela sua resistncia so os adinmicos — que se utilizam da fora para aumentar a presso — e os contatos de tulipa, que dividem a corrente em vrios percursos (os dedos dos contatos) dispostos simetricamente em torno da haste (veja captulo interrupes das correntes). Nos secionadores unipolares, o dimensionamento em funo da corrente instantnea faz com que unidades de mesma tenso e corrente nominais mostrem as partes condutoras e os isoladores suporte muito diferentes, em correspondncia s diversas capacidades de suportar os curtos circuitos. Os secionadores tm, ainda, um sistema de travamento que impede a abertura da faca — e, conseqentemente, a formao de um arco eltrico — quando o aparecimento da corrente fora-a no sentido da abertura. Nos disjuntores de baixa tenso limitadores, (como os NS Compact) em que se deseja uma abertura rpida, pode- se usar um tipo de contato em que no haja compensao das foras e as peas em contato fiquem livres para se mover pela ao da fora de repulso que surge pela mudana de direo da corrente. 6. Os transformadores Quanto aos transformadores, se o esforo mecnico no for suportado pela impregnao com resina e pela amarrao feita nas bobinas, haver condies para um deslocamento das espiras, com provvel rompimento da isolao. Poder surgir, ento, novo curto-circuito,que destruir o transformador parcial ou totalmente. Um curto-circuito externo — um arco provocado por um raio, por exemplo — que teria conseqncias mnimas com a adoo de medidas preventivas como o uso de disjuntores rpidos e de preferncia limitadores, ganha propores muito maiores. A interrupo de curta durao (o tempo de desligamento + o de religamento) do fornecimento de energia transforma-se em dano de reparo mais demorado e custoso. utilizada no clculo mecnico dos transformadores a hiptese de que o equipamento alimentado por uma fonte de capacidade infinita (ou, o que o mesmo, impedncia nula) no momento do curto-circuito, quando o valor de crista da corrente da corrente seria (2): xExZ xxMVAx Icc 3 28,1 10 6 = Onde: Icc o valor de crista da corrente de curto-circuito em ampres; MVA a potncia aparente nominal; E a tenso nominal em kV; Z a impedncia percentual. 6 8 7. O efeito trmico A corrente de curto-circuito provocar o aquecimento dos condutores percorridos, se no for rapidamente suprimida por meio de equipamentos de atuao rpida de proteo. Quando passam pelos condutores correntes de curta durao (1 a 5 s), admite-se que o aquecimento adiabtico, isto , todo calor utilizado no aquecimento dos condutores. O aquecimento dq de um condutor de resistncia eltrica R com massa M e capacidade trmica C, percorrido por uma corrente de valor eficaz I durante um intervalo de tempo dt pode ser calculado pela expresso: MxC dtxRx d I 224,0 =Q Considerando um condutor de cobre de seo 100 mm 2 e uma corrente de curto de 10.000 A passando por 1 s, o aquecimento ser de 57 ° C e para 3 s ser 254 ° C. J o condutor de alumnio com um tempo de 3 s teria um aquecimento de 890 ° C. Esses aquecimentos podem representar uma reduo da resistncia mecnica dos condutores e se eles forem isolados, a destruio do material isolante com risco de incndio. Os disjuntores, ao interromperem a corrente de curto circuito, limitam a energia que provocaria aquecimento exagerado de condutores e barramentos. Costuma-se indicar essa energia pelo produto do quadrado da corrente em ampres pelo tempo em segundos ( A2 . s). Quando o disjuntor limitador, essa reduo muito grande permitindo um dimensionamento bem menos generoso dos condutores, barramentos e equipamentos a jusante. No caso dos cabos isolados, geralmente no necessria a verificao da suportabilidade aos efeitos trmicos dos curtos-circuitos, a qual feita considerando que para tempos at 5 s vlida a relao (4): SkI xt 222 = Esta expresso indica o tempo t (em segundos) durante o qual um condutor de seo S (em mm2) pode conduzir uma corrente I (amp. ef.) antes que sua isolao seja danificada. Para o PVC o valor de k2 de 13.225 para condutor de cobre e 5.776 para condutor de alumnio O dimensionamento dos barramentos pr-montados como os CANALIS feito pelas seguintes caractersticas: n Corrente mxima de crista Icr Esta caracterstica indica o limite da suportabilidade eletrodinmica dos barramentos. Este valor freqentemente o que determina o dimensionamento. n Corrente de curta durao (valor eficaz) Icw n a caracterstica que determina o limite do aquecimento admissvel durante um tempo determinado (desde 0,1 a 1 s). n O esforo trmico A2 . s Em geral, se o barramento suporta os outros dois esforos, ser naturalmente satisfeita esta solicitao. A corrente de curto circuito presumida, a considerar para efeito de proteo das CEP, a que disponvel na alimentao. 8. Dispositivos de proteo 8.1 Generalidades Os dispositivos de proteo usados para reduzir os efeitos dos curtos-circuitos sobre os equipamentos e as instalaes de baixa tenso so os seguintes: n Fusvel: pela fuso de uma parte especialmente projetada, abre o circuito e interrompe a corrente quando esta excede um dado valor durante um certo tempo. n Disjuntor: pela separao rpida entre os contatos mvel e fixo e atravs de um meio de extino do arco (sopro magntico, vcuo, gs SF6, leo, ar comprimido) abre o circuito e interrompe a corrente quando esta excede um dado valor detectado por um rel o qual comandou a sua operao. Note-se que o disjuntor no desliga ou religa automaticamente um circuito, se no for comandado por rels; deve-se lembrar sempre, pois, que o disjuntor um equipamento que capaz de abrir um circuito quando h um curto-circuito e de religar o circuito depois de um dado 7 9 tempo e, se o curto persistir, capaz de abrir novamente o circuito, mas s executa tais operaes se for, neste caso, comandado por rels de sobrecorrente e rels de religamento. 8.2 Valores Nominais Para especificar corretamente estes dispositivos de proteo dos circuitos, devemos conhecer os principais dados nominais: n VN - tenso nominal: a mxima tenso de operao de um circuito no qual o dispositivo pode operar. n IN - corrente nominal: a corrente que pode passar permanentemente pelo fusvel ou disjuntor, sem que nenhuma parte dos mesmos atinja uma diferena de temperatura acima da ambiente, maior que um Dt padronizado, de acordo com o material (varia de 30 oC a 55 oC). NOTAS: 1. Para os fusveis tambm a maior corrente permanente que no provoca a fuso. 2. Para os disjuntores tambm a corrente com que o disjuntor pode operar repetidas vezes sem manuteno ou substituio de componentes. O nmero de operaes depende do tipo de disjuntor. n Iint. - corrente de interrupo ou capacidade de interrupo: a maior corrente simtrica de curto- circuito que o dispositivo (fusvel ou disjuntor) capaz de interromper sob a tenso nominal. n Iprosp. - corrente prospectiva de um dispositivo limitador: o valor de crista de mais alto valor da corrente de curto-circuito que seria atingido se o dispositivo no tivesse atuado. Para os dispositivos no limitadores, esse valor denominado corrente momentnea, corrente dinmica ou ainda valor de crista da corrente de curto-circuito suportvel. NOTAS: 1. A capacidade de interrupo dos disjuntores anteriormente era dada em algumas normas pela corrente assimtrica ou pela potncia de interrupo (MVA) simtrica ou assimtrica. Atualmente, no entanto, s se fala em corrente de interrupo simtrica. A possibilidade de o dispositivo suportar ou interromper correntes assimtricas assegurada pelos ensaios especificados pelas normas. Estas fixam as condies de realizao dos ensaios de modo que se verifiquem as condies de interrupo mais desfavorveis tanto em relao assimetria quanto ao fator de potncia do circuito envolvido no curto-circuito. 2. As normas para disjuntores de baixa tenso da IEC fixaram trs valores para as correntes de curto-circuito: n Icu - a corrente limite ou mxima que o disjuntor capaz de interromper executanto um ciclo de operao do tipo: O - 3min - CO (em caso de curto-circuito, o disjuntor capaz de abrir, esperar 3 min, fechar novamente e se o curto continuar, abrir novamente sem nenhum retardo). n Isc - a corrente sob a qual o disjuntor capaz de executar o ciclo: O - 3min - CO - 3min - CO e denominada de curto-circuito em servio. n Icw - a corrente que o disjuntor capaz de suportar durante 1 s sem que a temperatura de suas partes sofra uma elevao de temperatura maior que a permitido pelas normas. NOTA: As normas IEC permitem que Isc seja menor (25%, 50%, 75%) que Icu, mas para alguns disjuntores Isc=Icu, ou seja: o disjuntor capaz de executar o ciclo de servio com dois religamentos com a mesma corrente com a qual executa um nico religamento. Estes disjuntores tero necessariamente mais capacidade de dissipao do calor e/ou uma maior limitao da corrente. 9. Clculodas correntes de curtos- circuitos na baixa tenso 9.1 Corrente nos terminais secundrios do transformador 9.1.1 Caso de um nico transformador Corrente de curto circuito nos terminais de um transformador AT/BT de distribuio Como uma primeira aproximao, a impedncia do circuito de AT considerada desprezvel, de modo que: Isc = In x 100/ Z% onde In= P x 103 /1,41x U20 e: P = potncia em kVA do trafo, U20 = tenso fase - fase do secundrio em circuito aberto, In = corrente nominal em ampres Isc = corrente de curto-circuito em ampres Z% = impedncia porcentual do trafo. Na prtica o valor da corrente um pouco menor que o calculado por este mtodo, mas a preciso suficiente para um clculo bsico destinado a projeto da instalao. 9.1.2 Caso de vrios transformadores em paralelo em um barramento O valor da corrente de falta imediatamente aps o barramento (fig. abaixo), pode ser estimado como a soma das correntes de curto de cada transformador. Com isso estamos assumindo que todos os transformadores so alimentados pela mesma fonte e que so desprezadas as impedncias dos disjuntores e dos barramentos. 8 10 9.2 Corrente de curto-circuito trifsico em um ponto qualquer da instalao Em um ponto qualquer de uma instalao trifsica, a corrente de curto-circuito dada por: Isc = U20/ 1,73 ZT onde: U20 = foi definido acima (em Volts) ZT = impedncia total por fase da instalao a montante do ponto de curto (em ohms) 9.2.1 Mtodo de clculo de ZT Todos os componentes da instalao (rede AT, transformador, cabos, disjuntor, barramento ...) so caracterizados por uma impedncia Z, compreendendo uma resistncia e uma reatncia indutiva; as capacitncias no tm importncia no clculo das correntes de curto-circuito. Os parmetros Z, R e X so expressos como os lados de um tringulo retngulo (tringulo das potncias), como indicado na figura abaixo. O mtodo consiste em dividir a rede em sees convenientes e calcular a resistncia R e a reatncia X de cada seo. Sendo as sees ligadas em srie, os elementos resistivos e indutivos de cada seo so somados aritmeticamente e a impedncia Z ser calculada por: XRZ 22 += Nos sistemas radiais raramente se encontram sees em paralelo; se isto acontecer devem ser calculadas pelo mtodo de reduo de impedncias a uma impedncia equivalente. 9 9.2.2 Determinao da impedncia da rede de alta tenso (AT) O nvel de curto-circuito na entrada da instalao fornecido pela concessionria seja em MVA trifsico ou em kA. Quando expresso em MVA o seu clculo feito por: xELxIscMVA 3= A partir desse dado possvel calcular a impedncia pela frmula (que j d o valor referido baixa tenso): Psc Zs Uo 2 = onde: Zs = impedncia da rede de alta tenso expressa em mili- ohms, Uo = tenso em vazio fase - fase, na baixa tenso, expressa em Volts Psc = nivel de curto-circuito trifsico na alta tenso (AT), expressa em kVA. A resistncia do circuito geralmente desprezvel em face da indutncia, isto Za @ Xa. Se houver necessidade de maior preciso, pode-se adotar Ra = 0,15 Xa. 9.2.3 Impedncia dos transformadores A impedncia dos transformadores vista da BT, dada por: Ztr = U2 20 / Pn x Z /100 onde: Pn = a capacidade do transformador em kVA e U20 e Z j foram definidos acima. Se for necessria maior preciso pode-se calcular a resistncia do transformador a partir das perdas totais (Pcu = 3 In2 x Rtr, com Rtr = resistncia de uma fase em mili-ohms) e da calcular a reatncia (pelo tringulo da potncia). Para clculos aproximados, entretanto, admite- se Xtr @ Ztr. 9.2.4 Disjuntores Para os disjuntores admite-se uma reatncia de 0,18 mili- ohms e despreza-se a resistncia. 9.2.5 Barramentos Tambm aqui se despreza a resistncia e adota-se uma reatncia de 0,18 mili@ohms/metro, desprezando-se a diferena devido distncia entre as barras. 11 9.2.6 Condutores dos circuitos A resistncia de um condutor dada pela relao: S xL Rc r = onde: r = resistividade do material nas condies normais de operao, sendo 22,5mW.mm2/m para o cobre e 36mW.mm2/m para o alumnio L = comprimento do condutor S = seo transversal do condutor A reatncia dos cabos pode ser obtida dos fabricantes. Para condutores de at 50 mm2, a reatncia pode ser ignorada. Na ausncia de outra informao pode-se usar o valor de 0,096 mW/m. No caso de barramentos pr- fabricados, o fabricante deve ser consultado. 9.2.7 Motores No instante do curto circuito, o motor passa a funcionar, por um breve perodo como gerador, contribuindo para aumentar a corrente de curto circuito. Essa contribuio, no caso de grandes motores trifsicos pode ser estimada pela frmula: Iscm = 3,5 In de cada motor Isto particularmente importante nos disjuntores de baixa tenso e alta velocidade. 9.2.8 Curtos de alta resistncia A resistncia dos arcos normalmente baixa, mas nas baixas tenses ela pode contribuir para reduzir em cerca de 20% a corrente de curto circuito.
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